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350 Fundamentos da Biologia Celular Uma das maneiras mais rápidas e fáceis de silenciar genes em células e or- ganismos é via interferência de RNA (RNAi). Descoberta em 1998, a RNAi ex- plora um mecanismo natural utilizado em uma ampla variedade de plantas e animais para se proteger contra certos vírus e a proliferação dos elementos gené- ticos móveis (discutidos no Capítulo 9). A técnica envolve a introdução, em uma célula ou organismo, de moléculas de RNA de fita dupla com uma sequência de nucleotídeos que pareia com o gene a ser inativado. O RNA de fita dupla é clivado e processado por uma maquinaria de RNAi especial para produzir fragmentos de fita dupla mais curtos, chamados de pequenos RNAs de interferência (siR- NAs, do inglês, small interfering RNAs). Esses siRNAs são separados para formar fragmentos de RNA de fita simples que hibridizam com o mRNA do gene-alvo e promovem sua degradação (ver Figura 8-26). Em alguns organismos, os mesmos fragmentos podem promover a produção de mais siRNAs permitindo a inativação de forma contínua dos mRNAs-alvo. A RNAi frequentemente é utilizada para inativar genes em linhagens celula- res cultivadas de mamíferos, Drosophila e o nematódeo C. elegans. A introdução de RNAs de fita dupla em C. elegans é particularmente fácil: o verme pode se alimentar de E. coli que foram modificadas por engenharia genética para pro- duzir os RNAs de fita dupla que acionam a RNAi (Figura 10-34). Esses RNAs se convertem em siRNAs, que se distribuem pelo corpo do animal para inibir a ex- pressão do gene-alvo em vários tecidos. Para muitos organismos cujos genomas foram completamente sequenciados, a RNAi pode, em princípio, ser usada para explorar a função de qualquer gene, e grandes coleções de vetores de DNA que produzem esses RNAs de fita dupla estão disponíveis para algumas espécies. Um gene conhecido pode ser removido ou substituído por uma versão alterada Apesar da sua utilidade, a RNAi tem algumas limitações. Genes que não são alvo algumas vezes são inibidos junto com o gene de interesse, e certos tipos de células são totalmente resistentes à RNAi. Mesmo para tipos celulares nos quais o mecanis- mo funciona de maneira eficiente, a inativação gênica via RNAi muitas vezes é tem- porária, recebendo a descrição de atenuação gênica (do inglês, gene knockdown). Felizmente, existem outros meios, mais específicos e eficazes, de eliminar a atividade gênica em células e organismos. Com o uso de técnicas de DNA recom- binante, a sequência codificadora de um gene clonado pode ser alterada in vitro para modificar as propriedades funcionais do seu produto proteico. De modo al- ternativo, a região codificadora pode ser mantida intacta e a região reguladora do gene alterada, de maneira que a quantidade de proteína produzida seja alterada ou o gene seja expresso em um tipo diferente de célula ou em um momento di- ferente durante o desenvolvimento. Ao introduzir esse gene alterado de volta no E. coli, expressando RNA de fita dupla, ingerida pelo verme (A) (B) (C) 20 μm Figura 10-34 A função gênica pode ser testada por interferência de RNA. (A) RNA de fita dupla pode ser introduzido em C. elegans (1) alimentando os vermes com E. coli que expressam o RNA de fita dupla ou (2) injetando o RNA de fita dupla diretamente no intestino do animal. (B) Em um embrião do verme do tipo selvagem, os pronúcleos do óvulo e do espermatozoide (setas vermelhas) migram para a metade posterior do embrião logo após a fertilização. (C) Em um embrião no qual um determinado gene foi silenciado por RNAi, os pronúcleos falham na migração. Tal experimento revelou uma função importante desse gene no desenvolvimento embrionário, antes desconhecida. (B e C, de P. Gönczy et al., Nature 408:331–336, 2000. Com permissão de Macmillan Publishers Ltd.) Alberts_10.indd 350Alberts_10.indd 350 16/01/2017 10:23:5116/01/2017 10:23:51
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