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64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 
 
 
 
 
ANATOMIA FOLIAR DE DUAS ESPÉCIES DE Richterago (ASTERACEAE) 
COMO SUBSÍDIO À TAXONOMIA DO GÊNERO 
 
Cássia C. S. Silva1*, Kelly R. B. Leite1, Nádia Roque1 
1 Universidade Federal da Bahia 
*cristina2s2c@gmail.com 
 
Introdução 
Richterago Kuntze caracteriza-se pelo hábito 
herbáceo a subarbustivo, capítulos discóides e radiados, 
ramos do estilete obtusos, glabros e pápus cerdoso, 
unisseriado. É um gênero com 17 espécies brasileiras, 
das quais 11 são endêmicas da Cadeia do Espinhaço, 
em Minas Gerais [1]. 
Richterago amplexifolia (Gardner) Kuntze e R. 
discoidea (Less.) Kuntze são consideradas próximas por 
possuírem caracteres morfológicos e distribuição 
geográfica convergentes [2]. O conjunto de caracteres 
utilizados para separar as espécies, entre eles, o número 
de capítulos (multicéfalo vs. paucicéfalo), capítulos curto 
a longo-pedicelados, indumento e número de séries de 
brácteas involucrais (6-8 vs. 4-5) e coloração das flores 
(róseas ou alvas) [3,4], podem variar numa mesma 
população ou tipo de hábitat [1]. 
 Em Angiospermas, estudos anatômicos têm se 
mostrado promissores para fins taxonômicos, 
especialmente aqueles relacionados à anatomia foliar, 
com aplicação inclusive em níveis hierárquicos inferiores 
como já observados, por exemplo, em espécies de 
Richterago [5]. 
Diante do exposto, o presente trabalho teve 
como objetivo analisar a anatomia foliar e do pecíolo de 
R. amplexifolia e R. discoidea com a finalidade de ampliar 
o conhecimento sobre os padrões anatômicos no gênero 
e avaliar a utilidade desses caracteres para subsidiar a 
delimitação taxonômica entre os táxons aqui estudados. 
Metodologia 
As folhas foram obtidas de exsicatas 
depositadas no Herbário Alexandre Leal Costa (ALCB) da 
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para análise da 
epiderme, as folhas foram dissociadas utilizando-se 
método químico, enquanto seções transversais da lâmina 
foliar e pecíolo foram obtidas seguindo protocolo padrão 
em anatomia vegetal para cortes à mão livre. No 
processo de coloração das seções paradérmicas e 
transversais foram utilizadas safranina alcoólica e 
solução de safranina e azul de astra (9:1), 
respectivamente. Os cortes foram montados em lâminas 
semipermanentes com solução de glicerina a 50% para 
análise e registro fotográfico sob microscopia óptica. 
Resultados e Discussão 
Em visão paradérmica, R. amplexifolia e R. 
discoidea, apresentaram células epidérmicas 
propriamente ditas com contorno levemente sinuoso e 
estômatos anomocíticos. Tricomas glandulares e tectores 
foram agrupados em: glandular, tector multicelular, tector 
unicelular e tector com ápice expandido, assim como já 
observado em outras espécies do gênero [5]. Tricomas 
glandulares foram encontrados nas duas espécies, 
enquanto tricomas com ápice expandido só foram 
observados em R. amplexifolia. 
Em visão transversal, todos os espécimes 
apresentaram cutícula delgada e epiderme 
uniestratificada em ambas as faces. A epiderme 
apresentava células de formatos variados, sendo as 
células da face adaxial, ligeiramente maiores que as da 
face abaxial. A nervura principal apresentou um único 
feixe central em R. amplexifolia e três feixes diferenciados 
mas unidos entre si em R. discoidea, ocorrendo contudo, 
variação dentre os espécimes analisados nesta última 
espécie. O mesofilo dorsiventral apresentou duas 
camadas de parênquima paliçádico em R. amplexifolia e 
três camadas em R. discoidea. O parênquima lacunoso 
constituiu-se de células com projeções bracifomes. Os 
feixes vasculares estavam dispostos na região mediana 
do mesofilo e circundados total ou parcialmente por 
fibras, formando em alguns deles, extensões de bainha. 
No pecíolo, os feixes vasculares estavam organizados no 
padrão meia-lua em ambas as espécies, sendo 
observados nove e sete feixes vasculares em R. 
amplexifolia e R. discoidea, respectivamente, além de 
estarem envolvidos por fibras pericíclicas, como já 
observado em Richterago [5,6]. 
Conclusões 
Após análise da anatomia foliar constatou-se que R. 
amplexifolia e R. discoidea apresentaram estruturas 
anatômicas semelhantes às observadas na família e no 
gênero [5,6]. O tipo de tricoma com ápice expandido e a 
quantidade e organização da vascularização na nervura 
principal do mesofilo e pecíolo podem ser considerados 
uma variação de valor taxonômico entre as duas 
espécies, o que corrobora a delimitação já existente. 
Contudo, novas análises devem ser realizadas no sentido 
de aumentar a amostragem em diferentes habitats e 
populações, a fim de melhor subsidiar decisões 
taxonômicas futuras. 
Referências Bibliográficas 
[1] Roque, N. & Pirani, J.R. 2001.Reinstatement of the name 
Richterago Kunze and recircumscription of the genus to include 
species formerly treted as Actinoseris ( Endl.) Cabrera 
(Compositae, Mutisiae). Taxon 50: 1155-1160 
[2] Roque, N. & Pirani, J.R. 1997. Flora da Serra do Cipó, Minas 
Gerais: Compositae, Barnadesieae e Mutisieae. Boletim 
Botânica da Universidade de São Paulo 16: 151-185. 
[3] Cabrera, L. 1971. La revision del gerero Gochnatia 
(Compositae). Revista del Museo de La Plata. Botânica 66: 
153-157. 
[4] Almeida, G.S.S. 2008 "Asteraceae Dumort. nos campos 
rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, 
Brasil" Unpublished Ph. D. thesis, Universidade Federal de 
Viçosa. 
[5] Pinna, G.F.A.M. 2004 Anatomia foliar de Richterago Kuntze 
(Mutisieae, Asteraceae). Acta Botanica Brasilica 18(3): 591-
600. 
[6] Metcalfe, C.R & Chalk, L.1950 Anatomy of the 
Dicotyledons: leaves, stem and wood in relation to taxonomy 
with on economic uses. Claredon Press, London. V.2, pp. 782-
804.

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