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DIREITO PENAL - EFEITOS DA CONDENACAO

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DIREITO PENAL - DA PENA UNIFICAÇÃO
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
O conceito e a natureza jurídica da condenação são fundamentais para a compreensão do sistema legal em relação à punição de crimes. A condenação é um ato exclusivo do poder judiciário e resulta de um processo legal adequado. É a maneira pela qual o poder judiciário impõe uma sanção penal a um indivíduo responsável por um ato que constitui um delito. Essa condenação gera efeitos que podem ser tanto de natureza penal quanto extrapenal.
Os efeitos da condenação se manifestam após a sentença penal transitada em julgado, independentemente do tipo de sanção penal imposta, que pode incluir penas de reclusão, detenção, prisão simples, penas restritivas de direitos e multas. Vale ressaltar que, nos casos em que uma medida de segurança é aplicada a um inimputável, a sentença é absolutória, não gerando os efeitos da condenação. No entanto, se a sentença condenatória for aplicada a um semi-imputável, ele pode ter sua pena reduzida em até dois terços ou, se recomendado, substituída por uma medida de segurança.
É importante observar que a decisão judicial que homologa uma transação penal, desde que aceita pelo acusado, não possui efeito condenatório.
Os principais efeitos da condenação incluem a aplicação da pena, que é o efeito penal principal, e os efeitos secundários, que podem ser classificados como penais e extrapenais. Entre os efeitos secundários penais, temos a reincidência, a fixação do regime fechado, a revogação de reabilitação, a configuração de maus antecedentes e a impossibilidade da concessão da transação penal e da condição condicional do processo em caso de um novo crime cometido pelo condenado.
Os efeitos secundários extrapenais afetam outras áreas do direito, como a esfera cível e administrativa. Eles podem ser genéricos ou específicos, automáticos ou não automáticos, e estão previstos nos artigos 91, 91-A e 92 do Código Penal brasileiro. Além disso, a Lei Anticrime trouxe alterações significativas em relação à perda de bens do condenado como produto ou proveito do crime.
Os efeitos da condenação abrangem tanto as implicações diretamente relacionadas ao cumprimento da pena quanto aquelas que se estendem a outras áreas do direito, demonstrando a complexidade e abrangência das consequências legais após uma condenação. Portanto, a compreensão desses efeitos é crucial para uma análise completa do sistema jurídico penal.
EFEITOS GENÉRICOS E AUTOMÁTICOS
No que tange aos efeitos secundários extrapenais, é possível discerni-los em duas categorias: genéricos e específicos.
Efeitos secundários extrapenais genéricos:
Os efeitos secundários extrapenais genéricos são de natureza automática e são aplicáveis a todos os delitos cometidos, mesmo na ausência de previsão expressa na sentença condenatória. Estes efeitos são regidos pelos artigos 91 e 91-A do Código Penal, que estabelecem o seguinte:
Art. 91 – São efeitos da condenação: I – a confirmação da obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; II – a perda em benefício da União, com ressalvas para os direitos da vítima ou de terceiros de boa-fé, que compreendem: a) os instrumentos do crime, desde que sejam objetos ilícitos de fabricação, venda, uso, posse ou detenção; b) o produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua ganho obtido pelo autor com a prática do crime.
É importante observar que esse efeito é automático, ou seja, não requer menção explícita por parte do juiz na sentença condenatória. No entanto, o juiz tem o poder de determinar um valor para a reparação do dano, sem necessariamente mencionar a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
De acordo com o artigo 63 do Código de Processo Penal, após a sentença condenatória transitar em julgado, a vítima, seu representante legal ou herdeiros podem iniciar a execução da reparação do dano na esfera cível.
Portanto, a sentença penal condenatória se transforma em um título executivo com um valor mínimo estabelecido pelo juiz para compensar a vítima ou seus herdeiros na esfera cível. Mesmo no caso de falecimento do condenado, a execução civil pode ser realizada contra seus herdeiros, respeitando o limite da herança, conforme estabelecido no artigo 5º, XLV da Constituição Federal de 1998 e no artigo 943 do Código Civil.
A eficácia executiva desse título pode ser encerrada caso o réu seja absolvido através de revisão criminal, o que interrompe a execução, mesmo que já tenha começado.
Vale destacar que, nos casos de absolvição previstos no Código de Processo Penal, é possível buscar a reparação do dano na esfera civil.
Os efeitos genéricos da condenação listados no artigo 91 e, mais recentemente, no artigo 91-A do Código Penal, tratam dos efeitos resultantes da condenação.
A doutrina e a jurisprudência estão em acordo quanto ao fato de que, nos casos em que a sentença condenatória tenha transitado em julgado, os instrumentos do crime, desde que sejam objetos ilícitos de fabricação, venda, uso, posse ou detenção, como armas que podem ser legal ou ilegalmente possuídas, podem ser confiscados em favor da União. No entanto, os direitos da vítima e de terceiros de boa-fé são preservados. É importante mencionar que a lei não inclui instrumentos de contravenção na alínea "a" do referido artigo 91 do Código Penal.
Conforme mencionado anteriormente, o pacote anticrime introduziu um novo regulamento sobre os efeitos da condenação no artigo 91-A. Esse artigo prevê que, nos casos em que a lei comina pena máxima superior a 6 anos de reclusão, a perda de bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele compatível com sua renda lícita pode ser decretada.
Em relação aos instrumentos utilizados na prática de crimes por organizações criminosas e milícias, esses bens serão declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da jurisdição em que a ação penal tramita. Essa medida visa desmantelar logisticamente tais organizações, impedindo que membros não alcançados pela persecução criminal utilizem esses bens para a prática de novos crimes.
Em resumo, as alterações introduzidas pela Lei 13.964/2019 imprimem maior rigor na aplicação da lei penal, restringindo, assim, a liberdade (e a propriedade) dos indivíduos sujeitos à persecução penal. Portanto, é imperativo que os operadores do direito analisem a compatibilidade entre essas novas normas e a Constituição Federal, considerando a máxima importância dos princípios do devido processo legal e da dignidade da pessoa humana, que podem estar em conflito com a nova abordagem de certos institutos do processo e do direito penal.
Para conferir a íntegra dos artigos do Código Penal mencionados, bem como outros dispositivos legais relevantes, consulte as seções correspondentes da legislação. Além disso, a jurisprudência citada mostra decisões judiciais pertinentes a essas questões.
EFEITOS ESPECÍFICOS E NÃO AUTOMÁTICOS
Nesta aula, abordaremos os efeitos específicos da condenação, que não ocorrem automaticamente e se aplicam apenas a certos tipos de crimes. Ao contrário dos efeitos genéricos, sua aplicação depende de uma disposição expressa na sentença. Esses efeitos estão listados no artigo 92 do Código Penal, que estabelece o seguinte:
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I - Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) Quando a pena privativa de liberdade aplicada for igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. b) Quando a pena privativa de liberdade for superior a 4 anos nos demais casos.
É importante observar que esses efeitos específicos são aplicados com base em dois pressupostos:
I - O crime foi cometido com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, nos casos em que a pena privativa de liberdade aplicada for igual ou superior a um ano.
II - Nos demais casos (condenação por qualquer crime), a pena privativa de liberdade for superior a quatro anos.
No que diz respeito aos mandatos eletivos, a Constituição Federal de 1988, no artigo15, inciso III, estabelece que a perda ou suspensão dos direitos políticos ocorrerá apenas nos casos de condenação criminal com trânsito em julgado. A mesma lógica se aplica ao artigo 55, incisos IV e VI da CF/88, que determinam a perda de mandato de Deputados ou Senadores que tiverem seus direitos políticos suspensos ou sofrerem condenação criminal em sentença transitada em julgado. A decisão sobre a perda do mandato é tomada pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante solicitação da respectiva Mesa ou de um partido político representado no Congresso Nacional, garantindo-se o direito à ampla defesa.
Além disso, é importante destacar que benefícios penais que resultem em penas alternativas à prisão não impedem a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo. A legislação brasileira exige a condenação a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano por crime funcional para a aplicação desse efeito, independentemente de qualquer benefício que possa modificar o cumprimento da pena.
No âmbito civil, o Código Civil de 2002, em seu artigo 1.637, parágrafo único, estabelece a suspensão do poder familiar no caso de condenação por crime com pena superior a dois anos de prisão, independente se a pena for detenção ou reclusão e independente de a vítima ser o filho.
Outro efeito específico da condenação, conforme o inciso II do artigo 92 do Código Penal, é a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado. Essa é uma medida que fica a critério do magistrado, não sendo obrigatória. Não importa a quantidade da pena ou o regime prisional, desde que sejam atendidos os requisitos mencionados.
Além disso, o inciso III do artigo 92 do Código Penal estabelece a inabilitação para dirigir veículo como efeito específico da condenação, que não ocorre automaticamente. A inabilitação se aplica quando o veículo é utilizado como meio para a prática de um crime doloso. Dois requisitos são necessários para a aplicação desse efeito: a prática de um crime doloso e o uso do veículo como meio para cometer o crime.
É importante ressaltar que a inabilitação para dirigir veículo, de acordo com o artigo 92, inciso III, não deve ser confundida com a suspensão da autorização ou habilitação para dirigir veículo, estabelecida pelo artigo 47, inciso III, do Código Penal, para agentes que cometem crimes culposos de trânsito.
Em resumo, os efeitos específicos da condenação são determinados com base na legislação, dependendo da natureza do crime e da pena aplicada. Eles não ocorrem automaticamente e devem ser declarados na sentença com motivação adequada.
REABILITAÇÃO
A reabilitação é um instituto que visa à reintegração do condenado à sociedade, atestando que as penas impostas foram devidamente cumpridas ou extintas por outras razões, restaurando a sua condição jurídica anterior.
O principal propósito da reabilitação é facilitar a readaptação do condenado, permitindo que ele obtenha certidões dos registros do tribunal ou do seu histórico criminal sem menção da condenação. Além disso, a reabilitação pode suspender condicionalmente os efeitos da condenação, conforme previsto no artigo 92 do Código Penal.
De acordo com o artigo 93 do Código Penal, a reabilitação se aplica a todas as penas impostas em sentença definitiva, garantindo ao condenado o sigilo dos registros relacionados ao seu processo e à condenação. No entanto, a reintegração aos cargos ou situações anteriores é vedada nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.
Embora o conceito de reabilitação tenha evoluído ao longo do tempo, desde a Restitutio in Integrum do Direito Romano até os dias atuais, em que opera como um mecanismo de suspensão de alguns efeitos da condenação, sua importância como um instrumento de política criminal é indiscutível. A reabilitação promove a reinserção social do condenado, permitindo-lhe recuperar sua dignidade e exercer atividades laborais e profissionais de forma legítima, sem as restrições decorrentes da condenação.
No entanto, é importante destacar que o escopo da reabilitação pode ser limitado pela prática comum de órgãos estatais de acessar informações sobre o histórico criminal dos indivíduos, independentemente da reabilitação. Deve-se observar que a reabilitação é um direito do condenado, que pode ser revogado se ele for condenado novamente por outro crime após a reintegração.
Para solicitar a reabilitação, o condenado deve preencher os seguintes requisitos:
Requisitos Objetivos:
1. Cumprimento do tempo de pena estipulado por lei, incluindo sursis ou livramento condicional, sem revogação.
2. Ressarcimento do dano causado pelo crime ou demonstração de impossibilidade de fazê-lo.
Requisitos Subjetivos:
1. Domicílio no país durante o período estipulado por lei.
2. Comportamento público e privado exemplares nos dois anos após o cumprimento da pena.
O pedido de reabilitação deve ser acompanhado de documentos que comprovem o cumprimento desses requisitos, como certidões de não envolvimento em processos criminais nas comarcas onde residiu, atestados de autoridades policiais, atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas com as quais manteve contato, e provas de ressarcimento dos danos causados pelo crime ou renúncia da vítima.
É fundamental lembrar que a reabilitação é um instrumento que visa garantir a dignidade da pessoa humana e o estado de inocência do condenado, promovendo sua reintegração à sociedade e respeitando os princípios constitucionais.

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