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AULA 5 AUTOMAÇÃO E CONTROLE INDUSTRIAL Profª Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula abordaremos um assunto muito importante dentro da automação industrial, que é a comunicação. Nesse contexto entram as redes industriais, que são as responsáveis por transmitir dados e informações dentro dos sistemas automatizados. Sem o uso de redes industriais, não teríamos sistemas tão robustos e inteligentes, com alto nível de automação. Por meio dessas redes, podemos obter informações oriundas de sensores, que são fundamentais para todos os sistemas de controle. Além disso, para enviar comandos aos atuadores também precisamos dessas redes. Enfim, como dispositivos fundamentais para os sistemas automatizados, se faz essencial o conhecimento das redes industriais, conhecendo desde suas configurações até os seus detalhes. TEMA 1 – INTRODUÇÃO A REDES INDUSTRIAIS Com objetivo de compartilhar informações, foram criadas as redes informáticas, que são um conjunto de dois ou mais dispositivos eletrônicos interligados entre si por um sistema de comunicação, dos quais fazem parte regras e protocolos para que a informação seja propriamente transferida de um dispositivo até outro (Moraes, 2010). A partir do momento que essas redes são utilizadas no meio industrial, elas levam o nome de redes industriais. Dentro de uma planta industrial de combustíveis, por exemplo, temos várias medições sendo realizadas simultaneamente. Via de regra, se precisássemos fazer a aferição de temperatura de um ponto na planta, precisaríamos de uma comunicação física com o sensor, por meio de um cabo de comunicação que levaria a informação diretamente a dispositivo de controle, que impacta diretamente o custo de implantação do sistema. Dessa forma, com o desenvolvimento das tecnologias, as redes industriais foram surgindo e se aprimorando, facilitando esse tipo de aquisição de dados que trafegam dentro de uma rede estruturada de informações. Junto com essa estruturação, temos vários benefícios, como: • Padrões, ou seja, documentação das variáveis do sistema; • Custos de manutenção; • Suporte personalizado, uma vez que o sistema é documentado. 3 A seguir, aprofundaremos nossos estudos sobre como as redes industriais influenciam na automação, além de tratar das especificações destas redes. 1.1 Conceitos de automação Dentro da automação industrial, temos níveis de controle, expostos de forma hierárquica na Figura 1, que é também conhecida como pirâmide da automação. Figura 1 – Pirâmide da automação Fonte: Moraes, 2010. A forma hierárquica de demonstração dos diferentes níveis da automação industrial serve para mostrar a dependência de um nível ao outro. Segundo Moraes (2010), a base da pirâmide está diretamente relacionada com os dispositivos programadores que controlam os sensores e atuadores, e no topo da pirâmide a caraterística principal é a integração entre a automação e os setores gerenciais da empresa. • Nível 1: representa os dispositivos de campo, como sensores e atuadores. Esses dispositivos ficam espalhados pela planta da indústria, realizando medições ou comandos. • Nível 2: representa os dispositivos que fazem o controle dos dispositivos de campo, como controladores lógicos programáveis (CLPs) e sistemas digitais de controles distribuídos (SDCDs). • Nível 3: representa o nível de supervisão da planta, com a utilização de sistemas supervisórios e de otimização da planta em questão. 4 • Nível 4: representa o nível de gerenciamento da planta, em que há parte da programação e planejamento da produção. • Nível 5: é o último e mais complexo nível, com gerenciamento dos outros itens, em que se agrega os quesitos de gestão de venda, gestão financeira e outros. Quanto mais alto o nível, mais informações circulam entre o sistema e, consequentemente, mais atenção devemos ter no tratamento de dados. 1.2 Especificação de redes industriais Para Moraes (2010), são necessárias para a especificação de uma rede de automação as seguintes variáveis: taxa de transmissão, topologia física de rede, meio físico de transmissão, tecnologia de comunicação e método de acesso ao meio. Na sequência, abordaremos cada um deles em mais detalhes. 1.2.1 Taxa de transmissão A taxa de transmissão em uma rede industrial, também conhecida como throughput, se dá pela média de dados que serão transmitidos em determinado período de tempo. Além disso, a taxa de transferência tem como unidade de medida o kilobits por segundo (kbps). 1.2.2 Topologia física de rede Quando falamos da topologia física, considera-se que está relacionada com a forma com que os dispositivos estão interligados na rede. Existem vários modos de interligações, e alguns exemplos comuns são: barramento, anel e estrela. 1.2.3 Meio físico de transmissão O meio físico está relacionado ao tipo de cabeamento que transmitirá as informações no meio. Alguns exemplos são: cabo de par trançado, fibra óptica, RS-485, RS-232 e RS-422. 5 1.2.4 Tecnologia de comunicação A tecnologia de comunicação está relacionada com a forma de gerenciamento entre os pontos de comunicação. As formas mais comuns são: mestre/escravo e produtor/consumidor. 1.2.5 Método de acesso ao meio O método de acesso ao meio se trata de qual algoritmo será utilizado pelos pontos de comunicação para acessar ou disponibilizar os dados na rede. Alguns métodos comuns são: processos de varredura, CSMA/CD e token passing. TEMA 2 – DADOS E PADRÕES NAS REDES INDUSTRIAIS Em qualquer tipo de rede, tanto de computadores quanto redes industriais, temos dados em circulação que carregam informações. Se imaginarmos um sensor de temperatura, ele transmitirá por meio de seu meio físico a informação de temperatura na unidade padronizada pelo fabricante ou pelo protocolo de comunicação. As unidades comuns de troca de informações são bits, bytes ou unidades maiores, como strings ou packets. Redes que transmitem informações básicas, como liga e desliga, ou status, utilizam o tráfego de bit 0 para desligado e 1 para ligado. Redes que precisam de mais informações, como valores completos de medições utilizam bytes como unidade. Redes que fazem o uso ainda maior e enviam várias informações ao mesmo tempo, fazem uso de unidades maiores para transmissão. A respeito de redes industriais, para cada tipo de dado transmitido na rede, temos uma denominação: • Redes nas quais trafegam bits são chamadas de redes sensorbus; • Redes nas quais trafegam bytes são chamadas de redes devicebus; • Redes nas quais trafegam dados maiores que bytes são chamadas de redes fieldbus. Do mais básico para o mais complexo, as redes sensorbus são as redes utilizadas no chão de fábrica e temos como exemplos as redes AS-Interface e INTERBUS. As redes devicebus cumprem quase os mesmos requisitos que as redes sensorbus, porém, por comunicarem com dados ao nível de bytes, cobrem 6 distâncias maiores e informações mais complexas, como dados analógicos e discretos. Alguns exemplos de redes devicebus são: DeviceNET, LONWorks e Profibus DP. As redes fieldbus também podem atuar no chão de fábrica, mas trabalham coletando e distribuindo dados para os sensores e atuadores. As redes fieldbus são conhecidas pelo uso de interfaces homem-máquina (IHM) e consoles de gerenciamento, por exemplo, SCADA. Alguns exemplos de redes fieldbus são: Profibus PA, Fieldbus Foundation e HART. Tendo definidas as redes industriais, precisamos entender como funciona a transmissão de dados nas redes industriais. Um dos princípios básicos que norteiam a conexão de dispositivos a outro para a transmissão de dados é o cabeamento. Já o princípio básico que norteia o cabeamento, é o tipo e a quantidade de cabos ou condutores necessários para garantir o fluxo de dados. (Forouzan, 2006) Esse tipo de pensamentonos leva a imaginar qual é a forma mais efetiva de enviar dados, seja um bit por vez, sejam vários em paralelo. Assim, as duas formas de transmissão de dados nas redes industriais são: serial e paralelo. As quais veremos com detalhes a seguir. 2.1 Transmissão serial Esse tipo de transmissão se dá com os bits sendo transmitidos um após o outro, em formato de fila. Por termos apenas um caminho para esse tipo de transmissão, o custo é relativamente baixo, uma vez que precisamos de um cabo para cada tipo de informação sendo trafegada. Entretanto, como dentro dos dispositivos de campo a transmissão é feita de forma paralela, é necessária a conversão dos dados tanto na saída de dados dos dispositivos quanto na entrada de dados. Assim, precisamos de conversores serial-paralelo e paralelo-serial. Podemos ver a transmissão serial exemplificada na Figura 2, sendo que nela temos exemplificado um emissor e um receptor de informações transmitindo dados por meio de um caminho apenas, de forma serial. 7 Figura 2 – Transmissão serial 2.2 Transmissão paralela A transmissão paralela, ao contrário da transmissão serial, agrupa pacotes de bits para serem enviados de uma única vez, obedecendo um sinal de clock do sistema. Esse tipo de transmissão possui custo mais alto, devido à quantidade de cabeamento necessária para transmitir os dados; entretanto, tem a velocidade de transmissão maior. Podemos ver a transmissão paralela de dados exemplificada na Figura 3, com o mesmo emissor e receptor da figura anterior, porém, com os dados sendo transmitidos de várias linhas, de forma paralela. Figura 3 – Transmissão paralela Além dos modos de transmissão, é importante sabermos diferenciar padrões de rede, para assim descobrirmos uma questão importante dentro de redes industriais, que é a compatibilidade de dispositivos. Dessa forma, temos dois padrões de rede: o padrão aberto e o padrão fechado. 2.3 Padrão aberto O padrão aberto significa que a tecnologia tem o protocolo e tecnologia aberta. É nos dias de hoje conhecido como open source, de forma que fabricantes 8 podem desenvolver equipamentos baseados nessa tecnologia, que é documentada e constantemente tem melhorias. Dentro das redes de padrão aberto, temos pontos importantes como interoperabilidade e portabilidade. Sendo que interoperabilidade é a capacidade de equipamentos de diferentes marcas, mas com mesmo protocolo aberto, conversarem entre si, enquanto, a portabilidade é a capacidade de sistemas de software serem compatíveis com diferentes equipamentos. 2.3 Padrão fechado A tecnologia de padrão fechado é normalmente atribuída a protocolos e comunicações específicas de algum fabricante, que dificilmente tem compatibilidade com sistemas de padrão aberto. TEMA 3 – TOPOLOGIAS E MEIOS DE TRANSMISSÃO Ainda sobre dados nas redes industriais, precisamos fazer a definição de alguns assuntos para entender melhor como funcionam de forma geral as redes estruturadas industriais. Dessa forma, vamos discutir sobre topologias de rede e meios de transmissão. 3.1 Topologias de rede Quando falamos de topologia de rede, estamos nos referindo a como os equipamentos estão ligados nessa rede de forma física e de forma lógica (Forouzan, 2006). A topologia física será discutida nesse tópico, em que vamos aprender sobre as mais utilizadas, que são anel, estrela e barramento. 3.1.1 Anel A topologia em anel é uma arquitetura ponto a ponto, em que os dispositivos são conectados entre si, e o último dispositivo é conectado com o primeiro, fechando o ciclo. Esse tipo de arquitetura necessita que a comunicação pare, caso seja necessário adicionar um novo dispositivo a rede. As falhas desse tipo de arquitetura são menores do que as falhas em uma arquitetura sem o fechamento do ciclo, chamada de ponto a ponto, uma vez que se o sinal trafegar para ambos os lados e um nó ser danificado, a informação pode percorrer o outro 9 lado do anel. A topologia em anel é representada na Figura 4(a), em que é possível perceber a configuração de conexão descrita anteriormente. 3.1.2 Estrela A topologia em estrela é um sistema centralizado em sua essência, que pode formar uma solução descentralizada se juntarmos mais nós-estrela no sistema. Esse tipo de topologia normalmente utiliza processadores centrais redundantes para evitar que se percam nós de dispositivos por uma falha na unidade central. Um exemplo da topologia estrela é representado na Figura 4(b), em que temos computadores ligados a um computador central. 3.1.3 Barramento A topologia em barramento é conhecida por seu meio físico de comunicação ser compartilhado entre todos os equipamentos. Esse tipo de topologia é um dos mais empregados na indústria e em redes de computadores, uma vez que se houver falha em um dos dispositivos ligados no barramento, não será perdida a comunicação total com o sistema. Além disso, essa configuração permite uma alta capacidade de expansão, uma vez que só é necessário ligar um equipamento em qualquer parte do barramento. Um exemplo dessa topologia é representado na Figura 4(c), em que todos os computadores estão interligados entre si através do barramento de rede. Figura 4 – Topologias de rede Além do tipo de topologia, é importante discutirmos os meios físicos de transmissão de informações. 10 3.2 Meios físicos de transmissão Os meios físicos de transmissão representam por onde a informação irá trafegar para se comunicar com os dispositivos. Esse requisito é importante para ser estudado previamente, antes de se montar uma rede industrial, uma vez que impacta no custo da aplicação e em qual tipo de informação poderá trafegar na rede. Vamos tratar rapidamente sobre fios de cobre, fibra óptica e sem fios. 3.2.1 Fios de cobre O modo mais comum para transmitir informações em uma rede industrial é utilizando fios de cobre. Esse tipo de cabeamento é largamente utilizado na indústria, mas demanda alguns cuidados, uma vez que o ambiente industrial é sujeito a vários tipos de intempéries e ruídos. Os tipos mais comuns de cabeamento na indústria com fios de cobre são: cabo coaxial e par trançado. O cabo coaxial transmite as informações por um fio único e rígido de cobre, envolto por uma película plástica, uma malha metálica e, por fim, a capa externa. Esse cabo permite grandes distâncias, dependendo da bitola do fio interno de cobre, e é normalmente utilizado na topologia de barramento. Uma das desvantagens desse tipo de cabo é a sua própria manipulação, cada vez mais robusto e mais difícil de fazer as instalações. O cabo de par trançado é dividido em duas categorias principais: o cabo par trançado não blindado, do inglês unshielded twisted pair (UTP), e cabo par trançado blindado, do inglês shielded twisted pair (STP). Ambos possuem quatro pares de vias de cobre rígidas internamente, protegidos por uma capa fina de plástico. Os quatro pares são retorcidos e envoltos por uma película externa, também de plástico. A diferença entre o cabo UTP e o STP é uma fina película de alumínio que o cabo STP possui, utilizado para reduzir a interferência eletromagnética dos cabos, quando aterrado. 3.2.2 Fibra óptica A fibra óptica é um meio relativamente novo de transmissão de informações, e conta com um núcleo de vidro ou plástico, envolto por uma capa plástica. Dentro do núcleo, ao contrário dos cabos coaxiais e trançados, as informações são transmitidas por meio de luz, e não sinal elétrico. Existem dois tipos de fibra óptica, a monomodo e a multimodo. Na fibra monomodo, apenas um 11 feixe de luz trafega no interior da fibra e seus dados têm velocidade e distância menor que na fibra multimodo. Na fibra multimodo, vários feixes de luz trafegam internamente na fibra, levando as informações a percorrerem maiores distâncias em menos tempo. 3.2.3 Sem fios Outromeio de comunicação não tão comum em ambientes industriais são as redes sem fios. Mesmo tendo na atualidade protocolos de comunicação cada vez mais avançados, a indústria prefere, de forma geral, soluções cabeadas. Alguns exemplos de redes sem fios que podem ser utilizadas são: Wi-Fi, Zigbee e Z-wave. TEMA 4 – MÉTODOS DE ACESSO AO MEIO E PADRÕES DE INTERFACE Para concluir o assunto dados em redes industriais, vamos falar nesse tema sobre métodos de acesso ao meio e em seguida sobre padrões de interface, que são quesitos importantes para a definição de uma rede industrial, em que esses quesitos impactam diretamente no tipo de informação que a rede pode transmitir e o custo de implantação. 4.1 Métodos de acesso ao meio Segundo Moraes (2010), os nós pertencentes a um sistema de rede industrial têm um procedimento específico para acessar as informações da rede, chamados de métodos de acesso ao meio. Os métodos mais comuns são: CSMA/CD, Token Passing e Polling. No método CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access/Colision Detection), os dispositivos da rede começam a enviar dados assim que detectam que o canal está disponível. Se dois dispositivos tentarem enviar dados ao mesmo tempo, ocorre uma colisão, e um deles começa a transmitir novamente depois de um tempo aleatório. O método Token Passing utiliza a topologia em anel para transmitir informação. Nesse método, circula na rede o que chamamos de Token (ficha), e quando um dispositivo deseja transmitir a informação, ele captura essa ficha, substituindo-a pelas informações que deseja transmitir. Após terminar o processo, o dispositivo regenera o token para circular na rede. 12 No método denominado Polling o controlador questiona constantemente a rede se algum dispositivo deseja enviar dados, evitando colisões. Enquanto nenhum dispositivo desejar transmitir dados, o controlador continua fazendo requisições na rede ciclicamente, até que um dispositivo deseje compartilhar informações. 4.2 Padrões de interface Como já discutido, os sistemas industriais seguem padrões, e esses padrões nos ajudam a manter as informações e interligações documentadas, passíveis de suporte técnico quando necessário. Se tratando de padrões de interface, também temos padrões. As interfaces tratam de como as informações trafegam fisicamente nos meios. Vamos conversar sobre três interfaces comuns do meio industrial, que fazem a transmissão de dados de forma serial. Sendo elas: RS-232, RS-485 e RS-422. 4.2.1 RS-232 A interface RS-232 é um padrão Electronic Industries Association (EIA), e transmite dados por meio de cabo de par trançado, em distâncias de até 15 metros. Define pinagem para dois tipos de conectores, DB-9 e DB-25, em que trafegam níveis de sinais com emissores e receptores. A interface RS-232 é não balanceada, ou seja, os comuns (zeros) de suas conexões não são interligados, podendo gerar ruídos no sistema e fazendo, assim, sua distância de transmissão reduzida para evitar perda de sinal. Essa interface foi criada em 1969 para interligar computadores e modens. 4.2.2 RS-485 A interface RS-485 também é um padrão EIA, e transmite dados com balanceamento de sinal, ou seja, as linhas que transmitem e recebem sinal têm o mesmo referencial, diminuindo, portanto, sua suscetibilidade a ruídos. Uma vez que o sinal transmitido por meio da interface RS-485 é balanceado, temos ganhos na velocidade de transmissão de dados e também na distância, que pode chegar a 1.200 metros. A interface RS-485 utiliza um cabo com dois fios, sendo os dois para transmissão de dados, que podem vir acompanhados de mais dois fios para energização dos equipamentos. 13 4.2.3 RS-422 A interface RS-422 se assimila muito com a interface RS-485, entretanto sua cablagem tem um conceito diferente, em que são utilizados dois pares de cabos para transmissão de dados. Um par faz a emissão de pacotes de dados e o outro par faz a recepção desses dados. Fazendo uma comparação com a interface RS-485, temos mais componentes físicos sendo utilizados, portanto, seu custo também será maior. TEMA 5 – EXEMPLOS DE REDES INDUSTRIAIS Agora que conhecemos como as redes industriais se comportam, vamos analisar algumas das redes mais utilizadas no meio industrial. Anteriormente, discutimos como são referenciadas as redes industriais, baseado no tipo de informação que ela transmite. Dessa forma, temos as redes denominadas sensorbus, devicebus e fieldbus. Vamos falar sobre cada uma delas, citando um exemplo de rede. 5.1 ASi – sensorbus A rede ASi, ou AS-Interface, surgiu em 1990, segundo Moraes (2010) quando houve uma necessidade de compatibilização de equipamentos pelas empresas fabricantes. Dessa necessidade, foi criada a International Association (AS), com objetivo de padronizar sistemas e produtos, além de manter seus desenvolvimentos. A rede AS-Interface se baseia no sistema mestre-escravo, em que se tem um único mestre que controla os equipamentos de campo denominados escravos. A rede foi desenvolvida para suprir a necessidade de comunicação com equipamentos de chão de fábrica, como sensores e atuadores. A forma física de interligação de equipamentos utiliza um cabo especial contra inversão de polaridade, ou seja, só há uma maneira de encaixe do dispositivo de campo no cabo. Além disso, é um cabo autocicatrizante, em que, depois do dispositivo de campo ser removido do laço, o cabo se regenera. Essa tecnologia ajuda a serem feitas medições não programadas e pontuais em campo, sem necessidade de se configurar totalmente a rede ou parar uma planta industrial para fazer alterações. Na Figura 5 podemos ver um exemplo de cabo para a rede 14 AS-Interface, em que temos dois condutores e a película amarela é autocicatrizante. Figura 5 – Transmissão serial Fonte: Nexans Cryogenics, 2020. 5.2 DeviceNet – devicebus A rede denominada DeviceNet é baseada no protocolo Controller Area Network (CAN) para sua camada física, e seu desenvolvedor é a Allen Bradley, que foi adquirida pela Rockwell Automation posteriormente. Sendo uma rede mais robusta do que as redes sensorbus, é possível transmitir mais informações do que somente bits de status. Na rede DeviceNET é possível o tráfego de informações mais complexas, como medidores de campo. A rede DeviceNET utiliza a topologia tronco com derivações, sendo que nessa topologia temos uma linha central de conexão com terminadores, e derivações em seu percurso, como representado na Figura 6. Figura 6 – Topologia tronco com derivações A rede utiliza o padrão de alimentar seus dispositivos pelo loop de comunicação, facilitando o manejo de cabeamento da rede. Entretanto, essa rede tem uma limitação de 64 nós, e a distância máxima da rede está relacionada com 15 a velocidade de transmissão dos dados, seguindo a regra de quanto mais próximos os dispositivos e menor a rede, maior a velocidade de transmissão. 5.3 HART - fieldbus O protocolo HART foi desenvolvido em meados de 1980 com objetivo de permitir a comunicação bidirecional de informações de campo. Ele funciona com a arquitetura de mestre-escravo, em que os escravos são os medidores de campo e o mestre normalmente é uma central de sistema supervisório ou um CLP. Esse protocolo teve um avanço inovador com o seu desenvolvimento, uma vez que faz a transmissão de dados analógicos e digitais no mesmo sinal, fazendo uma sobreposição de sinais. Dessa forma, o protocolo HART fornece pelo menos dois canais de comunicação simultâneos, um canal digital e outro canal analógico de 4-20 mA. Pegando como exemplo um sensor de temperatura, o sinal analógico no protocolo HART transmite a temperatura emitida pelo sensor e o sinal digital as variáveis auxiliares, como status do dispositivo, diagnósticos e mais. Um exemplo desse protocolo pode ser visto na Figura 7, que exemplifica isso. Figura 7– Representação de informações da rede HART Fonte: Rockwell Automation, 2020. 16 REFERÊNCIAS FOROUZAN, B. A. Comunicação de dados e redes de computadores. Porto Alegre: Bookman, 2006. MORAES, C. C. de. Engenharia de automação industrial. Rio de Janeiro: LTC, 2015. NEXAN CRYOGENICS. AS – Interface rubber flat cable. Nexans Deutschland GmbH. 2020. Disponível em: <https://www.nexans- cryogenics.com/eservice/Germany- en/navigate_343436/AS_INTERFACE_RUBBER_FLAT_CABLE.html#>. Acesso em: 15 out. 2020.
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