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Espécies Tributárias 1 Espécies Tributárias PASSEI DIRETO - CONCURSOS PÚBLICOS (FELIPE CESAR) IMPOSTOS Aspectos Gerais; Fato gerador; CTN. Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Manifestação de riqueza do contribuinte. Base de cálculo; Grandeza que quantifique a riqueza tributada. Exemplo: a base de cálculo para o IPVA é o valor do veículo. O do IPTU é o valor do imóvel. Espécies Tributárias 2 Princípio da Capacidade Contributiva; Quanto aos impostos, é de suma importância, ainda, atentar-se ao art. 145, par. 1º da CF/88 que trata sobre o Princípio da Capacidade Contributiva: § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Assim, lembre que para determinação da carga tributária relativa aos impostos, regra geral, deve ser levada em consideração a capacidade econômica do contribuinte. Princípio da Não Afetação Quanto à destinação do seu produto, destacamos que, conforme o art. 167, IV, CF, este é um tributo de arrecadação não vinculada, ou seja, o valor do imposto arrecadado pelo Poder Público não pode ser vinculado a órgão, fundo ou despesa. No entanto, o mesmo dispositivo previu exceções. Art. 167. São vedados: [...] IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 42, de 19.12.2003) Espécies Tributárias 3 Repartição Constitucional das Receitas de Impostos (e da CIDE-Combustível) Via de regra, o valor arrecadado do imposto fica à disposição do ente que o instituiu, no entanto, o constituinte previu casos em que poderá ser repassada determinada parcela/ percentual para outro ente político; Afirmar que um ente reparte a receita com outro, é afirmar que ele distribui parte do que arrecadou. No caso do sistema tributário, inicialmente, é importante saber que há distribuição de um ente maior para um menor; Que União distribui parte do seu imposto para Estado ou para Município e Estado distribui parte do seu imposto para Município; Casos que ocorre repartição: Espécies Tributárias 4 Competência para instituição; A competência é PRIVATIVA do ente que a recebeu da Constituição; Quando é possível delegar uma competência que lhe foi atribuída, trata-se de competência privativa. A privativa é delegável, enquanto a exclusiva é indelegável. A competência para CRIAR tributos é atribuída pela CF aos entes. OBS. A CF não cria tributos, apenas atribui competências. Toda competência tributária é indelegável**; 📌 ATENÇÃO - ** Quando dizem que a competência é privativa é porque a CF atribui competências a cada ente de qual imposto ele criará, ou seja, a CF DELEGA a criação do imposto pros entes, mas esses entes não podem delegar essa competência tributária para outro ente. Ex. quem pode criar o ICMS, só o estado; Imposto de renda, só a União; IPVA, só o Estado. Listas exaustivas, SALVO PARA A UNIÃO; Impostos são previstos em listas exaustivas, salvo para a União, que ainda pode exercer as competências residual e extraordinária. 📌 Lista Exaustiva (Numerus clausus) = não traz só exemplos, mas prevê todas as hipóteses. Ou seja, a CF prevê todas as hipóteses para Estados, Municípios e ao DF (que possui cumulativamente a competência de criar impostos estaduais e municipais). Espécies Tributárias 5 Impostos Previstos na CF União** 1. importação de produtos estrangeiros; 2. exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 3. renda e proventos de qualquer natureza; 4. produtos industrializados; 5. operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 6. propriedade territorial rural; 7. grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Estados e DF 1. ITCMD - Transmissão causa mortis e doação 2. ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação.) Imposto que + arrecada 3. IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores) Municípios 1. IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) 2. ITBI (Imposto sobre a transmissão de bens imóveis) 3. ISS (O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) 📌 ATENÇÃO = Os tributos são criados, normalmente, por Lei Ordinária. Só existem 4 tributos que dependem de Lei Complementar: empréstimos compulsórios, impostos residuais, contribuições residuais para seguridade e imposto sobre grandes fortunas. União = Competência Residual e Extraordinária; Espécies Tributárias 6 📌 Para a União, a competência não é absolutamente exaustiva, visto que no Artigo 154 são dadas mais duas competências para a União: competência residual (por Lei Complementar respeitando a não cumulatividade) e extraordinária. Competência Residual 📌 A União poderá instituir, mediante Lei Complementar, impostos não previstos anteriormente, desde que não tenha fato gerador ou base de cálculo idênticos aos previstos na Constituição, obedecendo a técnica da não cumulatividade. Significa ficar com o que sobrou; Não podem ter o mesmo fato gerador E base de cálculo dos imposto já previstos na CF; O princípio da não cumulatividade diz-se do imposto/tributo que, na etapa subsequente dos processos produtivos e/ou de comercialização, não incide sobre o mesmo imposto/tributo pago/recolhido na etapa anterior, ou seja, garante que nas diversas transações de um produto dentro da economia o VALOR DO IMPOSTO que já foi pago seja abatido nas próximas transações. não pode acumular. 📌 Atenção = O princípio da não cumulatividade tem relevância somente se o imposto que a União resolver instituir no uso da competência residual for um imposto que incida sobre cadeia produtiva (Plurifásico) Competência Extraordinária Conforme a Constituição, a criação do imposto extraordinário somente pode acontecer em caso de guerra externa ou de sua eminência. IEG: Impostos extraordinário de guerra Enquanto o imposto residual necessita de lei complementar, o imposto extraordinário não precisa, visto que há urgência. Basta Medida Provisória ou Lei Ordinária. Espécies Tributárias 7 Não é necessário respeitar o princípio da não cumulatividade. Para impostos de guerra, não há requisitos, além da própria guerra, podendo a União criar impostos de sua competência ou de competência alheia – e até bitributação (quando dois entes distintos cobram o mesmo tributo sobre o mesmo fato gerador). Na legislação brasileira esse é o único caso em que é possível bitributação nacional. 📌 A União, no âmbito da sua competência tributária extraordinária, pode criar quantos impostos julgar necessário, desde que haja acordo entre o Presidente da República e o CongressoNacional, que deverá votar a criação desses impostos extraordinários Bitributação X Bis in idem Bitributação: dois entes federados tributam o mesmo fato gerador e o mesmo contribuinte. Por exemplo, isso ocorre quando dois municípios pretendem cobrar ISS sobre um mesmo serviço prestado. Vedado pela CF, exceto IEG. Bis-in-idem: ocorre quando a mesma PJ de direito público tributa mais de uma vez o mesmo fato jurídico. Por exemplo, o lucro dá margem àexigência de IRPJ, como também da CSLL, ambos da União. Permitido pela CF. TAXAS Aspectos Gerais; Espécies Tributárias 8 Art. 145. II, CF Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; (...) § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Caráter contraprestacional e Fator gerador (ART. 77, CTN); Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. (Vide Ato Complementar nº 34, de 1967) São tributos vinculados e de caráter contraprestacional. Isso significa que o fato gerador dessa espécie tributária está relacionado a: 1. Uma prestação estatal específica ao contribuinte, seja por meio de serviços públicos ou; 2. Pelo exercício do poder de polícia. 📌 Parte da doutrina defende que as taxas sequer tem contribuintes, mas retribuintes. O Código prevê contribuinte. Poder de Polícia (ART. 78, CTN) Espécies Tributárias 9 Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966) Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Qual Há diversas atividades fiscalizadoras que podem ensejar a cobrança da taxa de polícia. Como exemplo, temos a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), instituída pela Lei 10.165/2000, tendo como fato gerador o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. 📌 Taxas por poder de polícia não tem relação com as Corporações Policiais. A ideia do poder de polícia vem do contribuinte pagar por uma atividade do Estado que fiscaliza o próprio contribuinte. Exemplo: CNH. O exercício do poder de polícia pode ocorrer em abstrato ou em concreto ; Quando, por exemplo, a lei prevê uma nota mínima para que uma pessoa seja aprovada na avaliação para obtenção de habilitação, o Estado exerce o seu poder de polícia de maneira abstrata. Nesse caso, o Estado não pode cobrar uma taxa por ter editado uma lei exercendo o poder de Espécies Tributárias 10 polícia em abstrato. A taxa somente pode ser cobrada pelo exercício do poder de polícia em concreto, quando, por exemplo, a pessoa se dirige ao Detran para realizar a prova necessária para obtenção da carteira de motorista, ocasião em que o Estado, por meio de seus agentes, verificará se essa pessoa atende aos requisitos necessários para poder dirigir. Utilização EFETIVA e POTENCIAL e natureza ESPECÍFICA e DIVISÍVEL (ART. 79, CTN) Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram- se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. É necessário ter atenção, pois tanto os serviços efetivamente utilizados pelo contribuinte como aqueles potencialmente utilizados ensejam a cobrança de taxas. Neste ponto, cabe esclarecer que a utilização potencial é aquela em que, em que pese a disponibilização do serviço público, o contribuinte não o utiliza. Exemplo Taxa de coleta domiciliar de lixo. ➔ Utilização Efetiva: Ocorre a utilização efetiva quando você coloca o lixo na porta da sua residência e o caminha de lixo efetua a coleta. ➔ Utilização Potencial: Ocorre a utilização potencial quando você se ausenta da sua casa, e o caminhão de lixo passa na porta da sua casa para efetuar a coleta (atividade em efetivo funcionamento). Espécies Tributárias 11 Quanto à natureza do serviço público, é importante ter em mente que apenas serviços públicos específicos e divisíveis podem ser remunerados por meio de taxas, o que não ocorre, por exemplo, com o serviço de iluminação pública O serviço é específico e divisível, portanto, pode ser remunerado por taxa, quando para ele for aplicável a seguinte frase: “o Estado vê o usuário do serviço (portanto, o serviço é divisível) e o usuário vê o Estado (portanto, o serviço é específico)”. Essa frase se aplica, por exemplo, à emissão de passaporte, em relação à qual são nítidos a prestação do serviço pelo Estado e o usuário desse serviço. Base de cálculo; 📌 Grandeza que guarde correlação com o custo da atividade estatal não podendo ser base de cálculo própria de imposto; A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional (CTN) não preveem a base de cálculo das taxas, mas preveem aquilo que não deve ser a base de cálculo desses tributos. O § 2º, do art. 145, da Constituição determina que “as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”. O parágrafo único, do art. 77, do CTN, por sua vez, estabelece que “a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas”. A lógica por trás dessa vedação implica que a base de cálculo das taxas não pode ser apenas a riqueza do contribuinte. Dessa maneira, a taxa relativa à coleta domiciliar de lixo, por exemplo, deveria ter o mesmo valor para todos, independentemente da Espécies Tributárias 12 riqueza do contribuinte. Embora fosse mais justo estabelecer a base de cálculo de acordo com a capacidade contributiva de cada um, esse tipo de equacionamento é feito por meio dos impostos, não das taxas. Assim, a base de cálculo da taxa deve ser o custo da atividade estatal. 📌 ATENÇÃO - O STF decidiu que não há impeditivo para que o cálculo de uma taxa considere um ou mais elementos utilizados como base de cálculo de imposto, desde que a base de cálculo da taxa não seja idêntica à do imposto Caso da Coleta de Lixo no município de São Carlos O Município de São Carlos, no Estado de São Paulo, criou uma sistemática para cálculo da taxa de coleta domiciliar de lixo baseada em reais por metro quadrado do imóvel do contribuinte. Portanto, quanto maior o imóvel, maior a taxa cobrada. Na prática, a base de cálculo da taxa é a áreado imóvel. Indiretamente, o município estava modulando a taxa com base na capacidade contributiva dos cidadãos. Ou seja, estava sendo utilizada um elemento que também compõe a base de cálculo de um imposto, nesse caso, do IPTU. Essa questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu da seguinte maneira: os imóveis maiores, em tese, produzem mais lixo. Por esse motivo, esses imóveis gerariam um custo maior para o Estado coletar o lixo, o que justificaria uma taxa maior para esses imóveis. Ou seja, foi uma decisão baseada no fato presumido de que imóveis maiores produzem maior quantidade de lixo. Súmula Vinculante 29 É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. Espécies Tributárias 13 Na decisão relativa ao caso do município de São Carlos, o STF começou a deixar claro que é possível graduar outras espécies tributárias de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Mas o aspecto principal é que o valor da taxa não deve se desprender do custo do serviço prestado. Caso Custas Judiciais Vale mencionar as custas judiciais, que são uma taxa cobrada para a prestação jurisdicional. O valor das custas judiciais está relacionado ao valor da causa que será julgada. Assim, quanto maior for o valor da causa, maior será o valor das custas judiciais 📌 O STF entendeu que é constitucional a vinculação das custas judiciais ao valor da causa, desde que exista um teto para o valor das custas, com vistas a se evitar uma desproporcionalidade entre o custo efetivamente incorrido pelo Estado e o valor da taxa paga pelos contribuintes. Caso de Fiscalização Ambiental Em decisão recente, o STF entendeu que uma determinada taxa de fiscalização ambiental cobrada por um órgão do Estado do Amapá era muitas vezes superior às despesas do próprio órgão fiscalizador. Nesse caso, trata-se de nítida inconstitucionalidade, uma vez que o valor da taxa era desproporcional ao custo da atividade desenvolvida. Súmula Vinculante 19 (Coleta lixo X Limpeza urbana) A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal. 📌 A taxa relativa à coleta de lixo diz respeito à coleta domiciliar, ou seja, à retirada de lixo no imóvel do usuário. Os serviços de limpeza urbana em geral não são serviços divisíveis nem específicos, portanto, não podem ser cobradas taxas relativas a eles. Espécies Tributárias 14 Nesse sentido, a expressão “exclusivamente” empregada na súmula garante a especificidade do serviço e a expressão “provenientes de imóveis” garante a divisibilidade do serviço. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA Aspectos Gerais; Fato Gerador; 📌 Somente existe fato gerador se a melhoria for de valor. Valorização imobiliária decorrente de obra pública (art. 145, III da Constituição e artigos 81 e 82 do Código Tributário Nacional – CTN); Princípio da vedação ao enriquecimento sem causa; O fundamento da contribuição de melhoria é o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa. Como consequência de uma obra pública, algumas pessoas podem auferir um benefício muito superior àquele auferido pela coletividade, que financiou a obra pública. DESVALORIZAÇÃO imobiliária; Espécies Tributárias 15 Em contrapartida, diante de uma obra pública que importe em desvalorização imobiliária, além de não caber contribuição de melhoria, cabe também indenização por parte do Estado. Se a obra depreciou os imóveis circunvizinhos, é caso de se obter indenização, e não de cobrar contribuição de melhoria. – Ex.: Elevado Costa e Silva (Minhocão), caso que certamente serviu de inspiração para quem criou a questão. Valorização Imobiliária (ART. 81, CTN); Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. É interessante destacar que a contribuição de melhoria possui dois limites para sua cobrança: ▪ Limite Total → Despesa realizada; ▪ Limite Individual → Acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. A cobrança da contribuição de melhoria não pode inverter o problema, isto é, o Estado não pode enriquecer sem causa por meio de contribuição de melhoria. Seria o caso, por exemplo, de uma obra pública ter custado R$ 1 milhão e dessa obra ter resultado uma valorização de R$ 50 mil para 100 imóveis. Se o Estado cobrasse uma contribuição de melhoria de R$ 50 mil para cada um dos 100 imóveis valorizados, ele arrecadaria o valor de R$ 5 milhões. Ou seja, haveria enriquecimento sem causa do Estado. Assim, o Estado somente pode cobrar, no máximo, o valor que ele gastou para realizar a respectiva obra pública. Tipo de Tributo e Competência; A contribuição de melhoria é um tributo VINCULADO, cobrado em razão de obras públicas das quais decorra valorização imobiliária. É um tributo de COMPETÊNCIA COMUM, isto é, tanto a União, como os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituí-la. Espécies Tributárias 16 Requisitos Mínimos (ART. 82, CTN); Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: i. Publicação prévia dos seguintes elementos: a. Memorial descritivo do projeto; b. Orçamento do custo da obra; c. Determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d. Delimitação da zona beneficiada; e. Determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; ii. Fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; iii. Regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio (de acordo com a valorização individual de cada imóvel) da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Aumento do IPTU decorrente da melhoria; A valorização imobiliária decorrente de obra pública é ocasião para duas coisas distintas: cobrança da contribuição de melhoria e possível aumento do valor cobrado relativo ao IPTU, pois o fato gerador do IPTU é a propriedade de bem imóvel e um dos elementos que compõem sua base de cálculo é o valor do metro quadrado da região em que o imóvel está localizado; Como houve valorização da área decorrente de obra pública, uma lei municipal poderá alterar o valor do metro quadrado de determinado local, portanto, aumentando o valor pago do IPTU. Espécies Tributárias 17 Nessa situação, não haverá bis in idem, ou seja, o município não estará cobrando o mesmo valor duas vezes, pois os fatos geradores são diferentes: o fato gerador do IPTU é ser proprietário de bem imóvel, enquanto o fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária decorrente de obra pública. Princípio da Irretroatividade Depois que a obra está terminada, é impossível que o poder público crie a contribuição de melhorias, pois existe um impedimento constitucional que estabelece que nãose pode cobrar tributos contra fato gerador ocorrido antes do início da vigência da lei que os instituiu ou aumentou. Para concurso, contudo, o importante é saber que não há como, depois de feita a obra e acontecida a valorização, criar lei para cobrar esse tributo, por conta do princípio da irretroatividade Criado por meio de lei A contribuição de melhoria não pode ser instituída por decreto pois o conceito de tributo é " prestação pecuniária instituída em lei" NÃO acarretam obra pública; 1. Limpeza não é obra pública. Para que haja fato gerador é preciso que exista obra e valorização do imóvel. 2. A mudança de destinação dos prédios históricos também não é obra pública. 3. Contratação de professor estrangeiro; 4. não se pode cobrar por recapeamento, APENAS pela PRIMEIRA PAVIMENTAÇÃO. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS Aspectos Gerais; Somente a UNIÃO pode instituir tal tributo (Competência exclusiva e indelegável); Sua instituição só pode ser feita por meio de LEI COMPLEMENTAR; Fatos geradores e bases de cálculo devem ser definidos na lei complementar instituidora; Espécie autônoma, ou seja, é um tributo diferente dos outros existentes no sistema brasileiro ( Cont. Especiais também); Espécies Tributárias 18 Apesar de ser compulsório (como todo tributo), é empréstimo, portanto, precisa ser restituído; Despesas Extraordinárias ( Art. 148, CF); A União cria empréstimos compulsórios: (i) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; e (ii) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Esses não são os fatos geradores. São apenas as situações que têm que ocorrer para que o empréstimo compulsório seja criado. • A pandemia de covid-19, declarada pelo Congresso como calamidade pública, por exemplo, seria uma das situações em que o Presidente poderia propor uma lei complementar para criar empréstimo compulsório. O legislador separou as situações de acordo com o grau de urgência e relevância:guerra e calamidade pública são sempre urgentes; investimento, nem sempre (por isso mesmo, precisou ser acompanhado, no texto da lei, dos adjetivos “urgente” e “relevante”). Espécies Tributárias 19 📌 ATENÇÃO - No caso de guerra civil, não cabe criação de empréstimo compulsório. No entanto, se houver uma guerra civil, ela muito provavelmente gerará uma calamidade pública. Nesse caso, o Governo pode solicitar declaração de calamidade pública pelo Congresso Nacional e criar o tributo Fato Gerador; Empréstimo compulsório pode ter um fato gerador qualquer, pois é a lei que define qual é esse fato. O legislador terá que criar algum fator de relevância econômica para poder tributar. Ex.1: Fato gerador de empréstimo compulsório sobre grandes fortunas é ter grandes fortunas (a lei definirá o que elas são). Ex. 2: Fato gerador de empréstimo compulsório sobre lucros e dividendos é a distribuição de lucros ou dividendos. 📌 ATENÇÃO - Empréstimo Compulsório e Imposto sobre grandes fortunas não teriam fato gerador idênticos? o que é vedado? O que é vedado é criar, no caso do imposto residual, novo imposto incidindo sobre fato gerador já tributado pelos impostos previstos na CF/1988. Ex.: A União poderia criar um novo imposto, mas não poderia criar novo IPVA, pois, para instituir imposto com base na competência residual, teria que inovar quanto a fatos geradores e base de cálculos. – Empréstimos compulsórios não têm essa restrição. Ex.: Já existiu um empréstimo compulsório sobre aquisição de combustível, que tinha o mesmo valor de um tributo existente na época, o IVVC (Imposto sobre Venda, Varejo e Combustíveis – o qual, hoje, equivale ao ICMS). RELEMBRANDO; Quatro tributos só podem ser criados por lei complementar: 1. Impostos residuais; 2. Empréstimos compulsórios; 3. Contribuições residuais; e 4. Imposto sobre grandes fortunas. Espécies Tributárias 20 NÃO é competência extraordinária Empréstimo compulsório não é uso de competência extraordinária, pois em Direito Tributário, a expressão competência extraordinária se refere especificamente aos IMPOSTOS que a União pode criar em caso de GUERRA EXTERNA ou sua iminência. 📌 ATENÇÃO - Em situação de guerra, a União pode criar tanto o imposto extraordinário quanto o empréstimo compulsório. (ou os dois) O imposto extraordinário é mais fácil de se criar pois não necessita de lei complementar e ainda tem a vantagem de não ter que restituir o dinheiro depois como no empréstimo compulsório. Lei Complementar A instituição, apesar de sempre depender de situações de relevância e urgência, somente pode ser feita por lei complementar - não cabe Medida Provisória. Inclusive, esse é um ponto que muitos criticam, dizendo que deveria ser por medida provisória, pois basta que o Presidente a assine para que tenha validade. Lei complementar é mais difícil de ser aprovada pelo Congresso. A lei complementar precisa ser aprovada por maioria absoluta (mais da metade do número total de integrantes) na Câmara e no Senado, enquanto a lei ordinária precisa de apenas a metade dos presentes na sessão. Arrecadação Vinculada Se o Governo cria um empréstimo compulsório para enfrentar uma calamidade pública, por exemplo, esse dinheiro não pode ser empregado com outro fim; A receita do tributo é vinculada a determinada despesa (referente às já citadas situações de guerra externa, calamidade pública ou investimento público urgente e de relevante interesse nacional). O empréstimo compulsório, portanto, pode ser classificado como um tributo não vinculado ( não dependem de manifestação estatal) de receita vinculada. Definições Vinculado 1. Vinculado ( Conceito de tributo) = todos são obrigatórios, devendo-se cobrar o tributo quando o fato gerador acontecer. Espécies Tributárias 21 2. Quanto ao fato gerador, existem tributos vinculados ou não vinculados. – Se ele depende de atuação estatal, como é o caso das contribuições de melhoria, por exemplo, cuja cobrança depende de o Estado ter feito uma obra e de ter decorrido dela valorização imobiliária, o tributo é vinculado. Quando o tributo é como o imposto, dependendo somente de manifestação de riqueza, é não vinculado. 3. Quanto ao destino do dinheiro pode ser vinculado a determinada despesa ou não;. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS Aspectos Gerais; As contribuições especiais têm fatos geradores idênticos aos dos impostos, a única diferença é que elas têm destino da arrecadação específico Tributo de arrecadação vinculada, sendo a sua destinação elemento característico de sua natureza jurídica. Apenas pelo nome do tributo já se pode saber para onde se destina o dinheiro. Um exemplo é a contribuição para o custeio de iluminação pública (COSIP) Fatos geradores e bases de cálculo devem ser definidos na lei instituidora. CF/1988 Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. 📌 Trata-se de mais um tributo que é competência somente da União, porém, ao contrário do empréstimo compulsório, apresenta exceções. O Art. 149 da CF apresenta 3 grupos de contribuições especiais : 1. Sociais Espécies Tributárias 22 2. De intervenção no domínio econômico (CIDE) - Também conhecidas como contribuições interventivas; 3. De interesse nas categorias profissionais ou econômicas - Também conhecidas como contribuições corporativas; A quarta contribuição especial será mencionada no art. 149-A: contribuição de serviço de iluminação pública (COSIP ou CIP) Art 149, § 2. Contr. Sociais eCIDEs Quanto às contribuições sociais e às CIDEs, aprenda que elas: 1. não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; 2. incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; 3. poderão ter alíquotas: a. ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b. específica, tendo por base a unidade de medida adotada. A alíquota ad valorem é caracterizada pela aplicação de um percentual sobre a base de cálculo para chegar ao valor do imposto devido, já a alíquota específica é caracterizada por considerar uma unidade de medida para determinar o valor do imposto a ser pago. Espécies Tributárias 23 Cont. para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP) A respeito da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública – COSIP, essa é de competência exclusiva dos Municípios e Distrito Federal, podendo o seu valor ser cobrado na fatura da energia elétrica (149-A, caput e par. único, CF). 📌 ATENÇÃO. = COSIP é uma contribuição sui generis Exceção; "Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas," Quanto ao art. 149, a única exceção que vai existir envolve vários ESTADOS E MUNICIPIOS. O tributo que serve como exceção é a contribuição para a previdência dos servidores públicos. Um servidor de Recife, por exemplo, estatutário e efetivo, que passou em concurso, não se aposentará pelo INSS, mas pelo Reciprev. Foi instalado um regime próprio de previdência do servidor público. Essa contribuição é criada por lei do Recife. Contribuições Sociais; Devido aos regimes jurídicos serem diferentes, o Supremo divide a contribuição especial da seguinte maneira: 1. Específicas - Seguridade Social (+ Importante) 2. Gerais 3. Residuais ( Também para seguridade) 📌 Apenas as contribuições residuais precisam de de LEI COMPLEMENTAR. Espécies Tributárias 24 Contribuições sociais Específicas (Seguridade Social); art. 194, CF/88, “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social” O art. 195, CF/88 prevê que a seguridade social (saúde, previdência social e assistência social) será financiada pelo Poder Público, pela sociedade e pelas contribuições sociais. Quanto às contribuições de seguridade social, é importante saber que há contribuições cobradas (art 195, CF): 1. Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei que incidem sobre: (a) A folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (b) A receita ou o faturamento; (c) O lucro; 2. Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social 3. Sobre a receita de concursos de prognósticos; 4. Do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar No que se refere ao item 2, ressaltamos que sobre a aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social não incidem as contribuições sociais. Espécies Tributárias 25 Para cobrança das contribuições sociais específicas, como será visto, é necessário que o ente federativo respeite o Princípio da Anterioridade Nonagesimal (art. 150, III, b, CF c/c 195, § 6º, CF), somente, podendo, assim, ser cobrado após 90 dias da publicação da lei que as instituir. As contribuições sociais de seguridade social previstas no artigo 195 da Constituição Federal serão instituídas por meio de lei, não existindo nesse caso reserva de lei complementar. Contribuições sociais gerais; As contribuições sociais gerais servem para financiar a área social distinta daquela compreendida na SEGURIDADE SOCIAL e serão instituídas por lei ordinária, diferentemente do que temos para as outras contribuições de seguridade social. Espécies Tributárias 26 É um exemplo dessa subespécie, também, o salário-educação, o qual é uma contribuição social destinada ao financiamento de programas, projetos e ações voltados para a educação básica pública, conforme previsto no § 5º do art. 212 da Constituição Federal de 1988. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006) Contribuições Residuais Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. [...] Art. 154. A União poderá instituir: I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; Para sua criação, então, é preciso que a União respeite determinadas regras trazidas pelo artigo 154, I, que também são aplicáveis aos impostos residuais: 1. Dever ser através de Lei Complementar; Espécies Tributárias 27 2. Não pode ter fato gerador nem base de cálculo de outras contribuições já existentes; 3. Deve ser não cumulativa 📌 Há uma peculiaridade ainda sobre o tema, as referidas contribuições sociais não podem ter a mesma base de cálculo e fato gerador de contribuições sociais já existentes, mas podem ter a mesma base de cálculo e fato gerador de impostos já existentes. Note a posição do STF: RE 228.321-RS “Quando o §4º, do art. 195, da C.F., manda obedecer a regra da competência residual da União – art. 154, I – não estabelece que as contribuições não devam ter fato gerador ou base de cálculo de impostos. As contribuições, criadas na forma do §4º, do art. 195, da C.F., não devem ter, isto sim, fato gerador e base de cálculo próprios das contribuições já existentes.” Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Tributo exclusivo da União; tem como fato determinante da sua natureza jurídica a sua finalidade, tendo em vista ser um tributo de arrecadação vinculada, e, como o seu próprio nome diz, foi prevista pelo legislador constituinte com o intuito de intervir no “domínio econômico”. Tributo Extrafiscal; Com esse tipo de tributo o Poder Público visa estimular ou desestimular determinadas atitudes dos contribuintes que impactam social ou economicamente; No caso da CIDE, esta é uma contribuição que é arrecadada e destinada para incentivo em determinado setor da economia Uma CIDE presente no sistema tributário brasileiro amplamente conhecida é a CIDE-Combustível, e, no art. 177, par. 4º, a CF dispõe que, quanto às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível: Espécies Tributárias 28 1. sua alíquota poderá ser diferenciada por produto ou uso; 2. sua alíquota poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, de modo que essa determinação deve respeitar o Princípio da Anterioridade Nonagesimal. 3. os seus valores arrecadados serão destinados: a. ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b. ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c. ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes. Art. 177. Constituem monopólio da União: [...] § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintesrequisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) I – a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) II – os recursos arrecadados serão destinados: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) Espécies Tributárias 29 b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) 📌 Em relação a destinação, a União poderá fazer os 3. E os Estados/ Municípios poderão destinar pra programas de infraestrutura de esportes. (Lembrar que do CIDE - Comb. A união reparte 29% pros estados, e os estados repartem para o Município 25% desses 29%.) É importante destacarmos, ainda, quanto a contribuição devida ao SEBRAE: o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 396.266, reconheceu que esta é um exemplo de CIDE por ser destinada para viabilizar a promoção do desenvolvimento das micros e pequenas empresas, visando, portanto, intervir na economia. Seguem mais exemplos de CIDE: Adicional de Tarifa Portuária (ATP) –RE 209.365, rel. min. Carlos Velloso, j. 4- 3- 1999, P, DJ de 7-12-2000. Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) - RE 177.137, rel. min. Carlos Velloso, j. 24-5-1995, P, DJ de 18-4-1997. Contribuição de Iluminação Pública - COSIP A COSIP foi inserida na CF/88 em 2002 através da Emenda Constitucional de n. 39. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 39, de 2002) Espécies Tributárias 30 Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 39, de 2002) Antes da sua previsão, o serviço de iluminação era remunerado através de taxa. No entanto, o STF reconheceu a sua inconstitucionalidade, por não ser possível identificar a especificidade e a divisibilidade na prestação do referido serviço a cada contribuinte, que, como você já viu, é característica essencial das taxas de serviço público. SÚMULA VINCULANTE 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Diante da necessidade do ente federativo carrear recursos para custeio do serviço de iluminação pública foi que o legislador constituinte derivado previu, então, a contribuição ora estudada e determinou que serão competentes para instituí-la os Municípios e o DF. O que determina a sua natureza jurídica é a sua destinação para custear o serviço de iluminação pública das cidades. Há quem entenda que o referido serviço deve ser custeado através de parcela dos impostos, mas a justificativa pelos agentes políticos, administradores dos valores públicos, foi de que a quantia que era repassada dos impostos para financiar a iluminação pública era pequena. Nesse sentido, embora haja questionamento por alguns juristas a respeito da constitucionalidade da COSIP, o importante é que você saiba que ela é considerada constitucional. Deparando-se com questionamentos sobre a sua validade, o STF, ao julgar o RE 573.675/SC acima mencionado, destacou ainda que: I – Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II – A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não Espécies Tributárias 31 afronta o princípio da capacidade contributiva. III – Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV – Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. (RE 573675, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-094 DIVULG 21-05-2009 PUBLIC 22-05-2009) Por fim, atente-se para o fato de que a CF/88, em seu art. 149-A, parágrafo único, faculta que os Municípios e o DF cobrem a COSIP na fatura de energia elétrica Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou econômicas - Corporativas previstas no art. 149, CF Tendo em vista a sua característica de tributo de arrecadação vinculada, o produto da sua arrecadação deve ser destinado a beneficiar determinada categoria. São tributos, instituídos pela União e repassados para as instituições interessadas. Como exemplo clássico, há os Conselhos de Fiscalização Profissionais, como o Conselho Regional de Medicina (CRM), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). As anuidades cobradas por esses conselhos são as chamadas contribuições corporativas 📌 Uma peculiaridade sobre o tema, diz respeito à OAB e à sua anuidade. O STF já reconheceu que como entidade indispensável à administração da justiça, ela seria uma autarquia sui generis, e, por causa disso, a sua anuidade não possuiria natureza tributária. Não tendo natureza de tributo, a contribuição para a OAB não deve respeito às normas tributárias para sua instituição ou alteração Espécies Tributárias 32 Outra contribuição que faz parte desse subgrupo é a contribuição sindical, a qual, quando estabelecida por lei será cobrada compulsoriamente do trabalhador. Da análise do art. 8º, inciso IV, CF/88, depreende-se que a Constituição traz a possibilidade de instituição de uma contribuição associativa - que é estabelecida em assembleia geral - para custeio do sistema confederativo. Esta exação é chamada de contribuição confederativa e não terá natureza tributária, de modo que não é obrigatório o seu pagamento pelos profissionais da respectiva categoria econômica que não sejam filiados ao respectivo sindicato. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. Súmula 666, STF - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Súmula Vinculante 40 - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. No final do art. 8, IV, CF/88, entretanto, o legislador constituinte afirma que essa contribuição confederativa será descontada independentemente de uma OUTRA contribuição prevista em lei. Percebe-se, nesse caso, que existe a possibilidade da instituição de uma OUTRA contribuição, essa sim com natureza tributária, criada por lei e cobrada compulsoriamentedos profissionais da respectiva categoria econômica. Veja a posição do STF sobre o tema: Espécies Tributárias 33 A questão a saber é se a denominada contribuição confederativa, inscrita no art. 8º, IV, da Constituição Federal, fixada pela assembleia geral, é devida pelos empregados não filiados ao sindicato. Noutras palavras, se apresenta ela caráter de compulsoriedade,vale dizer, se é obrigatório o seu pagamento por empregados não filiados ao sindicato. ([...]) Primeiro que tudo, é preciso distinguir a contribuição sindical, contribuição instituída por lei, de interesse das categorias profissionais - art. 149 da Constituição - com caráter tributário, assim compulsória, da denominada contribuição confederativa, instituída pela assembleia geral da entidade sindical - C.F., art. 8º, IV. A primeira, conforme foi dito, contribuição parafiscal ou especial, espécie tributária, é compulsória. A segunda, entretanto, é compulsória apenas para os filiados do sindicato. (RE 198092, Relator Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, julgamento em 27.8.1996, DJ de 11.10.1996) Com isso, podemos resumir as características das exações previstas no artigo 8º da Constituição da seguinte forma: Ocorre que, atualmente, em face de alteração promovida na Consolidação das Leis do Trabalho em 2017, as exações ali previstas – que antes possuíam natureza tributária - não mais estão adequadas ao conceito do artigo 3º do CTN. Espécies Tributárias 34 Art. 578 - As contribuições devidas aos Sindicatos pelos que participem das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação do “imposto sindical”, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo. Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) Como se vê, atualmente não existem mais contribuições sindicais com natureza tributária. Nada impede, entretanto, que voltem a ser cobradas caso instituídas em lei de forma cogente, tendo em conta a manutenção da competência para sua instituição na Constituição Federal.
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