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Medicina do Trabalho: Patologia Ocupacional ● Você conhece a classificação de Schilling? ○ O que é a classificação de Schilling? ■ A classificação de Schilling é um método utilizado para estabelecer uma relação de causa e efeito entre patologias e o trabalho. ■ Ela surgiu a partir de observações expressas pelo professor de saúde ocupacional na Universidade de Londres, Richard Schilling. ■ De acordo com Schilling, conhecer as causas é fundamental para evitar patologias, por isso permite que ações de prevenção sejam adotadas. ■ Desta forma, ele propôs uma classificação que divide as patologias em 3 grupos, servindo para atestar se foram causadas ou agravadas por atividades profissionais. ○ 3 grupos da classificação: ■ Schilling I: trabalho como causa necessária. Ex: Silicose ou intoxicação por Chumbo. ■ Schilling II: trabalho como fator contributivo, mas não necessário. Ex: LER/DORT, varizes. ■ Schilling III: trabalho como provocador de um distúrbio latente ou agravador de doenças já estabelecidas. Ex: Asma ocupacional e dermatite de contato alérgica. ● Classificação legal brasileira: ○ Qual é a diferença entre doença do trabalho e doença profissional? ■ Muito embora pareça tratar-se da mesma coisa, esses termos referem-se a duas situações diferentes e essas diferenças encontramos na lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social e dá outras providências. ○ Doença profissional: ■ desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade. Ex: silicose e saturnismo. ○ Doença do trabalho: ■ desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado. Ex: PAINPSE e DORT. ● CAI NA PROVA: ● Perda auditiva induzida por ruído ocupacional: ○ PAIR: Perda Auditiva Induzida por Ruído. ■ *a PAIR é um dos problemas de saúde ocupacional mais disseminados e prevalentes no mundo* ■ Fisiologia da audição: ● Diminuição gradual da acuidade auditiva; ○ exposição contínua a níveis elevados de pressão sonora. ● Lesão das células ciliadas do órgão de corti dentro da cóclea. ○ PAIRO: Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional. ○ PAINPSE: Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados. ● Memorize: ● Mecanismo de lesão para PAIRO: ○ Diminuição gradual da acuidade auditiva ■ Exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora. ○ NR-15 → limite de tolerância: o quanto o trabalhador pode ficar exposto de acordo com o tempo de exposição. ■ intensidade máxima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente que não causará dano à saúde do trabalhador durante sua vida laboral. ■ LT para ruído contínuo: 85 dB para 8 horas de trabalho ● IMPORTANTE: ○ Características da PAIR - PAINPSE: ■ é sempre neurossensorial ■ é quase sempre bilateral ■ uma vez instalada → irreversível ■ cessada a exposição → NÃO há progressão ■ a perda progride lentamente (anos) ■ predomina nas frequências: 3,4 e 6 KHz. ● Audiograma/Audiometria: A lesão começa a ocorrer a partir de 4. ● PAIR pode ser agravada por: ○ vibrações ○ substâncias químicas: fumos metálicos, aminoglicosídeos, diuréticos, solventes orgânicos (xileno, tolueno, etc). ● Exposição a níveis elevados de pressão sonora: ● Diagnóstico: ○ Anamnese: clínica e ocupacional. ■ informações: local de trabalho e exposição ao risco. ○ Exame físico ○ Audiometrias (referência e sequenciais) ○ principal medida → prevenção ○ reconhecimento do risco ○ eliminação/neutralização do risco ○ EPI ○ Controle médico de saúde ocupacional: ■ audiometrias e programas de conservação auditiva. ● Pneumoconioses: ● Definição: doenças pulmonares decorrentes da inalação e deposição de poeira nos pulmões e da reação tecidual à sua presença. ● Silicose: ○ A silicose é causada pela inalação de sílica livre cristalina e caracteriza-se por fibrose pulmonar nodular. ■ Atividades com exposição a sílica cristalina: ● jateamento de areia ● britagem de pedras ● perfuração de poços/escavação de túneis ● lapidação de pedras ● lixamento de peças de cerâmica ● polimento de fachadas ● corte e polimento de granito ● indústria da construção, cerâmica e vidro. ● atividades em pedreiras/marmorarias ● beneficiamento de minérios. ○ exposição prolongada à sílica cristalina ○ mais prevalente das pneumoconioses ○ maior gravidade ○ Formas da silicose: ■ Aguda (solicoproteinose: meses a poucos anos): material eosinofílico preenchendo os alvéolos. ■ Acelerada (<10 anos) ■ Crônica: ● exposição prolongada à poeira de sílica cristalina (décadas) ● evolução lenta: assintomático → dispneia aos esforços / tosse / diminuição do peso. ● RX / TC de tórax na silicose: ○ TC: ■ Opacidades micronodulares e nodulares ■ Predomínio em regiões superiores e posteriores. ○ Memorize: ○ RX: ■ Nódulos podem coalescer → grandes opacidades/massas ○ Outros achados: ■ Aumento de linfonodos hilares/mediastinais: ● calcificação em casca de ovo (eggshell) ● Diagnóstico: ○ História clínica ○ Anamnese ocupacional (exposição compatível) ○ Imagem (RX/TC de tórax): características de imagem compatíveis. ○ biópsia (exceção): imagem incaracterística e história de exposição/não convincente. ● Doenças associadas à sílica cristalina: ○ Tuberculose (silicotuberculose) ○ Doenças autoimunes (ES, AR) ○ Sílica cristalina → carcinogênica (CA de pulmão) ○ Doença renal crônica. ● Asbestose: ○ Doença pulmonar intersticial com fibrose causada pela inalação de fibras de asbestos/amianto. ○ Atividades com exposição ao asbesto/amianto: mineração, moagem e ensacamento de asbesto, fabricação de produtos de cimento-amianto, materiais de fricção (pastilhas de freio), materiais de isolamento e vedação, produtos têxteis (mantas / tecidos antichama), construção civil (pisos vinílico, telhas, caixas d’água e tubulações). ● Quadro clínico: ○ Manifestação depende da carga e tempo de exposição. Pode manifestar-se após cessada a exposição. ○ Longo período de latência (> 10 anos) ○ Assintomático → Dispneia de esforço progressiva, tosse, baqueteamento e cianose. ● RX / TC de tórax na asbestose: Predominante na região basais e posteriores. ○ RX: opacidades reticulares, irregulares lineares. ○ TC: sinais de fibrose - espessamento de septos interlobulares, bronquiolectasias de tração e faveolamento. ○ Outros achados: ■ espessamento pleural ■ placas pleurais ● Memorize: ● Doenças associadas ao asbesto: ○ Asbestose: ■ espessamento/placas pleurais ■ fibrose de retroperitônio ■ cânceres: pulmão, laringe, ovários, estômago, mesotelioma (pleura, pericárdio e peritônio). ● Diagnóstico: ○ Evidência de exposição ao asbesto: ■ Anamnese ocupacional (exposição/latência plausível) ■ Marcador de exposição (placa pleural) ■ Corpos de asbesto (LBA, escarro induzido ou tecido) ■ Evidência de alteração estrutural: imagem (RX/TC de tórax compatíveis) e biópsia. ● Recomendações nas pneumoconioses: ○ Diagnóstico de pneumoconiose → afastar da exposição. ○ Manter monitoramento (mesmo após afastamento da exposição). ○ Atenção para tuberculose nos pacientes com silicose. ○ Quimioprofilaxia: Isoniazida (6 meses) para expostos à sílica com PPD > 10 mm (afastada TB ativa). ○ Atenção para CA de pulmão: sílica e asbesto ○ Atenção para mesotelioma: asbesto. ○ Emissão da CAT ○ Notificação ao SINAN ● Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT): ● Definição: Sobrecarga ao sistema musculoesquelético. A falta de tempo para recuperação surge o DORT. ○ Etiologia multifatorial ○ maior prevalência: mulheres ○ dor, parestesias, sensação de peso, fadiga. ○ surgimento insidioso, geralmente em MMSS. ○ causas frequentes de afastamento do trabalho. ○ Entidades neuro-ortopédicas: tendinites, tenossinovites, bursites, epicondilites e neuropatias periféricas compressivas. ● Algumas condições que podem ser relacionadas ao trabalho e enquadradas como DORT: ○ Mão e punho: ■ Síndrome do túnel do carpo ■ tenossinovite de De Quervain ■ Tenossinovite flexores/extensores do carpo ○ Cotovelo: ■ Epicondilite medial e lateral ■ Bursite do olécrano ○ Ombro: ■ Bursite de ombro■ Síndrome do manguito rotador ■ Tendinite bicipital ■ Síndrome do desfiladeiro torácico. ● Avaliação clínica: ○ Anamnese ocupacional: processo de trabalho e conteúdo das tarefas. ● IMPORTANTE: ○ Tipos de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) - RISCOS ERGONÔMICOS: ■ Biomecânicos: ● posto de trabalho/ferramentas ● posturas inadequadas ● peso da carga levantada ■ Organização do trabalho: ● jornadas prolongadas ● ausência de pausas ● ausência de revezamentos ● invariabilidade das tarefas ● exigência de produtividade/metas. ○ Outros fatores - RISCOS FÍSICOS: ■ Vibração ■ Frio ● Abordagem em DORT: ○ Abordagem multiprofissional ○ Correções ergonômicas ○ Medicamentos: analgésicos, AINEs, relaxantes musculares e antidepressivos. ○ Fisioterapia/reabilitação ○ Órteses ○ Infiltrações ○ Psicoterapia ○ Cirurgia ● Toxicologia Ocupacional: ○ Metais pesados: ■ Saturnismo ■ Hidrargirismo ○ Solventes: ■ Benzenismo ● Saturnismo: ○ Intoxicação por chumbo inorgânico: ■ encontrado em fumos/poeiras de chumbo, fabricação de baterias, acumuladores elétricos, tintas, pigmentos, indústria química. ○ Afeta a biossíntese do heme: ■ acúmulo de ácido delta-aminolevulínico. ■ acúmulo de zincoprotoporfirina ○ Danos aos sistemas: ■ Hematológico → Anemia ■ Renal: IR, HAS, gota e síndrome de Fanconi. ■ Nervoso (SNC e SNP): cefaleia, diminuição da concentração, fadiga, irritabilidade e fraqueza neuromuscular. ○ Clínica: ■ Dor abdominal, náuseas, vômitos. Confundido com abdome agudo podendo ocasionar uma laparotomia branca. ○ Tratamento saturnismo: ■ Interrupção da exposição ■ Durante crise álgica abdominal: hidratação ■ Terapia quelante (casos selecionados). ● CAI NA PROVA: ● Hidrargirismo: ○ Intoxicação por Mercúrio: garimpos, produção de clorossoda, fabricação de termômetros, produtos dentários (amálgamas) e lâmpadas fluorescentes. ○ Quadro clínico: ■ Intoxicação aguda: pneumonite, bronquite. ■ Renal: síndrome nefrótica (proteinúria) ■ Nervoso: alterações comportamentais, alucinações, perda de memória e tremores. ■ Outros: gengivite, sialorreia e diarreia. ● Benzenismo: ○ Exposições ocupacionais como setor siderúrgico, refinaria de petróleo, benzeno como solvente (tintas, verniz, selador). ○ Mielotóxico: podem causar leucemias, doença de Hodgkin, síndrome mielodisplásica e anemia aplásica.