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A Semiótica De Charles Morris ÁLLAN VARNIER Semiótica Cabe a Charles Morris o mérito de ter estabelecido a divisão da semiótica em sintaxe, semântica e pragmática. Essa divisão decorre da análise feita por Morris do processo semiósico. A semiose é o processo em que algo funciona como um signo. A análise deste processo apura quatro fatores: - o veículo sígnico – aquilo que atua como um signo; - o designatum – aquilo a que o signo se refere; - o interpretante – o efeito sobre alguém em virtude do qual a coisa em questão é um signo para esse alguém; - o intérprete – o alguém. Assim, a semiose é o processo em que alguém se dá conta de uma coisa mediante uma terceira. Trata-se de um dar-se-conta-de algo. Os mediadores são os veículos sígnicos, os “dar-se-conta-de” são os interpretantes, os agentes do processo são os intérpretes.. Semiose Os fatores da semiose são fatores relacionais, de tal ordem que só subsistem enquanto se implicam uns aos outros. Só existe veículo sígnico se houver um designatum e um interpretante correspondentes; e o mesmo vale para estes dois últimos fatores: a existência de um deles implica a existência dos outros. Isto tem o seguinte corolário, que é da maior importância: a semiótica não estuda quaisquer objetos específicos, mas todos os objetos desde que participem num processo de semiose. Estas considerações são sobretudo pertinentes relativamente aos designata. Os designata não se confundem com os objetos do mundo real. Pode haver e há signos que se referem a um mesmo objeto, mas que têm designata diferentes. Isso ocorre quando há interpretantes diferentes, ou seja, quando aquilo de que é dado conta no objeto difere para vários intérpretes. Os designata podem ser produtos da fantasia, objetos irreais ou até contraditórios. Os objetos reais quando referidos constituem apenas uma classe específica de designata, são os denotata. Todo o signo tem, portanto, um designatum, mas nem todo o signo tem um denotatum. As primeiras relações cabem na dimensão semântica da semiose e as últimas na dimensão pragmática. A estas duas dimensões acrescenta-se necessariamente a dimensão sintática da semiose que contempla as relações dos signos entre si. Cada uma destas dimensões possui termos especiais para designar as respectivas relações. Assim, por exemplo, "implica" é um termo sintático, "designa" e "denota" termos semânticos, e "expressa" um termo pragmático. É deste modo que a palavra 'mesa' implica (mas não designa) a sua definição 'mobília com um tampo horizontal em que podem ser colocadas coisas', denota os objetos a que se aplica e expressa o pensamento do seu utilizador. Há signos que se reduzem à função de implicação e, por conseguinte, a sua dimensão semântica é nula – vejam-se os signos matemáticos, por exemplo –, há signos que se centram totalmente na denotação e, portanto, não têm uma dimensão sintática, e há signos que não têm intérpretes efetivos, como é o caso das línguas mortas, e, por conseguinte, não têm dimensão pragmática. Em suma, a divisão da semiótica em sintaxe, semântica e pragmática decorre da análise do processo semiósico em que uma coisa se torna para alguém signo de uma outra coisa.
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