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Princípios contábeis e Regime de Competência

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CONTABILIDADE 
BÁSICA 
Filipe Martins da Silva
Princípios contábeis 
e regime de competência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer os princípios e as convenções contábeis geralmente aceitos.
 Explicar o que são despesas e receitas e o momento em que ocorrem. 
 Identificar o resultado contábil de acordo com os princípios contábeis
da realização e da confrontação das despesas com as receitas.
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer os princípios contábeis vigentes 
atualmente na contabilidade e os motivos para segui-los. Em conjunto, 
apresentaremos as convenções contábeis, que servem de guia para 
a execução da contabilidade.
Além dos princípios, também estudaremos quando devemos con-
siderar uma receita e despesa na contabilidade da empresa, pois uma 
má classificação pode distorcer o resultado na empresa, levando a 
tomadas de decisões incorretas. E vamos compreender a importância 
de confrontar as receitas com as despesas e entender o princípio da 
competência e sua aplicação prática.
Princípios e convenções contábeis 
geralmente aceitos
A contabilidade é uma ciência de característica prática, e para a sua execução 
foram desenvolvidos critérios para normatizar a ciência. Para atender a esse 
objetivo foram criados os princípios contábeis (PADOVEZE, 2017). Visando 
à uniformização dos procedimentos no desenvolvimento das atividades do 
processo contábil, os profi ssionais observam regras, critérios e normas de 
procedimentos defi nidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, através 
de suas resoluções. No Brasil, a estrutura da teoria contábil é defi nida por 
órgãos regulamentadores, como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) 
e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). 
 Tais princípios servem como padrões a serem seguidos na 
contabilização dos fatos contábeis. A normatização prevista na Resolução 
CFC nº. 750, de 29 de dezembro de 1993, do Conselho Federal de 
Contabilidade foi modificada pela Resolução CFC n. 1.282/2010. Os 
princípios contábeis estabelecidos nessas Resoluções foram válidos até 
2008, quando começou o processo de convergências das normas brasileiras 
de contabilidade para o padrão internacional.
 Porém, a revogação das Resoluções CFC nº. 750/1993 e posteriormente 
da Resoluções CFC nº. 1.282/2010, não significou que os princípios de 
contabilidade estariam extintos. A revogação teve como objetivo a 
uniformização conceitual para evitar divergências na concepção doutrinária 
e teórica que após o ano de 2008 começaram a ser estabelecidas pelas 
normas internacionais de contabilidade, que no Brasil são divulgadas pelo 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Após a convergência do 
Brasil às normas internacionais, os princípios contábeis passaram a ser 
tratados no pronunciamento contábil CPC00 (R2) e na NBCTG – Estrutura 
Conceitual para Relatório Financeiro, de 21 de novembro de 2019. No 
quadro 1, você pode verificar como eram os princípios contábeis antes e 
depois da convergência às normas internacionais de contabilidade:
Princípios contábeis e regime de competência2
CFC – Conselho 
federal de 
Contabilidade 
(princípios 
anteriormente 
aceitos) 
Como era na 
Resoluções nº. 750/93 
e 1.282/2010 
(Revogadas)
Como é apresentado na CPC00 (R2) do 
Comitê de pronunciamentos 
Contábeis e na NBCTG – Estrutura 
Conceitual para relatório Financeiro 
do CFC
Princípio da 
entidade
Esse princípio tratava da 
necessidade da 
diferenciação do 
patrimônio particular no 
universo dos 
patrimônios existentes, 
independentemente de 
pertencer a uma pessoa, 
um conjunto de 
pessoas, uma sociedade 
ou instituição de 
qualquer natureza ou 
finalidade, com ou sem 
fins lucrativos.
Não se encontra na NBC TSP – estrutura 
conceitual. Porém mesmo sem a sua 
menção, os estudiosos de contabilidade 
entendem que este deve ser observado, 
visto sua relevância. Dessa forma, toma-se 
por base a exigência prevista no Código Civil 
(Art. 967). É obrigatória a inscrição do 
empresário no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, antes do início 
de sua atividade; Art. 968. A inscrição do 
empresário far-se-á mediante requerimento 
que contenha: (I) o seu nome, nacionalidade, 
domicílio, estado civil e se, casado, o regime 
de bens; (II) a firma, com a respectiva 
assinatura autógrafa; (III) o capital; e (IV) o 
objeto e a sede da empresa. O artigo 985, 
também do Código Civil, complementa que 
a sociedade adquire personalidade jurídica 
com a inscrição, no registro próprio e na 
forma da lei, dos seus atos constitutivos.
Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual
(Continua)
3Princípios contábeis e regime de competência
Princípio da 
oportunidade
Em relação à 
tempestividade 
e à integridade 
do registro do 
patrimônio e das 
suas mutações, isto 
é, o registro deve ser 
feito no momento 
da sua ocorrência 
e corretamente, 
independente de 
sua origem.
Encontra-se nas características 
qualitativas da informação 
contábil. De acordo com o item 
3.19, tempestividade significa ter 
informação disponível para os 
usuários antes que ela perca a 
sua capacidade de ser útil para 
fins de prestação de contas e 
responsabilização e tomada de 
decisão. 
Princípio da 
continuidade
A continuidade 
ou não da 
empresa devem 
ser consideradas 
no momento da 
avaliação de suas 
operações, pois sua 
vida útil (definida ou 
indefinida) influencia 
no valor econômico 
dos ativos e, em 
muitos casos, o valor 
ou o vencimento 
dos passivos, 
especialmente 
quando a extinção 
da entidade tem 
prazo determinado, 
previsto ou 
previsível.
De acordo com os itens 11, 12 
e 13 da Estrutura Conceitual, 
as demonstrações evidenciam 
a situação patrimonial e o 
desempenho da entidade não 
fornecem todas as informações que 
os usuários precisam conhecer a 
respeito dos programas de longo 
prazo, a entidade tem existências 
longas, porém sua continuidade das 
entidades fundamenta a elaboração 
das demonstrações contábeis. 
Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual
(Continua)
(Continuação)
Princípios contábeis e regime de competência4
CFC – Conselho 
federal de 
Contabilidade 
(princípios 
anteriormente 
aceitos) 
Como era na 
Resoluções nº. 750/93 
e 1.282/2010 
(Revogadas)
Como é apresentado na CPC00 (R2) do 
Comitê de pronunciamentos 
Contábeis e na NBCTG – Estrutura 
Conceitual para relatório Financeiro 
do CFC
Princípio do 
registro pelo 
valor original
Os componentes do 
patrimônio devem 
ser registrados pelos 
valores originais das 
transações, ou seja, 
devem ser expressos 
na moeda corrente 
do país (no caso do 
Brasil, em reais), e o 
valor desse registro 
deve ser feito com 
base nos valores de 
entrada.
De acordo com o item 7.13 da 
Estrutura Conceitual, custo histórico 
é a importância fornecida para se 
adquirir ou desenvolver um ativo, 
o qual corresponde ao caixa ou 
equivalentes de caixa ou o valor 
de outra importância fornecida 
à época de sua aquisição ou 
desenvolvimento.
Princípio da 
competência
As receitas e as 
despesas devem 
ser incluídas na 
apuração do 
resultado do 
período em que 
ocorrerem, sempre 
simultaneamente 
quando se 
correlacionarem, 
independentemente 
de recebimento ou 
pagamento.
O item 22 da Estrutura Conceitual 
define que as demonstrações 
contábeis têm como objetivo a 
divulgação da informação contábil, 
baseada no regime de competência, 
sendo complementado pelo 
item 1.1, que estabelece que a 
elaboração e a divulgação dos 
relatórios contábeis devem ser 
elaborados respeitando o regime de 
competência.
Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual
(Continua)
(Continuação)
5Princípios contábeis e regime de competência
CFC – Conselho 
federal de 
Contabilidade 
(princípios 
anteriormente 
aceitos) 
Como era na 
Resoluções nº. 750/93 
e 1.282/2010 
(Revogadas)
Como é apresentado na CPC00 (R2) do 
Comitê de pronunciamentos 
Contábeis e na NBCTG – Estrutura 
Conceitual para relatórioFinanceiro 
do CFC
Porém, é importante ressaltar a citação do professor Fábio Moraes da Costa, 
da Fucape Business School: 
A recente revogação da Resolução nº 750/1993 não implica na extinção dos 
princípios contábeis no Brasil. Na verdade, após a aprovação da Resolução 
1.374/2011, o Brasil passou a contar com uma Estrutura Conceitual (EC/11). 
Enquanto a Resolução nº 750/1993 era estruturada em ‘princípios’, a EC/11 é 
estruturada em capítulos, como, por exemplo, o do objetivo ou o das carac-
terísticas qualitativas.
Princípio da 
prudência
Determina a adoção 
do menor valor para 
os componentes 
do ativo e do 
maior para os do 
passivo, sempre 
que se apresentem 
alternativas 
igualmente válidas 
para a quantificação 
das mutações 
patrimoniais 
que alterem 
o patrimônio 
líquido, impondo a 
escolha que resulte 
menor patrimônio 
líquido, quando 
se apresentarem 
opções igualmente 
aceitáveis.
Foi retirado da Estrutura Conceitual.
Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual
(Continuação)
Princípios contábeis e regime de competência6
CFC – Conselho 
federal de 
Contabilidade 
(princípios 
anteriormente 
aceitos) 
Como era na 
Resoluções nº. 750/93 
e 1.282/2010 
(Revogadas)
Como é apresentado na CPC00 (R2) do 
Comitê de pronunciamentos 
Contábeis e na NBCTG – Estrutura 
Conceitual para relatório Financeiro 
do CFC
Convenções contábeis
De acordo com Padoveze (2017), convenções são restrições aos princípios 
contábeis, ou seja, possuem um caráter prático que deve ser observado na 
execução da contabilidade, servindo com norteadores para o trabalho do 
contador, porém não são defi nições de critérios contábeis e não possuem força 
de lei. Convenções são conceitos que servem como guia para o profi ssional 
da área contábil, normatizando padrões de conduta na hora de escriturar os 
fatos contábeis. São consideradas convenções contábeis:
 Objetividade: o contador deve ser objetivo, isto é, no momento de escriturar 
um fato ele precisa embasar essa escrituração de elementos objetivos para 
evitar a subjetividade no lançamento. Para isso, a escrituração é embasada 
de documentos válidos (exemplo: nota fiscal), ser passível de mensuração
e não lançar de acordo com julgamentos pessoais (PADOVEZE, 2017).
 Conservadorismo: na dúvida o contador deve optar pela forma mais
conservadora de escrituração, ou seja, lançar todas as despesas sempre 
que possível, já em relação à receita, na dúvida, não lançar (PADOVEZE,
2017). Outra abordagem do conservadorismo na contabilidade é a de
disciplinar o entusiasmo natural dos sócios e gestores das organizações
nos negócios apresentados na entidade. Ou seja, entre duas alternativas
válidas opta-se pela menor (IUDICIBUS, 2010).
 Materialidade: essa convenção está ligada ao custo/benefício da in-
formação contábil gerada, onde a contabilidade pode ser elaborada
buscando a perfeição, mas quando se foca em detalhes imateriais, o
custo de tais informações supera seu benefício (IUDICIBUS, 2010).
O contador deve sempre buscar a exatidão numérica no lançamento,
desde que não seja prejudicial à empresa, sempre dando preferência a
valores relevantes, pois os demais valores podem ser tratados de forma 
mais simples, sem prejuízo à empresa (PADOVEZE, 2017).
 Consistência ou uniformidade: no momento em que um contador
adotou um determinado critério de avaliação, seja no ativo ou passivo, ele 
deverá adotar esse critério consistentemente ao logo dos anos. Quando
se fazer necessária, a mudança deverá ser informada e justificada em
notas explicativas (PADOVEZE, 2017).
7Princípios contábeis e regime de competência
 Evidenciação: basicamente, o processo de evidenciação se apresenta em 
uma peça contábil denominada de notas explicativas, pois nela são apre-
sentados todos os itens das demonstrações contábeis que necessitem de
uma informação adicional para a sua compreensão. Entre as informações 
apresentadas estão os critérios de avaliação de ativos e passivos, com suas
respectivas mudanças (como visto na convenção da consistência). São
informações que qualificam o detalhamento das informações numéricas 
apresentados nas demonstrações contábeis (PADOVEZE, 2017).
 O instrumento fundamental do processo de convergência das Normas Brasileiras 
de Contabilidade ao padrão internacional, editado pelo International Financial 
Reporting Standards (IFRS, na sigla em inglês), foi traduzida e adaptada para o Brasil 
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), pela Estrutura Conceitual para 
Relatório Financeiro (CPC00 (R2)) e também foi publicada pelo Conselho Federal de 
Contabilidade, no dia 21 de novembro de 2019, como a norma técnica NBCTG - 
Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. Essa norma antecede a convergência 
das demais, apresentando os conceitos basilares para a elaboração e divulgação de 
informação contábil de propósito geral pelas entidades do setor privado. Após essa 
norma de estrutura conceitual, foram publicadas outras normas convergidas, que 
estão disponíveis em: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
contabilidade/normas-completas/.
 A Resolução nº. 750/1993, e a seguinte que a modificou (Resoluções CFC nº. 
1.282/2010), que dispunham dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, 
foram revogadas, no entanto, não significa que todos os princípios de contabilidade 
estejam extintos, alguns deles foram mantidos e outros acrescentados nas normas 
que foram criadas de acordo com as normas internacionais (IFRS). A revogação das 
resoluções visa à unicidade conceitual, indispensável para evitar divergências na 
concepção doutrinária e teórica, que poderiam comprometer aspectos formais das 
Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs). O Brasil passou a contar com uma 
Estrutura Conceitual (CPC00), assim como outros pronunciamentos publicados em 
sequência desse. Enquanto as Resoluções nº. 750/1993 e 1.282/2010 eram 
estruturadas em “princípios”, a Estrutura Conceitual é estruturada em capítulos, 
como, por exemplo, o do objetivo ou o das características qualitativas da informação 
contábil. De maneira geral, podemos ver que todos os princípios mencionados na 
Resoluções nº. 750/1993 e 1.282/2010 também estão na Estrutura Conceitual ou em 
CPCs seguintes, com exceção do princípio da prudência (GIROTTO, 2016). 
Princípios contábeis e regime de competência8
Receitas e despesas no momento da ocorrência
Receitas são entradas de elementos para o ativo sob a forma de dinheiro ou 
direitos a receber, vinculadas normalmente a uma venda de mercadorias, 
produtos ou prestação de serviços. Receitas também podem derivar de 
juros recebidos de vendas recebidas em atraso, rendimentos de aplicação 
ou recebimento de aluguéis (IUDICIBUS, 2010a).
Consideram-se receitas realizadas quando resultar em aumento nos benefícios 
econômicos futuros relacionados com aumento de ativo ou com diminuição de 
passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que 
o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do
aumento nos ativos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido
nos ativos originado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do passivo
originado do perdão de dívida a ser paga). Todas as receitas realizadas devem ser
registradas na demonstração do resultado do exercício (GELBKE et al., 2018).
Cabe ressaltar que nem sempre uma receita realizada pode ter sido recebida 
no momento de sua ocorrência, ou seja, não importa se ela transitou pelo 
caixa no momento do fato gerado, ou seja, a venda (RIBEIRO, 2013). Existem 
casos em que a receita ocorre em função da redução de um passivo, como o 
recebimento de desconto de uma dívida (IUDICIBUS, 2010).
A mensuração de uma receita ocorre com a definição do valor de troca do 
produto ou serviço prestado pela empresa, ou seja, o fluxo de dinheiro que será 
recebido ou que foi recebido. Normalmente esse valor está descrito na nota 
fiscal de venda do produto ou de prestação do serviço (IUDICIBUS, 2010b). 
Entende-secomo despesas o consumo de bens ou serviços que, direta ou 
indiretamente, sejam utilizados para produzir uma receita. Uma despesa irá 
reduzir um ativo ou aumentar um passivo (IUDICIBUS, 2010).
Em relação às despesas, elas devem ser reconhecidas na demonstração 
do resultado, quando resultarem em decréscimo nos benefícios econômicos 
futuros, relacionadas com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um 
passivo, e puderem ser mensuradas com confiabilidade. As despesas devem 
ser reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta 
entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo é usualmente 
9Princípios contábeis e regime de competência
chamado de confrontação entre despesas e receitas e envolve o reconhecimento 
simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente 
ou conjuntamente das mesmas transações ou outros eventos (GELBKE et al., 
2018). Por exemplo, para gerar uma receita, é necessário que a empresa incorra 
em despesas, que devem ser registradas no momento em que ocorreram.
O regime de caixa consiste na apuração do resultado do exercício, considerando todas 
as despesas pagas e todas as receitas recebidas no respectivo período, independen-
temente da data da ocorrência não ter sido a mesma. O resultado apresentado nessa 
apuração, é denominado resultado financeiro e a demonstração contábil que apresenta 
esta movimentação é a demonstração do fluxo de caixa (RIBEIRO, 2013).
De acordo com Marcelino (2016), o regime de competência é o princípio básico da 
contabilidade, diferente do regime de caixa, no qual os recebimentos e os pagamen-
tos são reconhecidos unicamente quando se recebe ou se paga mediante dinheiro 
ou equivalente. Não é permitida a utilização desse método, pois estaria violando 
um princípio contábil da competência. Marcelino (2016) complementa que existem 
algumas exceções em que se permite a utilização do regime de caixa, como no caso 
de empresas que são do ramo da atividade imobiliária.
Resultado contábil e princípio da competência
O resultado contábil é obtido através da demonstração do resultado do exercício 
(DRE). Sua apresentação se dá em forma resumida, das receitas e despesas 
decorrentes das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, 
com o objetivo de demonstrar a composição do resultado líquido do período 
(GELBKE et al., 2018).
O art. 187, da Lei das Sociedades por Ações (6.404/1976), estabelece a ordem 
de apresentação das receitas, custos e despesas, na demonstração do resultado do 
exercício, para fins de publicação. A demonstração do resultado descriminará:
I — a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abati-
mentos e os impostos;
II — a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços 
vendidos e o lucro bruto;
Princípios contábeis e regime de competência10
III — as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das 
receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV — o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; 
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
V — o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão 
para o imposto;
VI — as participações de debêntures, empregados, administradores e partes 
beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou 
fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem 
como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
VII — o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação 
do capital social.
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua 
realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspon-
dentes a essas receitas e rendimentos (BRASIL, 1976, documento on-line).
Figura 1. Estrutura da demonstração do resultado do exercício
Fonte: Adaptado de Brasil (1976).
(=) RECEITA BRUTA
(-) DEDUÇÕES DE VENDAS
(=) RECEITA LÍQUIDA
(-) CUSTO DA MERCADORA VENDIDA
(=) LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS COM VENDAS
(-) DESPESAS ADMNISTRATIVAS
(+-) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO
(=) RESULTADO OPERACIONAL OU RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS
(-) IRPJ
(-) CSSL
(=) RESULTADO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) PARTICIPAÇÕES
(=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO/ PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Gelbke et al. (2018) complementa que as definições da Lei nº. 6.404/1976 
se enquadram em um dos pressupostos básicos presentes no pronunciamento 
conceitual básico (R1) – estrutura conceitual para elaboração e divulgação 
11Princípios contábeis e regime de competência
de relatório contábil-financeiro, denominado Regime de Competência, que, 
por sua vez, implica a confrontação entre receitas e despesas, conforme 
descrito no item 95 do Pronunciamento Técnico do CPC supracitado:
As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado com base na as-
sociação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo, 
usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas (Regime de 
Competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e 
despesas que resultem diretamente das mesmas transações ou outros eventos [...].
Gelbke et al. (2018) exemplifica que a receita de venda é contabilizada por 
ocasião da transferência do controle (a saída do produto da empresa), e não 
quando de seu recebimento; e a despesa de pessoal é reconhecida no mês em que 
se recebeu tal prestação de serviços, mesmo que seja paga no mês subsequente. 
Gelbke et al. (2018) acrescentam que nos mesmos períodos em que forem 
lançadas as receitas e os rendimentos, deverão estar registrados todos os 
custos, despesas, encargos e riscos correspondentes àquelas receitas, ou seja 
a receita da venda de determinado produto deverá ser registrado no mesmo 
período de todos os custos e despesas em que se incorre relativamente àquela 
receita, tais como: o custo do produto vendido, que englobaria material, mão 
de obra e demais custos de sua fabricação (GELBKE et al., 2018).
Princípio de competência
Quando se menciona reconhecer receitas e despesas no momento de sua ocorrência, 
signifi ca reconhecer pelo regime de competência. De acordo com Ribeiro 
(2013), no regime de competência são consideradas, na apuração do resultado do 
exercício, todas as despesas incorridas e as receitas realizadas no respectivo 
exercício. Esse é o critério utilizado para a elaboração da demonstração do 
resultado do exercício, e o resultado encontrado também é denominado de 
resultado econômico.
Esse regime é aplicado na contabilização de receitas e despesas. A necessidade de 
sua compreensão é essencial para o entendimento das peças contábeis. Pode-se 
dizer que para uma despesa ou receita existem dois momentos em que poderia 
processar sua contabilização: conside-rando o momento econômico, ou seja, o 
momento de sua ocorrência; ou o momento financeiro, ou seja, por meio de seu 
pagamento ou recebimento (PADOVEZE, 2017). 
Princípios contábeis e regime de competência12
Exemplificando, consideraremos a despesa de salário do mês de de-
zembro de 2017, que é pago no mês subsequente, em janeiro de 2018. 
Quando se deve contabilizar a despesa? No momento do seu fato 
gerador, isto é, o mês trabalhado dos funcionários (dezembro de 2017) 
ou de seu pagamento (janeiro de 2018)? Deve-se contabilizar no 
momento de sua ocorrência, considerando o princípio da competência, 
independentemente de seu pagamento ou recebimento, mesmo que sua 
realização financeira ocorra no exercício seguinte (PADOVEZE, 2017).
O conceito de competência do exercício é dividido em 12 períodos, sendo 
aplicado em cada mês. Apesar de não existir a necessidade de resultados 
mensais, é recomendando efetua-los para fins de controle. Tendo vendas 
realizadas em março de 2017 e que serão recebidas em junho de 2017, a receita será 
contabilizada em março de 2017, e seu recebimento em junhode 2017. O 
regime de competência é uma necessidade imposta pela Contabilidade para 
que seja executado o controle dos direitos (valores a receber) e obrigações 
(valores a pagar) nas empresas (PADOVEZE, 2017).
Segundo Padoveze (2017), o regime de competência é a expressão con-
junta de dois princípios que existiram no passado: o princípio da realização 
da receita, que determina que devemos considerar uma receita no momento 
em que um produto ou mercadoria é entregue para o cliente, e em relação ao 
serviço, quando o serviço é finalizado; e o princípio do confronto das 
despesas com as receitas, que trata que para cada receita realizada em um 
determinado período a empresa incorre em despesas, que devem ser 
registradas nesse mesmo momento.
13Princípios contábeis e regime de competência
BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial [da] República Federativa 
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planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 16 dez. 2018.
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Leituras recomendadas
BORGES, T. B. et al. Desmistificação do regime contábil de competência. Revista de 
Administração Pública, v. 44, n. 4, p. 877-901, 2010. Disponível em: <http://biblioteca-
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docs/NBCTSPEC.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.374/11. Brasília: CFC, 
2011. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1374.pdf>. 
Acesso em: 16 dez. 2018.
Princípios contábeis e regime de competência14

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