Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 1 BRONQUIOLITE VIRAL INTRODUÇÃO É um desconforto respiratório em < 2 anos, desde que seja o 1° episódio, que tenha sinais e sintomas de IVAS (como tosse, secreção nasal e febre) e de IVAI (como sibilos e/ou crépitos). EPIDEMIOLOGIA − É a causa mais comum de internamento em < 1 ano. − 95% das crianças <2 anos terão infecção pelo VSR. − Bronquiolite custou em média 1,7 bilhões de dólares, em 2009. − Em 1 ano ocorre em torno de 34 milhões de casos; 3,4 milhões de internação; e 66-199 mil óbitos de bronquiolite. − A letalidade dessa doença é em torno de 0,2- 0,5%. − Acomete crianças < 2 anos, sendo que o pico de incidência é entre 2-6 meses. − A maioria dos casos é do sexo masculino. − É uma doença sazonal. TRANSMISSÃO: pelo contato, e sua contaminação acontece em familiares, creche, nosocomial. FATORES DE RISCO − Sexo masculino; − Mães fumantes durante a gestação; − <6 meses; − Desnutrição; − Baixo peso ao nascimento; − Prematuridade (muito importante); − Broncodisplasia pulmonar (muito importante); − Aglomeração; − Aleitamento artificial. FATORES DE RISCO PARA BRONQUIOLITE GRAVE − Prematuros; − Baixo peso ao nascer; − Broncodisplasia pulmonar; − Cardiopatias congênitas; − Contaminação em menores de < 3 meses; − Saturação de O2 <95%; − FR > 70 em repouso. ETIOLOGIA: os principais são vírus sincicial respiratório (VSH) que ocorre em 50-80% dos casos, parainfluenza, metapneumovírus humano, adenovírus (costuma apresentar o quadro mais grave, que é bronquiolite obliterante). VULNERABILIDADE DOS LACTENTES Porque as lactentes têm maior suscetibilidade a ter bronquiolite? E as crianças grandes não tem? − Pois os lactentes têm um calibre pequeno das vias aéreas; − Tem ausência de imunidade contra o VSH. FISIOPATOLOGIA Primeiro ocorre uma contaminação; depois começa a ter uma inflamação secundaria, com recrutamento de células e presença de citocinas inflamatórias, fatore de necrose tumoral, que fazem ter a manifestação de febre. E as vezes vai acontecer o acumulo de muco e detritos, causando edema. E esse acumulo pode apresentar pela obstrução das vias aéreas, podendo causar dispneia, hipóxia (com acidose) e sibilância. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 2 HISTOPATOLOGIA A primeira imagem é o lúmen de uma criança normal e a segunda é de uma criança com bronquiolite. CARACTERÍSTICAS DA BRONQUIOLITE: detritos celulares, muco, fibrina, “catarro”, atrapalhando/reduzindo o lúmen das vias aéreas. MANIFESTAÇÕES CLINICAS PRÓDROMOS LEVES DE IVAS − Coriza; − Obstrução nasal; − Rinorreia (92%); − Tosse (100%); − Febre (67%). Esses sintomas evoluem gradualmente, com outros sintomas como: − Irritabilidade; − Hiporexia; − Tosse; − Taquipneia; − Sibilos; − Sinais de desconforto respiratório (92%); − Hipóxia. EXAMES COMPLEMENTARES OXIMETRIA DE PULSO Estudos do Canadá: oximetria aumenta o internamento hospitalar e não altera prognostico. Estudos do Reino Unido: SO2 > 90% permitem alta hospitalares mais precoce e sem aumento de evento adverso. OBS.: esse estudo mostra que quando você coloca uma meta de saturação mais baixa, consegue da alta mais precoce ao paciente. RX DE TÓRAX Não é essencial ao diagnóstico de bronquiolite, pois para ela precisa apenas de um diagnóstico clinico. Indicação: é para se tiver suspeita de outro diagnostico ou bronquiolite grave. Por que não fazer? Pois aumenta a prescrição de antibiótico e a exposição à radiação. − Quando é pedido, observa: hiperinsuflação pulmonar, aumento dos espaços intercostais. LEUCOGRAMA, GASOMETRIA, HEMOCULTURA: Não deve pedir. DIAGNOSTICO DIFERENCIAL Asma: espectro da atopia. •Nem toda sibilância em < 2 anos é bronquiolite. •Nem toda bronquiolite tem sibilância. Atenção!! @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 3 Coqueluche: tosse persistente paroxística (>5 inspirações rápidas e curtas, parada e ruído característico (guincho), seca e intermitente). Fibrose cística: sibilância refrataria ao tratamento, má absorção, alteração do crescimento, baqueteamento digital e anormalidades hidroeletrolíticas. DRGE. Corpo estranho. PAC: dificilmente sibila, acontece em lactente de 2-6 meses, tosse persistente, parto vaginal, conjuntivite, RX com infiltrado e hiperinsuflação. Apresenta eosinofilia de 300-400/mm3. Cardiopatia congênita. TRATAMENTO INTERNAÇÕES Indicações inequívocas: toxemia ou letargia ou apneia; saturação de O2 <90%; FR > 70 em repouso; e cianose. Indicações relativas: Broncodisplasia; cardiopatias; <3 meses; prematuros (<35-32 semanas); desconforto respiratório; Down, imunodeficiência, doença neuromuscular; baixa aceitação da dieta; e impossibilidade de ser observada pelos pais. OXIGÊNIO Oxigenoterapia: Só se tiver SO2 < 90%. A melhor escolha é a oxigenação não invasiva (sem intubação). HIDRATAÇÃO Esses pacientes têm muita perda, pois tem baixa ingesta, febre e taquipneia, por isso é recomendado 120 ml/kg/dia. Se internar deve fazer por via gástrica ou EV, se for a nível ambulatorial deve ser VO. BRONCODILATADORES Não há evidencias para seu uso. A maioria dos estudos excluíram crianças graves. Crianças com bronquiolite leve não se beneficiam do uso de broncodilatador. Não sabemos se crianças com bronquiolite grave se beneficiam do uso de broncodilatador. CORTICOTERAPIA: oral, venoso, inalatório Não deve realizar corticoide para bronquiolite viral aguda! Eles prolongam a excreção do vírus sincicial respiratório e prolonga o tempo para a cura da doença. SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA 3% Benefícios principalmente nos primeiros 2 dias. Associada com beta adrenérgico, reduz o tempo de internação, ausência de efeitos colaterais. Tem alguns estudos que há controversas com o seu uso. ANTICORPO MONOCLONAL = Palivizumabe É uma profilaxia para bronquiolite. Dose: 15mg/kg/dia, IM de 30 em 30 dias (5x). Indicação: para os pacientes no quadro de grupos da imagem. O período para recebe-lo é de acordo a sazonalidade. No Nordeste é de fevereiro a julho. BRONQUIOLITE OBLITERANTE ETIOLOGIA: adenovírus. FISIOPATOLOGIA: é uma infecção aguda que causa fibrose e obstrução crônica. MANIFESTAÇÕES CLINICAS: recorrência de dispneia, tosse crônica, escarro, sibilos, estertores, hipóxia, hiperinsuflação associada a bronquiectasias. PADRÃO-OURO PARA O DIAGNÓSTICO: biopsia. TRATAMENTO: não há terapia definitiva. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 4 CONCLUSÃO − VSH é o principal agente etiológico da bronquiolite. − O adenovírus pode causar bronquiolite obliterante. − O acumulo de debriz, muco e edema é a tríade básica da fisiopatologia da bronquiolite. − O quadro clinico típico é de IVAS que evolui para sibilância e taquipneia. − RX de tórax mostra hiperinsuflação, retificação de arcos costais ou atelectasia. − Frente a um lactente sibilante devemos pensar também em asma, fibrose cística, DRGE, cardiopatia, PAC, corpo estranho e coqueluche. − Internar sempre quando SO2 <90% e realizar suporte de oxigênio. − VNI resolve a maioria dos casos, minoria dos graves precisam de VM. − Tratamento = hidratação, solução salina. − Nunca fazer corticoide em nenhum caso de bronquiolite. − Não fazer broncodilatador na bronquiolite leve. − Talvez fazer solução salina hipertônica. − Não esquecer de realizar profilaxia com palivizumabe quando tiver indicação. − Alguns lactentes com bronquiolite também terão OMA.
Compartilhar