Buscar

APOSTILA-HUMANIDADES E CIÊNCIAS SOCIAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

3 
Democracia 
 
O que é democracia? 
 
 Normalmente, quando se fala em democracia, 
a primeira imagem que nos vem ao pensamento é 
a imagem do voto. Essa imagem é adequada e 
está no fundamento da democracia. Por outro lado, 
o voto é, dentro do próprio sistema democrático, a 
consequência de um conjunto de ideias anteriores. 
 Vamos tentar deixar isto mais claro: podemos 
dizer que a democracia é aquele sistema político 
onde todos têm direito ao voto e as decisões são 
tomadas a partir do voto da maioria. 
A democracia e sua transformação ao longo da história 
A palavra democracia tem origem na Grécia antiga e significa “governo do povo”. Portanto, todo aquele 
regime que se reivindica como democrático, pressupõe a participação dos cidadãos e cidadãs no destino 
do país. É a partir daqui, na maneira como se dá a tal participação, que ao longo da história a democracia 
foi ganhando vários formatos, onde as pessoas participam de forma direta ou indireta. 
A seguir, vamos conhecer alguns formatos do regime democrático: 
 Democracia representativa: 
Um dos modelos mais tradicionais é o de democracia representativa – formato aplicado no Brasil, que 
funciona a partir das eleições que, em basicamente todo o mundo ocidental, são sustentadas pelo 
Sufrágio Universal, ou seja, todas e todos podem votar e escolher o seu representante, daí a ideia de 
representatividade democrática. 
No modelo representativo, os políticos e ou cidadãos que desejem exercer cargos eletivos necessitam 
estar filiados em partidos políticos, estes lançam os candidatos, que por sua vez e sempre nos períodos 
eleitorais, podem ir às ruas ou utilizar outros métodos para pedir votos às pessoas. 
No Ocidente, a democracia representativa é maioria, com algumas diferenças de um país para outro. E 
quais são essas diferenças? A começar pela duração dos cargos eletivos (varia entre 4 e 5 anos), 
financiamento de campanhas: em alguns países apenas cidadãos podem doar, em outros, o 
financiamento é misto, ou seja, pessoas e empresas privadas podem ajudar com dinheiro e, em alguns 
países, além dos dois meios de financiamento, o Estado também possui um fundo eleitoral, caso do 
Brasil. E como os partidos políticos acessam esse fundo? De acordo com a sua bancada na Câmara dos 
Deputados Federais: quanto maior o partido, mais dinheiro recebem. 
 Democracia participativa ou direta 
O modelo de democracia participativa é considerado por especialistas como o mais ideal, pois a ideia é 
conceder poder deliberativo aos cidadãos e cidadão. E o que seria o poder de deliberativo? Os eleitores 
podem barrar diretamente decisões que considerem ruins por parte dos governantes. Por exemplo: o 
governador de um estado decide construir uma ponte, porém essa construção vai afetar diretamente a 
vida de moradores de um determinado bairro. Esses moradores, organizados, na democracia 
participativa podem barrar tal medida. Em uma democracia representativa, os afetados pela construção 
dependem dos deputados e vereadores para barrarem ações que considerem negativas. 
4 
É importante destacar que o modelo de democracia participativa também não é homogêneo. A 
participação dos cidadãos pode ser através de conselhos populares organizados em nível nacional, 
estadual e municipal; participação direta no destino da verba pública a partir de audiências deliberativas, 
ou seja, são os grupos organizados que decidem onde o dinheiro público vai ser investido e, por ser 
deliberativa, o governo nacional e o local não podem desobedecer. 
No Brasil nós tivemos uma pequena experiência de democracia participativa durante a gestão da então 
prefeita da cidade de São Paulo, Marta Suplicy (PT), com a instituição do Orçamento Participativo (OP), 
onde grupos organizados participavam de uma audiência pública e decidiam o destino de 15% do 
orçamento da cidade. 
Para especialistas, o modelo participativo de democracia é ideal demais e por isso tão pouco aplicado. 
Alguns avaliam que ele pode funcionar em países pequenos, mas não em nações como o Brasil ou EUA, 
que são grandes demais. 
Qual a diferença entre parlamentarismo e presidencialismo? 
 
Parlamentarismo e presidencialismo são dois sistemas de governo que existem na maioria dos 
governos democráticos da atualidade. 
O objetivo é o mesmo: garantir a governabilidade e a segurança do Estado e dos cidadãos. 
A principal diferença entre os dois sistemas de governo é o modo como é escolhido o chefe do 
Poder Executivo. Também se as funções como chefe de Estado e de Governo são concentradas em uma 
só pessoa ou divididas em duas. 
No presidencialismo, o chefe do Poder Executivo é o presidente, que é eleito pelo povo por meio 
do voto direto ou indireto. 
Parlamentarismo 
O Parlamentarismo é um sistema de democracia que também pode ser entendido como 
representativo, porém o chefe de Estado, que geralmente é o 1º Ministro, depende de formar uma 
maioria no Congresso Nacional. Ou seja, ao contrário do modelo brasileiro, onde o Presidente da 
República concentra boa parte do poder, seja de verba ou de decisões, nos regimes parlamentaristas o 
poder está concentrado nas mãos dos parlamentares. 
Desta maneira, o representante do país não é eleito de maneira direta, como fazemos no Brasil 
ao votar em candidatos(as) à presidência da República. Quem nomeia o futuro Chefe de Estado é a 
maioria parlamentar eleita. Em alguns países, Espanha, por exemplo, esse voto se dá por meio de uma 
lista fechada, ou seja, você escolhe votar na lista do partido X, se este obtiver maioria é ele quem decide 
ou nomeia o futuro representante do país. Às vezes, nenhum partido consegue maioria absoluta para 
indicar o Chefe de Estado, a partir daí os partidos começam uma negociação para formar uma maioria e 
é neste ponto que aparece um dinamismo interessante neste regime: supondo que os partidos Y e N não 
foram os mais votados, mas, juntos, conseguem o maior número de parlamentares, cabe a estes dois 
partidos indicar o representante, mesmo que o partido X, como indicado antes, tenha obtido a maioria 
dos votos. 
No regime parlamentarista os chefes de Estados não são depostos por meio do impeachment, 
como ocorre no Brasil, mas sim por meio de dois caminhos: 1) Voto de desconfiança: se os 
parlamentares considerarem que o atual governo não está realizando uma boa gestão, eles colocam em 
votação a Desconfiança, se esta for aprovada, o governo é dissolvido. Em alguns países, isso gera 
obrigatoriamente novas eleições, em outros, quem monta o novo governo é o partido que propõe o Voto 
Desconfiança. 2) Dissolução da base de apoio: se o governo em questão perde sua base de apoio, o 
chefe de Estado é automaticamente removido do cargo. Neste caso há dois caminhos: o próprio partido 
do poder pode fazer uma eleição interna e escolher um novo representante ou novas eleições podem ser 
convocadas. 
5 
Alguns países que são parlamentaristas: Alemanha, Reino Unido, Japão, Irlanda, Itália, Espanha 
e outros. 
 
Presidencialismo Parlamentarismo 
Definição 
O presidencialismo é um sistema de 
governo em que o presidente é o Chefe de 
Estado e Chefe de Governo. Este 
presidente é o responsável pela escolha 
dos ministros e deve submeter seus 
projetos de lei ao parlamento. 
Parlamentarismo é um sistema de governo 
em que o Poder Legislativo (parlamento) 
define o representante do Poder Executivo. 
Todos os projetos, leis e outras decisões do 
governo são submetidos a votação do 
parlamento. 
Poder 
executivo Exercido pelo Presidente da República. 
Primeiro-Ministro (em alguns países é 
chamado de Chanceler, Presidente do 
Conselho de Ministro, Presidente do 
Governo). 
Escolha do 
representante 
Por meio de voto direto do povo. Nos 
Estados Unidos, o presidente é eleito por 
um colegiado. 
O primeiro-ministro é escolhido pelo 
parlamento, por meio da maioria de votos 
internos. Ele também pode ser escolhido 
pelo Chefede Estado através de uma lista 
fornecida pelo parlamento. 
Por sua parte, o parlamento é escolhido 
pelos cidadãos. 
Tempo de 
mandato 
Depende do país. No Brasil, o mandato é 
de 4 anos, já na França é de cinco anos. 
A possibilidade de reeleição também 
depende das leis de cada país. 
Indefinido. 
Em certos países há eleições a cada quatro 
ou cinco anos. 
Onde surgiu Estados Unidos Inglaterra Medieval 
Função do 
parlamento 
Fiscalizar, debater leis que sejam 
sugeridas pelo Executivo e ser um 
contrapeso aos atos do mesmo. 
Todas as decisões do governo passam pelo 
parlamento. Ele também é responsável pela 
escolha do Chefe de Governo. 
Chefia de 
Estado 
Está concentrado na mesma pessoa que 
exerce a chefia de governo. 
O chefe de Estado (rei ou presidente) é 
exercido por outra pessoa e esta não 
possui responsabilidades políticas. 
Interrupção do 
governo 
Em caso de falecimento ou por meio 
do Impeachment. Este só acontece apenas 
em casos de crimes de responsabilidade, 
cassação por crime eleitoral ou crime 
comum durante o mandato. 
O parlamento tem o poder de substituir o 
Chefe de Governo. Em caso de suspeita de 
corrupção, pode ser aprovado o voto de 
censura. 
Exemplos Brasil, Estados Unidos, Argentina, Uruguai 
Canadá, Inglaterra, Suécia, Itália, 
Alemanha, Portugal. 
Divisão de 
Poderes 
No presidencialismo, o presidente exerce o 
Poder Executivo, enquanto os outros dois 
poderes (Legislativo e Judiciário) possuem 
autonomia. 
O Poder Executivo necessita da aprovação 
do parlamento para ser formado. 
No entanto, há independência entre os 
poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. 
Em qual regime 
de governo 
pode ser 
aplicado? República Monarquia e república 
 
 A divisão de poderes 
 Até este momento nós acompanhamos os modelos de democracia existentes no mundo. 
Percurso importante para que vocês tenham em mente que não existe apenas um e que todos estes 
6 
modelos apresentados possuem características diferentes, a depender do país. Porém, todos eles têm 
uma marca em comum: a participação da população no destino político do país. 
 Além disso, a democracia possui outras marcas: a liberdade de expressão, onde, de acordo com 
as regras de cada país, os cidadãos e cidadãs podem expressar suas respectivas opiniões, estas 
características nos levam a outra, que também acompanha um regime democrático: a liberdade de 
imprensa, ou seja, jornais, revistas, rádio, portais de internet, etc., podem fazer críticas ou elogios aos 
governos sem que sofram sanções. 
 Além dos pilares da participação dos cidadãos e cidadãs por meio do voto ou pela participação de 
Conselhos Populares (deliberativos ou consultivos,) e da liberdade de expressão, a democracia possui 
outra marca: a divisão de poderes; são eles: executivo, legislativo e judiciário. Vejamos a competência de 
cada um deles: 
 
Executivo 
 O poder executivo é aquele designado ao representante eleito (presidente, governador e prefeito) 
– direta ou indiretamente, como vimos anteriormente – e que tem por obrigação aplicar o seu plano de 
governo. E como isso se dá? Tanto no regime presidencialista (representativo ou participativo), quanto no 
Parlamentarista, esse poder executivo é distribuído em ministérios que são responsáveis por assuntos 
específicos. Por exemplo: economia, educação, saúde, segurança, direitos humanos, arte e cultura, lazer 
etc. 
 
Legislativo 
 O poder legislativo varia muito conforme o país. Por exemplo, no Brasil nós temos três tipos de 
poder legislativo: o municipal (Câmara dos Vereadores), o estadual (Assembleia Legislativa) e o nacional 
(Câmara dos Deputados Federais e o Senado, estes dois compõem aquilo que é chamado de Congresso 
Nacional). 
 
E o que faz cada um? 
 
 O vereador é responsável por fiscalizar o trabalho da prefeitura e também atuar na zeladoria da 
cidade; o deputado estadual é aquele que é eleito para trabalhar pela sua região, mas também pelo 
estado (São Paulo, Bahia, etc.) como um todo; o deputado federal é responsável por fiscalizar o trabalho 
do representante do poder executivo, bem como propor leis nacionais e também conseguir verba para a 
sua região. Além disso, os deputados federais possuem a prerrogativa de propor e revogar (derrubar) leis 
e alterar a Constituição. Os senadores e senadoras, assim como o deputado federal, também 
representam as suas respectivas regiões, mas também atuam como fiscalizadores do Poder Executivo e 
possuem o poder de criar ou derrubar leis e também de alterar a Constituição. Porém, seus respectivos 
mandatos possuem 8 anos de duração, enquanto dos deputados e vereadores, 4 anos. 
 
Judiciário 
 O poder judiciário, além de garantir os direitos da população, ele também serve como fiscalizador 
do Poder Executivo e ele está dividido em algumas esferas: O Supremo Tribunal Federal (STF), O 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais Regionais Federais 
e Juízes Federais, os Tribunais e Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e 
Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal. 
 Cabe destacar que dentro de cada estrutura dessa funcionam uma série de outras subestruturas 
do Poder Judiciário, como os tribunais estaduais. 
 
 Quando votamos, estamos escolhendo qual será o melhor representante ou conjunto de 
representantes que melhor irá administrar os recursos públicos. 
 Por isso, não faz diferença se quem está votando é rico ou pobre, pois os recursos públicos são 
propriedade de todos os membros de uma sociedade, representados pelo Estado. 
7 
 Além dos recursos financeiros, a estrutura pública também é formada de recursos “legais”, isto é, 
de um determinado código de leis que rege a sociedade como um todo, e que cabe também aos 
representantes eleitos pelo voto a estabelecerem. 
 
Princípios democráticos fundamentais 
 
 É importante notar que o direito ao voto se refere sempre a uma comunidade específica. Por 
exemplo, nas eleições municipais de uma cidade “x”, só podem votar para escolher como prefeito ou 
vereador, as pessoas que são naturais desta cidade. 
 Da mesma forma, um brasileiro que não tenha dupla nacionalidade, ou seja, não tenha direitos 
políticos em dois países diferentes, não pode participar dos processos eleitorais que ocorrem, por 
exemplo, na Itália. Desta forma, a universalidade do direito ao voto sempre está regulada pela 
participação de determinado indivíduo em determinada comunidade. 
 Na Grécia antiga, onde surgiu a democracia, temos um exemplo interessante a respeito das 
restrições da democracia quanto a quem tinha direito ao voto. Se tomarmos, por exemplo, a cidade de 
Atenas entre os séculos VI e V a.C, poderemos verificar que as condições para que se tivesse direito ao 
voto eram não ser: 
 
 escravo, 
 estrangeiro ou 
 do sexo feminino. 
 
 Essas condições faziam com que o percentual efetivo de pessoas que tinham direito ao voto não 
ultrapassasse os 15%. Obviamente, se compararmos a sociedade democrática de hoje com a 
democracia ateniense de 2.600 anos atrás, iremos constatar que hoje existe uma abrangência muito 
maior do direito ao voto. 
 As mulheres conquistaram igualdade política na sociedade ocidental e a escravidão é uma prática 
completamente extinta das estruturas políticas dos Estados ocidentais, desde o século XIX. 
 É preciso compreender que o verdadeiro centro da democracia é a ideia de que todos os 
membros de determinada comunidade têm igual direito e dever de intervir nas decisões que se referem 
aos recursos públicos. O voto é o meio através do qual este processo pode ser realizado e deve ser visto 
sempre como uma consequência de um processo maior, e não como um ato isolado em si mesmo. 
8 
 O valor do voto reside no comprometimento da pessoa que votou com determinada proposta, pois 
o que realmente transforma uma sociedade é o 
cuidadocontínuo com a mesma, expresso através das manifestações públicas que exigem direitos 
públicos, tais como: 
 
 justiça, 
 igualdade de direitos, 
 dignidade, 
 condições de trabalho, 
 educação, 
 saúde. 
Cabe ainda ressaltar que a democracia, embora seja cada vez mais afirmada como valor universal, é 
um valor de origem claramente ocidental. 
Na verdade, o próprio ocidente passou muito mais tempo afastado da democracia, do que próximo a 
ela. O continente europeu foi por mais de 1.600 anos governado por imperadores, reis e pela igreja 
católica. Essas formas de governo se caracterizavam pelo poder de oligarquias, que são pequenos 
grupos de pessoas consideradas nobres e que por isso teriam o direito de governar. 
 
 
 
A democracia, tal como podemos observar no ocidente, é, portanto, fruto de um longo processo 
histórico que pode parecer estranho às culturas que vieram de outras influências filosóficas e religiosas. 
9 
Por isso, a discussão de até que ponto e em que velocidade a democracia pode (ou não) se 
estender como um valor realmente universal, configura-se como tarefa muito delicada e necessária do 
ponto de vista de uma ética global. 
O panorama da extensão da democracia no mundo de hoje aponta que esta se mostra presente 
em toda a Europa, predominante na América, e pouco expressiva na Ásia e África. 
Uma democracia ou várias democracias? 
Como vimos, a democracia é fruto de um processo lento de desenvolvimento político das 
sociedades ocidentais. Esse processo se mistura à própria história do ocidente, encontrando variações 
relativas aos acontecimentos e ideias que marcaram cada país. Dessa forma, é preciso reconhecer que 
existem democracias mais bem desenvolvidas que outras. 
O que realmente tem valor dentro de uma democracia verdadeira é o comprometimento com 
propostas políticas que são manifestadas através do voto. O voto é um meio para expressar a defesa de 
um comprometimento político. 
Só é possível que uma nação tenha consciência e compromisso político, na medida em que seus 
habitantes estejam convencidos de que defender o bem-estar do Estado ao qual pertencem, é defender 
seu próprio interesse particular. 
Os habitantes de um país devem entender que ele foi e é fruto de uma construção coletiva, em 
favor de uma terra onde se possa viver com prosperidade, paz e segurança. É preciso que o cidadão tenha 
a consciência clara de que o destino de seu país pertence a ele, é fruto do seu trabalho. 
Pode-se dizer que a experiência democrática no Brasil é muito recente e, por isso mesmo, ainda 
precisa ser muito desenvolvida, sobretudo no que se refere à consciência da necessidade de respeito e 
cuidado com a esfera pública. 
Para exemplificar o que estamos querendo dizer em relação à consciência dos bens públicos, 
vamos tomar por base o fato de o Brasil possuir uma das maiores cargas tributárias do mundo: 
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, realizado neste ano de 
2009, cerca de 38,45 % do que recebemos por nosso trabalho é consumido com o pagamento de impostos 
e, mesmo assim, não nos sentimos suficientemente indignados para cobrar do governo condições básicas 
de saúde, educação e segurança. 
Aliás, o brasileiro muitas vezes tem “vergonha” de cobrar seus direitos. Mesmo pagando quase 4 
reais de cada 10 reais que ganha para tê-los. A razão deste comportamento incoerente é que, 
historicamente, não tivemos tempo suficiente de experiência com a democracia e com o Estado de direito. 
Por isso ainda há uma dificuldade para interiorizarmos a consciência de que todo o benefício público é 
financiado pelo trabalho do povo. 
Como pode um político qualquer se gabar tanto em dizer que “fez” uma ponte, um hospital ou um 
colégio? Na verdade, quem faz a ponte, o colégio, o hospital e tudo mais, é o trabalho do povo. 
O político brasileiro fala como se tivesse feito um grande gesto de bondade, como se tivesse 
doado de seu salário a quantia necessária para a construção de obras públicas. O político, quando aplica o 
dinheiro público para o bem público, não faz mais que a sua obrigação. É para isso que ele é pago, aliás, 
no Brasil, excessivamente bem pago! 
Como podemos ainda assistir a escândalos diários envolvendo políticos do alto escalão do 
governo, sem termos com isso a mobilização necessária para reivindicar punições severas para aqueles 
que roubam dinheiro público? 
Quantos políticos você se lembra de serem condenados, presos por um tempo considerável por 
crimes envolvendo o dinheiro do estado? Certamente, você não vai se lembrar porque, no Brasil, a lei não 
se aplica devidamente aos crimes praticados contra o patrimônio público. 
Dessa maneira, fica evidente que nossa democracia necessita progredir muito e não podemos 
dizer que exista uma uniformidade das democracias existentes em países com históricos de formação 
muito distintos. Certamente, alguns países europeus irão demonstrar graus de evolução democrática mais 
elevados que os Estados Unidos. 
O estado de evolução da democracia no Brasil apresenta índices bem mais elevados que na 
Colômbia, Venezuela, Rússia e China, dentre outros. Ou seja, ao falarmos de democracia, devemos 
10 
sempre pensar em “democracias”, dada a variedade de estágios de desenvolvimento dos Estados 
democráticos no mundo. 
Corrupção: o grande “veneno” para a democracia 
 Ainda falta falarmos de um valor 
importantíssimo ligado ao fundamento da 
democracia. Trata-se da “confiança”. 
 Em uma democracia, escolhemos 
representantes que possam cuidar dos nossos 
interesses. O papel do político é, basicamente, 
servir aos interesses do povo que ele representa, 
tal como cabe ao comandante de uma aeronave 
conduzir os passageiros em uma viagem 
tranquila. 
Por isso, uma relação de confiança sólida entre aqueles que votam e aqueles que são eleitos deve 
ser estabelecida. Assim, deve haver um Estado democrático onde as pessoas estejam seguras de que 
podem contar com o empenho de seus governantes eleitos para promover o bem-estar da comunidade. 
Se não existir confiança, dificilmente haverá uma democracia de fato. Pois, escolher alguém que 
nos represente é, “por si”, um ato de confiança. 
Assim, ocorre que os políticos são aqueles que mais têm acesso aos recursos públicos. Nós lhes 
conferimos poder para que façam o melhor emprego do dinheiro dos impostos de todos. 
O que esperamos ou deveríamos esperar de um político é, na verdade, o que se deve esperar de 
qualquer outro profissional que cuida de algo que nos pertence: honestidade. 
E o político, tendo acesso aos recursos públicos, vê-se diante de dois caminhos: ou age com 
honestidade e trabalha para o povo, honrando os votos de confiança que lhe foram dados, ou se corrompe. 
Mas o que é se corromper? Muitas pessoas confundem a corrupção com a “mudança de ideia” ou de 
vontade. Mas ela é algo significativamente diferente. 
Você quer ver um exemplo: Imagine alguém que deseja ser prefeito visando o valor do salário e dos 
benefícios que são atribuídos ao cargo e que consegue, por fim, ser eleito. 
Imagine que essa pessoa descubra que, na verdade, gostaria de ganhar mais e de ter mais poder 
em outra profissão. Este alguém ainda não é corrupto. Ele simplesmente mudou de ideia, mudou de 
planos, não está mais satisfeito com os benefícios daquele cargo tão sonhado. Nesse caso, essa pessoa 
deve abrir mão do cargo e ir em busca daquilo que lhe satisfaça, sem que, por isso, seja corrupto. 
Basicamente, a corrupção nasce quando a pessoa finge estar comprometida com valores que na 
verdade não está. Mas aí você pode se perguntar: a corrupção não tem a ver com receber dinheiro para 
realizar coisas que não deveriam ser feitas? 
A resposta é sim. No entanto, antes de ser um ato de recebimento de importâncias financeiras ou 
favores, é um ato de quebra de confiança relativa a valores até então defendidos, tais como: 
 
 igualdade, justiça, 
 causas ambientais, 
 bem-estar público, 
 liberdade, 
 dignidade, 
 educação etc. 
Vamos deixar isso mais claro: ninguém elege um político desejando que ele desvie dinheiro público 
para multiplicar o seu salário. Elegemos políticos de acordo com a confiança que temos na sua suposta 
capacidade moral de seguir os ideais defendidos no período de campanha. 
11 
Quando determinado político aceita dinheiro ou favores para não seguir os valores e ideais afirmados 
em público, ou quando simplesmente se nega a trabalhar por estes valores, ele se corrompe. Isto é, ele 
ocupa um cargo e recebe por ocupar este cargo, fingindo estar a favor de causas que para ele, na 
verdade, não existem mais, foram corrompidas. 
Nesse caso, com a corrupção dos valores, ocorre a quebra de confiança no sistema democrático, pois a 
população percebe que foi traída na defesa de seus interesses. 
Nesse sentido, a corrupção é algo que existe no mundo todo, mas que, no entanto, é especificamente 
um problema mais recorrente em democracias mais jovens, como é o caso do Brasil. Isso porque, nesses 
casos, a impunidade se mostra mais acentuada. 
Sem valores, a democracia não é muito melhor que qualquer sistema tirânico disfarçado. Isso porque, 
enquanto os sistemas tirânicos são baseados em imposições de governo por via da ameaça e da violência, 
os sistemas democráticos tendem a ser regulados por valores tais como liberdade, igualdade e justiça. 
Ou seja, são justamente os valores agregados à democracia que fazem dela um sistema de governo 
melhor que o de um tirano, como o do ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein. 
É interessante notar que a liberdade está sempre presente em todo sistema democrático. Pode até ser 
que a maioria dos políticos de um país democrático qualquer seja corrupta. Mas a liberdade, ou a 
sensação de liberdade, sempre é mantida dentro dos Estados democráticos. 
O que, de qualquer forma, não deixa de ser, mesmo diante do problema da corrupção, uma grande 
vantagem em relação aos sistemas e governo tirânicos. 
A democracia e as minorias 
Quando falamos de democracia, é extremamente importante discutirmos a questão das minorias. 
Já sabemos que o sistema democrático segue a vontade da maioria dentro de determinado meio social e 
que, consequentemente, sempre existirá, para todos os casos, uma minoria “derrotada” democraticamente. 
Deve ficar claro que com o mesmo cuidado com que o sistema democrático acata a vontade da 
maioria, ele deve respeitar a discordância da minoria. 
As minorias não podem nunca ser massacradas ou perseguidas. O fato de a maioria determinar as 
decisões a serem tomadas não deve, e nem pode, inibir que a minoria manifeste, através da liberdade de 
expressão, sua discordância. 
Uma democracia que persegue os grupos menores deixa de ser uma democracia e se transforma 
em um totalitarismo. Isto é, em um sistema que não admite divergências de pensamento em relação às 
tomadas de decisão política de quem tem o poder. Em uma democracia, o eleito deve governar para todos, 
e não simplesmente para os que o elegeram. 
Deve-se entender que o voto de uma pessoa que pertence a uma determinada minoria relativa a 
uma questão específica qualquer vale tanto quanto o voto da pessoa que participa da maioria para esta 
mesma questão. 
As pessoas não são melhores ou piores por participarem de grupos maiores ou menores. O 
respeito individual dos membros de uma sociedade democrática deve sempre prevalecer sobre as 
divergências coletivas. 
Através deste equilíbrio, ao mesmo tempo que a vontade da maioria prevalecerá, o bem-estar da 
minoria será garantido, já que ambos os grupos são constituídos por seres humanos individuais igualmente 
merecedores de respeito. 
 
Resumo 
 O voto, dentro da democracia bem desenvolvida, não pode ser nunca um fim em si mesmo. Ele é a 
consequência de um conjunto de ideias anteriores, sobretudo a de igualdade de direitos, e mostra-se 
como um meio para que uma decisão seja tomada. 
 A democracia parte do pressuposto de que todos têm os mesmos direitos dentro do Estado do qual 
participam. 
12 
 Para a democracia, é fundamental a divisão clara entre aquilo que é público e aquilo que é privado. O 
sistema democrático opera, sobretudo, com as questões de cunho, social, político e econômico onde 
todos têm direitos iguais. 
 A estrutura pública é formada por recursos materiais e pelo corpo de leis que regulam o 
desenvolvimento da sociedade. 
 A universalidade do voto está sempre limitada pela participação de determinado indivíduo em 
determinada estrutura social onde ele tem poder de voto. É preciso fazer parte de um meio para poder 
ter direitos políticos de intervenção sobre ele. 
 A democracia nasce na Grécia antiga e suas primeiras formas datam de mais de 2.600 anos. 
 O processo de desenvolvimento da democracia é lento e obedece às variações culturais de cada país 
ou região. 
 A verdadeira democracia exige que os cidadãos tenham real sentimento e consciência de pertença e 
responsabilidade para com o meio onde vivem. 
 A formação do Brasil partiu de um processo de colonização exploradora, enquanto que países como 
os Estados Unidos passaram por processos de colonização de povoamento. 
 Cerca de 76% da história de nosso país é marcada pelo regime escravocrata. 
 Muito de nossa passividade quanto aos crimes absurdos contra o dinheiro público deriva da nossa 
pouca experiência histórica com a democracia. 
 A carga tributária do Brasil é uma das maiores do mundo – 40% – e, mesmo assim, muitas vezes 
sentimos “vergonha” quanto à cobrança de nossos direitos: mais um sintoma da fragilidade de nossa 
consciência democrática. 
 A corrupção se mostra como a grande inimiga da democracia na medida em que acaba com os 
vínculos de confiança necessários entre eleitores e eleitos. 
 A liberdade é talvez o traço mais fundamental da democracia. 
 
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 
1. O que é democracia? 
2. Defina presidencialismo e parlamentarismo. 
3. Além dos pilares da participação dos cidadãos e cidadãs por meio do voto ou pela participação de 
Conselhos Populares (deliberativos ou consultivos,) e da liberdade de expressão, a democracia possui 
outra marca: a divisão de poderes, quais são eles? 
4. Uma democracia sem exercício de voto não é possível. Por outro lado, o voto 
sem os fundamentos da democracia não faz sentido democrático. Por quê? 
5. Leia o fragmento de texto a seguir: 
Só de Sacanagem! 
Elisa Lucinda 
[...] 
Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não 
importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus 
amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a 
gente consegue ser livre, ético e o escambau.” 
 
Dirão: “É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não 
admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo, 
mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final! 
Agora, com base no que você aprendeu nesta aula, responda: 
a) Que papel o valor “confiança” tem dentro do sistema democrático? 
b) Aponte pelo menos uma medida fundamental para a diminuição do nível 
de corrupção em nosso país 
 
13 
CIDADANIA 
O que é a cidadania? 
A cidadania representa o conjunto de direitos e 
deveres que um cidadão tem em um 
determinado território. Esse conceito, que 
perpassa diversas áreas das Ciências Humanas, 
é bastante amplo e remete ao convívio pacífico 
da sociedade, mediante um conjunto de diversos 
direitos e deveres que devem ser assegurados e 
respeitados, com vistas à construção de uma 
sociedade plenamente democrática. Os direitos e 
deveres de um cidadão envolvem as esferas 
civil, política e social, assim como diversos 
campos da sociedade, como a saúde, a 
educação e a segurança.→ Exemplos de cidadania 
A cidadania é o termo que designa o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo. São 
exemplos de cidadania o direito ao voto livre e a liberdade de expressão. A função da cidadania é 
contribuir para a participação ativa dos indivíduos na sociedade, e o exercício pleno da cidadania 
promove a participação das pessoas em diversos setores da comunidade, havendo assim a construção 
de uma sociedade democrática. Logo, a importância da cidadania remete à transformação social, por 
meio da participação cidadã. 
Conceito bastante amplo, a cidadania envolve diversas esferas da sociedade. São exemplos de 
cidadania desde práticas individuais, como destinar o lixo doméstico para locais adequados de 
coleta e reciclagem, até ações que impactam a sociedade como um todo, como o direito e o dever 
de participar de uma eleição democrática por meio do voto. 
Qual a função da cidadania? 
A função da cidadania está relacionada à construção de uma sociedade democrática, levando em 
conta os direitos e deveres dos cidadãos, sejam eles civis, políticos ou sociais, por meio da participação 
ativa do indivíduo em diferentes esferas da sociedade. 
Portanto, a função da cidadania é garantir o cumprimento dos direitos e deveres dos 
cidadãos, visando a construir uma sociedade verdadeiramente democrática. Sendo assim, a 
cidadania contribui, dentre outros aspectos, para a atenuação da desigualdade social e para o fomento 
do desenvolvimento sustentável, por meio de ações individuais e coletivas que objetivem o respeito e a 
solidariedade entre os indivíduos que compartilham um mesmo território. 
 
O que é ser cidadão? 
O conceito de cidadania está diretamente imbricado ao de cidadão, uma vez que para a 
efetivação da cidadania de um indivíduo torna-se necessário o exercício dos seus deveres e o respeito 
dos seus direitos. 
Nesse sentido, um cidadão é o indivíduo que participa de forma autônoma e ativa na 
sociedade, com a adoção de medidas individuais e participação em ações coletivas que contribuem para 
a construção de um modelo social mais livre e democrático. Assim, ser cidadão é exercer de fato a 
cidadania, tendo direitos e deveres resguardados pela legislação local e aplicados no cotidiano. 
 
Exercício pleno da cidadania 
O exercício pleno da cidadania envolve a participação ativa do indivíduo na sociedade. Desse modo, o 
cidadão exerce a cidadania quanto tem ciência completa dos seus direitos e deveres e os 
aplica nas ações do cotidiano que promovem o desenvolvimento da sua comunidade, sendo de suma 
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/conceito-territorio.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reciclagem.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/desigualdade-social.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/desenvolvimento-sustentavel.htm
14 
importância a participação das escolas e da educação em geral no processo de conscientização dos 
indivíduos. 
Cidadania no Brasil 
A cidadania no Brasil foi resultado de uma longa trajetória de construção da identidade 
brasileira e do processo de independência do país, que marcou a construção dos primeiros 
documentos legais que demarcam os direitos e deveres dos cidadãos do país. Nesse contexto, 
a Constituição da República Federativa do Brasil é um elemento-chave, uma vez que ela é a principal lei 
do país, ou seja, onde estão reunidos todos os principais direitos e deveres dos cidadãos brasileiros. 
Mesmo com o aporte legal, o exercício da cidadania no Brasil ainda é bastante complexo, 
visto que não são todas as prerrogativas legais que são cumpridas pelo poder público, como, por 
exemplo, em áreas como saúde, educação, segurança e alimentação. No mesmo sentido, a acentuada 
desigualdade social brasileira, assim como a falta de efetivação de políticas públicas diversas, dificulta o 
exercício da cidadania no país. 
 
Direitos do cidadão 
Os direitos de um cidadão são descritos nos documentos constitucionais que legislam 
determinado território. No caso específico do Brasil, esse documento é a Constituição da República 
Federativa do Brasil, promulgada em 1988. De acordo com o referido documento, são exemplos de 
direitos dos cidadãos brasileiros|1|: 
 a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados; 
 a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
 a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente 
de censura ou licença; 
 a livre locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
 o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que 
a lei estabelecer. 
Deveres do cidadão 
Assim como ocorre em relação aos direitos, os deveres de um cidadão também 
são descritos no documento constitucional de um determinado território. São exemplos de direitos 
indicados pela Constituição da República Federativa do Brasil (1988)|1|: 
 o sufrágio universal por meio do voto direto e secreto nos termos da lei; 
 o respeito e o cumprimento da legislação do Brasil; 
 o cumprimento do serviço militar obrigatório nos termos da lei; 
 a proteção ao patrimônio histórico, cultural e ambiental do Brasil. 
 
História da cidadania 
A história da aplicação do termo “cidadania” tem origem na Grécia Antiga, onde havia uma clara 
descentralização do poder, por meio da constituição de cidades semiautônomas. Logo, esse 
termo referia-se aos direitos e deveres daqueles que moravam nas cidades da Grécia Antiga. 
No mesmo sentido, o termo cidadania aplicava-se ao conjunto de direitos e deveres da 
população local na Roma Antiga. Em ambos os casos, vislumbra-se uma relação muito próxima entre 
cidadania e democracia, com destaque para a Grécia, considerada o berço das práticas democráticas no 
mundo. 
Portanto, a história da cidadania está justamente atrelada à participação dos indivíduos nos 
diferentes âmbitos de uma comunidade. Com o tempo, essa concepção foi ampliada, incluindo 
diversas esferas da sociedade, assim como inúmeras localidades, que passaram a adotar a democracia 
como regime de governo. Atualmente, a maior parte das nações ditas ocidentais e outras localidades no 
planeta têm no exercício da democracia uma das suas premissas básicas. 
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/a-identidade-nacao-brasileira.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/a-identidade-nacao-brasileira.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/independencia-brasil-1822.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/constituicao-1988.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/poder.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/poder.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/roma-antiga.htm
15 
Por que a cidadania é importante? 
A cidadania é importante porque, por meio dela, os cidadãos podem contribuir de forma direta para 
a construção de uma sociedade mais justa. Nesse sentido, destaca-se que é fundamental que os 
cidadãos tenham plena consciência dos seus direitos e deveres e que os coloquem em prática, com 
vistas à mudança da mentalidade individual e coletiva para que seja promovida a cidadania plena dos 
indivíduos. Essas ações promovem a transformação social, auxiliando assim na construção de uma 
sociedade mais democrática. 
Resumo sobre cidadania 
 A cidadania é o conjunto de direitos e deveres que todo cidadão tem em sua localidade de origem. 
 O direito ao voto é um exemplo de cidadania praticada empaíses com regime de 
governo democrático. 
 A função da cidadania é contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva mediante a 
participação na sociedade. 
 O exercício pleno da cidadania envolve o conhecimento dos direitos e deveres por parte dos 
indivíduos. 
 A história da cidadania remete à construção do processo de democracia em sociedades antigas, 
como Grécia e Roma, e está relacionada ao cumprimento dos direitos e deveres dos cidadãos. 
 A cidadania no Brasil está fortemente vinculada à construção da Constituição da República 
Federativa do Brasil, datada de 1988. 
 A educação, a saúde e a alimentação são direitos que estão previstos na Constituição da República 
Federativa do Brasil. 
 Os brasileiros têm como dever, dentre outros, participar ativamente do processo eleitoral local por 
meio do exercício do voto. 
 
O QUE É UMA POLÍTICA PÚBLICA E COMO ELA AFETA SUA VIDA? 
As políticas públicas afetam a todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de 
sexo, raça, religião ou nível social. Com o aprofundamento e a expansão da democracia, as 
responsabilidades do representante popular se diversificaram. Hoje, é comum dizer que sua função é 
promover o bem-estar da sociedade. O bem-estar da sociedade está relacionado a ações bem 
desenvolvidas e à sua execução em áreas como saúde, educação, meio ambiente, habitação, assistência 
social, lazer, transporte e segurança, ou seja, deve-se contemplar a qualidade de vida como um todo. 
 
E é a partir desse princípio que, para atingir resultados satisfatórios em diferentes áreas, os 
governos (federal, estaduais ou municipais) se utilizam das políticas públicas. 
Um programa da Prefeitura que esteja beneficiando seu bairro, por exemplo, é uma política pública. A 
educação, a saúde, o meio ambiente e a água são direitos universais, assim, para assegurá-los e 
promovê-los. 
O conceito de políticas públicas pode possuir dois sentidos diferentes. No sentido político, encara-
se a política pública como um processo de decisão, em que há naturalmente conflitos de interesses. Por 
meio das políticas públicas, o governo decide o que fazer ou não fazer. O segundo sentido se dá do 
ponto de vista administrativo: as políticas públicas são um conjunto de projetos, programas e atividades 
realizadas pelo governo. 
 
Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado ou uma política de 
governo. Vale a pena entender essa diferença: uma política de Estado é toda política que independente 
do governo e do governante deve ser realizada porque é amparada pela constituição. Já uma política de 
governo pode depender da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que por sua vez se 
transformam em políticas públicas. 
 
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/regimes-de-governo.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/regimes-de-governo.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/democracia.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/brasil.htm
https://www.politize.com.br/democracia-o-que-e/
https://www.politize.com.br/niveis-de-governo-federal-estadual-municipal/
https://www.politize.com.br/prefeituras-principais-problemas-enfrentados-na-gestao-municipal/
https://www.politize.com.br/gestao-de-conflitos-politica/
16 
Políticas públicas podem ser definidas como o conjunto de diretrizes e intervenções emanadas do 
estado, feitas por pessoas físicas e jurídicas, públicas e/ou privadas, com o objetivo de tratar problemas 
públicos e que requerem, utilizam ou afetam recursos públicos. 
 
Toda vez que alguém fala em política pública surge um grande ponto de interrogação em sua 
cabeça? Tudo bem, o termo “política pública” é um desses conceitos com os quais todos nós já nos 
deparamos por aí, mas nem sempre compreendemos de primeira. Ele está sempre em jornais, sites e 
revistas, mas, quando somos questionados, temos dificuldade em definir o que ele significa. Isso não é 
nenhuma surpresa, afinal o termo tem muitas formas e usos. Longe de esgotar o significado dessa 
expressão, vamos tentar dar a ela um sentido prático. 
 
Imagine que você e seus vizinhos decidam adotar conjuntamente um cachorro que está 
passeando nas redondezas. Para evitar aquele velho ditado “cachorro com mais de um dono morre de 
fome” todos vocês teriam de fazer alguns combinados: delegar responsabilidades (que envolvem dinheiro 
e regras), como quem dá alimento em quais dias, quem tem disponibilidade para vacinar o animal e castrá-
lo, quem pode ofertar abrigo esporádico etc. Assim, toda essa organização e processo contribui para que 
um objetivo comum seja atingido: o bem do cãozinho. Esse processo funciona de maneira semelhante a 
uma política pública. 
 
De maneira simples, a política pública é um processo (com uma série de etapas e regras) que 
tem por objetivo resolver um problema público. Todos nós lidamos com isso diariamente em nossas 
relações pessoais: traçar soluções para chegar a uma finalidade que agrade a um grupo de pessoas. 
Políticas Públicas na prática 
A diferença entre esses dois processos é grande. Criar uma política pública para, por exemplo, 
erradicar o analfabetismo, é muito mais complexo que fazer um acordo para cuidar do cãozinho 
comunitário. Enquanto este envolve meia dúzia de moradores em uma área limitada, algumas idas ao 
veterinário, algumas porções de comida e um abrigo, o outro mobiliza um número muito grande de 
pessoas (especialistas, professores e outros funcionários públicos) em áreas muito extensas, recursos 
financeiros públicos, planejamento de aplicação e fiscalização do investimento, avaliação das práticas e 
aprimoramento constante para tornar essas ações mais eficientes. Tudo isso, seguindo uma série de 
regras e conhecimentos técnicos. Parece bastante coisa? 
Pois é mesmo! Agora vamos dar uma olhada nos quatro tipos e exemplos de políticas públicas que 
impactam nossas vidas diariamente: 
1. Políticas públicas distributivas: sua a principal função é distribuir certos serviços, bens ou quantias a 
apenas uma parcela da população. Um exemplo seria o direcionamento de dinheiro público para áreas que 
sofrem com enchentes; na Educação, seriam as cotas. 
2. Políticas públicas redistributivas: sua principal função é redistribuir bens, serviços ou recursos para 
uma parcela da população, retirando o dinheiro do orçamento de todos. Um exemplo disso seria o sistema 
previdenciário; na Educação seria a política de financiamento educacional, onde há um fundo em que 
todos os municípios e estados colocam dinheiro, mas que depois é repartido conforme as matrículas e não 
de acordo com a contribuição de cada um. 
3. Políticas públicas regulatórias: Essas medidas estabelecem regras para padrões de comportamento. 
São bastante conhecidas, pois tomam a forma de leis. Um exemplo muito comum são as regulações do 
trânsito; na Educação, podemos citar a lei que organiza a área, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação). 
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/cao_comunitario2_1444053124.pdf
https://www.infoescola.com/educacao/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao/
https://www.infoescola.com/educacao/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao/
17 
4. Políticas públicas constitutivas: O nome difícil quer dizer que elas estabelecem as “regras do jogo”. 
Isto é, são elas que dizem como, por quem e quando as políticas públicas podem ser criadas. O conceito 
pode parecer obscuro, mas quer saber uma que atinge a vida de todos nós? A distribuição de 
responsabilidade entre municípios, estados e Governo Federal. Na Educação, por exemplo, municípios 
são responsáveis pela Educação Infantil e Ensino Fundamental 1; estados pela Ensino Fundamental 2 e 
Ensino Médio; e o Governo Federal pela Educação Superior. 
E o que você tem a ver com isso? 
As políticas públicas dão forma ao País que queremos e, por isso, é tão importante estarmos de 
olho nelas. Se estabelecemos uma política públicade redistribuição de renda, por exemplo, estamos 
sinalizando o enfrentamento da dura desigualdade econômica brasileira, de maneira mais imediata – o que 
é importante para a parcela da população mais pobre, como os das milhões de pessoas que vivem 
abaixo da linha da pobreza. 
Essas leituras do que são e para que se faz políticas públicas têm de estar no radar da população o 
tempo todo e não apenas durante os períodos eleitorais. Quanto mais democráticos e técnicos forem os 
processos das políticas públicas, maiores as chances de os resultados serem positivos para toda a 
sociedade. Como os recursos financeiros do País são limitados, as políticas públicas desempenham a 
importante missão de organizar para onde vai esse montante de dinheiro público. Neste cenário de 
pandemia do novo coronavírus, por exemplo, as políticas públicas educacionais de médio prazo, visando 
a superação da crise e a garantia de oportunidades iguais para estudantes de diferentes classes sociais e 
condições, será determinante para o bem-estar do Brasil nos próximos anos! Será o bom planejamento da 
gestão pública da Educação que garantirá que o ano de 2020, em que houve longo período de suspensão 
de aulas, não seja um ano perdido para muitos estudantes. 
Se mesmo assim você ainda acha que esse assunto não é com você, repense. Ainda que você não 
use o serviço público de saúde (outro exemplo de política pública), você faz uso de ruas, praças e parques 
públicos, descarte de lixo, regulação das habitações, etc. 
É fácil perceber que as políticas públicas estão em tudo e dizem respeito a todos nós. Importante 
lembrar também de um tipo específico delas: as políticas públicas educacionais. Uma gestão que dá 
prioridade às ações de qualidade focadas na Educação indica o desejo de garantir o acesso ao 
conhecimento para todos e, consequentemente, construir um País menos desigual. Essas iniciativas 
educacionais requerem planejamento técnico e levam mais tempo para que os frutos sejam colhidos. 
ESFERA PÚBLICA 
 Esfera pública é a dimensão na qual os assuntos públicos são 
discutidos pelos atores públicos e privados. Tal processo culmina na 
formação da opinião pública que, por sua vez, age como uma força 
oriunda da sociedade civil em direção aos governos no sentido de 
pressioná-los de acordo com seus anseios. 
A noção de esfera pública tem como aspectos básicos: 
 
a) Discursividade e argumentação: dominada pelo uso da razão, a 
obtenção de consenso acontece pelo convencimento racional dos 
antagonistas. 
 
b) Publicidade: o objeto debatido e os argumentos apresentados 
ganham exposição ou visibilidade. 
 
c) Privacidade: enquanto participante do debate, cada um vale 
somente pelos argumentos e pela capacidade de argumentar. 
 
 
 
 
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/12/05/no-brasil-152-milhoes-vivem-abaixo-da-linha-da-extrema-pobreza-diz-ibge.ghtml
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/12/05/no-brasil-152-milhoes-vivem-abaixo-da-linha-da-extrema-pobreza-diz-ibge.ghtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/Opini%C3%A3o_p%C3%BAblica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_civil
18 
Esfera pública política 
 O conceito de esfera pública política tem sido retomado devido a dois movimentos conceituais. O 
primeiro deles é a noção de democracia deliberativa, que determina que o reconhecimento social de 
pretensões e vontades acontece apenas quando toma forma de palavra, através do discurso. Assim, 
a esfera pública política argumentativa ganha força. Outro é a relação entre política e mídia, uma vez 
que, atualmente, não há espaço de exposição, visibilidade e debate maior que a mídia. 
 Habermas nega a existência de uma esfera pública política autêntica em uma cena política dominada 
pelos medias. O debate foi reacendido porque muitos acreditam que a política midiática é feita de forma 
espetacular, seguindo princípios de sedução, escassamente argumentativa, teatral. 
 Muitos autores consideram que a esfera pública perdeu sua participação no processo de construção de 
diálogo na política, uma vez que a produção de decisões ocorre fora de seu alcance, na negociação 
protegida do público pelos gabinetes. Essas decisões emergem publicamente de modo a fazer com que os 
cidadãos possam assentir, aderir ou tolerar as posições. Logo, a esfera pública apresenta apenas o papel 
de legitimação das informações. 
 
Esfera pública e esfera privada 
As esferas pública e privada são lâminas sobrepostas. Os problemas experienciados na esfera privada 
ecoam na esfera pública. Mas não a totalidade do que é vivido no privado e íntimo aflora na publicidade; 
apenas aqueles aspectos causados por déficits nos sistemas funcionais, que afetam o mundo da vida. 
Habermas compreende que não há uma demarcação de um conjunto fixo de temas e relações que separam 
o acesso da esfera privada e da esfera pública, mas sim variações na acessibilidade, que garantem a 
intimidade de um lado, e a publicidade, de outro. 
 
Na esfera pública, realiza-se uma comunicação em condições de publicidade ou visibilidade; e na esfera 
privada, uma comunicação com intimidade ou reserva. A publicidade social (ou esfera pública) tem uma 
visibilidade alta, com discussões de públicos especializados até exibição midiática em horário nobre, 
enquanto o domínio privado (esfera privada) possui uma baixa visibilidade, que vai desde segredos e 
intimidade até redes interpessoais de fofoca. 
 
Ainda segundo Habermas, as problemáticas que são debatidas na esfera pública política refletem as 
experiências de sofrimento advindas de condições sociais estressantes. Essas experiências afetam 
primeiro o âmbito pessoal, as histórias de vida; depois, elas afetam os círculos familiares, os grupos de 
amigos, a vida cotidiana; e só então elas ecoam na esfera pública, numa discussão pública acerca de uma 
problemática em comum. 
 
Organizações Sociais e Organizações Civis 
 
O que são Organizações Sociais? 
 
De modo geral, como o Estado não tem sempre condições, seja financeira ou operacional (ou 
ambas), de proporcionar todos os serviços que são inerentes aos direitos universais do cidadão, as OSs 
surgem para suprir essa demanda. 
OS são disciplinadas por uma lei específica: a Lei Nº 9.637, de 15 de Maio De 1998 que em seu 
primeiro artigo traz a seguinte informação: 
 
“O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, 
sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento 
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos 
previstos nesta Lei.” 
 
No caso, uma “pessoa jurídica de direito privado” é, grosso modo, sinônimo de “empresa”. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_deliberativa
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9637.htm
19 
Assim, toda organização sem fim lucrativo criada com o intuito de exercer alguma das atividades 
descritas no Artigo citado e atendendo aos extensos requisitos dispostos na Lei, podem ser qualificadas 
como uma OS pelo Poder Executivo. 
É importante frisar também que o surgimento da regulamentação para OSs veio de um 
movimento de administração pública que se baseia em criar relacionamento estratégico entre Estado e 
Sociedade a fim de incentivar a produção de bens e serviços, pela Sociedade, que não são exclusivos do 
Estado e, assim, ajudando a minimizar as limitações operacionais do governo. 
Quando uma instituição é qualificada como OS, ela está habilitada para administrar bens e 
equipamentos do Estado, além de receber financiamento público, com a contrapartida obrigatória de 
celebrar um contrato de gestão (parte das condições de consolidar sua qualificação). 
 
O que são OSCIPs (Organização da sociedade civil de interesse público)? 
 
Mais uma vez, vamos entender inicialmente a sua regulamentação, que é feita a partir da Lei Nº 
9.790, de 23 de MarçoDe 1999 em seu Art. 1º: 
 
“Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de 
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento 
regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias 
atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.” 
 
No caso, a Lei totaliza treze “objetivos sociais”, como citado no Artigo, que vão desde assistência 
social, promoção da cultura, educação e saúde, dentre outros. 
Para complementar seu conhecimento, você pode acessar a lei e conhecer os treze objetivos 
sociais que qualificam OSCIPs, pois são todos de grande importância. 
Outro critério importante é que, na condição de proporcionarem tais objetivos sociais, a OSCIP 
deve os proporcionar segundo os Princípios da Universalidade dos Serviços Públicos. 
Muita gente pensa que uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) é um 
tipo de entidade ou organização. Mas não é nada disso. Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa 
pergunta é frequente e a resposta para ela é: não. 
Então, o que é? 
 Uma OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de entidades privadas 
atuando em áreas típicas do setor público com interesse social, que podem ser financiadas pelo Estado 
ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos. Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor. A OSCIP 
está prevista no ordenamento jurídico brasileiro como forma de facilitar parcerias e convênios com todos 
os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações realizadas 
por empresas possam ser descontadas no imposto de renda. 
 
A diferença entre ONG e OSCIP 
 
Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa pergunta é frequente e a resposta para ela é: não. E o 
motivo é simples: a figura da ONG não existe no ordenamento jurídico brasileiro. A sigla é usada de 
maneira genérica para identificar organizações do terceiro setor, ou seja, que atuam sem fins comerciais 
e cumprindo um papel de interesse público, como associações, cooperativas, fundações, institutos, entre 
outras. 
Já a qualificação de OSCIP é o reconhecimento oficial e legal mais próximo do que se entende 
por ONG, especialmente porque é marcada por exigências legais de prestação de contas referentes a 
todo o dinheiro público recebido do Estado. 
 
 
https://jus.com.br/artigos/54024/organizacoes-sociais-e-organizacoes-da-sociedade-civil-de-interesse-publico
https://jus.com.br/artigos/54024/organizacoes-sociais-e-organizacoes-da-sociedade-civil-de-interesse-publico
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9790.htm
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/77/edicao-1/principio-da-universalidade
20 
OSs e OSCIPs são a mesma coisa? 
 
Para sermos diretos: não. Vamos entender as diferenças, abaixo. 
 
 As OS celebram contrato de gestão para receberem habilitação de receberem recursos 
financeiros do Estado para com eles administrar bens e equipamentos do mesmo e, com isso, 
promoverem serviços públicos. Outro ponto relevante para destacar a diferença é que OS são 
propriedades públicas não estatais e, assim, não são de propriedade de um indivíduo ou de um grupo, 
mas sim são constituídas por associações civis sem fins lucrativos. 
 Por sua vez, as OSCIPs não recebem qualquer repasse governamental e não celebram contratos, 
mas sim termos de parceria para que possam desenvolver atividades lado a lado com o governo, mas 
que não são necessariamente de responsabilidade do mesmo. Por não receberem recursos, é comum 
que OSCIPs recebam doações externas – vide as chamadas para doação na própria página do CLP, por 
exemplo. E, em diferença às OSs, OSCIPs são Organizações Não Governamentais (ONGs) de 
propriedade privada, ou seja, por uma ou mais pessoas e que, após criadas como uma organização 
privada, pleiteia e conquista a qualificação de OSCIP. 
 Para concluir, vale a pena voltar a frisar que embora elas não sejam a mesma coisa, ambas são 
importantíssimas no contexto social, pois cada uma contribui enormemente, a sua maneira, para o 
desenvolvimento da sociedade. 
 
Iniciativa popular 
O que é Iniciativa popular? 
A iniciativa popular é uma das formas de garantir a participação do indivíduo na vida do Estado. Por meio 
dela os cidadãos poderão inovar o ordenamento jurídico em âmbito federal, estadual e municipal, desde 
que atendidos os requisitos exigidos pela Constituição. 
 
Conceito 
O conceito de iniciativa popular corresponde ao direito constitucionalmente previsto que permite aos 
cidadãos apresentarem projeto de lei e, a partir de então, iniciarem o processo legislativo. Este 
instrumento poderá ser aplicado para aprovar normas nas esferas municipal, estadual ou federal. 
 
Iniciativa Popular na Constituição 
Em um Estado democrático de direito, é dado à sociedade a participação ativa na vida do Estado. Nesse 
sentido, a soberania popular pode ser exercida por meio do voto direto e secreto, bem como pelo 
plesbicito, referendo ou iniciativa popular. 
Nesse raciocínio, o artigo 14 da Constituição Federal: 
 
A seguir, veremos as particularidades que envolvem o direito à iniciativa popular. 
 
21 
Em Leis Federais 
Segundo dispõe o artigo 61, parágrafo segundo da constituição federal, no âmbito federal é exigida a 
subscrição mínima de 1% do eleitorado nacional distribuídos em 5 Estados e com participação de 0,3% 
em cada um desses Estados. Observe: 
 
 
 
Em Leis Estaduais 
Quanto à iniciativa de lei em âmbito estadual, não é previsto pela carta magna o numerário necessário, 
como ocorre no âmbito federal, de modo que caberá à lei dispor acerca dos requisitos. Nesse sentido, o 
artigo 27, parágrafo quarto: 
 
Vale destacar, portanto, que o artigo colacionado representa norma constitucional de eficácia limitada, 
dependente de lei superveniente para ser aplicada. 
 
Em Leis Municipais 
Segundo o artigo 29, inciso XII da constituição, exige-se, em âmbito municipal, que o percentual de 5% 
do eleitorado do Município pretenda a apresentação do projeto de lei. 
 
Qual a diferença entre iniciativa popular e ação popular? 
A Constituição Federal de 1988 contempla dois institutos com nomes bem parecidos, marcados 
por uma atuação cidadã, mas que possuem distintos significados: a iniciativa popular e a ação 
popular. 
A iniciativa popular, prevista nos artigos 14, inciso III, e 61, § 2º, da Constituição, e regrada 
pela Lei nº 9.709/98, representa uma das formas de deflagração do processo legislativo via 
reunião das assinaturas pelo eleitorado brasileiro para que seja possível apresentar, na Câmara, 
um Projeto de Lei. 
Sendo assim, podemos imaginar que ocorre aqui uma espécie de "grande abaixo-assinado": 
ao menos 1% do eleitorado nacional deve subscrever o pedido, estando distribuído, pelo menos, por 5 
Estados, com não menos do três décimos por cento dos eleitores de cada um deles, como prevê 
a Constituição, no seu artigo 61, § 2º: 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10639858/artigo-14-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724075/inciso-iii-do-artigo-14-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631826/artigo-61-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10699735/par%C3%A1grafo-2-artigo-61-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104101/lei-9709-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631826/artigo-61-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10699735/par%C3%A1grafo-2-artigo-61-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
22 
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de 
lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco 
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
 
O exemplo mais famoso que temos no Brasil de lei de iniciativa popular é a chamada Lei da 
Ficha Limpa, fruto de todo um movimento de combate à corrupção eleitoral. 
A ação popular, por sua vez, é uma ação judicial, prevista no artigo 5º, inciso LXXIII, 
da Constituição. Trata-se, agora, de um processo judicial, que pode ser usado pelo cidadão 
brasileiro que queira proteger o meio ambiente, o patrimônio público, o patrimônio histórico 
cultural ou a probidade administrativa. 
Vejamos o que diz a Constituição a respeito: 
 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 
custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
 
Uma vez proposta uma ação popular terá início um processo judicial, cuja tramitação encontra-
se regrada pela Lei nº 4.717/65. Ao final do andamento do processo, espera-se que ocorra um 
julgamento pelo Magistrado competente, o que pode levar à condenação dos responsáveis pelo ato 
lesivo. 
Em síntese, portanto: ambas são demonstrações de cidadania, sendo a iniciativa 
popular uma reunião de assinaturas para apresentação de um projeto de lei perante a Câmara dos 
Deputados, enquanto a ação popular representa, por sua vez, um processo judicial, promovido pelo 
cidadão, que deseja resguardar o meio ambiente, o patrimônio público, o patrimônio histórico e cultural 
ou a probidade administrativa. 
 
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 
 
1. O que é a cidadania? 
2. Qual a função da cidadania? 
3. O que é ser cidadão? 
4. Quais são os Direitos do cidadão e Deveres do cidadão? 
5. Por que a cidadania é importante? 
6. Como pode ser definida política pública? 
7. Cite os tipos e exemplos de políticas públicas. 
8. O que é Esfera pública? 
9. Diferencie Esfera pública e esfera privada. 
10. O que são as OS? 
11. O que são as OSCIPs? 
12. Qual é a diferença entre ONG e OSCIP? 
13. OSs e OSCIPs são a mesma coisa? 
14. O que é Iniciativa popular? 
15. Qual a diferença entre iniciativa popular e ação popular? 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823283/lei-ficha-limpa-lei-complementar-135-10
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823283/lei-ficha-limpa-lei-complementar-135-10
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10727487/inciso-lxxiii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104081/lei-da-a%C3%A7%C3%A3o-popular-lei-4717-65
23 
IDENTIDADE E CULTURA 
 
1. Introdução 
 
A identidade cultural ainda é 
bastante discutida dentro dos círculos 
teóricos das Ciências Sociais em face 
de sua complexidade. Entre as possíveis 
formas de entendimento da ideia de 
identidade cultural, exitem duas 
concepções distintas que devemos 
destacar dentro dos estudos 
sociológicos mais recentes. Essas 
concepções de identidade são 
brevemente explicadas por Anthony 
Giddens, sociólogo britânico, e nos 
ajudarão a entender melhor esse 
conceito. 
 
 
2. Conceito de Cultura 
 
O conceito de cultura faz alusão às características socialmente herdadas e aprendidas que os 
indivíduos adquirem a partir de seu convívio social. Entre essas características, estão a língua, a 
culinária, o jeito de se vestir, as crenças religiosas, normas e valores. Esses traços culturais possuem 
influência direta sobre a construção de nossas identidades, uma vez que elas constituem grande parte do 
conjunto de atributos que formam o contexto comum entre os indivíduos de uma mesma sociedade e são 
parte fundamental da comunicação e da cooperação entre os sujeitos. 
Como se define cultura? 
Em 1952 os antropólogos A.L. Kroeber e Clyde Kluckhohn analisaram 162 diferentes definições de 
cultura e concluíram que não seria possível uma definição de cultura que contentaria a maioria dos 
antropólogos. Com esse balde-de-água-fria, seguem algumas definições já “clássicas” de cultura na 
antropologia que devem ser consideradas criticamente. 
 
 
Um dos pioneiros da antropologia, Edward Tylor (1832-1917) fez 
uma das primeiras propostas científicas de que cultura seria “em seu 
amplo sentido etnográfico, este todo complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou quaisquer outras 
capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma 
sociedade”. (1871, p.1). 
 
 
Note o adquirido e o membro de uma sociedade nessa definição. 
Apesar de não ficar tão claro a cultura material na proposta de Tylor, a 
cultura seria algo socialmente adquirido, não genético ou inato. 
 
ALVES, Leonardo Marcondes. O que é cultura? 
Antropologicamente falando. https://wp.me/pHDzN-hm 
 
 
 
 
24 
3. Conceito de Identidade 
 
 
Identidade e alteridade 
Identidade é o conceito que atravessa as áreas da sociologia e da 
antropologia e está ligado às características do grupo social no qual o indivíduo 
está inserido. Alguns fatores tal como a cultura, a história, o local e o idioma são 
importantes para que um grupo compartilhe elementos identitários. 
Um problema antigo para a história do pensamento ocidental é o da 
identidade. A identidade foi enunciada em um princípio elucidado pelo filósofo 
grego clássico Aristóteles, chamado princípio da identidade. Aristóteles o propôs 
em uma fórmula que diz: “algo é algo”, ou seja, qualquer coisa possui uma 
identidade definida. 
Os seres humanos prezam por suas identidades, que são o que de mais imediato e preciso temos 
em nossas particularidades. Essa identidade, que garante a nossa individualidade, pode ser o gatilho 
para um comportamento individualista. Nesse sentido, a princípio, a identidade parece ser o início do não 
reconhecimento da alteridade. É por isso que a psicologia e a filosofia podem ajudar-nos a compreender 
a importância da alteridade em nosso mundo. 
O conceito de identidade refere-se a uma parte mais individual do sujeito social, mas que ainda 
assim é totalmente dependente do âmbito comum e da convivência social. De forma geral, entende-se 
por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si 
mesma e sobre tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir de 
determinadas fontes de significado que são construídas socialmente, como o gênero, nacionalidade ou 
classe social, e que passam a ser usadas pelos indivíduos como plataforma de construção de sua 
identidade. 
Dentro desse conceito de identidade, há duas distinções importantes que devemos entender 
antes de prosseguirmos. A teoria sociológica distingue duas apreensões: a identidade social e a 
autoidentidade. 
A identidade social refere-se às características atribuídas a um indivíduo pelos outros, o que 
serve como uma espécie de categorização realizada pelos demais indivíduos para identificar o que uma 
pessoa em particular é. Portanto, o título profissional de médico, por exemplo, quando atribuído a um 
sujeito, possui uma série de qualidades predefinidas no contexto social que são atribuídas aos indivíduos 
que exercem essa profissão. A partir disso, o sujeito posiciona-se e é posicionadoem seu âmbito social 
em relação a outros indivíduos que partilham dos mesmos atributos. 
Já a autoidentidade (ou a identidade pessoal) refere-se à formulação de um sentido único que 
atribuímos a nós mesmos e à nossa relação individual que desenvolvemos com o restante do mundo. A 
escola teórica do “interacionismo simbólico” é o principal ponto de apoio para essa ideia, já que parte da 
noção de que é diante da interação entre o indivíduo e o mundo exterior que surge a formação de um 
sentido de “si mesmo”. Esse diálogo entre mundo interior do indivíduo e mundo exterior da sociedade 
molda a identidade do sujeito que se forma a partir de suas escolhas no decorrer de sua vida. 
 
4. Conceito de Raça e Etnia 
 
O que é Raça e Etnia: 
Raça e etnia não são sinônimos. Etnia é um grupo definido pela mesma origem, afinidades 
linguísticas e culturais, enquanto que raça como distinção entre os homens é um conceito socialmente 
construído de que existiriam diferenças biológicas entre as etnias. 
A palavra etnia é derivada do grego ethnos, que significa "povo que tem os mesmos costumes". 
Raça é um conceito biológico aplicado aos subgrupos de uma espécie. A espécie humana não possui 
subespécies ou subcategorias, e portanto não é correto dizer que existem diferentes raças humanas. 
Mas há ainda um entendimento do senso comum, construído socialmente de que as diferentes 
raças correspondem às características biológicas dos grupos étnicos. Como por exemplo, a raça negra 
25 
que seria composta daqueles que têm a pele negra, cabelos crespos, entre outras características 
fenotípicas. 
A diferença entre raça e etnia é portanto que raça determinava um grupo por características 
biológicas, enquanto a etnia fala sobre aspectos culturais. Contudo, estudos da sociologia, antropologia e 
da biologia no último século contribuíram para desconstruir a ideia discriminatória do conceito de raça e 
aposentar o termo quanto classificação humana. 
A língua é utilizada como fator primário de classificação dos grupos étnicos. Existe um grande 
número de línguas multi-étnicas e determinadas etnias são multilíngues. 
Os grupos étnicos compartilham uma origem comum, e exibem uma continuidade no tempo, 
apresentam uma noção de história em comum e projetam um futuro como povo. 
Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagem comum, de valores, 
tradições e, em vários casos, instituições. 
 
Raça e Etnia no Brasil 
O Brasil é considerado um país com uma enorme miscigenação étnica, como os indígenas, 
portugueses, holandeses, italianos, negros, japoneses, árabes, e etc. Mas não se pode dizer que há 
diferença racial entre os brasileiros, já que a raça humana é uma só. 
Cada região brasileira, devido ao seu contexto histórico particular, possui uma predominância de 
determinada etnia. 
Os processos migratórios no Brasil foram fundamentais para a variedade de etnias brasileiras. 
Além dos grupos culturais de imigrantes, a miscigenação permitiu a criação de grupos étnicos próprios do 
Brasil, como os caboclos e mulatos. 
 
5. Conceito de Miscigenação 
 
Miscigenação é o processo gerado a partir da mistura entre diferentes etnias. Os seres 
humanos miscigenados apresentam características físicas típicas de várias "raças". O indivíduo que 
nasce a partir da miscigenação étnica (que ainda pode ser chamada de mestiçagem ou caldeamento) é 
considerado mestiço. 
 
Miscigenação no Brasil 
A miscigenação do povo brasileiro é bastante evidente e intensa, principalmente devido à 
presença de diferentes etnias que colonizaram e residiram no país, como europeus, asiáticos, africanos e 
indígenas, que já habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses. 
Aliás, o processo de miscigenação no Brasil começou a partir do século XVI, com a chegada dos 
portugueses em terras brasileiras. É graças ao fenômeno da miscigenação que o Brasil é conhecido por 
sua diversidade cultural, pois o povo, formado por tantas misturas, preserva a herança de vários grupos 
étnicos diferentes. 
De acordo com a classificação de "raças" no Brasil, criada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística) e aplicada a partir do censo de 1971, existem cinco categorias: branca, preta, 
amarela, parda e indígena. 
 
 
De acordo com o IBGE: 
“Consideraram-se cinco categorias para a pessoa se classificar quanto à característica cor ou 
raça: branca, preta, amarela (compreendendo-se nesta categoria a pessoa que se declarou de 
raça amarela), parda (incluindo-se nesta categoria a pessoa que se declarou mulata, cabocla, 
cafuza, mameluca ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou raça) 
e indígena (considerando-se nesta categoria a pessoa que se declarou indígena ou índia).” 
26 
"A miscigenação entre brancos e negros originou os povos chamados de mulatos. Já da mistura entre 
índios e brancos surgiram os mamelucos, considerados como os primeiros brasileiros no período após 
o descobrimento. Já a miscigenação entre índios e negros deu origem aos cafuzos." 
Pardo é o mesmo que mulato, cafuzo ou caboclo, ou seja, uma pessoa com diferentes ascendências 
étnicas e que são baseadas numa mistura de cores de peles entre brancos, negros e indígenas. 
 
6. Identidade Cultural 
 
Por fim, podemos estabelecer, diante do que já foi esclarecido, que o conceito de identidade 
cultural faz alusão à construção identitária de cada indivíduo em seu contexto cultural. Em outras 
palavras, a identidade cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como nos 
posicionamos em relação a ele. Esse processo é continuo e perpétuo, o que significa que a identidade de 
um sujeito está sempre sujeita a mudanças. Nesse sentido, a identidade cultural preenche os espaços de 
mediação entre o mundo “interior” e o mundo “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público. 
Nesse processo, ao mesmo tempo que projetamos nossas particularidades sobre o mundo exterior 
(ações individuais de vontade ou desejo particular), também internalizamos o mundo exterior (normas, 
valores, língua...). É nessa relação que construímos nossas identidades. 
 
O que é identidade cultural? 
A palavra identidade está associada, historicamente, ao que algo é. 
Na Filosofia, a essência é a definição do que algo é, ou seja, a 
identidade é a definição da essência. A identidade cultural não está 
distante da definição de identidade, pois ela é a identificação 
essencial da cultura de um povo. 
 
A identidade cultural é um conjunto híbrido e maleável de 
elementos que formam a cultura identitária de um povo, ou 
seja, que fazem com que um povo se reconheça enquanto 
agrupamento cultural que se distingue dos outros. 
 
 
É difícil definir uma identidade cultural específica, pois 
ela é maleável e depende do momento e das 
peculiaridades culturais de uma determinada sociedade. 
 
Atualmente, o maior desafio para se manter a identidade cultural dos grupos sociais é a globalização, 
que determina padrões culturais baseados na cultura estadunidense, que tem se tornado hegemônica 
no mundo. 
As vestimentas, os hábitos e costumes são elementos da identidade cultural. 
 
27 
7. A Identidade Cultural Brasileira 
 
A identidade cultural brasileira é o conjunto de traços culturais que definem o que é ser 
brasileiro. Em tese, os brasileiros compartilham determinadas características culturais que fazem com 
que cada um deles se sinta parte da nação. Esse conjunto de traços distintivos é chamado de 
brasilidade. 
É comum nos identificarmos (ou sermos identificados por estrangeiros) como um povo alegre, 
comunicativo, caloroso e criativo. Certas manifestações culturais, como o Carnaval, ou hábitos 
alimentares, como comer arroz com feijão, parecem fazer parte desse "rótulo" do ser brasileiro. 
Estudiosos da cultura nacional chamam a atenção para um fenômeno característico da formação 
do povo brasileiro: a miscigenação. Historicamente, somos fruto da mistura das culturas

Continue navegando