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REALISMO

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REALISMO 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
 
Na segunda metade do século XIX, a Europa vivia os 
efeitos da Revolução Industrial e do progresso 
científico e tecnológico. É uma época de benefícios 
econômicos para a burguesia industrial, enquanto a 
classe operária passava por um período de crise e 
miséria. 
 
O desenvolvimento científico provoca uma mudança 
na visão de mundo, que passa a ser orientada por 
metodologias de ciências naturais e sociais. Surgem 
então doutrinas científicas, as quais ancoraram os 
debates dos realistas: 
 
Positivismo: 
→ criado por Augusto Comte 
→ único conhecimento válido é o oriundo das ciências 
→ filosofia empírica: se baseia da observação do 
mundo 
→ acredita na capacidade do homem de amar e ser 
solidário 
 
Determinismo: 
→ baseado em Hippolyte Taine 
→ o comportamento humano é determinado pelo 
meio, a raça e o ambiente 
 • determinismo social: o humano é produto do 
meio social que vive 
 • determinismo biológico: os instintos e a 
hereditariedade são a base do ser humano 
 • determinismo ambiental: as condições ambientais 
determinam as variações culturais e as formas de 
organização social 
 
Darwinismo: 
→ criado por Charles Darwin, baseando-se nas teorias 
de Lamarck 
→ teoria evolucionista baseada na seleção natural – a 
natureza e o meio selecionam os mais aptos a 
sobreviver. Os mais fortes permanecem e os mais 
fracos são eliminados 
 
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO 
 
⁕ crítica ao romantismo = crítica aos valores 
burgueses 
⁕ valorização do conhecimento e teorias científicas 
⁕ caráter mais objetivo e descritivo 
⁕ análise da sociedade como principal objetivo 
realista 
⁕ análise da personalidade e traços psicológicos dos 
personagens 
⁕ exibição de falhas de caráter e comportamentos de 
moral duvidosa 
⁕ interesse em incitar questionamentos no leitor 
 
palavras chaves: objetividade, racionalismo, clareza, 
descrição, personalidade, egoísmo, crítica, 
cientifismo, materialismo 
 
REALISMO NO BRASIL 
 
Com a decadência da indústria açucareira e a abolição 
da escravatura, o Brasil vivia um período de crise. 
Estava em processo o estabelecimento do capitalismo 
no país, e o pensamento conservador começou a 
perder força. 
 
A ascensão do pensamento progressista refletiu 
diretamente na literatura, antes dominada pelo 
conservadorismo burguês. Os últimos romances 
românticos se afastaram da melancolia e da fuga da 
realidade e passaram a ter descrições mais objetivas 
e maior caráter político. Isso iniciou a visão de mundo 
realista, menos idealizada e mais crítica. 
 
Apesar da postura realista já estar presente 
anteriormente no país, considera-se que romance que 
inaugurou essa estética literária brasileira foi 
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de 
Assis. 
 
MACHADO DE ASSIS 
 
As obras de Machado costumam ser divididas em 
duas fases. A primeira é constituída por romances 
românticos, que mesmo antes já apresentavam 
alguns traços realistas. 
 
Os romances realistas constituem sua segunda fase. É 
comum em suas histórias o cenário carioca e a 
temporalidade da época (segundo reinado). Suas 
tramas enfocam sob uma ótica pessimista a vida após 
o casamento, retratando o adultério por personagens 
egoístas. O discurso do narrador machadiano era 
marcado pela crítica à burguesia, pela ironia e pelo 
diálogo com o leitor. 
 
ROMANCES MAIS IMPORTANTES 
 
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS 
 
A narrativa se inicia com o funeral do protagonista, 
sendo marcante a ruptura da cronologia dos fatos. 
Brás Cubas, o narrador e personagem principal, 
cresceu com boa condição financeira e a 
superproteção do pai. Tornou-se um adulto 
egocêntrico, orgulhoso e cínico que se dava muita 
importância para disfarçar sua vida de fracassos, que 
incluíam uma traição. Machado usa a teoria do 
determinismo social (homem nasce do meio) para 
construir o protagonista. 
 
O romance tem como enfoque principal a falta de 
caráter do protagonista, membro da elite brasileira. 
As críticas constantes a sua imoralidade são, na 
realidade, críticas à burguesia, público-alvo da 
história. 
 
QUINCAS BORBA 
 
Após a morte de Quincas Borba, filósofo 
enlouquecido, sua fortuna foi deixada para seu amigo 
Rubião, que vai para o Rio de Janeiro. Lá, vira amigo 
de um casal que explora seu dinheiro. Ele acaba se 
apaixonando pela mulher, mas o casal apenas 
continua a usar isso para se aproveitar de Rubião. Por 
fim, ele também enlouquece e morre. 
 
Quincas havia criado a teoria do Humanitismo, e 
Rubião virou seu discípulo. A história é uma 
concretização da teoria, que diz que os fracos 
(Rubião) sempre serão dominados pelos espertos 
(Casal Palha). Por meio disso, Machado critica as 
teorias evolucionistas (seleção natural). 
 
DOM CASMURRO 
 
A história é de Bentinho, que já na velhice resolve 
escrever para provar ao leitor que fora traído, sob a 
desculpa de querer “reconstruir a adolescência”. Ele é 
um homem solitário e arrogante, motivos pelos quais 
recebeu o apelido de “Dom Casmurro”. A grande 
questão do livro deveria ser sobre a veracidade do 
adultério de Capitu, mas passou a ser sobre a 
genialidade de escrita do autor. 
 
Além dos romances, Machado também escreveu 
contos. Neles, retratou o ciúme, a traição, a política, 
a escravidão e conflitos de poder, temas recorrentes 
da sua literatura. 
 
CONTOS MAIS IMPORTANTES 
 
PAI CONTRA MÃE 
 
Cândido Neves, protagonista, é caçador de escravos, 
trabalho feito para aqueles sem outros talentos. Ele é 
apaixonado por Clara, e ambos queriam uma família. 
Eles foram avisados que não tinham condições 
financeiras para isso, mas o casal ignora isso e 
engravida. A renda dos dois piora e quando o menino 
nasce, o casal, sem opções, decide entrega-lo a uma 
casa de caridade. A caminho do local, Cândido 
encontra uma escrava fugitiva que poderia garantir-
lhe dinheiro para manter o filho. Ele a captura e ela 
confessa que estava grávida, mas ele não tem pena. 
Na luta, ela acaba abortando. Neves volta para casa 
com dinheiro e sem peso na consciência. 
 
O narrador possuí um tom irônico, pelo qual descreve 
os elementos de tortura dos escravos, e melancólico. 
 
O ALIENISTA 
 
Conta a história de Simão Bacamarte, médico 
respeitado que volta a Itaguaí, sua cidade natal, após 
muito viajar. Ele monta um consultório e se casa com 
a viúva Dona Evarista no intuito de ter filhos, o que 
não acontece. Mais tarde, ele cria um manicômio 
chamado Casa Verde, onde estuda psiquiatria. Ele 
começou a ver loucura e internar muitos, gerando a 
“Revolta do Canjica”, que em nada resulta. Quando 
Simão interna 75% da cidade, aceita que sua teoria 
estava errada e solta todos os internos. Começa a 
internar muitos novamente, e por fim solta-os e 
conclui que o louco era ele, se internando na Casa 
Verde.

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