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Aula 03

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Aula 3: Tutela Constitucional do Meio Ambiente
Direito Ambiental e sua proteção constitucional
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 5 de outubro de 1988, elevou o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio para ele no artigo 225 (Capítulo VI – Do Meio Ambiente, dentro do Título VIII - Da Ordem Social). O artigo 225 é a principal fonte formal do Direito Ambiental nacional. Antes de promulgada a Constituição cidadã, a Política Nacional do Meio Ambiente, lei n. 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1981, era a principal norma de proteção autônoma do meio ambiente. Neste momento, vamos fazer uma análise detalhada do artigo 225, caput e seus parágrafos da Constituição Federal. CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O caput do artigo 225 da norma constitucional deixa claro que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Assim, o bem ambiental é um direito de todos, bem de uso comum do povo e dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Esse dispositivo legal deve ser observado dentro dos seguintes aspectos:
· Meio ambiente ecologicamente equilibrado que gera qualidade de vida.
· O meio ambiente enquanto bem de uso comum do povo.
· O meio ambiente como bem difuso é essencial à sadia qualidade de vida.
Impõe-se ao poder público e à coletividade o dever de proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. O doutrinador Paulo de Bessa Antunes destaca que a palavra todos contida no caput do artigo 225 diz respeito a qualquer indivíduo que se encontre no território nacional, independentemente da condição jurídica em que conste perante o nosso ordenamento jurídico.
Trata-se de todos os seres humanos, não havendo a exigência da condição de cidadão. Por este entendimento, até o estrangeiro não residente no país e aqueles que, por qualquer motivo, tenham suspensos os seus direitos de cidadania, ainda que parcialmente, se encaixam como destinatários da norma contida no caput do artigo 225 da Constituição Federal.
Explicação do caput do artigo 225 da Constituição:
Meio ambiente ecologicamente equilibrado que gera qualidade de vida. O meio ambiente ecologicamente equilibrado está diretamente vinculado ao princípio da dignidade da pessoa humana, artigo 3°, inciso I da Constituição Federal, uma vez que o bem ambiental protegido e preservado gera qualidade de vida para todos. Trata-se de um direito fundamental da pessoa humana. Direito à vida com qualidade. O meio ambiente é um bem difuso, portanto, indisponível.
Meio ambiente enquanto bem de uso comum do povo: Quando a norma dispõe que o bem ambiental é um bem de uso comum do povo, trata o meio ambiente como um bem jurídico, que tem valor econômico e social.
Meio ambiente como bem difuso: O meio ambiente se enquadra na categoria de direitos coletivos como um direito e interesse difuso. O conceito de direito e interesse difuso está definido pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), em seu artigo 81, parágrafo único, inciso I. São interesses ou direitos difusos os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. Conforme conceitua o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, transindividual é o que ultrapassa o indivíduo ou aquilo que é considerado individual. Neste sentido, o meio ambiente ultrapassa o interesse individual de cada um, uma vez que é de uso comum do povo.
Então, os direitos e interesses difusos são aqueles que pertencem à sociedade como um todo e independem da existência de uma relação jurídica anterior entre seus titulares e aqueles contra quem serão tutelados. Impõe-se ao poder público e à coletividade o dever de proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. A proteção ambiental é um dever do Poder Público e de toda a coletividade, com o objetivo de protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A Constituição Federal impõe o dever de conservar o bem ambiental não somente para a geração presente, mas também para as futuras gerações. A Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 6.938/81, em seu artigo 2°, inciso I, consagra o meio ambiente como um patrimônio público que deve ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. É bom destacar que esta norma consagra o conceito de meio ambiente, em seu artigo 3°, inciso I, que dispõe que meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Comentário: O meio ambiente é um direito de terceira geração, pautado nos princípios da solidariedade e fraternidade. Fraternidade é amor ou afeto em relação ao próximo, a harmonia entre as pessoas, a união entre irmãos. Então, o princípio da fraternidade é olhar o próximo com harmonia, como irmão.
Já a solidariedade é a qualidade de ser solidário, que é ter interesses e responsabilidade mútua. O princípio da solidariedade é uma colaboração intersubjetiva, uma aproximação e a cooperação social entre pessoas e povos, pautado no artigo 3º, inciso I, da Constituição Federal, que prevê:
Constituição Federal, artigo 3º:
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária 
Comentário: Os direitos de terceira geração são os transindividuais, enquanto os de primeira geração são os ligados ao valor da liberdade. Os direitos civis e políticos e os de segunda geração são os direitos sociais, econômicos e culturais.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: No artigo 225, § 1º e seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza obrigatória, que deve o Poder Público dispor para a defesa do meio ambiente.
O Poder Público, para assegurar a proteção do meio ambiente, deve: 
· Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
· Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
· Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
· Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
· Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
· Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
· Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
A seguir, vamos verificar cada um desses deveres do Poder Público.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas: Sobre o inciso I, § 1º, art. 225 da Constituição Federal — “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas” —, merece destaque identificar os conceitos de preservação e restauração, uma vez que têm significados diversos. Aurélio Buarquede Holanda destaca que preservar significa livrar de algum mal, manter livre de perigo ou dano, conservar. A preservação é o conjunto de procedimentos e políticas públicas que visem à proteção da biodiversidade nacional de todas as espécies, seus habitats e ecossistemas. Também se faz necessário a manutenção dos processos ecológicos. Restaurar é recuperar, reparar, compor. Deve ser compreendido por restaurar ecossistema degradados com o fim de que voltem ao estado anterior, isto é, o mais próximo possível da sua condição original.
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético</p>: O inciso II, do §1º do artigo 225 da CRFB é regulamentado, dentre outros, pela Lei 9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), pela Lei 11.105/2005. Essa lei disciplina a Política Nacional de Biossegurança, e a Lei n. 13.123/2015 dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade. Sobre o patrimônio genético, merece destacar que é indispensável a todos os seres vivos, uma vez que compõe a base para a existência de toda a diversidade biológica do planeta. Os principais instrumentos jurídicos que protegem o patrimônio genético são:
· A própria Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225, §1º, inciso II e a Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, que foi regulamentada pelo Decreto nº 8.772, de 11 de maio de 2016;
· A Política Nacional da Biodiversidade (Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002);
· A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (Decreto 6.040, de 7 de fevereiro de 2007);
· A Resolução do INPI n.207, de 24 de abril de 2009;
· A Resolução CGEN Nº 34, de 12 de fevereiro de 2009.
Importante: A Lei nº 13.123/15 não se aplica ao patrimônio genético humano, que é abordado pela Lei 11.105 de 24 de março de 2005 (Política Nacional de Biossegurança – PNB).
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção: Esta é a redação do texto legal contido no inciso III, do §1º: Esse dispositivo é regulamentado pela Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que foi instituído pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e regulamentado pelo Decreto Federal 4.340/2002. Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
Ele estabelece critérios e normas a serem observadas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Conforme determina o artigo 2º, inciso I da citada lei, unidade de conservação é o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. A criação das Unidades de Conservação é a principal proposta para diminuir os efeitos da destruição dos ecossistemas em nosso país. Elas existem para:
· Manter a diversidade biológica, os recursos genéticos no país;
· Proteger as espécies ameaçadas de extinção;
· Preservar e restaurar a diversidade de ecossistemas naturais;
· Promover a sustentabilidade do uso dos recursos ambientais;
· Estimular o desenvolvimento regional;
· Proteger as paisagens naturais;
· Incentivar atividades de pesquisa científica;
· Favorecer condições para a educação;
· Possibilitar a recreação em contato com a natureza, o que ultimamente passou a ser conhecido por turismo ecológico.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade: O artigo 225, §1º, inciso IV, proclama que é exigido, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. O estudo de impacto ambiental é uma forma de avaliar o impacto que certa obra ou atividade irá causar no meio ambiente. Assim, quando se pretende construir, edificar ou implementar qualquer atividade que de alguma forma cause impacto ao meio ambiental, isto é, que venha a alterar o meio ambiente, esta atividade está condicionada a uma avaliação prévia para que se possa exigir do empreendedor, seja ele pessoa física ou jurídica, as medidas necessárias para corrigir, mitigar, ou até mesmo compensar os efeitos negativos que essa nova atividade irá causar ao meio ambiente. A avaliação de impacto ambiental é o conjunto de procedimentos capazes de assegurar que, desde o início do processo, se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de um determinado projeto, programa, plano ou política e das alternativas viáveis. Os resultados dessa avaliação devem ser apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada da decisão. São instrumentos legais de implementação da avaliação de impacto ambiental: o estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto ambiental.
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente: O inciso V do artigo 225, § 1° da Carta Cidadã trata o caso do controle e da produção de substancias que importem em risco, como os transgênicos e os agrotóxicos e dispõe: Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
O objetivo deste inciso é que o legislador constituinte estabelecesse os fundamentos para a gestão dos riscos em matéria ambiental. Um bom exemplo para esse inciso é a utilização indiscriminada de agrotóxicos que comprovadamente, em índices elevados, podem causar sérios danos à saúde.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente: O inciso VI, do §1º do artigo 225 da Constituição Federal é regulamentado pela Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/99. Essa lei determinou ser atribuição do Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, assim como proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade, inciso VII do artigo 225, § 1°.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade: Este inciso do §1º do artigo 225 da Constituição Federal disciplina que incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. O legislador constituinte neste inciso se preocupou com a relevante função ecológica que a fauna e a flora representam para a preservação da biodiversidade nacional e dentro do ecossistema, possibilitando seu perfeito funcionamento. Há um grande número de leis que regulamentam o texto deste inciso, são elas: Lei nº 12.651/2012, novo Código Florestal; Lei nº 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)e a Lei nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei: O §2º do artigo 225 da Constituição Federal destaca que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Essa norma deixa cristalina a presença dos princípios ambientais do poluidor pagador e da responsabilidade para aquele que explorar recursos minerais, sendo este obrigado a recuperar o bem ambiental que veio a degradar fruto da atividade extrativista.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados: O § 3º do artigo 225 da CRFB deixa claro a responsabilidade por aquele que causar dano ao meio ambiente. Aquela pessoa física ou jurídica, de direito público ou de direito privado, que de forma direta ou indireta venha a degradar o meio ambiente deve ser responsabilizada.
Essa responsabilidade pode ser tanto na esfera administrativa quanto na penal ou cível. A responsabilidade daquele que degrada o bem ambiental pode ser cumulativa nessas três áreas, dependendo da gravidade do dano causado, assim como pode ser apenas em uma ou duas delas.
A PNMA, em seu artigo 14, § 1º, já consagrava a responsabilidade daquele que causa dano ao meio ambiente. Dispõe a norma que: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais: Segundo Aurélio Buarque de Holanda, bioma é o conjunto de seres vivos de uma área. A maior parte da flora (Conjunto de espécies vegetais que compõe a cobertura do país.)brasileira encontra-se na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica, embora todos os outros biomas apresentem uma grande diversidade vegetal. A destruição das florestas através das queimadas e desmatamentos é um dos maiores danos ambientais que há, comprometendo o futuro da Terra. O que se verifica atualmente é que existe muito pouco da natureza virgem original no planeta. O Brasil perde em torno de 1,3 milhões de hectares de florestas por ano. Sem as árvores, há a mudança do regime das chuvas, o ar se torna irrespirável e a fauna desaparece. A floresta é uma síntese viva e complexa da natureza e da história.
O homem, como parte da natureza, deveria preservá-la e protegê-la para as futuras gerações. O crescimento econômico não pode ser justificado com a destruição das florestas, pois as perdas decorrentes dessa destruição ameaçam o próprio futuro da sociedade. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, § 4º, estabelece que: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense, a Zona Costeira são parte do patrimônio nacional, bens de uso comum do povo, a serem preservadas e defendidas para as presentes e futuras gerações. Embora não incluídos no artigo 225, § 4º da CRFB, a Caatinga, o Cerrado, os Pampas (Campos Sulinos) são considerados biomas brasileiros e patrimônios nacionais, bens de uso comum do povo, a serem defendidos e preservados, como todos os demais recursos naturais. Proteger a flora é também proteger a biodiversidade do planeta. Os benefícios decorrentes desta proteção estão na manutenção do clima, na proteção dos recursos hídricos, na fertilidade e proteção dos solos, entre outros. Os principais regulamentos de defesa da flora são:
· Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que institui o Código Florestal em vigor;
· Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas, institui o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF);
· Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que disciplina sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica.
Merece esclarecer que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, todos esses protegidos pela redação do artigo 225, § 4° da Constituição Federal, só podem ser utilizados conforme determinação legal e dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais: Nesse parágrafo, é importante destacar o conceito de terras devolutas, que podem ser conceituadas como sendo: Todas as terras existentes no território brasileiro, que não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não afetadas a qualquer uso público. (Di Pietro, 2010)
Elas integram a categoria de bens públicos dominicais, pois não há destinação pública.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas: Este parágrafo do artigo 225 da Constituição Federal trata das usinas nucleares. Como se verá a seguir, a competência para legislar sobre as atividades nucleares é privativa da União, artigo 22, inciso XXXVI da CRFB. Da mesma forma, os recursos minerais são bens da União, conforme determina o artigo 20, inciso IX do texto legal.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos: A Emenda Constitucional nº 96, de 6 de junho de 2017, implementou o parágrafo 7° do artigo 225 da Constituição Federal. Esse parágrafo estipula que não serão consideradas cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que essas sejam provenientes de manifestações culturais, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro. Essas práticas desportivas, fruto de manifestações culturais, como a vaquejada, devem ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. Como o meio ambiente está diretamente ligado à qualidade de vida de todos, zelar pelo patrimônio cultural e histórico de uma nação traduz-se como meio ambiente cultural, que tem sua disciplina nos artigos 215, 216 e 216 - A todos da Constituição Federal. Segundo narra a redação do artigo 215, incumbe ao Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização e a difusão dessas manifestações. O parágrafo 1º do artigo 215 da Constituição Federal ainda determina que: O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. Em 13 de junho de 2017, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal propôs a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5728, no Supremo Tribunal Federal, em nome do ministro relator Dias Toffoli, com o fim de questionar a Emenda Constitucional nº 96/2017, que incluiu a redação do parágrafo 7° ao artigo 225 da Constituição Federal: (...) para definir condições nas quais práticas desportivas que utilizem animais não serão consideradas cruéis.
Comentário: A Emenda Constitucionalnº 96, que implementou o parágrafo 7° ao artigo 225 da Constituição Federal, dispõe em desacordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (número 4.983/CE), decidida no pretérito dia 6 de outubro de 2016, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 15.299/2013, do Estado do Ceará. Essa lei regulamentou a vaquejada como prática desportiva e cultural, pois a norma estadual estaria em desacordo com os artigos 225, § 1º, inciso VII da Carta Magna.
Competência Constitucional Ambiental
A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, repartiu as competências entre todos os entes da Federação brasileira, isto é, entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios para, no que tange a nossa disciplina, estabelecer normas protetivas e regulamentadoras dos bens ambientais, dentro da autonomia das unidades federadas de se auto-organizar, observando os princípios do pacto federal. Esta competência dos entes públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), divide-se em:
· Competência administrativa ou material
· Competência legislativa.
Competência administrativa
A competência administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de atividades ambientais, dividindo-se em:
1. Competência administrativa (ou material) exclusiva: Essa competência é inerente à União, artigo 21 da Constituição Federal. Trata-se de competência exclusiva da União, não cabendo a qualquer outro ente público. Essa competência versa sobre interesse geral. Na esfera ambiental, trata-se de competência administrativa exclusiva da União, como por exemplo:
Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
Estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
2. Competência administrativa (ou material) comum: A competência administrativa comum é também denominada de concorrente administrativa. É atribuída conjuntamente a todos os entes federativos, isto é, cabe tanto à União quanto aos Estados, Municípios e Distrito Federal. Trata-se de mera cooperação administrativa prevista no artigo 23 da Constituição Federal. Em matéria ambiental, a competência administrativa comum encontra-se no artigo 23, em alguns incisos como:
· Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
· Preservar as florestas, a fauna e a flora;
· Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
· Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
· Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
· Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
Importante: O parágrafo único do artigo 23 da Constituição Federal narra que a cooperação executiva entre os entes federados será determinada por leis complementares, que deverão verificar o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
No que tange ao meio ambiente, foi sancionada a Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011, que fixa normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora.
Competência legislativa
A competência legislativa é atribuída aos entes federativos o ato de legislar. É dividida em:
1. Competência legislativa privativa;
2. Competência legislativa exclusiva;
3. Competência legislativa residual;
4. Competência legislativa concorrente;
5. Competência legislativa suplementar;
6. Competência legislativa supletiva.
A seguir, vamos analisar cada uma dessas competências.
Competências:
1. Competência legislativa privativa: Está prevista no artigo 22 da Constituição Federal. Esta competência legislativa privativa é inerente à União, que é quem tem o poder de legislar sobre as matérias específicas do artigo 22 da Carta Magna. Esta competência tem a possibilidade de delegação, conforme dispõe o parágrafo único do citado artigo, que narra que: A lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. No que tange ao bem ambiental, tem como exemplo a competência legislativa da União para legislar sobre:
· Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
· Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
· Jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
· Populações indígenas;
· Emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
· Sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
· Atividades nucleares de qualquer natureza.
2. Competência legislativa exclusiva: Diz respeito aos Estados e aos Municípios e é aquela reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação. Está prevista no art. 25, §§ 2º e 3° da Constituição Federal além, no que concerne ao estudo de nossa disciplina, do art. 30, inciso I da Carta Magna: Constituição Federal, artigo 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. [...] § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. CRFB, art. 30. Compete aos Municípios: I - Legislar sobre assuntos de interesse local
3. Competência legislativa residual: Também é denominada de competência legislativa remanescente ou ainda reservada. Trata-se de competência residual dos Estados, conforme previsto no artigo 25, § 1° da Constituição Federal. Narra a redação do artigo 25, caput da Constituição Federal que: Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Já o § 1º diz que: São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
4. Competência legislativa concorrente: Permite que a União, Estados e Distrito Federal legislem sobre a mesma matéria. Tem como característica a atribuição de uma mesma matéria a mais de um ente federativo e tem seu fundamento no artigo 24 da Constituição Federal. Na espera ambiental, esta competência tem como exemplo de que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
· Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
· Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
· Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, § 1° da CRFB/1988), que deverá ser observada por todos.
Constituição Federal, artigo 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
5. Competência legislativa suplementar:Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais, e os Estados, as normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementá-la. Sobre os Estados, o artigo 24, § 2° da Constituição Federal estabelece que a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. No que tange aos municípios, a redação do artigo 30, inciso II da Constituição Federal destaca que compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
6. Competência legislativa supletiva: Pressupõe a inércia da União em editar lei federal sobre normas gerais, adquirindo, desta forma, os Estados e o Distrito Federal, competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas sobre as matérias disciplinadas no artigo 24 da Constituição Federal (art. 24, § 3°). É importante destacar que a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei estadual (ou distrital), naquilo que lhe for contrário (art. 24, §4° da Constituição Federal). Constituição Federal, artigo 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...] § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

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