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Sarcopenia, Senescência do Sistema Osteoarticular e Digestório - GT - ana_dinizmed

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As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
 A massa muscular diminui entre os 20 e 90 
anos, e a força muscular, que é máxima por 
volta dos 30 anos também sofre perda a partir 
dos 50 anos. 
 Essa redução ocorre tanto em número quanto 
no volume das fibras. 
 Entretanto, a força muscular do diafragma sofre 
pouca alteração, enquanto a força da 
musculatura da panturrilha diminui 
significativamente ao longo dos anos 
 O conceito atual define sarcopenia como não 
apenas o processo de perda de massa 
muscular relacionada com o envelhecimento, 
mas também inclui a perda da força e da função 
muscular 
 A sarcopenia deve ser considerada sob a 
perspectiva de um modelo contínuo de vida, ou 
seja, deve ser observada desde o nascimento 
do indivíduo. 
 O trabalho muscular é necessário para a 
manutenção de quase todas as funções do 
corpo como postura, locomoção, respiração e 
digestão. 
a) Massa muscular 
 Assim como a força, a massa muscular é 
praticamente mantida entre os 25 e 50 anos, 
com pouca redução no número de fibras 
musculares e no tamanho das fibras. 
 Contudo, é entre os 50 e os 80 anos de idade 
que ocorre a maior perda da massa muscular 
 É interessante notar que, ao contrário da 
redução do número de fibras que ocorre na 
mesma proporção entre as fibras de contração 
lenta (tipo I) e as fibras de contração rápida 
(tipo II), a diminuição do tamanho das fibras 
ocorre predominantemente entre as do tipo II. 
 
b) Epidemiologia 
 As síndromes geriátricas são o resultado de 
interações não compreendidas entre doenças 
e envelhecimento dos múltiplos sistemas, o 
que produz sinais e sintomas 
 Incapacidade, dependência, institucionalização 
e morte são desfechos comuns dos idosos 
 A inclusão da sarcopenia como uma síndrome 
geriátrica é justificada pela: 
 Elevada prevalência na população idosa 
 Múltiplos fatores etiológicos (diminuição da 
ingesta alimentar, estilo de vida sedentário, 
alterações hormonais e doenças crônicas) 
 Consequências ruins para a saúde do 
idoso (prejuízo nas AVDs, aumento do 
risco de quedas e fraturas, perda da 
independência e aumento do risco de 
morte) 
 Sarcopenia é uma síndrome caracterizada por 
progressiva e generalizada perda de massa e 
função muscular com risco de eventos 
adversos como incapacidade física, perda da 
qualidade de vida e morte. 
 A utilização do critério de avaliação da função 
muscular permite que o diagnóstico tenha 
maior valor clínico. 
 
c) Fatores de Risco 
 Múltiplos fatores de risco e vários mecanismos 
contribuem para o desenvolvimento da 
sarcopenia 
 Entre os principais fatores de risco estão: 
1. Falta de atividade física 
 Em qualquer idade, trata-se de fator 
contribuinte importante na perda de massa 
e força muscular. 
 Atividades aeróbicas aumentam o 
consumo máximo de O2, melhoram a 
adaptação e a função neuromuscular e 
estão associadas à diminuição da 
morbidade e mortalidade nessa população. 
 Exercícios aeróbicos não contribuem tanto 
para hipertrofia muscular quanto os 
exercícios resistidos, mas estimulam a 
síntese proteica e ativam células satélites. 
 
2. Baixa ingesta calórica e proteica 
 A taxa de síntese de proteína muscular 
sofre redução no idoso. 
 Fatores nutricionais, doenças e inatividade 
são fatores responsáveis por essa redução. 
 Baixa ingesta calórica e proteica em 
pessoas idosas está associada ao 
desenvolvimento de fragilidade. 
 Diversos mecanismos levam à diminuição 
da ingesta alimentar pelo idoso (anorexia 
do envelhecimento), como: 
 Diminuição do apetite 
 Redução da função de órgãos sensoriais 
 Alteração na dentição e saciedade precoce 
(aumento da liberação de colecistocinina e 
elevação da leptina). 
 
3. Modificações hormonais 
 Há evidências de que alterações 
hormonais relacionadas com o 
envelhecimento estão ligadas à perda de 
massa e força muscular. 
3.1 Insulina 
 A sarcopenia pode ser acompanhada por 
aumento progressivo da gordura corporal total 
e da gordura intramiocelular, que estão 
associadas ao risco de resistência à insulina. 
 
3.2 Estrógeno 
 O estrógeno previne a perda de massa 
muscular, já que, com o seu declínio associado 
Sarcopenia, Senescência do Sistema 
Osteoarticular e do Digestório 
Sarcopenia 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
à idade, aumentam os níveis de citocinas pró-
inflamatórias (TNF-α e IL-6) envolvidas na 
sarcopenia. 
 
3.3 Hormônio do crescimento e fator de 
crescimento insulina-símile 
 Tanto o GH quanto o IGF-1 declinam com a 
idade e estão entre os prováveis contribuintes 
para o desenvolvimento da sarcopenia. 
 
3.4 Testosterona 
 Há uma relação entre baixos níveis de 
testosterona no idoso e perda de massa, de 
força e de função muscular 
 A testosterona provoca aumento no número de 
células satélites musculares. 
 
3.5 Deidroepiandrosterona 
 Os níveis de DHEA, outro hormônio esteroide 
anabolizante, diminuem consideravelmente 
com a idade. 
 
3.6 Vitamina D e paratormônio 
 Baixos níveis séricos podem influenciar o 
turnover das proteínas musculares a partir da 
redução da secreção de insulina. 
 Baixos níveis de vitamina D são 
frequentemente associados à elevação do PTH 
 O PTH pode modular a função muscular a partir 
do aumento do cálcio intracelular ou pela 
indução de uma via pró-inflamatória. 
 
4. Alterações nos níveis de citocinas 
 O envelhecimento está associado a 
aumento gradual e crônico da produção de 
citocinas pró-inflamatórias (IL-6, TNF-α). 
 Há evidências de que o aumento da massa 
gordurosa e a diminuição nos níveis de 
hormônios sexuais circulantes decorrentes 
do envelhecimento colaborem para isso. 
 
5. Alterações no remodelamento do tecido 
muscular 
 
6. Perda de neurônios motores-alfa 
 
7. Alterações no recrutamento de células 
musculares 
 
8. Apoptose 
 Mutações no DNA mitocondrial do tecido 
muscular são associadas a apoptose 
acelerada dos miócitos, a qual pode ser a 
via de ligação entre a disfunção 
mitocondrial e a perda de massa muscular. 
 
9. Disfunção Mitocondrial 
 A função mitocondrial pode ser afetada 
pelo dano cumulativo ao DNAm do 
músculo 
 Esse fato pode resultar em redução da taxa 
de síntese de proteína muscular e de 
trifosfato de adenosina (ATP) e, finalmente, 
na morte das fibras musculares e perda de 
massa muscular. 
 
10. Influência genética 
 Fatores genéticos são os principais fatores 
relacionados com a variabilidade da força 
muscular de um indivíduo. 
 
d) Classificação e estágios 
 A sarcopenia pode ser considerada primária 
quando não se encontra nenhuma causa 
identificável, além do próprio envelhecimento. 
 É considerada secundária quando uma ou mais 
causas são evidentes 
 Em muitos idosos a causa é multifatorial, 
tornando muito difícil a classificação da 
sarcopenia em primária ou secundária. 
 O estadiamento dessa enfermidade reflete a 
gravidade da condição. 
 O EWGSOP sugere três estágios para essa 
condição: 
1. Pré-sarcopenia 
 É caracterizada por diminuição da massa 
muscular, sem impacto na força muscular 
ou no desempenho físico. Esse estágio 
pode ser identificado somente por técnicas 
de medidas precisas da massa muscular 
em comparação a uma população padrão. 
 
2. Sarcopenia 
 Caracterizado por diminuição da massa 
muscular além de diminuição na força 
muscular ou no desempenho físico. 
 
3. Sarcopenia grave 
 É identificada quando os três critérios estão 
presentes. 
 
 Para isso é realizado um questionário SARCF 
para o diagnóstico: 
Avaliação Perguntas Pontos 
Strength 
(força) 
O quanto de 
dificuldade você tem 
para levantar e 
carregar 5kg? 
0: Nenhuma 
 
1: Alguma 
 
2: Não faz 
Assistance in 
walking 
(ajuda para 
caminhar) 
O quanto de 
dificuldade você tem 
para atravessarum 
cômodo? 
0: Nenhuma 
 
1: Alguma 
 
2: Não faz 
Rise from a 
chair 
(levantar da 
cadeira) 
O quanto de 
dificuldade você tem 
para levantar de uma 
cama/cadeira? 
0: Nenhuma 
 
1: Alguma 
 
2: Não faz 
Climb stairs 
(subir escadas) 
O quanto de 
dificuldade você tem 
para subir um lance 
de escadas de 10 
degraus? 
0: Nenhuma 
 
1: Alguma 
 
2: Não faz 
Falls (quedas) 
Quantas vezes você 
caiu no último ano? 
0: Nenhuma 
 
1: Alguma 
 
2: Não faz 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
e) Sarcopenia e outras condições 
 A sarcopenia é encontrada em outras 
síndromes que cursam com grande perda de 
massa muscular. 
 A diferenciação entre essas síndromes é 
importante para que se identifique a 
abordagem diagnóstica e terapêutica 
apropriada para cada condição. 
1. Caquexia 
 É uma condição clínica em que o idoso com 
doenças sistêmicas graves, como câncer, 
insuficiência cardíaca, doença pulmonar 
obstrutiva e doença renal em estágio 
terminal, apresenta intensa perda de peso. 
 Tem sido definida como uma síndrome 
metabólica complexa associada a uma 
doença subjacente e caracterizada por 
perda muscular, com ou sem perda de 
gordura. 
 A caquexia é frequentemente associada a 
inflamação, resistência à insulina, anorexia 
e quebra das proteínas musculares. 
 
2. Fragilidade 
 Fragilidade é uma síndrome biológica de 
diminuição da capacidade de reserva 
homeostática do organismo e de 
resistência aos estressores, que resulta em 
declínios cumulativos em múltiplos 
sistemas fisiológicos, causando aumento 
da vulnerabilidade e de eventos adversos 
como quedas, hospitalização, 
institucionalização e morte 
 O conceito geral de fragilidade, contudo, 
deve considerar não somente o aspecto 
físico, mas também aspectos psicológicos, 
como a função cognitiva, e aspectos 
sociais e ambientais 
 Os fatores avaliados são: 
 Perda involuntária de peso 
 Exaustão/fadiga 
 Fraqueza 
 Velocidade da marcha 
 Baixa atividade física 
 
3. Obesidade sarcopênica 
 A obesidade sarcopênica é uma condição 
clínica caracterizada por sarcopenia e 
obesidade. 
 Em condições como câncer, artrite 
reumatoide e o próprio envelhecimento, a 
massa magra é perdida, e a massa gorda 
pode estar preservada ou aumentada. 
 É interessante registrar que a gordura 
intramiocelular e a gordura visceral 
aumentam com o avançar da idade, 
enquanto a gordura subcutânea diminui 
 
4. Osteoporose 
 A prevalência de sarcopenia, osteopenia e 
osteoporose sabidamente aumenta com a 
idade. 
 Portanto, manter ou aumentar a massa 
magra pode auxiliar a preservar a 
densidade mineral óssea dos idosos. 
 O músculo esquelético é a maior massa 
tecidual do corpo humano. 
 Com o envelhecimento, há uma diminuição 
lenta e progressiva da massa muscular, sendo 
o tecido nobre paulatinamente substituído por 
colágeno e gordura 
 Tal perda tem sido demonstrada: 
 Pela excreção da creatinina urinária, que 
reflete o conteúdo de creatina nos 
músculos e a massa muscular total 
 Pela tomografia computadorizada, (há 
maior densidade muscular e maior 
conteúdo gorduroso intramuscular) 
 
 Tal declínio está diretamente relacionado à 
diminuição da força muscular, acarretada pelo 
envelhecimento. 
 Há relação inversa entre a força muscular e a 
velocidade de deambulação em ambos os 
sexos. 
 A etiologia da sarcopenia é multifatorial, 
envolvendo alterações no metabolismo do 
músculo, alterações endócrinas e fatores 
nutricionais, mitocondriais e genéticos 
 O grau de sarcopenia não é o mesmo para 
diferentes músculos e varia amplamente entre 
os indivíduos. 
 O mais significativo é saber que o declínio 
muscular idade-relacionado é mais evidente 
nos membros inferiores do que nos superiores, 
haja vista a importância daqueles para o 
equilíbrio, a ortostase e a marcha dos idosos. 
 O envelhecimento está associado a uma 
diminuição da altura, do peso e do índice de 
massa corpórea (IMC). 
 Na velhice, a massa muscular relaciona-se à 
força e esta, por sua vez, à capacidade 
funcional do indivíduo. 
 A sarcopenia, desenvolvendo-se por décadas, 
progressivamente diminui a capacitação física, 
acabando por comprometer as atividades da 
vida diária e de relacionamento, por aumentar 
o risco de quedas, levando, a um estado de 
dependência cada vez mais grave. 
 A sarcopenia contribui para outras alterações 
idade-associadas como, por exemplo, menor 
densidade óssea, menor sensibilidade à 
insulina e menor capacidade aeróbica. 
 Em indivíduos sedentários, a massa magra é a 
principal consumidora de energia e, portanto, 
sua diminuição pelo envelhecimento faz com 
que sejam menores as necessidades 
energéticas. 
 A musculatura esquelética do velho produz 
menos força e desenvolve suas funções 
mecânicas com mais “lentidão”, dado que a 
excitabilidade do músculo e da junção 
mioneural está diminuída; há contração 
duradoura, relaxamento lento e aumento da 
fatigabilidade. 
 A diminuição da força muscular na cintura 
pélvica e nos extensores dos quadris resulta 
em maior dificuldade para a impulsão e o 
levantar-se 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
 Ao mesmo tempo, a diminuição da força da 
mão e do tríceps torna mais difícil o eventual 
uso de bengalas. 
 Todavia, nem a reduzida demanda muscular, 
tampouco a perda de função associada, são 
situações inevitáveis do envelhecimento, uma 
vez que podem ser minimizadas e até 
revertidas com o condicionamento físico. 
 A conhecida diminuição da resistência 
muscular com a idade, em situações 
estressantes (doença aguda, por exemplo), 
pode ser causa de rápido descondicionamento, 
o que vem a exigir maior atenção e uma 
intervenção mais pronta em idosos, sob o risco 
de maior imobilidade, menor estabilidade 
postural, quedas etc. 
 Há alterações posturais, como cifose, redução 
da lordose lombar e desenvolvimento de 
valgismo nos quadris, com alargamento da 
base de apoio. 
 A marcha do idoso difere da do adulto entre 
outros fatores, pelo menor comprimento dos 
passos, pela menor extensão dos joelhos, por 
menor força na flexão plantar dos tornozelos e 
por menor velocidade dos passos. 
 Assim, pequenas alterações na capacitação 
fisiológica podem ter efeitos marcantes no 
desempenho de indivíduos fragilizados 
 Entre as bases do fenômeno observa-se 
grande redução na expressão da sintase do 
óxido nítrico e sabe-se que, no músculo jovem, 
altos níveis de óxido nítrico aumentam o 
número das células satélites que inibem a 
extravasão de leucócitos para o músculo. 
 Viu-se que a diminuição na produção do óxido 
nítrico durante o envelhecimento muscular 
possibilita um aumento dos macrófragos anti-
inflamatórios M2a o que vem promover ainda 
mais a fibrose. 
 Tudo indica que a fibrose no músculo 
senescente seja consequência de um estado 
de inflamação crônica de baixo grau e que 
células, de diferentes linhagens, possam 
interagir na regulação de tal fenômeno. 
 Em outras palavras, a miostatina sérica é um 
marcador biológico da sarcopenia. 
 Já a isoforma MLC2 lenta como um possível 
marcador para o tipo de fibra muscular da 
sarcopenia. 
 Por fim, embora se reconheça que a 
sarcopenia não seja intrinsecamente 
irreversível com o envelhecimento, não tem 
sido possível demonstrar que os exercícios 
físicos per se possam preveni-la, 
a) Osso 
 O tecido ósseo é um sistema orgânico em 
constante remodelação, fruto dos processos de 
formação (pelos osteoblastos) e reabsorção 
(pelos osteoclastos). 
 Após a soldadura das epífises, persiste ainda 
um predomínio construtivo, em menor ritmo, e 
o ser humano alcança sua maior massa óssea 
na quarta década da vida: é o chamado “pico 
de massa óssea”. 
 A partir daí, praticamente, estabiliza-se a taxa 
de formação, enquanto a de reabsorçãoaumenta. 
 Por conseguinte, passa a ocorrer perda 
progressiva, absoluta, da massa óssea até 
então presente: é a “osteopenia fisiológica”. 
 Quaisquer considerações sobre o “osso” 
devem levar em conta o esqueleto apendicular 
e o esqueleto axial, o osso cortical e o osso 
trabecular (este último tem uma atividade 
metabólica cerca de 8 vezes maior que a do 
osso cortical), a “maturação” do esqueleto pela 
ação dos hormônios sexuais e o papel do 
estrógeno em ambos os sexos, dentre outras. 
 A atrofia óssea com o envelhecimento não se 
faz de modo homogêneo, pois, perde-se 
sobretudo osso trabecular (principalmente 
trabéculas de menor importância estrutural) 
seguida da perda do osso cortical (também 
aqui lamelas de menor importância localizadas 
na superfície endosteal). 
 A perda de massa óssea por involução ocorre 
sobretudo na mulher pós-menopausada (a falta 
do freio estrogênico libera a voracidade dos 
osteoclastos) e no velho contexto no qual 
sobressaem o paratormônio e a vitamina D. 
 Os idosos são potencialmente vulneráveis a 
um balanço cálcico negativo e às 
osteopenia/osteoporose em decorrência da 
hipovitaminose D. 
 Obtemos a vitamina D por meio de uma 
adequada alimentação e principalmente pela 
produção endógena da pele sob exposição 
solar. 
 Todavia, muitos fatores contribuem para não 
termos tal “rendimento” na velhice – dentre eles 
institucionalização, menor mobilidade, uso de 
vários agasalhos, menor exposição voluntária 
ao sol, maior tempo em interiores etc. 
 Significativamente, acresça-se a isso o fato de 
a pele envelhecida, sob idêntica exposição 
solar, produzir menor quantidade de vitamina D 
do que a pele do adulto jovem ( 
 Sabe-se, ainda, que o envelhecimento traz 
consigo menor produção da 1α-hidroxilase 
renal, enzima responsável pela introdução da 
segunda hidroxila no 25(OH)D, originando o 
calcitriol, sua forma mais ativa (1,25 (OH)2D). 
 Por conseguinte, os idosos, tendo uma 
reduzida produção endógena do calcitriol, 
passam a depender mais das fontes 
alimentares. 
 Entretanto, o que se observa é que, anos de 
uma monotonia alimentar quase sempre parca 
no consumo de alimentos ricos em vitamina D 
acabam por estabelecer, com frequência, os 
déficits encontrados na velhice. 
 Destaque-se ainda que há associação direta 
entre déficits dessa vitamina, condições de 
fraqueza muscular e depressão na velhice, 
além de se discutirem cada vez mais suas 
ações não relacionadas ao metabolismo 
osteomineral, uma vez que seus receptores 
Senescência do Sistema Osteoarticular 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
estão presentes em várias células/tecidos de 
diferentes órgãos (fígado, estômago, intestino, 
rins, músculos, tireoide, alvéolos pulmonares, 
mamas e neurônios cerebrais, entre outros). 
 Sabe-se hoje que níveis inadequados de 
vitamina D têm alta prevalência na velhice, 
mesmo em países tropicais, como o Brasil. 
Aspectos do metabolismo ósseo, diferenças 
quanto a raça, sexo etc. 
 
b) Cartilagem articular 
 A cartilagem articular (CA), produto de 
secreção dos condrócitos, é formada por matriz 
de colágeno tipo II altamente hidratada, 
conjuntamente com agregados de 
proteoglicanos (macromoléculas organizadas 
em uma complexa estrutura aniônica que atua 
como uma verdadeira mola biológica). 
 Os proteoglicanos têm rápido ritmo metabólico, 
ao contrário da quase fixidez do colágeno. 
 O colágeno tipo II é a mais abundante proteína 
fibrilar presente na CA, perfazendo cerca de 
85% do conteúdo de colágeno aí existente. 
 Evidências mostram que a síntese e a 
degradação do colágeno tipo II associam-se 
com a matriz pericelular e mantêm-se em um 
estado de equilíbrio dinâmico ao longo dos 
anos, não apresentando as alterações 
moleculares comumente associadas à 
osteoartrite 
 A composição e a organização estrutural entre 
colágeno e proteoglicanos são os responsáveis 
pelas características de resistência, 
elasticidade e compressibilidade da CA, tecido 
extraordinário que amortece e dissipa forças 
recebidas, além de reduzir a fricção. 
 O principal tipo de proteoglicano presente na 
CA é o agrecano, constituído por um núcleo 
proteico ao qual se aderem muitas cadeias de 
sulfato de condroitina 
 O envelhecimento cartilaginoso traz consigo 
menor poder de agregação dos proteoglicanos, 
aliado a menor resistência mecânica da 
cartilagem 
 O colágeno adquire menor hidratação, maior 
resistência à colagenase e maior afinidade pelo 
cálcio. 
 A modificação não enzimática de proteínas 
tissulares por açúcares redutores é uma 
característica marcante do envelhecimento. 
 No envelhecimento cartilaginoso a rede 
colágena torna-se cada vez mais rígida, 
paralelamente ao fato de apresentar níveis 
elevados de pentosidina (um dos produtos de 
glicação avançada - AGES) que compreende 
um conjunto de moléculas heterogêneo de 
formação não enzimática que são capazes de 
modificar, irreversivelmente, propriedades 
químicas e funcionais de diversas estruturas 
biológicas 
 Tanto na cartilagem velha quanto naquela 
experimentalmente enriquecida com AGES, a 
taxa da síntese dos proteoglicanos foi 
inversamente proporcional ao grau de glicação 
 Assim, o aumento idade-relacionado dos 
AGES explica, em parte, o declínio na 
capacidade de síntese cartilaginosa. 
 Os condrócitos sofrem a ação reguladora de 
mediadores pré-catabólicos (metaloproteases 
e citocinas que promovem a degradação 
cartilaginosa) e pró-anabólicos (fatores de 
crescimento que ativam mecanismos de 
regeneração). 
 Os principais agentes da degradação 
cartilaginosa são as metaloproteases 
(MMP), enzimas zinco-dependentes 
distribuídas em 3 grupos: 
 Colagenases 
 Gelatinases 
 Estromelisinas 
 
 Das citocinas, destaca-se a ação catabólica 
da IL-1, da IL-6 e do TNF-α. 
 Dos fatores anabólicos, destacam-se as 
ações do IGF-1 e do TGF-β (transforming 
growth factor-β) na formação de cartilagem 
articular e na síntese de proteoglicanos. 
 Com o envelhecimento da CA reconhecem-se 
muitas alterações na estrutura do agrecano e 
dos agregados multimoleculares que ele forma 
com o hialuronato, fruto de processos 
anabólicos e catabólicos geridos por eventos 
celulares e extracelulares, em uma extensão 
que varia segundo o tipo, a articulação, o local 
e a profundidade considerada. 
 Assim, a síntese e o turnover de agregados 
sofrem influência da idade e do local de origem 
 A estabilidade da CA depende das atividades 
biossintéticas dos condrócitos que se 
contrapõem à degradação normal das 
macromoléculas da matriz. 
 Essa resposta condroprotetora ao estímulo 
mecânico não ocorre em condrócitos 
provenientes de cartilagens osteoartríticas 
 Embora estresses mecânicos e químicos 
possam ter efeitos desastrosos sobre a 
integridade estrutural da cartilagem, eles 
parecem ser determinantes apenas para 
alguns indivíduos, não explicando o declínio 
irreversível, idade-dependente, das respostas 
aos fatores de crescimento dos condrócitos e à 
síntese da matriz intersticial. 
 Essas alterações, também observadas em 
cultura de células, refletem mais um processo 
intrínseco do envelhecimento do condrócito. 
 Sabe-se que os condrócitos de idosos têm 
menor capacidade de proliferação e 
possibilidade reduzida de formar tecido novo. 
 A principal hipótese é de que o envelhecimento 
celular esteja regulado por um relógio biológico 
intrínseco associado às alterações nos 
telômeros 
 Observou-se que, com o aumento da idade, 
ocorre um decréscimo tanto da atividade 
mitótica quanto do comprimento médio do 
telômero, ao lado de maior atividade da β-
galactosidase (um marcador de senescência). 
 Esses achados comprovam a ocorrência de 
senescência na capacidade replicativa dos 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmedcondrócitos in vivo, o que explica, em parte, a 
associação entre idade e osteoartrite (OA). 
 Envelhecimento e degeneração da CA na OA 
são processos distintos, todavia, há uma forte 
associação entre a idade e a incidência e 
prevalência da OA. 
 Ao contrário da impressão inicial, a apoptose 
de condrócitos não é um fenômeno 
generalizado que ocorre com o envelhecimento 
da cartilagem humana 
 A CA tem uma capacidade reparadora limitada, 
que mais ainda se estreita com o 
envelhecimento e/ou quando da eclosão de 
condições degenerativas. 
 A função reparadora dos condrócitos diminui 
progressivamente com a idade, o que é 
demonstrado por uma síntese decrescente de 
agrecanos e por menor capacidade para a 
formação de agregados moleculares de grande 
tamanho; demonstrou-se também que 
estresses oxidativos contribuem para a 
senescência dos condrócitos 
 Assim, é a idade do indivíduo a principal 
responsável pela composição da cartilagem. 
 Com referência ao sexo, sabe-se que o volume 
da cartilagem dos joelhos é muito maior no 
homem do que na mulher, em uma diferença 
tão significativa que não se explica apenas pela 
diferença de tamanho do corpo e dos ossos 
envolvidos 
 Com o envelhecimento ela se acentua mais 
ainda, sugerindo que isso decorra tanto do 
desenvolvimento da cartilagem quanto de sua 
perda na velhice 
 Nos discos intervertebrais a degeneração 
aumenta com o envelhecimento, estando 
aumentados a fibronectina e seus fragmentos, 
substâncias que estimulam as células para a 
produção de metaloproteases e citocinas que 
inibem a síntese de matriz intercelular. 
 A degeneração discal compreende rupturas 
estruturais grosseiras e alterações na 
composição da matriz; demonstrou-se que 
sobrecargas mecânicas moderadas e 
repetidas, podem ser a causa inicial do 
processo 
 Por outro lado, há cada vez mais evidências de 
que fatores genéticos desempenham 
importante papel na patogênese da 
degeneração discal na velhice. 
 Os condrócitos articulares humanos secretam 
várias proteínas envolvidas na biogênese da 
cartilagem, dentre elas a YKL-40 (também 
conhecida como glicoproteína-39 da cartilagem 
humana, chitinase-3-like 1, chondrex...) 
 Seus níveis plasmáticos são semelhantes em 
ambos os sexos e estão altamente 
correlacionados com a idade 
 Sabe-se não ter relação com o índice de massa 
corpórea, tampouco com a proteína C reativa 
sérica. 
 Têm-se estudado as alterações da YKL-40 em 
pacientes com diferentes tipos de câncer e em 
portadores de doenças não malignas que 
cursam com inflamação, remodelação tissual e 
fibrose. 
 Atualmente pode-se dizer que a YKL-40 é uma 
das proteínas da fase aguda do soro, portanto, 
um biomarcador do processo inflamatório, 
sendo produzida localmente por neutrófilos e 
macrófagos. 
 Por diferir da proteína C reativa (que é 
produzida por hepatócitos em resposta ao 
aumento da IL-6), acresce importantes 
informações sobre o processo inflamatório em 
curso 
 Evidências mostram que a determinação da 
YKL-40 possa ter abrangente utilidade clínica 
em variadas patologias (neoplasias malignas, 
doenças cardiovasculares, diabetes melito, 
doenças reumáticas, doenças inflamatórias 
intestinais, fibrose hepática, entre outras). 
 Um elevado nível plasmático de YKL-40 é um 
biomarcador independente de mortalidade em 
pacientes com diferentes patologias 
hospitalizados em situações de urgência 
 Adicionalmente tem-se estudado a YKL-39, 
quitinase também abundantemente secretada 
por condrócitos, que parece ser um marcador 
mais acurado da ativação dos condrócitos nos 
pacientes com osteoartrite inicial do que a YKL-
40 (que se expressa em adultos normais, na 
osteoartrite, na artrite reumatoide e em muitas 
outras doenças como já visto). 
 
c) Articulação diartrodial 
 Sede dos principais processos reumáticos na 
velhice, a articulação diartrodial caracteriza-se 
por apresentar membrana sinovial (um tecido 
conjuntivo vascular que reveste a superfície 
interna da cápsula articular e é responsável 
pela elaboração da sinóvia). 
 A sinóvia (líquido sinovial) pode ser 
considerada um dialisado do plasma 
sanguíneo com a adição de um 
mucopolissacarídio ácido não sulfatado, o 
ácido hialurônico (que é seu principal 
constituinte). 
 A sinóvia não apenas lubrifica a articulação 
como também desempenha importante papel 
na nutrição da cartilagem articular. 
 Sabe-se que o ácido hialurônico intervém na 
regularização de várias atividades celulares 
 A membrana sinovial compreende 3 camadas, 
no sentido do lúmen articular para a cápsula 
fibrosa, que são: 
 Íntima: zona avascular formada por uma 
camada superficial de células, com 
espessura normal de 1 a 3 células, 
chamadas de células limitantes 
 Subíntima: rica em células e vasos 
 Subsinovial: que separa a subíntima do 
tecido fibroso capsular e é constituída por 
um tecido conjuntivo frouxo 
 
 Não há uma estrutura, tipo membrana basal, 
que separe a íntima das camadas subjacentes 
e também não há substância intercelular entre 
as células limitantes, de forma que a sinóvia 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
circula livremente ente elas e as demais 
camadas. 
 As células limitantes são de 2 tipos: as de tipo 
A (que se assemelham a macrófagos e têm 
funções fagocitárias), e as de tipo B (parecidas 
com fibroblastos e que exercem funções 
secretoras). 
 Ao lado delas vê-se uma legião de células 
intermediárias/C (verdadeiras formas de 
transição entre os tipos A e B). 
 Com referência à membrana sinovial, 
considerou-se que ela não se alteraria com a 
idade, mas há maior quantidade de estroma 
abaixo das células limitantes, o qual se 
apresenta mais espesso e denso. 
 Há um aumento do colágeno com o 
envelhecimento, e as células limitantes do tipo 
secretor, presentes em todas as idades, estão 
hipertrofiadas nos mais velhos e que as do tipo 
macrofágico aumentam com a idade 
 Nos mais velhos as vilosidades são mais 
numerosas, enquanto a rede vascular e a 
distribuição celular apresentam-se de modo 
menos regular 
 Ocorrem grandes áreas de superfície sinovial 
desprovidas de células, além de feixes de 
colágeno expostos na cavidade articular. 
 Com referência ao líquido sinovial, observou-se 
que as concentrações dos sulfatos de 
condroitina (C6S e C4S), do ácido hialurônico 
(AH) e da razão C6S:C4S variam com a idade. 
 Há também nítida diferença sexual, pois as 
mulheres apresentam concentração dos CS 
significativamente menor daquela constatada 
nos homens (já a alteração do AH não é 
significativa). 
 
d) Nervo 
 Com o envelhecimento diminui a velocidade de 
condução nervosa. 
 Há um aumento do balanço postural, 
diminuição dos reflexos ortostáticos e aumento 
do tempo de reação. 
 Há uma perda do olhar fixo para cima e 
ocasional prejuízo dos movimentos dos 
tornozelos e da sensibilidade vibratória dos 
pés. 
 O centro de gravidade das pessoas idosas 
muda para trás do quadril. 
 Aumenta o número de fibras nervosas 
periféricas que apresentam alterações 
morfológicas (degeneração axônica; 
desmielinização segmentar) 
 Já as alterações bioquímicas são menos 
pronunciadas. 
 Característica importante é a preservação da 
capacidade de reparação de danos, 
independentemente da idade. 
 Já a idade avançada está associada à 
disfunção dos nervos periféricos, o que vem 
comprometer a força distal e a sensação 
espacial, além de determinar ataxia e hipotrofia 
muscular; por conseguinte, essa disfunção 
associa-se com anormalidades da marcha, 
vindo a contribuir para o declínio funcional do 
indivíduo. 
 A avaliação dos transtornos 
musculoesqueléticos na velhice é complexa, 
pois, com frequência, lidamos com um quadro 
monocórdio de dor muitas vezes de localização 
imprecisa e no qual não detectamos os demais 
sinais cardinais da inflamação (calor, rubor, 
tumefação e perda funcional).. 
 Na velhice, aumentam significativamente, entre 
outros, a positividade dos fatores reumatoides, 
os autoanticorpos de quaisquer naturezas, a 
velocidade de hemossedimentação e 
condições associadas que produzem 
hiperuricemias (como a hipertensão arterial, a 
insuficiência renal crônica e o uso de 
diuréticos). 
 A sinovianálise e os estudos imuno-
histoquímicos da membrana sinovial são 
procedimentos necessários para a 
compreensão dos processos artríticos, 
podendo vir a ser exames importantes tanto 
para a comprovação quanto para a exclusão de 
várias artropatias. 
 Por vezes, utilizam-se sinovianálises de 
repetição para avaliação do tratamento; podem 
servir ainda para embasar prognósticos. 
 É comum identificarmos calcificações de partes 
moles intra-articulares em radiografias de 
joelhos de idosos, presentes sobretudo na 
fibrocartilagem meniscal e na matriz da 
cartilagem articular hialina. 
 Podemos estar diante de calcificações idade-
relacionadas e assintomáticas, de uma 
osteoartrite de grau moderado ou mesmo de 
uma artropatia microcristalina (“pseudogota”). 
 O impacto do envelhecimento sobre o sistema 
digestório pode variar tanto na intensidade 
como na natureza e está relacionado com 
alterações estruturais, de motilidade e da 
função secretória. 
 As repercussões clínicas dessas alterações 
são, na maioria dos casos, pouco perceptíveis, 
mas, em seu conjunto, podem adquirir 
importância 
a) Boca 
 O comprometimento nutricional do 
indivíduo idoso sem reabilitação e/ou com 
dificuldades mastigatórias pela ausência 
dentária ou reduzido número de dentes 
tendem a modificar a seleção de alimentos, 
escolhendo os industrializados, em vez de 
alimentos naturais como frutas e verduras, 
que são mais difíceis de mastigar ou ainda 
por processar ou cozinhar alimentos, o que 
pode levar à perda de componentes 
nutricionais importantes. 
 Estas alterações podem acarretar, como 
consequência, maior chance de 
desenvolver baixo peso e 
sobrepeso/obesidade 
 
Senescência do Sistema Digestório 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
b) Esôfago 
 Do ponto de vista anatômico, o esôfago é 
composto por musculatura estriada em seu 
terço proximal e lisa em seus dois terços 
distais. 
 Uma complexa inervação intrínseca e 
extrínseca, além de vias neurais e núcleos no 
sistema nervoso central controlam sua 
motilidade, que se compõe de contrações 
peristálticas que promovem seu esvaziamento. 
 A musculatura lisa do esôfago pouco se altera 
com o envelhecimento, porém ocorre 
importante e progressiva redução de sua 
inervação intrínseca. 
 De maneira geral, são reconhecidos a 
diminuição da pressão de repouso e as 
alterações da sincronia e magnitude do 
relaxamento do esfíncter superior do esôfago 
(o que pode causar disfagia alta), o aumento da 
incidência de contrações não peristálticas 
(síncronas e falhas) e a manutenção da 
pressão de repouso do esfíncter inferior do 
esôfago. 
 A amplitude, a duração e a velocidade de 
propagação das ondas de contração 
esofágicas, quando presentes e normais, não 
apresentam alterações significativas. 
 Mesmo em pessoas assintomáticas, as 
alterações da motilidade esofágica 
relacionadas ao envelhecimento podem reduzir 
a depuração de materiais deglutidos ou 
refluídos do estômago 
 Este fato tem implicações clínicas importantes, 
como a necessidade, mesmo em idosos 
assintomáticos, de se administrarem 
medicamentos, por via oral, na posição 
ortostática e acompanhados de razoável 
quantidade de líquido. 
 Outra importante implicação consiste no fato de 
que materiais ácidos refluídos do estômago 
permanecem por mais tempo em contato com 
a mucosa esofágica, com maior potencial de 
lesão 
 Como as alterações da motilidade esofágica 
em idosos são extremamente frequentes e 
raramente associadas a sintomas, recomenda-
se que todo idoso com disfagia ou outros 
sintomas de natureza esofágica sejam 
investigados para doenças envolvendo o 
esôfago 
 Outro importante aspecto do envelhecimento 
esofágico se encontra no fato de que a 
população idosa pode ter o limiar de dor 
esofágica aumentado, razão pela qual a 
gravidade dos sintomas dolorosos não se 
relaciona com a gravidade da lesão esofágica 
causada pela presença de refluxo ácido do 
estômago. 
 
c) Estômago 
 As alterações relacionadas ao envelhecimento 
do estômago têm baixa expressão clínica. 
 Diversos estudos mostram discreta a 
moderada elevação do tempo de esvaziamento 
gástrico, principalmente para líquidos, o que 
poderia alterar, o tempo e o grau de absorção 
de medicações cuja exposição prolongada ao 
meio ácido é crítica. 
 Entre esses, podemos citar o cetoconazol, o 
fluconazol, as tetraciclinas e a indometacina. 
 Diversos estudos acerca da secreção ácida do 
estômago mostram alguma redução da 
secreção de ácido clorídrico, tanto basal 
quanto estimulada, provavelmente secundária 
a uma redução, relacionada à idade, da 
quantidade de células parietais. 
 A secreção basal e estimulada de pepsina 
também se mostra reduzida com o 
envelhecimento, independente da presença de 
infecção pelo H. pylori, gastrite atrófica ou 
tabagismo 
 A produção de fator intrínseco, necessário para 
a absorção de vitamina B12, também se mostra 
relativamente reduzida, mas não em níveis 
capazes de alterar substancialmente a 
absorção dessa vitamina e induzir anemia. 
 Também a absorção do ferro pode estar 
parcialmente reduzida pela hipocloridria, o que 
poderia contribuir para o desenvolvimento de 
anemia ferropriva, mas não para causá-la. 
 A colonização da mucosa gástrica pelo H. 
pylori aumenta com o avançar da idade. 
 Também têm merecido estudos os 
mecanismos de proteção da mucosa gástrica, 
uma vez que, com o envelhecimento, aumenta 
a prevalência de doenças pépticas e, 
aparentemente, a sensibilidade a fatores 
agressores como anti-inflamatórios não 
esteroidais. 
 Também há alterações da composição do 
muco protetor da mucosa gástrica, com 
significante declínio do bicarbonato, sódio e 
secreção não parietal. 
 Também tem sido demonstrada redução 
significativa da presença de prostaglandinas na 
mucosa gástrica, o que aumentaria sua 
suscetibilidade a fatores lesivos 
 
d) Pâncreas 
 O pâncreas sofre importantes alterações 
estruturais com o envelhecimento. 
 Alterações histológicas incluem dilatação do 
ducto principal, proliferação de epitélio ductal e 
formação de cistos. 
 Há fibrose e lipoatrofia focal, manifestada, em 
exames radiológicos, como aumento da 
densidade do parênquima. 
 As alterações estruturais do pâncreas se 
refletem em alterações funcionais 
consideráveis. 
 Há, assim, redução da capacidade de secreção 
de lipase e de bicarbonato, mas essas 
alterações têm significado clínico 
negligenciável, uma vez que a reserva 
funcional pancreática é, proporcionalmente, 
muito elevada 
 
e) Fígado 
 A grande maioria dos estudos se concentra 
sobre a metabolização de medicamentos e 
menos sobre alterações estruturais e função 
secretora. 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
1. Alterações estruturais 
 A arquitetura hepática se mostra pouco 
alterada. 
 Os hepatócitos, bem como suas organelas, 
têm aumento em seu tamanho e o 
colágeno, embora aumentado em 
quantidade, pouco se altera em suas 
características. 
 Há deposição marcante de lipofuscina, com 
o aspecto do fígado se tornando 
acastanhado. 
 O fluxo sanguíneo hepático é reduzido, 
proporcionalmente à redução do peso do 
fígado 
 
2. Funções secretoras 
 São redução na síntese/secreção de 
albumina, redução da produção/secreção 
de colesterol, aumento da secreção de alfa-
ácido glicoproteínas. 
 Há, também, descrições de redução na 
quantidade total de ácidos biliares ( 
 As alterações na secreção dealbumina e 
glicoproteínas podem interferir na 
farmacocinética de medicações que têm 
importante ligação à albumina, como a 
fenitoína e os antipsicóticos, e às 
glicoproteínas, como a lidocaína e o 
propranolol. 
 Também interfere, quando são utilizadas 
diversas medicações que se ligam a esses 
carreadores, na interação das mesmas. 
 
3. Metabolização demedicamentos 
 Como observado anteriormente, o 
metabolismo de medicamentos é o aspecto 
mais bem estudado das alterações 
hepáticas relacionadas à idade. 
 A metabolização de medicamentos é 
classificada em duas fases distintas. 
 A fase I consiste na ação de enzimas 
mono-oxigenase microssomais (incluindo o 
sistema citocromo P-450), que promovem 
a oxidação, redução ou hidrólise da 
medicação original, convertendo-a em 
metabólitos mais polares. 
 A fase II se caracteriza por reações 
sintéticas ou de conjugação, que acoplam 
a medicação ou seus metabólitos a 
metabólitos endógenos, como os ácidos 
glicurônico, sulfúrico, acético ou mesmo um 
aminoácido, facilitando sua excreção na 
bile ou na urina 
 O sistema citocromo P-450 se mantém 
pouco alterado em quantidade, porém há 
alterações de afinidade e efetividade. 
 Essas alterações podem promover a 
redução da metabolização de substâncias 
como vários benzodiazepínicos, e mesmo 
a produção de compostos intermediários 
de meiavida muito longa. 
 Outro aspecto importante das alterações 
das reações de fase I é que existe uma 
variabilidade interpessoal grande, o que 
reduz a previsibilidade desse fenômeno 
individualmente. 
 As reações da fase II (conjugação) 
mostram menor alteração com o 
envelhecimento, provavelmente sofrendo 
redução de grau modesto 
 
4. Testes de função hepática e de lesão 
hepatocelular 
 Os testes rotineiramente empregados para 
a avaliação da função hepática (dosagem 
de bilirrubinas, albumina e fatores da 
coagulação) e de lesões hepatocelulares 
(transaminases) e canaliculares (fosfatase 
alcalina, gamaglutamil transferase) 
permanecem praticamente inalterados com 
o envelhecimento. 
 Alterações desses testes e enzimas devem 
ser consideradas, até prova em contrário, 
sinais de doença subjacente, que precisa 
ser investigada pertinentemente 
 
f) Intestino delgado 
 No que se refere a alterações estruturais, são 
descritos apenas uma relativa redução da 
superfície mucosa, redução das vilosidades 
intestinais e redução correspondente do fluxo 
esplâncnico 
 O tempo de trânsito intestinal não apresenta 
alterações significativas com o envelhecimento 
 Este achado não exclui, no entanto, a 
ocorrência de alterações da motilidade e seus 
padrões. 
 As alterações da motilidade podem ter 
importante significado clínico, permitindo a 
hiperproliferação bacteriana, uma das causas 
de perda de peso em idosos 
 A função absortiva é, aparentemente, pouco 
alterada para a maioria dos nutrientes, 
incluindo açúcares e proteínas. 
 Para a avaliação da absorção de carboidratos, 
o clássico teste da D-xilose pode se mostrar 
reduzido com o envelhecimento, porém a 
redução da função renal é a responsável por 
essa alteração, e não a absorção de 
carboidratos. 
 A absorção de lipídios envolve uma série de 
passos complexos, incluindo a formação de 
emulsão no estômago 
 A hidrólise de triglicerídeos na presença da 
lipase pancreática 
 A formação de micelas complexas 
formadas por ácidos biliares, ácidos graxos 
e monoglicerídeos 
 A difusão de ácidos graxos através da 
membrana vilosa 
 A ressíntese de triglicerídeos nas células 
mucosas 
 A formação de quilomícrons e o transporte 
dos quilomícrons para ductos linfáticos 
 
 Uma discreta redução na absorção de lipídios, 
especialmente em sobrecarga, além de estar 
relacionada às alterações, descritas 
anteriormente, do pâncreas e da secreção de 
sais biliares, se deve, em parte, à redução da 
capacidade de ressíntese de triglicerídeos na 
célula mucosa. 
As imagens utilizadas são para fins educativos, sem intenção de infringir direitos autorais. @ana_dinizmed 
 Alguns estudos mostraram que a absorção de 
nutrientes específicos, no entanto, pode estar 
reduzida com o envelhecimento, incluindo 
vitamina D, ácido fólico, vitamina B12, cálcio, 
cobre, zinco, ácidos graxos e colesterol. 
 A absorção de alguns outros nutrientes pode 
estar aumentada, incluindo vitamina A e 
glicose. 
 Os resultados, no entanto, são controversos, e 
sua significância clínica é questionável 
 
g) Cólon 
 Três fatos evidentemente idade-relacionados 
ocorrem, no que se refere ao cólon: 
 O aumento da prevalência de constipação 
intestinal 
 O aumento da incidência de neoplasias 
 O aumento da prevalência de doença 
diverticular 
 
 A ocorrência mais frequente de constipação 
intestinal entre os idosos pode ser explicada 
por uma série de fatores extrínsecos ao cólon, 
como o sedentarismo, a redução na ingestão 
de fibras e líquidos, as alterações hormonais. 
 Uma possível causa para distúrbios do trânsito 
seria a redução dos neurônios do plexo 
mioentérico associada ao envelhecimento. 
 O aumento da prevalência de doença 
diverticular está relacionado a alterações 
morfológicas e biomecânicas do cólon, com o 
comprometimento da resistência da parede 
colônica a pressões intraluminais elevadas. 
 A presença de colágeno e elastina 
submucosos confere distensibilidade ao cólon; 
alterações nesses elementos, com maior 
agregação e acumulação de colágeno e 
degeneração da fibrina podem causar menor 
distensibilidade e menor resistência. 
 Por outro lado, por alterações no plexo 
mioentérico, passam a predominar os 
movimentos de segmentação em relação aos 
de progressão do bolo alimentar, criando-se 
câmaras de alta pressão intraluminal. 
 A maior incidência de neoplasias ocorrem 
devido a exposição da mucosa colônica, por 
período prolongado, a agentes carcinogênios, 
hiperproliferação das células crípticas e, 
conforme estudos recentes vêm confirmando, 
o aumento da suscetibilidade da mucosa 
colônica, com o envelhecimento, à 
transformação maligna. 
 
h) Reto e ânus 
 A prevalência de incontinência fecal aumenta 
claramente com o envelhecimento, com 
consequências pessoais e sociais importantes. 
 Diversos mecanismos extrínsecos contribuem 
para a ocorrência de incontinência, como déficit 
cognitivo, impactação fecal, acidentes 
vasculares encefálicos, neuropatia diabética. 
 No entanto, algumas alterações intrínsecas ao 
envelhecimento reconhecidamente contribuem 
para este fenômeno. 
 Alterações da musculatura do esfíncter 
exterior, com espessamento e alterações 
estruturais do tecido colágeno e redução da 
força muscular, diminuem a capacidade de 
retenção fecal voluntária. 
 A isso se acrescem alterações na 
automaticidade muscular esquelética, 
explicada, em parte, pela lesão mecânica 
crônica dos nervos pudendos. 
 Alterações da elasticidade retal e da 
sensibilidade à sua distensão foram descritas 
em alguns estudos, mas não confirmadas por 
outros.

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