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Geografia Urbana A Urbanização no Espaço Mundial A urbanização se põe como um tema central na geografia pelo fato de o mundo estar se tornando cada vez mais urbano. Definimos como urbanização o aumento da participação urbana na população total de uma área, ou seja, o fato da população urbana crescer em ritmo superior à população rural. O processo tem uma clara relação com o Êxodo rural. Desde outubro de 2007, passamos a ter mais pessoas morando em áreas urbanas que em áreas rurais em todo o mundo. OBS: o crescimento da população urbana não necessariamente resulta em urbanização – se a população urbana cresce, mas a população rural também o faz em ritmo igual ou mais acelerado, não podemos falar em urbanização. O fenômeno da urbanização é diretamente associado à questão da migração; isso porque, a despeito da taxa de mortalidade no campo ser maior, a taxa de natalidade também o é – se não há migração de uma área para outra, a tendência é que a fatia rural da população cresça mais. É por isso que o processo de urbanização se deu em períodos de crescimento de atividade industrial – como a Revolução Industrial na Inglaterra e a década de 60 no Brasil – porque há um fator de atração para as cidades. Não há um critério oficial para definir o que é urbano e o que é rural – de maneira geral, o urbano é definido como uma área de atividade industrial, de comércios e serviços, enquanto o rural se associa com as atividades primárias. Com o avanço da tecnologia, essa divisão se torna cada vez mais porosa. A OCDE usa um critério populacional para fazer a distinção entre o urbano e o rural, sendo o espaço urbano aquele com maior densidade demográfica. No Brasil, o critério é político-administrativo; desde um decreto do Estado Novo, a sede dos municípios são urbanas. A urbanização dos países ricos é anterior – agora a urbanização tem sido um processo ligado ao “mundo pobre”, aos países desenvolvidos (visto que nos países desenvolvidos, esse processo se completou). A urbanização dos países desenvolvidos é mais antiga, ao mesmo tempo em que também se deu de forma mais lenta. A urbanização dos países em desenvolvimento, por sua vez, é recente e acelerada – o que gera alguns problemas. Em suma, hoje o processo de urbanização é muito mais intenso no mundo pobre. Milton Santos, em seus estudos da geografia urbana, fala do conceito de urbanização terciária do mundo pobre, em oposição aos países ricos – que se urbanizaram com uma atividade industrial intensa em mão de obra. A urbanização terciária acontece muitas vezes sem indústria, e as vezes muito mais ligada ao campo repulsando do que propriamente à cidade atraindo. Essa urbanização terciária é uma urbanização anômala, caracterizada por centros urbanos inchados, com subempregos, pobreza e favelização. O nível de urbanização se refere ao percentual de pessoas que reside na área urbana; a taxa de urbanização é o quanto essa população está crescendo. (OLHAR COM CALMA PARA ESSES CONCEITOS, POIS MESMO DADOS DO IBGE COSTUMAM APLICA-LOS DE MANEIRA ERRADA). A América Latina tem uma urbanização terciária e tardia, mas é a mais acelerada – hoje, América do Norte, Europa e América Latina são as regiões mais urbanizadas do globo. A Oceania, que tem a urbanização anterior, está atrás da urbanização latino-americana. África e Ásia são as regiões menos urbanizadas. A Ásia recentemente tornou-se majoritariamente urbana, enquanto a África ainda não atingiu esse número. Urbanização das regiões do globo (em ordem): 1 – América do Norte 2 – América Latina e Caribe 3 – Europa 4 – Oceania 5 – Ásia 6 – África Uma megacidade é um aglomerado urbano com mais de 10 milhões de pessoas; das 30 maiores megacidades do mundo, figuram duas brasileiras: São Paulo (em 4º lugar) e Rio de Janeiro (em 19º). Tokyo é, de acordo com esse relatório, a maior megacidade do mundo. 1 – Tokyo 2 – Delhi 3 – Xangai 4 – São Paulo 5 – Cidade do México Importante ressaltar que, embora a África seja o continente menos urbanizado, temos importantes megacidades africanas na lista: Cairo, Lagos, etc. O maior número de megacidades está em países de urbanização recente; isso é explicado pelo modelo de urbanização anômalo (urbanização terciária), macrocéfalo. ❖ Macrocefalia urbana e a volta para o campo Em anos recentes, observa-se um fenômeno que muitos chamam de “volta para o campo”, “ruralização”, “renascimento rural”,etc. As modernas tecnologias de informação permitem que a influência urbana transcenda o tecido urbano, de forma que uma área rural “tradicional”, isolada, é muito improvável. ❖ Conurbação É um modelo de urbanização aglomerado – as conurbações unem cidades vizinhas. ❖ Favelização Territorialização da pobreza. Não faz muito sentido discutir favelização em países centrais – nesses países, a favelização é uma anomalia, enquanto em países mais pobres, de urbanização recente, esse fenômeno faz parte do processo de urbanização. Uma metrópole é uma cidade com uma estrutura econômica muito dinâmica e capaz de polarizar uma extensa área. Jean Gottman apontou, no final dos anos 60, que as metrópoles da costa leste americana (Boston, Nova York, Filadélfia, Baltimore, Washington) formavam um grande aglomerado urbano (não se trata de uma conurbação, mas de fluxos intensos de transporte entre elas) – as megalópoles. Uma megalópole é, portanto, um conjunto de duas ou mais metrópoles que tem intensa relação entre si. Esse conceito se associa mais ao mundo rico – isso porque trata de um exemplo em que existem mais de uma metrópole em uma região próxima, o que já indica uma urbanização menos macrocéfala. No mundo pobre, a urbanização é rápida e concentrada, e esse modelo de urbanização terciária é menos propenso à criação de megalópoles. É fácil observar, diante da lista de megacidades, que o modelo de urbanização do mundo pobre é muito mais propenso à formação de megacidades do que de megalópoles. Outra questão que favorece a formação de megalópoles no mundo rico é a melhor infraestrutura – sobretudo de transportes, que facilita a movimentação entre elas. Padrões de interações espaciais em redes urbanas Rede urbana é um conjunto funcionalmente conectado de cidades; quando uma rede urbana possui uma cidade principal em que tudo converge para ela, temos uma rede urbana que não foi “bem formada” – com uma macrocefalia. Belém é um exemplo de cidade primaz numa rede dendrítica; é uma cidade que está em posição externa, que polariza toda uma região – inicialmente através de rios, e que faz a conexão com o exterior (as redes dendríticas muitas vezes representam cidades coloniais, que eram o polo de contato com o exterior e que faziam conexões fluviais com o interior, como é o caso de Belém). As capacidades de polarização é que vão definir a hierarquia urbana; uma cidade com alta capacidade de polarização é uma metrópole, seguida por uma capital regional e, por fim, as cidades. A rede urbana se constitui simultaneamente em um reflexo e uma condição para a divisão territorial do trabalho. É reflexo à medida que em razão das vantagens locacionais diferenciadas, verificam-se uma hierarquia urbana e uma especialização funcional definidoras de uma complexa tipologia de centros urbanos. A ideia de cidade global não é quantitativa – o que define uma cidade global não é ter um número X de habitantes, mas sim os elos com a economia mundial que a define. As cidades globais estão majoritariamente no mundo rico. São cidades que se conectam com o mundo. Cidade global é o local de produção de serviços financeiros e de produtores especializados que viabilizam o funcionamento da economia global. Como as atividades de produção estão cada vez mais descentralizadas, essas redes de produção complexas e globalizadas requerem novas formas de serviços financeiros e de produtores para gerencia-las. Esses serviços geralmente são complexos e requerem habilidades altamente especializadas. Assim, elesestão sujeitos à economia de aglomeração e tendem a se agrupar em um número limitado de cidades. Quanto mais as atividades se espalham, mais o controle dessas atividades se agrupa em centros especializados. Urbanização no espaço brasileiro Cronologia da urbanização brasileira: • Primórdios: final do século XIX (movimento de Êxodo rural que vai ter continuidade até 1930 – fim da escravidão, crises do café, indústria) • Urbanização consolidada: 1930 • Auge da urbanização: anos 50 a 70 (metropolização); em meados dos anos 60 a população urbana ultrapassa a população rural • Continuidade com menor intensidade: últimas décadas As cinco macrorregiões brasileiras são majoritariamente urbanas; o Sudeste é a mais urbana, e a região Centro- Oeste é a segunda mais urbanizada. As regiões Nordeste e Norte são as menos urbanizadas. O Nordeste tem o menor número de população morando nas cidades – mas ainda assim, esse número fica na casa de 72%, de acordo com o censo de 2010. Muito embora o Centro-Oeste seja associado à economia do agronegócio e grandes produções agrícolas, vale lembrar que o agronegócio é baseado numa produção mecanizada – poucas pessoas vivem de fato no campo. Observamos o fenômeno das cidades do campo, como Cinópolis, Rio Verde, Sorriso, etc. A região Sudeste foi a primeira a tornar-se majoritariamente urbanizada; a região Centro-Oeste foi a segunda, com a expansão da fronteira agropecuária, nos anos 70. Na região sul, dois fatores influenciaram a urbanização no final dos anos 70: primeiramente, a mecanização da produção; outro fator foi o surgimento dos minifúndios, propriedades rurais com extensão muito reduzida, abaixo do mínimo legal (isso ocorre por conta da divisão entre herdeiros de propriedades rurais no Sul – que já eram pequenas propriedades). Com isso, os herdeiros acabam por ter de vender as terras. O modelo de ocupação no Norte amazônico é um modelo de ocupação urbano (floresta urbanizada de Bertha Becker). Há uma série de cidades ribeirinhas no Norte. Com o projeto de ocupação do regime militar, o modelo das cidades construídas na beira dos rios foram complementado pelas cidades construídas na beira das estradas. Todos os Estados brasileiros tem mais da metade da população morando em áreas urbanas. Houve uma fase da urbanização brasileira que constituiu em uma metropolização – devido ao fordismo periférico, notadamente nos anos 50 e 60; a partir dos anos 80, sobretudo nas últimas décadas, e com o avanço do pós-fordismo e das “deseconomias de escala”, observa-se uma desmetropolização, com maior crescimento das cidades médias. OBS: o que se chama de desmetropolização não é o encolhimento da metrópole; é o fato das cidades médias crescerem mais do que elas. NÃO HÁ ESVAZIAMENTO DA POPULAÇÃO DAS METRÓPOLES. Elas estão crescendo menos. Todas as metrópoles brasileiras continuam crescendo, mas as cidades medias estão crescendo mais do que elas. Não há definição oficial de cidade média no Brasil – em geral, são cidades com número de habitantes entre 100 mil a 500 mil. Além disso, temos também outro aspecto importante da urbanização brasileira: a interiorização. As metrópoles litorâneas continuam crescendo, mas as metrópoles do interior crescem mais. “Os dados do último censo parecem confirmar a tendência do movimento que os anos 70 já vinham registrando, com o aumento do número das cidades médias, mas sobretudo das grandes cidades médias. Os municípios com população entre 200 mil e 500 mil habitantes passam de 33 a 85, aqueles com mais de 500 mil tem seu numero aumentado de 14 pra 25, enquanto as aglomerações milionárias são doze em 1991 (eram dez em 1980). Esses resultados, indicativos de nova tendencia, isto é, de aglomeração da urbanização em outro nível, parecem confirmar a tendência a que estamos aludindo, isto é, a uma desmetropolização que se verifica em paralelo com a permanência do fenômeno da metropolização. (Milton Santos, Urbanização Brasileira) Hierarquia dos centros urbanos/ REGIC 2018 a. Grande metrópole nacional: São Paulo, o maior conjunto urbano do país, e alocado no primeiro nível da gestão territorial (grande metrópole nacional como uma subcategoria da metrópole nacional) – a região de influência das grandes metrópoles nacionais é o exercício de influência em todo o território nacional b. Metrópole nacional: Rio de Janeiro e Brasília, também estão no primeiro nível da gestão territorial c. Metrópole: Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Vitória, Florianópolis e Campinas (única que não é capital e tem status de metrópole). d. Capital regional tipo A: São Luis do Maranhão, Cuiabá, Natal, Ribeirão Preto (candidatas a se tornarem metrópoles) A rede urbana do estado de São Paulo é tão importante que possui a grande metrópole nacional, a única metrópole interiorana (que não é capital), Campinas, e outra cidade candidata a ser metrópole (capital regional TIPO A), que é Ribeirão Preto. É interessante notar que a análise da rede urbana polarizada pelas metrópoles nos anos 80 e 90 era bastante diferente da análise feita hoje. Antigamente, essas áreas polarizadas pelas metrópoles eram diretamente influenciadas por fatores físicos, como a distância, a existência de estradas, etc. Hoje, as relações são mais fluidas. Nas últimas décadas, ficou mais fácil uma metrópole nacional influenciar áreas mais distantes. Um exemplo interessante da modificação do poder de influencia e da conexão entre as metrópoles e as cidades é a modificação da geometria leste-Oeste para uma geometria Norte-Sul, como se observa na mudança do padrão de relações entre Belém e Manaus, por exemplo, que tinham forte relações entre si e pouca conexão com o sul do país, para uma nova dinâmica em que essas metrópoles se conectam muito mais ao interior do país. Na REGIC 2018, podemos observar também um maior dinamismo no Centro-Oeste. A área de influência direta de São Paulo transcende o estado, chegando no MS e no triângulo mineiro (onde divide influência com BH). No nível das metrópoles nacionais, destaca-se Brasília, com influência direta em cerca de 20% do território nacional. A rede metropolitana do Rio de Janeiro chama atenção pela elevada densidade demográfica. O fato de possuir uma área de influencia exígua ao mesmo tempo em que possui o segundo maior PIB do país em termos absolutos permite defini-la como uma cidade marcada muito mais pelo city-ness (conectada a outras capitais, outras metrópoles – uma conexão verticalizada) do que pelo town-ness (conectada a uma “interlândia”, com o entorno – uma conexão horizontalizada). A área de influência do Rio de Janeiro se reduz ao próprio estado e algumas poucas cidades de Minas Gerais; é uma metrópole no meio de outras metrópoles (Vitória, São Paulo, BH) que, entretanto, tem grande força econômica. A principal razão dessa força econômica é explicada pela capacidade que suas atividades possuem de atuar em rede, criando ligações com outras metrópoles e centros urbanos em todo o território nacional. A Constituição passou para os Estados a atribuição de criar novos municípios e regiões metropolitanas. A região metropolitana é um grande aglomerado populacional. As primeiras nove regiões metropolitanas do Brasil foram criadas nos anos 1970, pelo governo Federal, na região das nove metrópoles existentes naquele período. Vale destacar que, no âmbito dos municípios, é a administração municipal que define quais são as áreas urbanas do município. Com o dispositivo presente na Constituição, muitos Estados criaram diversas regiões metropolitanas em áreas que nem mesmo possuíam metrópoles (ou capitais regionais). O estado da Paraíba é o estado brasileiro com maior número de regiões metropolitanas. RIDEs: região integrada de desenvolvimento econômico. É uma situação especial de aglomeração urbana, que envolve mais de um Estado. As RIDEs são criadas pelo governofederal. O Brasil possui três RIDEs – Brasília e entorno (que envolve municípios de Goiás e MG); Teresina e entorno (envolvendo municípios do Maranhão); Petrolina (Pernambuco) e Juazeiro (Bahia). Segregação espacial A segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjunto de bairros da metrópole. Essa segregação espacial é muito mais evidente em grandes cidades. A segregação espacial é, em suma, a territorialização da desigualdade. Vale ressaltar aqui o movimento de autosegregação das classes altas – a população mais rica não é segregada, ela se segrega. Com o crescimento das cidades e o advento de automóveis, atualmente esse grupo se isola cada vez mais Art.25: Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. §1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. §2º Cabe aos estados explorar diretamente, ou mediante concessão a empresa estatal, com exclusividade de distribuição, os serviços locais de gás canalizado. §3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. LEI Nº 13.089, DE 12 DE JANEIRO DE 2015 Institui o Estatuto da Metrópole, altera a Lei nº10.257, de 10 de julho de 2001, e dá outras providências. Art.1º: Está lei, denominada Estatuto da Metrópole, estabelece diretrizes gerais para o planejamento, a gestão e a execução das funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados, normas gerais sobre o plano de desenvolvimento urbano integrado e outros instrumentos de governança interfederativa, e critérios para o apoio da União a ações que envolvam governança interfederativa no campo do desenvolvimento urbano, com base nos incisos XX do art.21, IX do art.23 e I do art.24, no §3º do art.25 e no art.182 da Constituição Federal. Art.2º: Para os efeitos desta Lei, consideram-se: I – aglomeração urbana: unidade territorial urbana constituída pelo agrupamento de dois ou mais municípios limítrofes, caracterizada por complementaridade funcional e integração das dinâmicas geográficas, ambientais, políticas e socioeconômicas; II – metrópole: espaço urbano com continuidade territorial que, em razão de sua população e relevância política e socioeconômica, tem influência nacional ou sobre uma região que configure, no mínimo, a área de influência de uma capital regional, conforme os critérios adotados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). VII – região metropolitana: aglomeração urbana que configure uma metrópole. para fora do centro (nos entornos), numa escolha de lugares exclusivos (normalmente em áreas distantes 5). É o exemplo da Barra da Tijuca, Alphaville, etc. São enclaves urbanos. Existe também um processo de segregação induzida, provocada pela especulação imobiliária e aumento dos preços de imóveis e custos de vida em uma determinada região, obrigando a população mais pobre a se deslocar. Por fim, a segregação forçada vai deslocar a população mais pobre de uma região sobretudo através da expropriação. Gentrificação É o enobrecimento de uma área até então decadente. A gentrificação tem, por um lado, o aumento da arrecadação, da provisão de serviços, de infraestrutura, etc. Por outro, exclui e “expele” o morador tradicional da área. É uma valorização do espaço ao mesmo tempo em que é uma exclusão dos antigos moradores. 5 Vale lembrar que, no passado, eram os ricos que moravam nos centros e os pobres que moravam nos entornos.