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METODOLOGIA DO ESTUDO E DA PESQUISA FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE COORDENAÇÃO GERAL DE GRADUAÇÃO METODOLOGIA DO ESTUDO E DA PESQUISA CRISTIANNE LOPES RECIFE, 2017 Capítulo 1 – PESQUISA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO I ....................... 5 1.1 Pesquisa .......................................................................................................................................... 6 1.2 Classificação das pesquisas ......................................................................................................... 7 1.2.1 A classificação quanto aos objetivos ....................................................................................... 9 1.2.2 A classificação quanto aos procedimentos técnicos: ......................................................... 10 1.2.3 A classificação quanto à forma de abordagem do problema de pesquisa ..................... 17 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 20 SUMÁRIO BLOCO 4 PESQUISA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO I 5 Capítulo 1 – PESQUISA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO I Mais uma etapa vencida ao finalizarmos o Bloco III! Seguiremos em frente na produção do conhecimento e, neste Bloco IV, iremos discutir sobre Pesquisa, essa forma fascinante de aprender. A curiosidade é um requisito fundamental para realizarmos, qualquer um de nós, uma pesquisa. Abordaremos o conceito de pesquisa científica, bem como comentaremos algumas de suas características – para melhor adentrarmos no mundo da iniciação cientifica na graduação – e que nos servirão para toda a vida acadêmica. Iniciaremos com um olhar poético sobre a Pesquisa. E convidamos você para realizar tal leitura. Um Certo Olhar Sobre a Pesquisa Gerard-B. Martin Au fil dês événements, 6/12/1994. (Jornal da Universidade Laval – Canadá) Que alegria, diz a Eternidade Ver o filho de minha esperança Apaixonar-se pela pesquisa, Pois em sua mente Coloquei inúmeros de meus sonhos E gostaria tanto que se tornassem realidade. A pesquisa, Começou a explicar a Eternidade, É, antes de qualquer coisa, o gesto do jovem camponês Que se vai Revolvendo a pedra dos campos Descobrindo lesmas e gafanhotos, Ou milhares de formigas atarefadas. A pesquisa É a caminhada pelos bosques e pântanos Para tentar explicar, Vendo folhas e flores Por que a vida apresenta tantos rostos. A pesquisa É a fusão, em um só crisol, De observações, teorias e hipóteses Para ver se cristalizar Algumas parcelas de verdade. A pesquisa É, ao mesmo tempo, trabalho e reflexão Para que os homens Achem todos um pouco de pão E mais liberdade. Também é o olhar para o passado Para encontrar nos antigos Alguns grãos de sabedoria Capazes de germinar no coração dos homens de amanhã. A pesquisa É tatear em um labirinto, E aquele que não conheceu a embriaguez de procurar um rumo Não sabe reconhecer o verdadeiro caminho. A pesquisa É a surpresa a cada descoberta, De se ver recuar as fronteiras do desconhecido, Como se a natureza, cheia de mistérios, Procurasse fugir de seu descobridor. A pesquisa, Diz finalmente a Eternidade, É o trabalho do jardineiro Que quer se tornar, No jardim de minha criação, O parceiro de minhas esperanças. 6 Fonte: http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F177332%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2F14.%20U m%20Certo%20Olhar%20Sobre%20a%20Pesquisa%20%28poesia%29.pdf 1.1 Pesquisa Então o que fica para nós pensando em pesquisa? A pesquisa é a surpresa a cada descoberta. Defende Demo (1985) que a atividade básica da ciência é a pesquisa. Sendo pela pesquisa que descobrimos a realidade, um fenômeno de aproximações sucessivas e nunca esgotado. Ou seja, a pesquisa é solicitada quando não se tem informação suficiente para responder a tal problema, assim então, a pesquisa é um procedimento racional e sistemático com objetivo de elucidar a resposta do problema em questão. Ela é desenvolvida a partir do conhecimento disponível e da utilização de métodos e técnicas e outros procedimentos científicos, envolvendo assim diversas fases, desde a formulação do problema aos resultados finais. A teórica Minayo (2003, p. 26) diz que: Diferentemente da arte e da poesia que se concebem na inspiração, a pesquisa é um labor artesanal, que se não prescinde da criatividade, se realiza fundamentalmente por uma linguagem fundada em conceitos, proposições, métodos e técnicas, linguagem esta que se constrói com um ritmo próprio e particular. A esse ritmo denominamos ciclo de pesquisa, ou seja, um processo de trabalho em espiral que começa com um problema ou uma pergunta e termina com um produto provisório capaz de dar origem a novas investigações. E para que esse espiral funcione, é preciso expertise do pesquisador. De acordo com Gil MARTIN, G. B.: LAVILLE, Chistian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed/Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1999. p. 278-9. Como os acontecimentos se desdobraram esse é o texto de Gerard B. Martin em que ele explica, em forma de poema, o desenvolvimento histórico e o domínio do saber pelo homem. 7 (2002), são necessárias algumas qualidades intelectuais e sociais do pesquisador, para que a pesquisa tenha sucesso, tais como: conhecimento do assunto a ser pesquisado; curiosidade; criatividade; integridade intelectual; atitude autocorretiva; sensibilidade social, imaginação disciplinada; perseverança e paciência. Abaixo, Serra e Almeida (2010) apresentam um quadro que sintetiza bem o conceito de pesquisa. Quadro 1 – Conceitos de Pesquisa OLIVEIRA, Luiz de (1997) “a pesquisa tem por objetivo estabelecer uma série de compreensões no sentido de descobrir respostas para as indagações e questões que existem em todos os ramos do conhecimento humano, envolvendo o mundo social, vegetal, animal, mineral, além do espaço e do mundo Marinho”. RUDIO, Franz Victor (1999) “Pesquisa, no sentido mais amplo, é um conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento [...]”. EGG, Ander (1978) “A pesquisa é um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. GIL, Antônio Carlos (1987) “Pesquisa é o procedimento racional e sistemático que tem por objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Fonte: SERRA, M. L. A. de A.; ALMEIDA, D. T. R. de. Disciplina de metodologia cientifica. Campo Grande: UCDB, 2010. 1.2 Classificação das pesquisas Sempre trabalho com o livro “Como elaborar o projeto de pesquisa” e tenho certeza de que você poderá aproveitar todo o material disponível, no que diz respeito à elaboração do projeto de pesquisa. Antônio Carlos Gil aborda como encaminhar uma pesquisa e suas especificidades, com uma linguagem bem acessível para que você consiga compreender e assim dar andamento nos seus estudos. 8 Você pode acessar uma versão online deste livro nos materiais complementares da sua sala de aula. Figura 1: livro de Antônio Carlos Gil Fonte: https://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://colecoesnerds.weebly.com/uploads/2/1/5/7/215796/5178381.jpg&imgrefurl=http://blogfull123.blogspot.com/2011/07/download-gratis-livro-como- elaborar.html&h=250&w=179&tbnid=TVnsm1xf1osqFM:&vet=1&tbnh=160&tbnw=114&docid=8PsdhsnJcS9UmM&itg=1&usg=__MnMsa52pY03YvKh0sOKTStksz- s=&sa=X&ved=0ahUKEwi1i7-Did3QAhWKGpAKHRCKD48Q_B0IdzAK Geralmente, as pesquisas são classificadas quanto a seus objetivos, e ainda com base nos procedimentos técnicos utilizados. Temos uma diversidade de teóricos que abordam esse tema; optamos em trabalhar nesse momento baseando-nos nos estudos de Gil (2002). O autor apresenta a classificação e suas características quanto aos objetivos em três grandes grupos: Pesquisa Exploratória; Pesquisa Descritiva e Pesquisa Explicativa, sendo essa classificação mais apropriada para aproximar o conceito do seu marco teórico. Quanto aos procedimentos técnicos, servem para analisar os fatos do ponto de vista empírico, para confrontar a visão teórica com os dados da realidade. Torna-se necessário o desenho de um modelo conceitual e operativo da pesquisa; muito se fala do delineamento da pesquisa, que se refere ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, em seus procedimentos técnicos. Podemos citar então, dentre outras: Pesquisa bibliográfica; Pesquisa documental; Pesquisa experimental; Pesquisa ex-pos 9 facto; Pesquisa de campo; Pesquisa ação; Pesquisa participante. Abaixo iremos descrever brevemente sobre os itens citados. 1.2.1 A classificação quanto aos objetivos Pesquisa exploratória: podemos dizer que esse tipo de pesquisa refere-se ao primeiro contato com o problema, a fim de torná-lo mais claro, para, posteriormente, ser feito o levantamento de hipóteses que possam explicá-lo. Para realizá-la, pode-se contar com levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas que têm alguma relação com o problema pesquisado. O planejamento da pesquisa exploratória é bastante flexível; na maioria dos casos, assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso enquanto procedimento metodológico. Pesquisa descritiva: esta pesquisa objetiva observar, registrar e descrever as características de determinada população ou fenômeno a ser estudado. Corresponde a um levantamento de dados sobre o fato. O pesquisador não interfere, apenas analisa o fenômeno e registra a sua frequência. A observação e a utilização de questionários são técnicas fundamentais nesse tipo de pesquisa. As pesquisas descritivas atendem aos objetivos de quem quer estudar as características de um grupo em suas minúcias (idade, sexo, procedências, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, dentre tantos outros itens). Outra demanda desse tipo de pesquisa perpassa pelos estudos que se propõem a investigar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade etc. , e ainda pesquisas que têm como objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. Pesquisa explicativa: consiste naquela que esclarece os fatores determinantes ou aqueles que contribuem para a ocorrência do fenômeno. Se refere ao “porquê”, aos motivos da existência do fenômeno. O pesquisador interpreta e tenta explicar, 10 embasado na literatura sobre o assunto, através de experimentos, comum nas ciências naturais, ou através de observações, comum nas ciências sociais. Neste tipo de pesquisa, o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isso não significa, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possa obter explicação científica. As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, a aplicação deste método reveste-se de muitas dificuldades, razão pela qual se recorre também a outros métodos, sobretudo o observacional. Nem sempre se torna possível a realização de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais, mas em algumas áreas, sobretudo na psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de controle, chegando mesmo a ser chamadas “quase experimentais”(GIL, 2002, p.43). 1.2.2 A classificação quanto aos procedimentos técnicos: Pesquisa bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, revistas, artigos científicos e internet. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Os livros constituem as fontes bibliográficas por excelência. Em função de sua forma de utilização, podem ser classificados como de leitura corrente ou de referência. Os livros de leitura corrente abrangem as obras referentes aos diversos gêneros literários e também as obras de divulgação, isto é, as que objetivam proporcionar conhecimentos científicos ou técnicas. Os livros de referência, também denominados livros de consulta, são aqueles que têm por objetivo possibilitar a rápida obtenção das informações requeridas, ou então, a localização das obras que as contêm. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de 11 fenômenos muito mais amplo do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Pesquisa documental: esse tipo de pesquisa assemelha-se à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Consiste no estudo a partir de fontes primárias, ou seja, materiais que ainda não receberam uma análise, como exemplos: fotografias, documentos, leis, gravações etc. O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica. Apenas cabe considerar que, enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas, sobretudo, de material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos “de primeira mão”, que não receberam nenhum tratamento analítico. Nesta categoria estão os documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas, tais como associações científicas, igrejas, sindicatos, partidos políticos, correspondência pessoal, documentos cartoriais, registro de batismo, diário, fotografias, gravações, memorandos dentre outros. A pesquisa documental apresenta uma série de vantagens: primeiro, há de se considerar que os documentos constituem fonte rica e estável de dados; outra vantagem é o seu custo, exigindo assim apenas a disponibilidade de tempo do pesquisador, tornando-se o custo da pesquisa significativamente baixo, quando comparado com outras pesquisas; não exige contato com os sujeitos da pesquisa. A crítica maior desse tipo de pesquisa refere-se à não representatividade e à subjetividade dos documentos. Pesquisa experimental: após a determinação do objeto de estudo, são definidos fatores que poderão influenciá-lo e, de maneira controlada, são observados os efeitos dessa influência. Exemplo: estudo da influência da temperatura e quantidade de CO2 (gás carbônico) sobre plantas. O experimento representa o melhor exemplo de pesquisa 12 científica. Quando os objetos em estudo são entidades físicas, tais como porções de líquidos, bactérias ou ratos, não se identificam grandes limitações quanto à possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de experimentar com objetos sociais, ou seja, com pessoas, grupos ou instituições, as limitações tornam-se bastante evidentes.Questões éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente nas ciências humanas, razão pela qual os procedimentos experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número de situações. Gil (2002, p. 48) apresenta que a pesquisa experimental, ao contrário do que faz supor a ideia popular, não precisa necessariamente ser realizada em laboratório. Pode ser desenvolvida em qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades: a)manipulação: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das características dos elementos estudados; b) controle: o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situação experimental, sobretudo criando um grupo de controle; c) distribuição aleatória: a designação dos elementos para participar dos grupos experimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente. E, ainda, as pesquisas experimentais constituem o mais valioso procedimento disponível aos cientistas para testar hipóteses que estabelecem relações de causa e efeito entre as variáveis. Por conta do controle, os experimentos oferecem garantia muito maior do que qualquer outro delineamento. Pesquisa ex-pos facto: é realizada quando o estudo ocorre depois do fato. Por exemplo, o estudo sobre a Proclamação da República. Levantamento: consiste em questionar as pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. A tradução literal de ex-post-facto é “a partir do fato passado”. O propósito básico desta pesquisa é o mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de relações entre as variáveis. Da mesma forma, seu planejamento é muito similar. A diferença mais importante entre essas pesquisas é que na ex-post-facto o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu. É uma pesquisa muito utilizada nas ciências da saúde, denominada de pesquisa caso-controle, que é baseada na comparação entre duas amostras: a 13 primeira é composta por pessoas que apresentam determinada característica – caso –, e a segunda é selecionada de forma tal que seja semelhante à primeira em relação a todas as características, exceto a que constitui o objeto da pesquisa. Como exemplo Gil (2002, p.49) apresenta: Numa pesquisa para verificar a associação entre toxoplasmose e debilidade mental, determinado números de crianças com diagnóstico de debilidade mental é submetido a teste sorológico com o intuito de inferir se tiveram ou não infecção prévia pelo Toxoplasma Gondii. O mesmo exame é realizado em igual número de crianças sem debilidade mental, do mesmo sexo e idade, que funcionam como controle. Pesquisa de campo: ou estudo de campo, é aquela em que os dados são obtidos in loco, ou seja, onde o fenômeno surgiu. Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. O estudo de campo procura o aprofundamento das questões propostas, e o seu planejamento apresenta uma maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa. Estuda-se um único grupo ou comunidade, em termos de sua estrutura social, ressaltando a interação entre seus componentes. Desta forma, a pesquisa tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que de interrogação. Constitui o modelo clássico de investigação no campo da Antropologia, onde se originou. E na atualidade, dá-se também em outras áreas, como a Sociologia, a Educação, a Saúde Pública e a Administração. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas informações e interpretações do que ocorre no grupo, sendo também utilizado conjuntamente por análise de documentos, filmagens e fotografias. O pesquisador realiza maior parte do trabalho pessoalmente, pois se enfatiza a sua participação direta com a situação de estudo. Estudo de caso: estudo detalhado de um ou poucos objetos, de modo a oferecer um amplo conhecimento sobre o tema estudado. É uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. O estudo de caso, segundo 14 Bogdan; Bilklen (1994) envolve a observação detalhada de um contexto, ou de um indivíduo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento específico. As características associadas ao estudo de caso “naturalístico” são, segundo Lüdke; André (1986): 1. Visar à descoberta: mesmo que o investigador parta de alguns pressupostos teóricos iniciais, ele procurará manter-se constantemente atento a novos elementos que podem emergir como importantes durante o estudo. O quadro teórico inicial servirá, assim, de esqueleto, de estrutura básica a partir da qual novos aspectos poderão ser detectados, novos elementos ou dimensões poderão ser acrescentados, na medida em que o estudo avança. Essa característica se fundamenta no pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se faz e refaz constantemente. Assim sendo, o pesquisador estará sempre buscando novas respostas e novas indagações no desenvolvimento do seu trabalho. 2. Enfatizar a “interpretação em contexto”: um princípio básico desse tipo de estudo é que, para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que ele se situa. Assim, para compreender melhor a manifestação geral de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas devem ser relacionadas à situação específica de onde ocorrem ou à problemática determinada a que estão ligadas. 3. Retratar a realidade de forma completa e profunda: o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema, focalizando-o como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza a complexidade natural das situações, evidenciando a inter-relação dos seus componentes. 4. Usar uma variedade de fontes de informação: ao desenvolver o estudo de caso, o pesquisador recorre a uma variedade de dados, coletados em diferentes momentos, em situações variadas e com uma variedade de tipos de informantes. 15 Com essa variedade de informações, oriunda de fontes variadas, ele poderá cruzar informações, confirmar ou rejeitar hipóteses, descobrir novos dados, afastar suposições ou levantar hipóteses alternativas. 5. Revelar experiência vicária e permitir generalizações naturalísticas: o pesquisador procura relatar as suas experiências durante o estudo, de modo que o leitor ou usuário possa fazer as suas “generalizações naturalísticas”. A generalização naturalística (STAKE, 1983) ocorre em função do conhecimento experiencial do sujeito, no momento em que este tenta associar dados encontrados no estudo com dados que são frutos das suas experiências pessoais. 6. Representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social: quando o objeto ou situação estudado podem suscitar opiniões divergentes, o pesquisador vai procurar trazer para o estudo essa divergência de opinião, revelando ainda o seu próprio ponto de vista sobre a questão. Desse modo, é deixado aos usuários do estudo tirar conclusões sobre esses aspectos contraditórios. 7. Utilizar nos relatos uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa: os dados do estudo de caso podem ser apresentados numa variedade de formas, tais como dramatizações, desenhos, fotografias, colagens, slides, discussões, mesas-redondas etc. Os relatos escritos apresentam, geralmente, um estilo informal, narrativo, ilustrado por figuras de linguagem, citações, exemplos e descrições. A preocupação aqui é com uma transmissão direta, clara e bem articulada do caso e num estilo que se aproxime da experiência pessoal do leitor. Pode-se dizer que o caso é construído durante o processo de estudo;ele só se materializa enquanto caso, no relatório final, onde fica evidente se ele se constitui realmente num estudo de caso. Em vista dessas várias características, pode-se indagar: em que o estudo de caso se distingue de outros tipos de pesquisa? A preocupação central ao desenvolver esse tipo de 16 pesquisa é a compreensão de uma instância singular. Isso significa que o objeto estudado é tratado como único, uma representação singular da realidade, que é multidimensional e historicamente situada. Desse modo, a questão sobre o caso ser ou não “típico”, isto é, empiricamente representativo de uma população determinada, torna-se inadequada, já que cada caso é tratado como tendo um valor intrínseco. (LOPES, 2004). Pesquisa ação: a partir da identificação de um problema e do seu estudo, esse tipo de pesquisa produz uma solução para o mesmo. Segundo Thiollent (1985, p. 14), trata- se de [...] um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos. Pesquisa participante: os pesquisadores interagem com os indivíduos ligados ao objeto de estudo. Por exemplo, em determinada comunidade, é detectado um problema, a população daquela área é chamada para participar da pesquisa com o intuito de, juntamente com os pesquisadores, encontrarem a solução. A pesquisa mostra-se bastante comprometida com a minimização da relação entre dirigentes e dirigidos e, por essa razão, tem-se voltado para a investigação junto a grupos desfavorecidos, como os operários, camponeses, índios, dentre outros. 17 1.2.3 A classificação quanto à forma de abordagem do problema de pesquisa Após a caracterização de alguns tipos de pesquisa, vale ressaltar que no estudo de um problema, o pesquisador poderá recorrer a mais de um dos tipos de pesquisa. Na educação, é muito comum a realização da pesquisa qualitativa, que busca identificar os fenômenos atribuindo-lhes significado; o que não quer dizer que não se faça uma abordagem quantitativa. É importante que o pesquisador tenha claros seus objetivos, para lançar mão da abordagem que melhor se enquadre para resolução de seu problema. Pesquisa quantitativa: a abordagem quantitativa apresenta a preocupação em explicar os fatos através de análises estatísticas, nas quais as opiniões, comportamentos e informações são convertidos em números. Pesquisa qualitativa: neste tipo de pesquisa, as informações obtidas são interpretadas ou explicadas pelo pesquisador. A análise do fenômeno é feita de forma complexa, observando diversos fatores. É preciso ter ciência que dados estatísticos e porcentagens poderão ser utilizados na pesquisa qualitativa como forma de ratificar algum resultado. No livro “Pesquisa Social: teoria, método e criatividade”, é discutida com muita propriedade e clareza a abordagem da pesquisa qualitativa e a quantitativa. Deixamos como dica a sua leitura, para que você possa esclarecer algumas dúvidas. Visualize abaixo o livro. 18 Figura 2: Livro de Maria Cecília de Souza Minayo Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pesquisa+social+livro&espv=2&biw=1093&bih=479&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjE5NSymN3QAhXKC pAKHQnYBUkQ_AUIBygC&dpr=1.25#imgrc=N-3oBDHIM1nceM%3A Günther (2006), em seu artigo sobre “Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão?”, defende que a escolha de um determinado método depende da pergunta a ser investigada na pesquisa e que, de acordo com a estrutura da pesquisa, por vezes é considerado mais de um método. Deixa claro, ainda, que outra consideração, obviamente, é a da competência específica do pesquisador. Você pode acessar esse artigo, na íntegra, na sua sala de aula virtual. [...] a questão não é colocar a pesquisa qualitativa versus a pesquisa quantitativa, não é decidir-se pela pesquisa qualitativa ou pela pesquisa quantitativa. A questão tem implicações de natureza prática, empírica e técnica. Considerando os recursos materiais, temporais e pessoais disponíveis para lidar com uma determinada pergunta científica, coloca-se para o pesquisador e para a sua equipe a tarefa de encontrar e usar a abordagem teórico- metodológica que permita, num mínimo de tempo, chegar a um resultado que melhor contribua para a compreensão do fenômeno e para o avanço do bem-estar social. (GÜNTHER, 2006, p. 207) 19 Enfim, mais um bloco finalizado! Trabalhamos os conceitos de pesquisa, sua classificação e os tipos de pesquisa neste bloco IV. De posse destes conhecimentos, estaremos aptos para cursar o próximo bloco, dando continuidade à elaboração de um projeto de pesquisa, ou seja, o passo a passo para essa elaboração. Até lá. 20 REFERÊNCIAS BOGDAN, R.; BILKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. GÜNTHER, H. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão? Universidade de Brasília. Psicologia: Teoria e Pesquisa Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 201- 210 LOPES, Cristianne. Representações de professores de ciências sobre formação continuada: o caso do encontro pedagógico mensal da Prefeitura da Cidade do Recife. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências). Departamento de Educação. Universidade Federal Rural de Pernambuco. UFRPE, Recife, 2004. LUCK, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.
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