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8.1) Defina os seguintes termos e comente se houver diferenças nos conceitos envolvidos nas definições dadas por diferentes autores: a. Mecanismos de Deformação Se os processos em microescala causarem mudança na forma ou volume da rocha, eles são denominados de mecanismo de deformação. Incluem rotação com recristalização,migração de limites de grão e, em alguns casos, rotação rígida (Fossen,2016). Os mecanismo de deformação lidam com estruturas de deformação na escala de grãos individuais.Deformação frágil em escala de grão e fluxo cataclástico ocorre na crosta superior ou em alta taxa de deformação. Em níveis mais profundos da crosta, as rochas se deformam por fluxo dúctil através uma gama de mecanismos de deformação de escala de grão dúctil, como dissolução e precipitação, deformação intracristalina por deslocamento de deslocamento e fluência, difusão creep, twinning e kinking. A deformação dúctil nas rochas não poderia levar a alta deformação se não fosse acompanhada por mecanismos que reduzissem os danos impostas durante o processo de deformação (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). Passchier e Trouw definem que a deformação é na escala de grão, enquanto no fossen fica subentendido. O Fossen faz uma definição mais direta e cita alguns casos em sua definição para explicar os outros ao longo do capítulo, já Passchier e Trouw já apresentam uma definição mais completa com uma série de informações que serão aprofundadas mais tarde. b. Microestruturas As estruturas que podem revelar o mecanismo predominante de deformação são,em geral, microscópicas e recebem o nome de microestruturas. Apresentam desde tamanho de um átomo até a escala de agregados de cristais (Fossen,2016). Neste livro, usamos os termos microestrutura e microfabric como sinônimos .Elementos de microfabric podem incluir a forma do grãos, limites do grão, lamelas de deformação, agregados de grãos com forma semelhante e orientação preferencial da rede (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). A grande diferença é que Passchier e Trouw definem que microestrutura e microfabric são sinônimos e definem seus elementos. Já Fossen faz uma definição que são estruturas microscópicas que podem revelar o mecanismo predominante de deformação. c. Têmpera (Annealing) termo da metalurgia usado para indicar processos de recuperação e recristalização estática induzida por aquecimento passivo de um material previamente deformado. O termo também é algumas vezes usado para a interpretação de microestruturas em rochas.(Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005) Termo somente encontrado no Passchier e Trouw, mesmo buscando em outras fontes não foi encontrado uma melhor definição ou mais completa que os dois definiram para a geologia. d. Textura (Texture) e Trama (Fabric) Uma trama é formada por minerais e agregados de minerais segundo uma orientação preferencial penetrativa na rocha com espaçamento em escala microscópica a centimétrica (Fossen,2016). Uma trama inclui a configuração espacial e geométrica completa de todos aqueles componentes que constituem uma rocha. Abrange conceitos como textura, estrutura e orientação cristalográfica preferencial. As partes que compõem uma trama , também conhecidas como elementos da trama, devem ser desenvolvidos de forma penetrante e repetida ao longo de um volume de rocha; uma única falha em um volume da rocha não é considerada parte da trama, mas um grande número de planos de foliação paralelos são. (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). Passchier e Trouw aprofundam mais os termos de trama que o Fossen, eles definem que abrange conceitos como textura, estrutura e orientação cristalográfica preferencial. Além de definir que é necessário um grande número de falhas em um volume de rocha para fazer parte da trama. Na literatura não geológica sobre metais e cerâmicas, o termo textura é geralmente usado para orientação preferencial de rede. Por outro lado, a maioria dos livros mais antigos sobre metamórfico petrologia faz uma distinção entre a textura e a estrutura de uma rocha metamórfica. Nestes textos, a textura refere-se aos aspectos geométricos das partículas componentes de uma rocha, incluindo tamanho, forma e arranjo, enquanto a estrutura geralmente se refere à presença de camadas composicionais, dobras, foliação, lineação, etc. Na verdade, não há diferença clara entre os dois conceitos e o subcomissão sobre a sistemática de rochas metamórficas de o IUGS recomenda substituir o termo textura por microestrutura (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). Somente o Passchier e Trouw apresentaram esse conceito de textura em relação aos mecanismos de deformação. Somente definição para definir texturas de rochas metamórficas e ígneas, no contexto da petrologia e não para a estrutural. e. Regime friccional Os mecanismos de deformação em microescala mencionados são denominados mecanismos de deformação rúptil; o termo rúptil pode ser usado tanto em relação ao estilo de deformação como aos mecanismos de deformação em microescala. Podemos, portanto, nos referir aos mecanismos de deformação rúptil, o que indica uma deformação friccional em microescala, e ao regime rúptil, onde tais mecanismos predominam. Se desejarmos usar uma expressão que não se aplique ao estilo de deformação, podemos usar os termos deformação friccional ou regime friccional (Fossen,2016). Em baixa temperatura ou alta taxa de deformação, as rochas mudam de forma por deformação friccional , ou seja, por formação de fratura e propagação associada ao movimento ao longo das falhas. Na terminologia de deformação friccional uma fratura é um plano descontinuidade geralmente com alguma dilatação, incluindo fissuras, juntas (grandes fissuras) e falhas. Uma rachadura ou junta abre perpendicularmente ao plano da fratura e tem sem deslocamento; uma falha tem deslocamento lateral. Uma falha de propagação tem uma zona de progresso em sua ponta, onde se formam microfissuras isoladas e se propagam, a densidade das microfissuras aumenta gradualmente e finalmente, as microfissuras se conectam para formar uma passagem. O movimento sobre a falha separa gradualmente os segmentos de grãos e um volume de rocha falha frágil é produzido ao longo da falha ativa (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). Fossen e Passchier têm definições parecidas para o regime friccional, contudo enquanto Fossen apresenta uma ideia mais geral , Passchier e Trouw são mais específicos quando as condições e as estruturas que estão presentes. f. Deformação intracristalina A deformação intracristalina ocorre dentro dos grãos minerais individuais. Microestruturas intra cristalinas maiores podem ser observadas pelo microscópio óptico e abrangem fraturamentos de grãos,geminações de deformação e bandas de deformação (plástica) (Fossen,2016). Os cristais podem deformar internamente sem “brittle fracturing” pelo movimento dos chamados defeitos de rede, um processo conhecido como deformação intracristalina. Definida como deformação por movimento de vagas ou deslocamentos na estrutura cristalina( pág. 313, no Glossário )(Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). O Passchier e Trouw fornecem uma definição mais completa do processo, diferentemente do Fossen que cita os processos que fazem parte da deformação intracristalina, mas não há definição de fato. g. Defeitos intracristalinos Defeitos cristalinos de qualquer grão mineral, deformado ou não, contém um número significativo de defeitos. Esta é uma das formas de o cristal acumular energia (livre) em seu retículo. Quanto maior for a densidade de defeitos, maior será a energia acumulada. Há dois tipos principais de defeitos. Alguns deles são chamados de defeitos pontuais, representados por vacâncias ou, secundariamente, por impurezas como átomos excedentes na estrutura. O defeito pontual é aquele representado pela ausência de um átomo. A migração das vacâncias é denominada difusão (Fossen,2016). Defeitos de rede em cristais podem ser agrupados em defeitos pontuais e defeitos de linha ou deslocações.Defeitos pontuais estão faltando ou pontos extras da rede (átomos ou moléculas) conhecidas respectivamente como vacâncias e intersticiais . Os defeitos da linha podem ser devido a uma metade "extra" plano de rede no cristal. O fim de tal plano é conhecido como deslocamento de borda. Além de borda deslocamentos, deslocamentos de parafuso existem onde parte de um cristal é deslocado ao longo de uma distância de rede e é, portanto, torcido( Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). A principal diferença é que o Fossen fala que os defeito intra cristalino é uma das formas de o cristal acumular energia (livre) em seu retículo, já o Passchier e Trouw só definem quais são esses defeitos, não chegam a comentar nada sobre a energia acumulada. h. Arrasto por Difusão (Diffusion creep) Difusão por fluência A migração de vacâncias em retículos cristalinos é denominada transferência de massa por difusão, em geral chamada simplesmente de difusão ou de difusão por fluência (diffusion creep). A taxa desse processo não é alta, talvez seja da ordem de poucos centímetros por milhões de anos. Em algum momento as vacâncias pontuais irão atingir o limite dos grãos e dissipar-se. As vacâncias migram na direção de locais de máximo esforço e, com isso, os cristais adquirem uma trama ou deformação, Durante esse processo, o cristal torna-se mais regular e sua estrutura aproxima-se da de um cristal perfeito (Fossen,2016). Arrasto por difusão - deformação devido à migração de vagas através da rede de cristal. Se a temperatura em uma rocha deformada for relativamente alta com relação à temperatura de fusão do constituinte minerais, os cristais se deformam quase exclusivamente por migração de vagas através da rede. Este processo é conhecido como transferência de massa difusiva em escala de grão. tem dois tipos básicos: Arrasto de Coble e arrato de Nabarro-Herring. O primeiro opera por difusão de vagas no cristal rede ao longo dos limites do grão; o último por difusão de vagas em toda a rede cristalina. Muitos geólogos usam arrasto por difusão como um termo coletivo para arrasto de Coble ou Nabarro-Herring e superplasticidade ou fluxo granular, uma vez que as leis de fluxo reológico, pois esses processos são muito semelhantes (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). Fossen apresenta uma definição mais claro do termo arrasto por difusão, já Passchier e Trouw já parecem utilizar esse termo para incluir arrasto de coble (coble creep) e arrasto de Nabarro-Herring, e o Fossen não faz essa associação com tais termos. i. Arrasto por deslocações (Dislocation creep) O termo fluência de deslocamentos abrange tanto a formação como a movimentação e a destruição de deslocamentos em um cristal. Apenas um pequeno volume em torno de um defeito em linha é deformado durante a fluência de deslocamento. O processo de migração de um deslocamento em linha é denominado deslizamento de deslocamento. A fluência de deslocamentos permite que a deformação ocorra sob um esforço diferencial muito menor que o necessário para o fraturamento rúptil. Por esse motivo, as rochas não se fraturam enquanto a fluência de deslocamentos estiverem ocorrendo (Fossen,2016). There are two main types of deformation based on dislocation creep, depending on the accommodating process, climb-accommodated dislocation creep associated with SGR recrystallisation , and recrystallisation-accommodated dislocation creep where grain boundary migration is the accommodating mechanism (Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw, 2005). A definição do Passchier e Trouw foi transcrita no original para o melhor entendimento da frase que ficou confusa ao ser traduzida. Fossen apresenta uma definição mais completa desse termo. 0. Leis de fluxo (Flow laws) e Mapas de mecanismos de deformação A migração de deslocamentos depende não apenas da temperatura (T). mas também do esforço diferencial (σd) e da energia de ativação (E*) envolvidos. Essas três variáveis podem ser relacionadas à taxa de deformação (e) por meio de uma lei de fluxo, que também depende do mecanismo de deformação e é uma equação constitutiva, pois relaciona esforço e taxa de deformação. As leis de fluxo relacionam os esforços e a taxa de deformação e dependem do mecanismo predominante de deformação, que,por sua vez, depende do mineral e da temperatura. As leis de fluxo são úteis para estimar a resistência da litosfera. Como as leis de fluxo de dados experimentais indicam que uma crosta torna menos competente à medida, a temperatura e a pressão aumentam dentro do regime plástico. Ao mesmo tempo, sabemos que há um limite de temperatura para a deformação plástica. As temperaturas mais baixas, o deslizamento friccional controla a resistência da crosta, o que significa que a resistência da crosta superior é controlada pela quantidade de esforço necessária para a ativação ou esse regime é controlado pela lei de Byerlee (Fossen,2016). Os diferentes mecanismos de deformação que operam em um certo mineral sob condições físicas podem ser expressos em um mapa de mecanismos de deformação. Em mapas de esforço- temperatura são traçadas de linhas de contorno com intervalos de taxas de deformação. Os mapas baseiam-se em dados experimentais, extrapolados geologicamente importantes, e em considerações teóricas( Fossen,2016). O comportamento reológico de minerais e rochas é geralmente expressa em leis de fluxo. No a equação para deslocamento de deslocamento dada aqui, taxa de deformação é independente do tamanho do grão, mas tem um forte não linear (lei de potência) dependência da taxa de deformação no estresse. No equações para fluência de difusão, taxa de deformação tem uma dependência linear no estresse, mas uma dependência não linear do grão Tamanho. Leis de fluxo foram propostas com base em experimentos e considerações teóricas. Mapa do mecanismo de deformação mostra campos nos quais certa deformação os mecanismos são predominantemente, embora não exclusivamente, ativos. Também são mostradas curvas projetadas para várias taxas de deformação, que dão uma indicação da relação de estresse e taxa de deformação para uma temperatura específica. Cataclase ocorre apenas acima de um certo nível de estresse diferencial, que é dependente na pressão do fluido e na temperatura . Uma vez que o tamanho do grão desempenha um papel importante na determinação qual mecanismo de deformação estará ativo, vários mapas para diferentes tamanhos de grãos são normalmente fornecidos. Apesar de cada autor utiliza palavras diferentes para as suas definições, no final das contas elas são muito parecidas em seu contexto total, tanto para as leis de fluxo quanto para os mapas de mecanismos de deformação, apesar de haver algumas pequenas diferenças. 8.2) Descreva como atua e as características distintivas dos seguintes mecanismos de deformação: a. Cataclase Os aspectos característicos da deformação rúptil são o fraturamento e o deslizamento friccional. Uma distinção pode ser feita entre o fraturamento intergranular, o fraturamento intragranular, o deslizamento friccional em fraturas e limites de grãos e a rotação de grãos. A combinação desses mecanismos de deformação é denominada fluxo cataclástico. Note que as expressões intergranular e intracristalino são equivalentes, sendo que intragranular é usado em meios granulares como areia e arenito, enquanto o termo termo cristalino é usado em rochas cristalinas cuja porosidade é quase nula .A deformação de areia inconsolidada ou de arenito pouco consolidado soterrado a profundidades menores que 1 km é controlada por dois mecanismos: rolamento de grãos (rotação de grãos) e deslizamento friccional nos contatos de grãos. Os processos que envolvem esses mecanismos são denominados fluxo particulado ou fluxo granular. Nesse caso, a deformação é intergranular, pois não há deformação interna permanente nos grãos.O fluxo granular caracteriza a deformação de sedimentos altamente porosos durante cisalhamento ou em resposta a carga vertical (compactação). Se os esforços através dos contatos entre os grãos foremsuficientemente altos, os grãos de um sedimento altamente poroso ou de uma rocha sedimentar irão fraturar-se. As fraturas confinadas a grãos individuais são fraturas intragranulares. Sob certas circunstâncias (baixa pressão nos poros e pequenas áreas de contato), as microfraturas podem ocorrer próximo à superfície, em geral produzindo pequenas lascas dos grãos. Esse tipo de fraturamento é denominado lascagem . Sob pressões confinantes maiores, correspondentes a profundidades de mais de 1 km, as fraturas dividem os grãos em fragmentos de tamanho mais homogêneo, e esse mecanismo pode ser denominado fraturamento transgranular. Usamos o termo transgranular como um substituto intergranular, ou seja, em relação a fraturas que cortam vários grãos: esses termos, portanto, devem ser usados com cuidado. Uma vez fraturados, os grãos reorganizam-se por deslizamento friccional e rotação, causando uma redução de porosidade.Grãos em rochas não porosas ou de baixa porosidade desenvolvem fraturas intergranulares já nos estágios iniciais da deformação. A medida que mais fraturas se formam, o deslizamento friccional ao longo dessas fraturas e a rotação de grãos podem ser suficientes para caracterizar a deformação como um fluxo cataclástico A partir desse ponto, a rocha torna-se moída, formando um gouge, uma brecha ou um cataclasito. Em geral, a cataclase em rochas de baixa porosidade envolve a dilatação e o aumento da permeabilidade, devido à formação e abertura de fraturas. O gouge não coeso e as brechas são predominantes até poucos quilômetros de profundidade, enquanto as brechas coesas e os cataclasitos são mais comuns em profundidades de aproximadamente 3-5 km a 10-12 km. As fraturas são fáceis de reconhecer por sua natureza aguda, estreita e geralmente reta e pelo deslocamento dos marcadores. Mais difícil é o reconhecimento de tais estruturas quando cicatriz (healed) e impressas. As fraturas cicatrizadas podem ser reconhecidas como matrizes de inclusões fluidas ou sólidas em um plano. Zonas de fluxo cataclástico em seção delgada podem ser confundidas com zonas de cisalhamento que consistem em material tingido recristalizado. Um cataclasito difere de uma rocha dúctil deformada e recristalizada por uma faixa maior no tamanho do grão e pela presença de grãos que têm contornos angulares e limites retos nítidos, e a presença de fragmentos de rocha policristalinas. b. Dissolução por pressão solução (ou dissolução) por pressão é outro processo importante de difusão. Ela tem similaridades com a fluência de Coble e pode ser tratada matemática e geometricamente de modo similar. Entretanto, no caso da solução por pressão, a difusão ocorre em uma película fina de fluido presente ao longo dos limites dos grãos. Um nome mais adequado para solução por pressão é, portanto, difusão por via úmida. A difusão por via úmida pode ocorrer a temperaturas muito baixas (mesmo diagenéticas). Nesse tipo de difusão, o mineral é dissolvido e os íons são carregados pelo fluido, precipitando-se em outros locais. Esse mecanismo é quimicamente controlado, mas é também fortemente afetado pela pressão. A dissolução é significativamente mais rápida onde os esforços são altos, em especial vias superfícies orientadas de modo perpendicular a σ1, enquanto a precipitação é favorecida nas superfícies que estão em alto ângulo com σ3 . Em rochas porosas, a difusão por via úmida nos contatos dos grãos é favorecida pela concentração de esforços nesses pontos. A evidência para a ação da solução de pressão é a presença de objetos truncados, como fósseis, grãos detríticos, seixos e fenocristais idiomórficos, truncamento de zoneamento químico em cristais como granada ou hornblenda (Berger e Stünitz e o deslocamento de camadas em certos planos. Neste último caso, entretanto, a possibilidade de escorregamento ao longo do contato também deve ser considerada; se o contato for indentado, o deslocamento é provavelmente devido à solução de pressão. Os grãos esféricos podem formar contatos indentados. Grãos de tamanhos iguais ficarão em contato ao longo de superfícies relativamente planas, enquanto grãos pequenos tendem a se formar em grãos maiores. Os planos em que ocorreu a solução de pressão são comumente ricos em material opaco ou micáceo, que é deixado para trás ou depositado durante o processo de solução. c. Geminação mecânica Os esforços podem causar flexão mecânica ou torção das estruturas cristalinas de alguns minerais, mesmo a baixas temperaturas. O feldspato plagioclásio e a calcita são exemplos comuns. Algumas estruturas de deformação intercristalinas são conhecidas como geminações de deformação, geradas pelo processo de geminação mecânica. A geminação mecânica não causa a ruptura da estrutura cristalina e é, portanto, considerada um mecanismo de deformação plástica. Essas estruturas devem ser separadas de as geminações formadas durante o crescimento cristalino (geminações de crescimento) e resfriamento (geminações de transformação). Como as geminações de deformação são encontradas apenas em alguns dos minerais mais comuns, elas são facilmente perceptíveis. Um critério útil de identificação é a tendência de as geminações mecânicas se afunilarem e formar padrões interdigitados.A geminação mecânica pode acomodar deformações de cisalhamento de pequena magnitude. A quantidade de deformação de cisalhamento associada a uma única torção na estrutura cristalina é restrita a um ângulo fixo (38° em calcita), que é o ângulo que faz do plano de geminação um plano de simetria (especular). A deformação de cisalhamento na porção geminada de um cristal de calcita equivale a tg(38°) = 0,78. Dependendo de quanto do cristal está geminado, a deformação do cisalhamento total acomodada pelo grão será em torno de metade desse valor. Após a formação de um geminado, a deformação subsequente pode ser acomodada pela formação de novos geminados. Em agregados de grãos de calcita geminados, os diferentes grãos são cisalhados de acordo com sua orientação cristalográfica. Aqueles grãos cuja orientação é favorável em relação ao eixo X do elipsóide de deformação são mais cisalhados que os demais grãos. Assim sendo, a orientação do elipsóide de deformação também pode ser determinada. De modo geral, a geminação mecânica de calcita é um mecanismo de deformação plástica de pequena magnitude e de baixa temperatura que contém informações sobre o campo de esforços no momento da deformação. d. Recuperação Recuperação Processos como a fluência de deslocamentos reduzem a energia intema de um grão mineral por meio da migração de deslocamentos para o limite de grão ou da sua coleta em zonas interiores dos grãos. Os deslocamentos podem organizar-se em paredes de deslocamentos . Tais paredes são visíveis em seções delgadas se contiverem suficientes deslocamentos. O que as torna visíveis é a mudança da orientação cristalográfica. Para minerais como o quartzo, as porções do cristal nos dois lados da parede apresentam ângulos de extinção ligeiramente diferentes. Portanto, a extinção ondulante é indicativa da presença de paredes de deslocamento em grãos minerais. Zonas alongadas no interior do grão, com ângulos de extinção ligeiramente diferentes , são conhecidas como bandas de deformação. Estas não têm nenhuma relação com as bandas de deformação mesoscópica em arenitos deformados e, a menos que o significado esteja claro pelo contexto, esse termo deve ser reservado para descontinuidades tabulares causadas pela deformação de rochas. Se os deslocamentos migrarem ainda mais e se arranjarem em redes bem definidas, pequenos domínios com poucos indícios de deformação irão surgir em um processo denominado formação de subgrãos. Os subgrãos são porções poligonais de um grão mineral, ligeiramente deslocadas (em geral, > 5) em relação aos domínios vizinhos ou ao cristal hospedeiro. A formação de subgrãos é um estágio avançado do processo de recuperação, em que os grãos deformados podem reduzir sua energia pela remoção ou redistribuição dos deslocamentos. A recuperação engloba todos os processos que movem, ou anulam ou agrupam os deslocamentos em paredes que separam porções dos grãos originais com orientações cristalográficas ligeiramente diferentes. Em resposta à recuperação, os deslocamentos tendem a se concentrar em zonas planas do cristal, diminuindo a densidade de deslocamento em outras partes. Em seção delgada, isso resulta na ocorrência de zonas no cristal que têm extinção aproximadamente uniforme, e cujo grau mede uma pequena distância em outros setores de cristal semelhantes com uma orientação ligeiramente diferente. Essas zonas de transição são conhecidas como bandas de deformação. Eles podem ser considerados como um estágio de transição entre a extinção ondulante e os limites do subgrão. e. Recristalização dinâmica e f. Recristalização estática A recristalização é o processo pelo qual grãos deformados e com alta densidade de deslocamentos são substituídos por grãos não deformados e praticamente sem deslocamento. A recristalização que ocorre enquanto a rocha está sendo deformada (sob esforço diferencial) é denominada recristalização dinâmica. As rochas também podem recristalizar-se quando a deformação cessa. Nesse caso, o processo é denominado recristalização estática ou anelamento. A recristalização estática tende a produzir cristais maiores e mais homogêneos, tipicamente em arranjo poligonal. Grãos formados em recristalização dinâmica são continuamente recristalizados sob a influência de esforços tectônicos. Novos deslocamentos formam-se nos grãos, visíveis em seção delgada pela sua extinção ondulante. Os grãos recristalizados de modo dinâmico deformam-se com orientação preferencial que depende do sentido do cisalhamento. Há uma competição entre a deformação contínua por mecanismo de deformação plástica em cristais e a recuperação estimulada pela temperatura durante a recristalização dinâmica. Quanto mais elevada for a temperatura, mais rápida será a recristalização. A evidência de recristalização dinâmica é geralmente mais difícil de encontrar do que evidências de deformação ou recuperação. Dois tipos de microestruturas características podem ser distinguidas: parcialmente e tecidos totalmente recristalizados. Em tecidos parcialmente recristalizados, uma distribuição de tamanho de grão bimodal é característico, com agregados de pequenos novos grãos de tamanho aproximadamente uniforme entre grandes grãos velhos com extinção da ondulante . O tamanho uniforme dos novos grãos é devido à deformação e recristalização em uma tensão diferencial específica .No caso de migração de contorno de grão de alta temperatura (GBM) recristalização, a distinção entre o antigo e o novo grãos é difícil. Evidências de recristalização estática e seu mecanismo principal, a redução da área de contorno de grãos (GBAR), é fornecida por a presença de cristais com grão reto ou suavemente curvado nos limites que carecem de extinção de ondulante ou subgrãos em uma rocha que foi fortemente deformada, conforme mostrado por a presença de dobras na estratificação, “relict augen” ou a presença de uma orientação preferencial de rede forte. Diz-se que esses grãos são livres de tensão. Em um tecido estaticamente recristalizado, é comumente possível reconhecer vestígios de uma estrutura antiga amplamente destruída; relictos de uma foliação ou porfiroclastos podem ser preservados. Bibliografia: ● Haakon Fossen : Geologia estrutural, 2013 ● Cees W. Passchier e Rudolph A. J. Trouw : Microtectonics
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