Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIRO 1 INTRODUÇÃO Agora passaremos a tratar da responsabilidade civil indireta, ou seja, aquela gerada por terceira pessoa. 2.PREVISÃO LEGAL Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Necessidade de vínculo jurídico com o terceiro que pratica o ilícito. Ex: Pai – Filho. Tutor – Pupilo Patrão - Empregado O vínculo jurídico que liga as pessoas descritas no art. 932 resulta em um dever de guarda, vigilância ou custódia, que gera o dever jurídico de evitar que o terceiro cause danos às eventuais vítimas. RESPONSABILIDADE OMISSÃO A responsabilidade surge porque as pessoas descritas no art. 932, que tem o dever de guarda, vigilância ou custódia não conseguem evitar que o terceiro cause o dano RESPONSABILIDADE OBJETIVA Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. A responsabilidade é objetiva, ou seja, não serve como excludente o argumento de que não o responsável não teve culpa pela conduta do terceiro. Assim, por exemplo, o pai não poderá afastar sua responsabilidade sob a alegação de que o filho pegou a chave do carro escondido. IMPORTANTE “(...)Objetiva é a responsabilidade dos pais, tutor, curador e empregador e não das pessoas pelais quais são responsáveis. Em qualquer dessas hipóteses será preciso a prova de uma situação que, em sete, em condições normais configure a culpa do filho menor, do pupilo, do curatelado, como também do empregado(Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014) Responsáveis: Pais, Tutores, Curadores, Empregadores Conduta Omissiva: Não evitar que o terceiro cause o dano Resp. Objetiva Terceiro: Filhos Menores, Pupilos, Curatelados Empregados Conduta: Ação ou Omissão Dolosa ou Culposa Rep. Sub Dano - Vitima Como bem se observa do esquema acima, existem duas condutas. A omissão do Responsável e a ação ou omissão do terceiro. Na primeira conduta não se discute dolo o culpa, na segunda sim. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA REGRA: A responsabilidade por ato de terceiro, em regra, é solidária, ou seja, respondem igualmente os envolvidos: Art. 942. (...) Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co- autores e as pessoas designadas no art. 932 EXCESSÃO. A responsabilidade do filhos menores, dos pupilos e dos curatelados é subsidiária e mitigada nos termos do art. 928 do Código Civil. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS PELOS FILHOS MENORES Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; “Ter o filho sob sua autoridade e em sua companhia significa tê-lo sob o mesmo teto, de modo a possibilitar o poder de direção dos pais sobre o menor e a sua eficiente vigilância” (Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 239) Não é necessário que o menor esteja fisicamente em companhia do genitor no momento em que comete o dano, e sim que o genitor tenha o dever de direção do menor, não importando onde ele esteja. IMPORTANTE Autoridade não é a mesma coisa que guarda. “Atualmente, mesmo que o pai ou a mãe que não detém a guarda pode eventualmente responder civilmente”. (Farias, Cristiano Chaves de. Curso de Direito Civil: responsabilidade civil, volume 3/Cristiano Chaves de Farias; Nelson Rosenvald; Felipe Peixoto Braga Neto. 2 ed.rev ampl. e atual. – São Paulo: Atlas. 2015 É necessário, no entanto, que ele tenha influência e efetiva participação na criação e educação do menor. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO GENITOR, PELOS ATOS DE SEU FILHO MENOR, DO QUAL NÃO DETÉM A GUARDA. POSSIBILIDADE. SÚMULAS 7 E 83 DO STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (...) 2. O Tribunal de origem, diante da análise do contexto fático- probatório dos autos, consignou pela responsabilidade do genitor, em razão da influência e da efetiva participação na criação e educação do seu filho, menor de idade. Infirmar tais conclusões demandaria o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos. Súmula 7 do STJ. (...) (AgInt no AREsp 1253724/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 15/06/2018) IMPORTANTE - Emancipação voluntária do menor (art. 5°, Inc, I do CC/2002), não isenta de responsabilidade o genitor . - Emancipação legal (art. 5°, Incs, II,III, IV e V do CC/2002) exonera os genitores de responsabilidade. (...) 2. A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores. (...) (AgRg no Ag 1239557/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 09/10/2012, DJe 17/10/2012) IMPORTANTE “Objetiva é a responsabilidade dos pais e não a dos filhos menores, pelos quais são responsáveis. Importa dizer que para os pais serem responsabilizados será preciso a prova de uma situação que, em tese, em condições normais configura a culpa do filho menor.”((Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014) Assim o filho menor deverá agir de forma dolosa ou culposa para que o pai seja responsabilizado . PAIS Conduta Omissiva: Não evitar que o filho cause o dano Resp. Objetiva FILHO Conduta: Ação ou Omissão Dolosa ou Culposa Rep. Sub Dano - Vitima RESPONSABILIDADE CIVIL DOS TUTORES E CURADORES PELOS PUPILOS E CURATELADOS O tutor atua como representante legal do menor cujos pais sejam falecidos, declarados ausente ou destituídos do poder familiar. Sobre ele paira a responsabilidade sobre a guarda do menor e deverá responder pelos danos causados por ele (art. 932, II). Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela: I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. Não tem os genitores direito de regresso em relação aos seus filhos menores ou incapazes, conforme dispõe o art. 934 do CC/2002. Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. O curador atua como representante das pessoas enumeradas no art. 1.767: a) aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; .b) os pródigos. Ele se responsabiliza da mesma forma que o tutor. IMPORTANTE Da mesma forma que os genitores, a responsabilidade dos Tutores e Curadores é objetiva, no entanto é necessário que o pupilo e o curatelado tenham agido de forma dolosa ou culposa. “No caso de interdição por prodigalidade, por exemplo, o dever de vigilância imposto ao curador não deveria ir a ponto de torna- lo solidariamente obrigado pelo dano causado pelo pródigo , pois sua assistência diz respeito apenas a prática de atos de disposição patrimonial.(...) Por isso, entendemos dever o juiz ter redobrada cautela ao considerar a responsabilidade dessas pessoas, analisando, na hipótese concreta, o grau de participação efetivado curatelado”(Gagliano, Pablo Stolze, Manual de Direito Civil, volume único/Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho- São Paulo Saraiva, 2017) RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR OU COMITENTE PELOS ATOS DOS SEUS EMPREGADOS, SERVIÇAIS OU PREPOSTOS. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...) III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; “Essa responsabilidade tem por fundamento vinculo jurídico contratual, o contrato de trabalho, de preposição etc, do qual resulta para o empregador ou preponente o dever de segurança em relação aqueles que lhe prestam serviço”. ” (Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014) O empregador tem o dever de evitar que aquele que atua em seu nome cause dano a terceiro. REPONSABILIDADE OBJETIVA Conforme já mencionado, a responsabilidade do empregador é objetiva, sendo no entanto necessária a demonstração da culpa do empregado. EMPREGADOR Conduta Omissiva: Não evitar que o empregado cause o dano Resp. Objetiva EMREGADO Conduta: Ação ou Omissão Dolosa ou Culposa Rep. Sub Dano - Vitima IMPORTANTE Para que se configure a responsabilidade do empregador a conduta do empregado tem que se verificar no exercício do trabalho que lhe competir, ou em razão dele. “Bastará que a função tenha oferecido ao preposto a oportunidade para a prática do ato ilícito; que a função tenha lhe proporcionado a ocasião para a prática do ato danoso.” ” (Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014) (...) 4. 6. Segundo o art. 932, II, do CC/02, não se exige que o preposto esteja efetivamente em pleno exercício do trabalho, bastando que o fato ocorra "em razão dele", mesmo que esse nexo causal seja meramente incidental, mas propiciado pelos encargos derivados da relação de subordinação. 7. Na espécie, em virtude de desavenças relativas ao usufruto das águas que provinham das terras que pertencem aos requeridos, o recorrente foi ferido por tiro desferido pelo caseiro de referida propriedade. O dano, portanto, foi resultado de ato praticado no exercício das atribuições funcionais de mencionado empregado - de zelar pela manutenção da propriedade pertencente aos recorridos - e relaciona-se a desentendimento propiciado pelo trabalho a ele confiado - relativo à administração da fonte de água controvertida. (...) (REsp 1433566/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 31/05/2017) ALCANCE DA NORMA – APLICABILIDADE SUBSIDIÁRIA Normalmente as situações que envolvem danos causados por empregados, dizem respeito a atividade empresarial, sendo a responsabilidade dos empresários estabelecida com base no art. 927, parágrafo único do CC/2002 e arts. 12 e 14 do CDC, os quais se fundamentam na teoria do risco e não exigem a demonstração da culpa do empregado. O art. 932, III, por sua vez só é aplicável quando não se verifica o exercício de atividade empresarial por parte do empregador. Assim “é uma norma subsidiária, só aplicável em casos especiais de preposição não enquadráveis nas mencionadas normas – como por exemplo, empregados domésticos, motorista particular, preposição eventual e outros serviços não fornecidos empresarialmente” (Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014) RESPONSABILIDADE CIVIL DOS DONOS DE HOTÉIS, HOSPEDARIAS E ESTABELECIMENTOS EDUCACIONAIS POR ATO DOS SEUS HÓSPEDES, MORADORES E EDUCANDOS. “O inciso IV deste art. 932 contempla duas situações distintas: a responsabilidade dos estabelecimentos que menciona pelos danos causados por seus empregados aos hóspedes e educandos e a responsabilidade desses mesmos estabelecimentos pelos atos ilícitos praticados por seus hóspedes ou educandos a terceiros”. (Cavalieri Filho, Sergio. Programa de responsabilidade civil– 13. ed. – São Paulo: Atlas, 2019). A RESPONSABILIDADE DOS ESTABELECIMENTOS PELOS DANOS CAUSADOS POR SEUS EMPREGADOS AOS HÓSPEDES E EDUCANDOS Nessas situações aplica-se o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, vez que é norma específica. RESPONSABILIDADE PELOS ATOS ILÍCITOS PRATICADO POR HÓSPEDES OU EDUCANDOS A TERCEIROS “No que respeita à responsabilidade desses estabelecimentos pelos danos causados pelos seus hóspedes e educandos a terceiros o preceito é restrito ao período em que estiverem sob a vigilância do hospedeiro, compreendendo apenas o que ocorre no interior do estabelecimento ou em seus domínios”. (Cavalieri Filho, Sergio. Programa de responsabilidade civil– 13. ed. – São Paulo: Atlas, 2019). RESPONSABILIDADE CIVIL PELO PRODUTO DE CRIME Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...) V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Cuida o dispositivo de hipótese da responsabilidade de pessoa que, sem ter de qualquer maneira contribuído para a prática do crime, é de qualquer forma beneficiado pelo seu produto. O beneficiado gratuitamente pelo produto do crime responde mesmo que não saiba de sua origem ilícita. A responsabilidade é objetiva e se restringe somente ao valor correspondente ao produto do crime Se uma pessoa é presenteada com um celular roubado que custa R$ 1000,00, poderá ser obrigado a devolver o aparelho. Não sendo possível a devolução, indenizar vítima pelo valor correspondente. Não é necessária a demonstração do dolo ou culpa da é presenteada . A responsabilidade é objetiva FIM
Compartilhar