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Aula 12 - Resp do Transportador

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RESPONSABILIDADE 
DO TRANSPORTADOR
RESPONSABILIDADE 
CONTRATUAL
CONTRATO DE TRANSPORTE
• Podemos definir o contrato de 
transporte como aquele em que o 
transportador se obriga a 
transportar o passageiro – com 
segurança, cuidado e cortesia – de 
um local para outro. O transporte 
poderá ser não apenas de pessoas, 
mas de coisas (excluído, aí, por 
óbvio, o dever de cortesia). 
(BRAGA, 2019:1252)
• - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO E SEGURANÇA
• “A obrigação do transportador não é apenas de meio, e não
só de resultado, mas também de garantia. Não se obriga
ele a tomar as providências e cautelas necessárias para o
bom sucesso do transporte; obriga-se pelo fim, isto é,
garante o bom êxito. Tem o transportador o dever de zelar
pela incolumidade do passageiro na extensão necessária a
lhe evitar qualquer acontecimento funesto, como assinalou
Vivante, citado por Aguiar Dias. O objeto da obrigação de
custódia, prossegue o mestre, é assegurar o credor contra
os riscos contratuais, isto é, por a cargo do devedor a àlea
do contrato, salvo, na maioria dos casos a força maior”
(CAVALIERI FILHO, 2019:404)
•
CLAUSULA DE INCOLUMIDADE
• “entende-se por cláusula de incolumidade a 
obrigação que tem o transportador de 
conduzir o passageiro são e salvo ao lugar de 
destino”. (CAVALIERI FILHO, 2019:404)
• - É implícita em todo e qualquer contrato 
de transporte, sendo pois inafastável.
• Art. 734. O transportador responde pelos 
danos causados às pessoas transportadas e 
suas bagagens, salvo motivo de força maior, 
sendo nula qualquer cláusula excludente da 
responsabilidade.
RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA
• “(...), a melhor doutrina e 
jurisprudência evoluíram no 
sentido de reconhecer 
responsabilidade objetiva ao 
transportador, fundada na teoria 
do risco”(CAVALIERI FILHO, 2019: 
404
DIALOGO DAS FONTES 
ENTRE CDC E CC/2002
“O transporte de pessoas, se desempenhado
com habitualidade e de forma remunerada
(ainda que a remuneração não seja direta ou
explícita), caracterizando alguém como
fornecedor de serviços, provoca a incidência do
CDC, que deve ser aplicado harmonicamente
com o Código Civil. Haverá, portanto, em
relação ao contrato de transporte, um
necessário diálogo das fontes entre o CDC e o
Código Civil, sendo que este não poderá ser
usado para prejudicar o consumidor. Cabe
lembrar que no sistema do diálogo das fontes,
sempre que alguma lei garanta direitos para o
consumidor, ela poderá se somar ao
microssistema do CDC, incorporando-se à
tutela especial. Diálogo das fontes se dá em
busca do melhor resultado, do resultado mais
conforme à Constituição da República”
(BRAGA, 2019:1254)
• - A responsabilidade do transportador 
em relação ao passageiro será regulada 
pelo art. 14 do CDC e art. 730 a 756 do 
CC/2002.
• -Deve sempre ser buscado a 
interpretação que melhor atenda aos 
interesses do consumidor
IMPORTANTE
- Os danos sofridos por aqueles que não são passageiros 
também ensejarão responsabilidade objetiva.
Em relação aos não usuários do serviço (pedestres, ciclistas
etc.), a responsabilidade do transportador é objetiva. Os não
usuários, se vítimas de danos provocados pelo serviço de
transporte, são consumidores por equiparação, bystanders
(CDC, art. 17). Responsabilidade objetiva, portanto (CDC, art.
14). Igualmente objetiva à luz da Constituição. O STF chegou a
entender, em posição criticável, que a responsabilidade do art.
37, § 6o, da Constituição seria objetiva apenas em relação ao
usuário, sendo subjetiva para as demais vítimas. Reviu, porém,
felizmente, a posição anterior, harmonizando-se com os rumos
contemporâneos da responsabilidade civil (STF, RE 591.874,
rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJ 18-12-2009, com
repercussão geral).(BRAGA, 2019:1257)
INÍCIO DA RESPONSABILIDADE DO 
TRANSPORTADOR
- Início da execução do contrato, que depende 
de cada tipo de transporte
Trem e Metrô – Ingresso do passageiro na estação de 
embarque
“a nossa jurisprudência tem entendido que, no caso 
das estradas de ferro ou metrô, a responsabilidade do 
transportador inicia-se com o ingresso do passageiro na 
estação de embarque, após passar pela roleta. Correto 
o entendimento, tendo em vista que a estação 
pertence à companhia, sendo, ainda, certo que o 
passageiro, após adentrar a plataforma de embarque, 
fica por conta e risco do transportador”.(CAVALIERI 
FILHO 2019:418)
• Ônibus – embarque do passageiro
• “Tratando-se de transporte rodoviário – ônibus 
principalmente –, tendo em vista que a estação 
de embarque não pertence à empresa 
transportadora, a execução do contrato tem 
início com o embarque do passageiro no veículo 
e só termina com o seu efetivo desembarque. 
Consequentemente, se o motorista arranca com 
o ônibus no momento em que o passageiro está 
nele embarcando, e o faz cair e se ferir, haverá 
responsabilidade do transportador, porque já se 
havia iniciado a execução do contrato. O fato de 
ainda não ter sido paga a passagem é irrelevante, 
porque esse pagamento, como se viu, já é fase da 
execução da obrigação do passageiro”. 
(CAVALIERI FILHO 2019:418)
•
• TRANSPORTE AÉREO – INICIA-SE COM A OPERAÇÃO DE 
EMBARQUE
“Os limites temporais da responsabilidade do
transportador aéreo estão claramente fixados no art.
233 do Código Brasileiro de Aeronáutica e seus
parágrafos. A execução do contrato, diz o referido
artigo, compreende as operações de
embarque e desembarque, além das efetuadas a
bordo da aeronave.
Operação de embarque é a que se realiza desde
quando o passageiro, já despachado no aeroporto,
transpõe o limite da área destinada ao público em
geral e entra na respectiva aeronave, abrangendo o
percurso a pé, por meios mecânicos ou com a
utilização de viaturas (§ 1º).
A operação de desembarque inicia-se com a saída de
bordo da aeronave e termina no ponto de interseção
da área interna do aeroporto e da área aberta ao
público em geral (§ 2º). Em suma, a responsabilidade
do transportador aéreo inicia-se com a operação de
embarque e termina com a operação de
desembarque, conforme acima
caracterizados.”.(CAVALIERI FILHO 2019:418)
TRANSPORTE DESINTERESSADO 
OU DE MERA CORTESIA
• Art. 736. Não se subordina às normas do 
contrato de transporte o feito gratuitamente, 
por amizade ou cortesia.
• Parágrafo único. Não se considera gratuito o 
transporte quando, embora feito sem 
remuneração, o transportador auferir 
vantagens indiretas.
• “(...)neste caso, havendo acidente e dano 
causado ao tomador da carona, entendemos 
deva ser aplicado o sistema de regras da 
responsabilidade aquiliana do Código Civil, o 
que significa dizer que o juiz, nos termos do art. 
186, deverá perquirir a culpa (em sentido lato) 
do condutor para efeito de impor-lhe a 
obrigação de indenizar” (GAGLIANO, 2019:293)
• Súmula 145 do STJ: “No transporte
desinteressado, de simples cortesia, o
transportador só será civilmente
responsável por danos causados ao
transportado quando incorrer em dolo
ou culpa grave”
TRANSPORTE COM 
REMUNERAÇÃO INDIRETA
• -Responsabilidade Objetiva
• “(...) diferentemente, neste caso, o 
condutor, posto não seja diretamente 
remunerado, experimenta vantagem 
indireta, à custa do conduzido. 
Imagine, por exemplo, um 
representante de vendas que “faz 
questão de levar o seu cliente” até o 
seu stand”. (GAGLIANO, 2019:293)
EXCLUDENTES
• - FORTUITO EXTERNO
• - FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO
• - FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA
FORTUITO EXTERNO
• - RISCO ESTRANHOS Á ATIVIDADE DE 
TRANPORTE.
• (...)o fortuito interno é aquele que 
guarda relação com a atividade 
desenvolvida pelo ofensor e, por isso, 
não é hábil para romper o nexo causal. 
Já o fortuito externo, justamente por 
não guardar relação com a atividade 
desenvolvida pelo ofensor, ostenta força 
para romper o nexo causal, liberando o 
suposto ofensor de responder pelo 
dano”.(BRAGA 2019:1261)
FATO EXCLUIVO DE TERCEIRO
• - Terceiro é “ pessoa que não guarde nenhum 
vínculo jurídico com o transportado” (CAVALIERI 
FILHO 2019:412)
• - O fato culposo, em regra não afasta a 
responsabilidade.
•Art. 735. A responsabilidade contratual do 
transportador por acidente com o passageiro 
não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual 
tem ação regressiva.
• “o fato culposo de terceiro se liga ao risco do
transportador, relaciona-se com a organização
do seu negócio, caracterizando o fortuito
interno, que não afasta a sua
responsabilidade(...)”. (CAVALIERI FILHO
2019:412)
• AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. 
TRANSPORTE ONEROSO DE PASSAGEIROS. 
EXCLUDENTES DA OBRIGAÇÃO REPARATÓRIA. 
ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATO CULPOSO DE 
TERCEIRO. FORTUITO INTERNO.
• RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. 
CONFIGURAÇÃO.
• 1. Recurso especial interposto contra acórdão 
publicado na vigência do Código de Processo 
Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs
2 e 3/STJ). 
• 2. A responsabilidade do transportador em 
relação aos passageiros é contratual e 
objetiva, somente podendo ser elidida por 
fortuito externo, força maior, fato exclusivo 
da vítima ou por fato doloso e exclusivo de 
terceiro - quando este não guardar conexão 
com a atividade de transporte. Precedentes.
• 3. Agravo interno não provido.
• (AgInt no REsp 1768074/CE, Rel. Ministro 
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 02/12/2019, DJe
06/12/2019)
• - O FATO DOLOSO DE TERCEIRO, NÃO RELACIONADO A 
ATIVIDADE DE TRANSPORTE, AFASTA A RESPONSABILIDADE 
• AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO 
CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRÁTICA DE 
ATO LIBIDINOSO CONTRA PASSAGEIRA NO INTERIOR DE UMA 
COMPOSIÇÃO DE TREM DO METRÔ PAULISTA.
• AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA. FATO 
EXCLUSIVO DE TERCEIRO E ESTRANHO AO CONTRATO DE 
TRANSPORTE. AGRAVO INTERNO PROVIDO PARA CONHECER DO 
AGRAVO E DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.
• 1. Nos termos da jurisprudência firmada nesta Corte Superior, a 
responsabilidade do transportador em relação aos passageiros é 
objetiva, somente podendo ser elidida por fortuito externo, força 
maior, fato exclusivo da vítima ou por fato doloso e exclusivo de 
terceiro - quando este não guardar conexidade com a atividade 
de transporte.
• 2. Na hipótese, afasta-se a responsabilidade da concessionária 
por prática de ato libidinoso, cometido por terceiro contra 
usuária do serviço de transporte, ocorrido no interior do metrô.
• 3. Agravo interno provido para conhecer do agravo e, em novo 
exame do feito, dar provimento ao recurso especial.
• (AgInt no AREsp 1332491/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, 
QUARTA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019)
ASSALTOS E PEDRADAS
- Somente se verifica responsabilidade quando ficar 
provada a conivência dos prepostos, omissão ou qualquer 
outra forma de participação que caracterize culpa do 
transportador.
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS.
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. METROPOLITANO. 
ROUBO COM ARMA BRANCA SEGUIDO DE MORTE. 
ESCADARIA DE ACESSO À ESTAÇÃO METROVIÁRIA.
CASO FORTUITO EXTERNO. EXCLUDENTE DE 
RESPONSABILIDADE CIVIL.
PRECEDENTES. APELO PROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência firmada nesta Corte 
Superior, a responsabilidade do transportador em relação 
aos passageiros é objetiva, somente podendo ser elidida 
por fortuito externo, força maior, fato exclusivo da vítima 
ou por fato doloso e exclusivo de terceiro - quando este não 
guardar conexidade com a atividade de transporte.
- 2. Não está dentro da margem de previsibilidade 
e de risco da atividade de transporte metroviário 
o óbito de consumidor por equiparação 
(bystander) por golpes de arma branca desferidos 
por terceiro com a intenção de subtrair-lhe 
quantia em dinheiro, por se tratar de fortuito 
externo com aptidão de romper o nexo de 
causalidade entre o dano e a conduta da 
transportadora.
3. Recurso especial provido.
(REsp 974.138/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, 
QUARTA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe
09/12/2016)
• AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO. TRANSPORTE COLETIVO 
DE PASSAGEIROS.
• 1.- A respeito do dever de indenizar em 
virtude de fortuito externo caracterizado 
pelo fato doloso de terceiro, tem-se que, 
na linha dos precedentes desta Corte, o 
arremesso de objeto contra veículo não 
se inclui entre os riscos normais da 
atividade de transporte de passageiros e, 
por isso, não gera, para aquele que 
explora essa atividade, em princípio, 
dever de indenizar.
• 2.- Agravo Regimental improvido.
• (AgRg nos EDcl no AREsp 156.998/RJ, 
Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
04/09/2012)
FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA
• “Havendo, portanto,
participação causal da vítima,
a responsabilidade do
transportador pode ser
atenuada ou até excluída,
desde que o comportamento
da vítima tenha sido,
efetivamente, a causa
determinante do evento.”
(CAVALIERI FILHO 2019:409)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
• BRAGA NETTO, Felipe Peixoto Novo tratado de responsabilidade civil / 
Felipe Peixoto Braga Netto, Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald. –
4. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019).
• CAVALIERI FILHO, , Sergio. Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. 
São Paulo; Atlas, [2019. 9788597018790. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018790/. 
Accesso em: 31 Mar 2020
• GAGLIANO, Stolze, P., FILHO, P., Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 
3 - responsabilidade civil. São Paulo; Saraiva, 2019. 9788553609529. 
Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553609529/. 
Accesso em: 31 Mar 2020)

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