Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo de Biofísica dos Fluidos 0 0 www.sanarflix.com.br Resumo Biofísica dos Fluidos Maria Paula dos Anjos Silva Faculdade Santo Agostinho Resumo de Biofísica dos Fluidos 1 1 www.sanarflix.com.br 1. Introdução O estudo do movimento dos fluidos (gases e líquidos) recebe o nome de fluidodinâmica. Estes apresentam comportamento diferente dos sólidos, os quais tem uma forma bem definida. Os fluidos são formados por partículas com grande independência e não apresentam forma definida (baixo grau de ordem). No corpo humano, os fluidos estão em constante movimento, como por exemplo, a circulação sanguínea nos vasos e a entrada e saída de ar pelos pulmões. Nos sistemas biológicos (sistemas estes cujos elementos são vivos como as células), os quais são dissipativos, o entendimento de conceitos da fluidodinâmica torna-se importante para compreender temas como a fisiologia cardiovascular e respiratória. 2. Sistemas Compostos por Fluidos A interação entre o fluido e o continente que o acondiciona é chamado de sistema. Circuito, por sua vez, corresponde a um sistema de fluidos dinâmicos. Podemos ainda classificar os circuitos em: • Circuito aberto: é quando um circuito possibilita o contato do fluido com outros sistemas, de modo que o fluido ou parte dele pode deixar o circuito, variando assim seu volume. • Circuito fechado: o circuito não possibilita contato do fluido com outros sistemas, ou seja, o seu volume é constante. Figura 1: Tipos de circuito (aberto e fechado) FONTE: MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri Marques. Biofísica Essencial. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2012. Resumo de Biofísica dos Fluidos 2 2 www.sanarflix.com.br 3. Pressão Uma das leis fundamentais da fluidodinâmica diz que a aceleração do fluido apenas ocorrerá quando houver a diferença de pressão entre dois pontos, de modo que a aceleração do fluido ocorre do ponto de maior pressão do circuito para o ponto de pressão menor. A pressão é definida por um agente físico que é capaz de acelerar ou desacelerar os fluidos (rompimento da inércia), ou seja, a lei da inércia também se aplica aos fluidos. A Lei de Boyle diz que ao aumentar o volume do recipiente (continente) a sua pressão interna diminui e, em contrapartida, ao diminuir seu volume, a pressão interna aumenta. Por exemplo, ao inspirar, expandimos os pulmões e a pressão em seu interior diminui, ficando menor do que pressão atmosférica, então o ar se acelera e entra nos pulmões, indo do ponto de maior pressão para o de menor pressão. A partir disso, podemos definir dois conceitos comuns na área da fisiologia: • Pressão positiva: é a pressão que faz com que o fluido saia de seu continente, ou seja, é quando aumentamos a pressão do recipiente. Quando se desejar “criar” uma pressão positiva, o volume do continente deve ser diminuído. • Pressão negativa: tem conceito reverso ao primeiro, logo, esta é a pressão que faz com que o fluido entre, ou seja, seja aspirado para o interior do recipiente, sendo uma pressão de sucção. Aqui, aumentando o volume do continente a pressão é diminuída. Resumo de Biofísica dos Fluidos 3 3 www.sanarflix.com.br Figura 2: Variações de pressão e movimento dos fluidos. FONTE: MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri Marques. Biofísica Essencial. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2012. 4. Fluxo O fluxo é um conceito extremamente importante para a fluidodinâmica. O fluxo é, por definição, a razão entre o volume pelo tempo, sendo sinônimo de vazão. Por exemplo, se uma mangueira leva 5 horas para encher uma piscina de 1000 litros, sua vazão é de 200 litros a cada hora. Vale salientar que fluxo e velocidade são grandezas diferentes, a velocidade é a razão entre a distância percorrida e o tempo. 5. Energia Mecânica dos Fluidos É dada pela soma das energias cinética e potencial. A energia potencial é o tipo de energia estabelecida pela pressão que rompe a inércia dos fluidos, enquanto que a energia cinética é estabelecida pela velocidade de escoamento do fluido, sendo a quantidade de energia que um corpo tem por conta de seu movimento. Resumo de Biofísica dos Fluidos 4 4 www.sanarflix.com.br 6. Fluxo Laminar Figura 3: Apresentação dos fluxos (laminar e turbilhonado). FONTE: MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri Marques. Biofísica Essencial. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2012. A figura ilustra uma experiência com dois fluidos imiscíveis e com cores diferentes, em repouso (situação A). Para que a os fluidos se acelerassem, foi aplicada uma pressão e sua trajetória foi observada (situação B). Nota-se que as regiões centrais se moveram com uma velocidade maior e que a trajetória do vetor velocidade é linear e paralela, movendo-se como lâminas. Na situação C, vê-se um turbilhonamento (fluxo turbilhonado). Este é o fluxo que ao escoar acaba tendo muito atrito entre suas camadas por conta de algum estreitamento, expansão ou bloqueio no vaso. Pensando no sistema cardiovascular, o choque mecânico entre suas lâminas pode liberar ondas sonoras que ao estetoscópio produzem um som particular, sendo conhecido como sopro. Isaac Newton demonstrou que o movimento do fluido é como cilindros concêntricos e o porquê desse fenômeno ainda é um dos mistérios da física que envolvem a fluidodinâmica. Resumo de Biofísica dos Fluidos 5 5 www.sanarflix.com.br Figura 4: Modelo dos cilindros para explicar o fluxo laminar. FONTE: MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri Marques. Biofísica Essencial. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2012. 7. Resistência ao Fluxo Para o fluido se manter em movimento contínuo, a resistência ao fluxo deve ser vencida por uma força motriz. A força de resistência é a força que vai se opor ao movimento, enquanto que a força motriz age em favor ao movimento. Pode ser dito que: o fluxo é definido pela divisão entre a diferença de pressão e resistência, sendo diretamente proporcional à diferença de pressão e inversamente à resistência ao escoamento. Existem fatores que influenciam na resistência ao fluxo. O raio do vaso é um deles, sendo que quanto maior for o raio, menor será a resistência e maior será o fluxo. A relação entre o raio e o fluxo não é linear, ou seja, não aumentam proporcionalmente, mas sim, exponencialmente. Um pequeno aumento no raio provoca um grande aumento no fluxo, de modo que se o primeiro for dobrado, o segundo será multiplicado por 16. Essa é a chamada Lei da quarta potência do vaso, na qual o fluxo do vaso é diretamente proporcional à quarta potência do seu raio. Este princípio comprova que alterações no calibre de um vaso refletem grandemente em seu fluxo. Outro fator que interfere no fluxo é a viscosidade, que é uma característica intrínseca do fluido – o fenômeno da viscosidade também ocorre nos gases. A viscosidade é a resistência que o fluido oferece para escoar, uma medida de quanto um Resumo de Biofísica dos Fluidos 6 6 www.sanarflix.com.br fluido “gruda”, por assim dizer. Por exemplo, o leite condensado é mais viscoso, apresentando mais aderência do que a água. Quanto mais viscoso for o fluido, maior será o atrito entre as lâminas (ver seção Fluxo laminar). Sendo assim, o fluxo em um vaso é inversamente proporcional à viscosidade do fluido, e a resistência varia linearmente com a viscosidade. A relação existente entre a resistência e o comprimento do vaso também é linear, se dobramos o segundo, o primeiro também será multiplicado por 2, reduzindo assim o fluxo pela metade. Dessa forma, o fluxo é inversamente proporcional ao comprimento do vaso. Essa relação entre resistência x comprimento é explicada pelo aumento da superfície de atrito,devido ao aumento da extensão. Analisando a circulação humana, a variável comprimento não é tão significativa pois não há como aumentar ou diminuir expressivamente o comprimento de um vaso. A viscosidade, no entanto, é relativamente importante porque em algumas patologias pode haver uma alteração da viscosidade do sangue. Porém, como a Lei de Poiseuille diz, o principal determinante da resistência do fluxo no sistema circulatório é o raio do vaso. Referências bibliográficas 1. MOURÃO, Carlos Alberto; ABRAMOV, Dimitri Marques. Biofísica Essencial. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2012. Resumo de Biofísica dos Fluidos 7 7 www.sanarflix.com.br
Compartilhar