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RESPONSABILIDADE CIVIL - CONTEÚDO II

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Prévia do material em texto

Responsabilidade Civil 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Christiane Cavalcante Marcellos
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Responsabilidade Civil Contratual
Responsabilidade Civil Contratual
 
 
• Ingressar no estudo da Responsabilidade Civil Contratual, com destaque nos temas mais 
relevantes enfrentados por nossos Tribunais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• A Importância de Contratar;
• Considerações Gerais sobre a Responsabilidade Civil Contratual;
• Responsabilidade Civil do Transportador;
• Responsabilidade Civil dos Médicos e Cirurgiões Plásticos;
• Responsabilidade Civil dos Advogados;
• Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo.
UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
A Importância de Contratar 
O contrato é um importante instrumento de circulação de riqueza! Um país onde 
as pessoas não contratam é um país em crise.
Pela importância, interessa à Sociedade que o Contrato seja celebrado e cumpri-
do. Aí entra o papel do Direito, de criar mecanismos legais para que o contrato seja 
extinto por seu cumprimento, não pelo seu inadimplemento. 
Quando um contrato não é cumprido não é apenas a parte inocente que perde, 
mas toda a Sociedade. 
Figura 1 – Contrato e riqueza
Fonte: Pixabay
Nesta Unidade, você vai estudar a Responsabilidade Civil Contratual, ou seja, a 
responsabilidade que decorre de um contrato que não foi cumprido. 
Temos uma infinidade de contratos, mas alguns são mais importantes para a vida 
acadêmica e prática e por isso foram escolhidos:
• Responsabilidade civil do transportador;
• Responsabilidade civil dos médicos e cirurgiões plásticos;
• Responsabilidade civil dos advogados;
• Responsabilidade civil nas relações de consumo.
Espero que entenda e goste do tema, pois garanto que, na vida prática, eles esta-
rão aguardando você. 
8
9
Considerações Gerais sobre a 
Responsabilidade Civil Contratual
Conforme estudado, a reponsabilidade contratual é aquela que deriva de um con-
trato não cumprido, conforme Artigos 394 e ss. do Código Civil. 
É o caso de transportador que não cumpre a obrigação de transportar o passagei-
ro são e salvo ao local de origem. 
Para melhor entendimento, vou começar explicando as diferenças entre a Res-
ponsabilidade Civil Contratual e a Responsabilidade Civil Extracontratual.
A primeira distinção diz respeito ao dever jurídico violado. 
No caso da Responsabilidade Civil Contratual, o dever jurídico violado foi aquele 
estabelecido pelas partes, no contrato. 
Figura 2 – Assinatura do contrato
Fonte: Pixabay
Por outro lado, na extracontratual, o dever jurídico violado foi aquele determinado 
em Lei. 
Nas palavras de Cavalieri Filho:
Na responsabilidade contratual, como já destacado, o dever jurídico vio-
lado pelo devedor tem por fonte a própria vontade dos indivíduos. São 
eles que criam, para si, voluntariamente, certos deveres jurídicos. A res-
ponsabilidade extracontratual, por sua vez, importa violação de um dever 
estabelecido na lei, ou na ordem jurídica, como, por exemplo, o dever ge-
ral de não causar dano a ninguém. Pois bem, todas as vezes que o dever 
jurídico violado tem a sua fonte em um contrato, em um negócio jurídico 
pelo qual o próprio devedor se obrigou, teremos a responsabilidade con-
tratual (CAVALIERI FILHO, Sérgio, 2020, p. 321).
9
UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Outra diferença: na responsabilidade civil extracontratual não existe relação jurí-
dica entre as partes. Exemplo fácil de entender é do acidente de trânsito, já que os 
motoristas envolvidos não se conhecem, nunca tiveram vínculo jurídico. Já na res-
ponsabilidade civil contratual, as partes previamente criaram um vínculo (contrato), 
só que ele não foi cumprido. 
A distinção mais relevante está na questão da culpa. Na responsabilidade extra-
contratual, a culpa do causador do dano deve ser provada. 
Na reponsabilidade civil contratual, a posição da vítima é mais confortável, pois 
não precisa se preocupar em provar a culpa, basta provar que houve um contrato e 
que ele não foi cumprido. O inadimplemento presume-se culposo.
Assim, na contratual, para se eximir da responsabilidade, o inadimplente deve de-
monstrar uma das excludentes já estudadas, legítima defesa, estado de necessidade, 
exercício regular de um direito, caso fortuito e força maior, culpa exclusiva da vítima 
ou fato de terceiro.
A partir de agora, a responsabilidade civil do transportador, dos médicos e dos 
cirurgiões plásticos, dos advogados e nas relações de consumo serão estudadas indi-
vidualmente, abordando os aspectos mais importantes de cada tipo.
Responsabilidade Civil do Transportador
A responsabilidade do transportador é tríplice: 
• Em relação aos seus empregados;
• Em relação a terceiros; e 
• Em relação aos passageiros. 
Figura 3 – Ônibus com passageiros
Fonte: Pixabay
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Iremos estudar a responsabilidade em relação aos passageiros (contrato de trans-
porte de pessoas), pois daí decorre a responsabilidade contratual do contrato de 
transporte regido pelo Código Civil.
Do contrato de transporte de pessoas 
O Código Civil de 2002 passou a disciplinar o Contrato de Transporte de pessoas 
a partir do Artigo 730.
Pelo contrato de transporte de pessoas, o transportador se obriga, mediante pa-
gamento, a transportar o passageiro, são e salvo, ao seu destino. 
A obrigação assumida pelo transportador é de resultado, pois, além de agir com toda 
diligência e cuidado, o transportador deve levar o passageiro incólume ao seu destino.
Isso porque, no contrato, está implícita a chamada cláusula de incolumidade:
Segundo a qual o transportador deve empregar todos os expedientes que 
são próprios da atividade para preservar a integridade física do passa-
geiro, contra os riscos inerentes ao negócio, durante todo o trajeto, até 
o destino final da viagem (STJ, REsp 1786722/SP, 3ª Turma, Relatora 
Ministra Nancy Andrighi, j. 09/06/2020)
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
Incólume: Adjetivo. Sem ferimentos; desprovido de lesões corporais ou morais; ileso, 
intacto: a criança sobreviveu incólume à tragédia. Que se mantém da mesma forma; que 
se preserva igual; que não sofre modificações; inalterado: seu talento continua incólume. 
Etimologia (origem da palavra incólume). Do latim incolumis, “são e salvo”.
Fonte: Dicionário Online de Português
Responsabilidade objetiva do transportador
A responsabilidade objetiva do transportador tem origem no Decreto Legislativo 
nº 2.681, de 1912, referente às estradas de ferro. Posteriormente, mas na mesma 
sintonia, veio o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) trazendo a respon-
sabilidade objetiva do fornecedor de serviço (Art. 14).
O Contrato de Transporte passou a ter regulamentação específica somente com 
o Código Civil atual (2002). Embora sem disposição expressa, aplica-se a responsa-
bilidade objetiva aos contratos de transporte.
Sobre isso, não há dúvida. 
Assim, o transportador responde independentemente de culpa por danos causados 
as pessoas e suas bagagens, salvo as hipóteses de exclusão, que iremos estudar agora. 
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UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Excludentes da responsabilidade do transportador
Segundo o caput do Artigo 734: “O transportador responde pelos danos causa-
dos às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo 
nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade”.
De modo geral, a relação existente entre transportador e passageiro é de consu-
mo, que prevê expressamente a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços 
(Art. 14), sendo excludente a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Em consonância com os dois dispositivos, temos que rompem o nexo de causali-
dade e por isso são excludentes da responsabilidade civil do transportador:
• Força maior (caso fortuito ou força maior);
• Culpa exclusiva da vítima (passageiro);
• Culpa exclusiva de terceiro (quando estranho à atividade do transportador);
Força maior (casofortuito ou força maior)
Como estudado, o caso fortuito ou força maior são excludentes do nexo de cau-
salidade, pois o dano não foi causado pela conduta do agente.
A responsabilidade do transportador tem sido analisada de acordo com a visão 
moderna, que divide o fortuito em fortuito interno e fortuito externo (força maior). 
O fortuito interno não exclui a responsabilidade do transportador, pois estaria rela-
cionado à atividade desenvolvida pelo transportador, faz parte do risco de sua atividade. 
Para o STJ, o fato de o passageiro ter sido empurrado por aglomeração e sofrido 
severos danos físicos:
Constitui típico exemplo de fortuito interno, o qual é incapaz de romper 
o nexo de causalidade e de eximir a concessionária de sua responsabili-
dade civil” (STJ, REsp 1.715.816/SP, 1ª Turma, Relatora Ministro Sérgio 
Kukina, j. 29/06/2020)
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
O fortuito externo, que se equipara à força maior, exclui a responsabilidade, pois 
não guarda conexão com a atividade do transportador. 
O STJ considerou fortuito externo a prática de crime ocorrido no interior do transportador, 
especificando o ato libidinoso, roubo, furto e lesão corporal, por configurar ato de terceiro 
estranho à atividade do transportador (STJ, 4ª Turma, REsp 1.748.295-SP, Rel. Min. 
Luís Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, por maioria, julgado em 13/12/2018. 
Disponível em: https://bit.ly/2RWeUZu
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Quer saber mais sobre o caso da passageira que sofreu ato libidinoso dentro do trem? Se 
fosse Juiz, você excluiria a responsabilidade do transportador? 
O Acórdão não foi unânime, inclusive apresenta o voto divergente. Leia o Acórdão na ínte-
gra, acessando o link: https://bit.ly/2RVmkMG
Culpa exclusiva da vítima (passageiro)
A culpa exclusiva da vítima, no caso, o passageiro, exclui a responsabilidade por 
romper o nexo de causalidade. 
Assim, para não responder, o transportador deve provar que o dano foi causado 
por ato praticado única e exclusivamente pelo passageiro. 
Ora, o passageiro também tem obrigações a cumprir, como estabelece o Artigo 738 
do Código Civil:
A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo 
transportador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, 
abstendo-se de quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos 
passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem ou impeçam a execução 
normal do serviço.
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atri-
buível à transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz re-
duzirá equitativamente a indenização, na medida em que a vítima houver 
concorrido para a ocorrência do dano.
Cuidado, não confunda culpa exclusiva com culpa concorrente. Somente a 
culpa exclusiva do passageiro é excludente da responsabilidade do transportador. 
A culpa concorrente, conforme parágrafo único do citado Artigo 738, apenas 
“reduzirá equitativamente a indenização, na medida em que a vítima houver con-
corrido para a ocorrência do dano”.
Em caso julgado pelo STJ, por exemplo, uma passageira de uma Companhia 
Aérea não teve direito à indenização por lesões sofridas no embarque. 
Pelo que consta no Acórdão, ficou demonstrado que a passageira:
Pretendeu sair da fila de embarque com o objetivo de ingressar na aero-
nave antes dos demais passageiros, por meio da porta traseira do avião, 
por sua livre e espontânea vontade, adotando caminho diverso dos outros 
viajantes, desviando-se do caminho indicado pelos prepostos da TAM 
S/A quando do momento do embarque, enquadrando-se essa situação 
como fato exclusivo da vítima (STJ, 2ª Turma, REsp 1.563.699/SC, Rel. 
Min. Herman Benjamin, julgado em 04/10/2016. 
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
Sobre a culpa concorrente, exemplo típico é o caso do “pingente”, passageiro que 
viaja pendurado nas portas ou janelas do trem, devido à superlotação. 
13
UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
De acordo com o STJ:
A transportadora concorreu para o evento ao permitir que suas composi-
ções férreas trafegassem com “pingentes”, como é comum observar-se nas 
ferrovias do país, e a vítima colaborou para o resultado, colocando-se nessa 
situação de perigo sem maior necessidade, pois, segundo afirmou o r. acór-
dão, o movimento era reduzido e não havia superlotação (STJ, 4ª Turma, 
REsp 324166/SP, Rel. Min. Ruy Rosado Aguiar, julgado em 18/10/2001). 
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
Quer saber mais sobre o caso do passageiro “pingente”? Infelizmente, ele faleceu. Por isso, 
a mãe pediu indenização para a companhia de trem. 
Leia o Acórdão na íntegra, acessando o link: https://bit.ly/2RWYakM
Culpa exclusiva de terceiro
Em regra, a culpa de terceiro não é excludente. O transportador indeniza a vítima 
e tem ação regressiva contra quem deu causa ao acidente. 
É o que preceitua o Art. 735. “A responsabilidade contratual do transportador 
por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem 
ação regressiva”.
Para saber se o ato de terceiro exclui ou não a responsabilidade, deve ser analisa-
do o caso concreto, conforme jurisprudência do STJ:
O fato de terceiro, conforme se apresente, pode ou não romper o nexo 
de causalidade. Exclui-se a responsabilidade do transportador quando a 
conduta praticada por terceiro, sendo causa única do evento danoso, não 
guarda relação com a organização do negócio e os riscos da atividade de 
transporte, equiparando-se a fortuito externo. De outro turno, a culpa 
de terceiro não é apta a romper o nexo causal quando se mostra conexa 
à atividade econômica e aos riscos inerentes à sua exploração, carac-
terizando fortuito interno. (STJ, REsp 1747637/SP, 3ª Turma, Relatora 
Ministra Nancy Andrighi, j. 25/06/2020)
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
Se, por exemplo, um veículo ultrapassa o farol vermelho e vem a colidir com o 
ônibus, causando danos aos passageiros, o transportador é quem deve indenizar. 
Afinal, mesmo o dano tendo sido causado por um terceiro, como o fato está rela-
cionado à atividade do transportador, não exclui a responsabilidade, nos termos do 
Artigo 735.
O ato que exclui a responsabilidade é aquele que não tem relação com a atividade 
do transportador, como roubo e furto no interior do ônibus. 
Nota-se que se trata de fortuito externo porque o ato praticado pelo terceiro é 
totalmente alheio à atividade desenvolvida pelo transportador. 
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Responsabilidade pelo transporte gratuito – “Carona”
Você já deu carona para alguém? Já pegou carona? 
Figura 4 – Pegando carona
Fonte: Pixabay
Enquanto você tentar lembrar, veja o que diz o Código Civil no Art. 736:
Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuita-
mente, por amizade ou cortesia.
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, em-
bora feito sem remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas. 
Pela leitura, notam-se dois tipos diferentes tratados no Artigo 736 do Código 
Civil, sendo:
• O transporte puramente gratuito ou de mera cortesia (caput do Art. 736);
• O transporte aparentemente gratuito (parágrafo único do Art. 736).
No contrato de transporte puramente gratuito, previsto no caput, feito por amiza-
de ou cortesia, não se aplicam as normas do contrato de transporte. 
No transporte aparentemente gratuito, disciplinado pelo parágrafo único, o trans-
portador tem algum tipo de interesse patrimonial no transporte. Ele aufere vantagem. 
É aparentemente gratuito, por exemplo, quando o carona faz o pagamento do 
combustível, do estacionamento, do pedágio ou da refeição do motorista. Para esse 
tipo de transporte, aplicam-se as normas do contrato de transporte. 
Agora volto à pergunta anterior, só que mais completa. 
Você já deu carona para alguém? Já pegou carona? Qual tipo de carona?
Se foi aquela em que o transportador aufere alguma vantagem patrimonial, apli-
cam-se as normas do contrato de transporte já estudadas.
Se foi aquela feita por amizade ou cortesia, não se aplicam as normas do contrato 
de transporte.
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UNIDADEResponsabilidade Civil Contratual
Imagino que você esteja se perguntando: então, no transporte feito por amizade 
e cortesia, se houver um acidente, o motorista não responde?
Não é bem assim.
Se ficar demonstrado que o motorista agiu com dolo ou culpa grave, aí é justo que 
responda. Esse é o entendimento consagrado pela Jurisprudência, conforme Súmula 
145 do STJ: “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só 
será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em 
dolo ou culpa grave.”
Assim, a responsabilidade de quem dá carona a um amigo, por exemplo, é subje-
tiva, nos termos do Artigo 186 e caput do Artigo 927, ambos do Código Civil. 
Enunciado 559 do CJF: “No transporte aéreo, nacional e internacional, a responsabilidade 
do transportador em relação aos passageiros gratuitos, que viajarem por cortesia, é objetiva, 
devendo atender à integral reparação de danos patrimoniais e extrapatrimoniais”.
Responsabilidade Civil dos 
Médicos e Cirurgiões Plásticos
“Com 3 ações de erro médico por hora, Brasil vê crescer polêmico mercado de segu-
ros”. Esse foi o título da reportagem extraída do site da BBC News Brasil em São Paulo, do 
dia 19 de setembro de 2018 por Mariana Alvim. Disponível em: https://bbc.in/3cqOQzf
Figura 5 
Fonte: Pixabay
O que mais chama a atenção são os números. A reportagem explica que, no ano 
de 2017, as acusações por erro médico somaram 70 novas ações por dia no Brasil, 
ou 3 por hora.
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Como os números não param de crescer, estudar o assunto é de grande relevân-
cia na vida acadêmica e prática. 
A responsabilidade civil dos médicos será estudada sob dois aspectos. A primeira, 
da responsabilidade do médico que presta serviço como profissional liberal, e a 
segunda, a responsabilidade médica empresarial, no caso de Hospitais e Clínicas. 
Responsabilidade civil do médico como profissional liberal
Em regra, o médico tem obrigação de meio, significa dizer que deve agir com toda 
cautela e cuidado, além de utilizar todos os recursos disponíveis na Medicina para 
curar o paciente, mas não pode garantir o resultado, que é a cura.
Figura 6 – Médico 
Fonte: Pixabay
Assim sendo, na qualidade de profissional liberal, se vier a causar dano ao pa-
ciente, a responsabilidade é contratual e subjetiva, em conformidade com o § 4º do 
Art. 14 do Código de Defesa do Consumidor: “A responsabilidade pessoal dos pro-
fissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”.
O Superior Tribunal de Justiça vem decidindo que a relação entre médico e paciente é de 
meio, e não de fim (exceto nas cirurgias plásticas embelezadoras), o que torna imprescin-
dível para a responsabilização do profissional a demonstração de ele ter agido com culpa e 
existir o nexo de causalidade entre a sua conduta e o dano causado – responsabilidade sub-
jetiva, portanto (REsp 1184932/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Vieira, julgado em 13/12/2011. 
Disponível em: https://bit.ly/2RWeUZu
Já na obrigação de resultado, aplicada em caso de Cirurgia Plástica Estética, a 
questão é tratada de forma diferente, conforme o STJ:
17
UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, 
mas mera presunção de culpa médica, o que importa a inversão do ônus 
da prova, cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da res-
ponsabilidade contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do 
ato cirúrgico. (STJ, REsp 985888/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, j. 16/02/12)
Nas cirurgias de natureza mista – estética e reparadora, a responsabi-
lidade do médico não pode ser generalizada, devendo ser analisada de 
forma fracionada, sendo de resultado em relação à sua parcela estética 
e de meio em relação à sua parcela reparadora. (REsp 1.097.955/MG, 
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
27/9/2011, DJe de 3/10/2011)
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
A responsabilidade civil dos hospitais e das clínicas médicas
Se o médico é parte integrante do quadro de profissionais do Hospital ou Clínica, 
aplica-se a regra estudada no Inciso III do Artigo 932, ou seja, o Hospital responde 
pelos atos praticados pelos seus empregados.
Figura 7 – Leito de hospital
Fonte: Pixabay
Ademais, é flagrante a aplicação do Art. 14 do CDC, que assim dispõe:
O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficien-
tes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Assim, os Hospitais e as Clínicas respondem objetivamente pelos danos causados 
pelos médicos aos pacientes, lembrando-se de que, para que sejam responsabiliza-
dos, a culpa do médico deve ser demonstrada. 
18
19
Significa dizer que o Hospital somente será responsabilizado se ficar demonstrado 
que as complicações sofridas pela paciente, por exemplo, decorreram do procedi-
mento escolhido pelo médico. 
Ao contrário, se a conduta do profissional se mostrou coerente, inexistindo nexo 
de causalidade, não há responsabilidade do Hospital. 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉ-
DICO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS 
AJUIZADA CONTRA MÉDICO E HOSPITAL. QUADRO DE SEPTICE-
MIA E HISTERECTOMIA APÓS CIRURGIA CESÁREA. CULPA DO 
MÉDICO NÃO COMPROVADA. FALHA DA PRESTAÇÃO DE SERVI-
ÇO NÃO EVIDENCIADA. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGU-
RADO. 1. A responsabilidade civil do hospital demandado, fornecedor 
de serviços de saúde, deve ser analisada com base na teoria objetiva, in-
dependentemente de culpa, nos termos do que dispõe o Art. 14, caput, 
do Código de Defesa do Consumidor. A responsabilidade do fornecedor 
será afastada somente quando comprovada a inexistência de defeito na 
prestação do serviço ou a culpa exclusiva do consumidor, ou de terceiro 
(Art. 14, § 3º do CDC). 2. Já referentemente a responsabilidade civil do 
médico demandado, esta deve ser analisada com base na teoria subjetiva, 
ou seja, mediante verificação de culpa, nos termos do que dispõem os Ar-
tigos 186 do Código Civil e 14, § 4º, do Código de Defesa do Consumidor. 
3. Caso em que não restou evidenciada conduta negligente, imperita ou
imprudente do médico que atendeu a autora, tampouco falha na prestação
de serviço por parte do hospital réu. 4. Não restando comprovado nos
autos o nexo de causalidade entre os procedimentos realizados pelo mé-
dico e as complicações verificadas posteriormente a alta médica, inviável
o reconhecimento do dever de indenizar. 5. Sentença de improcedência
mantida. APELAÇÃO DESPROVIDA. RECURSO ADESIVO DESPRO-
VIDO.( TJRS, Apelação Cível, Nº 70083603993, Décima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Thais Coutinho de Oliveira, Julgado
em: 02-07-2020).
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
Há divergência na Doutrina e na Jurisprudência sobre o médico que não possui 
vínculo com o Hospital, mas que apenas utiliza o espaço físico para a realização de 
procedimento específico, como parto e demais cirurgias. 
Segundo decisão da 3ª Turma do STJ:
A responsabilidade do hospital somente tem espaço quando o dano de-
correr de falha de serviços cuja atribuição é afeta única e exclusivamente 
à instituição de saúde. Quando a falha técnica é restrita ao profissional 
médico sem vínculo com o hospital, não cabe atribuir ao nosocômio a 
obrigação de indenizar. (STJ, REsp 1.635.560/SP, Rel. Min. Nancy An-
drighi, j. 10/11/2016)
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
19
UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Responsabilidade Civil dos Advogados
Em regra, a obrigação do advogado é de meio, pois ele não tem a obrigação de 
ganhar a causa, mas sim de agir com zelo e de empregar todos os meios disponíveis 
no Direito para o bom andamento do Processo. 
Figura 8 – Justiça
Fonte: Pixabay
O exercício da Advocacia é regulado pela Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), 
sendo a responsabilidade civil do advogado contratual e subjetiva, nos termos do 
caputdo Art. 32: “O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, 
praticar com dolo ou culpa”.
Diferentemente da responsabilidade civil do médico, há divergência sobre a apli-
cação do CDC na relação jurídica entre advogado e cliente. 
A edição n. 39 da Jurisprudência do STJ em tese, traz entendimento sobre Direito do Con-
sumidor I, segundo o qual: “8) não se aplica o Código de Defesa do Consumidor à relação 
contratual entre advogados e clientes, a qual é regida pelo Estatuto da Advocacia e da OAB 
– Lei n. 8.906/94”. Disponível em: https://bit.ly/2RWeUZu
Em sentido contrário, está a doutrina de Sérgio Cavalieri, que defende a aplicabi-
lidade do Código de Defesa do Consumidor na relação advogado e cliente:
Quando atua por conta própria, sem vínculo empregatício, o advogado é 
um profissional liberal que presta serviços diretamente aos seus clientes, 
mormente pessoas físicas, pelo que se submete também aos princípios 
do Código do Consumidor, principalmente o da boa-fé objetiva, da 
informação, da transparência e do sigilo profissional. Embora parte da 
doutrina (minoritária) sustente não se submeter o advogado ao CDC, 
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21
veremos que não há a menor incompatibilidade entre este diploma legal 
e o Estatuto da Advocacia, mas que, pelo contrário, um complementa o 
outro. (CAVALIERI FILHO, 2020, p. 437)
A reponsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance
Ninguém espera errar, muito menos quando o erro traz consequências irreversíveis. 
No exercício da Advocacia, a perda de prazo é um erro grave, em especial quando se 
refere a peças fundamentais, como a Contestação, o Recurso e a Propositura de Ação. 
No entanto, o fato de o advogado ter perdido o prazo, por si só, não acarreta o 
dever de indenizar segundo a teoria da perda de uma chance. Para que seja passível, 
a chance perdida deve ser séria e real, não hipotética. 
O STJ tem se manifestado da seguinte forma:
Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condu-
tas apontadas como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza 
da vantagem não experimentada, as demandas que invocam a teoria da 
“perda de uma chance” devem ser solucionadas a partir de uma detida 
análise acerca das reais possibilidades de êxito do processo, eventual-
mente perdidas em razão da desídia do causídico. Vale dizer, não é o só 
fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, como no caso 
em apreço, ou para a interposição de recursos, que enseja sua automática 
responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance. É ab-
solutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se 
supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa. (STJ, 4ª Turma, REsp 
n. 1.190.180, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 16/11/2010).
Quer saber mais sobre o caso dos advogados que perderam o prazo para contestar? 
• Leia o Acórdão na íntegra, disponível em: https://bit.ly/30mjZ27
• Sobre a perda do prazo para recorrer, disponível em: https://bit.ly/33UAdQW
Responsabilidade Civil 
nas Relações de Consumo
A relação de consumo é formada pelo consumidor e pelo fornecedor, tendo por 
objeto um produto ou um serviço.
O Código de Defesa do Consumidor, ao contrário do Código Civil, adotou como 
regra a responsabilidade civil objetiva, tendo como única exceção a responsabilidade 
civil do profissional liberal, que responde mediante a prova de culpa (§ 4º do Art. 14).
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UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Figura 9 – Consumo
Fonte: Pixabay
São duas as responsabilidades disciplinadas pelo Código de Defesa do Consumidor: 
• A responsabilidade civil pelo fato do produto e do serviço (Art. 12 e ss.), sempre 
que houver um defeito de segurança; 
• A responsabilidade por vício do produto e do serviço (Art. 18 e ss.), que com-
preende os vícios por inadequação.
É extremamente importante que você entenda a diferença entre a responsabilida-
de civil pelo fato (defeito) e pelo vício.
• O vício por inadequação é intrínseco ao produto: Atinge a qualidade e a 
quantidade. Por exemplo: o consumidor A adquire um veículo zero km e ingres-
sa na rodovia. Constata-se uma falha no sistema de freio, mas o consumidor 
consegue parar o veículo no acostamento, sem danos;
• O defeito é mais grave, o vício extrapola e atinge a pessoa do consumidor: 
Exemplo de acidente de consumo: o consumidor B adquire o mesmo veículo 
zero km do consumidor A. Mesmo dirigindo em velocidade compatível com o 
local, a falha no freio causa o capotamento do veículo e o consumidor B sofre 
lesões corporais graves. 
Conclusão: no caso do motorista A, o vício atingiu somente o freio (reponsabili-
dade pelo vício do produto). Já o motorista B não teve a mesma sorte: o vício causou 
um acidente de consumo, o que torna o produto defeituoso (responsabilidade pelo 
fato do produto).
Da responsabilidade pelo fato do produto 
e do serviço (acidente de consumo)
Quando se fala da responsabilidade civil pelo fato do produto e do serviço, é pre-
ciso ter em mente que a falha na segurança do produto e do serviço foi a causa do 
dano, pois causou um acidente de consumo. 
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A reponsabilidade pelo fato do produto está disciplinada no Artigo 12 do Código 
de Defesa do Consumidor, que trata da responsabilidade civil objetiva decorrente de 
produtos defeituosos:
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e 
o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes 
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por in-
formações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Você percebeu que no rol de fornecedores do Artigo 12 faltou o comerciante? 
Sim, em regra, ele não tem responsabilidade pelo fato do produto, salvo nas hi-
póteses do Art. 13.
São elas:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem 
ser identificados;
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, 
produtor, construtor ou importador
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
A responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto é objetiva, sendo excluída 
somente quando o fornecedor provar: 
I – que não colocou o produto no mercado; 
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (§ 3º do Art. 12).
Em um caso julgado pelo TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Ter-
ritórios), o fabricante foi condenado a indenizar o consumidor por ter colocado no 
Mercado de consumo veículo que pegou fogo em via pública, com apenas 2 (dois) 
anos de uso. 
Segundo o Tribunal:
A fabricante colocou no mercado de consumo produto que não garan-
tiu a devida segurança aos consumidores, vindo a pegar fogo quanto 
trafegava em via pública, com apenas dois anos de uso, sem que exista 
comprovação de má utilização pelos autores, que, ademais, realizaram 
todas as revisões periódicas exigidas pela fabricante. (Acórdão 1125547, 
20161410012953APC, Relator: ARNOLDO CAMANHO, 4ª Turma Cí-
vel, data de julgamento: 19/9/2018, publicado no DJE: 24/9/2018.)
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UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Figura 10 – Veículo em chamas
Fonte: Pixabay
A responsabilidade civil pelo fato do serviço é tratada pelo Art. 14. Do mesmo 
modo, aplica-se a responsabilidade civil objetiva aos fornecedores de serviços, que 
só ficarão isentos quando provar que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste ou, 
então, é culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (§ 3º do Artigo 14).
Apesar de não constar expressamente no CDC, o caso fortuito ou força maior são 
excludentes da reponsabilidade civil, pois, como visto, rompem o nexo de causalidade.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE 
COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. AQUISIÇÃO DE CERVEJA 
COM CORPO ESTRANHO. NÃO INGESTÃO. EXPOSIÇÃO DO CON-
SUMIDOR A RISCO CONCRETO DE LESÃOÀ SUA SAÚDE E SE-
GURANÇA. FATO DO PRODUTO. EXISTÊNCIA DE DANO MORAL. 
VIOLAÇÃO DO DEVER DE NÃO ACARRETAR RISCOS AO CONSU-
MIDOR. (STJ – Resp: 1801593 SP 2019/0061633-0, Relatora: ministra 
NANCY ANDRIGHI, Data de Publicação DJ 14/08/2019.
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou um caso bastante curioso, de uma con-
sumidora que encontrou um aracnídeo (escorpião) em um sanduíche comprado em 
uma grande rede de Lanchonete. 
Considerando que a Lanchonete não provou nenhuma das excludentes, foi con-
denada a pagar indenização de 5 mil reais de danos morais. 
No Material Complementar, encontra-se o link para o acesso do Acórdão, na 
íntegra, mas para matar a sua curiosidade, segue a Ementa:
Ação de reparação por danos. Autora que compra um lanche “Big 
Mac” e encontra no meio do sanduíche um “ser” estranho, aracnídeo 
ou coleóptero, vindo a passar mal. Incidência do Artigo 12 do CDC. 
Responsabilidade objetiva da ré. Ausência de prova a elidi-la. Danos 
materiais comprovados. Obrigação de restituição dos valores despendidos 
com a aquisição do lanche. Danos morais configurados. Fato que não 
configura simples dissabor, mas verdadeiro dano moral indenizável. 
Precedente desta Câmara. 
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Apelo não provido. (TJSP, Apelação Cível n. 1024858-90.2014.8.26.0001, 
32ª Câmara de Direito Privado, Relator(a): Ruy Coppola, j. 15/10/2015). 
Detalhe importante: o “produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro 
de melhor qualidade ter sido colocado no mercado” (cf. §2º do Art. 12), assim como o 
“serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas (§ 2º do Art. 14).
Em demanda que trata da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 
14 do CDC), a inversão do ônus da prova decorre da lei (ope legis), não se aplicando o Art. 6º, 
inciso VIII, do CDC.” (Edição n. 39, Jurisprudência em Tese do STJ - Direito do Consumidor I. 
Disponível em: https://bit.ly/2RWeUZu
Não podemos nos esquecer da responsabilidade do profissional liberal, que é a 
exceção do Código de Defesa do Consumidor. 
Nos termos do § 4º do Art. 14: “A responsabilidade pessoal dos profissionais 
liberais será apurada mediante a verificação de culpa.” 
Vale dizer que os profissionais liberais como médico, advogado, contador etc. só 
respondem se ficar demonstrado que agiram com culpa em sentido amplo (respon-
sabilidade civil subjetiva). 
Da responsabilidade por vício do produto e do serviço
Vamos falar agora da responsabilidade civil por vícios de inadequação dos produ-
tos ou dos serviços. 
O Legislador divide a parte dos vícios da seguinte forma:
• Vício de qualidade do produto (Art. 18);
• Vício de quantidade (Art. 18 e 19);
• Vício do serviço (Art. 20).
Estudaremos o mais importante de cada um deles.
Da responsabilidade pelo vício de qualidade do produto
O assunto é tratado no Artigo 18, que assim dispõe em seu caput: 
Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis res-
pondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os 
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou 
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparida-
de, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua 
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
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UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Seguindo a linha do Código de Defesa do Consumidor, trata-se de reponsabilida-
de civil objetiva. A novidade está na solidariedade, pois, em se tratando de vício do 
produto, os fornecedores respondem solidariamente, incluindo o comerciante. 
Figura 11 – Celular não liga
Fonte: Pixabay
Caso o consumidor adquira um produto com vício de qualidade, deve, primeira-
mente, dar ao fornecedor o prazo de 30 (trinta) dias para sanar o vício. 
Não sendo reparado o vício, caberá ao consumidor escolher uma das 3(três) alter-
nativas constantes do § 1º do Art. 18.
São elas: 
I – Substituição do produto por outro da mesma espécie e em perfeitas 
condições; 
II – A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III – Abatimento proporcional ao preço. 
O prazo de 30 dias pode ser alterado em comum acordo entre fornecedor e con-
sumidor.
A Lei só exige que não seja inferior a 7 (sete) e nem a 180 (cento e oitenta) dias. 
Aliás, pode até nem existir prazo, podendo o consumidor fazer uso imediato das 
alternativas acima, nos termos do § 3º do Art. 18, quando “a substituição das partes 
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe 
o valor ou se tratar de produto essencial”. 
Muito comum fazer o uso direto das alternativas em produtos como cadeiras de 
rodas, por se tratar de produto essencial para a locomoção do consumidor.
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Em se tratando de fornecimento de produto in natura, como frutas e legumes, 
“será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando iden-
tificado claramente seu produtor”, conforme Art. § 5° do Art. 18.
Quais produtos são impróprios ao uso e consumo?
O Legislador apresenta um rol no § 6º. do Art. 18:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, 
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aque-
les em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição 
ou apresentação; 
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que 
se destinam.
Da responsabilidade pelo vício de quantidade do produto
Como se vê, pode acontecer de o consumidor comprar um produto com vício de 
quantidade, o que significa que o peso, o tamanho ou o volume do produto não está 
de acordo com o que efetivamente foi comprado.
Título de reportagem
Fonte: Consumo em pauta, 2020
No caso de vício de quantidade do produto, a responsabilidade dos fornecedores 
também é solidária, conforme o Art. 19, que permite ao consumidor escolher uma 
das seguintes alternativas:
I – o abatimento proporcional do preço;
II – complementação do peso ou medida;
III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou 
modelo, sem os aludidos vícios;
IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
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UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Há uma exceção quanto à responsabilidade solidária, que é do fornecedor imediato.
Segundo o § 2° do Art. 19, ele será o único responsável “Quando fizer a pesagem 
ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais”. 
É o caso do açougue que efetuar a pesagem com problemas na balança, causando 
prejuízo ao consumidor, que paga por um peso maior, e recebe menos.
Na prova da OAB caiu uma questão sobre a exceção do § 2° do Art. 19. Veja que interessante:
(FGV – 2016 – OAB – Exame de Ordem Unificado – XIX – Primeira Fase) Antônio desenvolve 
há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de hortifrúti. Seus clientes chegam cedo 
para adquirir verduras frescas entregues pelos produtores rurais da região. Antônio também 
vende no varejo, com pesagem na hora, grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de 
uma marca muito conhecida e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria des-
confiou da pesagem e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou suposta diver-
gência de peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão Oficial de Fiscalização, que 
confirmou que o instrumento de medição do comerciante estava com problemas de calibra-
gem e que não estava aferido segundo padrões oficiais, gerando prejuízo aos consumidores. 
A cliente denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quantidade dos produtos.
Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta. 
a) Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o comer-ciante quanto os produtores. 
b) Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só responde se os 
demais fornecedores não forem identificados. 
c) Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de forne-
cedor imediato. 
d) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem excludentes 
de responsabilidade. 
Correta: C 
(XIX Exame de Ordem Unificado, Tipo 1, Branca, questão n. 47.) 
Fonte: https://bit.ly/3i1kFzQ
Da responsabilidade pelo vício do serviço
Nos termos do Art. 20 do CDC, o fornecedor responde pelo vício de quali-
dade na prestação de serviços, podendo o consumidor exigir, alternativamente 
e à sua escolha:
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
Caso prefira, o consumidor poderá confiar a reexecução dos serviços a terceiros 
de confiança, por conta e risco do fornecedor (§ 1° do Art. 20). 
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Se o serviço for de reparar um produto, o Legislador trata, de forma diferenciada, 
conforme Artigo 21 de CDC:
No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de 
qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de 
empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou 
que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a 
estes últimos, autorização em contrário do consumidor. 
Também se aplica o CDC nos serviços públicos (água, energia elétrica, gás, telefo-
nia, transporte público etc.). Aliás, o CDC obriga que os serviços sejam adequados, 
eficientes e seguros, além de contínuos, quando essenciais. Nos casos de descumpri-
mento, seja total ou parcial, “serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a 
reparar os danos causados, na forma prevista neste código” (Art. 22). 
Por fim, conforme O Art. 23, “A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qua-
lidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade”.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTE AÉREO. INEXECUÇÃO DO SERVIÇO. AÇÃO 
DE INDENIZAÇÃO. AGÊNCIA DE TURISMO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM RECONHECIDA.
1. A jurisprudência deste Tribunal admite a responsabilidade solidária das 
agências de turismo apenas na comercialização de pacotes de viagens.
2. No caso, o serviço prestado pela agência de turismo foi exclusivamente 
a venda de passagens aéreas, circunstância que afasta a sua responsabili-
dade pelo efetivo cumprimento do contrato de transporte aéreo e autori-
za o reconhecimento da sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da 
ação indenizatória decorrente de cancelamento de voo.
3. Agravo regimental não provido.
(STJ, AgRg no REsp 1453920 / CE, AGRAVO REGIMENTAL NO RE-
CURSO ESPECIAL, 2012/0117453-8, 3ª T, Relator Ministro Ricardo 
Villas Boas Cueva, j. 10/12/2014. 
Fonte: https://bit.ly/2RWeUZu
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UNIDADE Responsabilidade Civil Contratual
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Responsabilidade pelo Fato do Produto – Parte 1 
https://youtu.be/RfVVZc_L59o
Justiça seja Feita – Erro Médico
Documentário: Justiça seja feita – Erro médico, apresentado pelo TV Justiça, Apresentado 
pelo Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná, Miguel Kfoutri Neto.
https://youtu.be/8DIzesCkARY
 Leitura
Acórdão
Sobre Reponsabilidade Civil pelo Fato do Produto (consumidor que encontrou um 
aracnídeo no lanche).
https://bit.ly/365W7DA
Recurso Especial Nº 1.715.816 – SP (2017/0268928-8)
Sobre Reponsabilidade Civil do transportador, sobre o caso do passageiro que foi 
empurrado por aglomeração no momento do embarque no trem. 
https://bit.ly/3hXu8Ih
Programa de Responsabilidade Civil
CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 14.ed. São Paulo: 
Atlas, 2020 (e-book). Para aprofundamento teórico do tema “Responsabilidade 
pelo fato das coisas”, p. 258-68.
https://bit.ly/3i1dZkY
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Referências
CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 14.ed. São Paulo: 
Atlas, 2020. (e-book) 
GAGLIANO, P. S. PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de Direito Civil, Respon-
sabilidade Civil. 17.ed. São Paulo: Saraiva Educação, v. 3, 2019. (e-book)
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade civil. 18.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2019. (e-book)
Sites Visitados
DICIONÁRIO ON-LINE DE PORTUGUÊS. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/>. 
Acesso em: 08/2020.
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