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Livro Texto - Unidade II

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97
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Unidade II
5 O LABORATÓRIO CLÍNICO NA AVALIAÇÃO DOS EXAMES CITOPATOLÓGICOS 
GINECOLÓGICOS
Os exames ginecológicos incluem:
•	 o Papanicolau, que avalia a integridade do epitélio do colo do útero e da vagina;
•	 os exames de imagem e as biópsias, importantes para prevenir e diagnosticar o câncer e outras 
patologias da mama e dos demais órgãos do sistema reprodutor feminino;
•	 as dosagens hormonais, que serão abordadas mais adiante.
Vamos conhecer os principais exames ginecológicos?
5.1 Papanicolau
O exame de Papanicolau consiste na coleta de uma amostra de células do colo uterino e da vagina. Essa 
amostra é processada e recebe corantes específicos, para que, então, seja possível sua análise ao microscópio.
Esse exame é uma importante ferramenta de rastreamento das afecções que atingem o sistema 
reprodutor feminino. Afinal, as alterações na morfologia das células do colo do útero e da vagina podem 
indicar uma série de doenças, por exemplo, as infecções e o câncer.
Para entendermos quais são essas alterações, vamos, em um primeiro momento, conhecer as 
principais características das células do epitélio do colo uterino e da vagina.
5.1.1 Principais características do epitélio do colo do útero e da vagina
O colo uterino apresenta dois orifícios: óstio interno, que fica em contato com o istmo do útero, e 
o óstio externo, que está em contato com o canal vaginal. O espaço entre esses dois óstios é conhecido 
como canal do colo uterino.
As células que revestem o colo uterino são organizadas de acordo com dois padrões distintos, descritos 
a seguir.
•	 A endocérvice é o epitélio que reveste o canal do colo uterino. Ela é constituída de epitélio 
colunar simples.
98
Unidade II
•	 A ectocérvice reveste a porção do colo uterino que está em contato com o canal vaginal. Ela é 
constituída pelo epitélio escamoso estratificado não queratinizado, cujas células estão organizadas 
em múltiplas camadas (de 15 a 20).
O epitélio escamoso do colo uterino revela uma única camada de células basais arredondadas, com 
grandes núcleos de coloração escura e citoplasma escasso, unidas à membrana basal.
As células basais dividem‑se e diferenciam‑se em células parabasais, que constituem as próximas 
camadas. Essas células também têm núcleos relativamente grandes e diferenciam‑se em células 
intermediárias que, por sua vez, diferenciam‑se em células superficiais. As células intermediárias e 
superficiais estão mais próximas da superfície do colo uterino e apresentam grande quantidade de 
glicogênio em seu citoplasma.
O epitélio colunar que recobre o canal endocervical é constituído por uma única camada de células 
altas que permanecem próximas à membrana basal e apresentam núcleos de coloração escura. Por 
ter uma só camada de células, ele apresenta altura menor que o epitélio escamoso estratificado do 
colo uterino.
A junção escamocolunar (JEC) apresenta‑se como uma linha com um “degrau”, em razão da distinção 
de altura dos epitélios escamoso e colunar. Sua localização varia durante a vida da mulher, em resposta 
à idade, ao estado hormonal, ao uso de contraceptivos hormonais e a certas condições fisiológicas, 
como a gravidez.
A maioria das células do epitélio escamoso da ectocérvice apresenta, em seu interior, reservas 
de glicogênio. Essa é a principal diferença em relação ao epitélio colunar da endocérvice, que não 
apresenta glicogênio. Tal característica é evidenciada durante o exame de colposcopia, quando o 
profissional adiciona iodo de lugol ao colo uterino. Apenas as células que possuem glicogênio (ou 
seja, apenas as células do epitélio escamoso) coram‑se de marrom, o que permite identificar a junção 
escamocolunar (junção entre a endocérvice e a ectocérvice).
A JEC visível desde a infância até o início do período reprodutivo reproduz a junção entre o epitélio 
colunar e o epitélio escamoso “original” formado durante a embriogênese e a vida intrauterina e, por 
esse motivo, é denominada JEC original.
A zona de transformação é a região que se estende entre a JEC original e a JEC funcional. Esse 
espaço é revestido por epitélio escamoso metaplásico, produtor de glicogênio, que se forma a partir da 
proliferação das células de reserva.
As células metaplásicas são cuboides, subcolunares e indiferenciadas. Sua origem não foi bem 
estabelecida, mas acredita‑se que se formem a partir do epitélio cilíndrico, em resposta ao pH ácido 
vaginal. A identificação da zona de transformação durante a coleta do exame citológico é de grande 
importância, pois é nessa região que se estabelece a maioria das lesões precursoras do câncer do 
colo uterino.
99
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Logo que a total maturação do epitélio ocorre, como resultado da atuação dos estrógenos, a picnose 
nuclear das células superficiais madura representa a evidência morfológica da atividade estrogênica. 
A propriedade do citoplasma de corar em rosa é relacionada à sua afinidade química com a eosina, um 
corante ácido utilizado na técnica de Papanicolau. Contudo, a coloração eosinofílica não é específica, 
e o citoplasma pode assumir as cores azul ou verde. No citoplasma das células superficiais, podem ser 
vistos grânulos pequenos (grânulos querato‑hialinos) escuros, considerados precursores de queratina, 
que, contudo, não é produzida em condições normais.
Para diferenciar uma célula intermediária de uma célula superficial, é fundamental a análise da 
estrutura nuclear. Enquanto o núcleo da célula intermediária é vesicular, com cromatina delicada 
uniformemente distribuída e cromocentros (condensações de cromatina), o núcleo da célula superficial 
é picnótico, ou seja, com cromatina condensada, sem evidência de granulação.
Todas as características citadas anteriormente são detectáveis ao microscópio após o processamento 
e a coloração das amostras do esfregaço cervicovaginal. Agora vamos entender como essas etapas 
são realizadas.
5.1.2 Etapas do exame de Papanicolau
Segundo o Manual de citopatologia diagnóstica (MIZIARA; GAMBONI, 2013), as condições para a 
coleta de uma amostra cervicovaginal adequada são as que seguem.
•	 O exame não deve ser efetuado durante a menstruação ou antes de 3 dias após o fim do último 
período menstrual.
•	 Nas 48 horas anteriores ao exame, a paciente não deve ter feito duchas vaginais, tido relações 
sexuais nem ter utilizado absorventes internos, cremes, espermicidas ou medicamentos pela via 
vaginal, assim como não deve ter sido submetida a procedimentos ginecológicos (colposcopia, 
ecografia transvaginal, endoscopia ginecológica ou histeroscopia).
•	 Se a paciente estiver com amenorreia ou na menopausa, o exame pode ser executado a qualquer 
momento. Em caso de realização de biópsia ou de outro tipo de manobra no colo uterino, é 
preciso esperar, pelo menos, 20 dias antes de efetuar a coleta.
O manual técnico para o cuidado do câncer do colo do útero (BRASIL, 2002b) sugere que o primeiro 
passo é o preenchimento apropriado da ficha do pedido do exame citopatológico, com letra legível 
e com todos os dados pertinentes da paciente e da unidade de saúde. A técnica de coleta deve ser 
adequadamente executada na ectocérvice e na endocérvice, com o uso da espátula de Ayres e da escova 
tipo campos da paz.
A coleta inicia‑se pela introdução do espéculo vaginal sem lubrificante, para evitar contaminação da 
amostra. Esse instrumento é introduzido no canal genital para a visualização do colo uterino.
100
Unidade II
Depois de retirar com algodão o excesso de muco, secreção ou sangue, a espátula de Ayres é 
apoiada no canal endocervical, para a raspagem suave da JEC a partir de movimento de rotação de 
360°. A amostra do fundo de saco posterior da vagina também é obtida pela mesma técnica, com a 
extremidade romba da espátula de Ayres.
A espátula é deixada em repouso sobre o espéculo e imediatamente é realizada a coleta do material 
endocervical. A escova designada especialmente para essa finalidade é inseridaatravés do orifício 
cervical externo, sendo executada uma rotação completa no canal, que pode ser finalizada com um 
movimento de vaivém, com cuidado para não traumatizar a mucosa.
A) B) C)
Figura 7 – Etapas da coleta tríplice de amostras cervicovaginais: A) coleta do fundo de saco posterior 
da vagina; B) coleta da ectocérvice; C) coleta da endocérvice
Adaptada de: Barros et al. (2012).
O material coletado pode ser estendido diretamente sobre uma lâmina histológica ou, ainda, 
preservado em meio líquido, o que diminui a probabilidade de resultados falso‑negativos.
Quando o material é depositado diretamente sobre a lâmina, ele deve ser uniformemente distribuído, 
constituindo uma camada fina e sem destruição celular.
A amostra ectocervical deve ser disposta no sentido transversal, na metade superior da lâmina, 
próximo da região fosca, previamente identificada com as iniciais da mulher e o número do registro.
O material retirado da endocérvice deve ser colocado na metade inferior da lâmina, no sentido 
longitudinal. O esfregaço obtido deve ser imediatamente fixado para evitar o dessecamento do material.
Quando o material é acondicionado em meio líquido, todo o processamento e a montagem das 
lâminas são feitos de maneira automatizada. Assim, 100% das células coletadas podem ser analisadas.
Após a deposição da amostra nas lâminas, é realizado seu processamento, que envolve diversas 
etapas. Vamos conhecê‑las?
•	 Hidratação: processo no qual o material citológico é hidratado em banho de água corrente para 
facilitar a interação com o primeiro corante, que é de base aquosa.
101
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 Coloração com hematoxilina: a hematoxilina é um corante básico, portanto, cora os componentes 
celulares ácidos, principalmente o DNA nuclear, de roxo.
•	 Desidratação: processo realizado pela imersão do material citológico em concentrações 
crescentes de álcool para que as células se combinem com o próximo corante, que é de base 
alcoólica. A desidratação também elimina traços de água que poderiam prejudicar a transparência 
da preparação, pela formação de gotas opalescentes. A passagem por esses álcoois também auxilia 
na remoção do excesso de hematoxilina.
•	 Coloração com orange G: o orange G é um corante ácido, portanto, cora os componentes 
celulares básicos presentes no citoplasma. Utiliza‑se, para este fim, o EA‑36 ou o EA‑65.
•	 Diafanização: nessa etapa, é fundamental que o material seja intensamente desidratado. Esse 
processo é realizado por imersão em xilol, um agente clarificante e solvente que diminui a 
opacificação das células, criando uma condição de transparência necessária para a visualização 
de detalhes celulares.
•	 Montagem das lâminas: com meio de montagem (bálsamo do Canadá sintético) ou verniz 
automotivo.
 Observação
O exame de Papanicolau, apesar de ser padronizado, pode sofrer 
variações em razão da disponibilidade de insumos e/ou de reagentes.
Após a avaliação, ao microscópio, os resultados do Papanicolau são relatados como normais, anormais 
ou insatisfatórios.
Um resultado de Papanicolau normal, ou negativo, indica que nenhuma evidência de células anormais 
foi encontrada na amostra. Um resultado de Papanicolau anormal, ou positivo, indica que foram 
detectadas células anormais na amostra e que podem ser necessários tratamentos ou teste adicional.
As alterações anormais das células escamosas, que constituem a ectocérvice, são classificadas 
conforme descrito a seguir.
•	 Células escamosas atípicas: têm significado indeterminado, ou seja, sua presença não permite 
excluir lesão intraepitelial escamosa de alto grau. Trata‑se do achado anormal mais comum em 
um exame de Papanicolau. Essas células atípicas podem ser relatadas como células escamosas 
atípicas de significado indeterminado (ASC‑US) ou células escamosas atípicas, não podendo 
excluir uma lesão intraepitelial escamosa de alto grau (ASC‑H). Ambos os resultados indicam que 
as células cervicais parecem anormais ao microscópio, mas o significado das alterações celulares 
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Unidade II
não é claro. Um resultado de ASC‑H indica que as células podem estar em maior risco de se tornar 
cancerosas do que um resultado de ASC‑US.
•	 Lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL): também chamadas de displasia leve, 
englobam a NIC1 (neoplasia intraepitelial cervical grau 1) e as infecções por HPV. Esse resultado 
indica que o exame de Papanicolau detectou alterações celulares leves. Um resultado de LSIL pode 
não exigir tratamento, pois essas alterações geralmente são resolvidas pelo sistema imunológico, 
especialmente em pessoas mais jovens.
•	 Lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (HSIL): também chamadas de displasia moderada 
ou grave, abrangem o NIC2 e o NIC3. Esse resultado indica que foram detectadas alterações 
celulares mais prováveis do que as LSILs de progredir para câncer se não forem tratadas.
•	 Carcinoma in situ (CIS): esse resultado indica que alterações celulares mais graves foram 
encontradas durante o exame de Papanicolau. Essas alterações parecem semelhantes ao câncer 
invasivo do colo do útero, mas ainda não se espalharam para além da superfície do órgão. É provável 
que o CIS progrida para carcinoma invasivo se não for tratado.
•	 Carcinoma invasor de células escamosas: esse resultado indica que as células escamosas 
anormais se espalharam mais profundamente no colo do útero ou em outras partes do corpo.
As alterações celulares anormais das células glandulares, que constituem a endocérvice, são 
classificadas conforme descrito a seguir.
•	 Células glandulares atípicas (AGC): um resultado de AGC indica que células glandulares 
anormais foram vistas ao microscópio, mas o significado dessas alterações celulares não é claro.
•	 Adenocarcinoma endocervical in situ (AIS): esse resultado significa que alterações celulares 
mais graves foram encontradas, mas ainda não se espalharam para além do tecido glandular do 
colo do útero.
•	 Adenocarcinoma: é um tipo de câncer do colo do útero que começa nas células glandulares. Esse 
resultado indica que células glandulares anormais se espalharam mais profundamente no colo do 
útero ou em outras partes do corpo.
Além de detectar a presença de alterações celulares no tecido escamoso e glandular, o Papanicolau 
permite o diagnóstico de vários outros tipos de anormalidade. Alguns exemplos são citados a seguir.
•	 Células endometriais. Um exame de Papanicolau pode detectar células endometriais, que 
são células que revestem o útero. Embora essas células possam estar presentes em indivíduos 
saudáveis durante a menstruação, elas não devem estar presentes em uma amostra cervical após 
a menopausa. Como esse achado pode ser normal em pacientes jovens, as células endometriais 
são relatadas apenas em resultados de Papanicolau para pacientes com 45 anos ou mais.
103
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 Outros tipos de câncer. Embora não seja o objetivo principal de um exame de Papanicolau, esse 
teste às vezes pode detectar células cancerígenas não relacionadas ao câncer do colo do útero. 
Um exame de Papanicolau pode detectar células cancerosas das trompas de falópio, dos ovários, 
do endométrio, do peritônio, da vulva ou da vagina.
•	 Infecções e/ou inflamações. O teste de Papanicolau pode detectar infecções, como a vaginose 
bacteriana, a candidíase, a gonorreia e a infecção por clamídia, e, também, a inflamação do colo 
do útero, secundária a infecções ou a outras causas.
Vale ressaltar que resultados classificados como insatisfatórios indicam que a amostra de células 
cervicais obtida para o teste não tinha células suficientes na lâmina para ser examinada ou a qualidade 
da lâmina não era satisfatória. Resultados insatisfatórios podem ser seguidos por um novo Papanicolau.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a coloração de Papanicolau e os interferentes do 
método, leia o artigo a seguir:
SILVA, G. P. F.; CRISTOVAM, P. C.; VIDOTTI, D. B. O impacto da fasepré‑analítica na qualidade dos esfregaços cervicovaginais. RBAC, 2016. 
Disponível em: https://bit.ly/3SdoqVk. Acesso em: 21 set. 2022.
É importante ressaltar que o câncer do colo uterino é causado por alguns tipos do papilomavírus 
humano, também conhecidos como HPV. Portanto, uma vez que forem obtidos resultados anormais 
no exame de Papanicolau, o médico pode solicitar a realização de testes de biologia molecular para 
identificar qual subtipo de HPV está infectando a mulher, pois existem tipos associados com um risco 
maior de desenvolvimento de câncer.
A infecção por HPV talvez seja a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum, pois atinge, 
segundo alguns especialistas, 80% das mulheres. O vírus é transmitido pelo sexo vaginal, oral ou anal. 
Muitas mulheres não sabem que têm HPV porque, geralmente, não apresenta sintomas.
Na maioria das pessoas, a infecção pelo HPV é autolimitada, ou seja, desaparece espontaneamente. 
No entanto, nos casos em que ela persiste, além do câncer do colo uterino, outras doenças podem 
aparecer, por exemplo:
•	 outros cânceres genitais (câncer de vulva, de vagina, de pênis ou de ânus);
•	 câncer de orofaringe;
•	 verrugas genitais;
•	 papilomatose respiratória recorrente (uma condição rara que causa crescimento de verrugas no 
trato respiratório).
104
Unidade II
Como o câncer do colo do útero precoce não causa sintomas, é vital que as mulheres façam exames 
de rastreamento regulares para detectar quaisquer alterações pré‑cancerosas no colo do útero que 
possam levar ao câncer. As diretrizes atuais recomendam que as mulheres de 21 a 29 anos façam o 
exame de Papanicolau a cada três anos.
Mulheres de 30 a 65 anos são aconselhadas a continuar fazendo o teste de Papanicolau a cada 
3 anos, ou a cada 5 anos, se também fizerem o teste de DNA do HPV ao mesmo tempo. Mulheres com 
mais de 65 anos podem interromper o teste se tiverem 3 exames de Papanicolau normais seguidos ou 
2 exames de DNA do HPV e Papanicolau sem resultados anormais.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a infecção pelo vírus HPV em populações 
específicas, leia o artigo a seguir:
SOUSA, G. P. et al. Aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção 
genital pelo papilomavírus humano em gestantes do município de 
Imperatriz, estado do Maranhão, Brasil. Revista Pan‑Amazônica de Saúde, 
Ananindeua, v. 9, n. 3, set. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3S2mI9B. 
Acesso em: 21 set. 2022.
5.2 Diagnóstico das doenças da mama
A grande maioria das lesões que ocorrem na mama são benignas. Muita preocupação é dada às lesões 
malignas da mama porque o câncer de mama é a malignidade mais comum em mulheres nos países 
ocidentais. No entanto, as lesões benignas da mama são muito mais frequentes do que as malignas.
Com a realização da mamografia, da ultrassonografia, da ressonância magnética e das biópsias por 
aspiração com agulha fina, o diagnóstico das doenças da mama, tanto benignas quanto malignas, pode 
ser realizado sem cirurgias, na maioria das pacientes.
As doenças benignas da mama incluem a mastite (inflamação do tecido mamário), a ectasia do 
ducto mamário (inflamação periductal que mimetiza clinicamente o carcinoma invasivo), a necrose 
gordurosa da mama (secundária a traumas ou associada a um carcinoma), os cistos (estruturas redondas 
ou ovoides cheias de líquidos) e a metaplasia apócrina (presença de células metaplásicas revestindo os 
ductos dilatados).
 Observação
As doenças da mama, apesar de acometerem principalmente as 
mulheres, também podem atingir a população masculina.
105
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Os diferentes tipos de câncer de mama são as principais doenças malignas desse órgão. Seu diagnóstico 
é realizado a partir das metodologias descritas a seguir.
A mamografia usa raios x de baixa dose para captar imagens da mama. Sua realização periódica 
aumenta as chances de uma mulher encontrar câncer de mama precocemente.
O ultrassom pode ser extremamente útil para ajudar o radiologista a interpretar uma mamografia. 
Na mamografia, tanto o líquido (um cisto) quanto o tecido sólido (um tumor) parecem iguais (brancos). 
No ultrassom, os dois parecem muito diferentes, e o radiologista pode usar o ultrassom para observar 
mais de perto a área branca e determinar se é um cisto ou tecido sólido.
O ultrassom também pode ser uma boa ferramenta para diagnosticar câncer de mama em mulheres 
com 45 anos ou menos. Às vezes, também é usado junto com a mamografia para rastreamento do 
câncer de mama em uma mulher com tecido mamário denso. Todavia, o ultrassom não consegue 
captar os pequenos detalhes que a mamografia consegue, o que significa que não consegue encontrar 
microcalcificações, que geralmente são o primeiro sinal de câncer. Para o rastreamento geral do câncer 
de mama, a mamografia continua sendo a melhor ferramenta de rastreamento.
A biópsia é a retirada de uma amostra do tecido acometido para sua análise ao microscópio. A biópsia 
com agulha fina (como a usada para tirar sangue) retira apenas algumas células do nódulo, enquanto a 
biópsia com agulha maior, chamada de núcleo, corta um pequeno pedaço do nódulo.
A biópsia pode ser feita em um consultório médico, mas normalmente é feita em uma sala onde 
o radiologista, ou o cirurgião, pode usar o ultrassom para garantir que a agulha faça biópsias na 
área correta.
No passado, as mulheres que procuravam testes genéticos para câncer de mama seriam testadas 
apenas para as mutações genéticas nos genes BRCA1 ou BRCA2. Agora, é possível fazer um painel 
genético de câncer a partir da procura de mutações em outros genes.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o câncer de mama na população masculina, 
recomenda‑se o seguinte artigo:
BONFIM, R. J. A. Câncer de mama no homem: análise dos aspectos 
epidemiológicos, clínicos e terapêuticos em serviço formal brasileiro. Revista 
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 35, n. 11, nov. 2013. Disponível em: 
https://bit.ly/3LvQMbh. Acesso em: 21 set. 2022.
106
Unidade II
6 O LABORATÓRIO DE HEMATOLOGIA: AVALIAÇÃO DOS EXAMES HEMATOLÓGICOS E 
CORRELAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS
O sangue é tecido essencial para a manutenção da vida. Ele realiza o transporte dos gases 
respiratórios (O2 e CO2) e dos nutrientes para todos os sistemas do nosso organismo e, também, dos 
restos do metabolismo para as vias de excreção. Além disso, o sangue desempenha papel essencial na 
efetivação da inflamação e da imunidade.
O sangue é composto de uma matriz líquida, denominada plasma, rica em proteínas, em íons e em 
outras moléculas. Em suspensão, nesse líquido, são encontrados diferentes tipos celulares, denominados 
elementos figurados do sangue.
O plasma corresponde a aproximadamente 55% do sangue. Ele é constituído por água, na qual se 
encontram dissolvidos íons (sódio, potássio, cálcio, bicarbonato etc.), proteínas (albumina, globulinas 
etc.), glicose, vitaminas, hormônios e excretas nitrogenados, entre muitas outras moléculas.
Os elementos figurados do sangue correspondem a cerca de 45% do tecido. Essas células pertencem 
a três categorias principais, com funções específicas, listadas a seguir.
•	 As hemácias, também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos vermelhos, são responsáveis pelo 
transporte de O2 dos pulmões para o restante do organismo. Elas são as células mais numerosas 
do sangue e conferem a tonalidade vermelha ao tecido.
•	 Os leucócitos, ou glóbulos brancos, participam da defesa contra os corpos estranhos que entram 
em contato com nosso organismo, o que inclui os microrganismos causadores de doenças. De 
acordo com suas características estruturais e funções, os leucócitos são classificados em linfócitos, 
monócitos, eosinófilos, basófilos e neutrófilos.
•	 As plaquetas efetuam a coagulação sanguínea, o que é essencial para conter o sangramento 
quando ocorrem lesões. Elas não são células propriamente ditas, mas sim fragmentos de células 
maiores, denominadas megacariócitos.
Dada a riqueza de componentes do sangue e suas múltiplas funções, entendemospor que o 
hemograma, também conhecido como exame de sangue, é uma ferramenta útil para investigarmos 
muitas condições de saúde diferentes. Entre as doenças que podem ser detectadas a partir da 
realização do hemograma, estão as anemias, a policitemia, as leucemias, os processos infecciosos, as 
hemoglobinopatias, os linfomas e a mielofibrose.
A seguir vamos estudar melhor esse exame.
6.1 Hemograma
O hemograma é um exame que avalia os elementos figurados do sangue. Nesse exame, estimam‑se 
os números de hemácias, de leucócitos e de plaquetas na amostra e estabelecem‑se os índices 
hematimétricos, que são parâmetros que auxiliam na avaliação mais aprofundada da funcionalidade 
das hemácias.
107
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Acompanhe a seguir um laudo de hemograma e observe os principais parâmetros avaliados.
Figura 8 – Hemograma
Fonte: Acervo UNIP/Objetivo.
 Saiba mais
Revise o significado de todos os parâmetros do hemograma em:
NAOUM, P. C.; NAOUM, F. A. Interpretação laboratorial do hemograma. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3S5lfzp. 
Acesso em: 21 set. 2022.
Vejamos as siglas a seguir.
•	 VCM (volume corpuscular médio): indica o volume médio das hemácias.
•	 HCM (hemoglobina corpuscular média): indica o conteúdo médio de hemoglobina por hemácia.
•	 CHCM (concentração da hemoglobina corpuscular média): indica a quantidade de 
hemoglobina presente em 100 mL de hemácias.
•	 RDW (red cell distribution width): indica a amplitude de distribuição do tamanho das hemácias.
108
Unidade II
Em laboratórios com fluxo baixo de exames, é possível obter todos os parâmetros do hemograma a 
partir de metodologia manual, ou seja, não automatizada. Para isso, é necessária uma microcentrífuga, 
um espectrofotômetro e um microscópio. Vamos entender para que esses equipamentos são usados.
•	 As contagens celulares globais (hemácias, leucócitos e plaquetas) e a diferencial leucocitária são 
realizadas sob microscopia, com a utilização de corantes específicos.
•	 O hematócrito (determinação do volume do sangue que é ocupado pelas hemácias) é determinado 
em microcentrífuga específica, com o uso de capilares.
•	 A quantificação da hemoglobina (o pigmento das hemácias responsável pelo transporte de O2) é 
realizada em espectrofotômetro.
O processamento manual do hemograma é demorado, dispendioso e trabalhoso. Todos os procedimentos 
são dependentes do operador, o que aumenta a probabilidade de erros diagnósticos e de falhas na 
padronização das diferentes etapas do exame. Para evitar essas intercorrências, foram desenvolvidos 
os métodos automatizados, que envolvem equipamentos capazes de realizar toda a análise do sangue 
com interferência mínima do operador. Os principais métodos empregados nesses equipamentos são a 
impedanciometria, a citometria de fluxo e a citoquímica.
Os equipamentos baseados na impedanciometria permitem a quantificação da hemoglobina nos 
eritrócitos, a determinação do hematócrito, o cálculo da hemoglobina corpuscular média (HCM), o 
cálculo do volume corpuscular médio (VCM) e o cálculo da concentração de hemoglobina corpuscular 
média (CHCM).
A citometria de fluxo e as análises citoquímicas permitem a identificação, a caracterização e a 
diferenciação das populações celulares que constituem o sangue.
6.1.1 Interpretação do hemograma
O hemograma é rotineiramente utilizado para o diagnóstico das doenças hematológicas. Além disso, 
ele é um exame de triagem para diferentes situações clínicas, como as doenças infecciosas e os quadros 
inflamatórios agudos.
A análise da linhagem eritrocítica é importante para o diagnóstico das principais anemias, 
destacando‑se as anemias carenciais (ferropriva/B12/folato) e as anemias genético‑hereditárias (anemia 
falciforme e talassemias).
•	 A hipocromia (hemácias descoradas devido ao baixo conteúdo de hemoglobina) está relacionada 
a valores baixos de HCM e de CHCM.
•	 A microcitose (hemácias menores do que o normal) está relacionada a valores baixos de VCM.
•	 A macrocitose (hemácias maiores do que o normal) está relacionada a valores altos de VCM.
109
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 A anisocitose (hemácias de diferentes tamanhos) está relacionada a valores altos de RDW.
•	 A poiquilocitose é a presença de hemácias com formato anormal.
Entre as anemias microcíticas e hipocrômicas, com diminuição de VCM, HCM e, em casos mais 
graves, CHCM, destacamos as anemias ferroprivas e as talassemias.
No grupo das anemias macrocíticas, observamos aumento do VCM. Nesse grupo, temos as anemias 
carenciais por deficiência de vitamina B12 e/ou de ácido fólico.
Na anemia falciforme, observamos poiquilocitose, com presença de drepanócitos (hemácias 
em formato de foice). Por fim, a esferocitose hereditária é uma anemia na qual observamos a 
elevação do CHCM.
A série leucocítica é composta da contagem global dos leucócitos e da sua análise diferencial 
absoluta e relativa. As células são classificadas conforme a presença de grânulos e, de acordo com seu 
tamanho e composição, em neutrófilos, basófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos.
O estudo da linhagem leucocítica permite evidenciar quadros importantes, como as leucocitoses 
e as leucopenias. Entre as leucocitoses, que são o aumento da contagem de leucócitos no sangue, 
destacamos as leucocitoses fisiológicas, reativas e patológicas.
•	 A leucocitose fisiológica, de grau leve, é muito comum em gestantes, recém‑nascidos, lactantes e 
em condições de estresse temporário, como após exercícios físicos e em pessoas febris.
•	 A leucocitose reativa está relacionada com a elevação do número de neutrófilos nos processos de 
infecções bacterianas, inflamações, necrose tecidual e doenças metabólicas.
•	 A leucocitose patológica está relacionada com doenças mieloproliferativas e linfoproliferativas, 
como as leucemias, a policitemia vera, a mieloesclerose e alguns linfomas.
A leucopenia refere‑se à diminuição no número de leucócitos e é secundária às reações autoimunes, às 
imunodeficiências, ao uso de drogas, à exposição a poluentes e a algumas infecções bacterianas específicas.
A série plaquetária é constituída pelos fragmentos do citoplasma dos megacariócitos. Essas células 
são responsáveis pelo processo inicial da hemostasia, pois formam tampões e desencadeantes da 
coagulação sanguínea.
Os quadros de trombocitopenia (diminuição do número de plaquetas) acontecem por três principais 
motivos: consumo exagerado de plaquetas, diminuição da produção plaquetária ou destruição 
exacerbada das plaquetas.
110
Unidade II
A trombocitose (aumento do número de plaquetas) acontece nos quadros de anemia ferropriva, 
nas hemorragias agudas, nos processos inflamatórios e infecciosos crônicos, nas anemias hemolíticas, nas 
leucemias, na policitemia vera, na trombocitemia essencial e nas doenças mieloproliferativas.
Agora vamos estudar melhor as doenças que acometem as diferentes linhagens celulares do sangue.
6.2 Diagnóstico diferencial das principais anemias carenciais e hemolíticas
Os sintomas mais comuns das anemias são fraqueza, mal‑estar e cansaço. O sinal mais evidente 
é a palidez, detectada nas mucosas da boca, conjuntivas e leito ungueal, e relacionada à redução do 
transporte de oxigênio e à resposta compensatória cardiopulmonar. Nos casos de crises hemolíticas, 
o indivíduo pode apresentar palpitação (especialmente aos esforços), dispneia, tontura, fadiga, 
esplenomegalia e icterícia.
Nas anemias crônicas, o indivíduo pode permanecer assintomático, mesmo com baixos níveis de 
hemoglobina. Às vezes, podem ocorrer queixas específicas, como:
•	 perversão do apetite (desejo de comer terra ou tijolo) na anemia ferropriva;
•	 sintomas neurológicos na anemia por deficiência de vitamina B12;
•	 úlcera nas pernas, na anemia falciforme.
Quanto menores os níveis de hemoglobina, mais intensos os sintomas. Um indivíduo com 
hemoglobina entre 9 e 11 g/dL apresenta dor de cabeça, irritabilidade e indisposição.Entre 6 e 9 g/dL, os 
sintomas evoluem para falta de ar, cansaço e aumento dos batimentos cardíacos ao menor esforço. Em 
um quadro com hemoglobina abaixo de 6 g/dL, os sintomas citados manifestam‑se mesmo em repouso.
O diagnóstico da anemia é realizado a partir da análise do hemograma e de exames complementares. 
Mediante a análise do VCM e do HCM, é possível fazer a classificação das anemias em microcíticas/
hipocrômicas, macrocíticas e normocíticas/normocrômicas. Essa classificação auxilia o clínico a 
estabelecer o diagnóstico. Afinal, em uma fase inicial de investigação, o hemograma é um dos exames 
mais solicitados.
Na anemia ferropriva, o HCM e o hematócrito estão baixos, o ferro sérico e a ferritina estão diminuídos, 
a CTLF (capacidade total de ligação ao ferro) está aumentada e a saturação de ferro, diminuída. A deficiência 
de ferro produz trombocitose reativa, que é um dado adicional para o diagnóstico.
As principais causas de anemia ferropriva podem ser vistas a seguir.
•	 Carência alimentar de ferro, mais comum em crianças, gestantes e idosos.
•	 Presença de parasita, em que se realiza exame parasitológico das fezes, a fim de que identifiquemos 
ovos de ancilóstomo, Trichuris trichiura ou Schistosoma.
111
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 Sangramentos, principalmente em mulheres com menstruação abundante, nas quais se deve 
realizar ultrassonografia transvaginal. Hematêmese e melena, por sua vez, indicam hemorragia 
digestiva alta; e sangramento retal com sangue vivo, hemorragia digestiva baixa. Esses achados 
podem ser confirmados com a realização do exame de sangue oculto nas fezes e da endoscopia 
do sistema digestório.
•	 Má absorção, comum em pacientes com histórico de cirurgia gástrica, síndrome de má absorção 
ou ressecção do intestino delgado. O teste da imunoglobulina A‑transglutaminase tecidual 
(IgA‑tTG) é positivo em pacientes com doença celíaca.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a anemia ferropriva e seus determinantes sociais, 
leia o artigo indicado a seguir:
MARTINS, I. S. As determinações biológica e social da doença: um 
estudo de anemia ferropriva. Revista de Saúde Pública, v. 21, n. 2, abr. 1987. 
Disponível em: https://bit.ly/3dEVCGq. Acesso em: 21 set. 2022.
Os sintomas da anemia por deficiência de ferro estão relacionados à diminuição do fornecimento 
de oxigênio para todo o corpo e podem incluir: palidez ou pele amarelada, fraqueza, fadiga ou falta de 
energia, falta de ar ou dor no peito, taquicardia, dor de cabeça, unhas quebradiças ou queda de cabelo, 
entre outros.
A anemia falciforme é a hemoglobinopatia mais comum. Ela é decorrente da mutação (GAT→GTG) 
no gene que codifica a cadeia β da hemoglobina, o que resulta na formação da hemoglobina S (a 
letra S deriva da palavra inglesa sickle, que significa foice). A troca do aminoácido ácido glutâmico por 
uma valina acarreta alterações das cargas da hemoglobina, de sua solubilidade e de sua estabilidade. 
A hemoglobina S forma polímeros na desoxigenação e, com isso, observa‑se o enrijecimento de 
sua membrana.
As anormalidades basais típicas no paciente com anemia falciforme são HCM diminuído (5 a 9 g/dL), 
hematócrito diminuído (17% a 29%) e contagem total de leucócitos aumentada (12.000 a 20.000 células/mm3), 
com predominância de neutrófilos.
As talassemias são doenças genéticas que ocorrem devido à presença de variantes (mutações) nos 
genes responsáveis pela produção adequada da hemoglobina, o que resulta em deficiência parcial ou 
total de cadeias alfa ou beta globínicas. A determinação do tipo de talassemia que acomete o paciente é 
feita a partir de testes laboratoriais realizados após o hemograma, como a eletroforese de hemoglobina.
No hemograma de indivíduos com talassemia, observamos diminuição da contagem das hemácias 
normais, diminuição do HCM, microcitose e contagem de reticulócitos aumentada.
112
Unidade II
 Observação
Os reticulócitos são os precursores das hemácias, e o número aumentado de 
reticulócitos no sangue sugere que a produção de hemácias está prejudicada.
A eletroforese da hemoglobina é um teste laboratorial que permite a identificação de frações normais 
e anômalas da molécula de hemoglobina. Nesse exame, os diferentes subtipos de hemoglobina são 
avaliados em um processo de corrida eletroforética em pH alcalino. Quando aplicamos corrente elétrica, 
as partículas migram de acordo com seu tamanho e com sua carga elétrica. Posteriormente, fazemos 
comparações com o padrão normal para a idade de cada paciente.
As anemias macrocíticas caracterizam‑se pela presença de hemácias de tamanho aumentado 
(aumento no VCM). A principal característica é o bloqueio na síntese de DNA no reticulócito, o que torna 
a hemácia grande. As anormalidades megaloblásticas também podem ocorrer em células epiteliais da 
mucosa oral, estômago e intestino, o que pode acarretar glossite e má absorção secundária.
Há dois grupos de anemias macrocíticas: megaloblásticas e não megaloblásticas. Vejamos as principais 
causas de cada tipo de anemia.
Na anemia megaloblástica, a medula óssea apresenta hipercelularidade com alterações 
megaloblásticas em todos os estágios de diferenciação eritroide. No sangue periférico, verificam‑se 
neutrófilos hipersegmentados. As principais causas desse tipo de anemia são as deficiências de vitamina 
B12 e/ou ácido fólico.
As anemias não megaloblásticas são secundárias a diversas patologias, por exemplo, as doenças 
hepáticas, o alcoolismo, o hipotiroidismo e a falência medular. Nesse tipo de anemia, a macrocitose é 
discreta (VCM entre 100 e 110 fL).
6.3 Diagnóstico diferencial das doenças benignas dos leucócitos e das principais 
leucemias, linfomas e mielomas
Os leucócitos participam das respostas inflamatórias e imunológicas do organismo. As principais 
funções de cada leucócito são listadas a seguir.
•	 Neutrófilos: participam da resposta contra infecções bacterianas.
•	 Eosinófilos: participam da resposta contra parasitas e das alergias.
•	 Basófilos: liberam mediadores da inflamação e da alergia.
•	 Monócitos: realizam fagocitose de corpos estranhos, microrganismos e restos celulares.
113
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 Linfócitos: participam da imunidade adaptativa (produção de anticorpos e resposta citotóxica, 
que inclui a resposta contra vírus).
Quando o indivíduo apresenta aumento do número de leucócitos, dizemos que ele apresenta 
leucocitose. Ela pode ser uma resposta fisiológica ou indicar presença de infecções ou ainda estar 
associada às neoplasias, como as leucemias. Para realizar o diagnóstico diferencial, é importante indicar 
qual tipo de leucócito apresenta níveis elevados.
Geralmente, as infecções bacterianas cursam com aumento do número de neutrófilos (neutrofilia), as 
viroses são acompanhadas de aumento do número de linfócitos (linfocitose) e as infecções parasitárias 
e alergias apresentam aumento do número de eosinófilos (eosinofilia).
Algumas causas de leucocitose fisiológica são listadas a seguir.
•	 Durante a gestação e no neonato, situações em que há aumento dos granulócitos na medula óssea.
•	 Após a liberação de adrenalina, como ocorre após esforço físico. Nesse caso, os neutrófilos da 
periferia do vaso sanguíneo sofrem desmarginalização, o que causa pseudoneutrofilia. É por isso que 
o paciente deve evitar exercícios físicos antes da coleta de sangue para realização do hemograma.
As neutrofilias, em particular, podem ter causa congênita ou adquirida.
Entre as causas congênitas, destacam‑se as neutrofilias hereditárias e a deficiência de CD11/18, que 
impede a adesão do neutrófilo ao endotélio dos vasos e a consequente migração para os tecidos.
Entre as causas adquiridas, temos a leucemia mieloide crônica; as infecções sistêmicas por bactérias e 
por fungos; e as inflamações, por exemplo, a pancreatite, a apendicite, a gota úrica, a febre reumática e a 
artrite reumatoide.
A leucopenia é a diminuição do número de leucócitos. Os principais tipos de leucopeniasão a 
neutropenia (diminuição do número de neutrófilos) e a linfopenia (diminuição do número de linfócitos).
A neutropenia ocorre quando o valor absoluto de neitrófilos é inferior a 2.000/mm3. Quanto menor 
for o valor absoluto de neutrófilos, maior será o risco de infecções. Defeitos na produção medular e 
lesões induzidas por fármacos são as causas mais frequentes de neutropenia.
Alguns exemplos de fármacos que causam neutropenia são: antibióticos (penicilinas, cloranfenicol, 
rifampicina e isoniazida), fármacos usados na quimioterapia do câncer, antimaláricos (quinina, primetamina 
e dapsona), anticonvulsivantes (carbamazepina e fenitoína) e anti‑inflamatórios/analgésicos (ibuprofeno, 
indometacina, fenilbutazona e dipirona).
A linfopenia, ou linfocitopenia, ocorre quando o número de linfócitos está abaixo de 1.500/mm3. 
É considerada grave quando esse valor está abaixo de 700/mm3.
114
Unidade II
A maior parte dos casos de linfopenia é do tipo transitória. Quando temos um quadro de longa 
duração, há sugestão de defeito na imunidade celular.
As principais causas de linfopenia são o uso de medicamentos e a imunodeficiência. Alguns vírus 
podem causar linfopenia, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
As alterações neoplásicas dos tecidos hematopoiético e linfoide compreendem as doenças 
mieloproliferativas, as doenças mielodisplásicas, as leucemias mieloides agudas, as neoplasias de células 
precursoras B e T e as neoplasias de células maduras B, T e NK (natural killer).
As leucemias são neoplasias que ocorrem na medula óssea e podem ser classificadas de acordo com 
a velocidade de sua evolução e com o tipo de célula afetada.
As leucemias agudas instalam‑se rapidamente no paciente, em dias ou semanas. Os sintomas tornam‑se 
evidentes rapidamente, e as células presentes são os blastos, que são imaturas e se multiplicam rapidamente.
As leucemias crônicas instalam‑se mais lentamente, durante vários meses e, muitas vezes, o paciente 
não tem os sintomas que caracterizam a doença.
As leucemias agudas compreendem um grupo heterogêneo de neoplasias, cujas características 
principais são a proliferação descontrolada e o bloqueio da maturação e da diferenciação das 
células‑tronco hematopoiéticas. Como resultado, ocorre acúmulo de progenitores anormais (blastos) 
na medula óssea, no sangue periférico e em outros tecidos. Em paralelo, há diminuição da produção de 
hemácias, de granulócitos e de plaquetas.
Conforme a linhagem celular afetada, as leucemias agudas podem ser classificadas em leucemia 
mieloide aguda (LMA) e leucemia linfoblástica aguda (LLA). O diagnóstico diferencial é realizado a partir 
da biópsia da medula óssea, para que o tipo celular neoplásico seja corretamente caracterizado.
Além da biópsia, podemos realizar testes de imunofenotipagem e de reação em cadeia da 
polimerase (PCR).
As leucemias crônicas são neoplasias originadas dos precursores granulocíticos ou linfocíticos da 
medula óssea. Em todos os tipos de leucemias crônicas, ocorre a diferenciação do clone neoplásico, o 
que resulta no acúmulo de células maduras na medula óssea e no sangue periférico.
De maneira semelhante às leucemias agudas, as leucemias crônicas são divididas em leucemia 
mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoide crônica.
Geralmente, as alterações no hemograma decorrentes da leucemia mieloide crônica incluem 
leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda não escalonado até promielócito, basofilia e trombocitose. 
O diagnóstico depende da presença do cromossomo Filadélfia, uma anormalidade que envolve os 
cromossomos 9 e 22. Ele é o resultado da translocação t(9;22) (q34;q11) e/ou do rearranjo BCR‑ABL.
115
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A evolução para a fase acelerada é caracterizada pela presença de blastos inferior a 20% no sangue 
ou medula óssea, basófilos inferiores a 20% ou trombocitopenia não relacionada à quimioterapia e 
evolução clonal na avaliação citogenética. Na fase blástica, verificamos número de blastos superior a 
20% na medula óssea ou no sangue periférico. Nesse estágio, é preciso realizar a imunofenotipagem 
para classificar os blastos em linfoide (cerca de 25% dos casos), mieloide (cerca de 75% dos casos) ou 
bifenotípicos (casos mais agressivos).
A leucemia linfoide crônica acomete indivíduos em torno dos 70 anos de idade e é mais frequente em 
homens do que em mulheres. O hemograma cursa com linfocitose, geralmente, acima de 10.000/ mm3 
e pode ocorrer anemia e/ou plaquetopenia.
Na leucemia linfoide crônica, os linfócitos são pequenos, apresentam alta relação núcleo/citoplasma 
e cromatina extremamente condensada. Além disso, são células frágeis e, durante a confecção do 
esfregaço sanguíneo, é possível que se rompam, formando as conhecidas manchas de Gumprecht.
Os linfomas são neoplasias que se caracterizam pela proliferação de linfócitos maduros (B, T ou NK) 
nos linfonodos. Podem ocorrer em crianças, adolescentes ou adultos, mas se tornam mais comuns à 
medida que as pessoas envelhecem.
O risco de desenvolver linfoma é maior em homens do que em mulheres, e aumenta em portadores do 
vírus Epstein‑Barr, HTLV‑1 e Helicobacter pylori, independentemente do sexo. A exposição ocupacional a 
alguns agrotóxicos, ao benzeno, a solventes orgânicos e à radiação ionizante também aumenta o risco 
de desenvolver linfomas.
 Saiba mais
Existem dois tipos principais de linfomas: o linfoma de Hodgkin e 
linfoma não Hodgkin. Aprenda mais sobre eles em:
SARTOR, J.; GRANEMANN, M. Linfomas: guia prático de hematologia. 
Criciúma: Unesc, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3BzNIpR. Acesso em: 
21 set. 2022.
O diagnóstico diferencial dos linfomas é realizado a partir da biópsia dos linfonodos e das 
análises citogenéticas.
O mieloma múltiplo é um câncer que acomete o plasmócito, que é o linfócito B ativado, ou seja, um 
produtor de anticorpos.
No mieloma múltiplo, os plasmócitos cancerosos acumulam‑se na medula óssea e expulsam as 
células sanguíneas saudáveis. Em vez de produzir anticorpos úteis, as células cancerosas produzem 
proteínas anormais, que podem causar complicações.
116
Unidade II
O sangue de pacientes com mieloma múltiplo tem proteínas monoclonais (proteínas M) produzidas 
pelas células do mieloma, além de uma proteína denominada beta‑2‑microglobulina. É importante 
ressaltar que as proteínas M também podem ser encontradas na urina, onde são denominadas 
proteínas de Bence Jones.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a imunoterapia aplicada ao tratamento das 
leucemias, leia o artigo a seguir:
SILLA, L. Imunoterapia com células natural killer: um caminho possível 
para o tratamento da leucemia mieloide aguda também no Brasil. Revista 
da Associação Médica Brasileira, v. 62, n. 1, out. 2016. Disponível em: 
https://bit.ly/3R2G5xO. Acesso em: 21 set. 2022.
6.4 Alterações da hemostasia e distúrbios hemorrágicos
Os distúrbios hemorrágicos são um grupo de condições heterogêneas caracterizadas por defeitos 
na hemostasia que levam ao aumento da suscetibilidade ao sangramento, em um quadro também 
conhecido como diátese hemorrágica.
Esses distúrbios são classificados em:
•	 distúrbios da hemostasia primária (causados por uma anormalidade plaquetária);
•	 distúrbios da hemostasia secundária (causados por defeitos na via extrínseca e/ou intrínseca da 
cascata de coagulação);
•	 hiperfibrinólise (aumento da degradação do coágulo).
Embora as características clínicas possam sobrepor‑se, o sangramento mucocutâneo (por exemplo, 
epistaxe, petéquias e sangramento gastrointestinal) está associado a distúrbios da hemostasia primária. 
O sangramento em espaços potenciais (como hemartrose, sangramento muscular) caracteriza distúrbios 
da hemostasia secundária.
A investigação diagnóstica de um distúrbio hemorrágico começa com a avaliação clínica detalhada, 
que inclui a realização do hemograma de um painel de coagulação. Isso normalmente permite que o 
distúrbio seja classificado como distúrbio da hemostasia primária ou secundária.
Estudosespecializados são necessários para determinar a etiologia específica para que o tratamento 
possa ser iniciado. O tratamento pode incluir transfusão de hemoderivados, reposição de fatores de 
coagulação específicos ou administração de medicamentos adjuvantes (por exemplo, ácido tranexâmico 
ou desmopressina).
117
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
As principais causas das hemorragias são as indicadas a seguir.
•	 Defeitos plaquetários, tanto quantitativos como qualitativos.
•	 Defeitos de componentes da cascata de coagulação, por exemplo, como ocorre na hemofilia.
•	 Fibrinólise, que é a deficiência da fibrina.
•	 Defeitos vasculares, como as doenças venosas crônicas.
As provas de hemostasia são testes laboratoriais que avaliam os processos da coagulação sanguínea. 
Agora abordaremos os principais testes, suas metodologias e aplicabilidade.
A contagem de plaquetas é realizada no escopo do exame de hemograma de maneira automatizada. 
Ela também pode ser realizada manualmente e conferida em lâmina.
Nos equipamentos de hematologia, as plaquetas são avaliadas geralmente por dispersão óptica 
(Alinity h‑series) ou por citometria de fluxo fluorescente com corante específico para plaquetas 
(linha XN, da Roche).
O tempo de sangramento é um teste operador‑dependente, realizado na unidade de coleta do 
laboratório clínico, com a finalidade de avaliar o processo de agregação plaquetária mediante uma 
pequena incisão no lobo da orelha do paciente. Após a incisão, monitoramos o sangramento com um 
cronômetro, absorvendo com um papel filtro, a cada 30 segundos, até que cesse espontaneamente.
A prova do laço tornou‑se uma rotina nas unidades laboratoriais e é realizada principalmente em 
pacientes com suspeita de dengue. Esse teste tem a finalidade de avaliar a fragilidade capilar, presente 
em pacientes com arboviroses.
O tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) e o tempo de protrombina (TP) contam com o 
auxílio da automação.
Os equipamentos que avaliam as provas de TTPa e de TP mimetizam os processos de hemostasia que 
ocorrem in vivo. Divididos em duas categorias (semiautomatizados e automatizados), esses aparelhos 
permitem a incubação de reações com parametrização de diluições e controle de qualidade laboratorial.
Os aparelhos semiautomáticos são utilizados nas rotinas diagnósticas, melhorando os processos de 
padronização de testes de coagulação, não descartando a interferência humana na fase analítica do teste. 
Quando tratamos de automação completa, o fator humano é descartado e a sistematização é implantada 
de forma acurada.
O tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) é um teste que avalia a atividade secundária do 
processo de hemostasia. Com a finalidade de identificar distúrbios na via intrínseca da coagulação, 
o TTPa encontra‑se elevado em casos de deficiência dos fatores XII, XI, IX e VII (via intrínseca) e 
X, V, II e I (via comum). Dessa forma, o TTPa está alterado em pacientes com hemofilias, deficiência de 
vitamina K e hepatopatias.
118
Unidade II
O tempo de protrombina (TP) também é um teste de segunda intenção, que avalia a via extrínseca 
e a via comum da cascata de coagulação (VII, X, V, II e fibrinogênio). Ele encontra‑se modificado em 
pacientes com alterações nesses fatores ou em mediadores de sua atividade (vitamina K).
7 AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES ENDÓCRINAS: METODOLOGIAS APLICADAS AO ESTUDO 
HORMONAL
O sistema endócrino participa do controle de diversas atividades fisiológicas e metabólicas do 
organismo. Seus efetores são os hormônios, substâncias químicas secretadas para o sangue por glândulas, 
a fim de exercer controle sobre órgãos e tecidos que, muitas vezes, se encontram distantes delas. Essas 
substâncias conseguem atingir diferentes órgãos e tecidos simultaneamente e promover o controle 
integrado de todo o organismo.
A maioria dos hormônios é secretada por glândulas endócrinas específicas. Alguns exemplos são 
a epinefrina, a norepinefrina e o cortisol, secretados pelas glândulas suprarrenais, e a tiroxina (T4) e a 
tri‑iodotironina (T3), secretadas pela tireoide. Alguns órgãos, no entanto, apresentam atividade endócrina 
em paralelo a outras funções fisiológicas, como os testículos e os ovários.
O quadro a seguir lista os principais hormônios, seus locais de secreção e suas principais funções.
Quadro 2 – Principais hormônios e suas funções
Glândula Hormônio Função
Hipófise 
(lobo anterior)
Hormônio do 
crescimento (GH)
Promove o crescimento e a diferenciação de 
praticamente todas as células do organismo
Corticotropina (ACTH) Induz a secreção de cortisol pelo córtex da suprarrenal
Hormônio 
tireoestimulante (TSH)
Induz a secreção de tiroxina e de tri‑iodotironina 
pela tireoide
Hormônio 
foliculoestimulante (FSH)
Induz a maturação dos folículos ovarianos; 
promove a produção de espermatozoides
Hormônio luteinizante (LH)
Induz a ovulação e a formação do corpo lúteo; 
participa do estímulo para a produção dos 
hormônios sexuais femininos e masculinos
Prolactina Promove o desenvolvimento das mamas e a secreção de leite
Hipófise 
(lobo posterior)
Hormônio 
antidiurético (ADH) Promove retenção hídrica e vasoconstrição
Ocitocina Promove a contração do útero durante o parto e as células mioepiteliais da mama
Suprarrenal 
(córtex)
Cortisol
Promove o controle de metabolismo 
intermediário e a regulação do sistema 
imunológico
Aldosterona Promove retenção de sódio e aumento da excreção de potássio pelos rins
Suprarrenal 
(medula) Epinefrina e norepinefrina
Controle simpático da função de diferentes 
órgãos e tecidos
119
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Glândula Hormônio Função
Tireoide
Tiroxina e tri‑iodotironina Elevação do metabolismo corporal
Calcitonina Promove a deposição de cálcio nos ossos
Paratireoide Paratormônio Controla a concentração dos íons cálcio no líquido extracelular
Pâncreas 
(ilhotas de Langerhans)
Insulina Promove a entrada da glicose nas células
Glucagon Induz a glicogenólise e, portanto, o aumento da glicemia
Ovários
Estrógenos
Induzem o desenvolvimento dos órgãos sexuais 
femininos, das mamas e das características 
sexuais secundárias
Progesterona Mantém o endométrio e desenvolve o aparelho secretor das mama
Testículos Testosterona
Estimula o crescimento dos órgãos sexuais 
masculinos e o desenvolvimento das 
características sexuais secundárias; juntamente 
com o FSH, estimula a espermatogênese
7.1 O eixo hipotálamo‑hipófise e a secreção hormonal
A hipófise é também conhecida como glândula pituitária e está localizada na sela túrcica, na 
base do cérebro, ligada ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário. Essa glândula pode ser dividida em 
duas partes:
•	 hipófise anterior, também conhecida como adeno‑hipófise, que secreta seis importantes hormônios 
(ACTH, TSH, FSH, LH, GH e prolactina);
•	 hipófise posterior, também conhecida como neuro‑hipófise, que secreta dois importantes 
hormônios (ocitocina e vasopressina).
A maioria dos hormônios hipofisários tem sua secreção controlada pelo hipotálamo, uma estrutura 
do sistema nervoso central capaz de interpretar informações relacionadas ao funcionamento geral do 
organismo, por exemplo, o estado emocional do indivíduo, os estímulos dolorosos e olfativos, a concentração 
de eletrólitos nos líquidos extracelulares, os hormônios circulantes etc. A partir desses estímulos, o 
hipotálamo gera sinais nervosos e hormonais que atuarão sobre a hipófise.
Os sinais nervosos referem‑se à ativação de neurônios que emergem do hipotálamo em direção 
à hipófise posterior, a fim de estimular ou inibir a secreção de ocitocina e de vasopressina, enquanto 
os sinais hormonais referem‑se aos hormônios reguladores (GHRH, GnRH, CRH e TRH, por exemplo) 
produzidos pelo hipotálamo. Esses hormônios atingem a hipófise anterior por meio do sistema porta 
hipotalâmico‑hipofisário e, ao ativarem os respectivos receptores, promovem a secreção dos seis 
hormônios da hipófise anterior listados anteriormente.
Com exceçãoda prolactina, da ocitocina e da vasopressina, todos os demais hormônios 
hipofisários apresentam, como principal função, estimular a secreção de hormônios em órgãos‑alvos 
específicos. Vejamos.
120
Unidade II
•	 O GH promove a secreção de fatores de crescimento semelhantes à insulina do tipo 1 (IGF‑1) 
pelo fígado.
•	 O ACTH estimula a secreção de cortisol pela suprarrenal.
•	 O FSH e o LH estimulam, direta ou indiretamente, a secreção dos hormônios sexuais pelos ovários 
e pelos testículos.
•	 O TSH estimula a secreção de T3 e de T4 pela tireoide.
Hipotálamo
Hipófise anterior
CRH TRH
PRH
PIH
GnRH
GHRH
GH ACTH TSH FSH LH (mulheres) LH (homens) Prolactina
Glândulas 
mamárias
Testículo
OvárioTireoideSuprarrenalFígado
IGF ‑ 1 Cortisol T3 e T4 Estrógeno Progesterona Testosterona
Figura 9 – Ações do eixo hipotálamo‑hipófise nos diferentes tecidos
Fonte: Clark (2013, p. 292).
Essa secreção é autocontrolada pelo mecanismo de retroalimentação negativa (feedback negativo), 
no qual os hormônios produzidos nas glândulas‑alvo da ação da hipófise (suprarrenal, ovários, testículos 
e tireoide) ativam seus receptores presentes na hipófise e/ou no hipotálamo, o que resulta na inibição 
do eixo e na diminuição da secreção hormonal por essas estruturas.
Quando a hipófise apresenta alguma patologia que resulta na inibição da produção de seus 
hormônios, de maneira independente da inibição fisiológica pelo mecanismo de feedback negativo, 
dizemos que se estabeleceu um quadro de hipopituitarismo.
O hipopituitarismo, portanto, corresponde à diminuição da secreção dos hormônios produzidos pela 
hipófise. Esse quadro pode ser decorrente de processos lesivos da adeno‑hipófise, de tumores, de lesões 
cerebrais causadas por traumas ou cirurgias e de necrose isquêmica.
121
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
As manifestações clínicas podem variar de acordo com os hormônios que estiverem diminuídos. 
Alguns exemplos são dados a seguir.
•	 As crianças podem apresentar retardo no crescimento em resposta à diminuição do GH.
•	 A deficiência de LH e de FSH pode acarretar amenorreia e infertilidade feminina e, nos homens, 
impotência e ausência de pelos pubianos.
•	 A ausência ou a diminuição dos níveis de TSH e de ACTH podem resultar em hipotireodismo e 
hipoadrenalismo, respectivamente.
•	 A ausência de prolactina acarreta problemas na amamentação.
Para o correto diagnóstico, é importante dosar o hormônio hipofisário juntamente com o hormônio 
periférico cuja síntese ele estimula.
A seguir, abordaremos os principais sistemas de regulação do eixo hipotálamo‑hipófise, assim como 
as patologias e os diagnósticos correspondentes.
7.1.1 O eixo hipotálamo‑hipófise‑tireoide
A glândula tireoide localiza‑se imediatamente abaixo da laringe, e sua parte anterior é responsável 
pela síntese e pela secreção da tiroxina (T4) e da tri‑iodotironina (T3), que exercem profundos efeitos 
sobre o metabolismo. A tireoide também secreta calcitonina, um importante hormônio relacionado ao 
metabolismo do cálcio.
O T3 e o T4 atuam no sentido de aumentar a taxa do metabolismo basal. Assim, a ausência desses 
hormônios na circulação causa queda do metabolismo basal para cerca de 60% do normal, enquanto o 
excesso desses hormônios pode até dobrar a taxa do metabolismo basal.
A secreção da tireoide é controlada primariamente pelo hormônio tireoestimulante (TSH), secretado 
pelo lobo anterior da hipófise. O TSH tem sua secreção controlada pelo hipotálamo, pela secreção de 
TRH. Estímulos como o frio, o estresse e outros traumas estimulam a síntese e a liberação de TRH por 
esse órgão, a fim de iniciar a cascata de eventos que culmina com o aumento do metabolismo basal 
do indivíduo.
No eixo hipotálamo‑hipófise‑tireoide, o aumento da concentração dos hormônios tireoidianos, 
T3 e T4, nos líquidos corporais diminui principalmente a secreção de TSH pela hipófise anterior 
e, aparentemente, também a secreção de TRH pelo hipotálamo. Isso garante que, em condições de 
homeostase, a secreção dos hormônios tireoidianos seja mantida dentro da normalidade. De fato, 
quando a secreção do hormônio tireóideo aumenta para cerca de 1,75 vez o valor normal, a secreção do 
TSH torna‑se praticamente nula.
122
Unidade II
Hipotálamo
Hipófise
Tireoide
Aumento do 
metabolismo basal
Feedback 
negativo
TRH
+
TSH
+
T3, T4
‑
Figura 10 – Eixo hipotálamo‑hipófise‑tireoide
Fonte: Acervo UNIP/Objetivo.
As disfunções da função hipofisária são classificadas em hipotireoidismo quando há diminuição da 
síntese e da secreção de T3 e T4, e hipertireoidismo quando há aumento desses hormônios na circulação.
A causa mais frequente do hipotireoidismo é a destruição autoimune das células do folículo 
tireoidiano, em uma condição denominada tireoidite de Hashimoto. A deficiência de iodo (bócio 
endêmico) também pode causar essa condição, porém, como o sal que consumimos é iodado, o 
hipotireoidismo por deficiência de iodo só é importante em comunidades isoladas que não fazem uso 
do sal com suplementação.
Os sinais clínicos do hipotireoidismo são adinamia, fadiga, aumento do peso corporal, aterosclerose, 
depressão, irritabilidade, macroglossia, pele seca e intolerância ao frio, entre outros.
O diagnóstico dessa condição é feito não só pela observação dos sinais clínicos citados, mas também 
pela dosagem hormonal: observam‑se diminuição do T4 livre no sangue e aumento dos níveis plasmáticos 
de TSH, uma vez que não há quantidade suficiente de hormônios tireoidianos para promover o feedback 
negativo sobre a hipófise.
Além disso, na tireoidite de Hashimoto são encontrados, no plasma, anticorpos anticromossomais, 
antiperoxidase tireoidiana e antitireoglobulina. Esses anticorpos são responsáveis por destruir os 
folículos tireoidianos.
Na maioria dos pacientes com hipertireoidismo, ocorre aumento do tamanho da tireoide e 
hiperplasia das células do folículo tireoidiano. Isso resulta no aumento da velocidade de secreção de 
T3 e T4 para a circulação, o que causa produção excessiva de calor, aumento da atividade motora, 
aumento do tônus simpático, pele quente e úmida, fraqueza muscular, com tremores, aumento do 
trabalho cardíaco, aumento do apetite, com perda de peso concomitante, insônia e ansiedade.
123
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A principal causa do hipertireoidismo é autoimune, só que, neste caso, são observados anticorpos 
que se ligam aos receptores de TSH na tireoide e conseguem ativá‑los, o que estimula a síntese e 
a secreção de T3 e T4 para a circulação. Essa condição é denominada doença de Graves e pode ser 
diagnosticada a partir das dosagens hormonais (ao contrário do que se observa no hipotireoidismo, 
os níveis de T4 livre no plasma estão aumentados e os níveis de TSH estão diminuídos devido à maior 
intensidade do feedback negativo sobre a hipófise causado pelo excesso de T3 e T4) e, também, pela 
detecção de anticorpos anti‑TsAb no plasma.
O hipertireoidismo pode ser consequência de um adenoma na glândula tireoide. As células tumorais 
secretam grandes quantidades de hormônios tireóideos e, por esse motivo, o diagnóstico dessa condição 
é feito administrando‑se iodo radioativo (131I) ao paciente. O iodo administrado será captado em maior 
quantidade pelas células tumorais hiperfuncionantes, o que permite a visualização do tumor em exames 
de imagem. Como efeito adicional, ocorre a destruição da maioria, senão de todas as células tumorais 
pelo iodo radioativo, que, portanto, constitui não só ferramenta diagnóstica, mas também tratamento.
 Lembrete
O iodo é essencial para a síntese de T3 e de T4. A iodação da tirosina é a 
primeira etapa na produção desses hormônios. O T3 é formado pela junção 
de uma monoiodotirosina e de uma di‑iodotirosina. O T4 é formado pela 
junção de duas di‑iodotirosinas.
7.1.2 Paratireoides
A função das glândulas paratireoides, embora não seja regulada pelo eixo hipotálamo‑hipófise, 
será abordada neste livro‑texto devido à sua localização, junto àtireoide. Elas sintetizam e secretam o 
paratormônio, que participa do turnover ósseo, ou seja, do equilíbrio entre a aposição e a deposição óssea.
O hiperparatireoidismo pode ocorrer de forma primária, secundária ou, mais raramente, terciária.
•	 Na forma primária, existe a superprodução independente de paratormônio (PTH). Ela cursa com 
hipercalcemia, uma consequência da secreção excessiva de PTH. Os sinais e sintomas incluem 
poliúria, noctúria, dor lombar crônica, pancreatite e fraqueza muscular.
•	 As formas secundária e terciária são complicações da insuficiência renal crônica. As características 
clínicas do hiperparatireoidismo secundário são geralmente manifestadas pelos sintomas da 
falência renal crônica. Essas formas são capazes de promover as mesmas complicações que podem 
ser observadas nas situações de desequilíbrio de cálcio, com deformidades esqueléticas, sobretudo 
de ossos longos, como no raquitismo.
O cálcio sérico elevado na triagem bioquímica de rotina em um paciente assintomático deve 
levantar a suspeita de hiperparatireoidismo primário. A concentração elevada de cálcio sérico com 
níveis elevados de paratormônio é diagnóstico de hiperparatireoidismo primário.
124
Unidade II
Os achados laboratoriais mais consistentes associados ao diagnóstico de hiperparatireoidismo 
secundário incluem níveis séricos elevados de paratormônio e cálcio sérico baixo a normal. 
A concentração elevada de cálcio sérico com níveis elevados de paratormônio em pacientes 
pós‑transplante renal é diagnóstico de hiperparatireoidismo terciário. A medição do cálcio sérico total 
com técnicas automáticas tem confiabilidade semelhante ou até maior do que a medição do cálcio 
ionizado sérico.
A excreção urinária de cálcio de 24 horas é usada para separar os pacientes com hipercalcemia 
hipocalciúrica familiar e hiperparatireoidismo primário típico. A concentração sérica de 
1,25‑di‑hidroxivitamina D (calcitriol) é significativamente menor na hipercalcemia hipocalciúrica 
familiar do que no hiperparatireoidismo primário.
O hipoparatireoidismo é muito mais comum do que o hiperparatireoidismo, existindo inúmeras 
causas genéticas associadas. O hipoparatireoidismo pode ser induzido cirurgicamente quando, na 
tireoidectomia, ocorre a remoção, por vezes negligente, das paratireoides. Também pode existir por 
doença autoimune e por mutação autossômica dominante atrelada à maior sensibilidade ao cálcio, 
com diminuição da síntese de PTH associada. Entre os sinais e sintomas, destacam‑se hipocalcemia, 
irritabilidade neuromuscular, formigamento nas extremidades dos dedos, laringospasmo e má absorção 
intestinal. Vale ressaltar que o hipoparatireoidismo pode ser assintomático.
7.1.3 O eixo hipotálamo‑hipófise‑testículo
O hormônio sexual masculino é a testosterona. Ela é sintetizada nos testículos, pelas células de Leydig, 
e participa da espermatogênese e da manutenção da função sexual masculina, entre outras ações que 
serão exploradas ao longo deste texto. Esse hormônio é produzido em concentrações significativas a 
partir da puberdade.
Na puberdade, o eixo hipotálamo‑hipófise‑testículo torna‑se ativo. O hipotálamo inicia a secreção 
pulsátil de GnRH. Esse hormônio atua sobre a hipófise, induzindo a produção de LH e de FSH.
Os hormônios hipofisários, ou gonadotrofinas, atuam sobre as células testiculares da seguinte 
maneira: o LH estimula a produção de testosterona pelas células de Leydig, e o FSH, juntamente com a 
testosterona recém‑produzida, é responsável pela espermatogênese.
A secreção de FSH, LH e testosterona também é controlada pelo mecanismo de retroalimentação 
negativa (feedback negativo). A testosterona, quando atinge determinada concentração no plasma, é 
capaz de inibir a secreção das gonadotrofinas. Assim, à medida que a testosterona é produzida e cai 
na corrente sanguínea, ela reduz os níveis de FSH e de LH, o que diminui o estímulo sobre as células 
de Leydig e, portanto, a produção de mais testosterona. De maneira semelhante, as células de Sertoli 
produzem um hormônio denominado inibina sob ação do FSH; esse hormônio também é capaz de 
inibir a hipófise.
125
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Hipotálamo
Testículo
Feedback 
negativo
Células de 
Leydig
Células de 
Sertoli
GnRH
+
FSH
+
LH
+
Inibina
Hipófise
Testosterona
Regulação das funções 
sexuais masculinas
Feedback 
negativo
‑ ‑
Figura 11 – Eixo hipotálamo‑hipófise‑testículo e mecanismo de feedback negativo
Fonte: Objetivo.
As ações da testosterona no homem são:
•	 regulação da espermatogênese (juntamente com o FSH);
•	 desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos durante o período embrionário;
•	 desenvolvimento das características sexuais masculinas que surgem durante a puberdade (aumento 
do pênis, aparecimento dos pelos corporais, engrossamento da voz, aumento da oleosidade da 
pele, hipertrofia muscular, estirão de crescimento etc.);
•	 manutenção da libido.
A testosterona pode, ainda, ser convertida em outros hormônios, o estradiol e a di‑hidrotestosterona (DHT), 
a partir da ação de enzimas específicas. Esses hormônios também são fundamentais para a manutenção 
da fisiologia masculina.
O estradiol é um derivado estrogênico produzido em pequenas quantidades nos indivíduos do sexo 
masculino por ação da enzima aromatase. É responsável pela regulação do metabolismo de carboidratos 
e de gorduras, pela saúde dos ossos (a osteoporose masculina pode ser tratada com estradiol) e, 
juntamente com a testosterona, pela regulação da libido. No homem, altas concentrações de estradiol 
estão relacionadas com o desenvolvimento de características femininas, como o aparecimento de mamas.
A DHT é um hormônio produzido em alguns órgãos (próstata, pele, folículos pilosos, sistema nervoso 
central e fígado) a partir da ação da enzima 5‑alfa redutase sobre a testosterona. Esse hormônio participa, 
126
Unidade II
juntamente com a testosterona, da diferenciação sexual masculina durante a vida intrauterina, da 
maturação do pênis e do escroto, do crescimento do cabelo facial e dos pelos corporais, da produção de 
sebo pela pele e do desenvolvimento e manutenção da próstata.
A DHT é mais potente do que a testosterona, o que significa que mesmo pequenas concentrações 
desse hormônio são capazes de ativar a expressão gênica de maneira mais eficiente. O excesso de 
DHT está relacionado com o aparecimento de acne e seborreia, calvície, hirsutismo, hiperplasia e 
câncer prostático.
O hipogonadismo masculino pode ser primário, quando ocorre por incapacidade de produção de 
testosterona pelos testículos, ou secundário, quando resulta de deficiência hipotalâmica ou hipofisária, 
sendo conservada a capacidade de produção de testosterona pelos testículos que, no entanto, não 
sintetizam o hormônio masculino por falta de estímulo.
Acne, ginecomastia (devida à conversão periférica da testosterona em estrógeno) e alterações 
comportamentais (como a agressividade) são os primeiros efeitos adversos decorrentes dos altos níveis 
plasmáticos de andrógenos. A hipertrofia e o câncer da próstata são os efeitos mais tardios. Ocorre 
também a diminuição dos níveis plasmáticos dos hormônios gonadotróficos, LH e FSH, por causa da 
exacerbação do mecanismo de feedback negativo que os análogos da testosterona exercem não só 
sobre a hipófise, mas também sobre o hipotálamo.
 Lembrete
A diminuição dos níveis plasmáticos de FSH causa infertilidade, pois 
esse hormônio, juntamente com a testosterona, é essencial para a formação 
dos espermatozoides (espermatogênese).
As dosagens hormonais podem indicar uma série de condições relacionadas com o desequilíbrio no 
eixo hipotálamo‑hipófise‑testículos. Detectadas anormalidades no espermograma, é realizada a dosagem de 
FSH, LH e testosterona.
Se os níveis séricos de FSH e de testosterona estiverem normais, isso significa que a causa da 
infertilidade é, provavelmente, não hormonal. Lembre‑se de que esses dois hormônios são responsáveis 
por promover a espermatogênesee que a testosterona, além disso, regula a função dos outros órgãos 
envolvidos na maturação e na manutenção dos espermatozoides (epidídimo, vesícula seminal e próstata).
Níveis elevados de FSH e de LH sugerem um quadro de hipogonadismo hipergonadotrófico, condição 
relacionada à redução da espermatogênese e que pode levar à insuficiência testicular. Essa condição pode ser 
decorrente de causas congênitas (síndrome de Klinefelter, anorquia, criptorquidia, disgenesia testicular 
e microdeleções do cromossomo Y) ou de causas adquiridas (pós‑orquite, torção testicular, tumor 
testicular, doenças sistêmicas e terapia citotóxica).
127
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Níveis diminuídos de FSH e de LH são indicativos de hipogonadismo hipogonadotrófico, mais 
raro e potencial causador de quadros de oligozoospermia severa e azoospermia. É uma condição 
decorrente de causas congênitas (hipogonadismo hipogonadotrófico isolado, síndrome KK, síndrome de 
Kallmann e síndrome de Prader‑Willi) ou de causas adquiridas (afecções do hipotálamo e da hipófise, 
hiperprolactinemia, doença granulomatosa, hemocromatose e uso de esteroides anabolizantes).
7.1.4 O eixo hipotálamo‑hipófise‑ovários
Os hormônios femininos (estrógenos e progesterona) são sintetizados nos ovários em resposta aos 
hormônios hipofisários LH e FSH.
Na mulher, o mecanismo de feedback negativo controla a secreção dos hormônios sexuais de 
maneira semelhante à observada no homem. No entanto, a quantidade de hormônios secretados varia 
de acordo com a fase do ciclo sexual da mulher. Assim, dizemos que a secreção de GnRH nos homens é 
pulsátil, mas não é cíclica, e concentrações semelhantes do hormônio são liberadas na circulação a cada 
90 minutos. Na mulher, a secreção desse hormônio, além de ser pulsátil, é cíclica.
Hipotálamo
Ovário
Feedback 
negativo
Folículo 
ovariano
Corpo 
lúteo
GnRH
+
LH
+
FSH
+
Progesterona
Hipófise
Estrógeno
Regulação das funções sexuais femininas
Feedback 
negativo
‑
‑
‑
Figura 12 – Eixo hipotálamo‑hipófise‑ovário e mecanismo de feedback negativo
Fonte: Objetivo.
O ciclo sexual feminino, que se inicia com a menarca (primeira menstruação) e perdura até 
a menopausa, engloba o ciclo ovariano e o ciclo menstrual. Tem a duração média de 28 dias, como 
consequência da liberação cíclica de hormônios sexuais. Durante a primeira metade do ciclo, predomina 
a secreção de FSH e, durante a segunda fase, a secreção de LH.
As concentrações plasmáticas dos hormônios hipofisários e ovarianos durante o ciclo sexual 
feminino estão representadas na figura a seguir.
128
Unidade II
Progesterona
LH
FSH
0 2 4 6 8 10
Dias do ciclo sexual feminino
12 14 16 18 20 22 24 26 28
8
Es
tra
dio
l
0
FS
H 
e 
LH
 (n
g/
m
L)
Es
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L)
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g/
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ul
aç
ão
Ov
ul
aç
ão
800
600
400
200
0
800
600
400
200
0
M
en
st
ru
aç
ão
Figura 13 – Variações nos níveis circulantes de hormônios femininos durante o ciclo sexual
Fonte: Guyton (2006, p. 787).
Os estrógenos estão envolvidos no aparecimento de características sexuais secundárias femininas 
pela indução da proliferação das células uterinas (miométrio e endométrio) e de vários outros tecidos, pelo 
estímulo do crescimento rápido de todos os ossos logo após a puberdade, pelo fechamento das epífises e 
pelo comportamento sexual feminino.
Contudo, quando nos referimos ao estrógeno, estamos na verdade nos referindo ao conjunto dos três 
hormônios que são sintetizados pela enzima aromatase presente nas células da granulosa: a estrona, o 
estriol e o estradiol. A dosagem de cada uma dessas frações permite a avaliação detalhada da disfunção 
hormonal que atinge a mulher.
O estradiol, também conhecido como 17‑beta estradiol, é o principal estrógeno secretado pelos 
ovários. Apresenta maior potência sobre os receptores de estrógeno (ER). A estrona é um metabólito 
formado a partir da androstenediona (um derivado da testosterona) e é o principal estrógeno circulante 
na pós‑menopausa. Apresenta somente cerca de um terço da potência do estradiol, o que explica sua 
inabilidade em manter a função sexual feminina. O esfriol é outro metabólito do estradiol, presente em 
quantidades significativas durante a gestação, já que é o principal estrógeno produzido pela placenta.
A progesterona, por sua vez, promove a manutenção do endométrio secretor, que apresenta as 
características ideais para que ocorra a implantação do embrião. Se não houver fecundação, a queda 
abrupta dos níveis de progesterona estimula o início da menstruação.
É importante considerarmos a fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontra, visto que as 
proporções relativas dos hormônios ovarianos e hipofisários variam ao longo do ciclo. Nesse contexto, o 
cálculo da relação LH/FSH tem se mostrado útil no diagnóstico de uma série de condições, que incluem 
a síndrome dos ovários policísticos e outras causas da infertilidade.
129
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Várias alterações hormonais têm relação com o estabelecimento da fertilidade feminina. Por 
esse motivo, dosagens dos hormônios tireoidianos, hipofisários, adrenais e ovarianos são realizadas 
rotineiramente na investigação da infertilidade.
 Observação
O hipotireoidismo é uma condição muito relacionada à infertilidade, 
pois aumenta o risco de abortamentos e pode causar falência ovariana.
As dosagens de FSH são importantes para avaliar a função reprodutiva feminina. Com a idade, os 
níveis de FSH, hormônio responsável pela maturação do folículo ovariano, aumentam.
O aumento dos níveis de FSH está intimamente ligado à diminuição da efetividade do mecanismo 
de feedback negativo sobre a secreção de FSH pela hipófise, que ocorre naturalmente com o avançar da 
idade. São considerados normais níveis plasmáticos de FSH abaixo de 12 mUI/mL, quando esse hormônio 
é avaliado no terceiro dia do ciclo ovariano.
Outras alterações hormonais que podem indicar diminuição da fertilidade são elencadas a seguir.
•	 Diminuição ou aumento dos níveis plasmáticos de estradiol (concentrações plasmáticas menores 
do que 20 pg/mL ou maiores do que 80 pg/mL são indicativas de diminuição da função ovariana).
•	 Diminuição das concentrações de inibina no sangue (lembre‑se de que esse hormônio participa 
do feedback negativo sobre a secreção de FSH, portanto, a diminuição dos níveis plasmáticos de 
inibina resulta no aumento da liberação de FSH).
•	 Diminuição da secreção de hormônio antimulleriano (esse hormônio é produzido pelas células da 
granulosa do folículo ovariano, e a queda nos seus níveis plasmáticos é um dos indicativos mais 
precoces da falência ovariana).
7.1.5 O eixo hipotálamo‑hipófise‑suprarrenal
O cortisol é um hormônio sintetizado nas células da zona intermediária da suprarrenal e está 
relacionado com a regulação do metabolismo e a resposta ao estresse. A secreção desse hormônio é 
regulada pelo eixo hipotálamo‑hipófise‑suprarrenal.
130
Unidade II
Hipotálamo
Controle do metabolismo
Resposta ao estresse
CRH
+
ACTH
+
Hipófise
Suprarrenal
Feedback 
negativo
Cortisol
‑
‑
Figura 14 – Eixo hipotálamo‑hipófise‑suprarrenal
Fonte: Guyton (2006, p. 787).
A secreção de hormônio liberador da corticotropina (CRH) pelo hipotálamo é pulsátil. O CRH liga‑se 
a seus receptores (na hipófise) e estimula a síntese e a liberação do hormônio pró‑opiomelanocortina 
por esta glândula. O produto da modificação pós‑traducional da pró‑opiomelanocortina é o hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH).
O ACTH induz a síntese e a secreção de cortisol pela suprarrenal. Ao atingir a circulação, o cortisol 
participa do controle das funções da maioria dos sistemas orgânicos, a partir da ativação dos receptores 
GR presentes nas células‑alvo. Além disso, pelo mecanismo de feedback negativo, o cortisol regula sua 
própria liberação: ao ativar seus receptores (GR) no hipotálamo e na hipófise, as secreções de CRH, de 
ACTH e de cortisol são diminuídas.
A secreção do cortisol

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