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Gastrocirurgia Pediátrica: Parede abdominal e Diafragma ● Onfalocele e Gastrosquise: ● Defeitos da parede: ○ Embriologia / Etiologia: ■ 4ª semana de gestação: dobramento dos folhetos craniocaudal e mediolateral ■ 6ª semana: rápido crescimento intestinal e hepático leva à herniação umbilical ■ 10ª semana: retorno para cavidades e fixação duodeno e cólon no retroperitônio ■ Onfalocele: não retorna para cavidade ■ Gastrosquise: falha na formação do folheto anterior - lateral (d) Gastrosquise ● IMPORTANTE: ○ Gastrosquise: ■ 1: 4.000 nascidos vivos ■ mãe jovem, condição socioeconômica baixa, tabagismo, parto prematuro 28% x 6%, diagnóstico 20ª semana, AFP (alfafetoproteina) aumentada. ■ Programar parto pelo espessamento de alça; exposição da alça no líquido amniótico (interleucina 6,8 e ferritina aumentados) ■ Anomalia associada: atresia intestinal 6,9 - 28% ■ Estudos recentes: anomalias associadas - cardíaca, pulmonar e anomalia cromossômica. ● Gastrosquise: ○ Cuidados no perinatal: ■ parto vaginal x cesariano: indicação obstétrica ou sofrimento fetal ■ Parto prematuro: menor exposição ao líquido amniótico (interleucina 6,8 e ferritina elevados) - dano às células, marca-passo e plexo nervoso. ○ Depois do nascimento devemos cuidar da seguinte maneira: ■ Grande perda de água por evaporação (cavidade abdominal aberta e exposição de alças intestinais) ■ Acesso venoso e sonda nasogástrica ■ Proteger as alças da perda de líquido e de calor ■ Decúbito lateral direito - kinking do mesentério ■ Observar as alças - atresia, necrose ou perfuração. 1- atresia com sinal de necrose associada na alça 2- atresia, porém sem presença de necrose. ● Manejo Cirúrgico da Gastrosquise: ○ Objetivo: colocar as alças para dentro minimizando traumas e evitando aumento da PIA (pressão intra abdominal). ○ Cirurgia assim que nasce ○ Fechamento primário: atenção para a PIA (10 - 15 mHg diminuição da perfusão renal e intestinal // > 20 mmHg isquemia renal e intestinal) → SILO ○ Fechamento por etapas (SILO) 1 - 14 dias. ○ 10% atresia intestinal associada: jejunal ou ileal. ● Pós operatório e Complicações da Gastrosquise: ○ Pós-operatório: ■ motilidade e absorção alimentar anormais - demora para introdução alimentar. ○ Complicações: ■ intestino curto, doença hepática (uso prolongado NPP), enterocolite necrotizante 18,5% ■ atenção ao reparo: até 60% das crianças têm estresse psicossocial pela falta do umbigo. Onfalocele ● Introdução: ○ manejo pré-natal ○ diagnóstico: US 2D 18 semanas (caso 3D pode ser diagnosticado antes) ○ detecta anomalias associadas também pela USG ■ cardíaca (14 - 47%) ■ SNC (3 - 33%) ○ Algumas medidas podem ser úteis, mas nada comprovado: O/circunferÊncia abdominal, O/circunferência do fêmur ou O/circunferência da cabeça. ● IMPORTANTE: ○ Onfalocele: ■ Manejo perinatal: ● parto: indicação obstétrica ● triagem de malformações associadas: ○ ECO, US abdome total e rins e vias urinárias, hipoglicemia (Sd. Becjwith - Wiedemann), laboratótio. ● cobrir o defeito com gaze e solução salina, além de evitar perda de água e calor (impermeável), SNG ■ Manejo Cirúrgico: ● muitas técnicas diferentes: fechamento estagiado ou fechamento postergado. ● Onfalocele gigante: tamanho, presença do fígado, quantidade de alças? ● Fechamento primário (assim que possível - descartadas anomalias associadas) ○ menor que 1,5 cm (hérnia de cordão) ● Fechamento postergado: flaps de pele, SILO. ● Fechamento estagiado: perda de domicílio, auxílio de telas biológicas Proteção por uma capa, que armazena alça intestinal e resquícios do fígado. ● Tratamento não operatório: ○ Escarificação: agentes que permitem escarificação no saco amniótico → epitelização com o tempo → hérnia ventral → correção posterior. ○ Defeito muito grandes para fechamento primário ou cardiopatia / pneumopatia importante associada - Sd. Compartimental ou ausência de pele suficiente. ○ Substâncias: mercurocromo, álcool, nitrato de prata (todos muito efetivos, porém tóxicos) → sulfadiazina de prata, iodopovidona, curativos com prata, neomicina, bacitracina. 4 - 10 semanas, com curativos compressivo. ○ Hérnia ventral (1 - 5 anos), expansor de tecido, uso de telas. ● Pós-operatório da Onfalocele: ○ Avaliar o retorno do trânsito intestinal para iniciar dieta, antibiótico 48 h, observar infecção de ferida operatória. ○ Podem evoluir com: DRGE, insuficiência pulmonar, infecção pulmonar de repetição, asma, dificuldade em alimentar (60% nas onfaloceles gigantes) ● Descomplicando: Defeito Diafragmático 1- Hérnia diafragmática congênita ● Introdução: ○ Doença congênita de incidência rara, grandes centros atendem 10 por ano, manejo e tratamento continuam um desafio: mortalidade significativa e sequelas. ○ Morbimortalidade: hipoplasia pulmonar e hipertensão pulmonar ○ ECMO, ventilação de alta frequência, hipercapnia permissiva → aumento da sobrevida (50 - 90%) ● Epidemiologia: ○ 2,4 : 10.000 nascidos vivos ○ ⅓ morrem assim que nascem (anomalias associadas) ○ HDC isolada - maioria do sexo masculino ○ 80% do lado esquerdo ○ bilateral raro: geralmente associado a anomalias ○ mães abaixo do peso ○ esquerdo: Bochdalek ○ anterior: Morgagni ● Etiologias: ○ Genética: ■ associação com mais de 70 síndromes ● defeito principal: Sd Fryns e Donnai-Barrow ● alguns casos de Beckwith-Wiedemann ○ Anomalias associadas: ■ aproximadamente 50% são defeitos isolados ■ cardiovascular 50%, urogenital 17,7%, musculoesquelético 15,7% e SNC 9,8%. ■ consequências da hérnia: hipoplasia pulmonar, má rotação intestinal, malformação cardíaca e ducto arterioso patente. ■ cardíaco: lesão importante co 8% de sobrevida, lesão menor com 67%, sem defeito cardíaco com 73% ○ Embriologia: ■ diafragma: desenvolvimento é complexo, multicelular, com interação multitecidual e pouco compreendido ■ 4ª semana: forma precursora do diafragma ● fusão de 4 estruturas: anterosseptal transversal, dorsolateral da membrana pleuroperitoneal, dorsal da crura do mesentério esofágico e posterior muscular da parede torácica. ● lado direito fecha antes que o esquerdo ■ nitrofurantoína (teratogênico) ■ deficiência de vitamina A, ácido retinóico e retinol. ● Alteração Pulmonar: ○ Formação normal do pulmão em 5 fases: embriogênica, pseudoglandular, canalicular, sacular e alveolar. ○ Hipoplasia pulmonar: diminuição da divisão dos brônquios, bronquíolos e alvéolos - septações anormais, parede espessa que impede troca gasosa. ○ Vasculatura pulmonar menos complacente com arteríolas mais espessas. ○ Nível de surfactante menor: funcionamento imaturo dos pulmões. ● Diagnóstico: ○ Pré-natal: US 11 semanas, porém mais frequente após 16 semanas. 50 - 70% diagnosticados. ○ Diagnóstico diferencial: malformação adenomatóide cística, cisto broncogênico, atresia nos brônquios, sequestro pulmonar, lesões mediastinais. ○ Sinais: polidrâmnio, alças intestinais no tórax, massa ecogênica no tórax ou estômago intratorácico. ○ Relação pulmão - cabeça: > 1,35 de sobrevivência 100%, < 0,6 de 0%. ○ Herniação de fígado: sem herniação 100%, herniado 56%. ○ RNM amplamente usado para confirmar diagnóstico. ● IMPORTANTE: ○ Quadro clínico: ■ insuficiência respiratória, APGAR baixo, taquipneia, retração de fúrcula, cianose, grunhido e palidez. ■ abdome escavado, aumento do diâmetro torácico, ausculta de ruídos hidroaéreos no tórax, diminuição do murmúrio vesicular. ● Diagnóstico: ○ Radiografia de tórax ○ 20% podem se manifestar fora do período neonatal - desconforto respiratório leve, pneumonia de repetição, intolerância alimentar. Geralmente não tem hipoplasia pulmonar nem hipertensão pulmonar. ● Tratamento: ○ pré-natal: diagnóstico acurado, determinar anomalias associadas, screening cromossômico, encaminhar para centro terciário. ○ Ao nascimento: estabilização clínica, intubação orotraqueal, sonda gástrica, cateter umbilical, avaliar perfusão cerebral (saturação pré-ductal - 85 - 95%) ■ NO, surfactante, ECMO ■ ECO, RX de tórax, US abdome e rins, e vias urinárias. ○ Cirurgia: ■ tempo: melhormomento? não é emergência → esperar estabilidade cardiopulmonar (“honwy moon”) ■ via: torácica ou abdominal ■ saco herniário verdadeiro (< 20%) deve ser retirado ■ dreno torácico: evitar → desbalanço do mediastino ■ patch ou tecido autólogo ○ Terapia fetal: ■ oclusão traqueal (24 - 28 semanas): observaram que havia aumento pulmonar nos pacientes que tinham obstrução congênita de via aérea. ● aumento de proteína pulmonar, tamanho, espaço alveolar, melhora da vascularização e da complacência pulmonar. ● entretanto, o uso prolongado diminui pneumócito tipo 2 e surfactante (ou seja, a oclusão deve ser temporária) - retirar com 34 semanas. ● Você sabia? ○ Outros menos comuns ■ Hérnia de Morgagni ● anterior ● menos de 2% ● falha na fusão das porções crural e esternal do diafragma ● pode ocorrer dos dois lados: artéria epigástrica superior atravessa o diafragma ● saco herniário com: omento, intestino delgado, cólon. E raro em fígado e baço. ● maioria assintomático ● desconforto epigástrico: tosse, vômito, obstrução intestinal ● quadro agudo: isquemia, necrose, perfuração e volvo gástrico. ● RX de tórax: nível hidroaéreo no centro do tórax e herniação de víscera no espaço retroesternal 1- presença de alça intestinal 2- no perfil: alça no espaço retroesternal. ● hérnias muito pequenas: RX contrastado ou TC. ● cirurgia: reduzir a hérnia, retirar o saco herniário e aproximar o diafragma da margem costal. ● pentalogia de Cantrell: falha no desenvolvimento do septo transverso (onfalocele, defeito cardíaco, ectopia cordis e defeito diafragmático anterior). 2- Eventração Diafragmática: ● Aspecto gerais: ○ elevação anormal → respiração paradoxal, interferindo no funcionamento e no mecanismo normal do pulmão. ○ Embriologia: desenvolvimento incompleto do centro tendíneo ou da porção muscular do diafragma. ○ mais comum à esquerda, mas pode ter casos bilaterais ○ o diafragma está presente, mas não funciona coordenadamente, é fino e difícil distinguir do saco herniário ○ adquirido: paralisia do nervo frênico (tumores mediastinais, cirurgia cardíaca - 5% após cirurgia de Fontan e Blalock Taussig, trauma ao nascimento). ○ Clínico: agudo (insuficiência respiratória), crônico (infecção pulmonar de repetição, respiração ofegante). ○ Inspiração: diafragma comprometido sobe causando desbalanço mediastinal e compressão do pulmão contralateral. ○ RX de tórax: suspeita com elevação do diafragma ○ US ou escopia: confirma o diagnóstico observando a mobilidade. ○ dúvida diagnóstica com cisto broncogênico, tumores mediastinais, sequestro pulmonar: TC ○ Tratamento: pequenos (observar, diafragma contralateral tende a compensar, fisioterapia respiratória), grandes - disfunção pulmonar ou infecção recorrente. ■ plicatura do diafragma