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1 - Caderno de estudo - Teoria do discurso poético

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Teoria do discurso poético
O QUE É A POESIA?
Devemos ampliar nossa percepção de poesia para além dos versos de nossos poetas apresentados na escola (sem jamais abandoná-los, contudo), trazendo para esse estudo a natureza poética da música popular, do cinema, da religião, das artes plásticas e onde mais houver poesia. O termo poesia vem do grego poiesis, que pode ser traduzido como criação.
O poeta é um criador. E ele cria pela palavra. A ideia da criação verbal, na cultura judaico-cristã, está na explicação do surgimento do mundo. O Antigo Testamento, livro do Gênesis, constata que o poder divino de criação do mundo, do homem e das coisas se deu pelo uso da palavra. No princípio era o Verbo. E Deus falou/criou o mundo. O universo é a Sua poesia. A Criação, tal como a Bíblia a apresenta, é acompanhada por um ato verbal, se é que não se identifica com ele: “Ora Deus querendo tirar essa matéria informe das trevas em que estava mergulhada, disse: Haja luz. E houve luz... Deu à luz o nome de dia, e às trevas o nome de noite...” (Gênesis, I, 3-5) Nomear é um ato divino, arbitrário mas necessário (“verdadeiro”) (KRISTEVA, 1974, p. 141)
O mundo é uma criação verbal, uma invenção da linguagem humana sobre a perfeição silenciosa do universo. E cabe ao poeta a vocação adâmica de criar em cima da criação, de recriar o significado do mundo inventado pela língua. Mais do que invenção da linguagem, a poesia é invenção pela linguagem, é a forma expressiva que dá sentido à existência, que permite a criação de um significado sobre aquilo que nem mesmo nome carrega.
A poesia é, pois, linguagem, antes de qualquer outra definição. Uma mensagem poética é capaz de fazer seu receptor refletir a respeito da existência e da sociedade. Isso é efeito da poesia. A rima, tão comumente identificada à poesia, na verdade a transcende, habitando há muito os ditos populares e há menos tempo a publicidade, por exemplo.
“Quando nasci / um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: / – Vai, Carlos / ser gauche na vida” (ANDRADE, 1998, p. 12), a primeira estrofe de Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade, reconhecemos que a poesia não exige rimas, ainda que se valha delas tantas vezes e tão bem.
A primeira distinção entre poesia e linguagem comum é a de que enquanto esta deve ser objetiva, imediata e clara, como o aviso “Não pise a grama” ou o “bom dia” que damos ao vizinho pela manhã, aquela se pretende mais profunda, reflexiva e por vezes ambígua.
Para refletir
Diferenciamos essas duas naturezas como comunicativa e expressiva respetivamente, pois enquanto a linguagem que utilizamos no cotidiano é predominantemente comunicativa, já que pretende estabelecer relações pragmáticas e efetivas com o mundo, a linguagem da poesia é carregada à expressividade de quem a diz, o poeta. Isso não significa que um poema não deva ser comunicativo (muitos o são), nem que seja proibido que utilizemos
nuances poéticas em nossas relações comunicativas – apenas identifica melhor a natureza linguística da arte poética em geral.
A respeito das funções da linguagem, desenvolvidas inicialmente pelo linguista Roman Jakobson. Elas podem ser referencial, emotiva, conativa, fática e poética. O discurso poético, pois, seria aquele que englobaria fundamentalmente princípios da função poética com objetivos da função emotiva, podemos dizer. Por quê? Primeiramente por se tratar de criação artística, portanto dotada de valores estéticos e preocupação com sua forma discursiva, mas, também, por transmitir (expressar) uma dada emoção a ser também sentida pelo receptor (no nosso caso, o leitor).
Se eu digo a um amigo que encontro na rua: “vou-me embora pra Minas Gerais”, apenas comunico minha decisão de me mudar de estado, concretamente. Mas se digo: “vou-me embora pra Pasárgada”, meu amigo entenderá (assim espero) se tratar de citação poética, no caso dos versos de Manuel Bandeira, metaforizando o desejo de ir a um lugar perfeito e acolhedor, que não existe. Minha mudança de estado, pois, torna-se poética, é apenas expressão de um sentimento.
Novamente eu e esse amigo nos encontramos e decidimos tomar um café e comer um pão de queijo. Ao saborear o pão crocante e quentinho, misturado ao aroma do café recém-coado, posso permitir à imaginação e à lembrança me transportar a Minas e espontaneamente declarar: “vou-me embora pra Minas Gerais”. O que antes era um comunicado de mudança de CEP torna-se linguagem poética de expressão de saudade e afeto com um lugar. Eis a poesia de cada dia, como já falou certa vez o poeta Oswald de Andrade.
Fernando Pessoa é um dos maiores poetas da história. E um dos mais originais também. Criou mais de cem heterônimos, personalidades de poetas diferentes entre si e capazes de produzirem obras completamente diversas. Dentre eles, os mais famosos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Pessoa ainda compunha biografias e mapas astrais para seus
heterônimos e afirmava, por exemplo, que Caeiro era o mestre de todos os poetas que de sua caneta surgiram – inclusive dele mesmo, Fernando Pessoa. Sua obra é vasta e rica como somente uma genialidade desse porte
seria capaz de conceber.
Esse é um poema metalinguístico, já que trata da natureza dos poetas e de seu ofício, a poesia; portanto, nos parece proveitoso observá-lo melhor a título de esclarecimento sobre essa arte tão antiga quanto a humanidade. Comecemos então por “O poeta é um fingidor.” Estando no primeiro verso e sob a forma de uma afirmação, a frase inicial é carregada de um sentido de verdade, ou seja, de um fato a ser explicado ou descrito nos versos seguintes, além de transmitir o sentido fundamental da visão. O crítico Antônio Cândido afirma que a peculiaridade da poesia de Bandeira está em reunir assuntos cotidianos com o mais forte desejo de transcender para uma realidade além e intangível.
A tuberculose, diagnosticada quando Bandeira ainda era adolescente e que
o fez acreditar ter sempre apenas um fio de vida (embora tenha o poeta vivido até os oitenta anos), representou uma vida cheia de dores e privações com que ele procurava lidar por meio da poesia. Conscientes disso, vejamos como esses versos se transformam: “E como farei ginástica / Andarei de bicicleta / Montarei em burro brabo / Subirei no pau-de-sebo / Tomarei banhos de mar!” Todas essas ações, comuns aos meninos de seu tempo, foram proibidas a Bandeira tão logo a sua doença foi diagnosticada, ainda muito novo. Em sua Pasárgada, pois, ele poderia realizá-las finalmente. E por que, então, essa dor deveras sentida torna-se fingimento, nos versos de
“Vou-me embora pra Pasárgada”? Porque não se necessita saber da biografia de Manuel Bandeira para sentir a dor presente em seu poema, pois essa dor é humana, e, de maneira geral, todos nós a sentimos, ainda que em graus e circunstâncias distintos. E o paradoxo da linguagem poética se desdobra. A dor sentida pelo leitor, na leitura do poema, não é mais nem aquela original, nem a fingida pela palavra, é outra, universal, aquela que os leitores “não têm”. Uma das características fundamentais da linguagem poética é a da universalidade. O sentimento construído na poesia, originado num coração de um poeta e transformado em metáfora poética, não é de posse individual, mas é a própria universalidade do sentimento, seu conceito abstrato e atemporal que cativa leitores ao longo do tempo.
O substantivo comum, pedra refere-se a um objeto que existe independentemente de nossa existência. No entanto, amor ou saudade, por sua vez, só existe se alguém senti-lo ou experienciá-lo. Esse é o reino da poesia, dos sentimentos e das emoções, um mundo, pois, abstrato.
A poesia é criação desde a Grécia Antiga. Sendo assim, ela precisa manter essa motivação criativa dentro do seio da linguagem. Deve ser dela o dever de dar nome ao que não se vê concretamente, mas se sente, se imagina, se deseja. Essa é a função pública do poeta, nomear o que ainda não se percebe. Em uma sociedade que crê saber tudo, não haverá espaço para esse ofício. E este é o desafio atual da poesia,buscar espaço e relevância no meio de uma sociedade tecnicista, inebriada por suas próprias descobertas e avanços tecnológicos. 
Toda criação artística pode ser fruto do que chamamos comumente de inspiração. Como o sambista João Nogueira canta em “Poder da criação”, “não / ninguém faz samba só porque prefere / força nenhuma no mundo interfere / no poder da criação” (NOGUEIRA, 1992), a criação poética, em sua origem, é vista como um mistério traduzido no mito da inspiração, que percorre toda a história das artes.
Na Antiguidade Clássica, a inspiração é personificada nas figuras mitológicas denominadas musas, a quem os poetas pedem que lhes dê o canto necessário para a poesia. É a chamada invocação às musas. Em a Ilíada, de Homero, é desse modo que se começa o relato, no pedido às musas. Assim também o faz o poeta português Luís de Camões, em sua epopeia Os Lusíadas
(1572), poema de inspiração clássica:
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo (elevador) e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene (nascente de água doce).
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena (espécie de graminha) ou frauta ruda,
Mas de tuba canora (sonora, arguta, harmoniosa) e belicosa (Propenso à guerra, Agressivo, Bélico.),
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
A presença constante do imperativo (dai-me, ordene) e do vocativo (Tágides são as ninfas do rio Tejo, de Portugal), demonstra que o poeta acredita estar fora de seu alcance, seja no tempo, seja no espaço, a origem da poesia. Essa noção, evidentemente, seria transformada ao longo do tempo, mas nunca superada, como vimos na canção de João Nogueira. Durante o período romântico, muitos séculos depois da poesia grega de Homero, a musa cede espaço a um novo conceito, definido por espírito criador ou gênio criativo. Assim define o poeta inglês Percy Bysshe Shelley, em 1821, a respeito da impossibilidade de se querer objetivamente criar a poesia:
A poesia não é, como o raciocínio, uma faculdade que se possa exercer pelo
exercício da vontade. Ninguém pode dizer “vou compor poesia”. Mesmo o maior poeta não pode dizê-lo, pois o espírito criador é semelhante a uma brasa dormida que uma força invisível, como um vento inconstante, anima de um brilho efêmero: esse poder emana do interior […] e as zonas conscientes de nossa natureza não dem anunciar sua chegada, nem sua partida. …] Os poetas são os hierofantes de uma inspiração que não se pode explicar; são os espelhos onde se refletem as sombras gigantescas que o futuro projeta sobre presente; são as palavras que exprimem aquilo que eles não compreendem; são as trombetas que chamam ao combate e não sentem o que inspiram; são a influência que não é passível de ação, mas que age... (SHELLEY, 1991, p.75)
Com o desenvolvimento cada vez maior das ciências e da consciência humana sobre si mesmo, tenha-se chegado a uma definição menos aberta e mais objetiva sobre a origem da poesia. Curiosamente, o resultado foi oposto. O desenvolvimento da psicanálise, por exemplo, trouxe o conceito de inconsciente para o pensamento humano: um espaço mental que não apenas não podemos controlar, como, muitas vezes, nos controla. A valorização do sonho, da hipnose, de um discurso diferente e original fez com que o mistério da poesia se recriasse. O poeta francês Charles Baudelaire, para muitos o primeiro poeta moderno, assim define esse estado de criação poética, que muitas vezes pode surgir também de um estado de embriaguez alcoólica ou entorpecimento por meio do ópio. De algum lugar afastado e inacessível à razão surge a poesia, ainda que depois caiba ao poeta dar forma e sentido finais ao poema. Assim afirma outro poeta francês, Jules Supervielle: A poesia surge, em mim, de um sonho sempre latente. Esse sonho, gosto de dirigi-lo, exceto nos dias de inspiração quando tenho a impressão de que ele se dirige sozinho. Não gosto do sonho que vai à deriva. Procuro fazer dele um sonho consistente, uma espécie de figura de proa que depois de ter atravessado os espaços e o tempo interiores, afronta os espaços e o tempo do exterior – e para ele, o exterior é a página em branco. Sonha é esquecer a materialidade de seu corpo, confundir de algum modo o mundo exterior e interior. A onipresença do poeta cósmico talvez não tenha outra origem. (SUPERVIELLE, 1975, p. 57)
Princípios que regem a poesia:
»» Linguagem própria: a linguagem poética é formada pelo uso criativo da língua, da metáfora que amplia o referente da comunicação em elemento poético. A ela se opõe a linguagem comum, que mira a comunicação pragmática entre os indivíduos.
»» Expressividade: a poesia sempre se vê ligada às expressões vindas das emoções humanas, mais do que à comunicação, propriamente dita. O poeta, ainda que estabeleça uma comunicação com seu público, procura, na verdade, expressar seus sentimentos por meio de uma linguagem criativa que dê vazão à sua abstração e imaginação.
»» Universalidade: a poesia supera o tempo e as diferenças individuais de seu público mais do que qualquer outro tipo de discurso, pois ela se funda em nossa humanidade, isto é, nos sentimentos e emoções que nos fazem humanos e nos identificam. Sonetos de Camões e de Shakespeare, mesmo compostos há, pelo menos, quatro séculos, permanecem com a mesma força sugestiva de outrora para os leitores de hoje.
»» Origem inconsciente: por estar ligada às emoções, a poesia não se resume a um objetivo prático, nem se origina de uma escolha racional, embora também o faça, é claro. Mas a poesia nasce de uma sensibilidade aguçada, antes de se converter em trabalho linguístico. Carlos Drummond de Andrade falava que vários poemas lhe viam em horas inconvenientes, como em uma viagem de ônibus, por exemplo, e se perdiam.
O poeta é um profeta
O poeta é o sujeito que nomeia o invisível. O poeta traduz sentimentos universais e aproxima espíritos além do tempo. Podemos perceber a similaridade entre a linguagem poética e a linguagem religiosa. A religião é a poesia original. Não as instituições humanas que dela derivam, que fique claro, mas o discurso linguístico milenar que orienta o sentido do mundo presente nela. E isso acontece porque toda religião se funda no mito, a primeira expressão poética da humanidade. Mitos são sempre narrativas primordiais, isto é, que antecedem e explicam a origem da humanidade. Mais
do que isso, a linguagem mítica busca dar sentido transcendental à nossa existência, tornando a palavra o meio de reunião (religamento, daí o nome religião) entre o homem e a origem divina. A semelhança entre o profeta e o poeta não é, pois, por acaso. Ambos transmitem uma ideia verdadeira, profunda, presente no espírito humano, mas incompreensível aos homens comuns. 
Jesus não é um “poeta participante”, mas um “poeta crítico”, que prefere expressar-se por meio da parábola, onde suas mensagens são transmitidas não “por cadeias de raciocínios, mas através de ‘estórias paralelas’... unidades poéticas e ficcionais, capazes de irradiar significados espirituais e práticos, abertas à exegese, à explicação, à liberdade. 
Jesus está inventando a alma: o super-signo que todos somos ‘dentro’. Essa, talvez, foi a sua revolução, a mais imperceptível de todas”. Assim mais uma vez Jesus se revela como um poeta, na medida em que, para ele, o real sempre passa pelo que existe “dentro” dos seres humanos, isto é, a espiritualidade. (VALENTE, 1993)
A poesia é essencial à cultura humana, nos constitui como seres que, ao se reconhecerem finitos e incompletos, buscam em uma sensibilidade além (espiritualidade, inspiração...) a captação do sentido da existência ou, ao menos, a expressão de nossas dúvidas, medos, anseios e amores. Mesmo fora da religião, o poeta carregaem seu trabalho com a língua a missão milenar de profetizar nosso estar no mundo.
A IMPORTÂNCIA DA LÍRICA NA DEFINIÇÃO DO POÉTICO
Separam a literatura em três gêneros distintos: 
- A épica (reconhecidamente o gênero narrativo);
- O drama (que hoje chamamos de teatro);
- O lírico (os poemas, propriamente ditos). 
É necessário um conhecimento específico do lirismo – e suas diferenças em relação aos outros gêneros – para compreendermos o desenvolvimento do discurso poético dentro da tradição ocidental.
A lira e a poesia oral
Lira (originalmente do grego) é um instrumento de cordas oriundo da Antiguidade que acompanhava o cantor de versos sentimentais. A poesia, como a conhecemos, é carregada de musicalidade e expressão emotiva, combinação que recebe o nome de lirismo.
Antes de se transformar em poema escrito e ocupar as páginas dos livros, a poesia existia apenas nas vozes de poetas populares, que habitavam o espaço público da antiguidade. Não é acidental, portanto, a semelhança entre os poetas e os compositores populares, mesmo porque muitos deles se confundem, como Vinicius de Moraes. Dentre a tríade de gêneros aristotélica a lírica seria a de menor importância, a que recebeu menos olhares críticos e analíticos na antiguidade. A própria Poética, por exemplo, apenas a menciona, dedicando-se apenas à epopeia e ao drama, neste, em especial à tragédia.
Na Idade Média, contudo, a lírica passará a ocupar outros espaços, menos populares, como a corte e os salões da nobreza. Talvez você já deva ter estudado a respeito do trovadorismo, um tipo especial de poesia existente principalmente entre os séculos XII e XV em Portugal. A trova e o trovador, termos oriundos do latim tropare, algo como compor ou inventar, reforçam o espírito do lirismo antigo, ainda popular. O trovadorismo era composto por cantigas de amor, de amigo ou
de escárnio. Todas essas formas se desdobrariam em outras no decurso da literatura ocidental. As cantigas de amor, por exemplo, como a de autor desconhecido que reproduzimos a seguir, teriam sua temática (a da vassalagem amorosa) constantemente repetida no período romântico, já no século XIX. Marcada por um eu lírico masculino que dedica sua vida a uma mulher idealizada, o gênero institucionalizaria em língua portuguesa a retórica apaixonada identificada à poesia:
Cantiga de amor
Conheço certo homem, ai formosa,
Que por vossa causa vê chegada a sua morte;
Vede quem é e lembrai-vos disso;
Eu, minha senhora.
Conheço certo homem que perto sente
De si a morte chegada certamente;
Vede quem é e tende-o em mente;
Eu, minha senhora.
Conheço certo homem, escutai isto:
Que por vós morre e vós desejais que ele parta;
Vede quem é e não vos esqueçais dele;
Eu, minha senhora.
Poesia épica
O reino do mito, que, como vimos, é a base de uma linguagem poética, desenvolverá os três gêneros principais da literatura. Tragédias, como a de Édipo ou a de Prometeu, baseiam-se em mitos da cultura grega, e procuram aproximar suas verdades ao conhecimento da população. O mesmo se dará com a epopeia, que serve à representação dos mitos fundadores que formaram determinada cultura muito tempo atrás. São as histórias que identificam um povo a um herói, por exemplo. Em ambos os casos, no drama e na épica, o referente é bastante forte na construção do
sentido, e o autor é o sujeito que soube construir a história desse referente (um país, um herói, uma guerra) de forma atrativa para o público.
A poesia lírica, todavia, exige um movimento diferente, essencialmente interior. No lugar da representação sobressai-se a expressão (como já havíamos visto que no lugar da comunicatividade da linguagem comum ergue-se a expressividade da linguagem poética). O referente para a poesia lírica não está fora do sujeito, mas dentro dele – seja para quem a escreve como para quem a lê. “Exploração íntima dos sentimentos”, “introspecção individual”, “interioridade do criador”... são muitas as formas de definição do espírito da poesia lírica, mas todas esbarram em uma concepção íntima e sentimental, que receberá o nome integrador de subjetividade.
Vinicius de Moraes é o maior sonetista do modernismo brasileiro. O soneto é uma forma clássica de poesia, (italiano e significa pequeno som, trata de poema pouco extenso), e poucos no século
XX saberiam cultivá-lo e preservá-lo tão bem. Soneto de separação é um exemplo desse zelo e talento do criador de Garota de Ipanema. Nele encontram-se preservados os principais traços poéticos apresentados nesta aula.
A poética clássica
Classicus seria, pois, a divisão mais alta da sociedade romana, por isso, superior. Após alguns séculos de transformação, o adjetivo, para nós, mantém a mesma ideia viva: algo superior, especial, único. Uma animada partida de futebol entre uma equipe grande e outra do interior; as inesquecíveis músicas dos Beatles ou o artista novo mais interessante que ouvimos por acaso e já gostamos; e mesmo uma deliciosa picanha bovina servida em alguma churrascaria mineira ou uma pizza perfeita devorada em algum bistrô francês, por melhores que sejam, não são chamados clássicos do futebol, da música ou da culinária local.
A poesia de João Cabral de Melo Neto, por mais extraordinária que seja
poesia de João Cabral de Melo Neto, por mais extraordinária que seja (e é), da mesma forma não
deve receber a adjetivação de clássica, ao menos em seu sentido original, que buscamos aqui. A palavra determina uma linhagem, uma tradição elevada que deve ser preservada em sua forma e em seu efeito. Enfim, clássico é o que se impregna no tempo de tal forma que não apenas sobrevive à passagem dele, mas que cria lastro em produções futuras, age no tempo na forma de modelo.
O que se denomina gosto clássico é oriundo de preceitos vindos da Grécia e Roma antigas – sobretudo aos trabalhos dos já mencionados, Aristóteles, em sua Poética do século IV a.C., como também, Horácio, com sua Arte poética, já do primeiro século da Era Cristã. Classicismo, ainda, será denominado todo o pensamento ocidental posterior que recupera valores e espíritos originários do período clássico, como ocorreu no Renascimento, durante os séculos XV, XVI e XVII, e também em alguns momentos da cultura ocidental dos séculos seguintes, seja atendendo pelo nome de Arcadismo, seja Parnasianismo, este já na virada para o século XX.
É por conta dessa concepção clássica que o gênero lírico (muito mais do que o narrativo e o dramático) desenvolver-se-á dentro de um esquema rígido de regras e normas formais, que poeta nenhum poderia abrir mão. Em outras palavras, a concepção clássica determina que o fazer poético sempre siga um modelo prévio, aquilo que conhecemos por cânone ou tradição.
Até o surgimento da Era Moderna, e sua parcela artística e cultural, o romantismo, não existia o conceito literário de originalidade. Para nós, hoje, a originalidade de um artista é aquilo que mais valorizamos em sua obra, deve-se tal ideia às transformações surgidas na cultura ocidental a partir dos avanços da modernidade e da valorização de conceitos como indivíduo, direitos individuais e, por consequência, direitos autorais. Nada disso existia antes do século XIX e das transformações exercidas pelas revoluções burguesas no ocidente.
A tragédia shakespeariana mais conhecida, Romeu e Julieta, hoje renderia problemas jurídicos ao bardo inglês. A peça é adaptação de uma história da Antiguidade que, Shakespeare, melhor do que os outros recriadores dessa história original, reescreveu no final do século XVI para se tornar um dos mais conhecidos clássicos literários e a mais famosa história de amor proibido. Sendo assim, para as artes literárias pré-modernas, não interessa a um escritor a inventividade extrema, mas o conhecimento profundo dos modelos literários consagrados, para que, assim, ele possa reescrevê-los a seu modo. O poeta é, antes de tudo, um leitor especial, pois não apenas conhece os mais variados textos e autores clássicos, mas se inspira neles para poder, também ele, ser poeta. Para isso, devemos, então, conhecer as variadas formas que foramconsagradas à
arte lírica e se tornaram regras intransponíveis para os poetas durante muitos e muitos séculos.
Princípios básicos do lirismo de concepção clássica
A poesia, como qualquer atividade clássica, deveria cumprir com algum objetivo exterior a ela. Se à poesia moderna podemos conferir um sentido múltiplo e de finalidades variadas, tal heterodoxia não cabe à sua concepção clássica. O poeta romano Horácio afirmará serem dois os deveres da arte poética: agradar e educar. Ou seja, deve ela ser prazerosa, capaz de encantar seu público, mas deve, também, cumprir com desígnios pedagógicos: transmitir conhecimentos e reflexões que engrandeçam o espírito daqueles que a recebem. Para a poética horaciana (uma continuidade da poética aristotélica) é imperioso que haja um rigoroso limite entre os diferentes gêneros literários: “que em cada coisa guarde o lugar que lhe convém e que lhe coube em partilha”. (HORÁCIO, 1992, p. 29) Para ele, assim, ao lírico: “não basta que os poemas sejam belos, é preciso que sejam doces e transportem o espírito do ouvinte para onde quiserem.” (HORÁCIO, 1992, p. 29, grifos nossos)
Os poemas têm um aspecto harmônico, delicado, agradável: como as notas emitidas pelos poetas líricos da tradição oral, seja pela lira, seja pela tonalidade da pronúncia de sílabas e de palavras que formavam seu poema. E quanto à capacidade de transportar o espírito a outro lugar, embora seja uma característica ampla e comum a vários outros gêneros de arte, associa-se imediatamente à música, se refletirmos um instante a respeito da ebulição de sentimentos, lembranças e emoções que uma música pode provocar no espírito de quem a ouve. 
Justamente a linguagem lírica, por ser carregada de musicalidade, deve ser formada pela combinação de ritmo e som, que não são a mesma coisa. Por ritmo entende-se o que cabe à versificação, à divisão em versos do texto lírico, e à metrificação (o tamanho dos versos e a posição das sílabas tônicas) que podem ter variadas formas a gerar variados ritmos. E por som, entende-se as combinações e efeitos fônicos variados de que se vale o poeta na construção do discurso de sua poesia. Ambos, ritmo e som, compõem o que Barenboim chama de afirmação da tonalidade se fizermos uma correlação entre música e poesia lírica. 
Aspectos formais do discurso lírico
É preciso ter conhecimentos a respeito da escrita de poesia, especificamente sobre versos (metrificação), sons (sonoridade) e ritmo (prosódia). Versos: sempre que se fala em poesia se pensa em versos. Contudo, nem sempre se sabe a respeito do modo de constituição deles nas estrofes, tampouco o nome que se dá a tais estrofes. 
Sons: além dos versos, as rimas são frequentemente relacionadas à poesia para o senso comum. E com razão, pois há diversos modos de dispô-las no poema e de classificá-las. Tipos de classificação existentes:
No entanto, a rima não é obrigatória na poética clássica. E sem rima recebem o nome de brancos.
Além da rima, os poemas exploram outros recursos sonoros da língua, tais como:
»» Aliteração: repetição de sons consonantais.
»» Assonância: repetição de sons vocálicos.
»» Anáfora: repetição de palavras na mesma posição dos versos, seja início, seja fim.
»» Onomatopeia: reprodução de sons de objetos e animais (comum só na poesia moderna).
Ritmos: formados pela sucessão, no verso, de unidades rítmicas resultantes da alternância entre sílabas acentuadas (fortes) e não acentuadas (fracas), o ritmo é fundamental à percepção da linguagem poética. Isso se dá por conta da natureza oral e musical da poesia, como já falamos. Ele não nasce por acaso, mas a partir das escolhas do poeta na formação de seus versos no poema.
Na tradição clássica, distinguem-se os versos que respeitam certa sequência de sílabas longas (tônicas, fortes) e breves (átonas, fracas) pelo nome de pés da seguinte forma:
»» pé jâmbico: uma longa e uma breve / - U /
»» pé trocaico ou troqueu: uma breve e uma longa / U - /
»» pé espondeu: duas longas / - - /
»» pé dátilo: uma longa e duas breves / - U U /
»» pé anapesto ou anapéstico: duas breves e uma longa / U U - /
Esse aspecto poético diz respeito à prosódia, que trata da pronúncia adequada dos sons formadores das palavras, sobretudo sílabas tônicas, fundamentais à musicalidade.
Expliquemos: a prosódia lusitana não é a mesma que a brasileira, dadas as diferenças sintáticas e sonoras das duas formas de expressão da língua portuguesa, levando um poeta português como Cesário Verde a adotar sons diferentes do baiano Castro Alves, por exemplo. Assim como, dentro do Brasil, compositores de partes diferentes do País trabalham a sonoridade das palavras de acordo com seu sotaque.
A POESIA LÍRICA CLÁSSICA – TIPOS DE POEMAS
A partir do modernismo uma verdadeira revolução rítmica acontece na poesia: são os versos livres. Trata-se de construir versos sem limites específicos de número de sílabas, nem de regras de colocação da sílaba forte – duas obrigações da poética clássica. 
Versos regulares: Recebem esse nome por exigir da metrificação um limite claro, uma ordem, um tamanho regular. Além disso, a composição clássica define de antemão as sílabas mais indicadas para receber a acentuação sonora de acordo com o metro de cada verso. Ou seja, se um poeta definia que seus versos teriam cinco sílabas métricas, a regra exigia que ele colocasse as sílabas tônicas na segunda e na quinta sílabas; ou na terceira e na quinta, ou, ainda, na primeira, terceira e quinta.
3 
Denominamos esta regra de esquema rítmico, ver planilha, pag.28.
É evidente que alguns poetas, mesmo de orientação clássica, escapavam em alguns raros momentos à rigidez da escrita poética. Contar sílabas métricas não é o mesmo que contar sílabas gramaticais. Deve-se, pois, escandir o verso, que significa separar suas sílabas poéticas. Para tal, é necessário se lembrar de duas premissas: a primeira é a de que se deve interromper a contagem na última sílaba métrica, caso haja outra(s) depois dela, deve(m) ser ignorada(s); e a outra é a de que temos que respeitar a prosódia, isto é, a sonoridade das sílabas para agrupar os sons corretamente – especialmente quando se trata de hiatos, caso em que o encontro de duas vogais, mesmo que em palavras diferentes, forma uma só sílaba métrica. 
Observe a escansão do verso a seguir, de seis sílabas, de Cecília Meireles:
Há noite? Há vida? Há vozes? Há – noi – tehá – vi – dahá – vo - (zes)
Cabe ainda uma observação a respeito da constituição dosversos. Em alguns poemas, um verso engendra um período que só será terminado no(s) verso(s) seguinte(s), ou seja, ele ainda está incompleto quanto ao sentido e quanto à sintaxe, mas será concluído mais à frente. Trata-se do encadeamento ou enjambement, que em francês significa cavalgamento. Tal recurso, contudo, não altera em nada o método de escandir versos que acabamos de ver.
Tipos de poemas que formam o ritual antigo da expressão lírica:
»» Soneto: originário da Idade Média, provavelmente da Itália, o sonetto, do provençal sonet, de som, melodia, canção, é o mais consagrado poema de forma fixa, até mesmo já na modernidade. Trata-se de poema de quatorze versos, cuja disposição alterna-se em duas formas principais. O soneto petrarqueano é o mais conhecido por nós, brasileiros. Consagrado pelo poeta italiano Petrarca, sua estrofação se dá com dois quartetos e dois tercetos, seguindo o esquema de rimas: ABAB ABAB CCD CCD ou ABAB ABAB CDC DCD. Já o soneto inglês ou shakespeariano, forma escolhida inclusive por Fernando Pessoa (muito por conta de este ter principiado os estudos em escola anglófona, quando criança e adolescente na África do Sul), conta com três quartetos e um dístico, seguindo o esquema de rimas ABAB CDCD EFEF GG. O metro do soneto, originalmente, era o decassílabo, tendo passado posteriormente ao verso alexandrino. Obviamente, com o decurso da modernidade, várias formas diferentes de se reescrever o soneto surgiram. Na literatura brasileira, Gregório de Matos, Cláudio Manoel da Costa, Álvares de Azevedo, Olavo Bilac, Cruz e Souza, Viniciusde Moraes e tantos outros poetas cultivaram e recriaram essa forma fixa de acordo com suas linguagens e temas poéticos. Luís de Camões, o patriarca da poesia de língua portuguesa, foi grande sonetista e é a base mestra dos primeiros sonetistas brasileiros, como os três primeiros que acabamos de citar. O exemplo a seguir é um de
seus sonetos mais famosos, que narra o amor de Jacob por Raquel retirado do Gênesis:
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
(CAMÕES, 1997, p. 93)
»» Balada: latim, ballare (dançar), transformando-se no provençal balada e no francês ballade. No vocabulário musical moderno, balada é aquele tipo de canção lírica, de ritmo mais lento e, geralmente, centrado na descrição sentimental de seu compositor. Assim, para que fique mais claro, Yesterday, dos Beatles, é uma balada, mas Twist and shout, interpretada pela mesma banda, não. No universo literário medieval, quando a balada tem origem, esse espírito já estava presente. É um poema de forma fixa: geralmente, de quatro estrofes, três oitavas e uma quadra, ou, ainda, três décimas e uma quintilha. No modernismo, contudo, os poetas flexibilizaram a rigidez formal do poema, como no caso da “Balada do rei das sereias”, de Manuel Bandeira:
»» Canção: não se trata de gênero de forma fixa, como os dois anteriores, mas de texto
geralmente destinado ao canto – ainda que a poesia moderna tenha abolido tal exigência.
As cantigas de amor e de amigo, citadas anteriormente, são exemplos desse gênero, assim
como o poema de Cecília Meireles que nos serviu como análise. Na literatura brasileira,
contudo, não há canção mais famosa que esta de Gonçalves Dias, que reproduzimos
agora:
E por que Canção do exílio é uma canção? Observe a musicalidade do poema: as rimas com o
fonema /a/ (lá, cá, sabiá) são alternadas no poema produzindo uma marca sonora clara, além
da estrutura de repetições, sobretudo da primeira estrofe, funcionando como o refrão do poema.
»» Ode: forma oriunda da Antiguidade Clássica, originalmente era destinada ao canto e
acompanhada por flauta ou cítara; o nome vem do grego, oidê, o que significa canto.
Sua temática era já ampla, podendo contar grandes feitos heroicos, a personalidade
vitoriosa de um homem público, valores morais fundamentais etc. O que não se altera
é o aspecto positivo e celebrativo da ode, uma espécie de homenagem ou exaltação a
algo ou alguém, geralmente de forma solene e grave, ainda que não possua forma rígida,
seja de estrofação, metro ou rima. O poeta romano Horácio compôs várias odes, por
exemplo, sempre em louvor ao seu tema. Na modernidade, por sua vez, os poetas muitas
vezes compunham odes irônicas, que, no lugar da exaltação, colocavam a crítica no
discurso da poesia. Ode ao burguês, de Mário de Andrade, é um ótimo exemplo desse
recurso, cujo título já forma sonoramente a verdadeira intenção do poema, se lermos
ódio ao burguês, devido à similaridade sonora entre “ode ao” e “ódio ao” produzida
pelos encontros vocálicos. Outros bons exemplos são as odes de Álvaro de Campos, o
mais inflamado e incendiário heterônimo de Fernando Pessoa, como Ode marcial e
Ode triunfal, esta que reproduzimos alguns versos a seguir:
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
[...]
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
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A POESIA LÍRICA CLÁSSICA – TIPOS DE POEMAS • AULA 3
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões. (PESSOA, 2000, p.154)
Nessa famosa ode, o poeta não apenas encarna o discurso futurista do progresso, mas antecipa
certa concepção negativa do avanço tecnológico, especialmente naquilo que ele carrega de
desumano, venenoso, sem vida.
»» Elegia: composição também originária do período clássico, recebe esse nome por
tradicionalmente acompanhar temas tristes e melancólicos, o que o termo grego élégos
traduz: canto de luto. Na Antiguidade, contudo, o gênero se limita mais a uma questão
formal do que a essa temática. Ainda que o poema tratasse de assunto não essencialmente
melancólico, seria ele uma elegia se mantivesse a sua métrica original, o dístico elegíaco,
composto por um hexâmetro e um pentâmetro. Na modernidade, porém, a situação
se inverte, o traço formal torna-se menos importante do que a temática fúnebre. As
elegias na poesia moderna, pois, são poemas em torno de uma situação de tristeza, de
morte, de luto. Como exemplo, escolhemos um famoso poema de Carlos Drummond
de Andrade: Elegia 1938. O título faz menção ao momento em que o poeta escreve, às
vésperas da Segunda Guerra Mundial, em que o mundo se encontra em crise profunda,
como descreve o eu poético de Drummond, por conta, principalmente, das injustiças
da sociedade capitalista, simbolizada pela Ilha de Manhattan.
da sociedade capitalista, simbolizada pela Ilha de Manhattan.
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
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AULA 3 • A POESIA LÍRICA CLÁSSICA – TIPOS DE POEMAS
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan. (ANDRADE, 1997, p.45)
»» Haicai: muito distante do universo greco-romano, esse gênero lírico surge no
Japão. Vem de haiku, que significa cômico, sendo haikai poema cômico. Devemos
entender que o cômico, como utilizamos aqui, não significa engraçado, como se
há de supor, mas antes leve, capaz de entreter. Essa poesia está intimamente ligada
à filosofia zen-budista, tendo sido o mestre japonês Matsuo Bashô, no século XVII,
seu grande nome e cultivador. O poeta curitibano Paulo Leminski, inclusive, é autor
de uma interessante biografia do poeta nipônico, assim como dos princípios do
zen-budismo e do próprio haicai. Leminski é, ainda, um dos poetas modernos que
produziram haicais em português, assim como antes dele fizeram Guilherme de
Almeida e Manuel Bandeira.
O haicai deve, originalmente, ser um terceto iniciado e finalizado por um verso de cinco sílabas
(na tradição portuguesa conhecido comoredondilha menor), intercalado por um único verso
de sete sílabas (por sua vez, a redondilha maior). Na poesia japonesa não há rimas. Sua forma
curta serve ao propósito de condensar uma sensação, um sentimento, ou uma reflexão filosófica
– assemelhando-se bastante ao dito popular em nossa cultura. Guilherme de Almeida, nos dois
primeiros poemas a seguir, reproduz fielmente a forma original do haicai; já Paulo Leminski,
cujos poemas seguem posteriormente, não se prende à forma fixa da poesia japonesa:
Uma folha morta.
Um galho no céu grisalho.
Fecho a minha porta.
INFÂNCIA
Um gosto de amora
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A POESIA LÍRICA CLÁSSICA – TIPOS DE POEMAS • AULA 3
comida com sol. A vida
chamava-se “Agora”. (ALMEIDA, 1995, p. 25, 84)
o mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado
casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo
essa vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
saber é pouco
como é que a água do mar
entra dentro do coco?
-- que tudo se foda,
disse ela,
e se fodeu toda
MALLARMÉ BASHÔ
um salto de sapo
jamais abolirá
o velho poço
(LEMINSKI, 2001, pp. 60-88)
Cabe um comentário a respeito do último haicai: Leminski realiza um trocadilho misturando o
nome do poeta francês Stéphane Mallarmé com o do mestre japonês Matsuo Bashô. Isso porque
Mallarmé é famoso por um poema em que afirma que “um lance de dados jamais abolirá o
acaso”. Leminski, então, por meio da sonoridade da língua portuguesa, afirma que Mallarmé
“baixou”, como se diz recorrentemente quanto à incorporação de entidades nas religiões de
matriz africana e que, na linguagem cotidiana brasileira, transformou-se em sinal de mudança
ou de similaridade de comportamento que alguém possa demonstrar. Sendo assim, Mallarmé
38
AULA 3 • A POESIA LÍRICA CLÁSSICA – TIPOS DE POEMAS
“baixou” no poeta japonês, compondo um terceto novo, que recupera a tematização típica do
haicai original: o ambiente rupestre.
A importância de conhecermos os modelos clássicos dá-se justamente quando nos depararmos
com a poesia moderna, que será seu contraponto. E é desse ponto que iniciaremos nossa próxima
aula.
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Apresentação
Nesta aula confrontaremos a poesia clássica e tradicional, que discutimos nas aulas passadas,
com o advento da poesia moderna – cujas bases e princípios perduram, de certa maneira, até
o presente.
O mundo moderno, surgido na Europa entre os séculos XVIII e XIX, representou mais do que um
avanço no domínio da técnica, mas uma nova concepção de mundo e de sujeito que implica várias
mudanças na arte em geral e, mais especificamente, na poesia. A partir dessa nova concepção,
deveremos pensar os modos de expressão e representação que determinam agora a formação
de um novo discurso poético: o do homem moderno.
Autotélico é tudo aquilo que discorre sobre si mesmo, dentro de um círculo fechado, em
que a justificativa de sua existência e sua identidade já está exposta em sua forma. As regras
fechadas do lirismo, tanto formais, reunidas em diversas metrificações, estrofações e sons,
quanto temáticas, balizadas no sentido nobre e elevado exigido pela tradição clássica, sofreriam
abalos profundos a partir do fim do século XVIII, na virada para o século XIX, esta, a centúria
da modernidade. Para compreendermos os novos princípios da poética moderna, portanto,
devemos primeiramente entender melhor os desdobramentos históricos ocasionados a partir
da consolidação da modernidade e das revoluções burguesas que transformaram o mundo há
cerca de dois séculos e meio.
Aniagem
Convergem
Hierofantes: Adivinhos, bruxos.
Heteronimos: Autores fictícios.
Vocação adâmica:
Transcende
Gauche
Pasárgada
Ópio - que provoca adormecimento
Escárnio: caçoada, troça, zombaria
PROVA
Questão 2 objetiva
Questão 3
Questão 4
Questão 5
Questão 6
QUESTIONÁRIOS
De acordo com o que se viu sobre discurso poético, o que vai diferenciar um texto poético de um não poético:
Escolha uma:
a. é por ser escrito sempre em versos. 
b. é a não complexidade de sua produção e elaboração da linguagem; 
c. é o fato de ser produzido em forma de poema; 
d. é o fato de apresentar rimas; 
e. é a possibilidade que apresenta de multissignificações; 
O que não podemos dizer sobre o discurso poético e sobre a arte em geral:
Escolha uma:
a. é que possibilitam várias interpretações de quem os observa; 
b. é que expressam os desejos e as emoções do artista; 
c. é que eles representam o mundo fielmente. 
d. é que o artista os cria para dar vasão a seus pensamentos, ideias; 
e. é que  materializam as experiências subjetivas do artista; 
Na Arte Poética, Aristóteles, ao dividir a literatura em gêneros, conferiu menor importância ao:
Escolha uma:
a. gênero dramático, pois este era cartático; 
b. gênero lírico, pois este não tinha funções importantes como educar, por exemplo. 
c. ao gênero lírico, pois era de cunho educativo. 
d. gênero épico, pois este narrava as grandes conquistas e feitos de fundação; 
e. gênero dramático, pois este não apresentava questões da sociedade; 
Segundo o que se estudou, a poética clássica teve os seus princípios elaborados, inicialmente, por:
Escolha uma:
a. Horácio e Catulo; 
b. Horácio e Virgílio; 
c. Aristóteles e Horácio; 
d. Aristóteles e Catulo. 
e. Aristóteles e Virgílio; 
De acordo com o conteúdo sobre versificação, um verso branco é um verso:
Escolha uma:
a. que não tem métrica regular; 
b. que tem rimas ABBA; 
c. que apresenta doze sílabas métricas; 
d. que apresenta dez sílabas métricas; 
e. que não apresenta rimas esquematizadas. 
Os poetas que escrevem versos baseados na poética clássica não têm como características:
Escolha uma:
a. elaborar versos com cadência marcada; 
b. elaborar versos sem métrica regular; 
c. elaborar versos com métrica regular; 
d. elaborar versos com esquema regular de rimas; 
e. elaborar versos regulares; 
Assinale a alternativa abaixo que não tem relação com fatores que influenciaram a mudança paulatina da estrutura da poética clássica para a moderna:
Escolha uma:
a. as transformações políticas e culturais; 
b. as Revoluções Burguesas. 
c. a visão do homem a respeito do mundo; 
d. a manutenção da tradição; 
e. as transformações sócio-econômicas; 
Leia as assertivas abaixo e, sem seguida, marque a alternativa que apresenta correção em relação ao homem moderno e, consequentemente, ao fazer poético moderno:
I – O poeta moderno prioriza a tradição em detrimento do progresso;
II – O poeta moderno se transforma em um indivíduo que tem e sabe o que vai dizer;
III – O poeta moderno, como indivíduo e com olhar para o futuro, procura o diferente e o novo.
A resposta correta é: Somente a II e a III estão corretas..
A mulher, um dos temas mais cantados pela poesia, para o poeta moderno, representa;
Escolha uma:
a. uma mulher somente passiva como objeto de desejo. 
b. somente um ser idealizado pelo poeta; 
c. uma mulher que, aos poucos, revela-se como sujeito; 
d. apenas um símbolo de dor e sofrimento para o homem apaixonado; 
e. uma mulher que é cantada e falada somente como ser passivo; 
Em relação à sociedade, não podemos dizer que a poesia moderna mostra um homem:
Escolha uma:
a. em conformidade com a ordem; 
b. que critica as verdades públicas; 
c. contestador da ordem estabelecida; 
d. em constante oposição a ela; 
e. que procura a justiça. 
Para a análise de um poema, além do nosso conhecimento de mundo e de poética, entram em jogo as observações sobre níveis da língua/linguagem usada. Sabendo disso, marque a opção que apresenta uma análise que diz respeito a uma observação da sintaxe do poema;
Escolha uma:
a. verificar a presença de métrica no poema e se elas denotam sentido; 
b. verificar a apresentação de neologismos significativos; 
c. Verificar como as palavras são arrumadas no branco do papel para significar; 
d. verificar a presença de rimas no poema e se elas denotam sentido; 
e. verificar a apresentação de elementos conectivos entre os versos, conferindo sentido; 
Abaixo temos afirmativas sobre como a poesia, o discurso poético é importante para o homem. Analise-as e, depois, marque a alternativa certasobre isso:
I – O discurso poético proporciona ao homem uma fuga do alienante discurso midiático.
II – O discurso poético é um discurso também de resistência diante do mundo capitalista.
III – O discurso poético faz o homem conhecer melhor a si mesmo e manter a sua sensibilidade.
A resposta correta é: Todas estão corretas;.
TEXTO DA ESTAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Tributo a J. G. Rosa
 
Passarinho parou de cantar.
Essa é apenas uma informação.
Passarinho desapareceu de cantar.
Esse é um verso de J. G. Rosa.
Desapareceu de cantar é uma graça verbal.
Poesia é uma graça verbal.
 
Barros, Manoel. Tratado geral das grandezas do ínfimo. RJ: Record, 2001.
ISBN: 85-01-06266-9
ESTAÇÃO DE COMPETÊNCIA – 2018.2
	Pontos pertinentes relativos ao que você aprendeu sobre o discurso poético e que possam servir de base para a sua leitura desse poema.
	Responder em até 10 linhas
O discurso poético se difere do gênero informativo quando traz significados universais de compreensão humana, na qual, é preciso de análise visual, sintática, lexical, semântica e sonora para captar mensagem. A poesia teve dois momentos: a clássica e a moderna. A clássica foi composta de sonetos, elegias, baladas, a canção, a ode e o haicai, havendo a metrificação regular, já na fase moderna surgem os versos livres, a originalidade e a autoria. O eu lírico é considerado um profeta, antes ponderando a inspiração em sua criação, e hoje, ponderando o consciente tratado pelo estudo da psicanálise.
	Fazer um comentário sobre a mensagem do poema, a sua forma e os seus jogos verbais.
	Responder em até 10 linhas
O poema é escrito em seis versos livres, com aliteração por se tratar das rimas com mesmas classes gramaticais, com jogos verbais repetitivos, mas que brincam com a sonoridade e ritmo. O sentindo do poema é amplo quando o autor inicia um texto informativo e logo insere termos poéticos que traz à tona a reflexão sobre a diferença entre um gênero informativo de um gênero poético. Verifica-se a liberdade verbal na alteração do verbo parou em "desapareceu de cantar" e "graça verbal", dando um novo trabalho à linguagem, e expressando uma nova maneira subjetiva de ver o mundo.
	Diferenciar informação e poesia, a partir dessa ‘aula’ em três versos que o poeta nos oferece no poema.
	Responder em até 10 linhas
O poeta dá a informação que o passarinho parou de cantar e explica ser apenas uma informação, mas altera o verbo "parou" por "desapareceu", e, neste momento, verifica-se que só receber a mensagem não faz sentido, mas sim, é imprescindível analisar todo o poema e interpretar essa subjetividade criada pelo eu lírico. Quanto informa que é um verso de J.G. Rosa, descobre-se um tributo sobre um poeta importante, e no último verso em “graça verbal”, encontra-se a liberdade da linguagem nesse poema. A forma em que foi escrita no papel, como um poema, já nos leva visualmente a crer que a mensagem é poética, assim como a leitura sonora ao pausar no final de cada verso.
	Trazer um exemplo de verso ou poema inteiro com os qual você possa explicar a definição que o eu lírico dá para poesia: “Poesia é uma graça verbal.”
	Responder em até 5 linhas + o verso ou poema
O poema supera a ordem sintática da linguagem. Utiliza a "graça verbal" em seus verbos ao trazer a reflexão subjetiva e não mera informação. Brinca com o verbo "inventar" e "estar", ou até mesmo o “start” (começar em português), que causa nova linguagem verbal. Como significado analisa-se que agora, entendemos a arte, não como trabalho inventado, mas material vivo que nos inventa.
A arte
parte
da obra
de inventar-se
para start(e)
inventando
Autor: Poe.siemos 
Instagram: @poesiemos
	Pesquisar quem é J. G. Rosa.
	Responder em até 10 linhas
João Guimarães Rosa, contista, novelista, romancista e diplomata, nasceu em Cordisburgo, MG, em 27 de junho de 1908, e faleceu no RJ, em 19 de novembro de 1967. Tornou-se capitão médico, por concurso, da Força Pública do Estado de MG. Sua estreia literária deu-se, em 1929 e em 36, a coletânea de versos Magma, obra inédita, recebe o Prêmio Academia Brasileira de Letras. Também recebeu o Prêmio Filipe d'Oliveira pelo livro Sagarana (1946); Grande sertão: Veredas recebeu o Prêmio Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro, o Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1956) e o Prêmio Paula Brito (1957); Primeiras estórias recebeu o Prêmio do PEN Clube do Brasil (1963).
Fonte: www.academia.org.br/academicos/joao-guimaraes-rosa/biografia
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	2,0
	 Texto claro e coerente. 
	Atendeu ao tema (2,0)
	2,0
	 Dentro do tema proposto. 
	Adequação do conteúdo (4,0)
	2,0
	 Na primeira questão, você falou da poesia, ok. Mas faltou você analisar e interpretar o poema.
	Pensamento crítico (1,0)
	1,0
	  Apresenta raciocínio lógico e crítico.
	Texto autoral (1,0)
	1,0
	  Autoria do aluno.
	Pontuação total (10,0):
	8,0
	 Bom.

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