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Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Conceitos Fundamentais Proteção Sistemas Elétricos 1Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Conceitos Fundamentais • Na operação dos sistemas elétricos de potência surgem, falhas nos seus componentes que resultam em interrupções no fornecimento de energia aos consumidores conectados a esses sistemas, com a consequente redução da qualidade do serviço prestado. 2Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • A falha mais comum em qualquer sistema de potência é o curto-circuito, que dá origem a correntes elevadas circulando em todos os elementos energizados, tendo como resultado severos distúrbios de tensão ao longo de todo o sistema elétrico, ocasionando, danos irreparáveis ao sistema e às instalações das unidades consumidoras. • Além do curto-circuito, a sobrecarga é outro fator de anormalidade nos sistemas de potência que pode originar danos materiais significativos. • Existem outros dois fenômenos, não menos severos, que podem ocorrer nos sistemas elétricos: as sub e sobretensões com diferentes origens, de descargas atmosféricas e manobras. • Algumas vezes estão associadas aos curtos-circuitos. • Os curtos-circuitos, as sobrecargas e as sub e sobretensões são inerentes ao funcionamento dos sistemas de potência, apesar das precauções e cuidados tomados durante a elaboração do projeto e a execução das instalações, mesmo seguindo as normas mais severas e as recomendações existentes. 3Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Conceitos Fundamentais • Essas anormalidades poderão ter consequências irrelevantes ou desastrosas, dependendo do sistema de proteção preparado para aquela instalação em particular. Principal Função do Sistema de Proteção • A principal função de um sistema de proteção é assegurar a desconexão de todo sistema elétrico submetido a qualquer anormalidade que o faça operar fora dos limites previstos ou de parte dele. • Tem a função de fornecer as informações necessárias aos responsáveis por sua operação, de modo a facilitar a identificação dos defeitos e a sua consequente recuperação. • A proteção de um sistema de potência é projetada tomando como base os fusíveis e os relés incorporados necessariamente a um disjuntor, que é, na essência, a parte mecânica responsável pela desconexão do circuito afetado com a fonte supridora. 4Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Fusível • O fusível representa uma gama numerosa de dispositivos que são capazes de interromper o circuito ao qual estão ligados, sempre através da fusão de seu elemento metálico de proteção. 5Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • São normalmente empregados nos sistemas de distribuição de média tensão e muito raramente nos sistemas de alta tensão, devido à sua baixa confiabilidade e à dificuldade de se obter sistemas seletivos. Relé 6Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • Já os relés representam outra gama de dispositivos, com as mais diferentes formas de construção e funções incorporadas, para aplicações diversas, dependendo da importância, do porte e da segurança da instalação considerada. • Os relés sempre devem atuar sobre o equipamento responsável pela desconexão do circuito elétrico afetado, normalmente o disjuntor ou o religador. Religador 7 Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • Religador é um dispositivo utilizado em sistemas elétricos com a função de protegê-los contra problemas transitórios. • São geralmente aplicados em linhas aéreas de transmissão e de distribuição de energia, buscando reduzir o tempo de interrupção de fornecimento de energia no casos de problemas não permanentes. • Ao detectar algum defeito o religador realiza um ciclo pré- programado de aberturas e fechamentos até o desaparecimento do defeito ou até se considerar que o defeito é permanente. • No caso de defeito permanente, o religador ficará aberto para proteger o sistema elétrico, até que seja rearmado manualmente ou via telecomando após a solução do problema que causou a atuação do religador. • No caso de linhas aéreas de distribuição ou transmissão, a maioria dos defeitos são transitórios, provocados por toques de partes de plantas nas linhas, induzidas por rajadas de vento ou por materiais sendo levados pelo vento. • O desligamento e posterior religamento, são suficientes para evitar grandes problemas no sistema elétrico, e se reduz drasticamente a indisponibilidade de energia para os consumidores ligados à linha em questão. 8Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Religador • Os religadores podem ser classificados quanto ao meio de interrupção de arco em: • Interrupção em óleo; • Interrupção em gás SF6 ; • Interrupção em vácuo Detecção de um Defeito em um Sistema Elétrico • A detecção de um defeito em um sistema elétrico é obtida, de forma geral, pela aplicação de um dos seguintes critérios: • Elevação da corrente. • Elevação e redução da tensão. • Inversão do sentido da corrente. • Alteração da impedância do sistema. • Comparação de módulo e ângulo de fase na entrada e na saída do sistema. 9Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Termos Clássicos de Proteção de Sistemas de Potência • Corrente nominal: é o valor da corrente secundária que pode circular permanentemente no relé. • Corrente de ajuste: é o valor da corrente ajustada no relé, acima da qual o relé atuará. • Corrente de acionamento: é o valor da corrente que provoca a atuação do relé de proteção. • Corrente máxima admissível: é o valor máximo da corrente que pode suportar os componentes do relé, tais como bobinas, contatos, elementos eletrônicos etc., durante um tempo especificado. • Consumo: é o valor da energia solicitada pelo relé aos equipamentos de medida aos quais está conectado, durante o seu funcionamento. 10Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • Potência nominal: é o valor da potência que é requerida pelo relé e fornecida pelos transformadores de potencial e de corrente. • Tensão nominal: é o valor da tensão para o qual foi isolado o dispositivo. • Tensão de serviço: é a tensão do sistema ao qual o relé está conectado. • Tensão máxima admissível: é o valor da tensão máxima a que pode ficar submetido o relé em operação. • Temporização: é o valor do tempo, normalmente em segundos, ajustado no relé, para o qual o mesmo atuará. 11Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Termos Clássicos de Proteção de Sistemas de Potência Estrutura Básica de um Sistema de Proteção 12Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica a) Unidade de entrada: Corresponde aos equipamentos que recebem as informações de distúrbios do sistema elétrico, tais como transformadores de corrente e de potencial, e enviam esses sinais à unidade de conversão do relé de proteção. Também oferecem uma isolação elétrica entre o sistema e os dispositivos de proteção, evitando que tensões e correntes elevadas sejam conduzidas a esses dispositivos. b) Unidade de conversão de sinal: É o elemento interno aos relés que recebe os sinais dos transformadores de corrente e de potencial e os transforma em sinais com modulação adequada ao nível de funcionamento dos relés. Na proteção com relés primários não existe a unidade de conversão, já que a corrente e/ou a tensão da rede são aplicadas diretamente sobre a unidade de disparo do disjuntor. 13Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Estrutura Básica de um Sistema de Proteção c) Unidade de medida: Ao receber os sinais da unidade de conversão, a unidade de medida compara as suas características (módulos da corrente e tensão, ângulo de fase, frequência etc.) com os valores que foram previamente armazenados nela e tidos como referência de operação. d) Fonte de tensão auxiliar: É a unidade que fornece energia às unidades de medida para processar as informações e à unidade de saída. Também fornece energia à unidadede acionamento, às vezes constituída por uma pequena bobina que aciona um contato auxiliar. A fonte auxiliar é constituída por uma bateria. 14Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Estrutura Básica de um Sistema de Proteção e) Unidade de saída: Pode ser constituída por uma pequena bobina acionando um contato auxiliar ou por uma chave semicondutora. f) Unidade de acionamento: Normalmente é constituída por uma bobina de grossas espiras montada no corpo do elemento de desconexão do sistema, que pode ser um disjuntor ou um interruptor. A unidade de acionamento é característica dos sistemas de proteção com relés secundários. Na proteção com relés primários, a unidade de acionamento é ativada diretamente pelas unidades de entrada. 15Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Estrutura Básica de um Sistema de Proteção 16Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Equipamentos da Estrutura de Proteção 17Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • TC – transformador de corrente: equipamento responsável pelo suprimento da corrente ao elemento de avaliação da corrente (A) que se quer controlar. • TP – transformador de potencial: equipamento responsável pelo fornecimento da tensão ao elemento de avaliação da tensão (A) que se quer controlar. • D – interruptor ou disjuntor responsável pela desconexão do sistema. • F – fonte auxiliar de corrente que supre os diversos elementos envolvidos na proteção. Em geral, trata-se de uma fonte de corrente contínua. • A – elemento de avaliação das medições de corrente e tensão que tem as seguintes funções: – gerenciar as condições operacionais do componente elétrico protegido, tais como a linha de transmissão, o transformador de potência etc.; – decidir, a partir dos valores recebidos de corrente e tensão, as condições em que se dará a operação de desconexão. Equipamentos da Estrutura de Proteção • B – elemento lógico da estrutura de proteção; recebe as informações do elemento de avaliação, procede à comparação com os valores ajustados e libera o sinal de atuação para o interruptor ou disjuntor. • C – elemento que modula o sinal de disparo do interruptor ou disjuntor. • S – elemento de sinalização ótica ou visual de todas as operações realizadas na estrutura básica de proteção. • K – responsável pela recepção de sinais de comando originados ou não de outros pontos distantes da parte do sistema sob proteção; pode ser a própria régua de borne dos condutores dos circuitos de proteção. 18Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Equipamentos da Estrutura de Proteção Falhas de um sistema de Potência • Os curtos-circuitos correspondem às falhas mais severas que ocorrem num sistema elétrico de potência. • São eventos resultantes de um defeito na isolação de um ponto qualquer sob tensão da rede considerada ou de uma ação involuntária sobre o sistema. • Como consequência direta são obtidos valores de corrente extremamente elevados, capazes de provocar danos irreparáveis à instalação se não houver correta interferência do sistema de proteção. • Os curtos-circuitos podem se dar: • entre as três fases, • entre duas fases quaisquer, compreendendo ou não a terra, • entre uma fase qualquer e a terra. 19Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Falhas de um sistema de Potência • As sobrecargas são caracterizadas pela elevação moderada da corrente, acima dos valores admitidos no projeto. • Ao contrário dos curtos-circuitos, as sobrecargas não constituem uma falha de instalação, mas sim um procedimento muitas vezes incorreto de sua operação, seja pela aquiescência de introdução de uma nova carga no circuito, seja pelo aumento da carga mecânica admitida no eixo dos motores etc. • Enquanto os curtos-circuitos são de curta duração, em geral as sobrecargas são prolongadas. 20Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Estatísticas das interrupções • As concessionárias de energia elétrica, geradores e distribuidores, acompanham e avaliam rigorosamente as interrupções de seus sistemas, a fim de se orientarem no planejamento estratégico e operacional, objetivando melhorar a qualidade de fornecimento de energia a seus clientes. • Dados médios das interrupções dos sistemas de geração e transmissão relativos ao sistema elétrico brasileiro. a) Causas das interrupções • Fenômenos naturais: 48%. • Falhas em materiais e equipamentos: 12%. • Falhas humanas: 9%. • Falhas diversas: 9%. • Falhas operacionais: 8%. • Falhas na proteção e medição: 4%. • Objetos estranhos sobre a rede: 4%. • Condições ambientais: 6%. 21Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Estatísticas das interrupções b) Origem das interrupções: • Linha de transmissão: 68%. • Rede de distribuição: 10%. • Barramento de subestação: 7%. • Transformador de potência: 6%. • Gerador: 1%. • Próprio sistema: 4%. • Consumidor: 4%. 22Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica c) Duração das interrupções (T em minutos) • 1 < T ≤ 3: 57%. • 3 < T ≤ 15: 21%. • 15 < T ≤ 30: 6%. • 30 < T ≤ 60: 4%. • 60 < T ≤ 120: 3%. • T > 120: 9%. Estatísticas das interrupções • As interrupções também podem ser contabilizadas ao longo dos meses do ano, o que varia em cada região dependendo, principalmente, das condições climáticas. • Podem-se acrescentar a essas estatísticas as interrupções quanto ao tipo de curto-circuito: • Curto-circuito trifásico: 8%. • Curto-circuito bifásico: 14%. • Curto-circuito fase e terra: 78%. • Existe um tipo de interrupção bastante característico dos sistemas de distribuição, urbano ou rural, denominado defeito fugitivo. • Corresponde à falta monopolar à terra de curtíssimo tempo, como, por exemplo, a palha de uma palmeira tocando os condutores de uma rede aérea devido a uma rajada moderada de vento. • As estatísticas mostram que cerca de 80% do total das interrupções são classificadas como fugitivas. 23Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Custos das interrupções • As interrupções geram custos de duas naturezas, ou seja: a) Custos financeiros • Correspondem à perda de faturamento da concessionária devido à energia não vendida. b) Custo social • Nesse caso há duas maneiras de avaliar a interrupção: • Custos financeiros do cliente. • Perda de faturamento de sua unidade de negócio, no caso de atividades industriais e comerciais. • Custos com a imagem da concessionária junto aos seus clientes. • É o investimento em marketing que a concessionária deve realizar para manter os seus clientes satisfeitos com o serviço que presta. • Isso é importante quando há competitividade entre empresas do setor. 24Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Requisitos Básicos de um Sistema de Proteção • Um projeto de proteção deve considerar algumas propriedades fundamentais para se obter um bom desempenho: • Seletividade • Zonas de atuação • Velocidade • Sensibilidade • Confiabilidade • Automação a) Seletividade • Técnica utilizada no estudo de proteção e coordenação, por meio da qual somente o elemento de proteção mais próximo do defeito desconecta a parte defeituosa do sistema elétrico. 25Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Requisitos Básicos de um Sistema de Proteção b) Zonas de atuação • Durante a ocorrência de um defeito, o elemento de proteção deve ser capaz de definir se aquela ocorrência é interna ou externa à zona protegida. • Se a ocorrência está nos limites da zona protegida, o elemento de proteção deve atuar e acionar a abertura do disjuntor associado, num intervalo de tempo definido no estudo de proteção. • Se a ocorrência está fora dos limites da zona protegida, o relé não deve ser sensibilizado pela grandeza elétrica do defeito ou, se o for, deve ter bloqueado o seu sistema restritor de atuação. c) Velocidade • Desde que seja definido um tempo mínimo de operação para um elemento de proteção, a velocidade de atuação deve ser a de menor valor possível, a fim de propiciar as seguintescondições favoráveis: • Reduzir ou mesmo eliminar as aviaras no sistema protegido. • Reduzir o tempo de afundamento da tensão durante as ocorrências nos sistemas de potência. • Permitir a ressincronização dos motores. 26Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Requisitos Básicos de um Sistema de Proteção d) Sensibilidade • Consiste na capacidade de o elemento de proteção reconhecer com precisão a faixa e os valores indicados para a sua operação e não operação. • Para avaliar numericamente o nível de sensibilidade de um elemento de proteção, pode-se aplicar a equação abaixo: • Iccmi – corrente de curto-circuito em seu valor máximo, tomado no ponto mais extremo da zona de proteção, considerando a condição de geração mínima; • Iac – corrente de acionamento do elemento de proteção, isto é, o valor mínimo da corrente capaz de acionar o referido elemento de proteção. • Para conseguir um nível de sensibilidade adequada deve-se ter: 1,5 Ns < 2. 27Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Requisitos Básicos de um Sistema de Proteção e) Confiabilidade • É a propriedade de o elemento de proteção cumprir com segurança e exatidão as funções que lhe foram confiadas. f) Automação • Consiste na propriedade de o elemento de proteção operar automaticamente quando for solicitado pelas grandezas elétricas que o sensibilizam e retornar sem auxílio humano, se isso for conveniente, à posição de operação depois de cessada a ocorrência. • Existem ainda outras propriedades fundamentais para o bom desempenho dos dispositivos de proteção: • Os relés não devem ser sensibilizados pelas sobrecargas e sobretensões momentâneas. • Os relés não devem ser sensibilizados pelas oscilações de corrente, tensão e frequência ocorridas naturalmente no sistema, desde que consideradas normais pelo projeto. • Os relés devem ser dotados de bobinas e circuitos de pequeno consumo de energia. • Os relés devem ter suas características inalteradas para diferentes configurações do sistema elétrico. 28Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Tipos de Proteção dos Sistemas Elétricos • Cada componente de um sistema elétrico é especificado em função das condições operativas desse sistema no qual irá funcionar, de forma que suas características técnicas não sejam superadas. • Os sistemas elétricos estão sujeitos permanentemente a eventos que devem ser controlados, monitorados ou simplesmente eliminados. • Para que se possa operar um sistema elétrico com o maior grau de confiabilidade é necessária a utilização de um conjunto de proteções, cada uma específica para um determinado evento. 29Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Proteção de sobrecorrentes • Sobrecorrentes são os eventos mais comuns que ocorrem nos sistemas elétricos de forma geral. • Também submetem os componentes elétricos aos maiores níveis de desgaste e comprometimento de sua vida útil. • As sobrecorrentes podem ser classificadas, quanto a dois diferentes níveis: • Sobrecargas; • Curtos-circuitos. 30Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • São variações moderadas da corrente que flui no sistema elétrico. • Se ocorrerem limitadas no seu módulo e no tempo, não prejudicam os componentes elétricos do sistema. • O sistema elétrico já é projetado para permitir sobrecargas por tempo limitado, como é o caso dos transformadores de potência que, dependendo da carga anterior à sobrecarga, podem suportá-la por um longo período de tempo. • Também há sobrecargas que devem ser toleradas, já que são inerentes à operação do sistema elétrico. • É o caso da partida dos motores elétricos de indução. • Quando o valor da corrente de sobrecarga ultrapassa os limites permitidos de qualquer dos componentes de um sistema elétrico, o valor da corrente deve ser reduzido ou o equipamento retirado de operação. • Os dispositivos mais utilizados para a proteção contra os eventos de sobrecarga são os relés térmicos. • Também são utilizados outros tipos de relés: eletromecânicos, eletrônicos e digitais com temporizações moderadas. 31Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobrecargas Curtos-circuitos • Os curtos-circuitos são variações extremas da corrente que flui no sistema elétrico. • Se não forem limitados no seu módulo e no tempo, danificam os componentes elétricos por meio dos quais são conduzidos. • Enquanto os tempos permitidos nos eventos de sobrecarga podem chegar a vários segundos (tempo de rotor travado pode ser tolerado, por exemplo, até aproximadamente 15 segundos, dependendo das características do motor), os tempos permitidos para a duração dos curtos-circuitos não devem superar o valor de 2 segundos. • Normalmente, devem ser limitados entre 50 e 1000 ms. • Os dispositivos de proteção devem ser extremamente velozes e os equipamentos de manobra, no caso os disjuntores e religadores, devem ter capacidade adequada para operar em condições extremas de corrente. 32Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Características básicas de interrupção das correntes de curto-circuito a) Capacidade de interrupção: • É a corrente máxima que o equipamento de manobra deve ser capaz de interromper em condições definidas por documentos normativos e está relacionada à tensão, à frequência natural do sistema, ao ciclo de operação etc. b) Capacidade de fechamento em curto-circuito: • Os equipamentos de manobra, devem ter o mesmo valor da capacidade de fechamento em curto-circuito do que a capacidade de interrupção. • Em casos específicos, a capacidade de fechamento em curto-circuito deve ser superior à capacidade de interrupção. • Os dispositivos mais utilizados para a proteção contra os eventos de curto-circuito em baixa e média tensão são os fusíveis. • Nos sistemas de potência os relés são os dispositivos mais utilizados na eliminação dos curtos- circuitos e podem ser eletromecânicos, eletrônicos e digitais, todos eles graduados com temporizações muito pequenas. 33Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Proteção de sobretensões • Os sistemas elétricos de potência têm como limite a tensão máxima de operação durante a ocorrência de uma falta. • Considerando o restabelecimento do sistema para o regime permanente, os valores de tensão máxima não devem superar o valor de 110% da tensão nominal. • Se a tensão do sistema superar o valor limite de 110% do valor nominal, os relés de sobretensão, atuação instantânea e temporizada, devem ter os seus dispositivos adequados de proteção atuando sobre os disjuntores. • As sobretensões podem aparecer nos sistemas elétricos por meio de diferentes origens, ou seja: • Descargas atmosféricas. • Chaveamento. • Curtos-circuitos monopolares. 34Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobretensões por descargas atmosféricas • As sobretensões por descarga atmosférica são um evento que pode envolver todas as fases do sistema ou somente uma fase. • A fricção entre as partículas de água e gelo que formam as nuvens, provocada pelos ventos ascendentes de forte intensidade, dão origem a uma grande quantidade de cargas elétricas. • Verifica-se experimentalmente que as cargas elétricas positivas ocupam a parte superior da nuvem, enquanto as cargas elétricas negativas se posicionam na sua parte inferior, gerando, uma intensa migração de cargas positivas na superfície da terra para a área correspondente à localização da nuvem. • A concentração de cargas elétricas positivas e negativas numa determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a nuvem e a terra. • O ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica e que depende de certas condições ambientais. • O aumento dessa diferença de potencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá atingir um valor que supere a rigidez dielétrica do ar, interposto entre a nuvem e a terra, fazendo com que as cargas elétricas negativas migrem na direção da terra, num trajeto tortuoso e normalmente cheio de ramificações,cujo fenômeno é conhecido como descarga piloto. 35Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobretensões por descargas atmosféricas • É de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez dielétrica do ar é rompida. • Mantendo elevado o gradiente de tensão na região entre a nuvem e a terra, surge, em função da aproximação do solo de uma das ramificações da descarga piloto, uma descarga ascendente, constituída de cargas elétricas positivas, denominada descarga de retorno. • Ao atingir a nuvem, a descarga de retorno provoca, numa determinada região da mesma, uma neutralização eletrostática temporária. • Na tentativa de manter o equilíbrio dos potenciais elétricos no interior da nuvem, surgem intensas descargas que resultam na formação de novas cargas negativas na sua parte inferior, dando início a uma nova descarga da nuvem para a terra, tendo como canal condutor aquele seguido pela descarga de retorno que em sua trajetória ascendente deixou o ar intensamente ionizado. • As descargas reflexas ou secundárias podem acontecer repetidas vezes após cessada a descarga principal. • 90% das descargas atmosféricas têm polaridade negativa. • As redes aéreas podem ser submetidas às sobretensões devidas às descargas atmosféricas de forma direta ou indireta. 36Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobretensões por descargas diretas • As redes aéreas de média e baixa tensão são mais afetadas pelas descargas atmosféricas do que as redes aéreas de nível de tensão mais elevado, devido ao baixo grau de isolamento dessas redes. • As descargas diretas apresentam uma taxa de crescimento da tensão na faixa de 100 a 2.000 kV/μs. • Para evitar a descarga diretamente sobre a rede elétrica são projetados sistemas de blindagem tais como cabos para-raios, denominados cabos guarda, instalados acima dos condutores vivos da linha, ou para-raios atmosféricos de haste normalmente instalados nas estruturas das subestações de potência. • A blindagem criada em torno da rede permite limitar a magnitude das sobretensões. • As redes aéreas de distribuição primárias e secundárias de áreas urbanas são protegidas naturalmente contra as descargas atmosféricas diretas por meio de objetos próximos tais como edificações, árvores e outras linhas em paralelo, todos com altura igual ou superior a altura dos condutores das referidas redes. • Essas blindagens naturais contra as descargas diretas não impedem as sobretensões induzidas decorrentes das descargas sobre os objetos próximos, anteriormente mencionados. 37Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobretensões por descargas indiretas induzidas • Se a rede elétrica for dotada de uma blindagem com cabos para-raios, eles serão os condutores que ficarão submetidos à tensão induzida e à corrente associada. • Devido às capacitâncias próprias e mútuas entre os condutores de blindagem e os condutores vivos, é desenvolvida nos condutores uma onda de tensão acoplada. 38Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobretensões por descargas indiretas induzidas • A impedância no pé da torre influi na tensão no topo da torre, devido às ondas de reflexão. • As descargas atmosféricas cujo ponto de impacto é próximo às redes aéreas podem induzir uma tensão nessas redes cujo valor não supera o valor de 500 kV. • Tratando-se de redes com tensão nominal superior a 69 kV ou dotadas de cabos para-raios para blindagem, o seu nível de isolamento é compatível com os valores das sobretensões induzidas, não acarretando falha nas isolações. • No entanto, redes aéreas com tensão nominal igual ou inferior a 69 kV podem falhar por tensões induzidas. • As redes de 69 kV, por exemplo, apresentam uma tensão suportável de impulso (TSI) para surtos atmosféricos de 355 kV. 39Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sobretensões por chaveamento • As maiores incidências de sobretensões por chaveamento decorrem normalmente da rejeição de grandes blocos de carga, desligamentos intempestivos de alimentadores e perda de sincronismo entre dois subsistemas. • Além disso, as sobretensões de efeito menos severo podem ser resultado de vários outros fenômenos de origem interna ao sistema elétrico: • Eliminação das correntes de curto-circuito. • Chaveamento de banco de capacitores. • Chaveamento de reatores. • Energização de transformadores de potência. • Energização de linhas de transmissão. • Religamento de linhas de transmissão. • Ressonância série ou paralelo. 40Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Proteção de frequência • A proteção de frequência é empregada nos sistemas elétricos quando são atingidos por eventos de sobrefrequência ou subfrequência, como resultado da alteração na velocidade das máquinas girantes; as consequências são aquecimento, vibrações etc. • Os sistemas elétricos normalmente operam com uma faixa de frequência estreita. • Para os sistemas de 60 Hz a frequência não deve superar o valor de 62 Hz. • Até esse valor, são toleráveis tempos de resposta das proteções em cerca de 2 s. • As sobrefrequências não afetam, a integridade dos componentes elétricos. • Suas consequências aparecem na qualidade da energia fornecida, principalmente quando se trata de sistemas elétricos com elevado nível de equipamentos consumidores de tecnologia da informação. • As variações da frequência podem ser resultado de eventos no sistema elétrico, como, a perda de um grande bloco de carga, que acelera a rotação dos geradores síncronos. • Os sistemas elétricos podem operar por pequenos intervalos de tempo com valores de frequências não inferiores a 58 Hz, para sistemas de 60 Hz, podendo chegar, em alguns casos extremos, a valores de 56 Hz. • Para frequências inferiores deve haver atuação do sistema de proteção. • A função de proteção de frequência opera, normalmente, em uma faixa de frequência entre 25 e 70 Hz, funcionando tanto para sobrefrequência quanto para subfrequência. 41Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Proteção de sobre-excitação • Esse tipo de proteção detecta e registra níveis de indução muito elevados, gerados por uma elevação de tensão e/ou eventos de subfrequência. • Níveis de indução muito elevados conduzem à saturação dos núcleos de ferro, ocasionando perdas excessivamente elevadas por correntes parasitas e uma elevação inadmissível do nível de temperatura da máquina. • A proteção de sobreexcitação é chamada a operar nessas circunstâncias, normalmente caracterizada por sistemas ilhados ou sistemas com baixo nível de curto-circuito. • A proteção por sobre-excitação é determinada a partir do quociente entre a tensão máxima do sistema e da frequência a que está submetido. 42Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Seletividade • É a característica que um sistema de proteção deve ter para que, ao ser submetido a correntes anormais, faça atuar os dispositivos de proteção de maneira a desenergizar somente a parte do circuito afetado. • Em um projeto de um sistema de proteção cada elemento protetor deve ter uma abrangência de atuação, denominada simplesmente zona de proteção. a) Proteção de primeira linha • Corresponde ao elemento de proteção para o qual é definida uma zona de responsabilidade dentro de limites predefinidos, devendo atuar num tempo previamente ajustado, sempre que ocorrer um defeito nessa zona. b) Proteção de segunda linha ou de retaguarda • Corresponde ao elemento de proteção responsável pela desconexão do sistema caso haja uma falha na proteção de primeira linha, dentro de um intervalo de tempo definido no projeto de coordenação. 43Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Seletividade Amperimétrica • Também conhecida como seletividade por corrente, esse tipo de seletividade fundamenta-se no princípio de que as correntes de curto-circuito aumentam à medida que o ponto de defeito se aproxima da fonte de suprimento. • É mais utilizada nos sistemasde baixa tensão, em que a impedância dos circuitos elétricos é significativa, em comparação aos sistemas de média ou alta tensão. • Esse princípio também é aplicado aos sistemas de distribuição de energia elétrica, através do uso de elos fusíveis em que as impedâncias dos condutores variam de forma significativa à medida que se afastam da subestação de potência. • Nos sistemas de transmissão de curta distância, as correntes de defeito não apresentam grandes variações nos diferentes pontos de falta, o que dificulta a aplicação desses procedimentos. 44Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Seletividade Cronométrica • Os procedimentos desse tipo de seletividade fundamentam-se no princípio de que a temporização intencional do dispositivo de proteção próximo ao ponto de defeito deve ser inferior à temporização intencional do dispositivo de proteção a montante. • Isso significa que a seletividade cronométrica consiste em retardar uma proteção instalada a montante para que a proteção instalada a jusante tenha tempo suficiente para atuar eliminando e isolando a falta. • A diferença dos tempos de disparo de duas proteções consecutivas deve corresponder ao tempo de abertura do disjuntor, acrescido de um tempo de incerteza de atuação das referidas proteções. • Essa diferença, denominada intervalo de coordenação, é assumida com valores entre 200 e 400 ms. 45Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Seletividade lógica • Esse conceito de seletividade é mais moderno e surgiu em função da utilização dos relés digitais. • A seletividade lógica é um sistema lógico que combina um esquema de proteção de sobrecorrente com um esquema de comunicação utilizando fio piloto ou outro meio equivalente de forma a obter uma proteção com intervalos de tempo extremamente reduzidos, porém seletivos. • A seletividade lógica é mais facilmente aplicada em sistemas radiais, podendo ser desenvolvida em sistemas em anel, quando são utilizados relés de sobrecorrentes direcionais. • A seletividade lógica elimina os inconvenientes observados nos esquemas de seletividade amperimétrica e cronométrica. • O sucesso da seletividade lógica está nos projetos de instalações novas nos quais todos os relés são implantados na versão digital. • Para instalações em operação na qual já existem em funcionamento disjuntores de baixa tensão, por exemplo, a seletividade lógica pode ser impraticável. 46Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sistemas de Comunicação • Para que possa existir troca de informações entre os elementos de proteção de um sistema elétrico, que compreende a comunicação entre subestações e entre as subestações e os centros de operação, é necessário um sistema de comunicação que pode ser constituído de diferentes meios. • Em muitos casos, as concessionárias de energia elétrica são obrigadas a instalar seu próprio sistema de comunicação devido à inexistência de um sistema público confiável que penetre nas áreas onde operam as instalações elétricas das empresas de energia. • Essas empresas necessitam transmitir tanto dados como voz. 47Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica • Os vários meios de um sistema de comunicação podem ser assim resumidos: • Linhas físicas • Existem dois meios de comunicação através de linhas físicas: – Fio piloto. – Fibra ótica. • Rádio: Podem ser utilizadas várias frequências: alta frequência, muito alta frequência, ultra alta frequência e super alta frequência. • Onda portadora: São utilizadas as próprias linhas de transmissão da concessionária. 48Tópicos Especiais em Sistemas de Energia Elétrica Sistemas de Comunicação
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