Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pesquisa Social Classificação das Pesquisas Desenvolvimento do material Vaniele Soares da Cunha Copello 1ª Edição Copyright © 2023, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Classificação das Pesquisas Para Início de Conversa... ............................................................................... 3 Objetivos ......................................................................................................... 3 1. Do Ponto de Vista da sua Natureza: Básica e Aplicada .......................................................................................... 4 2. Do Ponto de Vista dos seus Objetivos: Descritiva, Explicativa e Exploratória ........................................................................ 7 3. Do Ponto de Vista dos Procedimentos Técnicos: Bibliográfica, Documental, de Campo, Estudo de Caso, Experimental e Participante ................................................................... 11 Referências ......................................................................................................... 14 Para Início de Conversa... Neste capítulo, veremos que o objetivo para realizar uma pesquisa é a busca de respostas para determinados questionamentos, e que, quando se trata de uma pesquisa científica, é importante que alguns critérios sejam seguidos, como a escolha do método. Assim, a pesquisa científica vai requerer, por parte do pesquisador, planejamento, ou seja, ele precisa traçar seus objetivos e, assim, escolher, dentre diferentes tipos de pesquisas, aquele que melhor se enquadra para atingir seus principais objetivos. Afinal, uma pesquisa pode ser classificada de diversas formas, e nesta abordagem vamos conhecer a classificação das pesquisas do ponto de vista da sua natureza, do ponto de vista dos seus objetivos e do ponto de vista dos procedimentos técnicos. Objetivos ▪ Conhecer a classificação das pesquisas do ponto de vista da sua natureza. ▪ Conhecer a classificação das pesquisas do ponto de vista dos seus objetivos. ▪ Conhecer a classificação das pesquisas do ponto de vista dos procedimentos técnicos. Pesquisa Social 3 1. Do Ponto de Vista da sua Natureza: Básica e Aplicada Segundo Minayo et al. (2002), a pesquisa é uma atividade básica da ciência, em que há indagações e construção da realidade; é por meio dela que o mundo se alimenta das atividades de ensino e está sempre atualizando seu cotidiano através de descobertas, desvendando mitos entre outros. ‘‘ [. . .] a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da investigação estão, portanto, relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de determinada inserção na vida real, nela encontrado suas razões e seus objetivos. (MINAYO et al., 2002, p.17) ’’ A pesquisa é uma atividade intelectual, e o planejamento é fundamental para seu desenvolvimento, pois, a partir dele, toda a etapa da pesquisa é coordenada. O pesquisador, por meio do planejamento, consegue traçar os objetivos da pesquisa, e determinar qual a metodologia a ser aplicada. O domínio dos métodos e das técnicas de pesquisa se faz essencial para a realização de uma pesquisa científica, cujo objetivo é interpretar, conhecer e desvendar os fatos de uma realidade determinada; e, tratando-se de uma pesquisa social, o objetivo está relacionado à busca de respostas de um determinado problema ou situação social. Certas indagações acerca da sociedade, ou do social, exigem uma metodologia adequada, que seja capaz de trazer respostas confiáveis. A pesquisa social, em certos casos, é muito mais uma busca por respostas significativas do que, propriamente, a busca por soluções. A ciência moderna, principalmente a ciência social, é um processo inacabado (FACHIN, 2005). O pesquisador social, ao realizar seu processo investigativo, pode se ancorar em uma pluralidade de métodos e técnicas para conseguir alcançar as respostas para suas indagações, isto é, vai utilizar de procedimentos sistematizados para desvendar e construir novos conhecimentos relacionados à área social. Para isso, após a identificação do problema de pesquisa, a construção de hipóteses é fundamental. Figura 1: Pesquisa Social – busca responder indagações relacionadas à sociedade ou ao social. Fonte: Dreamstime. Pesquisa Social 4 A hipótese está relacionada a uma possível solução para o problema a ser pesquisado, “mediante uma proposição, ou seja, uma expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa, a essa proposição dá-se o nome de hipótese. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema” (GIL, 2002, p.31). A pesquisa social pode ser caracterizada de várias maneiras, em que se percebem diversas definições e classificações, podendo ser diferenciadas por meio do ponto de vista da sua natureza, do ponto de vista dos seus objetivos e do ponto de vista dos procedimentos técnicos. Conhecer essas diferenciações é fundamental para quem está participando de um projeto de iniciação científica ou construindo o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa social é classificada de acordo com a sua contribuição à ciência e ao seu propósito, podendo ser uma pesquisa básica ou aplicada. Quando nos referimos à pesquisa básica, estamos falando daquela pesquisa que se propõe a gerar novos conhecimentos necessários para a ciência, mas que não terá a necessidade de uma aplicabilidade prática, ou seja, sem uma finalidade imediata. Ela se propõe a criar verdades, que podem ser temporárias ou relativas, envolvendo interesses universais. A pesquisa básica, também conhecida como pesquisa fundamental ou pesquisa pura, possui a finalidade de aumentar a base de conhecimento que se já tem de um determinado campo de estudo, sem aplicação imediata, isto é, o conhecimento pelo conhecimento, aprofundando-se na teoria do fenômeno pesquisado para a produção de mais teoria. Figura 2: Pesquisa básica — conhecimento pelo conhecimento. Fonte: Dreamstime. Com a finalidade de contribuir para a melhoria das teorias científicas, a pesquisa básica pode ser executada para a finalidade de avaliação ou de diagnóstico. Para avaliação, é utilizada para conceder valor a um determinado fenômeno estudado e requer normas bem estabelecidas de referência e comparação; já para diagnóstico, tem por finalidade delinear um panorama de uma realidade. Pesquisa Social 5 A pesquisa social básica, ou pesquisa científica, não trata apenas de resenhas bibliográficas ou elucubrações genéricas. Ela visa produzir conhecimento por meio de conceitos, tipologias, verificação de hipóteses e elaboração de teorias que possuam relevância na disciplina acadêmica ancoradas em determinadas escolas de pensamento (FLEURY; WERLANG, 2017). A pesquisa aplicada tem o propósito de criar conhecimentos para solucionar problemas específicos e que necessitem de uma aplicação prática e imediata. De acordo com Fleury e Werlang (2017, p.11), pode-se definir a pesquisa aplicada como um “conjunto de atividades nas quais conhecimentos previamente adquiridos são utilizados para coletar, selecionar e processar fatos e dados, a fim de se obter e confirmar resultados, e se gerar impacto”. A pesquisa aplicada pode ser denominada também como proposição de planos, uma vez que tem a finalidade de trazer soluções para questões organizacionais específicas. Ela envolve interesses locais, territoriais e regionais. A diferença entre as pesquisas básica e aplicada está em suas finalidades, uma vez que a pesquisa aplicada está voltada para a resolução de problemas, enquanto a pesquisa básica está direcionada parao conhecimento. No entanto, cabe destacar que, da mesma forma que a pesquisa básica pode oferecer conhecimentos que são passíveis de aplicação imediata, a pesquisa aplicada, por meio da resolução de problemas práticos, pode contribuir para a descoberta de novos conhecimentos. Sobre a pesquisa aplicada, Fleury e Werlang (2017, p.12) apresentam os seguintes pontos: ▪ A pesquisa aplicada e a pesquisa científica estão imbricadas em quadros de referência comuns e uma pode alimentar a outra; ▪ A pesquisa aplicada pode atender a múltiplos grupos de interesse; ▪ A pesquisa aplicada requer rigor (na definição do problema, no desenho, na metodologia adotada, quanto à possibilidade de ser refutável, e na análise dos resultados), e relevância (que envolve impactos e outros efeitos); ▪ A dimensão ética é fundamental para a pesquisa aplicada; ▪ A pesquisa aplicada pode se valer de diferentes procedimentos metodológicos; e ▪ A geração de impacto da pesquisa aplicada vai além da dimensão acadêmica de divulgação do conhecimento científico, abrangendo várias outras dimensões. Pesquisa Social 6 A pesquisa social precisa estar alinhada ao contexto em que ela se desenvolve, sendo assim, seus objetivos precisam estar bem traçados. Vejamos a seguir, a classificação da pesquisa do ponto de vista de seus objetivos. 2. Do Ponto de Vista dos seus Objetivos: Descritiva, Explicativa e Exploratória A pesquisa social é mais utilizada por assistentes sociais, economistas, psicólogos, sociólogos e outros pesquisadores sociais. Ela pode ser classificada a partir de seus objetivos gerais, possuindo três níveis: 1. descrição; 2. classificação; 3. explicação (ou sua análise). E são classificadas em três grupos: 1. pesquisa exploratória; 2. pesquisa descritiva; 3. pesquisa explicativa. Por meio da pesquisa exploratória, busca-se um esclarecimento e/ou a modificação de ideias e conceitos; ela possui uma maior flexibilidade em seu planejamento e proporciona uma visão mais global de um determinado fenômeno. Quando o pesquisador determina seu objeto a ser pesquisado, constrói seu marco teórico e planeja alguns itens da pesquisa, como: o grupo de pesquisa, ou espaço, a amostragem e as estratégias para coletar os dados. Assim, a fase exploratória é finalizada. ‘‘ Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode- se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. (GIL, 2002, p.41) ’’ As pesquisas exploratórias podem ser categorizadas como estudo de caso e pesquisa bibliográfica e podem ser utilizadas como uma ferramenta para a construção de monografias, pois contribuem para estabelecer um assunto na literatura acadêmica acerca do tema a ser pesquisado, para que o pesquisador possa se aprofundar e construir uma descrição crítica e científica. Figura 3: Pesquisa exploratória — envolve levantamento bibliográfico. Fonte: Dreamstime. Pesquisa Social 7 A pesquisa descritiva tem a finalidade de registrar ou descrever um determinado fenômeno ou algumas características do que foi proposto para ser pesquisado. Ela pode estudar as características de um determinado grupo e desvendar a existência de relações entre variáveis. ‘‘ Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de escolaridade. (GIL, 2002, p.42) ’’ Uma característica da pesquisa descritiva que pode ser destacada está relacionada à não interferência do pesquisador sobre os fatos que foram observados, analisados e registrados, pois eles são apenas estudados, sem qualquer manipulação por parte do pesquisador. As pesquisas descritivas podem ser similares às pesquisas explicativas, uma vez que podem ultrapassar a singela identificação da existência de relações entre as variáveis e se propõem a determinar a natureza dessas relações. A pesquisa explicativa é aquela que busca a identificação dos motivos que determinam os fenômenos, ou ajudam para que eles ocorram; é dotada de complexidade e utiliza o método experimental. Por meio da pesquisa explicativa, é possível se aprofundar acerca do conhecimento da realidade, pois é uma pesquisa que explica a razão e o porquê das coisas. Pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isso não significa, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque, quase sempre, constituem etapa prévia indispensável para que se possa obter explicações científicas (GIL, 2002). A pesquisa explicativa requer a descrição e o detalhamento dos fatores que determinam um fenômeno; dessa forma, ela pode ser a continuação de uma pesquisa descritiva. A escolha desse tipo de pesquisa nas ciências naturais é mais simples, pelo uso do método experimental; quando se trata de pesquisa nas ciências sociais, que o uso do método experimental é mais complexo, a pesquisa explicativa é pouco utilizada, e quando o é, requer o uso do método observacional. ‘‘ A maioria das pesquisas explicativas utiliza o método experimental, que possibilita a manipulação e o controle das variáveis, no intuito de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente, ou o fenômeno em Pesquisa Social 8 estudo. Nas ciências sociais, a aplicação desse método reveste-se de dificuldades, razão pela qual recorremos a outros métodos, sobretudo, ao observacional. Nem sempre é possível realizar pesquisas rigorosamente explicativas em ciências sociais, mas, em algumas áreas, sobretudo na psicologia, as pesquisas revestem- se de elevado grau de controle, sendo denominadas de pesquisas “quase experimentais”. As pesquisas explicativas, em sua maioria, podem ser classificadas como experimentais ou ex-post-facto (temos um experimento que se realiza depois do fato). (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.53-54) ’’ Antes das escolhas dos procedimentos para a realização da pesquisa, é importante que o pesquisador identifique qual será a sua abordagem. Quanto ao método ou abordagem metodológica, a pesquisa social pode ter uma abordagem qualitativa e/ou uma abordagem quantitativa. No meio dos pesquisadores, há um grupo que prefere a abordagem qualitativa e outro a abordagem quantitativa; o referencial teórico no qual está ancorado é que justifica essa escolha. A abordagem quantitativa é muito objetiva e é bastante utilizada por pesquisadores das ciências naturais que se ancoram no positivismo, que utilizam de termos matemáticos para compreender e explicar a realidade social; por muito tempo, esse tipo de abordagem foi hegemônico entre a comunidade acadêmica. ‘‘ A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis etc. (FONSECA, 2002, p.20)’’ A pesquisa de abordagem quantitativa reúne respostas predeterminadas — o que facilita a comparação de dados e sua análise — e emprega medidas sistemáticas e padronizadas, considerando os elementos quantificáveis, ou seja, analisa os fenômenos a partir de quantificação, utilizando-se de ferramentas estatísticas. O pesquisador, ao utilizar uma pesquisa com esse método de abordagem, apresenta apenas os resultados, de forma objetiva, por meio de uma estrutura, por exemplo, gráficos e tabelas. Figura 4: Gráficos — estrutura utilizada em pesquisas quantitativas. Fonte: Dreamstime. Pesquisa Social 9 Para uma melhor elaboração teórica que proporcione um aprofundamento maior sobre o que está sendo discutido, a pesquisa de abordagem qualitativa permite realizar uma contextualização profunda sobre a temática abordada. Conforme apontam Minayo et al. (2002): ‘‘ A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (MINAYO et al., 2002, p.21-22) ’’ A investigação qualitativa é uma denominação derivada de um movimento reformista que surgiu, no início dos anos 1970, na comunidade acadêmica. O movimento abrangeu diversas críticas à pesquisa científica social em campos e disciplinas que favoreciam técnicas de pesquisa experimental, quase experimental, correlacional e da pesquisa de campo (SCHWANDT apud PEREIRA; QUEIROS, 2012). A pesquisa de abordagem qualitativa é muito utilizada nas ciências sociais; seu processo é descritivo e considera a subjetividade do fenômeno e a singularidade do sujeito e sua relação com o mundo além do que se traduz em números. Além disso, traz generalizações moderadas, uma vez que parte de casos particulares — esse propósito está em compreender a explicação de um determinado fenômeno. A abordagem quantitativa e a abordagem qualitativa são diferentes, mas não são opostas e podem se fazer presente na mesma pesquisa, pois elas se complementam, o que proporciona uma ampliação do conhecimento sobre um determinado assunto. Veja, no Quadro 1, os principais aspectos dessas abordagens. Aspecto Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Enfoque na interpretação do objeto Menor Maior Importância do contexto do objeto pesquisado Menor Maior Proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos estudados Menor Maior Alcance do estudo no tempo Instantâneo Intervalo maior Quantidade de fontes de dados Uma Várias Ponto de vista do pesquisador Externo à organização Interno à organização Quadro teórico e hipóteses Definidas rigorosamente Menos estruturadas Quadro 1: Comparação dos aspectos da pesquisa qualitativa com os da pesquisa quantitativa. Fonte: Adaptado de Fonseca (2002). Pesquisa Social 10 As abordagens quantitativas e qualitativas são complementares, e o uso de ambas em um único estudo proporciona dimensões diferentes de um mesmo fenômeno. 3. Do Ponto de Vista dos Procedimentos Técnicos: Bibliográfica, Documental, de Campo, Estudo de Caso, Experimental e Participante A pesquisa científica é resultado de um processo investigativo com o propósito de resolver um problema; para isso, há a necessidade de utilizar procedimentos científicos. Quando o pesquisador escolhe o melhor tipo de pesquisa para chegar ao seu objetivo de estudo, ele vai identificar quais são os instrumentos técnicos mais apropriados para obter as respostas que procura. Dessa forma, os procedimentos técnicos são os meios adotados para a coleta de dados, dentre os quais podem ser destacados a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa de campo, o estudo de caso, a pesquisa experimental e a pesquisa participante. Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica, geralmente, está presente nos mais diversos trabalhos científicos, pois favorece um conhecimento já existente acerca do que se pretende ser pesquisado. Ela é realizada com base em materiais já elaborados, como livros, artigos científicos, jornais, revistas, monografias, teses, dissertações, dicionários, enciclopédias, dentre outros. ‘‘ A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Por exemplo, seria impossível a um pesquisador percorrer todo o território brasileiro em busca de dados sobre população ou renda per capita; todavia, se tem a sua disposição uma bibliografia adequada, não terá maiores obstáculos para contar com as informações requeridas. A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base em dados bibliográficos. (GIL, 2002, p.45) ’’ Tratando-se de trabalhos acadêmicos, cabe destacar que a pesquisa realizada precisa ser redigida de forma que seja possível a compreensão do professor que avaliará o trabalho e do público em geral — principalmente se tratando de monografias —, além de utilizar as devidas citações que fundamentam as afirmações descritas. Pesquisa Social 11 Pesquisa documental A pesquisa documental é muito similar à pesquisa bibliográfica, sendo diferenciada pelo tipo de fonte de pesquisa utilizada. Diferentemente da pesquisa bibliográfica, que utiliza um material já elaborado de um determinado assunto, a pesquisa documental utiliza um material diversificado e disperso que não passou por nenhum tratamento de análise, por exemplo, relatórios, documentos oficiais, tabelas estatísticas, filmes, fotografias, cartas, dentre outros. ‘‘ A pesquisa documental apresenta uma série de vantagens. Primeiramente, há que se considerar que os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como os documentos subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica. Outra vantagem da pesquisa documental está em seu custo. Como a análise dos documentos, em muitos casos, além da capacidade do pesquisador, exige apenas disponibilidade de tempo, o custo da pesquisa torna-se significativamente baixo, quando comparado com o de outras pesquisas. Outra vantagem da pesquisa documental é não exigir contato com os sujeitos da pesquisa. É sabido que em muitos casos o contato com os sujeitos é difícil ou até mesmo impossível. Em outros, a informação proporcionada pelos sujeitos é prejudicada pelas circunstâncias que envolvem o contato. (GIL, 2002, p.46) ’’ Com todas essas vantagens apresentadas acima, a pesquisa documental também apresenta fragilidades referentes à não representatividade e subjetividade dos documentos pesquisados. O uso desse tipo de procedimento técnico em pesquisas se destaca não por responder de forma definitiva um problema, mas por proporcionar uma melhor visão dele. Pesquisa de campo A pesquisa de campo é um tipo de procedimento técnico que se caracteriza pelas investigações das quais realiza a coleta de dados juntamente com as pessoas, e é utilizada quando se pretende alcançar conhecimentos sobre um determinado fenômeno com maior profundidade. Segundo Gil (2002, p.53), esse planejamento é flexível e, por meio dele, “estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seus componentes”. ‘‘ As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, como primeiro passo, para sabermos em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito equais são as opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo passo, permitirá que estabeleçamos um modelo teórico inicial de referência, da mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e na elaboração do plano geral da pesquisa. Em segundo lugar, de acordo com a natureza da pesquisa, determinamos as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na definição da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões. Por último, antes que realizemos a coleta de dados, é preciso estabelecer as técnicas de registro desses dados como também as técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.59) ’’ Geralmente, o estudo de campo inicia-se a partir de uma pesquisa bibliográfica e é desenvolvido por meio da observação direta de atividades realizadas em um grupo que está sendo estudado e de entrevistas Pesquisa Social 12 com componentes desse grupo. O pesquisador que utiliza esse tipo de procedimento faz grande parte do trabalho pessoalmente, o que exige dele mais tempo possível no local onde ocorrem os fenômenos; consequentemente, os resultados alcançados costumam ser mais autênticos. Estudo de caso Muito utilizado em pesquisas no campo das ciências sociais e ciências biomédicas, o estudo de caso se propõe a analisar uma situação que se presume ser única em diversos aspectos, tentando desvendar o que há de essencial e característico. ‘‘ O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador. (FONSECA, 2002, p.33) ’’ No âmbito das ciências sociais, o estudo de caso é bastante questionado no que se refere à falta de rigor metodológico, o que pode comprometer a qualidade dos resultados obtidos, o que requer do pesquisador um cuidado redobrado em todas as etapas da pesquisa. Pesquisa experimental A pesquisa experimental é um tipo de pesquisa que requer que o pesquisador utilize mais de uma variável, determinando o modo de controlar e observar os efeitos que a variável causa no objeto. Para Fonseca (2002, p.38): ‘‘ A pesquisa experimental seleciona grupos de assuntos coincidentes, submete-os a tratamentos diferentes, verificando as variáveis estranhas e checando se as diferenças observadas nas respostas são estatisticamente significantes. [...] Os efeitos observados estão relacionados com as variações nos estímulos, pois o propósito da pesquisa experimental é apreender as relações de causa e efeito ao eliminar explicações conflitantes das descobertas realizadas. ’’ É um tipo de procedimento técnico de pesquisa muito utilizado nas ciências tecnológicas e biológicas. Ao se utilizar esse procedimento, os dados coletados necessitam passar por testes para que sua eficácia seja assegurada. Pode ser produzida no campo ou em laboratórios. Pesquisa participante A pesquisa participante é caracterizada pela interação entre os sujeitos da pesquisa e o pesquisador e envolve posições valorativas, aceitando a ideologia enquanto parte das ciências sociais. A pesquisa participante aponta um desafio entre participar e pesquisar, o que exige, de acordo com Gil (2010 apud PRODANOV; FREITAS, 2013): ▪ realização perceptível do fenômeno participativo: sem organização comunitária não sai autodiagnóstico; ▪ produção de conhecimento também a partir da prática, evitando simples ativismo; Pesquisa Social 13 ▪ equilíbrio entre forma e conteúdo; não há por que desprezar levantamentos empíricos, construções científicas lógicas, como não há sentido em submeter a prática ao método, tornando este fim de si mesmo; ▪ decisão política do pesquisador de correr o risco de identificação ideológica com a comunidade, para não desaparecer da cena na primeira batalha, abandonando-a à sua própria sorte, o que seria, de novo, fazê-la de cobaia; ▪ ao lado da competência formal acadêmica, é fundamental experiência em desenvolvimento comunitário – teoria e prática. A pesquisa participante está metodologicamente voltada à junção entre prática e conhecimento, uma vez que a prática é fundamental no processo do conhecimento e de intervenção na realidade. Neste capítulo, pudemos identificar os tipos de pesquisas, pelos pontos de vista de sua natureza, dos objetivos e dos procedimentos técnicos, o que será de grande contribuição para quando você estiver construindo seu TCC, uma vez que é fundamental que o pesquisador tenha conhecimento acerca dos métodos e das técnicas de pesquisa. Aprendemos, ainda, que a escolha correta do tipo de pesquisa facilitará a interpretação e o conhecimento dos fenômenos da realidade que se pretende investigar, o que levará o pesquisador pelo melhor caminho correto para alcançar as respostas de seu problema de pesquisa. Referências DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. FLEURY, M. T. L.; WERLANG, S. R. C. Pesquisa aplicada: conceitos e abordagens. Anuário de Pesquisa 2016-2017. GV Pesquisa. São Paulo, 2017. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MINAYO, M. C. S. et al. Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. PEREIRA, F. A. de M.; QUEIROS, A. P. C. de. A consolidação da pesquisa social qualitativa: um aporte teórico. Revista Espaço Acadêmico, v. 12, n. 134, p.65-72, 2012. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index. php/EspacoAcademico/article/view/14729. Acesso em: 8 mar. 2023. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. Pesquisa Social 14 Classificação das Pesquisas Para Início de Conversa... Objetivos 1. Do Ponto de Vista da sua Natureza: Básica e Aplicada 2. Do Ponto de Vista dos seus Objetivos: Descritiva, Explicativa e Exploratória 3. Do Ponto de Vista dos Procedimentos Técnicos: Bibliográfica, Documental, de Campo, Estudo de Caso, Experimental e Participante Referências
Compartilhar