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direito-processual-penal-02

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Prévia do material em texto

Inquéritos Policiais
Direito Processual 
Penal
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
ELLEN THAYNNÁ MARA DELGADO BRANDÃO
 MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão
Eu, Ellen, tenho graduação em Direito pela Unifacisa – Universidade 
de Ciências Sociais Aplicadas e pós-graduanda em Docência do Ensino 
Superior. Atualmente sou professora conteudista e elaboradora de 
cadernos de questões. Como jurista, atuo nas áreas de Direito Penal, 
Direito do Trabalho e Direito do Consumidor.
Milena Barbosa de Melo
Eu, Milena, tenho graduação em Direito pela Universidade Estadual 
da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de 
Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade 
de Coimbra. Atualmente, sou professora universitária e conteudista. 
Como jurista, atuo, principalmente, nas seguintes áreas: Direito à 
Saúde, Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, 
Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade 
Intelectual e Direito Digital.
Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Inquérito Policial ........................................................................................ 12
Conceito de Inquérito Policial ................................................................................................ 12
As Características do Inquérito Policial ......................................................................... 18
Formas de Instauração do Inquérito Policial...................................22
Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada .......................................................23
Crimes de Ação Penal Pública Condicionada e de Ação Penal de Iniciativa 
Privada .....................................................................................................................................................29
Diligências Investigativas e Identificação Criminal ...................... 32
Diligências Investigatórias ........................................................................................................32
Preservação do Local do Crime ........................................................................33
Apreensão de Objetos..............................................................................................34
Colheita de Outras Provas .................................................................................... 36
Oitava do Ofendido .................................................................................................. 36
Oitava do Indiciado .................................................................................................... 36
Reconhecimento de Pessoas, Coisas e Acareações .........................37
Determinação de Realização de Exame de Corpo de Delito e 
Quaisquer outras Perícias .................................................................................... 38
Identificação do Indiciado ..................................................................................... 38
Averiguação da Vida Pregressa do Investigado ................................... 38
Reconstituição do Fato Delituoso ................................................................... 38
Identificação Criminal ................................................................................................................. 39
Documentos Atestadores da Identificação Civil ................................. 40
Hipóteses Autorizadoras da Identificação Criminal ........................... 40
Indiciamento e Conclusão do Inquérito Policial ............................43
Indiciamento ......................................................................................................................................43
Pressupostos ................................................................................................................. 46
Desindiciamento ...........................................................................................................47
Conclusão do Inquérito Policial ............................................................................................47
Relatório da Autoridade Policial ....................................................................... 49
Destinatário dos Autos do Inquérito Policial ........................................... 50
Remessa dos Autos do Inquérito Policial ..................................................52
Arquivamento do Inquérito Policial ....................................................................................52
Procedimento de Arquivamento .......................................................................53
9
UNIDADE
02
Direito Processual Penal
10
INTRODUÇÃO
Esta unidade será dedicada ao estudo da investigação preliminar, 
estudando sobre o que é o inquérito policial e como ele acontece. 
Sabemos que a autoridade responsável pelo inquérito é a polícia e que 
existe as formas de instauração do inquérito. Assim vamos estudar quais 
são estas formas, identificar quais são as diligências permitidas pelo nosso 
ordenamento jurídico, quem é o responsável por receber esse inquérito, 
antes de se iniciar a ação penal.
Veremos também o que vem a ser indiciamento para, desta forma, 
estudarmos como ocorre a conclusão do inquérito e quem pode pedir 
seu arquivamento e como ele acontece. Empolgados com esse estudo? 
Vamos lá!
Direito Processual Penal
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Inquéritos policiais. Nosso 
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Entender o que vem a ser inquérito policial. 
2. Compreender as formas de instauração do inquérito policial. 
3. Identificar as diligências investigativas e a identificação criminal. 
4. Desenvolver o termo indiciamento e a conclusão do inquérito 
policial.
Então? Preparado para adquirir conhecimento de um assunto 
fascinante e inovador como este? Vamos lá!
Direito Processual Penal
12
Inquérito Policial 
OBJETIVO:
Neste capítulo teremos como objetivo o estudo sobre o 
inquérito policial no que diz respeito ao seu conceito e suas 
características, entendendo de forma introdutória como ele 
funciona. Vamos lá!
Ao se falar em investigação preliminar, automaticamente, temos 
que falar de inquérito policial, tendo em vista que a investigação 
preliminar situa-se na fase pré-processual e o interrogatório é o principal 
instrumento investigatório na área penal quetem a finalidade de estruturar, 
fundamentar e dar justa causa à ação penal.
Conceito de Inquérito Policial
A partir do momento em que um delito é praticado, o Estado tem 
o dever de punir o autor da ilicitude. Para que o Estado possa punir, 
ele precisa de elementos de informação quanto à autoria e quanto à 
materialidade da infração penal, assim, nasce a importância do inquérito 
policial. Mas o que vem a ser esse inquérito?
Lima (2019) conceitua inquérito policial como um procedimento 
inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste 
em um conjunto de diligências, realizadas pela polícia investigativa, 
tendo como objetivo a identificação das fontes de prova e a colheita de 
elementos de informação quanto à autoria e à materialidade da infração 
penal, com a finalidade de possibilitar que o titular da ação penal possa 
ingressar em juízo. 
Assim, o inquérito policial tem a característica de ser um 
procedimento preparatório da ação penal, com caráter administrativo e 
que é conduzido pela polícia judiciária. Ele não trata de processo judicial 
nem de processo administrativo, pois não resulta em imposição direta de 
nenhuma sanção.
Direito Processual Penal
13
NOTA:
A polícia judiciária, no Brasil, é representada pela Polícia 
Civil e pela Polícia Federal. A Polícia Militar, por sua vez, 
não tem a função investigatória, tendo somente função 
administrativa, de caráter ostensivo, assim, sua função é 
agir na prevenção de crimes e não na sua apuração.
O art. 4º do Código de Processo Penal diz que “a polícia judiciária 
será exercida pelas autoridades policias no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e sua autoria.”. 
Desta fora, a polícia é, encarregada de obter provas preliminares, com 
o intuito de apurar a infração penal e sua autoria, tendo como principal 
objetivo de formar a convicção do Ministério Público para a propositura 
da ação. 
No que se refere ao inquérito policial no Brasil, ele surgiu 
primeiramente com o Decreto nº4824, de 22 de novembro de 1871, 
que trazia em seu art. 42 que “o inquérito policial consiste em todas as 
diligências necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de 
suas circunstâncias e dos seus autores e cúmplices; e deve ser reduzido a 
instrumento escrito.” O nome inquérito policial só veio a aparecer nesta lei, 
que delimitava a separação da polícia e do judiciário. Todavia, Nucci (2011) 
aponta que, no Código de Processo de 1832, havia alguns dispositivos 
sobre o processo informativo, mas não existia ainda a nomenclatura 
inquérito policial.
Direito Processual Penal
14
Figura 1 – Investigação policial
Fonte: Pixabay (2020).
Com a promulgação do Código de Processo Penal de 1941, que 
vigora até os dias atuais, o inquérito policial foi mantido, tendo entendido 
o legislador da época, de acordo com Lopes Júnior (2019) que 
O ponderado exame da realidade brasileira, que não 
é apenas a dos centros urbanos, senão também a dos 
remotos distritos das comarcas do interior, desaconselha 
o repúdio ao sistema vigente. (LOPES JÚNIOR, 2019, p.136)
IMPORTANTE:
É importante deixar claro que a principal função do inquérito 
policial é a de investigar o crime e descobrir quem foi seu 
autor, com o intuito de fornecer elementos para aquele que 
for titular da ação penal, seja ele o Ministério Público, seja 
o particular.
Lima (2019) também aponta que o inquérito policial é um 
procedimento de natureza instrumental e, por isso, sobressai dele uma 
dupla função:
Direito Processual Penal
15
 • Preservadora – a existência de forma prévia do inquérito inibe 
a instauração de um processo penal infundado, temerário, 
resguardando a liberdade do inocente e evitando-se custos 
desnecessários para o Estado.
 • Preparatória – o inquérito fornece elementos de informação para 
que o titular da ação penal ingresse em juízo, além de acautelar 
meios de prova que poderiam desaparecer com o decurso do 
tempo.
Ora, é mister ver o quanto o inquérito é importante, pois se nele 
forem obtidas provas nítidas do delito, a chance de erro do Estado se 
torna menor. Além disso, existem provas que são perecíveis ou podem 
sofrer deturpação irreversível. Desta forma, no inquérito, as provas são 
colhidas tão longo se tem conhecimento do crime, se fosse esperar pelo 
devido processo, estas provas poderiam sumir.
NOTA:
O inquérito processual é peça meramente informativa, por 
isso, se nele constarem vícios, estes não contaminarão o 
processo penal que der origem. 
Levando em consideração esse contexto, Lopes Júnior (2019) 
elenca os fatos de porque temos um inquérito policial, prévio ao processo:
 • Busca do fato oculto – o crime, na maioria dos casos, é total 
ou parcialmente oculto e precisa ser investigado para se atingir 
elementos suficientes de autoria e materialidade, para que assim, 
possa ser oferecida a acusação ou justificação do pedido de 
arquivamento.
 • Função simbólica – a visibilidade da atuação estatal investigatória 
contribui, no plano simbólico, para o restabelecimento da 
normalidade social abalada pelo crime, afastando o sentimento 
de impunidade.
Direito Processual Penal
16
 • Filtro processual – a investigação preliminar serve como filtro 
processual para evitar acusações infundadas, seja porque não 
tem lastro probatório suficiente, seja porque a conduta não é 
aparentemente criminosa. Não é possível processar sem punir e 
nem punir sem processar.
Figura 2 – Questões do inquérito
Fonte: Pixabay (2020).
Mas, quanto ao juiz, também pode utilizar das provas obtidas no 
inquérito?
Nucci (2011) diz que em nível ideal, somente deveriam ser admitidas 
as provas, colhidas no inquérito policial, para que fossem utilizadas para 
peça inicial acusatória. Todavia, não se pode pensar em coletar provas 
sem a presença do acusado ou de seu defensor, pois viola o princípio da 
ampla defesa e do contraditório. No que se refere ao juiz, se o inquérito 
colher as provas perecíveis não é possível que estas sejam desprezadas 
por ele. Desta forma, o ideal é que o juiz tenha discernimento para tomar 
as seguintes medidas, assegurando o devido processo legal, de acordo 
com Nucci (2011):
Direito Processual Penal
17
 • Deve desprezar toda e qualquer prova que possa ser renovada em 
juízo sob análise do contraditório.
 • Deve permitir à defesa que contrarie, em juízo, os laudos e 
outras provas, colhidas durante o inquérito, produzindo assim, 
contraprova.
 • Deve tratar como mero indício e jamais como prova direta, eventual 
confissão do indiciado.
 • Deve exercer real fiscalização sobre a atividade da polícia judiciária, 
por isso existe sempre um magistrado acompanhando o inquérito.
 • Deve ler o inquérito, antes de receber a denúncia ou queixa, isto, 
para que possa checar, se realmente há justa causa para a ação 
penal.
 • Pode aceitar toda prova, colhida na fase policial, desde que ela 
seja incontroversa.
O art. 155 do Código de Processo Penal reforça que:
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (BRASIL, 1941)
Os elementos de informação citados no artigo acima, são aqueles 
colhidos na fase investigatória, em que não é obrigatória a observância do 
contraditória e da ampla defesa. Então, tendo em vista que não é obrigatória 
a observância do contraditório e da ampla defesa, não deviam servir de 
fundamento para um decreto condenatório, pois violaria um preceito 
constitucional, elencado no art. 5º, LV, que assegura aos acusados o direito 
ao contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Como já vimos, existem provas incontroversas e que são perecíveis, assim, 
o Supremo Tribunal Federal se manifestou, em 2014, em sede derecurso 
ordinário que “os elementos do inquérito podem influir na formação do livre 
convencimento do juiz para a decisão da causa, quando complementam 
outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo” 
e também sustenta que “é válida a prova feita na fase do inquérito policial, 
quando não infirmada por outros elementos colhidos na fase judicial” (RO 
em Habeas Corpus 118516, Min Luiz Fux).
Direito Processual Penal
18
IMPORTANTE:
O inquérito policial é um período pré-processual importante, 
como se pode ver de acordo com o estudado, que tem 
natureza de buscar a verdade única e absoluta, mas que se 
reveste de alguns contornos garantistas.
Qual vem a ser a diferença do inquérito policial da instrução 
probatória?
Lima (2019) aponta que o inquérito policial se diferencia da instrução 
probatória pelo motivo de que, enquanto a investigação criminal tem por 
objetivo a obtenção de dados informativos, para que o órgão acusatório 
examine a viabilidade da propositura da ação, a instrução em juízo tem 
como escopo colher provas para demonstrar a legitimidade da pretensão 
punitiva ou do direito de defesa.
As Características do Inquérito Policial 
Vimos o contexto do que vem a ser o inquérito policial, observando 
suas características, todavia, é importante destacarmos cada uma delas, 
de acordo com Nucci (2011):
 • Administrativo – como já visto no ponto anterior, o inquérito policial 
por ser instaurado e conduzido por uma autoridade policial; tem 
caráter administrativo. Deve ser frisado e reforçado que o inquérito 
não é fase do processo e que, devido ao fato de ser pré-processual, 
se houver irregularidade no decorrer da investigação, não gerará 
nulidade do processo.
 • Inquisitivo – outro ponto bastante ressaltado no item anterior. Por 
ser pré-processual, o inquérito tem natureza inquisitiva. Sabe-se 
que o processo é formado pelo autor, pelo acusado e pelo Juiz, 
todavia, o inquérito não tem autor nem acusado, nem tampouco 
há o direito ao contraditório e a ampla defesa, mas Nucci (2011) 
acentua que isso não significa que o indiciado não tenha direitos, 
Direito Processual Penal
19
como o de ser acompanhado pelo advogado, entre outros. Além 
disso, o indiciado pode requerer que sejam realizadas algumas 
diligências, mas fica a cargo da polícia decidir sobre a realização 
destas. 
 • Oficiosidade – quando se trata de crime de ação penal pública 
incondicionada, o inquérito policial deve ser instaurado pela 
autoridade policial, sempre que tiver notícia da prática do crime, 
independentemente de provocação. Isso é assegurado pelo art. 
5º, I do Código de Processo Penal.
 • Oficialidade – como estudado, o inquérito policial é conduzido por 
um órgão oficial do Estado nos termos do art. 144, § 1º do CPP.
 • Procedimento escrito – o art. 9º do Código de Processo Penal 
diz que “todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, nesse caso, 
rubricadas pela autoridade policial.” Os atos que forem produzidos 
na competência do inquérito, deverão, portanto, serem escritos 
e reduzidos a termo aqueles que forem orais. É mister salientar 
que, por mais que o mencionado artigo não fale, com o avanço 
da tecnologia e uma aplicação subsidiária do art. 405, § 1º do 
CPP, deve-se admitir a utilização de gravação audiovisual das 
diligências, realizadas no curso do inquérito. 
 • Indisponibilidade – quando o inquérito policial é instaurado, a 
autoridade policial não pode arquivá-lo, de acordo com o art. 
17 do Código de Processo Penal, pois esta atribuição pertence, 
exclusivamente, ao Judiciário, quando o titular da ação penal 
assim o requerer.
 • Dispensabilidade – o inquérito policial não é obrigatório. Tendo 
em vista que tem caráter informativo, se o titular da ação já tiver 
todos os elementos para o seu oferecimento, o inquérito será 
dispensável, de acordo com o art. 39, §5º do Código de Processo 
Penal.
Direito Processual Penal
20
 • Sigiloso – o inquérito policial é, de acordo com Nucci (2011), sigiloso 
às pessoas em geral, pois por se tratar de mero procedimento 
investigativo, não existe nenhuma justificativa para ser liberado 
o acesso para qualquer pessoa. Todavia, não é em regra sigiloso 
com relação aos envolvidos, podendo, todavia, algumas peças do 
inquérito serem declaradas sigilosas, quando for necessário para 
o sucesso da investigação. O art. 20 do CPP garante esse sigilo ao 
dizer que “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário 
à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.”
Mas é, garantido ao defensor, o acesso a todos os documentos, 
de acordo com entendimento do Supremo Tribunal Federal, em 
súmula vinculante 14 que consta “é direito do defensor, no interesse 
do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório, realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito 
de defesa. ”
IMPORTANTE:
Lima (2019) aponta que a negativa de acesso do advogado 
aos autos da investigação preliminar, o fornecimento 
incompleto de autos ou o fornecimentos de autos em 
que houve a retirada de peças já incluídas no caderno 
investigativo, implicará responsabilidade criminar e 
funcional por abuso de autoridade do responsável que 
impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar 
o exercício da defesa.
 • Discricionariedade na sua condução – é de responsabilidade do 
policial a condução da investigação, devendo conduzi-la da forma 
que considerar mais propícia, mas deve ser imparcial, podendo 
ser declarado suspeito, quando houver situação que prejudique 
sua necessária imparcialidade, de acordo com o art. 107 do CPP. 
Os arts. 6º e 7º do CPP trazem um rol exemplificativo de diligências 
que podem ser determinadas pela autoridade policial, logo que 
Direito Processual Penal
21
tiver conhecimento da prática da infração penal: conservação do 
lugar do fato delituoso até a chegada dos peritos; apreensão dos 
objetos e instrumentos que tiverem relação com o fato; colheita de 
todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; oitava do ofendido; reconhecimento de pessoas e 
coisas e a acareação; exame de corpo de delito e quaisquer outras 
perícias; identificação do indiciado; averiguação dos antecedentes 
do indiciado e reconstituição do fato delituoso.
RESUMINDO:
Estudamos o conceito de inquérito policial que, de 
acordo com Lima (2019) é um procedimento inquisitório 
e preparatório, presidido pela autoridade policial, que 
consiste em um conjunto de diligências, realizadas pela 
polícia investigativa, tendo como objetivo a identificação das 
fontes de prova e a colheita de elementos de informação 
quanto à autoria e a materialidade da infração penal, com a 
finalidade de possibilitar que o titular da ação penal possa 
ingressar em juízo. Ele tem dupla função: preservadora e 
preparatória e que temos um inquérito prévio ao processo 
devido a busca do fato oculto, a função simbólica e ao 
filtro processual. Vimos que o juiz deve ter discernimento 
para tomar medidas com relação às provas, obtidas no 
inquérito, devendo assegurar o devido processo legal. 
Por fim, estudamos as características do inquérito que 
são: administrativo, inquisitivo, oficiosidade, oficialidade, 
procedimento escrito, indisponibilidade, dispensabilidade, 
sigiloso e discricionariedade na sua condução.
Direito Processual Penal
22
Formas de Instauração do Inquérito 
Policial
OBJETIVO:
Após estudarmos o que vem a ser o inquérito, neste capítulo 
estudaremos as formas de sua instauração tratando como 
a autoridade policial deve proceder em cada tipo de ação. 
Vamos lá! 
É mister saber que existem cinco formas de dar início ao inquérito 
policial, de acordo com Nucci (2011). São elas:
 • De ofício – quando a autoridade policial ao tomar conhecimento 
da prática de umainfração penal de ação pública incondicionada, 
instaura a investigação para que possa verificar a existência do 
crime ou da contravenção penal e da sua autoria.
 • Por provocação do ofendido – ocorre quando a pessoa que teve o 
bem jurídico lesado, reclama a atuação da autoridade.
 • Por delação de terceiro – quando qualquer pessoa do povo leva ao 
conhecimento da autoridade policial a ocorrência de uma infração 
penal de iniciativa do Ministério Público.
 • Por requisição da autoridade competente – ocorre quando o juiz 
ou o promotor de justiça exigir, legalmente, que a investigação 
policial realize, porque há provas suficientes a tanto.
 • Pela lavratura do auto de prisão em flagrante – nos casos em que 
o agente é encontrado em qualquer das situações que constam 
no art. 302 do Código de Processo Penal.
Direito Processual Penal
23
NOTA:
O art. 302 do Código de Processo Penal diz que se 
considera flagrante delito quem está cometendo a infração 
penal; acaba de cometê-la; é perseguido, logo após, 
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, 
em situação que faça presumir ser autor da infração; é 
encontrado, logo depois, pela autoridade, armas, objetos 
ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Assim, existem diversas formas de instauração do inquérito policial, 
ela vai variar de acordo com a espécie da ação penal. Estudaremos essas 
formas a seguir.
Crimes de Ação Penal Pública 
Incondicionada 
Os crimes de ação penal pública incondicionada são a maioria dos 
crimes. Assim, se não houver na lei, a expressão “se procede mediante 
queixa” ou “se procede mediante representação ou requisição do Ministro 
da Justiça”, fica subentendido que o crime é de ação penal pública 
incondicionada. 
De acordo com Lima (2019), nos crimes de ação penal pública 
incondicionada, o inquérito policial pode ser instaurado das seguintes 
formas:
a. De ofício – por força do princípio da obrigatoriedade, caso a 
autoridade policial tome conhecimento do fato delituoso, a partir 
de suas atividades rotineiras, deve instaurar o inquérito policial de 
ofício, ou seja, independentemente da provocação de qualquer 
pessoa, nos moldes do art. 5º, I do CPP.
Quando a autoridade policial fica ciente do fato criminoso, 
independentemente do meio, seja pela mídia, por boatos, entre outros, 
ocorre o que se chama de notitia criminis.
Direito Processual Penal
24
Figura 3 – Ciência do crime pela autoridade policial
Fonte: Pixabay (2020).
Nucci (2011) diz que a notitia criminis é a ciência da autoridade 
policial da ocorrência de um fato criminoso, podendo ser:
 • Direta ou mediata – quando a autoridade policial investigando, por 
qualquer meio, descobre o crime.
 • Indireta ou imediata – ocorre quando a autoridade policial é 
provocada pela vítima, comunicando-lhe a ocorrência, assim 
como quando o promotor ou o juiz requisitar a sua atuação.
 • Coercitiva – ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento 
do fato em razão da prisão em flagrante do suspeito.
Todavia, quando a autoridade fica ciente do fato criminoso por 
meio de uma delação formalizada por qualquer pessoa do povo, ocorre a 
chamada delatio criminis, que é uma espécie de notatia criminis.
Nucci (2011) conceitua delatio criminis como a denominação dada 
à comunicação por qualquer pessoa do povo à autoridade policial (ou a 
membro do Ministério Público ou juiz), acerca da ocorrência de infração penal 
em que caiba ação penal pública incondicionada. Podendo ser feita de forma 
oral ou escrita. Se a autoridade policial verificar a procedência da informação, 
mandará instaurar inquérito para apurar oficialmente o acontecimento.
Direito Processual Penal
25
A delatio criminis pode ser:
 • Delatio criminis simples – é aquela feita pela comunicação à 
autoridade policial por qualquer pessoa (art. 5º, § 3º do CPP).
 • Delation criminis postulatória – é a comunicação, feita pelo 
ofendido nos crimes de ação penal pública, condicionada ou ação 
penal privada, mediante a qual o ofendido já pleiteia a instauração 
do inquérito policial (estudaremos quando fomos falar de ação 
pública condicionada e privada).
 • Delation criminis inqualificada – é aquela chamada denúncia 
anônima, pois, é feia por qualquer um do povo à autoridade 
policial, mas sem a identificação do comunicante. 
NOTA:
A Constituição da República em seu art. 5º, IV veda o 
anonimato. Dessa forma, como proceder com estas 
denúncias anônimas? Para garantir que vai ser investigado, 
mas mantendo o que a Constituição exige, o Delegado 
quando tomar ciência de fato, definido como crime 
por meio de denúncia anônima, não deverá instaurar o 
inquérito policial de imediato, devendo determinar que seja 
verificada a procedência da denúncia e, caso realmente 
seja contatado o crime, deve instaurar o inquérito policial. 
Lima (2019) estabelece que é impossível a instauração de 
procedimento criminal com base única e, exclusivamente, em denúncia 
anônima, haja vista a vedação constitucional do anonimato e a necessidade 
de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e 
penal. Desta forma, a denúncia anônima, por si só, não é fundamento para 
instauração de inquérito policial, mas a partir dela, pode a polícia realizar 
diligências preliminares para apurar a veracidade das informações, obtidas 
anonimamente.
Direito Processual Penal
26
b. Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério 
Público – de acordo com o art. 5º, II do Código de Processo Penal, 
o inquérito será iniciado, nos crimes de ação pública, mediante 
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público.
Lima (2019) diz que apesar do CPP fazer menção a esta possibilidade, 
a autoridade judiciária pode requisitar a instrução do inquérito policial, 
essa possibilidade não se coaduna com a adoção do sistema acusatório 
adotado pela Constituição Federal de 1988. Lima ainda reforça que essa 
possibilidade só guarda pertinência, com a ordem jurídica anterior a atual 
Constituição, pois era permitido ao magistrado, até mesmo a iniciação da 
ação penal nos casos de homicídio e lesões corporais culposas. 
Desta forma, sabemos que a Lei nº13964/2019 estabeleceu que de 
fato nosso sistema processual penal é acusatório, no qual há separação das 
funções de acusar, defender e julgar; não se pode permitir a instauração 
do inquérito policial por requisição do juiz, pois pode prejudicar a sua 
imparcialidade. Assim, caso o magistrado se depare com informações, 
acerca da prática de ilícito penal, ele deve encaminhar diretamente para o 
Ministério Público, nos termos do art. 40 do CPP.
IMPORTANTE:
O art. 40 do CPP diz que, quando em autos ou papéis de que 
conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência 
de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público 
as cópias e os documentos necessários ao oferecimento 
da denúncia.
Com a requisição do Ministério Público, a autoridade policial deve 
instaurar o inquérito policial, devido ao princípio da obrigatoriedade, que 
impõe às autoridades o dever de agir, diante da notícia da prática de 
infração penal.
Direito Processual Penal
27
É importante também salientar que o art. 129, VIII, da Constituição 
Federal, determina que, entre as funções do Ministério Público, está a 
de requisitar diligências investigatórias e também a de instauração 
de inquérito policial, indicando os fundamentos jurídicos de suas 
manifestações processuais. Como também é importante dizer que o art. 
13, II, do CPP traz em seu texto que incumbe à autoridade policial realizar 
as diligências, requisitadas pelo Ministério Público.
Todavia, se a requisição ministerial for manifestamente ilegal, a 
autoridade policial deve abster-se da instauração do inquérito, devendo 
comunicar sua decisão, justificadamente, ao órgão do Ministério Público, 
responsável pela requisição, assim como às autoridades correcionais. 
(LIMA, 2019, p. 132)
c. Requerimento doofendido ou de seu representante legal – é 
possível que haja a instauração do inquérito policial, devido 
ao requerimento do ofendido ou de quem tenha qualidade de 
representá-lo. Esse requerimento conterá sempre que possível, 
de acordo com o art. 5º, § 1:
 • A narração dos fatos, com todas as circunstâncias.
 • A individualização do indiciado ou seus sinais característicos e 
as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da 
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer.
 • A nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e 
residência.
Assim, cabe ao delegado verificar a procedência das informações 
trazidas a ele, devendo evitar investigações temerárias e abusivas. Se 
após verificar que não há crime, a autoridade policial deve indeferir o 
requerimento do ofendido, decisão que caberá recurso inominado para o 
chefe de Polícia, de acordo com o art. 5º, § 2º. 
Direito Processual Penal
28
d. Notícia oferecida por qualquer do povo – de acordo com o art. 5º, 
§ 3º do CPP, qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da 
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, 
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial 
e essa, verificada a procedência das informações, mandará 
instaurar inquérito. Como podemos ver, isso é o que estudamos 
anteriormente, a chamada delatio criminis simples. Assim, após o 
delegado verificar a procedência das informações deverá instaurar 
o inquérito policial.
A notícia oferecida por qualquer do povo é mera faculdade do 
cidadão, não tendo ele o dever de noticiar a prática da infração penal. 
Todavia, a Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº3688/1941), em 
seu art. 66, diz que a notícia de crime é obrigatória, sendo considerada 
contravenção penal, deixar de comunicar à autoridade competente:
 • Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício 
de função pública, desde que a ação penal não dependa de 
representação.
 • Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício 
da medicina ou outra profissão sanitária, desde que a ação penal 
não dependa de representação e a comunicação não exponha o 
cliente a procedimento criminal.
O art. 319 do Código Penal ainda reforça que as autoridades 
públicas, especialmente, as envolvidas na persecução penal, devido ao 
princípio da obrigatoriedade, têm o dever de noticiar fatos possivelmente 
criminosos, sob a pena de responderem administrativamente e de 
incorrerem no delito de prevaricação, caso comprovado que a inércia se 
deu para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
e. Auto de prisão em flagrante delito – Lima (2019) diz que apesar 
de não constar expressamente, no art. 5º do Código de Processo 
Penal, o auto de prisão em flagrante é uma das formas de 
instauração do inquérito policial, funcionando o próprio auto como 
a peça inaugural.
Direito Processual Penal
29
Como vimos, a prisão em flagrante é um tipo de notitia criminis 
coercitiva. 
Destaca-se o processo penal militar, no qual se o auto de prisão 
em flagrante for suficiente para o esclarecimento do fato e da sua autoria, 
constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, ressalvando o 
exame de corpo e delito, quando o crime deixar vestígios, a identificação 
da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. 
Assim, de acordo com o art. 27 do Código de Processo Penal Militar, a 
remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, 
far-se-á sem demora ao juiz competente, no prazo de vinte dias, se o 
indiciado estiver preso. Como o CPP não traga nada sobre o assunto, Lima 
(2019) retrata que é perfeitamente possível a aplicação subsidiária do art. 
27 do CPPM no âmbito processual comum, tendo em vista que o art. 3º do 
CPP admite a interpretação extensiva e aplicação analógica.
Podemos analisar da seguinte forma: se no auto de prisão em 
flagrante já contiver todos os elementos de informação necessários 
para o oferecimento da denúncia e, com base no que sabemos que o 
inquérito policial é peça dispensável para a propositura da ação, não há 
necessidade de determinar a instauração do inquérito policial.
Crimes de Ação Penal Pública 
Condicionada e de Ação Penal de 
Iniciativa Privada
No que se refere aos crimes de ação pública condicionada, para 
que seja iniciado o inquérito policial, depende da representação do 
ofendido ou da requisição do Ministério Público, de acordo com o art. 5º, 
§  4º do Código de Processo Penal. Como estudamos, a representação 
pode ser denominada de delatio criminis postulatória, que está associada 
à manifestação da vítima ou de seu representante legal, no sentido de 
possuírem interesse na persecução penal, sem necessidade de qualquer 
formalismo.
Direito Processual Penal
30
No que se referem aos crimes de ação penal de iniciativa privada, 
o art. 5º, §  5º diz que a autoridade policial somente poderá proceder a 
inquérito nos crimes de ação privada a requerimento de quem tenha 
qualidade para intentá-la. Desta forma, o Estado só pode agir mediante 
requerimento do ofendido ou de seu representante legal. O art. 31 do CPP 
faz uma ressalva com relação à morte ou ausência do ofendido, dizendo 
que o requerimento poderá ser formulado por seu cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
IMPORTANTE:
O requerimento mencionado é condição de procedibilidade 
do próprio inquérito, sem esse requerimento a investigação 
sequer pode ser iniciada.
Conforme Lima (2019), esse requerimento deve ser formulado pelo 
ofendido, no prazo decadencial de seis meses, devendo ser contado, 
em regra, do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. Se o 
requerimento for formulado, após o decurso do prazo decadencial, deve 
a autoridade policial se abster de instaurar o inquérito policial, pois de 
acordo com o art. 107, IV, a punibilidade se extingue. 
É importante ressaltar que quando há prisão em flagrante, também 
poderá se dá a instauração do inquérito policial nos casos de crimes de 
ação penal pública condicionada e de ação penal privada, devendo ser 
precedido de requerimento da vítima ou de seu representante legal. 
Quando ocorrem tais delitos, é plenamente possível a captura e a condução 
coercitiva da pessoa que for encontrada em situação de flagrante, 
fazendo com que a agressão sede cessada na intenção de manter a paz 
e a tranquilidade social. Mas, a lavratura do auto de prisão em flagrante 
está condicionada à manifestação do ofendido ou de seu representante 
legal. Caso ocorra algo com a vítima, a deixando impossibilitada de ir no 
momento para à delegacia, poderá realizar no prazo de entre da nota de 
culpa, que é de 24 horas.
Direito Processual Penal
31
RESUMINDO:
Estudamos nesse capítulo que de acordo com Nucci (2011) 
existem cinco formas de dar início ao inquérito policial, sendo 
elas: de oficio, por provocação do ofendido, por delação de 
terceiro, por requisição da autoridade competente e pela 
lavratura do auto de prisão em flagrante. Assim, estudamos 
que as formas de instauração do inquérito policial variam 
de acordo com o tipo da ação. 
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito pode 
ser instaurado de ofício (que foi onde estudamos o que vem a ser notitia 
criminis e suas espécies e estudamos o que é delatio criminis e suas 
espécies), mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério 
Público, a requerimento do ofendido ou de seu representante legal, por 
notícia oferecida por qualquer do povo e por auto de prisão em flagrante. 
Nos crimes de ação penal pública condicionada, vimos que para que seja 
iniciado o inquérito policial, depende da representação do ofendido ou 
da requisição do Ministério Público e nos crimes de ação penal privada, a 
autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento 
de quem tenha qualidade para intentá-la.
Direito Processual Penal
32
Diligências Investigativas e IdentificaçãoCriminal
OBJETIVO:
Neste capítulo estudaremos sobre as diligências 
investigativas, rol presente no art. 6º do Código de Processo 
Penal, estudando cada uma delas. Em seguida, veremos o 
que vem a ser a identificação criminal e suas hipóteses de 
cabimento. Vamos lá!
Diligências Investigatórias
Conforme Nucci (2011), quando a notitia criminis chega ao 
conhecimento da autoridade policial, deve o delegado:
 • Dirigir-se ao local para que não se alterem o estado e a conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
 • Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 
liberado pelos peritos criminais.
 • Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do 
fato e suas circunstâncias.
 • Ouvir o ofendido.
 • Ouvir o indiciado.
 • Proceder o reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações.
 • Determinar, se for o caso, que se proceda o exame de corpo de 
delito e quaisquer outras perícias.
 • Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, 
se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes.
 • Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude 
e estado de ânimo, antes e depois do crime e durante ele, e 
Direito Processual Penal
33
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação 
do seu temperamento e caráter.
 • Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades 
e se têm alguma deficiência e o nome e contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Estes pontos, elencados por Nucci (2011), são os contidos no art. 6º 
do Código de Processo Penal, sendo estas as diligências investigatórias. 
Algumas são de caráter obrigatório, outras têm sua realização condicionada 
à discricionariedade da autoridade policial, que deve determinar sua 
realização, de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
Estudaremos agora cada uma destas diligências.
Preservação do Local do Crime
O primeiro ponto a se estudar é o fato de que a autoridade policial 
deverá dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o 
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
A preservação do local tem como objetivo a preservação dos 
vestígios deixados pela infração penal, para que o trabalho dos peritos 
não seja prejudicado. 
Para que os peritos criminais possam realizar um exame pericial 
satisfatório, um dos requisitos básicos é que o local esteja, adequadamente, 
isolado e preservado, com o objetivo de não se perder qualquer vestígio 
que tenha sido produzido por quem praticou a infração.
NOTA:
Isso é garantido pelo art. 169 do CPP que diz: para o efeito 
de exame do local onde houver sido praticada a infração, a 
autoridade providenciará, imediatamente, para que não se 
altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou 
esquemas elucidativos. 
Direito Processual Penal
34
De acordo com Lima (2019), a investigação terá mais probabilidade 
de sucesso, caso sejam observados dois fatores básicos:
 • Iniciar imediatamente as investigações a partir do local onde 
ocorreu o crime, pois será ali que haverá mais possibilidades de 
se encontrar alguma informação, tanto sob o aspecto da prova 
pericial, quanto das demais investigações subjetivas, tais como 
testemunhas, relatos diversos de observadores ocasionais, 
visualização da área para avaliação de possíveis informações de 
suspeitos, entre outros.
 • O tempo é fator que trabalha contra investigadores de polícia e 
peritos criminais, no esclarecimento de qualquer crime, uma 
vez que, quanto mais tempo se gasta para iniciar determinada 
investigação, fatalmente informações valiosas serão perdidas, que 
em muitos casos, poderão ser essenciais para o resultado final da 
investigação. 
Apreensão de Objetos
O segundo ponto, do art. 6º do CPP das diligências, que deve ser 
adotado pela autoridade policial é a apreensão dos objetos que tiverem 
algum tipo de relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais. 
De acordo com Lima (2019), essa apreensão tem como objetivo:
 • Futura exibição do instrumento utilizado para a prática do delito, 
como, durante o plenário do Tribunal do Júri.
 • Necessidade de contraprova.
 • Eventual perda em favor da União como efeito da condenação.
IMPORTANTE:
Pode ser apreendido qualquer objeto que tenha relação 
com o fato delituoso, sendo ilícito ou lícito.
Direito Processual Penal
35
De acordo com o art. 11 do CPP, os objetos que interessarem à 
prova, deverão acompanhar os autos do inquérito policial. Além disso, o 
art. 118 do CPP diz que, antes de transitar em julgado a sentença final, as 
coisas apreendidas não poderão ser restituídas, enquanto interessarem 
ao processo. Conforme Lima (2019), não poderão ser restituídas: 
1. As coisas apreendidas, enquanto interessarem ao processo.
2. Os instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo 
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito 
produto do crime.
3. Qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo 
agente com a prática do fato criminoso.
4. Objetos em relação aos quais haja dúvida quanto ao direito do 
reclamante.
É muito importante que a autoridade respeite os requisitos da 
medida cautelar para fazer uma apreensão, para que ela seja considerada 
lícita. De acordo com o art. 244 do CPP, a busca pessoal independerá de 
mandado, no caso de prisão ou quando houver, fundada suspeita de que 
a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que 
constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso 
de busca domiciliar. Todavia, esta busca domiciliar está condicionada ao 
art. 5º, XI da Constituição Federal, que assegura que a casa é asilo inviolável 
do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Caso você, aluno, queira saber de forma mais detalhada como 
acontece a busca e apreensão leia os arts. 240 ao 250 do Código de 
Processo Penal. 
Direito Processual Penal
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Colheita de Outras Provas
A autoridade policial deve colher todas as provas que sirvam para o 
esclarecimento do fato.
Oitava do Ofendido 
Sempre que possível, a autoridade policial deve proceder à oitava 
do ofendido, todavia, deve ter cuidado na hora de colher esse depoimento, 
devido ao fato do emocional do ofendido e do seu interesse pela ação. 
Todavia, as informações por ele prestadas poderão ser bastante úteis na 
busca de provas, contribuindo com o êxito da investigação.
Fernandes (1995) aduz que o sucesso da investigação e, 
consequentemente, o bom resultado final do processo dependem muito 
do interesse da vítima em colaborar. É ela que quase sempre comunica 
o crime e indica as principais testemunhas. O seu retorno para prestar ou 
fornecer novos esclarecimentos é muito importante. A sua participação 
é necessária para a realização de diligências relevantes, tais como os 
reconhecimentos de pessoas e coisas e a elaboração do exame de corpo 
de delito.
Oitava do Indiciado
A autoridade policial deverá ouvir o indiciado, todavia, deve-se 
lembrar da garantia do princípio do nemo tenetur se detegere de que o 
indiciado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Assim, é direito 
do indiciado saber pela autoridade policial que tem o direito a permanecer 
calado e que o exercício desse direito não decorrerá qualquer prejuízo.
Direito Processual Penal
37
Reconhecimento de Pessoas, Coisas e Acareações
A autoridade policial deve proceder ao reconhecimento de pessoas, 
coisas e acareações.
Quando houver necessidade de fazer reconhecimento de pessoa, 
deverá seguir o art. 226 do CPP. Já no que se refere ao reconhecimento 
de coisas, ato ligado à identificaçãodos instrumentos empregados no 
delito, dos objetos utilizados para auxiliar no delito e dos objetos que 
constituem produto do crime, devendo utilizar o mesmo procedimento 
do reconhecimento de pessoas no que for possível.
O art. 226 do CPP diz que o procedimento será: 1. A pessoa que tiver 
de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva 
ser reconhecida; 2.  A pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será 
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer 
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a 
apontá-la; 3. Se houver razão para recear que a pessoa chamada para o 
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga 
a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade 
providenciará para que esta não veja aquela; 4. Do ato de reconhecimento 
lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa 
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas 
presenciais.
Já no que se refere à acareação, o art. 229 do CPP diz que a acareação 
será admitida entre investigados, entre investigados e testemunha, entre 
testemunhas, entre investigado ou testemunha e a pessoa ofendida, e 
entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem em suas declarações 
sobre os fatos ou circunstancias relevantes.
Direito Processual Penal
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Determinação de Realização de Exame de Corpo de 
Delito e Quaisquer outras Perícias 
 De acordo com o art. 158 do CPP, quando a infração deixar vestígios 
o exame de corpo de delito é indispensável, não podendo supri-lo a 
confissão do acusado.
Identificação do Indiciado
Foi dito que a autoridade policial deve ordenar a identificação do 
indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos 
sua folha de antecedentes.
A folha de antecedente, Lima (2019) aponta que corresponde a ficha 
que contém a vida pregressa criminal do investigado, na qual constam 
dados como a relação dos inquéritos policiais já instaurados contra sua 
pessoa e sua respectiva destinação.
Averiguação da Vida Pregressa do Investigado
Lima (2019) diz que cabe à autoridade policial averiguar a vida 
pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, 
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo, antes e depois 
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem 
para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Reconstituição do Fato Delituoso
O art. 7º do CPP dispõe que, a fim de verificar a possibilidade de 
haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade 
policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que 
esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
Quando a produção de prova tiver que utilizar de alguma ação do 
acusado esse tem que autorizar seu consentimento. Assim, Lima (2019) 
diz que cuidando-se do exercício de um direito, não se admitem medidas 
coercitivas contra o acusado para obrigá-lo a cooperar na produção de 
provas que dele precise de algum comportamento. Desta forma, se o 
investigado não é obrigado a participar da reconstituição do crime, não é 
possível também sua condução coercitiva para tanto. 
Direito Processual Penal
39
Identificação Criminal 
O que vem a ser a identificação criminal? 
O art. 5º, XLV da Constituição Federal, prevê que nenhuma pena pode 
passar da pessoa do condenado. Desta forma, para que o Estado possa 
punir o autor do delito, é indispensável o conhecimento efetivo e seguro 
de sua correta identidade. Assim surge a importância da identificação 
criminal, que auxilia na aplicação do Direito Penal, pois é por meio dela 
que é feito o registro dos dados que identificam a pessoa que praticou 
a infração penal sob investigação, possibilitando o conhecimento ou a 
confirmação de sua identidade, a fim de que, ao término da persecução 
penal, lhe sejam impostas as sanções decorrentes do delito praticado. 
(LIMA, 2019, p.146).
Lima (2019) também aponta que a identificação criminal é o gênero 
do qual são espécies a identificação datiloscópica (feita com base nas 
saliências papilares da pessoa), a identificação fotográfica e a novel 
identificação do perfil genético. Desta forma, a identificação criminal 
abrange uma sessão fotográfica, a coleta de impressões digitais do 
indivíduo e, em algumas hipóteses a coleta de material biológico para a 
obtenção do perfil genético.
É importante ressaltar que não se deve confundir a identificação 
criminal com a qualificação do investigado, isto porque a identificação 
diz respeito à identificação datiloscópica, fotográfica e genética, sendo 
só possível suas utilizações, de acordo com a Constituição Federal nos 
casos previstos em lei. Já a qualificação do acusado compreende sua 
individualização, obtendo dados como seu nome completo, naturalidade, 
filiação, estado civil, nacionalidade, entre outros.
Algo que poucas pessoas sabem é que antes da Constituição 
Federal de 1988, a identificação criminal era uma regra, mesmo que o 
indivíduo tivesse se identificado civilmente. Mas, com o argumento de que 
a investigação criminal poderia ser, levada adiante sem ser obrigatória a 
identificação criminal, a Constituição Federal trouxe em seu art. 5º, LVIII, 
que o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, 
salvo nas hipóteses previstas em lei.
Direito Processual Penal
40
Documentos Atestadores da Identificação Civil 
O art. 1º da Lei nº 12037/09 determina que o civilmente identificado 
não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos 
nesta Lei. Assim, se caso o indivíduo não se identificar civilmente, com a 
apresentação de um dos documentos listados no art. 2º da lei supracitada, 
será possível sua identificação criminal, quando se envolver com alguma 
prática delituosa.
Os documentos litados no art. 2º da Lei nº 12037/09 são: carteira 
de identidade, carteira profissional, passaporte, carteira de identificação 
funcional e outro documento público que permita a identificação do 
indiciado. 
Hipóteses Autorizadoras da Identificação Criminal
De acordo com o art. 3º da Lei nº12037/09, embora apresentado 
documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando:
1. O documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação.
2. O documento apresentado for insuficiente para identificar 
cabalmente o indiciado: é o que acontece, com os documentos 
públicos que não têm fotografia, a exemplo da certidão de 
nascimento.
3. O indicado portar documentos de identidade distintos, com 
informações conflitantes entre si.
4. A identificação criminal for essencial às investigações policiais, 
segundo despacho da autoridade judiciária competente, que 
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade 
policial, do Ministério Público ou da defesa. 
Essa hipótese depende de prévia autorização judicial.
1. Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes 
qualificações.
Direito Processual Penal
41
2. O estado de conservação, ou a distância temporal ou da localidade 
da expedição do documento apresentado, impossibilite a 
completa identificação dos caracteres essenciais.
Assim, presente uma destas hipóteses e o investigado se recusando 
em colaborar, é possível sua condução coercitiva.
Por fim, o art. 7º da Lei nº12037/09 que caso não seja oferecida a 
denúncia, ou seja, ela rejeitada ou o indiciado seja absolvido, é facultado 
ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou 
o trânsito em julgado da sentença, requerer a retirada da identificação 
fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente provas de sua 
identificação civil. 
RESUMINDO:
Estudamos que quando a notitia criminis chega ao 
conhecimento da autoridade policial, o delegado deve 
prosseguir com as diligências, sendo elas: dirigir-se ao 
local para que não se alterem o estado e a conservação 
das coisas, atéa chegada dos peritos criminais; apreender 
os objetos que tiverem relação com o fato, após liberado 
pelos peritos criminais; colher todas as provas que servirem 
para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; ouvir o 
ofendido; ouvir o indiciado; proceder a reconhecimento de 
pessoas e coisas e a acareações; determinar, se for o caso, 
que se proceda o exame de corpo de delito e quaisquer 
outras perícias; ordenar a identificação do indiciado pelo 
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos 
sua folha de antecedentes; averiguar a vida pregressa 
do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de 
ânimo, antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do 
seu temperamento e caráter; colher informações sobre a 
existência de filhos, respectivas idades e se têm alguma 
deficiência e o nome e contato de eventual responsável 
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
Direito Processual Penal
42
Estudamos então cada uma destas diligências. Em seguida, 
estudamos sobre a identificação criminal que ela auxilia na aplicação 
do Direito Penal, pois é por meio dela que é feito o registro dos dados 
que identificam a pessoa que praticou a infração penal sob investigação, 
possibilitando o conhecimento ou a confirmação de sua identidade, a fim 
de que, ao término da persecução penal, lhe sejam impostas as sanções 
decorrentes do delito praticado.
Direito Processual Penal
43
Indiciamento e Conclusão do Inquérito 
Policial
OBJETIVO:
Estudaremos neste capítulo sobre o que vem a ser 
indiciamento, suas espécies, seus pressupostos e o que 
vem a ser o desindiciamento. Posteriormente, trataremos 
da conclusão do inquérito policial e do seu arquivamento. 
Preparados? Vamos lá!.
Indiciamento 
Lima (2019) conceitua: indiciar como o ato de atribuir a autoria ou 
participação de uma infração penal a uma pessoa. É apontar uma pessoa 
como provável autora ou partícipe do delito.
No que refere ao indiciado, Nucci (2011) diz que é a pessoa eleita 
pelo Estado, na sua convicção, como autoria da infração penal.
IMPORTANTE:
Não é de se confundir o indiciado com o suspeito, pois o 
suspeito é aquele que só existe possibilidade de autoria, já 
o indiciado é aquele que tem contra si indícios que apontam 
como provável autor da infração, assim, há probabilidade 
da autoria e não mera possibilidade.
O indivíduo pode ser considerado indiciado já no momento da 
prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado. O indiciamento 
constitui ato próprio da fase investigatória, assim, se a peça acusatória for 
recebida, não haverá mais de se falar em indiciamento. 
Direito Processual Penal
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O indiciado figura como objeto da investigação, uma vez que, de 
acordo com Nucci (2011), ele não é sujeito de direitos, a ponto de requerer 
provas e, havendo indeferimento injustificado, apresentar recurso ao 
órgão jurisdicional superior. Além disso, no decorrer da investigação não 
tem direito ao contraditório e nem a ampla defesa, não tem acesso direito 
aos autos do procedimento investigatório, somente pelo advogado.
NOTA:
Quando Nucci (2011) aponta que o indiciado não é sujeito 
de direitos, ele aponta os direitos que ele não tem, não 
excluindo dele os direitos garantidos pela Constituição 
Federal, como o direito ao silêncio, a preservação da 
integridade física, não ser submetido a procedimento 
vexatório, entre outros garantidos pela Constituição. 
O art. 2º, §  6º da Lei nº 12830/13 diz que o indiciamento é ato 
privativo da autoridade policial e deve se dar por ato fundamentado, 
mediante análise técnico-jurídica do fato, devendo indiciar a autoria, a 
materialidade e suas circunstâncias. Assim, o indiciamento só pode existir, 
quando existirem indícios razoáveis de probabilidade de autoria e não 
como um ato automático e irresponsável da autoridade policial.
Em suma, no indiciamento a autoridade policial, de forma 
fundamentada, centraliza a investigação em apenas um ou alguns dos 
suspeitos, indiciando-os como os prováveis autores da infração. Exemplo: 
Direito Processual Penal
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SUSPEITO “A”
SUSPEITO “C”
SUSPEITO “D” SUSPEITO “B”INDICIADOS: “B” e “D”
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Assim, a autoridade policial inicia investigando algumas pessoas, 
mas com o passar do tempo da investigação, começa a descartar 
algumas, até indiciar uma ou mais de uma delas. Sabe-se que existem 
casos que só irá existir um suspeito e somente ele vai ser indiciado, como 
também, existem casos em que todos os suspeitos são indiciados.
SAIBA MAIS:
Caso queira se aprofundar no assunto “O que é indiciamento”, 
assista o vídeo, clicando aqui.
Espécies de indiciamento
Direito Processual Penal
https://www.youtube.com/watch?v=HoHC2QcpQH4
46
De acordo com Lima (2019), o indiciamento pode ser feito de duas 
maneiras:
 • Direta – ocorre quando o indiciado está presente.
 • Indireta – ocorre quando o indiciado está ausente.
Todavia, a regra é o indiciamento seja feito de forma direta, mas 
existe hipótese de o investigado não ser localizado ou de, quando 
mesmo sendo regulamente intimado para o ato, deixar de comparecer 
injustificadamente, sendo possível o indiciamento indireto. 
Pressupostos 
Tendo em vista que o indiciamento é importante para o exercício 
de defesa na fase investigatória e também pode causar prejuízos ao 
indiciado, é indispensável a presença de elementos informativos acerca 
da materialidade e da autoria do delito.
De acordo com Lima (2019), o indiciamento só pode ocorrer a partir 
do momento em que, reunidos elementos suficientes que apontem 
para a autoria da infração penal, o delegado de polícia deve cientificar o 
investigado, atribuindo-lhe de forma fundamentada a condição jurídica de 
“indiciado”, devendo respeitar todas as garantias constitucionais e legais.
IMPORTANTE:
O ato de indiciar não é um ato arbitrário nem discricionário, 
tendo em vista estarem presentes elementos informativos, 
apontando na direção do investigado, de maneira que 
não resta a autoridade policial outra opção senão seu 
indiciamento.
O ministro Celso de Mello em julgamento de agravo regimental 
sustenta que “o indiciamento de alguém, por suposta prática delituosa, 
somente se justificará, se e quando houver indícios mínimos que, apoiados 
em base empírica idônea, possibilitem atribuir-se ao mero suspeito a 
autoria do fato criminoso.”
Direito Processual Penal
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O indiciamento não se encontra, previsto no Código de Processo 
Penal, mas ele deve ser objeto de um ato formal, devido às implicações 
jurídicas que ocasiona para a condição do indivíduo. Assim, o indiciamento 
funciona como um poder-dever da autoridade policial, uma vez 
convencida da concorrência dos seus pressupostos. (LIMA, p. 156, 2019).
No Estado de São Paulo, a Portaria nº18, de 25 de novembro de 1998, 
expedida pela Delegacia Geral de Polícia, estabelece que o indiciamento 
deve ser precedido de despacho, fundamentado da autoridade policial, 
indicando, com base nos elementos probatórios reunidos na investigação, 
os motivos de sua convicção quanto à autoria delitiva e à classificação 
infracional atribuída ao fato. (art. 5º, parágrafo único da portaria supracitada).
Desindiciamento
A jurisprudência admite a impetração de habeas corpus a fim 
de sanar o constrangimento ilegal, quando estiver ausente qualquer 
elemento de informação quanto ao envolvimento do agente na prática 
delituosa, isso seria então, o desindiciamento. 
Conclusão do Inquérito Policial
O art. 10 do Código de Processo Penal determina que o inquérito 
deverá terminar no prazo de dez dias, se o indiciado tiver sido preso 
em flagrante ou estiver preso preventivamente, devendo o prazo nesta 
hipótese ser contado a partir do dia em que foi executada a ordem de 
prisão, ou no prazo de trinta dias quando estiver solto, mediante fiança 
ou semela.
Mas esse prazo pode ser prorrogado?
O art. 10, § 3º responde essa pergunta ao dizer que se o fato for de 
difícil elucidação e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer 
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão 
realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Direito Processual Penal
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NOTA:
A contagem desse prazo de acordo com Lima (2019) se dá 
excluindo o dia do começo e incluindo-se o dia do final, ou 
seja, o prazo começa a correr a partir do primeiro dia útil 
subsequente.
A legislação especial prevê prazos diferenciados para a conclusão 
do inquérito policial, vejamos:
 • A lei nº 5010/66 (Lei que organiza a Justiça Federal de primeira 
instância) dispõe em seu art. 66 que o prazo para a conclusão do 
inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver 
preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido 
fundamentado da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que 
competir o seu conhecimento. Quanto o fato de se o indiciado tiver 
solto, a legislação não fala, desta forma, faz-se uma interpretação 
extensiva do prazo previsto no CPP de trinta dias.
 • O Código de Processo Penal Militar, em seu art. 20, determina que 
o inquérito deverá terminar em vinte dias se o indiciado estiver 
preso, devendo ser contado esse prazo a partir do dia em que se 
executar a ordem de prisão, ou no prazo de quarenta dias, quando 
o indiciado estiver solto, sendo o prazo computado a partir da data 
em que se instaurar o inquérito, podendo ser prorrogado, por mais 
vinte dias para autoridade militar superior.
 • O art. 51 da Lei de drogas (Lei nº11343/06) prevê que o inquérito 
policial será concluído no prazo de trinta dias, se o indiciado estiver 
preso e de noventa dias, quando solto. Garante que estes prazos 
podem ser duplicados pelo Juiz, ouvido o Ministério Público, 
mediante pedido justificado da autoridade policial.
 • A lei nº1521/51 (Lei dos crimes contra a economia popular) não faz 
distinção do indivíduo solto ou preso, prevendo que o inquérito 
deve ser concluído em dez dias.
Direito Processual Penal
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Merece destaque para o estudo do tempo de duração do inquérito, o 
caso de ter sido decretada prisão temporária do investigado. Sabe-se que 
a prisão temporária tem o prazo de cinco dias, podendo ser prorrogável 
por igual período, quando houver extrema e comprovada necessidade. 
Sendo o crime cometido hediondo ou equiparado, o prazo da prisão 
temporária é de trinta dias, também prorrogáveis por igual período.
Lima (2019) aponta que no caso de prisão temporária de crimes sem 
ser hediondos ou equiparados, o prazo para conclusão do inquérito é o 
de dez dias, pois o prazo máximo para prisão temporária será de dez dias, 
prazo que coincide com o previsto no CPP para as hipóteses em que o 
investigado está preso. Ele também defende de que, nos casos de crimes 
hediondos e equiparados, tendo sido a prisão temporária decretada, por 
até 60 dias, o prazo, para conclusão das investigações, também é de 60 
dias.
Relatório da Autoridade Policial
O art. 10, § 1º do Código de Processo Penal elucida que o inquérito 
policial deverá ser concluído com a elaboração, por parte da autoridade 
policial, de minucioso relatório do que tiver sido apurado, com posterior 
remessa dos autos do inquérito policial ao juiz competente.
Assim, o relatório deve ser elaborado pela autoridade policial, 
devendo conter as principais diligências feitas na etapa investigatória, 
justificando se alguma das diligências não tiverem sido realizadas. É 
mister salientar que apesar de ser dever funcional da autoridade policial 
a elaboração do relatório, ele não é peça obrigatória para o oferecimento 
da denúncia, ora já sabemos que nem mesmo o inquérito policial é peça 
indispensável para o início do processo criminal, quando a imputação do 
delito encontrar, respaldo em outros elementos de convicção.
A autoridade não deve fazer qualquer juízo de valor no relatório, já 
que a opinio delicti deve ser formada pelo titular da ação que é o Ministério 
Público nos crimes de ação penal pública e, nos crimes de ação penal de 
iniciativa privada, é o ofendido ou seu representante legal.
Direito Processual Penal
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A Lei de Drogas prevê que a autoridade policial deverá relatar 
sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a 
levaram à classificação do delito, devendo indicar a quantidade e a 
natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições 
em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstancias da prisão, a 
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente. (art. 52 da Lei nº 
11343/06).
Destinatário dos Autos do Inquérito Policial
Nos termos do art. 10, § 1º do Código de Processo Penal, após 
concluída a investigação policial, os autos do inquérito policial devem ser 
encaminhados primeiramente ao Poder Judiciário, e somente depois ao 
Ministério Público.
Todavia, Lima (2019) aponta que esse dispositivo não foi 
recepcionado pela Constituição Federal de 1988, devido a adoção do 
sistema acusatório, em que outorga ao Ministério Público a titularidade 
da ação penal pública, não devendo se admitir que ainda subsista a 
necessidade de remessa inicial dos autos ao Poder Judiciário.
Desta forma, sabendo que de acordo com o art. 129, I, da Constituição 
Federal ser o Ministério Público o dominus litis da ação penal pública, 
é ele, portanto, o destinatário final das investigações levadas a cabo no 
curso do inquérito policial. Assim, os autos da investigação policial devem 
tramitar diretamente entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, sem 
a necessidade da intermediação do Poder Judiciário, só sendo necessário 
passar por esse último órgão, quando precisar ser examinado medidas 
cautelares.
Tirando a necessidade dos autos do inquérito passarem pelo Poder 
Judiciário, garante um dos direitos fundamentais do art. 5º da Constituição 
Federal, que é o da razoável duração do processo, pois havendo a 
tramitação direta entre a Polícia e o Ministério Público o procedimento se 
torna mais célere. 
Direito Processual Penal
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Assim os dizerem de Lima (2019) são:
Valores importantes como a celeridade, a eficiência, a 
desburocratização e a diminuição dos riscos da prescrição 
recomendam, pois, que as peças investigatórias sejam 
remetidas diretamente ao titular da ação penal, salvo se 
houver necessidade de medidas cautelares, eliminando-
se, assim, o intermediário que não tem competência 
ou atribuição para interferir na produção de diligências 
inquisitoriais. (LIMA, 2019, p.163)
No âmbito da Justiça Federal, há regulamentação desta matéria 
na Resolução nº 63 de 26 de junho de 2009, que traz que os autos do 
inquérito policial somente serão admitidos para registro, inserção no 
sistema processual informatizado e distribuição às Varas Federais, com 
competência criminal quando houver:
a. Comunicação de prisão em flagrante efetuada ou qualquer outra 
forma de constrangimento aos direitos fundamentais previstos na 
Constituição da República.
b. Representação ou requerimento da autoridade policial ou do 
Ministério Público Federal para a decretação de prisões de 
natureza cautelar.
c. Requerimento da autoridade policial ou no MPF de medidas 
constritivas ou de natureza acautelatória.
d. Oferta de denúncia pelo MPF ou apresentação de queixa crime 
pelo ofendido ou seu representante legal.
e. Pedido de arquivamento deduzido pelo MPF.
f. Requerimento de extinção da punibilidade com fulcro em 
qualquer das hipóteses, previstas no art. 107 do Código Penal ou 
na legislação extravagante.
O art. 107 do CP diz que extingue-se a punibilidade: pela morte do 
agente; pela anistia, graça ou induto; pela retroatividade de lei que não 
mais considera o fato como criminoso; pela prescrição, decadência ou 
perempção; pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos 
crimes de ação privada; pela retrataçãodo agente, nos casos em que a lei 
admite; pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Direito Processual Penal
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Remessa dos Autos do Inquérito Policial 
Após discutimos sobre se deve ou não os autos serem encaminhados 
primeiro ao Poder Judiciário, podemos concluir que, no fim, os autos 
devem ser encaminhados pela autoridade policial e uma vez recebidos, 
são duas as possibilidades:
 • Quando se tratar de crime de ação penal de iniciativa privada, o juiz 
deve determinar a permanência dos autos em cartório, para que 
seja aguardada a iniciativa do ofendido ou de seu representante 
legal, de acordo com o art. 19 do CPP.
 • Se o crime for de ação penal pública, os autos do inquérito devem 
ser remetidos para o Ministério Público. Ao receber os autos, o 
Ministério Público tem cinco possibilidades:
 • Oferecimento da denúncia.
 • Arquivamento dos autos do inquérito policial.
 • Requisição de diligências.
 • Declinação de competência.
 • Conflito de competência.
Dependendo do caso, estas cinco possibilidades podem ser 
adotadas pelo Ministério Público, isoladamente ou em conjunto.
Arquivamento do Inquérito Policial
Como já foi visto, não é de responsabilidade da autoridade policial 
mandar arquivar autos de inquérito, também não podendo ser determinado 
de ofício pela autoridade judiciária. Incumbindo, exclusivamente ao 
Ministério Público, a avaliação dos elementos de informação de que 
dispõe, para saber se são ou não suficientes para o oferecimento da 
denúncia, razão essa pela qual nenhum inquérito pode ser arquivado, 
sem o expresso requerimento ministerial. 
Direito Processual Penal
53
O arquivamento do inquérito é um ato complexo que envolve prévio 
requerimento formulado pelo órgão do Ministério Público e posterior 
decisão da autoridade judiciária competente (LIMA, p.167, 2019).
Devido ao fato do CPP não apresentar os requisitos que fundamente 
o arquivamento do inquérito policial, usa-se por analogia as hipóteses 
previstas nos arts. 395 e 397 do CPP. Assim, as hipóteses que autorizam o 
arquivamento são as seguintes:
1. Ausência de pressuposto processual ou de condição para o 
exercício da ação penal.
2. Falta de justa causa para o exercício da ação penal.
3. Quando o fato investigado evidentemente não constituir crime.
4. Existência manifesta de causa excludente da ilicitude.
5. Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo 
a inimputabilidade.
6. Causa extintiva de punibilidade.
7. Cumprimento de acordo não persecução penal.
Procedimento de Arquivamento
O art. 28 do CPP traça todo o procedimento do arquivamento do 
inquérito policial. O Promotor de Justiça subscreve um requerimento com 
pedido de arquivamento que deve ser submetido à apreciação judicial. 
O juiz concordando com a promoção ministerial, pode-se dizer que o 
arquivamento está aperfeiçoado. Todavia, se o juiz não concordar com o 
pedido ministerial, os autos são enviados ao Procurador-Geral de Justiça.
Ao receber os autos, o Procurador-Geral de Justiça deve:
1. Oferecer denúncia.
2. Requisitar diligências.
3. Designar outro órgão do Ministério Público para oferecer denúncia. 
4. Insistir no pedido de arquivamento, hipótese em que o juiz está 
obrigado a atender, já que o Ministério Público é o titular da ação penal.
Direito Processual Penal
54
Para que seja oferecida denúncia, o Procurador-Geral deve nomear 
um novo Promotor de Justiça, sendo obrigado a esse a denúncia.
No que se referem aos crimes de ação penal de iniciativa privada, 
há a possibilidade de arquivamento quando, após inúmeras diligências 
realizadas no curso da investigação policial, não se tenha obtido êxito na 
obtenção de elementos de informação quanto à autoria do fato delituoso 
(LIMA, p. 180, 2019).
RESUMINDO:
Estudamos nesse último capítulo sobre o que vem a ser 
indiciamento, conceituando primeiramente que é o ato de 
apontar uma pessoa como provável autora ou partícipe 
do delito. Já o indiciamento é ato privativo da autoridade 
policial e deve se dar por ato fundamentado, mediante 
análise técnico-jurídica do fato, devendo indiciar a autoria, 
a materialidade e suas circunstâncias. O indiciamento tem 
duas espécies, sendo elas direta e indireta. Vimos que o 
indiciamento só pode ocorrer, a partir do momento em que 
reunidos elementos suficientes que apontem para a autoria 
da infração penal. 
Em seguida, estudamos que para conclusão do inquérito o prazo 
determinado pelo CPP é de dez dias, se o indiciado tiver sido preso em 
flagrante ou estiver preso, preventivamente, devendo o prazo nesta 
hipótese ser contado a partir do dia em que foi executada a ordem de 
prisão, ou no prazo de trinta dias quando estiver solto, mediante fiança 
ou sem ela, estudando também as leis que têm prazos diferentes. Vimos 
como deve ser o relatório da autoridade policial e que o destinatário desse 
relatório é o Ministério Público. Por fim, estudamos que o arquivamento do 
inquérito é um ato complexo que envolve prévio requerimento, formulado 
pelo órgão do Ministério Público, e posterior decisão da autoridade 
judiciária competente. 
Direito Processual Penal
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REFERÊNCIAS
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm
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https://www2.cjf.jus.br/jspui/bitstream/handle/1234/5547/RES%20063-2009.pdf?sequence=3
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