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UNIDADE 3 | POLÍTICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 196 não ser o principal responsável pelo desmatamento, ele também contribui com uma parcela significativa, 13,8%, do total das emissões do país. Em termos corporativos, a matriz energética brasileira é uma das menos emissoras do mundo, consome cerca de 2% da energia mundial. Segundo dados preliminares do Balanço Energético Nacional (BEN, 2008), a matriz energética brasileira mostra uma elevada proporção de energia renovável, sete vezes a média da OECD (Organization for Economic Cooperation and Development) e três vezes e meia a média mundial. A participação da energia de fontes renováveis representou quase a metade do total da matriz energética brasileira em 2008. No que se refere à matriz elétrica, a participação das fontes renováveis é ainda mais expressiva. Dos 484,52 TWh ofertados, 86,7 % são de origem hidráulica e de biomassa. O setor energético brasileiro se destaca pela sua diversidade e por sua oportunidade diante do desafio global de reduzir as emissões de GEE. O Brasil conta com um enorme potencial por ser o segundo maior produtor de etanol no mundo e, de longe, o que reúne mais condições para ampliar a oferta do produto. De seu potencial de geração hidrelétrica de 260 GW, apenas 30% foram explorados. É o país com a maior área territorial dos trópicos e, consequentemente, recebe uma quantidade gigantesca de radiação solar que poderia ser aproveitada para energia. Devido ao seu regime de ventos, o potencial eólico estimado é de 143,5 GW ou 31 GW médios, o que equivale a 59% do mercado de energia elétrica nacional (CEPEL, 2001). Em função de sua diversidade em ecossistemas, o Brasil conta também com uma gama de possibilidades de oleaginosas para produção de biocombustíveis líquidos. Há, no entanto, muito espaço para melhorias. A intensidade per capita de emissões brasileiras era de 12 toneladas (t) CO2e em 2005, compatível a um país europeu (10 t CO2e/cap) (MCKINSEY, 2005). Estima-se que com o crescimento da economia brasileira a intensidade de emissões deva aumentar para 14 tCO2e per capita em 2030. Isso significa que, em uma perspectiva futura, mesmo que eliminadas as emissões do setor florestal, as emissões brasileiras permaneceriam relativamente altas se não forem introduzidas outras ações de mitigação. Destacam-se alguns pontos cruciais em relação aos desafios para reduzir as emissões de GEE no Brasil: (1) O país apresenta uma das maiores taxas de perdas energéticas na sua matriz elétrica, em torno de 17%. (2) No setor de transportes, 91,3% é rodoviário, e 80,6% é à base de combustíveis fósseis, sendo destes 51,6% diesel e 25,3% gasolina. (3) O desmatamento e a demanda reprimida de energia na zona rural ainda são entraves a serem superados. (4) A maior parte da energia hidrelétrica é originada no norte do país, longe dos centros de consumo, exigindo uma extensa rede de distribuição. (5) Quando discutimos energia no Brasil, graças à relevância dos recursos naturais do país, é preciso olhar além da pegada de carbono e contemplar também o impacto de diferentes opções na água, biodiversidade, insumos, resíduos, em comunidades locais, entre outros. Mesmo frente a uma matriz limpa hoje, o Brasil precisará crescer para incorporar a população que ainda não tem acesso à energia. E as questões energéticas brasileiras devem ser resolvidas no âmbito de uma economia de baixo
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