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Leitura e Produção Textual Redação e Gramática + O lá estudante! Tudo bem? A maioria dosvestibulares, não só da nossa região, comotambém de outros lugares, tem como uma das competências a temida redação. E essa tem um peso considerável para que você possa ingressar em seu tão sonhado curso. Mas calma! Estamos aqui para ajudar! Este material foi produzido com muita dedicação pelos acadêmicos do curso de Le- tras da UNIVILLE. Assim, você poderá usufruir com calma e tranquilidade todos os capítulos. Iremos apresentar a forma como algumas Universidades cobram seus vestibulares e, principalmente, as re- dações. Caminharemos por temas como semântica, sintaxe, concordâncias - e pode relaxar, porque em- bora os nomes assustem, não são assuntos compli- cados. Daremos dicas de como se preparar antes e durante as redações, com maneiras com as quais você poderá vencer o bloqueio criativo. Teremos exercícios bastante elucidativos para treinar desde cedo e trabalhar a escrita. Traremos, ainda, exem- plos comentados de redações nota mil do ENEM para compreender melhor como é esta dinâmica. Lembre-se, sempre: escrever exige treino! “Escrever é ter a companhia do outro de nós que escreve” (Vergílio Ferreira). 1 Regras dos vestibulares Nesta seção abordaremos as regras presentes nos editais da UFSC, UDESC, ACAFE e ENEM para que você fique atento aos itens que são cobrados nestas provas. 1.1 UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina Segundo o Edital no 014/2019 de 10/09/2019 da Comissão Permanente do Vestibular (COPERVE) da UFSC 2019: 1. A redação terá pontuação na escala de 0,00 (zero vírgula zero zero) a 10,00 (dez vírgula zero zero) pontos e será avaliada considerando o conteúdo e a expressão escrita quanto à/ao: (a) adequação à proposta - tema e gênero (0,00 a 2,50 pontos); (b) emprego da modalidade escrita na variedade padrão (0,00 a 2,50 pontos); (c) coerência e coesão (0,00 a 2,50 pontos); (d) nível de informatividade e de argumentação ou narratividade, de acordo com a proposta (0,00 a 2,50 pontos). 1.1. Somente serão avaliadas as redações transcri- tas de forma legível no espaço das 30 linhas delimitadas na folha oficial de redação, con- forme especificações: – Para transcrever as respostas para o cartão-resposta e para as folhas oficiais de redação e de resposta das questões discursivas, o candidato deverá utilizar caneta esferográfica, fabricada em ma- terial transparente, de tinta preta (pre- ferencialmente) ou azul. Texto escrito no verso da folha oficial de redação não será avaliado. 1.1.1. Caso o candidato escreva sua redação em letra de forma, deverá distinguir claramente as letras maiúsculas das minúsculas. 1.2. A redação deverá ser resultado da produção e da criatividade do candidato. 1.3. Será atribuído zero à redação: i. com fuga total ao tema; Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ ii. resultante de plágio; iii. escrita em versos; iv. com identificação do candidato. 1.2 UDESC: Universidade do Estado de Santa Catarina De acordo com o blog Oficina da Palavra 2019: 1. Os critérios de avaliação da Prova de Redação incluem: – Adequação à proposta: 0,0 a 10,0; – Domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa/coerência e coesão 0,0 a 10,0; – Estilo e expressividade 0,0 a 10,0. 2. Deverá demonstrar as seguintes habilidades: – Fluência, clareza, coerência e coesão linguís- tica; – Ideias organizadas, em sequência lógica e coerentes; – Argumentos encadeados de forma coesa; – Relação entre os termos da oração e entre as orações no período; – Paragrafação correta; – Respeito às normas gramaticais e ortográficas em vigor; pontuação adequada; – Aplicação de conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto. 3. Zera a redação: (a) Escrita a lápis ou lapiseira; (b) Redação entregue em folha de rascunho; (c) Redação abaixo de 20 linhas e acima de 30 linhas; (d) Escrita fora do padrão dissertativo- argumentativo; (e) Fuga total do tema; (f) Plágio; (g) Nome, assinatura, rubrica ou apelido na re- dação identificando-se. Observação: Não é preciso fazer uma intervenção, toda- via é necessário apresentar que demonstrou entender o que o tema propôs, ou seja, apresentar domínio. 1.3 ACAFE: Associação Catarinense das Fundações Educacionais Segundo o Edital no 2/2019/ACAFE de 05/09/2019 2019: Os textos serão avaliados duas vezes por professores diferentes, os quais atribuirão notas de 0,0 a 10,0. 1. Critérios: (a) adequação ao tema proposto (0 a 2,0 pon- tos); (b) modalidade escrita da norma culta da língua portuguesa (padrão formal) (0 a 2,0 pontos); (c) coerência e coesão (0 a 2,0 pontos); (d) nível de informação e de argumentação (0 a 2,0 pontos); (e) marca de autoria e estilo (0 a 2,0 pontos). 2. Correção: (a) Somente serão avaliadas as redações trans- critas para folha de redação personalizada e entregue para tal finalidade; (b) A redação deve ser resultado da produção e criatividade do candidato. 3. Zera a redação: (a) fuga total ao tema; (b) não obediência à estrutura dissertativo- argumentativa; (c) texto com número de linhas inferior a 10 (dez); (d) escrita a lápis; (e) impropérios, desenhos ou outras formas pro- positais de anulação; (f) folha de redação em branco, mesmo que te- nha sido escrita no rascunho. Observação: Se na correção, a diferença da nota dos dois professores for igual ou superior a 3 (três) pontos, um terceiro professora fará a avaliação e realizará a média aritmética das duas notas mais próximas. 1.4 ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio De acordo com o artigo Conheça as cinco competên- cias cobradas na redação do ENEM 2019, a redação do ENEM considera os seguintes itens: 1. Domínio da escrita formal da língua portu- guesa: é avaliado se a redação do participante está adequada às regras de ortografia, como acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica. Ainda são analisadas a regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, pontuação, paralelismo, emprego de pronomes e crase. A figura 1 apresenta a tabela de pontuação. 2. Compreender o tema e não fugir do que é proposto: Avalia as habilidades integradas de leitura e de escrita do candidato. O tema constitui o núcleo das ideias sobre as quais a redação deve ser organizada e é caracterizado por ser uma delimitação de um assunto mais abran- gente. A figura 2 apresenta a tabela de pontuação. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 2 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Figura 1: Tabela de pontuação para o item 1 da seção 1.4. Figura 2: Tabela de pontuação para o item 2 da seção 1.4. Figura 3: Tabela de pontuação para o item 3 da seção 1.4. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 3 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ 3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista: O candi- dato precisa elaborar um texto que apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida em relação à temática da proposta da redação. Trata da coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas no texto, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de um projeto de texto. A figura 3 apresenta a tabela de pontuação. 4. Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumen- tação: São avaliados itens relacionados à estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta uma sequência coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto porque estabe- lecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos.Cada parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados. Cada ideia nova precisa estabelecer relação com as ante- riores. A figura 4 apresenta a tabela de pontuação. 5. Respeito aos direitos humanos: Apresentar uma proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos. Propor uma intervenção para o problema apresen- tado pelo tema significa sugerir uma iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. A elaboração de uma proposta de intervenção na prova de redação do Enem representa uma ocasião para que o candidato demonstre o preparo para o exercício da cidadania, para atuar na realidade em consonância com os direitos humanos. A figura 5 apresenta a tabela de pontuação. 2 Redação Nesta seção abordaremos os aspectos fundamentais para produção de uma redação. 2.1 O que é uma redação dissertativa- argumentativa? A redação dissertativa-argumentativa é um gênero textual no qual se defende de uma tese por meio de argumentos e explicações fundamentadas, ou seja, diante de um tema proposto você irá escrever com base em evidências e fatos para justificar e convencer de tal ponto. A redação demanda algumas práticas como a leitura de textos, livros, jornais para que, assim, o candidato ou a candidata adquira repertório sócio-cultural, ou seja, saiba tratar de temas que envolvem a sociedade, culturas e as diferenças sociais existentes. Além do mais, existem algumas regras a serem esclarecidas: – Pessoa do discurso: durante TODA a redação, os verbos devem ser conjugados ou na 3ª pessoa do singular, ou na 1ª pessoa do plural. Ou seja, usando “ele” ou “nós”. Mas como? Veja: 3ª pessoa do singular: Entende-se, compreende- se, percebe-se. 1ª pessoa do plural: Entendemos, compreende- mos, percebemos. – Citações: não se utilizam dados numéricos na introdução. Estes dados devem fazer parte da sua argumentação, assim, você os descreve no desenvolvimento. Citações, de um modo geral, enriquecem na introdução por apresentar domínio e repertório sócio-cultural. – Linhas: a redação deve ter um máximo de 30 linhas e um mínimo de 8 linhas. Uma divisão ideal são 7 linhas de introdução, 8 linhas para o primeiro e 8 linhas para o segundo parágrafo de desenvolvimento e as últimas 7 linhas de conclusão. – Introdução (ideias centrais): Explicaremos no decorrer do material algumas estratégias como os tópicos frasais, que nada mais são do que modos de apresentar um posicionamento, seguido de elementos de coesão textual (breve argumentação baseado no tópico frasal) que funcionará como ponte para as orientações argumentativas. A orientação argumentativa é o que dará base para os parágrafos de desenvolvimento (pág. 13). – Desenvolvimento (ideias centrais): É no de- senvolvimento que você irá apresentar dados quantitativos e qualitativos. Você também usará como base as orientações argumentativas apontadas na introdução. O primeiro parágrafo de desenvolvimento desenvolve a primeira orien- tação argumentativa, e no segundo parágrafo a referente a segunda orientação. Para enriquecer ainda mais o desenvolvimento é interessante fazer uso de algumas estratégias argumentativas como comparação, exemplificação ou ainda enumeração. – Conclusão: Para a proposta de intervenção você deve manter a coerência entre as argumentações e Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 4 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Figura 4: Tabela de pontuação para o item 4 da seção 1.4. Figura 5: Tabela de pontuação para o item 5 da seção 1.4. aquilo que se é proposto, ater-se ao detalhamento e a viabilidade da proposta. Manter-se sempre atualizado aos fatos que acontecem no Brasil e fora. Mesmo que os temas sejam baseados em acontecimentos do âmbito nacional, os fatos internacionais ajudam a compor um repertório, a ponto de conseguir desenvolver as intervenções. Por fim, mas não menos importante, manter-se sempre respeitando os direitos humanos. – Considerações gerais: – Evitar rasuras; – Afastamento de margem no início de parágrafo; – Ter a escrita legível; – Cuidado com a ortografia. Na incerteza busque usar sinônimos; – Pontuação (ponto final, vírgula, ponto e vírgula, etc.); – Acentuação gráfica (agudo, grave, circun- flexo, etc); – Coesão e coerência; – Concordância; – EVITE gírias e palavras que não estejam se- guindo a norma culta, caso seja necessário o uso, colocar entre aspas“ ”. – Zera a redação: – Fuga total ao tema; – Não obediência à estrutura dissertativa- argumentativa; – Texto abaixo do mínimo; – Palavras impróprias, desenhos, formas propositais de anulação, desconexão de parte da redação ao tema; – Desrespeito aos direitos humanos; – Redação em branco, mesmo tendo escrito em rascunho; – Cópia do texto motivador; – Falsificação de dados. 2.2 A Introdução Muitos estudantes relatam que a parte mais complicada na redação é a escrita da introdução, e Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 5 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ que, depois dessa, o texto fica mais fluido. De fato, é uma parte muito delicada, mas também não é um bicho de sete cabeças. Sob esse viés, a introdução é o ponto em que você dará os primeiros indícios do que será discutido. Como assim? É na introdução que ocorre seu primeiro posicionamento diante do(s) tema(s) proposto(s). Desse modo, existem algumas formas e estruturas para iniciar: os tópicos frasais, os elementos de coesão textual e a orientação argumentativa. O tópico frasal é o que dará a ideia central da sua redação. É uma forma de mostrar a organização das ideias e domínio da escrita. Ele apontará para o corretor qual é seu posicionamento diante do tema pro- posto. Para isso, apresentaremos algumas formas de dar esse primeiro passo para que atinja a nota máxima. Assim, os elementos de coesão textual serão a ponte entre o tópico frasal e a orientação argumentativa. Neste ponto, você fará a ligação apresentando superficialmente as ideias do tópico frasal, utilizando conectivos. Esses são vastos, e podem ser de adição como “além disso”, “por exemplo”, adversativos, como “mas”, “porém”, entre outros. Falaremos deles mais adiante. Dessa forma, a orientação argumentativa, por sua vez, representa os apontamentos que você construirá durante o desenvolvimento. Uma relação ideal é que cada orientação tenha um parágrafo para argumentação, ou seja, siga a proporção de uma orientação e quatro linhas de desenvolvimento. Redação nota 1000 do ENEM Tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil Ano: 2016 Autora: Larissa Cristine Ferreira Título: Orgulho Machadiano Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas’ que não teve filhos e não transmitiu a ne- nhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social. É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes. Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando- se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim,o fato social é a maneira coletiva de agr e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil. Legenda para as frases destacadas: Tópico frasal Elemento de coesão textual 1a orientação argumentativa e 2a orientação argumentativa 2.2.1 Tópicos frasais Como vimos anteriormente, o tópico frasal é muito importante, pois será através de sua boa organização e escolha que a ideia central da redação será apresentada. E para isso, temos algumas maneiras de estruturar como uma alusão histórica ou ainda, declaração inicial. Já adiantamos que não existe uma forma certa ou mais adequada em relação a outra, dependerá muito de qual maneira você se sente mais confortável em escrever. Conheceremos cada um então: • Alusão histórica: Alusão histórica é uma estratégia na qual você utiliza fatos históricos marcantes para o mundo ou para uma sociedade. Ou seja, a contextualização Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 6 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ do tema é criada fazendo uma espécie de paralelo com o que já aconteceu na história e assim exemplifica, expõe um problema. Para a criação, é interessante pensar nas con- sequências que tal fato manifesta na atualidade, se de alguma forma as ações que hoje acontecem podem ter relações. Assim, temas como política, sociedade, economia, cultura podem ser uma oportunidade de utilizar essa estratégia. Mas, não apenas fatos históricos podem ser utilizados, mas também obras literárias que tiveram grande repercussão. Além disso, podem ser utilizadas séries e filmes, e assim, terão o mesmo objetivo: contextualizar a problemática do tema, criando pontes. Na prova, quando se faz uma alusão você consegue apresentar domínios como conhecimento e repertório sociocultural. LEMBRE-SE! O que você usará para contextualizar deve ter, de alguma forma, relação com o todo, caso contrário poderá fugir do tema. Vamos a um exemplo utilizado em uma redação nota 1000 no ENEM, sobre a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Redação nota 1000 do ENEM Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Daniel Gomes O filme “Cine Hollywood” narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordes- tino têm suas vidas modificadas pela mo- dernidade que, naquele contexto, se tra- duzia na exibição de obras cinematográ- ficas. De maneira análoga à história fic- tícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da so- ciedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que tra- balham com a “sétima arte” contribuem para a perpetuação desse cenário negativo. Perceba que neste caso, o participante fez uma referência, uma contextualização utilizando o filme “Cine Hollywood” e aplicando no tema e no contexto atual, problematizando. Seguindo, temos uma breve explicação do porquê e como se aplica. Temos ainda a utilização de elementos de coesão textual como “de maneira análoga”, como também a duas orientações argumentativas: “postura do Estado em relação à cultura” e “negligência das empresas”. • Definição: A estratégia de definição se baseia em fazer uma delimitação, ou explicação de um termo, ou ideia, dentro do tema a ser abordado. Logo em seguida, vem a explicação lógica e ampla do significado dessa palavra/ideia. Veja como é a construção de um tópico frasal utilizando a definição sobre o tema “pena de morte” e “Sedentarismo: o grande mal do século?” “A pena de morte é o grito lancinante de uma sociedade sem fé esperança. Ela determina que todos os limites foram extrapolados e que a única possibilidade de manter a convivência social é eliminando o criminoso para evitar a reincidência do crime”. “Define-se como sedentário o indivíduo que não pratica atividades físicas no seu cotidiano. Doenças como obesidade, diabetes, aumento do colesterol e problemas cardíacos são algumas das que podem aparecer como consequência deste mau hábito. (. . . )” No primeiro tema, “pena de morte”, o tópico frasal é definido como “o grito lancinante de uma sociedade sem fé e esperança”. Já no segundo, sedentarismo é definido como o indivíduo que não pratica atividades físicas no seu cotidiano, e em seguida, foi realizado uma contextualização sobre a definição: o sedentarismo está ligado com doenças como a obesidade, a diabetes, e estas se ligam com os maus hábitos. • Declaração inicial: Segundo o artigo Tópicos frasais 2020 do blog Stoodi: “A declaração inicial é ideal para quando se deseja mostrar um posicionamento forte já no início, e no decorrer dos parágrafos desenvolver os argumentos a fim de defendê-lo. Deste modo, o tópico frasal trará a ideia de afirmação ou negação, que será justificada com exemplos, analogias, confrontos, razões ou restrições.” Segue um exemplo com o trecho de uma redação nota 1000 do ENEM 2018: Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 7 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Thais Saeger Ruschmann da Costa É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos. Perceba que nesta introdução, a autora iniciou declarando um fato. Essa afirmação posicionada já na primeira sentença da redação, é responsável pela força da declaração inicial. Com apenas isso, sustentou brevemente “o porquê”: “É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. (Pois) a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, (e) permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários.” • Comparação: Utilizar o tópico frasal de “comparação”, quando bem elaborado, demonstra não só domínio da língua, como também criatividade. Este modo consiste em pegar pontos do tema e literalmente compará-los, criando assim dois posicionamentos sobre o mesmo tema, e esses devem se “comuni- car”. Veja: “De um lado estão os professores: mal remunerados, sem estímulo e abandonados pelo poder público. Do outro, gastos exacerbados com computadores e inovação. Esse é o paradoxo da educação brasileira” (Tópicos frasais 2020). Repare que foi utilizado “de um lado” para o primeiro apontamento e “do outro” para o segundo, apresentando desta forma duas visões acerca do tema. Veja outro exemplo: “Os Estados Unidos, referência em desenvolvi- mento tecnológico, são um bom exemplo de que a educação de qualidade e com a valorização adequada gera bons frutos. Em contrapartida, no Brasil a realidade tem sido bem distinta. O baixo piso salarial dos professores explicita essa falta de reconhecimento aos profissionais da educação. Tal desvalorização é fruto de baixos investimentos governamentais, aliadoao passado histórico brasileiro.” (ENEM PPL 2015 - O histórico desafio de se valorizar o professor 2015). Nesse caso há uma comparação entre os modelos de educação dos Estados Unidos e o Brasil. • Divisão: Esta estratégia é muito interessante, pois demons- tra o domínio da língua, criatividade e repertório. Para realizar a divisão, você deve destrinchar algum termo, alguma palavra-chave, e a partir dela demonstrar as ideias principais. Ou seja, acontece quando existe o objetivo de separar as ideias e elementos em um parágrafo. É um jeito fácil e didático para elencar as ideias usadas para a discussão de um tema. Veja alguns exemplos: “A educação é minuciosa, complexa e demora. Ela se divide em três etapas: educação básica, ensino médio e ensino superior. Apenas a qualidade constante nessas diferentes fases constroem um ser humano maduro, capaz de tomar decisões equilibradas e definir com sabedoria seu destino.” (Tópicos frasais 2020) “A vida dos homens divide-se três fases diferentes: infância, adolescência e idade adulta. Cada uma delas tem seus desafios, bem como seus pontos positivos.” (Redação Online 2020) Perceba que no primeiro caso, há uma divisão de como é a educação que quais suas fases (bá- sica, médio e superior). Já no segundo caso, foi exemplificada a divisão das fases de um indivíduo (infância, adolescência e adulto). 2.2.2 Elementos de coesão textual Para estabelecer uma relação semântica, ou seja, uma relação de sentido entre as palavras e frases de um texto, e comunicar suas ideias de maneira lógica, é necessário o uso de elementos de coesão. Estes elementos ajudam os corretores a compreender o que foi escrito, algo essencial para a conquista da sua nota máxima. Aqui, discutiremos acerca das preposições, conjunções, advérbios e pronomes relativos, e citaremos os principais conectivos para estruturar cada parágrafo da sua redação. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 8 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Segundo a Minigramática de Paschoalin e Spadoto (Paschoalin e Spadoto, 1997), “preposição é a palavra invariável que liga dois termos”. Nessa ligação, é estabelecida uma relação de subordinação, depen- dência, em que o segundo termo é dominado pelo primeiro. Dessa forma, há diferentes possibilidades de relação, como as temporais “desde” e “após”, a de oposição “contra”, etc. Explicaremos todos os detalhes no próximo tópico. Além disso, os pronomes relativos se referem a coisas ou pessoas mencionadas anteriormente. É graças a eles que podemos evitar repetições no texto. Já os advérbios são normalmente utilizados nos inícios dos parágrafos de desenvolvimento, para demonstrar continuidade na linha de raciocínio criada na introdução. As conjunções, por sua vez, são palavras que ligam duas orações, ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Dividem-se em coordenativas, quando ligam orações independentes, e subordinativas, quando são dependentes. • Preposições: Primeiramente, é fundamental o conhecimento de todas as preposições. Embora seja recomendável que você as memorize, não se desespere caso esqueça algumas. O mais importante é saber utilizá-las. Começaremos com as chamadas “essenciais”: A - após - ante - até - com - contra - de - desde - em - entre - para - per - perante - por - sem - sob - sobre - trás Talvez tenha notado a presença do “a”, muito usado como artigo para “a menina” ou “a escola”. Nesse caso, porém, o “a” é elemento de ligação. Tomando como exemplo o verbo “ir”, funcionaria da seguinte forma: A frase “o garoto quer ir” não informa o local desejado, certo? Portanto, pode-se dizer que “o garoto quer ir a algum lugar”. Veja que o verbo “ir” necessita de um auxiliar para ligar-se ao resto da oração, e como dito anteriormente, as preposições existem justamente com esse propósito, afinal, “o garoto que ir algum lugar” soa bastante estranho. Entretanto, suponha que o local seja a escola. Dessa forma, “o garoto quer ir a + a escola”, visto que quem vai, vai a algum lugar, e escola é um substantivo feminino que leva o artigo “a”, lembra? Quando uma preposição se junta a um artigo, ela pode se combinar ou contrair, e como se tratam de dois “a”, ocorre uma fusão, surge a crase e se transformam em um “à”. Esse “a” não só pode ser preposição ou artigo, como também pode ser um pronome oblíquo quando substitui o substantivo: “deixamos a irmã dele em casa” pode ser escrito como “a deixamos em casa”. Antes de conversarmos mais sobre as combina- ções e contrações das preposições, é necessário falar sobre as chamadas “acidentais”, que são provenientes de outras classes gramaticais: Como - conforme - consoante - durante - fora - mediante - que - salvo - segundo A preposição “que” é, provavelmente, a mais problemática, mas não se preocupe, explicamos todos os detalhes para você não errar! Preste atenção: Exemplos de usos do “que”: O quê? Não é possível! (interjeição) Aqui está sendo usado como forma de expressão para contrariedade e espanto. Leva acento por estar no final de uma frase. Essa pessoa tem um certo quê interessante (substantivo) Sinônimo de “um tanto”, “certa coisa”. Não é elemento de coesão. Que divertido! (advérbio) Sinônimo de “quão” e “quanto”. Não é elemento de coesão. Que houve? (pronome substantivo) “Que coisa aconteceu?” Não é elemento de coesão. É importante que você venha me visitar (conjun- ção) É um elemento de coesão, visto que está ligando duas orações. Perceba como as orações dos verbos “é” e “venha” estão conectadas. Aquelas foram as pessoas que nos roubaram. (pronome relativo) O “que” vem após um substantivo (pessoas) e é relativo a elas. Também pode ser trocado por “as quais”, provando ser um pronome relativo. É um elemento de coesão. Tenho que ler o livro. (preposição) Veja que aqui, quem “tem”, tem que fazer algo. Portanto, “que” age como elemento de coesão. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 9 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Agora podemos falar sobre as combinações e contrações! As preposições a, de, em e per unem-se a outras palavras, formando um único vocábulo. Ocorre combinação quando a preposição não perde nenhum som na fusão das palavras. Se juntarmos a preposição “a” aos artigos definidos “o” e “os”, por exemplo, as palavras formadas mantêm uma pronúncia aproximada dos termos originais: “ao” e “aos”: Fomos ao dentista / fomos aos zoológicos E também pode combinar-se com o advérbio “onde”: Vou aonde você vai Já a contração acontece quando há perda de fonema: De + artigos De + o(s) Do(s) De + a(s) Da(s) De + um Dum De + uma Duma De + uns Duns De + umas Dumas De + pronomes demonstrativos De + este(s) Deste(s) De + esta(s) Desta(s) De + esse(s) Desse(s) De + essa(s) Dessa(s) De + aquele(s) Daquele(s) De + aquela(s) Daquela(s) De + isto Disto De + isso Disso De + aquilo Daquilo De + o(s) Do(s) De + a(s) Da(s) De + pronome pessoal De + ele(s) Dele(s) De + ela(s) Dela(s) De + pronome indefinido De + outro(s) Doutro(s) De + outra(s) Doutra(s) De + advérbios De + aí Daí De + aqui Daqui De + ali Dali Em + artigos Em + a Na Em + o No Em + um Num Em + uma Numa Em + uns Nuns Em + umas Numas Em + pronomes demonstrativos Em + este(s) Neste(s) Em + esta(s) Nesta(s) Em + isto Nisto Em + isso Nisso Em + aquilo Naquilo Em + esse(s) Nesse(s) Em + essa(s) Nessa(s) Em + aquele(s) Naquele(s) Em + aquela(s) Naquela(s) Em + a(s) Na(s) Em + o(s) No(s) Per + artigos Per + a(s) Pela(s) Per + o(s) Pelo(s) A + artigo feminino (ocorre crase) A + a(s) À(s) A + pronomes demonstrativos (ocorre crase) A + aquele(s) Àquele(s) A + aquela(s) Àquela(s) A + aquilo Àquilo Já que o assunto retornou, vamos falar de crase, também chamada “acento grave”! Segundo Paschoalin e Spadoto (Paschoalin e Spadoto, 1997), crase pode ocorrer: 1. Antes de palavras femininas que admitem artigo, desde que o termo regente exija preposição: Devemos obedecera + as leis = devemos obedecer às leis Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 10 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Lembre-se: quem obedece, obedece a alguma coisa ou a alguém. Esse é um termo regente que exige a preposição “a”. Se não houver ambas as situações, a crase não ocorre: Rasparam + a barba Repare que, quem raspa, raspa algo e não a algo, portanto o termo regente não exige a preposição “a”. Fui a + Campinas Nesse caso, quem foi, foi a algum lugar. No entanto, Campinas é um substantivo que não admite artigo, visto que “a Campinas” ou “as Campinas” são frases que não fazem sentido. Assim, quando se tratar de nome de lugar, para saber se a palavra admite ou não artigo, você pode construir a frase usando o verbo “voltar”: Voltei de Campinas (não há artigo “a”) = fui a Campinas Voltei da Bahia (de + a) = fui à Bahia 2. Com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, quando o termo regente exigir a preposição a: Fui a + aquele cinema = fui àquele cinema Puxei + aquele fio = o termo regente não exige preposição “a” 3. Com os pronomes a, as, quando representam aquela ou aquelas, desde que o termo regente exija preposição: Esta cena é igual a (aquela) que vimos = esta cena é igual à que vimos Esta cena é igual a (aquelas) que vimos = esta cena é igual às que vimos Afinal, o que é igual deve ser igual a algo ou alguém. 4. Antes dos pronomes relativos a qual ou as quais, quando o termo regente exigir preposição: Esta é a moça à qual me referi. (Quem se refere, se refere a algo ou alguém.) Estas são as moças às quais nos referimos. 5. Na indicação de horas: Chegamos à uma hora. Saímos às dez horas. 6. Nas locuções adverbiais femininas: Saímos à tarde e voltamos à noite. Sentiu-se à vontade. Sentou-se à direita. Respondeu às pressas. Fez à toa. Estava à distância de 100 metros da própria casa. Às vezes ela dorme tarde. Sentou-se à mesa. Ele foi à feira para comprar frutas, mas depois dirigiu-se à pizzaria. Ele conduziu o processo às cegas. Em alguns casos, as locuções adverbiais femininas recebem crase meramente por clareza, visto que na verdade só levam um “a”: Tranquei a chave (a chave foi trancada). Tranquei à chave (tranquei algo com a chave). Perceba que o verbo trancar não exige preposição, e mesmo assim recebe o acento para evitar o duplo sentido. O mesmo ocorre nos exemplos abaixo: Coloquei a venda (faixa nos olhos). Coloquei à venda (está vendendo algo). Desenhou a mão (desenhou uma mão). Desenhou à mão (desenhou usando a mão). 7. Nas locuções prepositivas formadas de palavras femininas: Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 11 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ À custa da irmã, uma pessoa finalmente saiu da zona de conforto. Essa pessoa foi ao parque à procura do amor perfeito. Outra, estava lá justamente à espera de um amor. Ambas estavam à sombra de uma árvore florida. Era bonito o entardecer à beira do lago, ali perto. Então, começou a ventar muito. Graças à ventania, o chapéu de uma delas caiu. Devido à vontade de ajudá-la, a outra o recolheu. Junto à ansiedade de ambas as pessoas quando seus olhares se encontraram, veio a vontade de se conhecerem. Com respeito à irmã, esta ficou jogando videogame sem esperança quanto à sorte amorosa da pessoa que a incentivou a sair. 8. Nas locuções conjuntivas: À medida que o trabalho aumenta, torce- mos para que o salário acompanhe o ritmo em crescimento. À proporção que o salário diminuía, os empregados iam embora. Casos em que não ocorre crase: 1. Antes de palavra masculina: Gosto de andar a cavalo. Sinto-me lisonjeado a respeito do comuni- cado. 2. Antes de verbo: A seguir, uma entrevista exclusiva com um professor renomado. 3. Antes da maioria dos pronomes, por não admitirem artigo: Contei aquela história a ele. Este nunca mais se referiu a nós. Mesmo quando se referia a todas as outras pessoas. Então desisti de contar histórias a elas também. 4. Antes de palavras no plural que não são definidas pelo artigo: Ela gosta de ir a lugares bonitos, mas não a reuniões, não importa onde ocorrerem. 5. Antes das palavras casa e terra quando não tiverem elementos modificadores: Chegaram a casa e não disseram nada. Eles voltaram a terra. Chegaram à casa de Luan e não disseram nada (tem modificador). Eles voltaram à terra de origem (tem modificador). 6. Nas locuções adverbiais formadas de elemen- tos repetidos: Gota a gota a água cairá no balde. 7. Na expressão a distância quando esta não estiver especificada: À distância de 100 metros [distância especificada (100 metros)]. Teve aulas a distância (distância não está especificada). Casos em que o uso da crase é facultativo: 1. Antes de nomes próprios femininos referen- tes a pessoas: Refiro-me à Ana. Refiro-me a Ana. 2. Antes de pronomes possessivos femininos: Não me referi à sua capacidade. Não me referi a sua capacidade. Contei uma história à Vossa Senhoria. Contei uma história a Vossa Senhoria. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 12 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Estas são algumas das locuções prepositivas mais comuns, que são junções de duas ou mais preposições: Abaixo de - acima de - acerca de - a fim de - além de - apesar de - antes de - a par de - depois de - em vez de - ao invés de - diante de - graças a - através de - a respeito de - sob pena de - ao encontro de - junto a - junto de - de encontro a - ao ponto de - à mercê de - ao redor de - às custas de - de acordo com - com respeito a - em face de - em torno de - quanto a - por trás de - por meio de - ... E, enfim, as diferentes relações de subordina- ção: Autoria - Pintura de Van Gogh. Sinfonia de Beethoven. Lugar - Ver de longe. Estar em casa. Estar sob a escrivaninha. Cair sobre o teto. Parar ante o altar. Tempo - Dormir após o show. Viajar em algumas horas. Estudar desde as onze horas. Nascer a vinte de março. Modo - Fugir aos gritos. Falar por telefone. Comer com receio. Votar em branco. Causa - Ser repreendido por gritar. Tremer de frio. Assunto - Discutir sobre filmes. Fim ou finalidade - Chamar para fazer algo. Ter algo de/para comer. Vir em busca. Instrumento - Queimar-se com o fogo. Companhia - Estar com os amigos. Meio - Viajar de avião. Sair a cavalo. Matéria - Estojo de tecido. Copo de vidro. Faz-se pão com farinha. Posse - Xícara de Alice. Sapato de Cinderella. Oposição - O Brasil jogou contra a Alemanha. Conteúdo - Tigela de (com) sopa. Preço - Vender a (por) cem reais. Caderno de doze reais. Origem - Descender de família nobre. Destino - Ir à Roma. Voltar para casa. Distância - Ficar a um metro dele. Limite - Comer até não aguentar mais. Ir até o mercado. Abaixo, segue um trecho da introdução de uma redação nota 1000 do ENEM, cujo tema foi a “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” (J. P. Celem: Redação do ENEM 2018 2019): Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Julia Paula Celem “Sob a perspectiva de uma revolução Tecno- Científico-Informacional, vive-se o auge da evolução humana em sua relação com a tec- nologia, em que se destaca a ascensão do papel da internet no cotidiano social. Entre- tanto, tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aprovei- tamento malicioso para que ela atue como um meio influenciador de comportamentos. Nesse contexto, configura-se um quadro alar- mante correlacionado ao potencial de mani- pulação do usuário por meio do controle dos dados expostos a ele, o que decorre de inte- resses organizacionais e gera um processo de alienação social. Em um primeiro plano, é imperioso ressaltar que a busca por adesão a um interesse financeiroou ideológico inten- sifica o controle da internet como um forma- dor comportamental. De acordo com as pes- quisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião. Assim, com o aumento abrupto do uso das re- des virtuais, diversas organizações usufruem desse poder em prol de atingir sua causa com a imposição de informações selecionadas as quais limitam a escolha do usuário. [...]” Observe o uso das preposições já no início de uma redação, para conectar as sentenças. É importante conectá-las constantemente, a fim de manter sua linha de raciocínio clara para o corretor. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 13 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Bons exemplos presentes no fragmento de texto acima são “nesse contexto” e “de acordo com”. O primeiro dá continuidade ao que foi dito previamente, visto que o “contexto” é a situação colocada por você, já o segundo adere à redação uma citação, algo de fora que ainda não foi mencionado e será explicado em seguida, nesse caso as pesquisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer. Logo, está conectando a nova informação com o texto, a fim de evitar frases soltas que parecem não ter nexo algum umas com as outras. É justamente para isso que servem os elementos de coesão. Sem medo, tente classificar as preposições usadas no texto e em seguida confirme suas respostas utilizando o exposto no material. Essa é uma prática simples e individual que ajuda muito! • Pronomes relativos: Como já introduzido anteriormente, os pronomes relativos são aqueles que servem para retomar, referenciar um termo anterior: o antecedente. Seu uso é um recurso para evitar repetições. Quanto à forma, os pronomes podem ter formas variáveis e formas invariáveis: variáveis invariáveis masculino/feminino o qual/a qual/os quais/as quais cujo/cuja/cujos/cujas quanto/quantos/quantas que quem onde Podem ter formas simples: que, quem, cujo e quando; e forma composta: o qual. Vale lembrar que o pronome onde, antecedido das preposições a e de, se aglutina a elas, formando aonde e donde. Natureza do antecedente O antecedente é aquele termo já mencionado, o qual o pronome relativo fará referência, retomará. Pode ser: 1. substantivo: Chamem as meninas que eu vi hoje no corredor. 2. pronome: Serão eles de quem tanto me falaram? 3. adjetivo: As maçãs tornaram-se doces, mais gostosas e suculentas que dantes. 4. advérbio: Lá, por onde caminhavam os dois, a sós. 5. oração (nesse caso é resumida pelo demons- trativo o) Dormiram todos juntos, o que gerou muitos comentários. Empregos dos pronomes relativos – Que Usa-se para referenciar pessoa ou coisa, no singular ou plural. Pode iniciar orações adjetivas restritivas e explicativas: ∗ Não faz nada que se aproveite, esse homem. ∗ A professora, que acabava de explicar, chorava por dentro ao ver tal situação. Em alguns casos o pronome relativo que pode ser o sentido de uma oração anterior. Neste caso, o que vem antecipado do demonstrativo o ou da palavra coisa ou equivalente, que resumem a oração referida: ∗ Ensinava muito bem, o que requer muito estudo, empenho e amor pelo trabalho. ∗ Era melhor eu ir embora rápido, o que fiz demodo a não ver nada aomeu redor. ∗ Ela me permitiu limpar suas lágrimas, gesto que a mostrou confiante. Em outros casos o antecedente pode não estar expresso: ∗ A uma situação assim, o rapaz não sabia o que fazer. – Qual, o qual Pode ser usado nas orações adjetivas explica- tivas para substituir o pronome que. ∗ Lembro-me muito bem da professora, a qual, uma vez, me chamou a atenção. ∗ Caiu da janela, através da qual eu olhava as flores no jardim. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 14 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Atenção! A substituição é utilizada como um recurso de estilo, sendo um recurso para ter clareza ou dar ritmo ao texto. No entanto, há casos que se deve, preferencialmente, utilizar o pronome que. Essa regra se aplica quando o pronome vem antecedido de preposições monossilábicas a, com, de, em e por. Quando com as outras preposições ou lo- cuções prepositivas, usa-se o pronome o qual. ∗ Joguei fora o tapete sobre o qual morreu meu cão. ∗ As visitas chatas, durante as quais eu dormia, nunca mais aconteceram. Usa-se o qual após alguns pronomes indefini- dos, numerais e superlativos: ∗ Marta era mãe de sete moças, algumas das quais já foram minhas alunas. ∗ Três gatos dos quais um era cego. ∗ Os irmãos, quatro ou cinco, o mais velho dos quais tem quarenta anos. – Quem Utilizado quando se refere a pessoas ou coisas personificadas: ∗ Triste é quem não dá valor à educação. ∗ De quem ela é mãe? Quando há um antecedente explícito, pode substituir o qual. Vem sempre antecedido de preposição: ∗ A moça a quem voltava o olhar todos os dias era esposa do seu chefe. – Cujo É utilizado como pronome adjetivo e concorda com a coisa possuída em gênero e número: ∗ Lindíssima a escola, cujo diretor era meu professor de português. ∗ Machado de Assis escreveu A mão e a luva, em cuja obra o amor se encaixa perfeitamente. – Quanto Sempre é utilizado após os pronomes indefinidos tudo, todos (ou todas), que podem ser omitidos: ∗ Em tudo quanto fiz fui esquecido. ∗ Entre quantos te amam, não vês a ti próprio. – Onde Usado, normalmente, com a função de adjunto adverbial (= o lugar em que, no qual): ∗ Este é o jazigo, onde descansam meus antepassados. ∗ Não sei onde posso comprar amêndoas. ∗ Poderia me dizer aonde vais a essa hora? ∗ Não sei aonde ele está. A seguir, é apresentado o mesmo trecho da introdução da redação nota 1000 do ENEM escrito pela estudante Julia Paula Celem (J. P. Celem: Redação do ENEM 2018 2019), antes utilizado para destacar as preposições. Perceba como o uso conjunto de diferentes elementos de coesão é o que, de fato, dá sentido ao texto: Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Julia Paula Celem ”Sob a perspectiva de uma revolução Tecno- Científico-Informacional, vive-se o auge da evolução humana em sua relação com a tec- nologia, em que se destaca a ascensão do papel da internet no cotidiano social. Entre- tanto, tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aprovei- tamento malicioso para que ela atue como um meio influenciador de comportamentos. Nesse contexto, configura-se um quadro alar- mante correlacionado ao potencial de mani- pulação do usuário por meio do controle dos Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 15 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ dados expostos a ele, o que decorre de inte- resses organizacionais e gera um processo de alienação social. Em um primeiro plano, é imperioso ressaltar que a busca por adesão a um interesse financeiro ou ideológico inten- sifica o controle da internet como um forma- dor comportamental. De acordo com as pes- quisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião. Assim, com o aumento abrupto do uso das re- des virtuais, diversas organizações usufruem desse poder em prol de atingir sua causa com a imposição de informações selecionadas as quais limitam a escolha do usuário. [...]” • Advérbios: Advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo ou do próprio advérbio. Ou seja, é aquela palavra que vai ter a função de trazer circunstância a ação de um verbo, ou circunstância a um adjetivo ou advérbio, podendo ser então uma afirmação, dúvida, intensidade, lugar, tempo, modo e negação. Vejamos um exemplo: – Hoje eles talvez anunciem o resultado do sorteio mais cedo.Hoje (advérbio de tempo) eles (pronome) talvez (advérbio de dúvida) anunciem (verbo) o (artigo) resultado (substantivo) do (preposição de + o) sorteio (substantivo) mais (advérbio de intensi- dade) cedo (advérbio de tempo). Assim como em algumas outras classes gramati- cais, temos a locução, neste caso, adverbial. A locução adverbial vai acontecer pela união de duas ou mais palavras advérbio, dando sentido de apenas um advérbio. Veja: De longe, observava os meninos na calçada, em cima de um velho cobertor. A tempestade chegou de repente, durante a madrugada, e arrasou a plantação. Os advérbios e locuções adverbiais, assim como as outras classes gramaticais, possuem classificações. Essas classificações variam quanto a afirmação, dúvida, intensidade, lugar, tempo, modo e negação. TIPOS DE ADVÉRBIOS Lugar Aqui; ali; lá; perto; longe; embaixo... Tempo Hoje; amanhã; nunca; cedo; sempre... Modo Bem; mal; calmamente; integralmente... Afirmação Sim; certo; corretamente... Negação Não; nunca; jamais; nem; tampouco... Dúvida Talvez; possivelmente; provavelmente... Intensidade Muito; pouco; demais; menos... Exclusão Salvo; exceto; apenas; somente... Inclusão Inclusive; também; mesmo; ainda... Ordem Primeiramente; ultimamente; depois... – Perceba que há, em alguns casos, o uso das terminações (sufixo) -mente, que denota que tal palavra está tendo função de advérbio. Mas, este uso deve acontecer quando há uma sequência. Assim, pode-se fazer o uso apenas no último advérbio. Perceba: ∗ O homem conta fria e pausadamente seus planos. ∗ Ela dormia tranquila, calma e sosse- gadamente. – É importante ressaltar que, embora haja a tabela que elucida qual tipo de advérbio se trata, o fundamental é compreender a função em questão. Pois por haver muitas classificações, o ideal é buscar entender e não decorar. Um caso é o seguinte: ∗ Vive-se mal em alguns lugares. (Mal = advérbio de modo) ∗ Mal cheguei e já iniciaram a reunião. (Mal = advérbio de tempo). Vamos ver algumas frases e compreender um pouco mais esse ponto: Eu estou aqui aguardando meu amigo. (Adv. de lugar) Hoje irei estudar. (Adv. de tempo) O menino estudava calmamente para o exame. (Adv. de modo) Estou realmente empolgado com este show! (Adv. de afirmação) Nunca maltrate os animais! (Adv. de negação) Possivelmente haverá prova semana que vem. (Adv. de dúvida) Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 16 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Pedro repetiu tanto que acabou decorando o poema. (Adv. de intensidade) Ele resolveu apenas duas questões. (Adv. de exclusão) Também aprenderemos a ler e escrever. (Adv. de inclusão) Primeiramente é preciso ler textos jornalísticos. (Adv. de ordem) Além destes, teremos alguns advérbios, que pode- mos classificar como advérbios interrogativos, empregados em interrogativa direta ou indireta, indicando circunstâncias de tempo, lugar, modo e causa. Vamos recapitular antes a definição de inter- rogação direta e indireta. As interrogações diretas são aquelas iniciadas com palavras interrogativas e ao fim da frase é feito o emprego de ponto de interrogação. Já a interrogação indireta é o oposto, pois, não inicia com palavras interrogativas e ao fim da frase faz-se o emprego do ponto final. – Onde está sua carteira? (Interrogação direta, iniciando com advérbio de interrogação de lugar) – Perguntei onde estava sua carteira. (Interro- gação indireta, iniciando com o verbo Exemplos de advérbios interrogativos são: – Onde? (advérbio interrogativo de lugar) Por que? (advérbio interrogativo de causa) Como? (advérbios interrogativo de modo Quando? (advérbio interrogativo de tempo) Embora os advérbios sejam pertencentes da classe gramatical invariável, possui flexão de grau: comparativo e superlativo. O grau comparativo poderá ser de: – Superioridade: mais (advérbio) que – Inferioridade: menos (advérbio) que – Igualdade: “tanto (advérbio) quanto” ou ainda “bem ... como”, “tão ... como” Ele come mais lentamente do que eu. Ele come menos lentamente do que eu. Ele come tão lentamente como eu. O grau superlativo poderá ser: – Analítico: utilização de advérbio de intensi- dade: muito...; bastante. . . ; pouco. . . – Sintético: Faz-se o uso do prefixo -íssimo no radical do advérbio. RELEMBRANDO SUFIXO RADICAL PREFIXO In feliz mente – Era longíssimo o sítio de meus avôs. – A secretária anotou rapidíssimo o endereço. Vamos agora tratar das Locuções Adjetivas: A locução é um conjunto de duas ou mais palavras que, juntas, terão a função de advérbio, assim, trarão circunstância ao verbo, adjetivo ou advérbio. Deve virar à esquerda. (à esquerda = locução adverbial de lugar) Ele sabia o conteúdo da prova de cor. (de cor = locução adverbial de modo) CLASSIFICAÇÃO Locução adverbial de lugar à esquerda; à frente; ao lado; Locução adverbial de tempo à tarde; em breve; às vezes; Locução adverbial de modo ao contrário; às pressas; à vontade; Locução adverbial de afirmação com certeza; sem dúvida; por certo; Locução adverbial de negação de forma alguma; de modo algum; de jeito nenhum; Locução adverbial de intensidade de muito; de pouco; de todo; Locução adverbial de dúvida com certeza;quem sabe; Mas afinal, onde e para que usar os advérbios? Como já fora citado, os advérbios e as locuções adverbiais trarão circunstâncias, principalmente Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 17 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ ao verbo, mas também ao adjetivo e advérbio. Desta forma é possível dar ênfase, marcar o verbo fazendo o uso de advérbios de intensidade. O Brasil precisa de uma reforma na educação. O Brasil precisa muito de uma reforma na educação. O governo se mostrou contra o projeto O governo se mostrou totalmente contra o projeto Percebeu? O uso do muito traz uma percepção de importância e de vigência. E assim, durante a escrita é interessante se pensar nesses tipos, fazendo as “jogadas” com as palavras, tornando a redação mais rica e fluida. Por isso, é muito importante estudar e buscar compreender tal uso. • Conjunções: Também conhecidas como conectivos, as con- junções são vocábulos (palavras e expressões) que desempenham funções muito importantes no que se refere a coesão textual. Segundo Cunha e Cintra (Cunha e Cintra, 2016) elas podem ser responsáveis por relacionar duas orações com mesma função gramatical, orações coordenativas, ou por ligar duas orações, das quais uma determina ou completa o sentido da outra, orações subordinativas. 1. Conjunções Coordenativas As conjunções coordenativas têm a função de ligar dois termos independentes, esta- belecendo relações de adição, adversão, alternância, conclusão ou explicação. Desse modo não há mudança na construção dos elementos. Dividem-se em: – aditivas: ligam duas orações ou dois ter- mos com função idêntica, estabelecendo relação de adição. São: e, nem, mas também, como também, bem como, etc. ∗ Dona Maria acordou e levantou-se imediatamente. ∗ Meu filho não toma café, nem leite. – adversativas: ligam duas orações ou dois termos de mesma função, acrescentando-lhes uma ideia de contraste, oposição. São: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. ∗ Alertei-o do perigo, mas ele não me ouviu. ∗ Escrever não é fácil, no entanto, estudando e praticando se aprende. – alternativas: ligam duas orações ou dois termos com sentido diferente, indicando que o cumprimento de um fato não possibilita o cumprimento de outro. São: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, já...já, nem...nem. ∗ Para Marília, ou fugia com o amado, ou viveria toda a vida triste. ∗ Será que devo comer macarrão ou arroz? ∗ Ora estava lendo, ora chorava pelos cantos da casa. – conclusivas: ligam à oração anterior uma outra oração que permitirá con- clusão, consequência. São: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, etc. ∗ Sua carteira de motorista está vencida, logonão pode dirigir. ∗ Amo Machado de Assis, portanto o leio muito. – explicativas: ligam duas orações, a segunda justifica a ideia da primeira. São: que, porque, pois, porquanto. ∗ Não venha aqui hoje, porque preciso terminar umas tarefas. ∗ Vamos almoçar, mãe, que estou com fome. 2. Conjunções Subordinativas Tais conjunções são classificadas em causais, concessivas, condicionais, finais, temporais, comparativas, consecutivas e integrantes. To- das elas, exceto as integrantes, iniciam ora- ções adverbiais. Desse modo, as integrantes ficam responsáveis pelas orações substanti- vas. – causais: iniciam orações subordinadas que denotam causa. São: porque, pois, porquanto, como, pois que, por isso que, Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 18 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ já que, uma vez que, visto que, visto como, que, etc. ∗ Tenho estudado muito, porque em breve serei submetido a uma avaliação. ∗ Como já era idosa não pôde sair de casa. – concessivas: iniciam orações subordina- das com sentido contrário à principal, mas com incapacidade de impedi-la. São: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, nem que, que, etc. ∗ Estava sempre a sorrir, embora tivesse uma vida dura. ∗ Nem que fosse torturada, ela jamais deixaria seu filho. – condicionais: iniciam orações su- bordinadas que indicam condição para que se realize ou não o fato da oração principal. São: se, caso, contanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc. ∗ Caso chovesse, o encontro seria adiado. ∗ As aulas serão ministradas online, desde que todos tenham acesso à internet. – finais: iniciam orações subordinadas que indicam finalidade para a oração principal. São: para que, a fim de que, porque. ∗ O amor do professor pela profissão não bastava para que ele traba- lhasse por tão pouco. ∗ A reunião foi marcada a fim de que fossem esclarecidos os fatos. – temporais: iniciam orações subordina- das que indicam situação de tempo. São: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que, etc. ∗ Quando voltar para cá, traga contigo, mamãe. ∗ João morava sozinho, desde que sua esposa faleceu. ∗ Enquanto ela viver, nada será triste. – consecutivas: iniciam orações que indicam consequência do que fora declarado na oração anterior. São: que, de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que, etc. ∗ A piada foi tão engraçada, que Maria afinou-se de tanto rir. ∗ A disciplina é muito complexa, de modo que os alunos precisam estudar muito. – comparativas: iniciam orações que encerram com uma comparação. São: que, do que, qual, quanto, como, assim como, bem como, como se, que nem. ∗ Correu como se estivesse sendo perseguida por bandidos. ∗ Mais do que palavras, falam de verdades. ∗ Como que nem um animal faminto. – integrantes: introduzem orações que servem como sujeito, objeto direto, ob- jeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de uma oração. São que e se. Sugestões de uso: Quando o verbo apresenta certeza, faz-se uso do que: ∗ Não tenho dúvidas de que ela me ama. ∗ Sua resposta era que sim, que toparia ajudar. Quando o verbo apresenta incerteza, faz-se uso do se: (a) dúvida: ∗ Os pais queriam saber se ele estava Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 19 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ bem ou se estava mal. (b) interrogação indireta: ∗ A questão era se ainda faria sentido continuar. Atenção! Segundo Cunha e Cintra (Cunha e Cintra, 2016), “A Nomen- clatura Gramatical Brasileira inclui ainda as conjunções conformativas e proporcionais, que a Nomenclatura Gramatical Portuguesa não distingue das comparativas.” – conformativas: iniciam orações subordi- nadas que indicam conformidade com a ideia da oração principal. São: conforme, como, segundo, consoante, etc. ∗ Como disse, não estarei presente. ∗ Cada um vê a vida consoante a criação que teve. – proporcionais: iniciam orações que apresentam fatos que realizados ou a serem realizados ao mesmo tempo com o da oração principal. São: à medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais...mais, quanto mais...tanto mais, quanto mais...menos, quanto mais...tanto menos, quanto menos...menos, quanto menos...tanto menos, quanto menos...mais, quanto menos...tanto mais. ∗ À medida que os anos passavam, os cabelos caíam. ∗ A violência aumentava, à propor- ção que a educação era deixada de lado. ∗ Quanto mais se estuda, mais se quer estudar. 3. Polissemia conjuncional: Algumas conjunções podem pertencer a mais de uma das classes apresentadas, portanto, é de suma valia que se analise o contexto em que elas são colocadas. Exemplos de conjunções que podem ser polissêmicas: que, como, porque, se, etc. 4. Locução conjuntiva: Conforme descrito por Cunha e Cintra (Cunha e Cintra, 2016), “[...] há numerosas conjunções formadas da partícula que antecedida de advérbios, de preposições e de particípios: desde que, antes que, já que, até que, sem que, dado que, posto que, visto que, etc.”. Todas essas são locuções conjuntivas. A seguir, temos o mesmo trecho da redação nota 1000 do ENEM escrita pela autora Julia Paula Celem (J. P. Celem: Redação do ENEM 2018 2019), agora utilizado para exemplificar o uso das conjunções. Note a importância dos elementos para a coesão textual: Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comporta- mento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Julia Paula Celem “Sob a perspectiva de uma revolução Tecno-Científico-Informacional, vive- se o auge da evolução humana em sua relação com a tecnologia, em que se destaca a ascensão do papel da in- ternet no cotidiano social. Entretanto, tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aproveitamento malicioso para que ela atue como um meio influenci- ador de comportamentos. Nesse con- texto, configura-se um quadro alar- mante correlacionado ao potencial de manipulação do usuário por meio do controle dos dados expostos a ele, o que decorre de interesses organizacio- nais e gera um processo de alienação social. Em um primeiro plano, é impe- rioso ressaltar que a busca por adesão a um interesse financeiro ou ideoló- gico intensifica o controle da internet como um formador comportamental. De acordo com as pesquisas dos so- ciólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião. Assim, com o aumento abrupto do uso das redes virtuais, di- versas organizações usufruem desse poder em prol de atingir sua causa com a imposição de informações sele- Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 20 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ cionadas as quais limitam a escolha do usuário. [...]” 2.3 Orientação argumentativa: como re- alizar? A introdução é a primeira parte do texto, é nela onde são apresentadas, de modo objetivo, as principais ideias desenvolvidas posteriormente, fazendo, portanto, a contextualização do tema. Desse modo, sua estrutura deve ser organizada, objetiva e abrangente, contendo a(s) ideia(s) geral(s). Ao entender que introduzir é apresentar aquilo que se vai explanar, surge a importância de uma escrita que traga, sem delongas, as futuras apresentações do texto. Para que a introdução seja, segundo seu propósito, organizada, nela devem ser apontadas, com clareza, as futuras argumentações. Há, portanto, a necessidade de uma apresentação que passe ao leitor o conheci- mento daquilo que será lido. Há um ponto ao qual se deve olhar atentamente: a orientação argumentativa. Tal elemento é o que dá ao leitor base para o futuro desenvolvimento.Assim sendo, pode-se ter duas orientações argumentativas em uma introdução. As duas orientações argumentativas colocadas na introdução serão importantes para desenvolver no primeiro, e no segundo parágrafo. Tendo reconhecido esses pontos, é importante que se leia, revise e perceba, se há, de fato, concordância entre a introdução e o resto do texto. Pois, as estruturas futuras apenas desenvolverão sobre o que fora apresentado. Após as apresentações colocadas na introdução, é no desenvolvimento que se discorre sobre a(s) ideia(s) já apontada(s). Nessa parte do texto deve-se, de modo a não trazer informações e ideias pessoais, argumentar, com embasamento, sobre o tema. Para isso, são deixados dois parágrafos de desenvolvimento. Os argumentos e suas expansões são articuladas nesse espaço. Primeiramente, dá-se início ao desenvolvimento, trazendo um tópico frasal, que fará a síntese do que será defendido. Posteriormente, seguindo a ideia trazida pela primeira orientação argumentativa, esta deve ser trabalhada. Para isso, podem ser utilizadas explicações, exemplificações, argumentos de auto- ridade, causas e consequências, dados estatísticos ou raciocínio lógico. Considerando que há dois parágrafos de desenvolvimento, a segunda orientação argumentativa deve servir de base para o último parágrafo de desenvolvimento. Ao final, para que a ideia seja fechada ou concluída, há a conclusão. Essa é a parte do texto que mais sofre divergências entre as instituições. No entanto, no geral, a conclusão é aquela que desfecha o texto, conclui. Para ser bem apresentada, faz-se uso de um conectivo de conclusão no início. Nessa parte é esclarecido o ponto de vista, é retomado o que fora apresentado na introdução e ratificado, por meio da paráfrase, a tese. Ela deve trazer uma reflexão geral, e, em se tratando do Enem, deve trazer a proposta de intervenção social sobre o tema trabalhado. 2.4 O Desenvolvimento 2.4.1 Qual a sua função? O desenvolvimento é o corpo da redação e, nor- malmente, restringe-se a dois parágrafos. Nessa parte do texto é necessário que haja argumentação e exemplificação para defender a tese ou ideia exposta na introdução. Parece difícil pensar isso na prática? Há alguns passos que podemos utilizar. Primeiro pense na tese apresentada na sua introdução. Imagine que o tema seja desmatamento, no desenvolvimento, você deverá apresentar fatos e argumentos que comprovem que o desmatamento é prejudicial para o meio ambiente. Caso tenha dificuldade em estabelecer argumentos, reflita sobre o porquê você pensa aquilo da sua tese. É importante ressaltar que o seu desenvolvimento deve ser construído com auxílio de fontes históricas, dados, pesquisas. Depois que os argumentos foram definidos, são necessários quatro elementos para a construção do desenvolvimento: afirmação, explicação, exemplificação e conclusão. Começar o desenvolvimento com uma afirmação, além de situar o leitor sobre o que o parágrafo irá falar, traz para a sua redação um tom sério. Voltemos ao exemplo do desmatamento, o parágrafo pode iniciar da seguinte maneira: “O desmatamento é uma das causas do desequilíbrio ambiental”. Em seguida, é necessário que você explique a afir- mação. De que forma o desmatamento é prejudicial? Em que medida ele contribui para o desequilíbrio ambiental? Ainda, é importante que a redação traga exemplos do que foi dito. Essa é a exemplificação, nesse momento você deve utilizar seu repertório cultural e social. Pode-se usar citações, menções de filmes ou séries, pesquisas, músicas, fatos históricos, dados estatísticos, falas de autoridades. Lembre-se, é muito importante que os exemplos sejam contextualizados com o que foi dito anteriormente. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 21 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ FIQUE LIGADO É comum ouvirmos inúmeras citações que o aluno deve decorar para usar nas redações. An- tes de citar algum filólogo, ou uma frase de efeito, certifique-se se que ela está contextua- lizada com o seu tema! A sua série preferida ou então um trecho de música pode ter tanta eficácia quanto qualquer outra citação, desde que esteja de acordo com o tema. Por fim, é necessário que você conclua o seu parágrafo. Deve-se mostrar que a sua afirmação e os seus exemplos comprovam a tese apresentada na introdução. Como os parágrafos do desenvolvimento são mais longos que os demais, é necessário evitar a repetição de ideias. Além de tornar o texto cansativo, a repetição pode acarretar na perda de pontos. Da mesma forma, os exemplos usados também devem ter uma atenção especial. Eles devem ser bastante representativos e didáticos, e contribuir para a compreensão do texto. É necessário que os exemplos sejam claros o bastante para dar ainda mais originalidade ao seu desenvolvimento. 2.4.2 Como escrever um bom desenvolvi- mento? Costuma-se dizer que uma boa redação é aquela que é “redondinha”, ou seja, a introdução está ligada ao desenvolvimento, que está ligado à conclusão. Para isso, há algumas estratégias que podem ser utilizadas, e que tornam a escrita mais fácil. O uso de conectivos é uma excelente ferramenta na escrita da redação, isso porque eles contribuem para a coesão do texto. Normalmente, as conjunções desempenham o papel de ligar orações, períodos, ideias e parágrafos. Além disso, advérbios e pronomes também podem ser usados como conectivos. Eles podem ser usados com diversas finalidades, e se bem empregados contribuem para a compreensão da sua redação. Ademais, vamos falar sobre estratégias argumentativas, que também vão enriquecer a sua redação. 2.4.3 Estratégias argumentativas Você bem sabe que na redação não basta defender um posicionamento, que nada mais é que o seu ponto de vista escrito de modo imparcial mantendo-se na 3a pessoa do singular ou 1a pessoa do plural, é pre- ciso ainda, fundamentar seus argumentos provando tal veracidade ou fundamento. Para que isso aconteça de modo fluido e coeso, é interessante fazer o uso de dados estatísticos, qualitativos e quantitativos que apresentarão confiança naquilo que se apresenta, mas além disso algumas estratégias argumentativas. Ao longo deste bloco vamos estar apresentando algumas dessas estratégias como: • Exemplificação; • Enumeração; • Comparação; • Causa-efeito; • Evolução histórica; • Contraposição. Mas, cabe aqui ressaltar que estas estratégias são válidas em qualquer ponto da sua redação. Optamos por tratar deste tema dentro do bloco de desenvolvimento, pois, é onde acontece de modo mais recorrente devido a necessidade de fundamentar seus argumentos, então é mais recorrente o uso. Vamos então buscar entender um pouco mais de cada ponto: 1. Exemplificação: Como sugere o nome, a exemplificação pode ser utilizada quando você tem por conhecimento fatos que foram e são marcantes no que tange a sociedade. Então você não pode utilizar aquilo que aconteceu com você ou com alguém próximo, pois não tem como o corretor ir atrás de tal veracidade. Este modelo de argumentação enriquece muito os argumentos por se tratar de algo que ocorreu e apresenta alguma ligação com o tema proposto pela redação seja UFSC, UDESC, ENEM ou ACAFE. Para que fique claro o uso desta estratégia, é possível utilizar palavras chaves, dentre tantas, são elas: • Por exemplo; • Para contextualizar; • A exemplo de; • A título de exemplificação; • Como acontece no caso. Vamos apresentar alguns exemplos utilizados nos parágrafos de algumas redações nota 1000. Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Thais Saeger Ruschmann da Costa “É fato que a tecnologia revolucionou a Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 22 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ vida em sociedade nas mais variadas es- feras, a exemplo da saúde, dos transpor- tes e das relações sociais. No que con- cerne ao uso da internet,a rede poten- cializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da cons- trução de um banco de dados, oferecer pro- dutos de acordo com os interesses dos usuá- rios. Tal personalização se observa, tam- bém, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, ten- denciosas. Nesse sentido, é necessário ana- lisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.” Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Julia Paula Celem “[...] Sob outro prisma, é válido analisar que o controle de dados na internet fo- menta a alienação da sociedade. Essa pro- blemática ocorre porque, quando conteú- dos previamente selecionados, descontex- tualizados ou alterados são a maior parte das informações acessíveis ao público, este passa a reproduzir os comportamentos es- perados pelos órgãos manipuladores e in- fluencia as pessoas ao seu redor por apre- sentar tais fatos como verdades, o que gera um estado de desinformação. Nesse viés, percebe-se que a seleção informacio- nal como um meio alienante antecede a in- ternet, de modo a ser visto, por exemplo, no período ditatorial do Brasil, que, ao cen- surar notícias negativas sobre o panorama do país, criou a ideia de uma nação livre de problemas sociais, econômicos e de segu- rança. Infere-se, então, que o uso maléfico da internet na moldagem de opiniões por meio de ações controladoras propicia uma redução na capacidade de senso crítico da comunidade. [...]” 2. Enumeração: Esta técnica consiste na enumeração de uma listagem de fatos relevantes para comprovar a tese que você está defendendo. Apresentar esses fatos em série te auxiliará na organização da redação, além de explicitar ao corretor sua linha de raciocínio. Vale lembrar que as ideias obrigatoriamente deverão aparecer no texto, e não se deve incluir nos parágrafos aspectos não enumerados anteriormente, da mesma forma que não podem ser esquecidos os fatos listados, visto que estes deverão aparecer durante a estrutura do desenvolvimento. Para fundamentá-los, pode-se reservar parágrafos para cada um, lembrando que o número ideal para essa parte da redação é dois. Assim, é possível utilizar termos como: • Em primeiro lugar; • Primeiramente; • Há (x) fatores/faces; • Outro fator importante; • Outrossim; • Ademais; • Além disso; • Por outro lado. É importante ter em vista que, ao contrário da estratégia comparativa que veremos a seguir, os fatos enumerados não serão usados para que você os diferencie ou assemelhe. Estes estarão presen- tes apenas como colocações para organizar suas ideias, e não precisam de elementos comparativos. Para ilustrar, segue um exemplo de redação nota 1000 do ENEM: Redação nota 1000 do ENEM Tema: Os desafios da formação educacio- nal de surdos no Brasil Ano: 2017 Autor: Matheus Rosi “[...] Emprimeiro plano, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos gru- pos dominantes, no qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos, branco e abastado, sofre uma periferiza- ção social. Assim, ao analisar a sociedade pela visão de Lévi-Strauss, nota-se que tal deficiente não é valorizado de forma plena, pois as suas necessidades escolares e a sua inclusão social são tidas como uma obri- gação pessoal, sendo que esses deveres, na realidade, são coletivos e estatais. Por conseguinte, a formação educacional dos surdos é prejudicada pela negligência so- cial, de modo que as escolas e os profis- sionais não estão capacitados adequada- mente para oferecer o ensino em Libras e os demais auxílios necessários, devido a Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 23 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ sua exclusão, já que não se enquadra no modelo social imposto. Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de modernidade líquida de Zyg- munt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, au- mentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar a exclusão e a dificuldade de inserção educacional dos surdos, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios para a formação escolar de tais deficientes auditivos estão presentes na estruturação desigual e opres- sora da coletividade, bem como em seu viés individualista, diminuindo as oportu- nidades sociais e educativas dessa minoria. [...]” 3. Comparação: O parágrafo desenvolvido por comparação apresenta duas ideias que são utilizadas para demonstrar as semelhanças e/ou diferenças entre elas. Desse modo, é importante que se consiga destacar a importância daquilo que se está defendendo, o que tornará a leitura mais clara e simples para o leitor. Para desenvolver por comparação, é notável perceber que existem dois caminhos para a realização: a alternação e a divisão. Por meio da alternação as duas ideias são alternadas ao longo do parágrafo. Já na divisão as ideias são separadas, inicia-se o parágrafo com uma ideia e termina-se com a outra (essa estratégia é interessante quando as ideias não podem ser separadas por tópicos). Cabe lembrar que alguns operadores argumen- tativos são essenciais para desenvolver com boa articulação e coesão. Alguns exemplos de operadores argumentativos: mais que, menos que, assim como, igualmente, como se, da mesma forma, bem como, assim também, do mesmo modo, tanto quanto, semelhantemente, etc. A seguir há um exemplo de argumentação por comparação em uma redação nota 1000 do ENEM: Redação nota 1000 do ENEM Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: Lucas Santos Barbosa “[..] Por ser uma questão de cunho global, as ações de propagandas infantis também são vivenciadas no Brasil. Embora a eco- nomia passe por um período de recessão, a vontade de consumir pouco mudou nos bra- sileiros. Com os jovens não é diferente, in- fluenciados, muitas vezes, por paradigmas de inferioridade social impostos tanto pela mídia, quanto pela sociedade, além de geral- mente serem desprovidos de uma educação de consumo, tornam-se adultos desorgani- zados financeiramente, ao passo que dão continuidade a esse ciclo vicioso. [...]” 4. Causa e efeito: A argumentação com o uso da estratégia de apresentação de causa e efeito é bastante comum. Nessa proposta, se apresenta os motivos, as razões para que determinado fato aconteça e, na sequência, traz-se os desdobramentos do referido fator. Para conectar os elementos da produção, os conectores: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, como reflexo disso, com efeito, assim, consequentemente, etc podem ajudar. A seguir, temos um exemplo de argumentação usando a estratégia de causa e efeito. O excerto foi encontrado na plataforma online Imagi- nie.com.br que propôs aos internautas a redação com o tema: “Desafios do combate à obesidade infantil” (Imaginie Redação: Desafios do combate à obesidade infantil): “É importante pontuar, de início, a omissão do meio acadêmico quanto à má alimentação dos jovens. À guisa de Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele. As escolas brasileiras, entretanto, negligenciam a saúde dos estudantes ao não instruí-los sobre os riscos da obesidade e as formas de preveni-la. Como reflexo de uma população ignorante frente aos hábitos alimentares ideais, 8,4% dos adolescentes são obesos e mais de 30% das crianças apresentam excesso de peso, segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde.” 5. Evolução histórica Essa proposta argumentativa é focada na cro- nologia dos dados tratados no que se refere ao tempo e ao espaço em que se sucederam. A argumentação por via histórico-evolutiva visa a abordagem de fatos históricos com o uso de datas e locais específicos, sempre respeitando a ordem de acontecimento. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.brInstagram: @gramaticaemmidias Página 24 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Para tanto, operadores argumentativos devem ser usados com o intuito de manter a coesão e esclarecer a cronologia dos argumentos, dentre eles temos: antes, depois, posteriormente, quando, logo que, assim que, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, atualmente, hoje, frequentemente, nesse meio tempo, sempre que, assim que, desde que, dentre outros. A seguir, temos um exemplo de argumentação utilizando evolução histórica (Imaginie Redação: Desafios do sistema de segurança pública no Brasil): “Em primeira instância, cabe destacar o panorama histórico-político da segurança pública que influi em seu perfil hodiernamente. À época do período militar, acentuou-se o esfacelamento de uma sociedade democrática em virtude da doutrina de segurança nacional, uma lógica puramente autoritária de conduta. Os modelos e ações de segurança público limitavam-se à contenção social, com o uso da força e de armas para a repressão. Contudo, essa ótica é perceptível no comportamento das ações policiais que são enfatizadas pelo terror e violência. Um exemplo que permite ilustrar isso, foi a ocupação militar da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, marcada pelas guerras entre traficantes e os próprios policiais, ceifando centenas de vidas inocentes no meio do conflito.” 6. Contraposição: A argumentação por contraposição se baseia na contestação de ideias. Apresenta-se por exemplo a maneira como algo acontece e, em seguida, a razão do não funcionamento de tal proposta. Nessa medida, temos duas perspectivas de um mesmo argumento que contrastam entre si. Bons conectores para uma argumentação por contraposição podem ser: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão, embora, ainda que, mesmo que, mesmo quando, apesar de que, se bem que, não obstante, etc. A seguir, temos um exemplo de argumentação usando a estratégia de contraposição. O excerto foi encontrado na plataforma online Imaginie (R. Rinaldi, Tipos de argumentos: quais estratégias usar em sua redação?): “Outrossim, é importante destacar o papel da educação no combate a essa situação, já que, assim como preconizado pelo educador brasileiro Paulo Freire, se a educação não pode transformar uma sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Tal pensamento evidencia o poder transformador da educação. No entanto, a educação oferecida no Brasil pelo sistema público ainda não é expansiva e de qualidade, principalmente, em comunidades carentes, na qual muitos jovens acabam recorrendo ao mundo da criminalidade, aumentando os índices de violência e prejudicando o sistema público de segurança.” 2.4.4 Como evitar repetição? A repetição de palavras é um dos inimigos na hora da escrita de qualquer texto. Além de tornar a leitura cansativa para o leitor alvo, empobrece demais o mesmo. Na hora de escrever uma redação a repetição de palavras deve ser deixada de lado. Assim, trazemos aqui algumas estratégias para enriquecer um texto e variar o uso de palavras da mesma temática: 1. Sinonímia: A sinonímia é a relação entre duas palavras que têm o mesmo sentido. Usa-se aqui a substituição de uma palavra por um sinônimo. Observe os exemplos dados pelo Blog do ENEM: • Uma lei interdita o uso de vestimentas que impeçam a identificação da pessoa. • Certa prescrição proíbe a utilização de roupas que obstam a identidade pessoal. Aqui temos uma frase inteira modificada de modo a demonstrar como podemos utilizar palavras diferentes para trazer uma ideia semelhante. Para enriquecer o vocabulário e poder trazer mais opções de sinonímias para uma redação, indicamos pesquisa em dicionários físicos e virtuais. É muito valioso construir um brainstorm com palavras relacionadas à temática antes da produção do texto, buscando diversificar o uso em escolhas diferentes para cada período, mas que remetem a um significado aproximado. Vale lembrar que nem sempre as sinonímias substituem perfeitamente um termo a outro, veja o exemplo: • Aquele bolo é doce demais. = Aquele bolo é açucarado demais. • Catarina tem uma voz doce. 6= Catarina tem uma voz açucarada. 2. Hiperonímia e Hiponímia: Para facilitar a compreensão desses termos, trazemos o conceito de hiperônimos e hipônimos Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 25 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ de Márcia Cançado, que trata esses como uma cadeia alimentar de palavras, ou seja, elas funcionam como uma hierarquia de divisões. Hiper seria a parte do conjunto maior e hipo, do conjunto menor. Veja nos exemplos: • A varíola acompanhou o homem por muitos séculos, causando mortes e lesões graves e irreversíveis. Felizmente, a doença foi erradicada no século passado. “A doença” foi utilizada como hiperônimo de “varíola”. • A verdura não podia faltar na merenda, as nutricionistas sempre afirmaram sua importância. Não seja por outra, a alface, além de ser saborosa, contém vitaminas A e C, cálcio, ferro, fósforo e fibras. “A alface” é usada como hipônimo de “a verdura”. 3. Elipse: Figura de linguagem que pode ser utilizada para evitar a repetição usando da omissão. Seria o ato de uma palavra ficar subentendida noutra, uma vez que já expressa numa frase. • Chegando tardiamente no Brasil, ainda causaram grande impacto, tornando muito mais cômodo o armazenamento de arquivos em simples espaços. A tecnologia das mídias de armazenamento compacto certamente foram um acontecimento e tanto para marcar as últimas décadas. Observe que na primeira frase estamos tratando da tecnologia das mídias de armazenamento compacto sem citá-las, omitindo-a do período. • “O movimento popular gerou muitas trans- formações sociais, proporcionou mudanças radicais naquela sociedade”. Nesse exemplo retirado do website In- foescola, vemos a utilização do zeugma, dando a omissão do “movimento popular” antes do segundo verbo que prosseguia ao caracterizar o mesmo sujeito. Ao utilizar esses elementos para ajudar a evitar a repetição deve-se sempre considerar o cuidado para não acabar se afastando muito da temática principal da redação. 2.4.5 Sinais de pontuação Na hora de falar existem certos recursos para expressar uma ideia ou dar ênfase em determinado ponto como, por exemplo, o tom de voz, a ordem em que se fala, as pausas, os silêncios. A pontuação é a responsável por trazer clareza no momento de expressar as ideias nos textos escritos. Os sinais de pontuação garantem coesão e coerência ao texto e, por meio deles, é possível destacar palavras, expressões e esclarecer os sentidos das frases, evitando ambiguidades e equívocos. 1. Ponto (.) Basicamente, o emprego do ponto é marcar o final de uma frase. • Seis governadores do Rio de Janeiro foram afastados ou presos nos últimos 4 anos acu- sados de corrupção. O ponto também é usado nas abreviaturas de palavras. • a. C. = antes de Cristo, sr. = senhor, adj. = adjetivo, m. = metro, p. = página 2. Dois pontos (:) Os dois pontos são comumente usados durante a escrita de textos. Eles servem tanto antes de um discurso direto, para introduzir a fala de algum personagem, ou antes de citações; Em esclarecimentos, explicações, resumos, situações de causa ou consequência; Após palavras que indi- quem exemplos, observações, notas, informações importantes; Ao introduzir uma oração apositiva e após vocativo inicial de cartas e comunicações. Em cada uso, sua função se dá por motivos diferentes. Veja suas disparidades: (a) Ao Introduzir fala de personagem: • (...) depois disse-lhe em um tom mais de queixa do que de rigor: — Estou muito zangada com Peri! (O guarani, José de Alencar, 1857) (b) Ao introduzir uma citação: Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 26 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ • A respeito de amor, Valter Hugo Mãe diz: “precisa ser uma solução, não um problema. Toda a gente me diz:o amor é um problema. Tudo bem. Posso dizer de outro modo: o amor é um problema mas a pessoa amada precisa ser uma solução.” (c) Ao iniciar uma enumeração: • Entre as diversas causas das queimadas, as mais prejudiciais são: a alteração no equilíbrio do ecossistema, a contribuição para poluição do ar com a emissão de gases poluentes e a diminuição de biodiversidade. (d) Em orações apositivas: • Por fim, como consumidores críticos e de diferentes vieses, a sociedade consegue o que mais quer: diversidade de produtos, criando um poder de escolha ainda mais abrangente. Após o estudo das características dessa pontuação, basta praticar e inseri-la em redações também. O uso fundamentado junto à ousadia é essencial para inovar sua escrita. 3. Vírgula (,) A vírgula é o sinal de pontuação que desempenha o maior número de funções. De modo geral, a vírgula indica a inversão da ordem direta nas frases, a omissão de elementos subentendidos e o destaque para certas expressões. Porém, antes das explicações sobre como usar as vírgulas, veremos alguns casos em que NÃO devemos usar a vírgula. (a) Nunca se separa o sujeito e o predicado • Prefeitos e vereadores [sujeito] devem zelar pelo bom funcionamento dos municípios [predicado]. (b) Os verbos e seus complementos não se separam • Os bombeiros combateram [verbo] as chamas rapidamente [complemento]. (c) Complementos nominais devem ficam juntos • O presidente não obteve o apoio [substantivo] dos governadores eleitos [complemento do substantivo]. Alguns casos em que a vírgula deve ser usada: (a) Para isolar os vocativos. Independente da posição que o vocativo apareça na frase, deve estar separado por vírgulas. • Bom dia, senhoras e senhores [voca- tivo]! • Paulo [vocativo], tudo bem com você? A disciplina, meus queridos [vocativo], é a chave do sucesso. (b) Para separar os apostos. O aposto pode ser uma palavra ou expressão usada para explicar ou especificar um termo. • “Geração Coca-Cola”, música com- posta por Renato Russo [aposto], retrata os jovens que cresceram durante o regime militar e vivenciaram o início da era da globalização. (c) Para indicar que uma palavra ou trecho está deslocado da ordem direta da frase. • Os deputados, raramente [advérbio antecipado], frequentam seus gabinetes parlamentares. • Após o isolamento por causa da Covid-19, alguns países estão tentando voltar ao "novo normal"com a abertura das escolas e bares. (d) Para enumerar uma sequência de termos que tenham a mesma função em uma sentença. O último termo se une à sequência com o “e”. • Os chefes do Poder Executivo no Brasil são: o Presidente da República, os governadores de cada estado e os prefeitos dos municípios. • Acordei cedo, tomei banho, estudei e coloquei todas minhas tarefas em dia. (e) Para omitir uma palavra ou um trecho que foi citado, sem repeti-lo. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 27 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ • O professor era muito autoritário; o aluno, desinteressado. 4. Ponto e vírgula (;) Segundo Paschoalin e Spadoto (Paschoalin e Spadoto, 1997), o ponto e vírgula (;) é uma marcação menos forte que o ponto e mais forte do que a vírgula, servindo como intermediária entre ambos. Esse sinal gráfico também é uma forma de organizar, elencar e ampliar a clareza nas frases, embora não seja fundamentalmente obrigatório. Pode ser usado: (a) Para alongar pausas antes de conjunções adversativas (mas, porém, todavia. . . ), podendo substituir a vírgula. Perceba que, assim como ocorre com o uso da vírgula, a palavra seguinte não recebe letra maiúscula. • “É necessário trabalhar; contudo também é preciso cuidar da saúde.” (b) Para separar orações coordenadas adversati- vas quando a conjunção aparecer no meio da oração, ou seja, quando o verbo vier antes. • “Gostaria de viajar por todo o mundo; viajei, entretanto, somente dentro do meu próprio país.” Se o verbo não estiver posicionado antes da conjunção, a frase não leva ponto e vírgula. Por exemplo: • “Gostaria de viajar por todo o mundo, entretanto viajei somente dentro do meu próprio país.” (c) Para enumerar itens em tópicos, sendo que o último leva ponto final. • “Nesta apresentação sobre Clarice Lispector serão abordados os seguintes aspectos: a. Biografia; b. Principais obras; c. Análise do poema ‘Precisão’; d. Curiosidades.” (d) Para separar orações relacionadas umas às outras, sem conjunções para ligá-las, especialmente quando são extensas ou já possuem vírgulas. • “Gosto de gramática; meu irmão, não.” • “Este verbo indica o ato de tentar con- quistar algo, ou seja, rivalizar, concorrer, disputar; o ato de impender, concernir, caber a; ser de obrigação, responsabili- dade de; incumbir.” 2.4.6 Relações Discursivas 1. Causalidade: A causalidade é a relação discursiva que repre- senta o motivo, a causa pela qual uma ação aconteceu. A principal conjunção usada é o “porquê”, entretanto, há outras que podem e devem ser usadas na redação para trazer o recurso da causalidade ao seu texto. Como por exemplo, “visto que”, “em razão de”, “pois”, “posto que”. 2. Consequência: Quando apontamos o efeito na oração principal, estamos usando a relação discursiva chamada de consequência. Usamos a conjunção que, nas seguintes combinações: “de modo que”, “de forma que”, “tanto que”, “tão que”. 3. Condição: Neste caso, a palavra “condição” indica que é necessário que algo aconteça, para que se obtenha o resultado, ou seja, primeiro se impõe, para então ter o fato realizado ou não. O termo mais usado para exprimir a relação condicional é “se”, e, para ter certeza de se tratar dessa relação discursiva, basta trocar pela palavra “caso” em seguida, de forma a ficar e então deverá existir uma possibilidade de resultado, como em “se meus pais permitirem, vou com vocês à praia” ou “caso meus pais permitirem, vou com vocês à praia”. Seguem abaixo dois trechos de uma redação nota 1000 no ENEM 2019 (G. M. Vaz: Redação do ENEM): Redação nota 1000 do ENEM Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Guilherme Mendes Vaz “De acordo com Cláudio Mazzili, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 28 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ Sul, vivemos em uma sociedade classista e hierarquizada em função do capital, na qual se instaura a lógica da discriminação e não a desejada inclusão social. Esse pensamento permite estabelecer um paralelo com a precária democratização do acesso ao cinema no Brasil, uma vez que essa importante fonte cultural está, majoritaria- mente, concentrada em zonas de alto poder aquisitivo. Entretanto, se usada de forma a auxiliar na democratização cultural — principalmente nas zonas periféricas —, o cinema pode ser uma importante ferramenta no avanço educacional do país. [...] Contudo, a democratização do acesso ao cinema — se feita de modo a beneficiar os menos favorecidos, os quais representam a maior parte da população — é uma im- portante ferramenta na desconstrução das amarras coloniais, e, posteriormente, em uma reformulação educacional que vise ao acesso democrático à cultura para todo ci- dadão brasileiro. [...]” Perceba que, no primeiro parágrafo, Guilherme diz que se a democratização do acesso ao cinema auxiliar na democratização cultural, o cinema pode ser uma importante ferramenta no avanço educacional do país. Já no segundo parágrafo, se a democratização é feita beneficiando os menos favorecidos, se torna uma importante ferramenta na desconstrução das amarras coloniais, ou seja, em ambos os parágrafos, o uso do “se” indica a relação de condição por definirem que determinados atos podem acarretar em outras possibilidades. 4. Concessão: É com a concessão que você indicará contraste, contradição e oposição entre duas ideias. Alguns termos bastante utilizados que indicam essa relação discursiva são “embora”, “conquanto”,“não obstante”, “ainda que”, “mesmo que”, “posto que”, “por mais que”, “a despeito de”, “apesar disso”. Visto que não há melhor forma de explicar do que com o uso de exemplos, veja alguns trechos de redações nota 1000 do ENEM (Redações nota 1000 do ENEM 2015): Redação nota 1000 do ENEM Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autor: Cecília Maria Lima Leite “Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma vez que ela se dá- na maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias contra os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de ordem particular.” Perceba que o termo “conquanto” adiciona o sentido de contradição, tendo em vista que a frase poderia ser colocada como “foram obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, PORÉM a violência contra a mulher [...]”, ou seja, há uma oposição entre as ideias colocadas no trecho. Redação nota 1000 do ENEM Tema: Caminhos para combater a intole- rância religiosa no Brasil Ano: 2016 Autor: Gabriela Salzano Silva “A intolerância religiosa no Brasil constitui uma herança histórica: durante o Segundo Reinado, instaurou-se o Padroado, regime em que a Igreja Católica era subordinada ao Estado, e a fé cristã era, portanto, a reli- gião oficial da nação. Não obstante a laici- zação do Estado tenha sido estabelecida na ocasião da proclamação da república, os resquícios da fusão entre religião e governo permaneceram como uma constante no imaginário do povo brasileiro, cujo credo, predominantemente cristão, encontra ra- tificação da sua noção de superioridade na medida em que se notifica a presença de símbolos católicos, como o crucifixo, de- pendurados em sedes de instituições gover- namentais. Dessa forma, a concretização do princípio de laicidade do Estado, base da reverente democracia, fundamenta-se no desvencilhamento governamental da entidade religiosa, a fim de cessar o re- crudescimento do preconceito ligado à fé.” Nesse caso, é visível o sentido de oposição ao Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 29 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ modificarmos a frase, mantendo a ideia original, como feito anteriormente: “a laicização do Estado foi estabelecida na ocasião da proclamação da república, CONTUDO os resquícios da fusão entre religião e governo [...]”. Dessa forma fica bastante visível o contraste entre as frases colocadas pela autora. 5. Comparação: Esta relação discursiva você poderá utilizar para quando queira fazer uma relação de comparação entre fatos, ou seja, cria-se uma relação entre dois pontos seja diferenças ou semelhanças. Alguns marcadores discursivos comuns são o uso do “como”, “mais. . . do que”, “menos. . . do que”, “tanto. . . quanto”, “tão. . . quanto”, “tanto. . . como”, “tanto. . . como também”. Veja abaixo alguns exemplos de redações nota 1000 do ENEM 2014 (Redações nota 1000 do ENEM 2014): Redação nota 1000 do ENEM Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: Lucas Santos Barbosa “Desde o fim da Guerra Fria, em 1985, e a consolidação do modelo econômico capitalista, cresce no mundo o consumismo desenfreado. Entretanto, as consequências dessa modernidade atingem o ser humano de maneira direta e indireta: através da dependência por compras e impactos ambientais causados por esse ato. Nesse sentido, por serem frágeis e incapazes de diferenciar impulso de necessidade, as crianças tornaram-se um alvo fácil dos atos publicitários. Por ser uma questão de cunho global, as ações de propagandas infantis também são vivenciadas no Brasil. Embora a economia passe por um período de recessão, a vontade de consumir pouco mudou nos brasileiros. Com os jovens não é diferente, influenciados, muitas vezes, por paradigmas de inferioridade social impostos tanto pela mídia, quanto pela sociedade, além de geralmente serem desprovidos de uma educação de consumo, tornam-se adultos desorganizados financeiramente, ao passo que dão continuidade a esse ciclo vicioso. Diante desse cenário, os prejuízos são sentidos também pela natureza, uma vez que o descarte de materiais gera poluição e mudança climática na Terra. No entanto, o Brasil carece de medidas capazes de intervir em ações publicitárias direcionadas àqueles que serão o futuro da nação, hoje, facilmente manipulados e influenciados por personagens infantis e pela modernização em que passam os produtos. Em outras palavras, é preciso consumir de maneira consciente desde a infância, para que se construam valores e responsabilidade durante o desenvolvimento do indivíduo. [...]” Redação nota 1000 do ENEM Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: Paula Lage Freire “Responsabilidade social A Revolução Técnico-Científica do século XX inaugurou a Era da Informação e possibilitou a divulgação de propagandas nos meios de comunicação, influenciando o consumo dos indivíduos de diferentes faixas etárias. Nesse contexto, a publicidade destinada ao público infantil é motivo de debates entre educadores e psicólogos no território nacional. Assim, a proibi- ção parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial para um maior controle dos pais e para um menor abuso de grandes empresas sobre os infantes. Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais para avaliar a neces- sidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade para enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado. Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 30 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ mídia. Isso ocorre por uma crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da realidade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos. [...]” 6. Conformidade Segundo o site Concursos no Brasil, é por meio da conformidade que se traça uma relação de segui- mento de regra ou de norma em se tratando da colocação de fatos no texto. A relação discursiva se dá em conformidade entre o fato a ser colocado e a regra ou norma que referenciam o fato. Se- guem alguns marcadores discursivos: segundo, de acordo, conforme, consoante, em conformidade, etc. Para ilustrar e exemplificar, seguem abaixo trechos de redações nota 1000 do ENEM (P. A. S. M. Rocha: Redação do ENEM 2018, F. C. S. T. Deus: Redação do ENEM 2018 e M. M. W. Cardoso: Redação do ENEM 2018): Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Pedro Assaad Salloum Moreira da Rocha “[...] Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às instituições democráticas. Isso porque a pers- pectiva de mundo dos indivíduos coordena suas escolhas em eleições e plebiscitos pú- blicos. Dessa maneira, o povo tende a agir segundo o conceito de menoridade, do filó- sofo iluminista Immanuel Kant, no qual as decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se,assim, que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático. [...]” Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Fernanda Carolina Santos Terra de Deus “[...] Em princípio, cabe analisar o papel da internet no controle do comportamento sob a perspectiva do sociólogo contemporâ- neo Zygmunt Bauman. Segundo o autor, o crescente desenvolvimento tecnológico, ali- ado ao incentivo ao consumo desenfreado, resulta numa sociedade que anseia constan- temente por produtos novos e por informa- ções atualizadas. Nesse contexto, possibilita- se a ascensão, no meio virtual, de empresas que se utilizam de algoritmos programados para selecionar o conteúdo a ser exibido aos internautas com base em seu perfil socioe- conômico, oferecendo anúncios de produtos e de serviços condizentes com suas recentes pesquisas em sites de busca ou de compras. Verifica-se, portanto, o impacto da mídia virtual na criação de necessidades que fo- mentam o consumo entre os cidadãos. [...]” Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Mattheus Martins Wengenroth Cardoso “[...] Outrossim, a busca pelo ganho pes- soal acima de tudo também pode ser apon- tado como responsável pelo problema. De acordo com o pensamento marxista, priori- zar o bem pessoal em detrimento do coletivo gera inúmeras dificuldades para a sociedade. Ao vender dados particulares e manipular o comportamento de usuários, empresas inva- dem a privacidade dos indivíduos e ferem im- portantes direitos da população em nome de interesse individuais. Desse modo, a união da sociedade é essencial para garantir o bem- estar coletivo e combater o controle de dados e a manipulação do comportamento no meio digital. [...]” 7. Temporalidade Como indica o nome, é com o artifício da temporalidade que se torna possível demonstrar fatos anteriores ou posteriores, além da noção de simultaneidade. Para marcar o tempo, são principalmente utilizados os termos quando, Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 31 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ apenas e enquanto. Abaixo segue trecho de redação nota 1000 do ENEM (Paschoalin e Spadoto, 1997): Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Julia Paula Celem “[...] Sob outro prisma, é válido analisar que o controle de dados na internet fomenta a alienação da sociedade. Essa problemática ocorre porque, quando conteúdos previa- mente selecionados, descontextualizados ou alterados são a maior parte das informações acessíveis ao público, este passa a reproduzir os comportamentos esperados pelos órgãos manipuladores e influencia as pessoas ao seu redor por apresentar tais fatos como verda- des, o que gera um estado de desinformação. [...]” No exemplo, o termo ‘quando´ está se referindo a um evento futuro, pois quando o público acessa as informações ditas por Julia, ele começa “a reproduzir os comportamentos esperados”, então é feito algo que acarretará em determinada situação posterior: quando você faz isso, acontece aquilo. 8. Finalidade A palavra finalidade pode ser entendida como a ideia de objetivo, ou seja, algo que se quer cumprir. Desse modo, a utilização dessa relação discursiva é ideal quando se busca apontar uma construção que tem por objetivo chegar a algum lugar, alcançar alguma meta, ou justificar uma ação. Seguem alguns exemplos de marcadores discursivos: a fim de que, para que, porque, com o intuito de, com o objetivo de, a fim de, com o fito de, etc. Abaixo seguem trechos de redações nota 1000 do ENEM (L. S. L. Leite: Redação do ENEM 2018 e N. C. P. Silva: Redação do ENEM 2018): Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Luisa Sousa Lima Leite “[...] Em seguida, é relevante examinar como o controle sobre o conteúdo que é veiculado em sites favorece a adesão dos internautas a certo viés ideológico. Tendo em vista que os servidores de redes sociais como “Facebook“ e “Twitter” traçam o perfil de usuários com base nas páginas por eles visitadas, torna- se possível a identificação das tendências de posicionamento político do indivíduo. Em posse dessa informação, as empresas de tec- nologia podem privilegiar a veiculação de notícias, inclusive daquelas de procedência não confirmada, com o fito de reforçar as posições políticas do usuário, ou, ainda, de modificá-las para que se adequem aos inte- resses da companhia. Constata-se, assim, a possibilidade de manipulação ideológica na rede. [...]” Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Natália Cristina Patrício da Silva “[...] Somado a isso, tendo em vista a capaci- dade dos algoritmos de selecionar o que vai ou não ser lido, estes podem ser usados para moldar interesses pessoais dos leitores, a fim de alcançar objetivos políticos e/ou econômi- cos. Nesse cenário, a divulgação de notícias falsas é utilizada como artifício para disper- sar ideologias, contaminando o espaço de autonomia previsto pelo sociólogo Manuel Castells, o qual caracteriza a internet como ambiente importante para a amplitude da democracia, devido ao seu caráter informa- tivo e deliberativo. Desse modo, o controle de dados torna-se nocivo ao desenvolvimento da consciência crítica dos usuários, bem como à possibilidade de uso da internet como ins- trumento de politização. [...]” 2.5 Conclusão 2.5.1 Propostas de intervenção A maior parte das conclusões para redações de vestibular é simples (como Acafe e UDESC), pois basta retomar o tema e concluir sua linha de pensamento, sem necessariamente propor soluções para a proble- mática, apenas reforçando a gravidade do tema em Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 32 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ poucas linhas (entre 3 e 5), sem novas informações. O importante é expressar suas ideias e opiniões, através do uso de boas argumentações, coerência e coesão, compreensão do tema e domínio da norma culta. Contudo, para finalizar redações do Enem, obri- gatoriamente deve constar no texto uma proposta de intervenção que possa solucionar a problemática sobre a qual você está dissertando. Aquela vale 200 pontos, ou seja, 1/5 do seu caminho em direção à nota 1000. Normalmente, esta etapa tem de 4 a 6 linhas, portanto evite ultrapassar esse número. Há, entretanto, aspectos muito importantes a serem considerados nessa etapa, os quais estão expostos abaixo: 1. Respeito aos direitos humanos Antes de qualquer outro tópico, e até mesmo de iniciar sua redação, lembre-se de respeitar os direitos humanos. Se você fizer uma proposta que não englobe todas as camadas da população, excluindo determinadas classes sociais, pessoas de diferentes etnias e/ou crenças, e escrever algo preconceituoso acerca de qualquer pessoa ou grupo, automaticamente zera a redação. Por- tanto, tenha em mente a igualdade entre todos os seres humanos e os direitos que temos por igual. 2. Coerência Para que haja plena compreensão por parte dos corretores, quanto às suas ideias, é preciso coerência. Na seção “A Introdução”, já foi explicada a importância da formulação de teses para que sejam os fatores desenvolvidos durante a estrutura do texto. Na conclusão, portanto, é essencial que as problemáticas trazidas sejam resolvidas. Assim, a coerência está relacionada à retomada das teses, de forma a manter um vínculo completo entre todos os parágrafos da sua redação. 3. Detalhamento Detalhar, neste caso, significa explicar qual é a intervenção, como esta será feita, por qual meio, e por quem. Segue abaixo um exemplo de conclusão de redaçãonota 1000 do Enem: Redação nota 1000 do ENEM Tema: Desafios para a formação educacio- nal de surdos no Brasil Ano: 2017 Autor: Thaís Fonseca Lopes de Oliveira “Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. Cabe ao Ministério da Educação criar um projeto para ser desenvolvido nas escolas o qual promova palestras, apre- sentações artísticas e atividades lúdicas a respeito do cotidiano e dos direitos dos surdos. - uma vez que ações culturais coletivas têm imenso poder transformador - a fim de que a comunidade escolar e a sociedade no geral - por conseguinte - conscientizem-se. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.” Qual é a intervenção: “palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito do cotidiano e dos direitos dos surdos”; Como será feita: com a criação de um projeto; Por que meio será concretizada: por meio das escolas; Quem será responsável pela ação: o Ministério da Educação. 4. Viabilidade De nada adianta expor uma proposta de inter- venção que não possa ser realizada. Ou seja, ideias fantasiosas e utópicas não devem ser colocadas na redação. Perceba que no exemplo dado para o tópico acima, a ideia de um projeto realizado pelo Ministério da Educação, com aquelas características para maior inclusão dos surdos, é totalmente plausível e possível. 5. Atualidade Por fim, o Enem costuma cobrar temas atuais, então é praticamente obrigatório que você leia notícias online ou em jornais e livros, assista aos noticiários quando possível, tudo para manter seu repertório completo e atualizado. Assim, será muito mais fácil compreender apropriadamente o tema, propor soluções viáveis para a problemática e até mesmo encontrar possíveis citações. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 33 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ FIQUE LIGADO Fonte: Poesia de Papel 2020 Agente × A gente As duas palavras existem, mas seus significados são bem diferentes. “Agente”, escrito junto, não deve ser usado para se referir às pessoas que falam. Seguem os principais usos de cada uma delas: • Agente: É o termo que se refere a um funcionário ou quem trabalha agenciando. Pode se referir também àquele que age, que opera ou atua. – O agente James Bond, também conhecido pelo código 007, é o espião mais famoso da história do cinema. • A gente: É utilizado em contextos mais informais como sinônimo da primeira pessoa do plural (nós). Refere-se à pessoa ou pessoas que falam. Também pode abranger os habitantes de um país ou ainda uma quantidade não determinada de pessoas. – A gente vai ao cinema mais tarde? TUDO JUNTO SE-PA-RA-DO Porventura De acordo Contudo A partir Todavia Com certeza Entretanto De repente Ademais De novo FIQUE LIGADO Mas × Mais Na fala não existe diferença entre mas e mais. A pronúncia das duas palavras é igual. Isso pode gerar confusão na hora de escrever. Então, segue a explicação do uso de cada uma delas: • Mas: Traz uma ideia de oposição. É, principalmente, usado como conjunção advcersativa. Dica: tente substituir por uma outra conjunção equivalente, como porém, todavia, contudo. – Eu ia no mercado, mas preferi brincar com as crianças. • Mais: Expressa a ideia de adição, maior quantidade ou intensidade. Dica: “mais” é o contrário de “menos”. Teste trocar um pelo outro e veja se a frase continua fazendo sentido. – No próximo inverno, precisarei de mais casacos. FIQUE LIGADO EM CIMA V EMBAIXO • “Em cima” é o contrário de “embaixo”. Ambas, locuções adverbiais de lugar. “Em cima” significa algo que está em uma posição mais alta ou sobre um outro objeto que está “embaixo”. • Existe um truque simples para você não se esquecer mais: separe o dedo indicador do médio formando um 2 (ou um V) em sua mão. Perceba que as pontas dos dedos estão separadas (em cima) e o final de cada dedo está junto (embaixo). Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 34 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ FIQUE LIGADO Soar × Suar A diferença entre essas palavras é sutil e, muitas vezes, difícil de perceber de forma isolada, fora de um contexto. Entretanto, seus significados são bem distintos: • Soar: Vem do verbo soar e se refere ao ato de emitir som. – Os sinos da igreja soam todos os dias. • Suar: É sinônimo de transpirar. – É impossível não suar com esse calor. FIQUE LIGADO Nada a ver × Nada haver • Nada a ver: É a expressão usada para indicar algo que não tem sentido ou não está relacionado. – Esta trilha sonora não tem nada a ver com o filme. • Nada haver: Apesar de pouco usual, essa expressão existe. Significa não ter quantias de dinheiro a serem recebidas. – Maria não teve nada a haver das ven- das feitas no último mês. FIQUE LIGADO Sobrescrever × Subscrever • Sobrescrever: Pode ter o sentido de escrever sobre uma superfície. Outro significado comum é endereçar algo a alguém. – A menina sobrescreveu a carta para seu primo distante. • Subscrever: Significa assinar. – O juiz subscreveu a sentença. FIQUE LIGADO Acidente × Incidente • Acidente: É um acontecimento infeliz, um imprevisto. Geralmente, está associado a prejuízo material. – Dois carros se chocaram em um acidente hoje em São Paulo. • Incidente: É uma situação que altera a ordem normal das coisas. Pode se referir também a uma ocorrência de pouca importância. – Depois do incidente, o modelo rescindiu o contrato com a agência. FIQUE LIGADO Onde × Aonde • Onde: É um advérbio de lugar. Traz a ideia de lugar fixo. Deve ser empregado quando estiver relacionado a um espaço físico. – Onde você nasceu? Se não for lugar físico, use em que. O "que", nesse caso, é um pronome relativo que retoma o termo anterior. – O bar da cidade, onde toda equipe está agora, é muito barulhento. – O prefeito publicou nota em que estabelece as novas medidas de segurança. • Aonde: Indica movimento, traz a ideia de deslocamento e destino. Sempre vai ser usado com verbos que exigem preposição. – Aonde você pensa que vai, mocinho? Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 35 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ FIQUE LIGADO Estrupo × Estupro • Estrupo: Apesar de ser uma palavra registrada em alguns dicionários, estrupo, já caiu em desuso. Seu significado está ligado ao barulho excessivo causado por pessoas que se movimentam em tumulto. Portanto, para se referir ao crime de abuso sexual, use estupro. • Estupro: É um crime que consiste no ato de forçar alguém a praticar relações sexuais. – O homem, acusado de estupro em Londrina, foi preso em São Paulo. FIQUE LIGADO Perda × Perca • Perda: É um substantivo e seus sinônimos são ausência, privação. Por ser um substantivo, pode vir precedido de artigo. – A amamentação pode contribuir para a perda de peso no pós-parto. • Perca: É a flexão do verbo “perder”. Na 1a e 3a pessoa do singular do presente do subjuntivo e na 3a pessoa do singular do imperativo. – Que esse homem não perca a cabeça ao falar com ela! Se escreve assim exceção empecilho cidadãos transmissão retaliação problema supérfluo beneficente CERTO ERRADO Menos Menas Seja Seje Ansioso Ancioso Esteja Teje Privilégio Previlégio Reivindicar Reinvindicar Poliomielite Poliomelite FIQUE LIGADO As abreviações Com a rapidez das informações na internet, é comum usar abreviações das palavras que mais se escreve. Porém, em textos formais, como uma redação, prefira sempre escrever as palavras completas: vc - você q - que tá - está obgd - obrigada(o) n - não FIQUE LIGADO Fonte: I. Cabral: Pleonasmo 2011 Pleonasmo: o que é isso? É a redundância ao se expressar • sair para fora • entrar para dentro • todos foram unânimes • subir para cima • descer para baixo • conviver junto • encarar de frente • fato real • multidão de pessoas Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídiashttp://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 36 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ FIQUE LIGADO NÃO USE “ATRAVÉS” Quando o sentido não for de fato atravessar fisicamente. Nesse caso, a expressão utilizada deve ser “por meio de”. O uso metafórico de “através”, embora aceito no cotidiano, não deve ser empregado em contextos mais formais. • Através de deve ser usado para expressar a travessia; aquilo que atravessa ou passa de modo transversal. – O jardineiro entregou-lhe as flores através da janela. • Por meio de também pode significar por intermédio de ou com o auxílio de. – A comunicação com os candidatos será feita por meio de e-mails. – O sucesso é obtido por meio de muito trabalho. FIQUE LIGADO USO DO HÍFEN • Vogais iguais: use hífen – micro-ônibus, micro-ondas, anti- inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, contra-ataque, micro-ondas, semi- interno. • Vogais diferentes: não use hífen – autoaprendizagem, autoestrada, au- toimagem, contraindicação, extraofi- cial, infraestrutura, intraocular, semi- aberto, semiárido, supraocular, ultra- elevado. • Vogais + r ou s: dobre a consoante – antirreligioso, antissemita, autorre- trato, antissocial, autorregulamenta- ção, contrassenso, extrasseco, infras- som, neorrealismo, ultrarresistente, ultrassonografia, semirreta, suprarre- nal. • Consoantes iguais: use hífen – hiper-requintado, inter-racial, super- resistente, super-romântico. • Consoantes diferentes: não use hífen – hipermercado, intermunicipal, supe- rinteressante, superproteção. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 37 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ FIQUE LIGADO NÃO ACENTUE • Ditongo crescente nas paroxítonas ei e oi – ideia, assembleia, geleia, joia, he- roico, plateia. • Paroxítonas com i e u tônicos formando hiato – baiuca, bocaiuva, feiura, Taoismo. O ACENTO CAIU As palavras homófonas perderam o acento dife- rencial. • para – Ele não para de ler sobre política. • pelo – Os pelos do cachorro envelhecerão. • polo – As crianças aprenderam polo no ve- rão. • pera – As peras nordestinas são mais sabo- rosas. ACENTO DIFERENCIAL • pôr (verbo) para não ser confundido com a preposição por. • pôde (verbo poder conjugado no passado) para que não seja confundido com pode (forma conjugada no presente). O CHAPÉU DO VOVÔ VOOU enjoo, voo, magoo, abençoo, perdoo, creem, deem, veem, descreem, leem. 3a PESSOA DO PLURAL E O ACENTO Os verbos ter e vir (e seus derivados) continuam sendo acentuados na terceira pessoa do plural. • Algumas mulheres na universidade têm fi- lhos. • As nações mais ricas detêm o poder. • Os responsáveis vêm para a reunião esco- lar. • Os governantes intervêm na economia. 2.6 Como melhorar a escrita? 2.6.1 A leitura “(...) o indivíduo que não lê não terá base literária e experiências para formar opinião sobre qualquer assunto.” (Arana e Klebis, 2015) A leitura possui inúmeros benefícios, entre eles, aumento do vocabulário, construção e fortalecimento do imaginário, formação do senso crítico e ampliação da visão de mundo. Habilidades muito necessárias na hora de escrever textos dissertativos, como geralmente aparecem nas redações das provas de vestibular. Por isso, é fundamental que as diferentes leituras es- tejam presentes durante sua preparação para as provas. Estar antenado sobre os acontecimentos no Brasil e no mundo, é uma das maneiras de se manter atualizado sobre as mudanças políticas, econômicas e culturais da sociedade. As bancas costumam cobrar temas recorrentes na mídia ou usá-los como referência para tratar sobre temáticas mais gerais. Então, acompanhar os noticiários, assim como ler jornais, resenhas críticas e artigos de opinião em sites de notícias e revistas, por exemplo, são exercícios fundamentais nessa preparação. Entretanto, é muito importante que a leitura dessas notícias não aconteça de forma passiva. Busque refletir e questionar a respeito dos temas abordados. Tente identificar de que forma os pontos de vista são expostos, quais são os lados positivos e negativos da questão e qual a sua opinião sobre o assunto. Essas, são formas de estimular sua própria capacidade de crítica, também fará com que você saiba colocar os fatos em perspectiva e argumentar sobre eles. Sempre que possível, também reserve um tempo para leituras literárias. Os autores de clássicos literários constroem histórias que dialogam com dife- rentes sociedades ao longo dos séculos. Observar os elementos de construção de personagens e narrativas é uma experiência culturalmente enriquecedora, além de contribuir para a ampliação do vocabulário e aflorar a criatividade. Pensando em como aproveitar melhor a leitura, algumas estratégias podem ser utilizadas a fim de compreender os conceitos apresentados, tais como: • ler o texto uma vez, buscando para entender o contexto e assimilar o assunto a ser discutido, sem fazer nenhuma anotação. • - em uma segunda leitura, destacar palavras, ter- mos e frases que sejam relevantes. Nesse mo- mento, é bom ter um dicionário por perto para esclarecer dúvidas que possam surgir durante a Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 38 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ leitura. Também é interessante evidenciar possí- veis dúvidas com pontos de interrogação. Caso algum trecho seja surpreendente, podem ser usa- dos pontos de exclamação. 2.6.2 A prática “A prática leva à perfeição” (Ditado popular) Escrever a redação, na maioria das vezes, é o momento mais temido da prova. Mas, isso não precisa ser assim. Com uma boa preparação, você pode produzir um texto excelente e garantir a nota da sua aprovação. Para isso, o primeiro passo para preparar seus treinos de escrita é conhecer os principais tipos de redações e como é a abordagem da prova que deseja realizar. Nas redações do sistema ACAFE e do Enem, por exemplo, são exigidos textos dissertativos- argumentativos. Em textos como esses, você deve escrever um texto em prosa, com no mínimo três parágrafos - introdução, desenvolvimento e conclusão -, defendendo um ponto de vista, com argumentos bem estruturados. A prova da UFSC, por outro lado, costuma elaborar duas propostas de redação bem distintas entre si. Uma delas é uma redação dissertativa, em que você deve discorrer sobre determinado assunto. Diferente do texto argumentativo, que busca convencer o leitor, uma dissertação expõe os pontos positivos e negativos para que o leitor reflita criticamente e se posicione individualmente. A outra proposta é escrever uma crônica, um tipo de texto que aborda assuntos do cotidiano de forma criativa e, algumas vezes, bem humorada. Uma vez que você saiba como é a proposta de redação da sua prova, escreva um pouco todos os dias. Coloque em prática tudo aquilo que você aprendeu neste material. Refaça os exercícios e busque outros materiais que ajudem a aprofundar seu conhecimento. Corrija seus textos. Depois de escrever, faça uma revisão, fique atento à ortografia e observe se os parágrafos estão conectados de maneira lógica, é importante haver uma continuidade entre as ideias. Tenha uma outra pessoa para revisar o que você escreveu. Uma dica é criar pequenos grupos de estudos e fazer trocas de redações, no qual vocês possam compartilhar seus erros e acertos. Se possível, tenha um revisor com maior experiência e conhecimento. O revisor, além de fazer as correções, comenta sobre sua escrita, indicando o que está bom e os pontos a serem melhorados. Reescreva seus textos. Seja com base na sua própria correção, pela troca com seus amigos ou pelas observações apontadas pelo revisor, o processo de escrita e reescrita é um exercício que além de ajudar a praticar a redação, fixará o seu aprendizado. 2.6.3 Como romper o bloqueio criativo? O bloqueio criativo é conhecido como uma dificul- dade em criar algo novo, seja uma produção escrita, umaarte gráfica, uma música, enfim, tudo aquilo que depende da criatividade para um bom resultado final. Sendo assim, como um estudante pode vencer o bloqueio criativo e escrever um texto interessante? Antes de pensar em soluções para superar um bloqueio criativo, é preciso refletir sobre a origem desse bloqueio. As causas são diferentes de uma pessoa para a outra, porém, entre as mais comuns estão: excesso de informação, cansaço físico e mental, perfeccionismo e falta de conhecimento. Ter muitas informações, a princípio, não parece ser um problema, mas parte da solução. Entretanto, se essas informações estão desorganizadas e fragmenta- das, é muito difícil conectá-las e criar um texto coeso e coerente. Da mesma forma, o cansaço, seja ele físico ou mental, pode ser um poderoso inimigo da criatividade. Quando se está desgastado pela rotina do dia a dia, a tendência é que a mente tenha dificuldade para processar as ideias e produzir qualquer tipo de conteúdo. A expectativa de criar algo perfeito na primeira tentativa, também é uma meta difícil de ser alcançada, podendo gerar grande frustração. Raramente, um bom texto chega com uma grande ideia inicial. Em geral, um texto bem construído é resultado da lapidação de muitas ideias mais ou menos boas. Assim como ter muitas informações não é suficiente para escrever um texto, a falta de domínio das técnicas de escrita traz insegurança se de fato o caminho escolhido é o melhor para alcançar o resultado esperado. Então, aqui vão algumas dicas para que o bloqueio criativo fique para trás e você consiga a melhor versão dos seus textos e de si mesmo. 2.6.4 Tenha um planejamento de estudos O cérebro humano é uma máquina incrível e tem uma ótima capacidade de se adaptar a rotinas. Embora não seja uma tarefa simples, uma vez que um Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 39 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ hábito é estabelecido, fica muito mais fácil continuar realizando essa tarefa repetidamente. Por isso, é importante ter planejado todos os assun- tos a serem estudados. Além de saber exatamente o que e quando vai estudar, o planejamento permitirá que você organize suas prioridades, diminuindo o estresse gerado por ter tantas informações e não saber por onde começar. Contudo, lembre-se que embora existam diversos tipos na internet - ciclo de estudos, cronogramas, planos, quadro de horários e muitos outros - seu planejamento deve ser possível de ser executado no seu dia a dia. Defina datas, números de páginas e descreva os materiais que precisará para cada dia, mas tudo isso adequado a sua realidade. Afinal, o planejamento perfeito é aquele que você consegue seguir! 2.6.5 Encontre um lugar para estudar Seja um cômodo inteiro ou um cantinho improvi- sado, separe um lugar para estudar. Procure tornar esse espaço em um ambiente prazeroso e confor- tavelmente equilibrado - nem confortável demais, nem desconfortável ao ponto de causar dores. Se for possível, decore este espaço com imagens e frases que lembrem a você a razão pela qual estuda e o motivam a não desistir. Com ajuda do seu planejamento, mantenha próximo todos os materiais necessários para o estudo. Evite as distrações; enquanto estiver estudando se concentre nesta tarefa. No entanto, mais importante do que um ambiente de estudo adequado, é a sua dedicação na hora de estudar. Não perca o foco nas coisas que não pode mudar no momento. Concentre-se no que você pode fazer e faça o seu melhor! 2.6.6 Anote todas as suas ideias Tenha um caderno ou bloco de papel. Vale também um aplicativo no celular ou no computador. O importante é anotar! Não importa quão louca foi sua ideia, escreva. Escreva tudo que vier à sua mente, depois faça os ajustes necessários. Na produção de um texto, começar pelo começo nem sempre é a ordem natural do processo. Montar uma estrutura geral e desenvolver o texto conforme as ideias forem surgindo na sua cabeça, pode ser uma boa solução. Se você tem um argumento instigante, por exemplo, dê continuidade no seu texto a partir disso e depois organize de acordo com a estrutura estabelecida. As frases isoladas e os rascunhos podem servir de ponto de partida ou insumo para sua produção. Além disso, pode ser uma forma de fazer uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem e evolução da sua escrita. 2.6.7 Treine, treine de novo e depois treine mais um pouco Escrever bem não é um talento nato, ou seja, não é algo que as pessoas nascem sabendo. Também não é um dom divino para seletos privilegiados. Tampouco é necessário ter grandes insights. Pelo contrário, a escrita é uma habilidade adquirida; e a construção de um texto, em geral, é fruto de combinações que o nosso cérebro faz entre as técnicas que dominamos e coisas diversas que já vimos. Quanto mais se pratica, mais fácil e natural é realizar tais combinações. Por isso, quanto mais treino, melhor se torna o seu processo de escrita. Enquanto pratica, busque entender quais são seus pontos de di- ficuldade e encontre referências que possam te inspirar. 2.6.8 Tenha momentos de descanso Uma noite de sono é revigorante, mas está longe de ser a única forma de descanso. Evitar procrastinar a execução das tarefas e seguir o planejamento definido podem parecer medidas óbvias, mas, acredite, você ficará muito mais relaxado depois de executar as tarefas que estão sob sua responsabilidade. Entenda o que te dá prazer, seja ouvir uma música, ler um livro, conversar com um amigo, tomar um chá ou comer um bolo. Reserve um momento para as atividades que você gosta. Aprenda a ver beleza nas pequenas coisas da vida e da natureza. Já reparou nas flores que brotam sem cuidado na rua? Ouça o som da chuva. Aprecie o brilho do entardecer. Dê uma gargalhada com um amigo. São coisas simples, que não exigem investimento financeiro. Em contrapartida, seu imaginário será fortalecido e sua criatividade poderá voltar à vida. Atenção: As soluções para sair de um bloqueio criativo não são iguais para todo mundo, pois as causas são individuais. As inspirações que servem para uma pessoa podem não funcionar com outra. Então se você percebeu que mesmo tentando diversas alternativas, não houve melhoras na sua disciplina, concentração e consequentemente, no resgate a sua criatividade, busque ajuda profissional. Um psicólogo pode te Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 40 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ ajudar a entender suas dificuldades e encontrar a melhor solução no seu caso. 2.6.9 Como administrar o tempo durante a prova? A administração do tempo estipulado para provas é uma habilidade que requer prática. Existem algumas dicas para ajudar o estudante a separar um momento exato para gastar em cada parte diferente da prova. Porém, isso depende de diversas variantes como complexidade de questões e facilidade do estudante com o conteúdo. Assim, a primeira dica é: treino e adaptação, pois nem sempre o que funciona para alguns irá funcionar da mesma forma para outros. Exercitar e simular provas é válido para que o estudante tome consciência de quanto tempo precisa para resolver cada tipo de questão. A adaptação é em relação a você, ou seja, você precisa adaptar a maneira de administrar o tempo durante a prova para que você mesmo se sinta confortável ao realizá-las. Lembre-se, a pressa é sempre uma inimiga, mas sábio é aquele que não ignora o tempo por completo. Em seguida temos algumas dicas para ajudá-lo no preparo da administração do tempo durante a prova: • Leia a questão atentamente, assim poderá compreendê-la mais facilmente e não perder tempo relendo-a várias vezes; Não se esqueça de revisar todas as questões ao finalizar, para garantir que não deixou nenhuma em branco. • Para questões com textos muito longos, vá direto para o enunciado e veja o que você precisa extrair daquele texto. Por vezes, algumas questões inserem pequenos detalhes que você realmente precisaráutilizar dentro de muita informação, o foco aqui é na identificação rápida desses itens dentro da estrutura textual; em outras questões, é realmente necessária a leitura por completa e minuciosamente, como em questões de interpretação. • Para a redação, leia atentamente o tema e tenha certeza de que conseguiu entendê-lo. Utilize os textos de apoio como ajuda e caso precise, não tema utilizar estatísticas ou dados de lá, sempre referenciando-os. • Faça um brainstorm sobre as informações que são relacionadas com o tema e pense no que você quer dizer em sua redação, com quais assuntos você vai elencar, quais exemplos vai trazer à sua problemática e como ela poderia ser resolvida. • Utilize o rascunho a seu favor e não tenha medo de rasurar, testando algumas técnicas que se sente seguro para o desenvolvimento da estrutura do seu texto: introdução, desenvolvimento e conclusão. • Tente sempre seguir uma ideia inicial de es- truturação para não perder tempo tentando remodelar grandes trechos, mas sim pequenos detalhes, como troca de vocábulos por sinônimos que se encaixam melhor, checar pontuação e erros ortográficos, além de todos os detalhes que garantem uma boa redação. • Reserve um tempo especial para o gabarito, para que ele possa ser passado a limpo com cuidado e para que a redação possa também ser relida antes de sua versão final ser iniciada. A técnica aprendida e exercitada durante a pre- paração da prova, garantem um bom desempenho na escrita e na interpretação de questões com mais facilidade e de forma mais tranquila, não deixando o estudante ser abatido por seus maiores inimigos: a ansiedade e a pressa. 2.6.10 O que evitar em uma redação? Durante toda a produção dessa apostila, nos prendemos em ajudá-lo com dicas do que fazer e incluir em sua redação para valorizá-la, mas o que não pode se fazer ao produzir uma redação? O candidato deve ter muito cuidado para não cometer erros que podem desclassificá-lo nessa parte tão importante da prova. Primeiramente, a redação deve ser transcrita para a folha personalizada destinada a tal finalidade, ou seja, a folha de redação não deve ser deixada em branco. Como já comentado anteriormente, o vestibulando deve-se atentar e muito sobre a temática e não desviar demais do assunto principal, pois a fuga de tema também é um dos motivos que levam à atribuição de nota zero à redação. A obediência à estrutura da redação é muito importante, caso o texto solicitado seja uma redação dissertativa-argumentativa, deve-se seguir essa estrutura. Existem vestibulares que já cobraram carta argumentativa como proposta de reda- ção, como na Unicamp de 2015 com tema de “carta (argumentativa) para convocar pais de alunos a um debate sobre violência nas escolas”, ou então artigo de opinião, que caiu na Universidade de Brasília em 2017. A redação não deve ter menos de dez linhas e nem ser escrita a lápis. Sua estrutura deve sempre obedecer à estrutura do texto de proposta, no caso da redação dissertativa argumentativa, o ideal é que Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 41 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ sejam de três a quatro parágrafos. Leve sempre uma caneta extra, para garantir que a sua não falhe na hora de transpassar a redação para a folha de entrega. Muito cuidado com os borrões! Caso erre a grafia de alguma palavra, faça um risco horizontal no meio da palavra escrevendo a correta ao lado. Aliás, qualquer forma imprópria como rabiscos, desenhos ou trechos incoerentes aos demais trechos da redação levam à anulação da redação. Quando se tratar de textos impessoais (em terceira pessoa) deve-se relembrar de não falar diretamente com o leitor, nem construir sentenças imperativas, ou seja, de ordem negativa ou positiva. Por exemplo, a frase “Você é capaz de mudar o mundo, adote estas medidas, faça a sua parte.” pode parecer cativante, mas está se referindo ao leitor, erro gravíssimo. O leitor deve também omitir-se ao demonstrar sua opinião, nunca utilizando os pronomes “eu” e “nós”. Os dados dos textos motivadores podem, sim, ser utilizados, mas nunca de forma exacerbada, pois isso leva aos avaliadores pensarem que o candidato não tem nada pessoal a acrescentar. Citações e informações são itens que podem agregar muito na construção de uma redação, desde que sejam referenciadas, dando crédito à fonte da informação. Ditados populares, expressões do dia a dia são bem vindas caso muito bem argumentadas, em qualquer dúvida, melhor evitar o uso a perder pontos por uma justificativa pobre ao inseri-los. Não é duvidoso que abreviações, gírias e erros gramaticais sejam intolerados. E ao utilizar es- trangeirismos, esses devem vir entre aspas, e caso fujam de um conhecimento geral do termo, com sua equivalência na língua portuguesa entre parênteses. Figuras de linguagem podem ser utilizadas com muita cautela, mas uma em especial não deve aparecer em uma redação dissertativa argumentativa em hipótese nenhuma: a ironia. A ideia principal desenvolvida no texto deve ficar bem clara e a ironia é uma maneira de ocultar uma informação, causando dúvida enquanto ao real posicionamento. O senso crítico e a coerência são ideias. Seguem os principais motivos que podem levar uma redação dissertativa argumentativa a ser anulada: 1. Fugir totalmente do tema proposto. Dica: Guie-se pela frase-tema, aquela que resume o assunto da redação; 2. Falar da sua vida, da vida do seu vizinho, do seu parente, ou usar quaisquer informações especificamente pessoais; 3. Escrever com letra ilegível; 4. Não seguir a estrutura dissertativa argumentativa, ou seja, escrever poema, narrativa, etc; 5. Escrever menos de 7 linhas; 6. Copiar integralmente os textos motivadores da proposta de Redação, aqueles que ficam no próprio caderno de questões e que introduzem o tema; 7. Escrever ofensas, palavrões, desenhos, números, rabiscos, etc. São formas propositais de anulação; 8. Escrever partes completamente desconectadas do tema proposto deliberadamente, ou seja, sabendo que está fazendo isso; 9. Assinar o nome, apelido ou rubrica fora dos locais adequadas para isso; 10. Escrever um texto com a maior parte do conteúdo em outra língua; 11. Infringir os Direito Humanos; 12. Deixar a folha de redação em branco e entregar o rascunho. 2.7 Análises comentadas 2.7.1 Análise 1 Abaixo temos um exemplo de redação nota 1000, escrita em 2018 por Carolina Mendes, de acordo com o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” (C. Mendes: Redação do ENEM 2018). Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Carolina Mendes “Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de aplicati- vos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 42 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuá- rios pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento. Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e de- monstrar o que acha melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitosnão possuam um pleno conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, tam- bém, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal. Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à concep- ção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista Stuart- Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livrearbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir. Portanto, são necessárias medidas capazes de mi- tigar essa problemática. Para tanto, as institui- ções escolares são responsáveis pela educação di- gital e emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e infor- mação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fun- damental – uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tec- nologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.” Comentários: A autora utiliza de uma citação à música de Gilberto Gil para introduzir o tema, e criar um espaço propício para a discussão que ela traz a seguir. Filmes, músicas, séries são sempre uma boa opção, visto que cada vez mais, a ficção retrata o cotidiano, e traz reflexões e críticas. No desenvolvimento, ela utiliza-se da estratégia argumentativa de enumeração, o que contribui para uma leitura mais organizada. Veja: • “Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria cidadania do indivíduo. (...)” • “Em segundo lugar, vale salientar como o con- trole de dados pela internet vai de encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. (.....)” Ao usar as expressões destacadas, ela traz para o texto uma listagem de fatos relevantes que comprovam e afirmam a tese defendida. Além disso, durante o desenvolvimento, a estudante traz citações que enriquecem a redação. Outro ponto positivo na redação apresentada é o domínio da norma culta da língua portuguesa. Vale lembrar que erros são descontados, então, manter uma boa competência escrita é fundamental para alcançar uma boa nota. A estrutura também deve atender aos parâmetros propostos. No exemplo, nota-se que o texto dissertativo-argumentativo fora bem estruturado, possibilitando a verificação de uma tese, justificativas que a comprovam e conclusão de ideias. Todas essas propostas elucidando o bom domínio das questões referentes ao tema abordado. Ademais, também é possível verificar desenvoltura sociocultural uma vez que se percebe interdiscursivi- dade como a referência a música de Gilberto Gil e o conceito de ação comunicativa de Jürgen Habermas, além da ideia de múltiplas identidades tratada por Stuart-Hall. Ao longo da redação fica clara a estratégia argumen- tativa bem alinhada com informações, fatos e opiniões relativos ao tema e coerentes com a tese escolhida. A manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados da internet é o primeiro problema tratado logo no parágrafo inicial em que a redatora defende a necessidade de enfrentamento da questão. Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 43 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ O parágrafo seguinte trata da interferência dos algo- ritmos na vida dos usuários, limitando o acesso desses ao conhecimento. E por fim, no parágrafo de conclusão, tem-se a proposta de intervenção bem articulada com o problema inicial, concreta, detalhada e respeitando os direitos humanos. 2.7.2 Análise 2 Abaixo segue um outro exemplo de redação nota 1000 comentada, escrita em 2018, por Fernanda Caro- lina Santos Terra de Deus, sob o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” (F. C. S. T. Deus: Redação do ENEM 2018). Redação nota 1000 do ENEM Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Fernanda Carolina Santos Terra de Deus “No filme “Matrix“, clássico do gênero ficção científica, o protagonista Neo é confrontado pela descoberta de que o mundo em que vive é, na realidade, uma ilusão construída a fim de manipular o comportamento dos seres humanos, que, imersos em máquinas que mantêm seus corpos sob controle, são explorados por um sistema distópico dominado pela tecnologia. Embora seja uma obra ficcional, o filme apre- senta características que se assemelham ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na obra, os mecanismos tecnológicos têm contribuído para a alienação dos cidadãos, sujeitando-os aos filtros de informações impostos pela mídia, o que influencia negativamente seus padrões de consumo e sua autonomia intelectual. Em princípio, cabe analisar o papel da internet no controle do comportamento sob a perspectiva do sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman. Segundo o autor, o crescente desenvolvimento tecnológico, aliado ao incentivo ao consumo desenfreado, resulta numa sociedade que anseia constantemente por produtos novos e por informações atualizadas. Nesse contexto, possibilita-se a ascensão, no meio virtual, de empresas que se utilizam de algoritmos programados para selecionar o conteúdo a ser exibido aos internautas com base em seu perfil socioeconômico, oferecendo anúncios de produtos e de serviços condizentes com suas recentes pesquisas em sites de busca ou de compras. Verifica-se, portanto, o impacto da mídia virtual na criação de necessidades que fomentam o consumo entre os cidadãos. Ademais, a influência do meio virtual atinge tam- bém o âmbito intelectual. Isso ocorre na medida em que, ao ter acesso apenas ao conteúdo previ- amente selecionado de acordo com seu perfil na internet, o indivíduo perde contato com pontos de vista que divergem do seu, o que compromete significativamente a construção de seu senso crí- tico e de sua capacidade de diálogo. Dessa ma- neira, surge uma massa de internautas alienados e despreocupados em checar a procedência das informações que recebem, o que torna ambiente virtual propício à disseminação das chamadas “fake news”. Assim, faz-se necessária a atuação do Ministério da Educação, em parceria com a mídia, na edu- cação da população — especialmente dos jovens, público mais atingido pela influência digital — acerca da necessidade do posicionamento crítico quanto ao conteúdo exposto e sugerido na inter- net. Isso deve ocorrer por meio da promoção de palestras, que, ao serem ministradas em escolas e universidades, orientem os brasileiros no sentido de buscar informação em fontes variadas, possibi- litando a construção de senso crítico. Além disso, cabe às entidades em governamentais a elabo- ração de medidas que minimizem os efeitos das propagandas que visam incentivar o consumismo. Dessa forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e democrático para a população brasileira.” Comentários: Como trabalhado nos tópicos de tópicos frasais, é possível perceber a utilização de uma alusão, neste caso, do filme Matrix, no qual faz-se a ponte entre a ficção e realidade (é importantesalientar que, para este ponto, a contextualização, deve ser clara e obje- tiva). Seguindo a estrutura da introdução, a autora então desenvolve as orientações argumentativas 1 e 2: “os mecanismos tecnológicos têm contribuído para a alienação dos cidadãos, sujeitando-os aos filtros de informações impostos pela mídia” e “o que influencia negativamente seus padrões de consumo e sua autonomia intelectual.”, respectivamente. Nos parágrafos seguintes, de desenvolvimento, fica evidente a retomada de modo coerente e coeso às orientações argumentativas utilizadas na introdução. Além do uso do filme na introdução, observa-se que a autora utiliza, de forma produtiva, repertório sociocultural, ao trazer o pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman para explicar o incentivo ao consumo desenfreado na sociedade contemporânea. Já no segundo parágrafo são desenvolvidas as ideias em relação a alienação. É interessante observar que, ao longo de todo o Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 44 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ texto, ela utiliza elementos coesivos que mostram eficiência na estruturação da redação. Na introdução ela utiliza “a fim de” para indicar o objetivo de uma ação apresentada. Posteriormente, ainda no mesmo parágrafo, traz o “embora” para contrastar dois pontos diversos. Nos desenvolvimentos, ela utiliza uma articulação eficiente, enumerando os parágrafos por meio de “em princípio”, “ademais” e “assim”. Em se tratando do 2o parágrafo, usa “nesse contexto” para contextualizar o que foi apresentado, e “portanto” para concluir o fato colocado. Já no 3o parágrafo, ela utiliza o elemento “também” para acrescentar algo, e “o que” para retomar a informação principal da oração anterior. Por fim, na conclusão, usa “além disso” como acréscimo de informação, e “dessa forma” para indicar conformidade. Como forma de proposta de intervenção, é notória a lógica da estrutura apresentada pela autora. Perceba: Tem como objetivo a promoção de palestras nas escolas e universidades como parte de um projeto, que, por sua vez, seria criado em parceria entre as instituições e o Ministério da Educação. 2.7.3 Análise 3 Abaixo segue mais um exemplo de redação nota 1000, escrita em 2019 por Juliana Souza, conforme o tema “Democratização do Acesso ao Cinema no Brasil”. Redação nota 1000 do ENEM Tema: Democratização do Acesso ao Cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Juliana Souza Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche, a arte existe para impedir que a realidade nos destrua. Sob essa ótica, é inegável a crucialidade das ex- pressões culturais para a promoção do bem-estar do homem moderno. No entanto, ao se observar o caráter excludente do acesso ao cinema no Brasil, é notório que essa imprescindibilidade não tem sido considerada no país. Nesse sentido, pode-se afirmar que a negligência governamental e a escassa abordagem do problema agravam essa situação. Primeiramente, é válido destacar que a displicên- cia estatal colabora com esse cenário. De acordo com o Artigo 6º da Constituição Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, todo cidadão brasileiro tem direito ao lazer. Entretanto, ao se analisar a concentração de cinemas nas áreas de renda mais alta das grandes cidades, é indiscutível que essa premissa constitucional não é valorizada pelo governo nacional. Dessa maneira, é importante salientar que essa má atuação do Estado provoca o acesso desigual a essa atividade de exibição por parte da população e, consequentemente, garante a condição de subcidadania de diversos indivíduos. Além disso, é pertinente ressaltar que a insufi- ciente exposição dessa problemática contribui para a não democratização desse programa cultural. Nessa perspectiva, muitas vezes, a mídia negligencia o debate acerca da ausência de lazer nas periferias urbanas e no interior do país, o que faz com que a carência de cinemas nessas regiões não seja denunciada. Dessa forma, é indubitável que a pouco abordagem midiática com relação ao caráter restritivo do universo cinematográfico proporciona a perpetuação da concentração regional dessa atividade de exibição. Torna-se evidente, portanto, que o acesso não de- mocrático ao cinema no Brasil é um entrave que precisa ser solucionado. Sendo assim, o Estado deve investir na ampliação do alcance desse pro- grama cultural, por meio da capitalização das empresas exibidoras. Isso pode ocorrer, por exem- plo, com a concessão de subsídios fiscais a institui- ções privadas que, comprovadamente, promovam a construção de cinemas nas áreas carentes do país, a fim de que a acessibilidade a essa ativi- dade de exibição seja garantida de forma igualitá- ria. Ademais, a mídia deve elaborar reportagens de denúncia, as quais exibam a carência desse tipo de lazer nas periferias urbanas. Desse modo, certamente, a afirmação de Nietzsche será viven- ciada por todos os cidadãos brasileiros. Comentários: Para iniciar a redação, a autora recorre a uma citação do filósofo Friedrich Nietzsche, em linguagem indireta, utilizando a interdisciplinaridade. Na frase seguinte, o uso do termo “inegável” estabelece um ponto de vista bastante forte e crítico, como uma declaração inicial. As teses 1 e 2 se encontram logo em seguida: “Nesse sentido, pode-se afirmar que a negligência governamental e a escassa abordagem do problema agravam essa situação.” Com isso compreende-se que, ao longo do desenvolvimento, mais será comentado acerca das problemáticas levantadas. O segundo parágrafo começa com “primeiramente”, o que indica o uso da enumeração. Note que a autora retoma a primeira tese logo em seguida, com uma Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 45 de 47 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ singela troca de palavras: “[...] a displicência estatal colabora com esse cenário”. Assim, através da citação de um artigo da Constituição Federal do Brasil, nota-se novamente um amplo repertório de conhecimento, dessa vez voltado ao Direito. Prosseguindo com a enumeração (além disso), chega a retomada da segunda tese, com: “[...] a insuficiente exposição dessa problemática contribui para a não democratização desse programa cultural”. Vê-se, desse modo, a importância da retomada para que haja clara linearidade no raciocínio, e os corretores possam compreender facilmente a conexão entre todos os parágrafos. Por fim, na conclusão, há a retomada do tema em: “Torna-se evidente, portanto, que o acesso não democrático ao cinema no Brasil é um entrave que precisa ser solucionado.” Trazer o tema à redação é uma forma interessante de reconectar todos os parágrafos, mostrando-nos que o principal não foi esquecido. Quanto à proposta de intervenção, esta respeita os direitos humanos, é coerente e viável, visto que o agente seria o Estado, que deveria investir no alcance da população aos cinemas, através da capitalização das empresas responsáveis, com a concessão de subsídios, para que a acessibilidade seja garantida a todos: “o Estado deve investir na ampli- ação do alcance desse programa cultural, por meio da capitalização das empresas exibidoras. Isso pode ocorrer, por exemplo, com a concessão de subsídios fiscais a instituições privadas que, comprovadamente, promovam a construção de cinemas nas áreas carentes do país, a fim de que a acessibilidade a essa atividade de exibição seja garantida de forma igualitária.” Para finalizar de modo a interligar a última frase conclusiva à primeira, introdutória, a autora retoma Nietzsche: “Desse modo, certamente, a afirmação de Nietzsche será vivenciada por todos os cidadãos brasileiros.” Citações são importantes para demons- trar conhecimento acerca do assunto tratado, dar originalidade à redação e embasar seus argumentos, porém não esqueça de usá-las conscientemente, pois de nada adianta escrever belas citações se estas não se encaixam no texto. É visível a utilização frequente de elementos de coesão textual e de ligação, com termos como “sobessa ótica”, complementando o que foi dito anteriormente, “no entanto”, para mostrar que algo não ocorre como deveria/poderia e “nesse sentido”, para prosseguir com a mesma ideia. Também aparecem “entretanto”, “dessa maneira”, “nessa perspectiva”, “dessa forma”, “portanto”, “sendo assim”, “ademais” e “desse modo”. Note que repetições de elementos foram evitadas, deixando evidente o domínio da Norma Culta, além do amplo repertório da autora, com ótimas citações. COLABORADORES • Texto: Helena Stylianos Mylonas Jaqueline Basilio de Mendonça Jéssica Stolfi João Paulo Conrado João Vinicius de Almeida Braga Julia Eduarda Werle Laura Maria Hoffmann Letícia Adriana dos Santos Samara Carvalho Gonçalves Tainá Aparecida Milarch Cardoso Victor Renato Raulino • Diagramação: Diego Alexandre Duarte • Revisão: João Vinicius de Almeida Braga Raul Knopp Neto • Orientação: João Vinicius de Almeida Braga Referências Bibliográficas Arana, A. R. A. e A. B. S. O. Klebis (2015). “A importân- cia do incentivo à leitura para o processo de forma- ção do aluno”. Em: Anais do XII Congresso Nacional de Educação - EDUCERE (Curitiba, PUCPR), pp. 26669 –26686. C. Mendes: Redação do ENEM 2018. url: https://www. vestibulandoweb.com.br/educacao/redacao/ redacao - nota - 1000 - enem - 2018 - carolina - mendes/ (acesso em 06/12/2020). 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Pré-UFSC Joinville Gramática em Mídias http://preufsc.jve.ufsc.br Instagram: @gramaticaemmidias Página 46 de 47 https://www.vestibulandoweb.com.br/educacao/redacao/redacao-nota-1000-enem-2018-carolina-mendes/ https://www.vestibulandoweb.com.br/educacao/redacao/redacao-nota-1000-enem-2018-carolina-mendes/ https://www.vestibulandoweb.com.br/educacao/redacao/redacao-nota-1000-enem-2018-carolina-mendes/ https://www.vestibulandoweb.com.br/educacao/redacao/redacao-nota-1000-enem-2018-carolina-mendes/ http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/418-enem-946573306/81381-conheca-as-cinco-competencias-cobradas-na-redacao-do-enem http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/418-enem-946573306/81381-conheca-as-cinco-competencias-cobradas-na-redacao-do-enem http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/418-enem-946573306/81381-conheca-as-cinco-competencias-cobradas-na-redacao-do-enem http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/418-enem-946573306/81381-conheca-as-cinco-competencias-cobradas-na-redacao-do-enem https://vestibularunificado2020.ufsc.br/editais-e-resolucoes/ https://vestibularunificado2020.ufsc.br/editais-e-resolucoes/ http://acafe.org.br/concurso/vestibular/anteriores/?a=2020&s=1 http://acafe.org.br/concurso/vestibular/anteriores/?a=2020&s=1 https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo-de-redacao/enem-ppl-2015-o-historico-desafio-de-se-valorizar-o-professor/546532 https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo-de-redacao/enem-ppl-2015-o-historico-desafio-de-se-valorizar-o-professor/546532 https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo-de-redacao/enem-ppl-2015-o-historico-desafio-de-se-valorizar-o-professor/546532 https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo-de-redacao/enem-ppl-2015-o-historico-desafio-de-se-valorizar-o-professor/546532 Leitura e Produção Textual: Redação e Gramática+ F. 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vestibulares UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina UDESC: Universidade do Estado de Santa Catarina ACAFE: Associação Catarinense das Fundações Educacionais ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio Redação O que é uma redação dissertativa-argumentativa? A Introdução Tópicos frasais Elementos de coesão textual Orientação argumentativa: como realizar? O Desenvolvimento Qual a sua função? Como escrever um bom desenvolvimento? Estratégias argumentativas Como evitar repetição? Sinais de pontuação Relações Discursivas Conclusão Propostas de intervenção Como melhorar a escrita? A leitura A prática Como romper o bloqueio criativo? Tenha um planejamento de estudos Encontre um lugar para estudar Anote todas as suas ideias Treine, treine de novo e depois treine mais um pouco Tenha momentos de descanso Como administrar o tempo durante a prova? O que evitar em uma redação? Análises comentadas Análise 1 Análise 2 Análise 3