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ENERGIAS RENOVÁVEIS: UM ESTUDO COMPARATIVO DAS PERSPECTIVAS DO BRASIL EM RELAÇÃO À PAÍSES REFERÊNCIA NO SETOR

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO 
 
 
 
 
 
IVAN ENGLER DE ALMEIDA NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENERGIAS RENOVÁVEIS: UM ESTUDO COMPARATIVO 
DAS PERSPECTIVAS DO BRASIL EM RELAÇÃO À PAÍSES 
REFERÊNCIA NO SETOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
BAURU 
2018 
 
 
 
 
 
IVAN ENGLER DE ALMEIDA NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENERGIAS RENOVÁVEIS: UM ESTUDO COMPARATIVO 
DAS PERSPECTIVAS DO BRASIL EM RELAÇÃO À PAÍSES 
REFERÊNCIA NO SETOR 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Centro de Ciências Exatas da 
Universidade do Sagrado Coração, como parte 
dos requisitos para obtenção do título de 
bacharel em Engenharia Civil, sob orientação 
do Prof. Me. Alexander da Silva Maranho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com 
ISBD 
Almeida Neto, Ivan Engler de 
A447e 
Energias renováveis: um estudo comparativo das perspectivas 
do Brasil em relação à países referência no setor / Ivan Engler de 
Almeida Neto. -- 2018. 
64f. : il. 
 
Orientador: Prof. M.e Alexander da Silva Maranho. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia 
Civil) - Universidade do Sagrado Coração - Bauru - SP 
 
1. Energia renovável. 2. Leis de incentivo. 3. Brasil. 4. 
Alemanha. 5. China. I. Maranho, Alexander da Silva. II. Título. 
Elaborado por Laudeceia Almeida de Melo Machado - CRB-8/8214 
 
 
 
 
IVAN ENGLER DE ALMEIDA NETO 
 
ENERGIAS RENOVÁVEIS: UM ESTUDO COMPARATIVO DAS 
PERSPECTIVAS DO BRASIL EM RELAÇÃO À PAÍSES REFERÊNCIA 
NO SETOR 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Centro de Ciências Exatas da 
Universidade do Sagrado Coração como parte 
dos requisitos para obtenção do título de 
bacharel em Engenharia Civil sob orientação 
do Prof. Me. Alexander da Silva Maranho. 
 
 
 
Bauru, 11 de novembro de 2018. 
 
 
Banca examinadora: 
 
 
___________________________________________________ 
Prof. Me. Alexander da Silva Maranho 
Universidade do Sagrado Coração 
 
 
 
___________________________________________________ 
Prof. Dr. Danilo Sinkiti Gastaldello 
Universidade do Sagrado Coração 
 
 
 
___________________________________________________ 
Prof. Dr. Gill Bukvic 
Universidade do Sagrado Coração 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, 
pela educação e possibilidade de estudo, 
também, por todo suporte durante a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço à minha mãe, Ercília, que sempre esteve ao meu lado durante todos 
estes anos. Ao meu pai, Ivan, que batalhou por anos para proporcionar a melhor educação 
para os seus filhos. À minha namorada, Fernanda, por todo apoio e incentivo. Obrigado à 
minha irmã, Mariana, por todo auxílio durante este trabalho. Também sou grato à toda minha 
família, amigos e professores e todos aqueles que me ajudaram durante a execução do 
trabalho. Obrigado por fazerem parte da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Suba o primeiro degrau com fé. Não é 
necessário que você veja toda a escada. 
Apenas dê o primeiro passo.” 
 
Martin Luther King 
 
 
RESUMO 
 
 Com a crescente preocupação a cerca do termo Desenvolvimento Sustentável, 
surge a necessidade de uma renovação na matriz energética mundial, a fim de torná-la 
sustentável e diminuir os impactos negativos gerados pela produção de energia. Para que as 
fontes renováveis assumem uma posição expressiva na matriz mundial, é necessário o 
incentivo por meio de leis governamentais, tornando-as competitivas no mercado energético. 
O presente trabalho apresenta um comparativo entre os quatro países líderes em capacidade 
instalada de produção de energia renovável, com enfoque nas leis de incentivo adotadas para 
o desenvolvimento do setor em seus países, com uma projeção realizada a longo prazo. Em 
seguida, comparando-as com o cenário brasileiro, concluindo com as ações que o país pode 
tomar para melhorar o desenvolvimento das fontes renováveis não hídricas. 
 
Palavras-chave: Energia renovável. Leis de incentivo. Brasil. Alemanha. China. 
Estados Unidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
With the growing concern about the term Sustainable Development, comes up 
the necessity of a renovation on the global energy matrix, in order to make it sustainable and 
reduce negative impacts created by the production of energy. So that renewable sources can 
assume an expressive position on the global matrix, it’s necessary the incentive trough 
government laws, making them competitive in the energy market. The present paper brings a 
comparison between the four leading countries in installed capacity for renewable energy 
production, focusing on the incentive laws adopted to ensure the development of the sector in 
their countries. Then, comparing then with the Brazilian scenario, concluding with the actions 
that the country can take to improve the development of non-hydro renewable sources. 
 
Keywords: Renewable energy. Incentive laws. Brazil. Germany. China. United States. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 – Hidrelétrica de Ribeirão do Inferno ....................................................... 22 
Figura 2 – Matriz elétrica brasileira em 2018 .......................................................... 23 
Figura 3 – Países líderes em capacidade instalada de produção de energia 
renovável em 2017 ................................................................................................... 25 
Figura 4 – Mapa do SIN brasileiro .......................................................................... 26 
Figura 5 – Capacidade instalada de geração elétrica no Brasil em 2018 ................. 30 
Figura 6 – Distribuição global do recurso eólico ..................................................... 32 
Figura 7 – Potencial eólico brasileiro por região ..................................................... 34 
Figura 8 – Radiação solar incidente no Brasil, média anual .................................... 37 
Figura 9 – Ranking mundial de cerificados LEED fora dos Estados Unidos .......... 40 
Figura 10 – Residência abastecida por sistema de microgeração fotovoltaico........ 42 
Figura 11 – Esquema simplificado de um sistema fotovoltaico integrado à rede ... 42 
Figura 12 – Matriz elétrica alemã em 2018..............................................................46 
Figura 13 – Produção de energia bruta por fonte na Alemanha, de 1990 até 2017..48 
Figura 14 – Matriz elétrica norte americana em 2018..............................................49 
Figura 15 – Geração de energia elétrica nos Estados Unidos por fonte, de 1950 até 
2017..........................................................................................................................51Figura 16 – Matriz elétrica chinesa em 2017...........................................................52 
Figura 17 – Geração de energia elétrica bruta anual por fonte na China, de 1990 até 
2017..........................................................................................................................53 
Figura 18 – Geração de energia elétrica bruta por fonte no Brasil, desde 1990 até 
2017..........................................................................................................................55 
Figura 19 – Porcentagem de energia renovável não hídrica na produção elétrica 
anual..........................................................................................................................57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Comparativo das principais fontes elétricas em 2018 ............................ 56 
Tabela 2 – Comparativo das matrizes elétricas em 2030.........................................58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABEEólica Associação Brasileira de Energia Eólica 
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica 
BIG Banco de Informações de Geração 
CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável 
CEW Clean Energy Wire 
CIB Conselho Internacional da Construção 
CPIDL China Power International Development Limited 
EEG Erneuerbare-Energien-Gesetz 
EIA U.S. Energy Information Administration 
EPE Empresa de Pesquisa Energética 
FIT Feed-in Tariff 
GW Gigawatt 
IEA International Energy Agency 
IRENA International Renewable Energy Agency 
ITC Investment Tax Credit 
Km Quilômetro 
kW Quilowatt 
MAB Movimento dos Atingidos por Barragens 
MW Megawatt 
MME Ministério de Minas e Energia 
NMT Net Metering Tariff 
PCH Pequena Central Hidrelétrica 
PNPB Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel 
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas 
PTC Renewable Electricity Production Tax Credit 
REA Renewable Energy Association 
REN21 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century 
RFA Renewable Fuels Association 
SIN Sistema Interligado Nacional 
TAESA Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. 
UNDP United Nations Development Programme 
 
 
USGBC U.S. Green Building Council 
WEC World Energy Council 
WWEA World Wind Energy Association 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... .17 
2 OBJETIVOS ................................................................................................... .19 
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... .19 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... .19 
3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... .20 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... .21 
4.1 DEFINIÇÃO.......................................................................................................21 
4.2 MATRILZ ELÉTRICA......................................................................................22 
4.3 GERAÇÃO ELÉTRICA.....................................................................................25 
4.4 CENTRAIS ELÉTRICAS..................................................................................27 
4.5 CONTRUÇÃO VERDE E SUSTENTABILIDADE..........................................39 
4.6 SISTEMAS FOTOVOLTÁICOS INTEGRADOS À REDE ELÉTRICA.........40 
5 METODOLOGIA ........................................................................................... .45 
5.1 ALEMANHA......................................................................................................46 
5.2 ESTADOS UNIDOS...........................................................................................48 
5.3 CHINA................................................................................................................51 
5.4 BRASIL..............................................................................................................53 
6 RESULTADOS.................................................................................................56 
7 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................60 
 REFERÊNCIAS................................................................................................61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 É de conhecimento geral que, com o passar dos anos e o desenvolvimento da 
humanidade, a demanda de energia elétrica se torna cada vez maior, seja para uso doméstico, 
produção industrial ou para o desenvolvimento e crescimento tecnológico de cidades, estados 
e países. Porém, os danos que esse aumento constante na demanda elétrica causa ao meio 
ambiente e aos seus dependentes, não são tão conhecidos assim. 
 O ritmo atual de consumo de energia acarreta a uma agressão imensurável à 
natureza, a fim de explorá-la e conseguir matéria prima para a geração de energia elétrica. A 
curto prazo, os únicos que sentem os danos causados ao meio ambiente, são as comunidades 
que dependem dos seus recursos, ribeirinhos e indígenas. Porém, dados mostram que o abuso 
sofrido pelo planeta nos reserva um futuro de escassez. 
 A temperatura média do planeta já subiu 6 graus no século 20 e as projeções 
indicam que subirá entre 1,4 grau e 5,8 graus até o ano de 2100, se nada for feito para deter o 
processo (LIMA, 2009). 
 Com o reflexo negativo dessa exploração ao meio ambiente, tornou-se 
necessária a busca por fontes energéticas “limpas”, que causem um menor impacto 
socioambiental, para que a busca pela evolução do ser humano, não acabe sendo a sua própria 
destruição. 
 Após o choque do petróleo ocorrido na década de 70, o Brasil passou a se 
concentrar no desenvolvimento de fontes alternativas de energia, principalmente o etanol, 
devido ao alto índice de produção nacional. E, nos dias de hoje, ocupa o terceiro lugar no 
ranking mundial de produção de energia renovável, com cerca de 77% da sua matriz elétrica 
proveniente dessas fontes (Aneel, 2017). 
 De acordo com dados publicados em 2017 pela Empresa de Pesquisa 
Energética (EPE), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, as fontes eólica e solar 
foram as que mais cresceram no Brasil no ano passado, sendo respectivamente, 28,1% e 
4.470%. O grande salto dado pela energia solar se deve à dois principais fatores, a potência 
instalada no começo do ano era de apenas 21 MW e, a inauguração de dois empreendimentos, 
a usina de Nova Olinda (PI) e a usina de Ituverava (BA), que juntas, somam para o potencial 
energético do país 546 MW. 
 Mas esse aumento no potencial solar instalado não se deve apenas aos grandes 
empreendimentos, a energia solar também se popularizou no uso doméstico, sendo uma opção 
para a redução da conta de energia. 
18 
 
 Nestetrabalho, serão analisadas as políticas de incentivo adotadas pelos países 
líderes no ranking de energia renovável mundial para a contínua expansão das fontes 
alternativas em suas matrizes energéticas e, compará-las com as leis vigentes no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 O trabalho tem como objetivo geral realizar um levantamento das fontes 
renováveis em países líderes no setor, comparando-os com o cenário atual do Brasil, fazendo 
um cenário futuro às políticas de desenvolvimento. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Teorizar as principais fontes de energia renovável do Brasil, EUA, 
Alemanha e China; 
• Apontar sobre as produções energéticas dos países citados acima; 
• Quantificar o potencial de energia renovável gerado pelos países nos 
últimos anos; 
• Analisar as políticas de desenvolvimento na área entre os países e 
compará-los ao Brasil; 
• Mostrar tendências das fontes renováveis nos países analisados; 
• Comparar situações reais e futuras dos países estudados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
3 JUSTIFICATIVA 
 
 Com a crescente preocupação com o Desenvolvimento Sustentável, a produção 
de energia elétrica proveniente de fontes renováveis vem crescendo em nível mundial, 
inclusive no Brasil. O que impulsionou a realização deste trabalho foi o fato de o Brasil ser 
uma potência mundial em energia limpa e, o que o país pode adotar como exemplo de países 
que estão a frente na área, a fim de concretizar seu potencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
4.1 DEFINIÇÃO 
 A definição técnica de energia, de acordo com Araújo e Nonenmacher (2009), 
é a capacidade de realizar trabalho ou de transferir calor. O primeiro contato do homem com 
qualquer tipo de energia, foi em sua forma endossomática, que, segundo Hémery, Debeir e 
Deléage (1993), é a energia estritamente necessária à subsistência dos seres vivos, ou seja, é 
aquela que chega através de cadeia ecológicas. A fonte primária da energia dessas cadeias é o 
sol, ao iluminar, aquecer, transferir energia para as águas, formando nuvens e chuvas, e 
fornecer energia aos vegetais, através da fotossíntese. (FARIAS; SELLITTO, 2011). 
 O primeiro domínio do homem sobre a energia, foi com a intenção de suprir 
suas necessidades básicas na época, aquecimento, iluminação e proteção, com isso, o fogo foi 
domesticado. Esse evento não foi apenas um marco para evolução da raça humana, mas 
também, para a evolução da produção de energia (MUSITANO, 2010). 
 Após passar a Idade Antiga e a Idade Média dependendo da força física, tanto 
humana, quanto animal para os meios de produção. Somente na Idade Moderna, mais 
precisamente, em 1712, o inglês Thomas Newcomen usou a energia do vapor para criar a 
primeira maquina que não dependesse de força animal. Sua máquina bombeava a água de 
minas de carvão. Futuramente sendo aperfeiçoada pelo jovem talentoso James Watt, onde, o 
movimento alternado e linear do êmbolo foi substituído por movimentos giratórios, criando 
uma fonte universal de energia que passou a acionar navios, locomotivas, serrarias, cerâmicas, 
drenagens e outros tipos de atividades (FARIAS; SELLITTO, 2011), dando origem a 
Revolução Industrial. 
 A energia, na sua forma elétrica, que conhecemos e utilizamos hoje, começou a 
ser produzida em 1882, quando Thomas Edison, construiu as primeiras usinas geradoras em 
corrente contínua, com a intenção de alimentar sistemas de iluminação. Somente em 1886, o 
modelo de corrente alternada desenvolvido por Nikola Tesla foi reproduzido em larga escala 
por George Westinghouse, provando ser melhor e mais consistente do que o modelo 
anteriormente proposto por Thomas Edison, proporcionando a transmissão a grandes 
distâncias e o uso doméstico da energia elétrica (WALTER, 2010). 
 
 
 
 
22 
 
4.2 MATRIZ ELÉTRICA 
 No Brasil, a história da produção de energia elétrica data de 1883, onde hoje 
atualmente é a cidade de Diamantina – MG, localizada no Ribeirão do Inferno foi construída a 
primeira usina hidrelétrica do país e da América Latina. Construída utilizando o método fio 
d’água, ou seja, não possuía uma barragem para acumulo de água, transformava a energia 
cinética acumulada durante os 5 metros de queda natural, em energia elétrica que era usada 
para movimentar bombas d’água para desmonte das formações nas minas de diamante 
(FONSECA, 2013). A Figura 1 mostra uma foto da usina já desativada. 
 
Além de representar a primeira iniciativa brasileira na área de geração de 
energia, quando esta ainda engatinhava em todo o mundo, a pequena Ribeirão do 
Inferno detinha outro grande feito para a época: possuía a maior linha de transmissão 
do mundo, com 2 km de extensão (MOREIRA, 2012). 
 
Figura 1 –Hidrelétrica de Ribeirão do Inferno. 
 
Fonte: RevistaOE (2012). 
 
 Seguindo o legado de Ribeirão do Inferno, Minas Gerais teve outros 
investimentos na área de hidrelétricas, gerando grande influência na mudança do cenário 
econômico do país. Alguns exemplos são a Usina Hidrelétrica da Companhia Fiação e 
Tecidos São Silvestre, construída em 1885, na cidade de Viçosa e, da Hidrelétrica Ribeirão 
dos Macacos, inaugurada em 1887. E, em 1889, ano da Proclamação da República, na cidade 
de Juiz de Fora, entra em funcionamento a Hidrelétrica de Marmelos, considerada a primeira 
usina de “grande porte” da América do Sul. O projeto da usina foi feito pela firma americana 
Max Nothman & Co., e os equipamentos necessários para seu funcionamento importados da 
Westinghouse (ARCURI, 2005). 
 Marmelos era abastecida por uma barragem de 51 metros de largura e 2,4 
metros de altura, que capitava água de um canal construído no banco sudoeste do rio. No 
23 
 
início, a usina utilizava apena dois geradores de 125 kW cada, gerando energia para cerca de 
180 lâmpadas incandescentes, porém, com o passar do tempo, um terceiro gerador foi 
instalado à usina, que passou a fornecer energia à mais de 700 lâmpadas e, contribuir em 
projetos públicos e industriais (ARCURI, 2005). 
 Possuindo o terceiro maior potencial hidráulico do mundo, o Brasil soube 
seguir a sua história e aproveitá-lo. Segundo dados do Governo brasileiro, a energia 
hidrelétrica representa hoje, cerca de 65% da matriz elétrica do país, proveniente de 140 
usinas em operação, dentre elas, a maior usina hidrelétrica do mundo. Proveniente de um 
acordo binacional com o Paraguai, a usina de Itaipu tem hoje, potência instalada de 14 mil 
MW, com 20 unidades geradoras (BRASIL, 2010). Capaz de suprir 80% da demanda 
energética do Paraguai e 20% do Brasil. A Figura 2 confirma a predominância da energia 
hidrelétrica na matriz elétrica do país. 
 
Figura 2 – Matriz elétrica brasileira em 2018. 
 
Fonte: Aneel (2017). 
 
 Segundo dados do Banco de Informações de Geração (BIG) da Aneel, em maio 
de 2018, o Brasil contava com 6.842 empreendimentos geradores de energia em operação, 
totalizando um valor de 166.995.595 kW de capacidade de geração. Considerando os 192 
24 
 
empreendimentos que estão em construção e outros 392 que ainda não iniciaram suas obras, 
que juntos adicionarão 17.310.768 kW à capacidade de potência de geração nacional. 
 Dos empreendimentos já instalados, 220 são usinas hidrelétricas, produzindo 
101.897.047 kW de potência e, 3.009 usinas termelétricas, produzindo, por sua vez, 
43.213.115 kW, ambas representam um total de 86,28% de todo o potencial energético 
produzido atualmente no país. Os 13% restantes estão distribuídos entre centrais geradoras 
eólicas (8,09%), pequenas centrais hidrelétricas (3,16%), usinas termonucleares (1,25%), 
centrais geradoras hidrelétricas (0,41%) e centrais geradoras fotovoltaicas (0,81%). 
 Não se pode negligenciar o fato de que a construção de um empreendimento 
elétricoresulta em alguns impactos ambientais e também sociais e, em um país em que sua 
principal fonte energética é a hídrica, possuindo aproximadamente duas mil barragens 
construídas e, segundo o Plano 2015, prevê a construção de mais 494 grandes barragens, não 
se pode ignorar os danos que já foram causados e que ainda serão causados. 
 Segundo dados publicados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens 
(MAB), um milhão de pessoas foram expulsas de suas terras devido a construção de barragens 
no Brasil, correspondendo a trezentas mil famílias e, mais de 34 mil km² de terra fértil foram 
inundados pelos reservatórios, o que corresponde a 3,4 milhões de hectares. 
 Com a crescente exploração dos recursos naturais, a fim de uma produção 
energética cada vez maior, capaz de suprir a atual necessidade humana e de seu 
desenvolvimento, surgiu a necessidade de criação de fontes energéticas “limpas”, hoje 
conhecidas como energias sustentáveis. Nome derivado do termo Desenvolvimento 
Sustentável, que surgiu a partir do conceito de ecodesenvolvimento, proposto durante a 
Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 
Estocolmo, na Suécia, em 1972. 
 Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da 
Organização das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as 
necessidades dos seres humanos na atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta 
para atender as futuras gerações. Ou seja, uma maneira de continuar o desenvolvimento 
humano, sem esgotar os recursos naturais para as próximas gerações. 
 
 O aumento da participação de fontes de energia renovável na matriz 
energética brasileira e mundial mostra-se imprescindível para a promoção do 
desenvolvimento sustentável. Além disso, a disponibilidade restrita dos tradicionais 
combustíveis fósseis faz do desenvolvimento e aplicação de tecnologias que 
permitam o uso de fontes renováveis em grande escala um dos grandes desafios 
25 
 
deste século, como previsto pelo Protocolo de Kyoto em 1997. (MAUAD; 
FERREIRA; TRINDADE, 2017, p.44). 
 
 Atualmente, as energias renováveis utilizadas em nível mundial são: Energia 
Oceânica, Energia Geotérmica, Energia da Biomassa, Energia Hídrica, Energia Eólica e 
Energia Solar. Porém, no Brasil, os métodos que são utilizados em escala de produção e 
distribuição nacional são apenas as Energias Hídrica, de Biomassa, Eólica e Solar. 
Representando juntos, mais de 80% da produção atual de energia no país. Valores que, como 
mostra a Figura 3, colocam o Brasil em terceiro lugar no ranking mundial de produção de 
energia renovável, atrás apenas da China e do Estados Unidos, com uma capacidade instalada 
de 128,29 GW. 
 
Figura 3 – Países líderes em capacidade instalada de produção de energia renovável em 2017. 
 
Fonte: IRENA (2018). 
 
4.3 GERAÇÃO ELÉTRICA 
 Atualmente, o Brasil é o terceiro país no mundo em nível de produção de 
energia hidrelétrica, isso se deve a sua grande reserva de hidroenergia, graças à imensa 
quantidade de rios que é banhado. Devido a esse motivo, é o recurso mais utilizado para a 
geração de eletricidade, representando 63,8%, sendo o potencial hidrelétrico brasileiro 
estimado pela Aneel em 261.400 MW, o que equivale a aproximadamente nove milhões de 
barris de petróleo por dia. Porém, devido a menor fonte hídrica com o passar dos anos e, com 
26 
 
o investimento em outras fontes energéticas, ocorreu um recuo da participação de energia 
hidrelétrica na matriz energética brasileira, de 84,5% em 2012, para 65,2% em 2014 e 54,5% 
em 2016, voltando a crescer somente em 2018, com 63,8% (BRASIL, 2018). 
 Como mostra a Figura 4, as usinas brasileiras compõem um sistema 
interligado, chamado de SIN (Sistema Interligado Nacional) que, segundo a TAESA (2017) é 
um sistema de geração e transmissão de energia elétrica, com tamanho e proporções que 
permitem considerá-lo único em nível regional e mundial, predominada por hidrelétricas, 
engloba as cinco regiões do Brasil. Apresentando maior potencial na bacia do rio Paraná, 
onde é localizada a Usina de Itaipu, segunda maior produtora mundial de energia elétrica. 
 
Figura 4 – Mapa do SIN brasileiro. 
 
Fonte: TAESA (2017). 
 
 
27 
 
4.4 CENTRAIS ELÉTRICAS 
 Apesar de ser considerada uma fonte de energia limpa, renovável e não 
emissora de gases estufa, segundo MAUAD et al. (2017), a energia hidrelétrica não está isenta 
de causar impactos no meio em que é construída, portanto, não podendo ser considerada uma 
fonte completamente limpa. 
 Para a construção dos reservatórios das grandes hidrelétricas, é necessário que 
uma extensa área seja inundada. Gerando assim, diversos impactos físico-químicos e 
biológicos ocasionados por essa grande intervenção no meio ambiente. Os principais impactos 
físico-químicos que podem ser identificados são a diminuição da correnteza do rio e alteração 
da dinâmica do ambiente aquático (SOUSA, 2000). 
 
Essa alteração faz com que o fluxo de sedimentos seja alterado, 
favorecendo sua deposição no ambiente lótico. Além disso, a temperatura do rio 
também sofre mudanças, estratificando a represa entre o fundo do lago, onde a 
temperatura é mais baixa, e sua superfície, onde a temperatura é mais alta. Essa 
estratificação é responsável ainda por outros impactos físicos, pois reduz a mistura 
da água do ambiente represado, criando condições anóxicas, favorecendo sua 
eutrofização, e facilitando a ocorrência de reações químicas, que resultam em 
compostos nocivos. (MAUAD; FERREIRA; TRINDADE, 2017, p.177). 
 
 Além dos impactos físico-químicos causados, existem os impactos biológicos, 
destacando-se a perda da grande biodiversidade que acaba sendo afogada com o enchimento 
do reservatório e, a criação de uma barreira física, estabelecida pela construção da barragem, 
impedindo espécies aquáticas e terrestres de transitarem livremente. Além do que, a 
construção de novas usinas leva ao retalhamento de unidades de conservação, o que, para 
LUCAS (2011), aumenta sua fragmentação, constituindo uma das maiores causas de perda de 
biodiversidade de uma área, também, comprometendo a disponibilidade e qualidade dos 
recursos naturais disponíveis à população de uma região. 
 Somado aos diversos impactos já citados, a construção de um reservatório 
causa danos também na população local e em suas comunidades dependentes, inundando 
elementos importantes de seu patrimônio natural, cultural e social. Com a implantação das 
hidrelétricas, um grande número de famílias perdem suas terras e residências, como já foi 
citado aqui anteriormente, dados da MAB estimam que no Brasil, mais de um milhão de 
pessoas já foram expulsas de suas terras devido a construção de barragens. 
 
Nesse contexto, quando uma população é forçada a sair de um determinado 
local, ela sofre mudanças bruscas na sua maneira de trabalhar a terra e nas suas 
relações de vizinhança ao abandonar um local que fazia parte de sua identidade 
histórica e cultural. Além disso, muitas delas deixam de ser reassentadas, e quando 
28 
 
indenizadas, em geral não conseguem comprar novas terras, devido ao diminuto 
valor recebido. (MENDES, 2005). 
 
 Além de todos os impactos já citados durante a construção da usina e do seu 
reservatório, que englobam as vias de acesso e as linhas de transmissão, também é relevante 
citar os danos causados durante a operação da usina, como a formação de gás metano devido à 
decomposição da matéria orgânica alagada e, o assoreamento gradativo dos reservatórios. 
Muitas vezes, durante a limpeza da área que será alagada pelo reservatório, nem toda matéria 
orgânica, neste caso, principalmente a vegetação, é retirada de forma correta e, sua 
decomposição submersa acaba gerando uma grande quantidade de gás metano, que segundo 
Etminan et al. (2016), representa 30% da contribuição de todos os fatores atmosféricos para o 
aquecimento global. Além de que, a ocupaçãopopulacional às margens do lago formado pelo 
reservatório e, o aumento da sedimentação devido a transformação de um ambiente lótico, ou 
seja, com água corrente, em um ambiente lêntico de águas paradas, resultam no assoreamento 
do reservatório e, em consequência, a diminuição da capacidade de geração da usina. 
Também, não podendo deixar de lado, os riscos de rompimento ou extravasamento de uma 
barragem, que só aumentam como passar dos anos e o seu envelhecimento. 
 A segunda maior fonte energética do Brasil é proveniente das termelétricas, 
segundo dados da Aneel, a fonte é responsável por 26,06% da matriz energética do país. 
Atualmente, o país conta com 3.010 Usinas Termelétricas, com potência outorgada de 
43.214.307 kW. Somando com as 26 usinas em construção e mais 114 que estão para iniciar, 
essa potência passará a ser de 48.979.436 kW. 
 Mais de 66% das termelétricas brasileiras tem como fonte energética os 
combustíveis de origem fóssil, sendo eles, por ordem de uso, petróleo, gás natural, carvão 
mineral e outras fontes, gerando 28.617.625 kW. O Restante das usinas (aproximadamente 
33%), tem como combustível fontes orgânicas, chamadas de Biomassa. As principais fontes, 
também por ordem de uso, são: agroindustriais, floresta, resíduos sólidos urbanos, resíduos 
animais e biocombustíveis líquidos, gerando 14.670.163. O que torna a Biomassa a segunda 
maior fonte de energia renovável do Brasil. 
 
A obtenção de energia através de biomassa pode ser explicada de forma 
simplificada como a conversão de uma matéria-prima orgânica, como a cana-de-
açúcar ou madeira, em um produto intermediário que, por sua vez, pode ser 
transformado em energia mecânica através de uma máquina específica. (MAUAD; 
FERREIRA; TRINDADE, 2017, p.285). 
 
29 
 
 Segundo o World Energy Council (WEC), “bioenergia”, ou seja, energia 
proveniente de biomassa, pode ser gerada por qualquer material de origem biológica e, que 
não faz parte de formações geológicas, não estando fossilizado. 
 Em nível mundial, a biomassa é considerada uma das fontes de energia com 
maior potencial de crescimento no futuro, na frente mesmo de seus antecessores, os 
combustíveis fósseis (ANEEL, 2008), isso se deve ao fato de que é possível aproveitar 
diversos tipos de fontes orgânicas como matéria prima para fins energéticos, permitindo 
também, até a utilização de rejeitos como matéria-prima. 
 Porém, historicamente, a biomassa não aparece de forma muito expressiva. 
Devido ao fato de o seu maior uso em âmbito mundial, se dar na forma de calefação de 
residências em áreas rurais de países ainda em desenvolvimento social e econômico, tendo 
como principal fonte a madeira (lenha). Isso se deve ao fato, principalmente, à difícil 
contabilização de sua produção e consumo, já que pequenas propriedades rurais que usam 
lenha como fonte de calor, na maioria das vezes, não são contabilizadas devido ao seu 
isolamento e dispersão dos grandes centros. 
 No Brasil, o uso de biomassa como fonte de geração de energia, apresenta um 
grande potencial de crescimento, assim mostram os dados publicados pelo Ministério de 
Minas e Energia (MME) em 2014, em seu Plano Decenal de Expansão de Energia 2023. 
Segundo o Plano, até 2023, o potencial técnico de produção de energia elétrica proveniente da 
biomassa apenas da cana-de-açúcar, ofertaria cerca de 7,7 GW para o Sistema Interligado 
Nacional, principalmente ao considerar o crescente potencial de produção sucroalcooleira dos 
estados de SP, PR, MG, MS e GO. 
 Em 2018, as fontes térmicas representam pouco mais de 26% da capacidade 
instalada de geração de energia no Brasil, sendo a biomassa responsável por 32% desta 
parcela. Todos esses valores podem ser analisados abaixo, nos gráficos da Figura 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Figura 5 – Capacidade instalada de geração elétrica no Brasil em 2018. 
 
Fonte: Aneel (2018). 
 
 De acordo com Goldemberg e Lucon (2007, apud MAUAD; FERREIRA; 
TRINDADE, 2017, p. 287), a aplicação das tecnologias de energia proveniente da biomassa e, 
o desenvolvimento de grandes indústrias, como a do etanol, proveniente da cana-de-açúcar e a 
de carvão vegetal, originário das plantações de eucalipto, constituem uma característica única 
do Brasil, já que as condições atuais do país reúnem fatores favoráveis a essa aplicação e seu 
desenvolvimento, como grande disponibilidade de recursos, incentivos públicos e, uma 
experiência histórica positiva no uso desse tipo de energia para aplicações industriais e 
sociais. 
 Além do grande potencial apresentado pelo Brasil para o uso de biomassa na 
geração de energia, o país também é destaque na produção de etanol. De acordo com a 
Renewable Fuels Association (RFA), órgão responsável pelo monitoramento mundial da 
produção do biocombustível, em seu relatório publicado em 2018, o Brasil ocupa a segunda 
posição de maior produtor de etanol no mundo e, considerando que o produto nacional, por 
ser produzido a partir da cana-de-açúcar, apresenta potencial energético igual e custos muito 
menores do que o etanol produzido em países mais desenvolvido, como por exemplo os 
Estados Unidos, que é o líder mundial na produção do biocombustível. 
 Como apontam os dados apresentados pela Companhia Nacional de 
Abastecimento, em 2017, o Brasil produziu 633,26 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 
no contexto de maior produtor no mundo, a utilização de bagaço, principal biomassa residual 
do processamento industrial, vem se mostrando cada vez mais como uma alternativa para o 
mercado da produção elétrica, com isso, aumentando ainda mais a receita da indústria 
31 
 
sucroalcooleira. Sabendo desse potencial e, querendo explorá-lo e expandi-lo, o Governo 
Federal tem adotado uma série de incentivos, como por exemplo, leilões de energia focados 
apenas nas fontes renováveis e, programas que estimulam a produção sucroalcooleira no país, 
como por exemplo o PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel), 
implementado em 2004 (BRASIL, 2017). 
 Segundo a Aneel (2008), o aproveitamento da biomassa é considerado uma das 
fontes energéticas com maior potencial de crescimento mundial no futuro, não somente por 
ser uma fonte renovável, mas principalmente, por na maioria das vezes, aproveitar materiais 
que seriam descartados como resíduo. 
 São inúmeras as formas de reaproveitamento da biomassa, gerando diversas 
pesquisas acerca desta fonte, por exemplo, da cana-de-açúcar, pode ser gerado o etanol, um 
ótimo substituto aos combustíveis fósseis e, gerar energia através dos seus resíduos, bagaço e 
as cascas. Apesar das diversas rotas tecnológicas para a geração de energia através da 
biomassa, não se pode esquecer, que todas as fontes possuem como base a transformação da 
biomassa em um produto intermediário por meio de processos tanto bioquímicos, quanto 
termoquímicos e físico-químicos. Esse produto final que será usado para a geração de energia, 
um exemplo são os briquetes e péletes. 
 
 As principais vantagens da utilização da biomassa como fonte de 
energia se consistem da característica renovável deste insumo; a redução de 
impactos socioambientais; a possibilidade de diversificação da matriz energética 
brasileira; a agregação de valor às cadeias produtivas de base rural; o 
aproveitamento de resíduos urbanos e rurais, transformando em insumo e 
possibilidade de complementação de renda o que antes era visto como um problema 
a ser resolvido; a potencial redução no consumo de combustíveis fósseis e a enorme 
disponibilidade de resíduos do cultivo de cana em âmbito nacional, devido ao 
enorme mercado doméstico e internacional que esta cultura possui 
(TOLMASQUIM, 2016). 
 
 Apesar do crescente potencial e das inúmeras vantagens do uso da biomassa 
para geração de energia, ainda existem alguns desafios a serem vencidos na área. Devido à 
ainda significativa participação da madeira como combustível de biomassa em todo o mundo,existe um nível de desinformação, que faz com que muitas pessoas associem a utilização da 
biomassa com o desflorestamento e a desertificação em massa. Em relação ao setor 
sucroalcooleiro, os desafios identificados são a falta de experiência com os métodos de 
aproveitamento energético com os rejeitos da cana e o custo elevado das novas tecnologias da 
área no país (TOLMASQUIM, 2016). 
32 
 
 Mesmo com toda a utilidade e potencial agregado a energia de biomassa, é 
necessário ressaltar que o seu desenvolvimento pode gerar efeitos colaterais ao meio 
ambiente, mesmo que indiretamente. A exemplo da cana-de-açúcar, principal fonte brasileira 
de biomassa, ela necessita de grandes plantações para o seu desenvolvimento, com isso, não 
se pode ignorar o desflorestamento e, os danos causados à fauna e flora, assim como, a 
contaminação do solo e de mananciais devido ao uso de agrotóxicos. 
 Seguindo a linha da matriz energética brasileira, a energia eólica se encontra 
como a terceira maior fonte energética no país. Segundo dados do Banco de Informações de 
Geração da Aneel, atualmente, o Brasil conta com 527 Centrais Geradoras Eólicas, com uma 
potência outorgada de 12.916.439 kW, o que corresponde a 8,1% da matriz energética 
brasileira. Além dos empreendimentos já em funcionamento, segundo a mesma fonte, o país 
possui 110 Centrais em construção e mais 97 com a construção não iniciada, o que 
acrescentaria 4.638.760 kW à potência eólica. 
 A energia eólica, assim como a solar, pode ser considerada de longevidade 
infinita, pois dependem de fontes inesgotáveis. Porém, é necessário determinar se o seu 
aproveitamento será viável ou não, levando em conta que a densidade de energia eólica não é 
constante no mudo. 
 Como a Figura 6 mostra, o recurso do vento não é distribuído uniformemente 
ao longo da Terra, porém, uma variedade de outros fatores nacionais e regionais podem 
interferir na utilização deste tipo de aproveitamento, antes mesmo de qualquer limite de 
recurso técnico global (IPCC, 2012). Como resultado desses fatores, a energia eólica não 
contribuirá de forma significativa na matriz energética do país. 
 
Figura 6 – Distribuição global do recurso eólico. 
 
Fonte: WWEA (2016). 
33 
 
 
 Considerando que as condições do vento em todas as localizações são de certa 
forma difícil de se prever em um horizonte de tempo que ultrapasse alguns dias, essa fonte de 
energia apresenta considerável dificuldade de fornecer uma base estável de eletricidade para o 
sistema elétrico (DUNLAP, 2015). Assim, para que o fornecimento elétrico atenda toda sua 
demanda e, seja constante, é necessário associar a produção de energia eólica com outras 
fontes, como por exemplo, a solar e hidrelétrica. 
 De acordo também com Dunlap (2015), são poucos os países que investiram 
no aproveitamento do seu potencial eólico, destacando-se a Alemanha e a Espanha nesse 
aspecto. A Dinamarca também merece destaque, mas não pela sua capacidade instalada de 
energia eólica, e sim, pela relação per capita, com a proporção de 751 MW por milhão de 
pessoa. 
 No Brasil, a energia eólica vem crescendo gradativamente a cada ano, segundo 
dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), os primeiros Watts gerados a 
partir do aproveitamento eólico no país datam de 1992, quando a primeira turbina foi 
instalada em Fernando de Noronha – PE, um projeto realizado pelo Grupo de Energia Eólica 
da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e financiado por um grupo de pesquisas 
dinamarquês. 
 Devido a crise energética ocorrida em 2001, o governo brasileiro deu inicio a 
incentivos à empreendimentos de geração de energia eólica, com a criação do Programa 
Emergencial de Energia Eólica, o PROEÓLICA, visando a contratação de 1.050 MW de 
produção de energia eólica até o final de sua validade, 31 de dezembro de 2003. Porém o 
Programa não obteve os resultados esperas e, foi substituído pelo Programa de Incentivos às 
Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). 
 Como o nome já diz, o PROINFA foi criado com a intenção de incentivar o 
desenvolvimento das fontes renováveis na matriz energética brasileira. Outro papel 
importante foi o de abrir caminho para a entrada de industrias de componentes e turbinas 
eólicas no país. Diferente do seu antecessor, o PROINFA gerou resultados positivos para a 
produção de energia eólica, em 2012 o Brasil possuía 108 parques eólicos, que totalizavam 
2,5 GW de capacidade instalada. Já no final de 2017, o país contava com 508 usinas em 
funcionamento, com uma capacidade instalada de 12,77 GW, superando as expectativas do 
Governo. 
 Segundo dados da ABEEólica, o Estado do Rio Grande do Norte é o líder em 
capacidade instalada, com 3.678 MW, seguido pela Bahia, com 2.594 MW, Ceará com 1.935 
34 
 
MW e Rio Grande do Sul, com 1.831 MW instalados. Como mostra a Figura 7, a Região 
Nordeste é a que mais se destaca em relação à potencial eólico, seguido do Sudeste e do Sul. 
 
Figura 7 – Potencial eólico brasileiro por região. 
 
Fonte: Aneel (2014). 
 
 O aproveitamento da energia eólica tem um grande potencial na redução da 
emissão de gases estufa e de outros poluentes, já que reduz a produção de energia à base de 
combustíveis fósseis. Enquanto as pequenas centrais eólicas são capazes de suprir a 
necessidade energética de pequenas localidades e vilarejos, contribuindo para que chegue 
energia em locais remotos, as centrais de maior proporção, têm potencial para atender uma 
significativa parcela do Sistema Interligado Nacional. De acordo com textos da Aneel (2002), 
esse tipo de energia gera importantes benefícios socioambientais no Brasil, como já citado, 
reduz os poluentes atmosféricos emitidos pelas usinas térmicas, mas também, reduz a 
necessidade da construção de grandes reservatórios para hidrelétricas e, diminui o risco da 
falta de energia gerado pela sazonalidade hídrica. 
 Semelhante aos outros tipos de energia já citados, a produção de energia eólica 
também é responsável é responsável por causar impactos socioambientais negativos. Sendo 
assim, muitos governos e instituições estabelecem pré-requisitos para planejamento, 
permissão e implantação de fontes de energia eólica, a fim de reduzir esses impactos. 
 
35 
 
As usinas eólicas podem causar diferentes impactos ecológicos, 
dependendo de sua localização. Os principais impactos ecológicos potenciais 
relacionados a usinas eólicas onshore incluem as mortes de pássaros e morcegos, 
devido a colisões, e as modificações mais indiretas do habitat e do ecossistema. 
Esses impactos também são observados nas usinas eólicas offshore, além de 
implicações para os recursos bentônicos, pescas e vida marinha em geral. Além 
disso, os possíveis impactos da energia eólica sobre o clima local têm recebido 
atenção (IPCC, 2012). 
 
 Embora ainda seja desconhecido as implicações e os motivos a nível de 
população destes impactos, as taxas de fatalidade aviária são muito variáveis, dependem do 
tipo de usina, da região em que a usina está instalada, o clima, até o modelo da turbina e, entre 
outras variáveis. Porém, quando comparado as taxas de morte causadas por outras atividades 
humanas, a produção de energia eólica não apresenta destaque. 
 O possível impacto das usinas eólicas no clima local também tem sido foco de 
estudos, segundo (BAIDYA; TRAITEUR, 2010), as usinas eólicas extraem o impulso do 
fluxo de ar, dessa forma, reduzindo a velocidade do vento atrás das turbinas, além também, de 
aumentar a mistura vertical ao introduzir turbulência em diversas escalas de comprimento. 
 
Embora o impacto médio global dessas mudanças locais seja pouco 
pronunciado, as mudanças locais podem ter implicações para os ecossistemas e as 
atividades humanas. Entretanto, devido a quantidade atual insuficiente de literatura 
sobre esses fenômenos, o impacto da energia eólica nos climas locais permanece 
incerto. (MAUAD; FERREIRA;TRINDADE, 2017, p.277). 
 
 Além dos diversos impactos já citados, ainda existem os impactos sociais, 
destacando-se os sonoros e visuais. Os impactos sonoros são resultantes dos ruídos que os 
rotores emitem ao girar e, variam com cada modelo de equipamento. De acordo com a Aneel 
(2002), as turbinas de múltiplas pás possuem menor eficiência e, geram maiores ruídos do que 
os aerogeradores de hélice de alta velocidade. Afim de evitar transtornos à população vizinha, 
o nível de ruídos emitidos pelas turbinas deve atender às legislações vigentes. Já os impactos 
visuais ocorrem devido o agrupamento de aerogeradores, principalmente no caso das usinas, 
onde existe um maior número de turbinas. Portanto, em relação a energia eólica, os impactos 
variam de acordo com o local de instalação, o arranjo das torres e as especificações das 
turbinas. 
 Como última fonte de energia renovável na matriz energética brasileira, a 
energia solar fotovoltaica, apesar de possuir 2.210 Centrais Geradoras em funcionamento no 
país, possui uma potência outorgada de apenas 1.306.483 kW, o que representa 0,82 da 
energia produzida no Brasil. Somando os 1.607.511 kW dos empreendimentos em construção 
e dos que ainda irão ter sua construção iniciada, a potência chegará em 2.913.994 kW. 
36 
 
 Na metade do século XIX, a energia solar começou a ser “dominada” para a 
utilização humana. Coletores solares foram inventados para o aquecimento de água e outros 
fluidos e colocados em uso prático para aquecimento de água doméstica e aplicações 
industriais, como por exemplo, a dessalinização solar em larga escala (MAUAD; FERREIRA; 
TRINDADE, 2017). Somente algumas décadas mais tarde, espelhos foram adicionados para 
aumentar a temperatura dos fluídos disponíveis, fazendo com que os motores impulsionados 
por calor proveniente do sol, pudesse desenvolver força motriz e então, potencial elétrico. 
Também no século XIX, mais precisamente em 1839, foi possível transformar a luz solar 
diretamente em energia elétrica, graças a descoberta da célula fotovoltaica, dispensando a 
necessidade de um motor de calor para a geração de energia. 
 
O aproveitamento da energia do sol pode ser realizado por meio de 
diferentes tecnologias que têm uma ampla gama de aplicações, dentre elas: 
iluminação, aquecimento, água quente para edifícios e indústrias, produção de 
energia solar térmica, e conversão fotovoltaica de energia elétrica (MAUAD; 
FERREIRA; TRINDADE, 2017, p.181). 
 
 A energia solar é a única fonte indefinidamente renovável que apresenta 
capacidade de prover energia suficiente para satisfazer toda a demanda energética mundial 
(DUNLAP, 2015). 
 
A incidência total de raios solares em nossa atmosfera é de cerca de 1,8 x 
1017 W. Desse total, aproximadamente metade é transmitida através da atmosfera, 
resultando em uma insolação de 9,0 x 1016 W na superfície terrestre. Considerando 
uma modesta eficiência de 15% de um painel fotovoltaico, o potencial resultante que 
pode ser fornecido mundialmente por esses módulos é de 1,3 x 1016 W. Sabendo 
que o uso primário total de energia no mundo é de cerca de 5,7 x 1020 J, para um 
potencial consumido de 1,8 x 1013 W, a utilização de apenas 0,14% da energia solar 
disponível seria capaz de satisfazer toda nossa necessidade energética (DUNLAP, 
2015). 
 
 Mesmo com todo esse potencial energético, a participação da energia solar 
ainda é pouco expressiva na matriz mundial. Entretanto, ela vem crescendo significativamente 
a cada ano, segundo dados da World Energy Council, de 2016 para 2017 houve um acréscimo 
de mais de 29% do potencial instalado e atualmente consta com 227 GW instalados. 
 Através da Figura 8, é possível perceber que o Brasil é privilegiado com 
elevadas taxas de irradiação solar em todas as regiões do país, em comparação a países que 
possuem participação significativa na produção mundial de energia fotovoltaica, 
principalmente os Europeus. Portanto, é possível esperar para o país, um potencial 
37 
 
fotovoltaico instalado, superior em pelo menos dez vezes o potencial atual da Alemanha 
(VILLALVA, 2015). 
 
Figura 8 – Radiação solar incidente no Brasil, média anual. 
 
Fonte: Aneel (2000). 
 
 Até poucos anos atrás, a energia solar fotovoltaica era usada em território 
nacional apenas em sistemas isolados ou autônomos, também, em locais distantes, sem 
abastecimento elétrico, como em áreas rurais, comunidades isoladas, centrais remotas de 
telecomunicação e sistemas de sinalização. Somente em 2012, com a aprovação da resolução 
nº 482 pela Anaeel, o avanço da quantidade de sistemas fotovoltaicos conectados à rede 
nacional. 
 Entretanto, ainda existem alguns desafios a serem superados quando o assunto 
é energia fotovoltaica no Brasil. Considerando que ouve pouco incentivo para impulsionar a 
inserção da fonte no país até o ano de 2011, a participação da energia solar é quase nula na 
38 
 
nossa matriz energética. A ausência de normas regulamentadoras para o setor fotovoltaico até 
2012 inibiu o surgimento de indústrias e mercados voltados para os sistemas fotovoltaicos. 
 
Além disso, o custo da eletricidade de origem fotovoltaica ainda é 
considerado alto, quando comparado ao de origem hidrelétrica. Porém, o aumento 
superior a 60% no custo da energia elétrica, experimentado pelo consumidor 
brasileiro em 2015, fez com que os olhares voltassem novamente para a energia 
solar fotovoltaica (VILLALVA, 2015). 
 
 Sistemas fotovoltaicos de geração de energia não geram nenhum tipo de 
resíduo sólido, líquido ou gasoso durante seu funcionamento. Além disso, a operação desses 
sistemas não emite ruídos nem requere o uso de nenhuma fonte de energia não-renovável 
(IPCC, 2012). Apesar disso, a produção de energia fotovoltaica não está completamente livre 
de impactos socioambientais. Apesar de que não exista muitos estudos e literaturas sobre os 
impactos gerados por essa fonte, as principais preocupações são a respeito à geração de 
poluentes durante todo o ciclo de vida de um painel fotovoltaico e se é possível a reciclagem 
dos materiais dos módulos após o fim de sua vida útil. 
 
O ciclo de vida de um módulo fotovoltaico envolve as etapas de extração da 
matéria-prima, produção dos painéis, uso (instalação, operação e manutenção) do 
sistema, e o pós-uso ou destinação final. A análise do ciclo de vida de uma placa 
fotovoltaica revela que, apesar da isenção de geração de qualquer tipo de resíduo 
durante a fase de uso, a emissão de gases estufa durante sua produção não pode ser 
desprezada. Essas emissões não desprezíveis podem ser explicadas pelo fato de que 
a produção dos módulos fotovoltaicos exige, de modo intensivo, materiais 
relativamente raros, como o Silício e o Telureto de Cádmio. Além disso, muita 
energia é consumida para que esses materiais sejam extraídos, sendo necessária a 
mineração de enorme quantidade de matéria-prima para a obtenção de pequena 
quantidade do componente da placa. Outro ponto a ser considerado, é a necessidade 
de alta tecnologia para a produção dessas placas e muitas placas para a produção da 
energia desejada, devido à baixa densidade da energia solar (DUNLAP, 2015). 
 
 Além dos impactos ambientais gerados pelos painéis solares, também é 
necessário considerar os impactos sociais da fonte. Mesmo sendo a fonte renovável com 
maior potencial no mundo, ela ainda sofre resistência em alguns pontos por parte do público 
consumidor. O principal ponto é o impacto estético que uma grande usina fotovoltaica causa 
em uma região, já que necessita de uma grande área para instalação, porém, isso pode 
facilmente ser evitado escolhendo áreas distantes e menos populosas. Outra preocupação 
também estética, é em relação a painéis instalados em prédios, nesse caso, prédios históricos, 
já que os módulos possuem uma aparecia discrepante com a arquitetura histórica da maioria 
dos prédios. 
 
39 
 
Para reduzir uma possível resistênciadas comunidades à instalação de 
qualquer tipo de sistema de geração renovável, não somente o solar, é importante 
que essas sejam integradas ao processo de planejamento do sistema, de modo com 
que tenham mais acesso e conhecimento sobre esses métodos alternativos de geração 
de energia (MAUAD; FERREIRA; TRINDADE, 2017, p.229). 
 
4.5 CONTRUÇÃO VERDE E SUSTENTABILIDADE 
 O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indústria da 
construção como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza 
energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais (BRASIL, 2012). 
Logo, as principais e mais impactantes mudanças devem partir de todo setor envolvido na 
construção civil. 
 Pensando nisso, surgiu o termo e a ideia da Construção Sustentável, um 
conceito que denomina um conjunto de medidas adotadas durante todas as etapas da obra que 
visam a sustentabilidade da edificação. Através da adoção dessas medidas, é possível 
minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente, além de promover a economia dos 
recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida dos seus ocupantes. 
 Os benefícios de uma Construção Verde são vários, não só ambientais, mas 
também econômicos e socioculturais. 
 
Um imóvel verde tem valorização de até 30% no mercado, podendo gerar 
uma economia de energia com esse mesmo número (30%), além da possibilidade de 
gerar 95% da energia elétrica que consome e reduzir em até 70% a conta de água. 
Além disso, há redução de 35% na emissão de carbono e diminuição de 50 a 90% do 
descarte de resíduos (CBCS, 2014). 
 
 Atualmente as duas certificações ambientais mais utilizadas na construção civil 
brasileira são o LEED - Lidership in Energy and Environmental Design, emitido pelo United 
States Green Building Concil, e o Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), certificação 
brasileira baseada na francesa HQE (Haute Qualité Environnemetale) e implantada no país 
pela Fundação Vanzolini (BRASIL, 2014). 
 De acordo com a Figura 9, contendo dados publicados pelo USGBC (U. S. 
Green Building Council) a respeito do ano de 2017, o Brasil se encontra em quarto lugar no 
ranking mundial em certificação LEED fora dos Estados Unidos, atrás apenas da China, 
Canada e Índia. 
 
40 
 
Figura 9 – Ranking mundial de cerificados LEED fora dos Estados Unidos. 
Fonte: USGBC (2018). 
 
 Na frente mesmo de países economicamente mais desenvolvidos, o Brasil se 
destaca a nível mundial, ao ponto de atrair grandes investidores estrangeiros. Empresas de 
todos os tipos de materiais e sistemas estão abrindo filiais no país. O aumento da 
competitividade no mercado fez com que os valores de produtos e serviços se tornassem mais 
acessivo, um exemplo são os painéis fotovoltaicos, que passaram de US$ 3,90 por Watt 
instalado em 2006, para menos de US$ 0,39 em 2016 (ABSOLAR, 2017). 
 
4.6 SISTEMAS FOTOVOLTÁICOS INTEGRADOS À REDE ELÉTRICA 
 Os sistemas fotovoltaicos integrados à rede elétrica são sistemas que operam 
em paralelismo com a rede elétrica, em locais já atendidos por energia elétrica (VILLALVA, 
2015). Esses sistemas podem ser classificados em duas configurações diferentes, baseados em 
41 
 
sua localização, podendo estar ou distribuídos ou centralizados. Os sistemas distribuídos têm 
como principal objetivo fornecer energia para o local onde foi instalado, por isso, são de 
menor porte. Sendo que, o consumidor pode contar com a rede de distribuição convencional 
para complementar sua demanda, caso o sistema fotovoltaico não seja o suficiente. Também, 
se o sistema produzir mais do que o necessário, o excedente de energia gerada pode ser 
enviado à rede pública, gerando benefícios econômicos ao proprietário. 
 Em comparação, o sistema centralizado apresenta maior quantidade de painéis 
fotovoltaicos reunidos em um local e, por consequência, maior capacidade de geração de 
energia. A eletricidade gerada não está associada a apenas um consumidor particular, sua 
instalação funciona como uma usina de geração de energia, assim como parques eólicos e 
usinas hidrelétricas, esse sistema é localizado a uma certa distância do consumidor final, em 
campos ou terrenos. 
 De acordo com a Aneel, os sistemas fotovoltaicos conectados à rede são 
classificados em três categorias, levando em consideração a capacidade de geração do 
sistema. Microgeração, com potência instalada de até 100 kW, minigeração, potência 
instalada entre 100 kW e 1 MW e, usinas de eletricidade, onde a potência instalada é superior 
a 1 MW. Enquanto os sistemas de micro e minigeração se enquadram na configuração de 
sistemas fotovoltaicos distribuídos, as usinas de eletricidade correspondem ao sistema 
centralizado. 
 O conceito da microgeração normalmente é aplicado à instalação de painéis em 
telhados residenciais ou comerciais, com a intenção de suprir a demanda de energia do local 
instalado. A energia gerada pelos painéis é injetada e distribuída em sua rede interna, sendo 
consumida no próprio local e, caso haja algum excedente na produção, ele é mandado para a 
concessionária de eletricidade. Esse excedente é então transformado em créditos que podem 
ser posteriormente descontados da conta de energia elétrica (VILLALVA, 2015). A Figura 10 
apresenta uma residência com esse tipo de instalação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Figura 10 – Residência abastecida por sistema de microgeração fotovoltaico. 
 
Fonte: Frische Haus Ideen (2018). 
 
 Segundo Villalva (2015), os componentes essenciais de um sistema 
fotovoltaico conectado à rede são: painéis fotovoltaicos, inversores para a conexão à rede 
elétrica, caixas de strings, quadro de proteção de corrente contínua, quadro de proteção de 
corrente alternada, medidor bidirecional e acessórios. A figura 11 ilustra de modo 
simplificado o esquema da ligação destes componentes. 
 
Figura 11 – Esquema simplificado de um sistema fotovoltaico integrado à rede. 
 
Fonte: Fonte Solar (sem data). 
 
 Os painéis fotovoltaicos são os mesmos utilizados em sistemas isolados, 
diferindo apenas na potência instalada e no tamanho. Geralmente, para os sistemas integrados 
43 
 
à rede, são usados painéis de 60 células em série, com potência de pico entre 240 e 250 W 
(VILLALVA, 2015). 
 A presença do inversor no sistema é essencial, já que ele é responsável pela 
interligação dos painéis fotovoltaicos com a rede elétrica convencional. Para que isso ocorra, 
ele adequa as características da energia disponibilizada pelos painéis fotovoltaicos (na forma 
de corrente contínua), para os padrões da rede elétrica do local (corrente alternada) 
(PEREIRA; GONÇALVES, 2008). Além disso, o inversor também tem como função 
monitorar a operação do sistema como um todo, garantindo sua segurança e apresentando 
dados da geração de energia, monitorando o desempenho de todo o sistema. 
 As caixas de strings, ou também conhecidas como String Box, são caixas de 
conexão que devem ser ligadas próxima ao inversor, desse modo, protege todo o sistema 
contra distúrbios elétricos que podem ocorrer entre as séries de painéis fotovoltaicos e o 
inversor. Segundo Villalva (2015), basicamente é local onde se concentra os cabos elétricos 
de todas as ligações do sistema, divididos por barramentos positivos e negativos, que devem 
atentamente estar bem separados e indicados em seu interior, juntos com os fusíveis para 
aumentar a proteção. 
 Como os quadros de proteção de corrente contínua também possuem os 
mesmos elementos de uma caixa de strings (String Box), eles comumente assumem sua 
função. A única diferença é a existência de uma chave seccionadora de corrente contínua e 
um dispositivo de proteção de surto. A principal função da chave seccionadora é o 
desligamento de todo o arranjo fotovoltaico durante manutenções ou instalações, garantindo 
assim a segurança dos trabalhadores. Já o dispositivo de proteção de surto é responsável por 
proteger o sistemade sobretensões geradas por descargas atmosféricas, descarregando para a 
terra pulsos de alta-tensão ocasionados pelos raios (VILLALVA, 2015). 
 O quadro de proteção de corrente alternada tem como função principal 
conectar os inversores do sistema fotovoltaico à rede elétrica. Na parte da entrada, o quadro é 
equipado com um disjuntor diferencial residual, responsável por proteger o sistema caso haja 
uma fuga de corrente superior ao valor nominal. Outro item importante do quadro é um 
dispositivo de proteção de surto trifásico, a fim de proteger a instalação e o lado que opera em 
corrente alternada do inversor (PEREIRA; GONÇALVES, 2008). 
 Por fim, porém não menos importante, vem o medidor de energia, que é 
responsável pela medição e registro do fluxo de energia bidirecional. Esse equipamento é 
essencial para a execução do sistema de compensação de créditos previsto na resolução n. 
482/2012 da Aneel. 
44 
 
O medidor geralmente empregado em sistemas fotovoltaicos é do tipo 
bidirecional, registrando o consumo, corresponde ao fluxo tradicional de energia da 
concessionária para o usuário, e a geração, corresponde à injeção de energia para a 
rede elétrica, que ocorre quando a geração fotovoltaica supera o consumo do usuário 
(GAZOLI; VILLALVA; GUERRA, 2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
5 METODOLOGIA 
 
 Com o aumento do uso de fontes renováveis, o consumo de combustíveis 
fósseis diminuiu, resultando em uma maior segurança energética e na redução da emissão de 
gases de efeito estufa. Independente da motivação, vários países estão concentrando esforços 
a fim de diversificar sua matriz energética. A importância dessa transição tem sido 
reconhecida em várias frentes internacionais, uma delas, realizada pela UNDP (United 
Nations Development Programme), que destaca o importante papel da geração de energia 
sustentável na redução da pobreza. 
 De acordo com a REN21 (Renewable Energy Policy Network for the 21st 
Century), no ano de 2016, as fontes renováveis representavam, aproximadamente, cerca de 
24% da matriz energética mundial. Número que confirma as fontes renováveis como a fonte 
energética que mais cresce no mundo. Em razão de torna-las competitivas em relação as 
fontes energéticas convencionais, é de suma importância o apoio governamental com suporte 
e incentivos a quem adotou tal fontes. 
 Muitos países estabeleceram políticas em níveis nacionais e estaduais para 
incentivar a geração e o uso de energias renováveis, sendo a “feed-in tariff”, a mais comum 
entre esses países. Se trata de uma política pública que garante aos produtores de energia 
renovável a venda da energia gerada a preço competitivo de mercado. Uma tarifa “feed-in” é 
um mecanismo de incentivo de adoção de energias renováveis por meio da criação de uma 
legislação que obrigue as concessionárias regionais e nacionais a comprarem eletricidade 
renovável em valores acima do mercado, estabelecidos pelo governo (América do Sol, 2012). 
 Tarifas como a “feed-in tariff”, penalidades para o uso de fontes poluentes e 
incentivos fiscais diretos, são algumas das estratégias comumente adotadas pelos governos 
para o incentivo da produção renovável de energia. Porém, diversos países desenvolveram 
suas próprias políticas, tanto na produção em pequena escala e individual, casas e empresas, 
quanto na larga escala, usinas para a venda de energia, com a intenção de suprir as 
necessidades específicas do seu país. 
 Para provar a eficiência em adotar leis que incentivam a produção e o consumo 
de energia proveniente de fontes renováveis, será analisado quatro países que são referencias 
em seus continentes e também mundialmente: Alemanha, Estados Unidos, China e Brasil. 
 
 
 
46 
 
5.1 ALEMANHA 
 Segundo o relatório “Renewables 2018”, publicado pela agência internacional 
REN21, a Alemanha é o país Europeu com a maior capacidade instalada de geração de 
energia renovável e também, o quarto colocado no ranking mundial da mesma categoria. 
 De acordo com a Agência de Energias Renováveis da Alemanha, em seu 
relatório geral publicado no final do ano de 2017, o país possui uma potência instalada de 
cerca de 207 GW, sendo pouco mais de 113 GW provenientes de fontes renováveis, o que 
representa cerca de 55% da matriz energética do país. Dessas fontes, as com maior 
expressividade são a eólica, solar e de biomassa, como mostra a Figura 12. 
 
Figura 12 – Matriz elétrica alemã em 2018. 
 
Fonte: REA (2018). 
 
 O histórico alemão de implantação de fontes renováveis em sua matriz 
energética teve início na década de 1990, com a introdução das tarifas “feed-in”, sendo a 
principal ferramenta do processo de transição energético na época, garantindo por lei, que 
todo investimento realizado na área, teria seu retorno a longo prazo. 
 
Um importante aspecto a ser destacado é que as tarifas feed-in reduzem 
significativamente os riscos de se investir em novas tecnologias de geração de 
energia, tendo em vista que os pagamentos são baseados nos custos de 
implementação de projetos de fontes renováveis e são garantidos por um longo 
período de tempo. Essa segurança que as FIT's oferecem aos investidores se torna 
47 
 
essencial para a atração cada vez maior de investimentos intensivos em capital nas 
fontes renováveis de energia (BLAZUTI, 2015). 
 
 Somente um ano depois, em 1991, entrou em vigor o “Electricity Feed-in Act”, 
ato que tinha como principal função acelerar os investimentos relacionados às energias 
renováveis, garantindo que a energia produzida pelas novas fontes chegasse à rede de 
distribuição, tendo preferência no despacho em relação as fontes antigas, aumentando o 
retorno dos investidores. 
 Mesmo com resultados satisfatórios e significativos atingidos pelo plano de 
tarifas adotado, o Governo Alemão percebeu a necessidade de uma mudança no plano vigente 
no país, com metas e objetivos a serem cumpridos, a fim de tornar a matriz energética ainda 
mais renovável. Para isso, no início da década de 2000 foi implementado no país o 
“Renewable Energy Source Act”, do alemão “Erneuerbare-Energien-Gesetz” (EEG), que 
consistia em remunerar cada investimento separadamente, com base no custo de geração, 
obrigando a incluir as fontes renováveis na rede de distribuição elétrica e, remunerar o 
produtor por Kilowatt hora de energia produzida, por um período mínimo de 20 anos. 
 Devido a simplicidade e a garantia de retorno sobre os investimentos 
realizados, a nova lei se tornou atrativa aos pequenos e médios investidores, que antes 
possuíam receio de investir no setor. Resultando em uma maior competitividade no mercado 
energético, antes dominado pelas grandes empresas que utilizavam fontes tradicionais para a 
produção de energia, exemplo do carvão, base da matriz energética do país até então. 
 Uma década depois, no final de 2010, em adição a já existente EEG, foi 
instituído um novo projeto, com a intenção de tornar a matriz energética alemã segura e 
aumentar a proteção climática, para isso seria necessário a redução gradual da produção de 
energia nuclear e, por consequência, das usinas nucleares. Porém, o que era pra ser executado 
a longo prazo, acabou se tornando uma medida imediata. Devido ao acidente nuclear de 
Fukushima, ocorrido no início de 2011, o governo alemão ordenou o desligamento de oito dos 
dezessete reatores em atividade no país e implementou a meta de acabar com as fontes 
nucleares até o ano de 2022 (IER, 2014). 
 Como é possível verificar na Figura 13, todo o conjunto de leis adotado pelo 
Governo Alemão, desde o primeiro incentivo, em 1990, teve um efeito positivo para o 
crescimento da energia renovável no país. 
 
 
 
48 
 
Figura 13 – Produção de energia bruta por fonte na Alemanha, de 1990 até 2017. 
 
Fonte: Clean Energy Wire (2018). 
 
5.2 ESTADOS UNIDOS 
 De acordo com a Figura 3, o Estados Unidosse encontra em segundo lugar no 
ranking mundial de capacidade instalada de energia renovável. Segundo dados da EIA (U.S. 
Energy Information Administration), o país possuí atualmente um potencial energético 
instalado de aproximadamente 1.196 GW, sendo cerca de 21% desse valor, proveniente de 
fontes renováveis, ou seja, cerca de 258 GW. A Figura 14 retrata detalhadamente toda a 
matriz energética do país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
Figura 14 – Matriz elétrica norte americana em 2018. 
 
Fonte: EIA (2018). 
 
 As leis americanas de incentivo direcionadas especificamente para a produção 
de energia proveniente de fontes renováveis são todas voltadas para linhas de crédito. Em 
nível federal, existem duas leis vigentes, uma especifica para pequenos produtores que 
desejam ter suas casas abastecidas por energia limpa, sem a principal intenção de venda e 
outra para grandes empresas que desejam construir grandes plantas energéticas com a 
intenção de vender energia. 
 Criado em 2005, durante o Ato da Política Energética, o Crédito de 
Investimento Energético, do inglês, Energy Investment Credit (ITC), se trata de um crédito, 
variável de acordo com a fonte renovável, sobre o imposto federal contra a responsabilidade 
tributária de investidores residenciais, comerciais e de serviços públicos em propriedades 
abastecidas por energia renovável. Ou seja, se trata de um desconto no imposto de renda de 
uma pessoa ou empresa que reivindicou o crédito, sendo que o valor do crédito varia de 
acordo com a fonte energética instalada e o valor do investimento. 
 Já para a produção de energia em escala comercial, foi criado em 1992, o 
Crédito Tributário para a Produção Elétrica Renovável ou Renewable Electricity Production 
Tax Credit (PTC) em inglês. É uma lei que garante crédito fiscal com base na produção anual 
de energia renovável em quilowatt hora. Criada com data limite até julho de 1999, o PTC foi 
estendido dez vezes até então, sendo julho de 2019 sua atual data de expiração. 
50 
 
 Além das leis federais, o Governo Americano permite que seus Estados criem 
suas próprias leis individuais, destacando-se quatro mais adotadas pelos Estados: 
 • Renewable Portfolio Standards (RPS): em tradução livre significa Portfolio 
de Padrões Renováveis, se trata da quantidade mínima de fontes de energia renovável que os 
produtores de eletricidade podem usar para a produção de energia. Esses padrões podem ser 
obrigatórios ou voluntários. Atualmente 30 estados e o Distrito de Colúmbia aderiram ao RPS 
usando seus próprios programas de implementação estaduais. 
 • Renewable Energy Credit (REC): traduzido para Crédito de Energia 
Renovável, é considerado um sistema de comércio, permitindo os produtores que geram mais 
do que a quantidade de energia renovável necessário para ou consumo ou do estabelecido pelo 
portfolio do RPS, vendam ou negociem créditos a outros fornecedores que possam não ser 
capazes de atender à quantidade exigida. Este esquema de negociação acomoda produtores 
que ainda podem estar em construção e desenvolvimento, visando minimizar os gastos para 
atender as conformidades do governo. 
 • Feed-in Tariff (FIT): como já citado anteriormente, uma tarifa “feed-in” é 
uma política adotada para garantir o retorno a longo prazo do dinheiro investido na geração de 
energia renovável. É uma ferramenta política que visa incentivar o uso de tecnologias 
renováveis, tornando-as comercializáveis. O incentivo é obrigatório em sete estados norte 
americanos e voluntariamente oferecido por algumas concessionárias. 
 • Net Metering Tariffs (NMT): conhecido no Brasil como Sistema de 
Compensação de Energia Elétrica, permite que cidadãos que possuam tecnologias renováveis, 
como painéis solares e pequenas turbinas eólicas, usem a eletricidade gerada a partir de suas 
tecnologias no lugar da eletricidade proveniente da rede elétrica, abatendo o valor da sua 
conta de energia. Caso a quantidade de energia produzida seja superior a consumida, o saldo 
positivo de energia poderá ser utilizado na fatura do mês seguinte ou abater o consumo de 
outra residência ou comércio. Atualmente, 44 dos 51 estados norte americanos possuem 
programas de medição de rede autorizados. 
 Destaque para o Estado da Califórnia, que em 2018 teve uma lei aprovada 
obrigando que novas casas construídas a partir de 2020 sejam abastecidas por energia solar, 
de acordo com a Comissão de energia da Califórnia, a nova lei aumentará o custo de 
construção de uma casa em cerca de US$ 9.500 dólares, porém ao longo de 30 anos se espera 
ter uma economia de US$ 19.000 dólares em energia e manutenção. 
 Por possuir leis federais simples e genéricas, os incentivos norte americanos 
para a adoção de fontes renováveis na produção de energia não se tornam atraentes para a 
51 
 
população e a indústria, refletindo na não tão esperada expressividade da energia renovável na 
matriz energética do país, representada na Figura 15. 
 
Figura 15 – Geração de energia elétrica nos Estados Unidos por fonte, de 1950 até 2017. 
 
Fonte: EIA (2018). 
 
5.3 CHINA 
 Segundo dados publicados pela Internacional Energy Agency (IEA), em sua 
publicação intitulada “World Energy Outlook 2017”, a China possui um potencial energético 
instalado de 1.625 GW, onde 35% da matriz energética é oriunda de fontes renováveis, 
conforme a Figura 16 detalha. Valores que colocam a China como o país número um em 
potencial energético renovável instalado, muito a frente dos outros participes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
Figura 16 – Matriz elétrica chinesa em 2017. 
 
Fonte: IEA (2017). 
 
 A literatura a respeito das leis especificas para energias renováveis na China 
mostram que os incentivos são recentes. Datado de 2002, a primeira mudança importante para 
o cenário foi a fragmentação do monopólio estatal energético, herdado da Época Maoísta. O 
resultado da fragmentação foi a criação de cinco empresas também estatais, China Huaneng 
Group, China Datang Group, China Huandian, China Guodian Corporation e China Power 
Investment, empresas essas, responsáveis por cerca de 50% da produção energética do país, 
sendo os outros 50% gerados por produtores independentes (CPIDL, 2014). 
 Outro fato importante durante a reforma do setor energético em 2002, foi a 
criação da State Electricity Regulatory Commission (SERC), uma comissão federal 
responsável pela regulamentação no setor, facilitando investimentos, a fim de gerar 
concorrência no mercado. 
 A criação de leis de incentivo às renováveis teve seu início de fato em 2006, 
com a criação da Lei de Energias Renováveis, a princípio, se dirigiu a penas as fontes eólicas 
e fotovoltaicas. A intenção da lei era difundir essas duas fontes renováveis de energia pelo 
país com o incentivo de tarifas “feed-in”, acelerando os investimentos através de contratos a 
longo prazo com os produtores que optassem por essas fontes. 
 Pouco tempo depois, em 2009, a Lei de Energias Renováveis sofreu 
importantes mudanças e foi aperfeiçoada, a fim de acelerar ainda mais a disseminação das 
fontes renováveis. Mudanças que consistiram na padronização dos sistemas de distribuição, 
53 
 
obrigação da compra de energia proveniente de fontes renováveis, estabelecimento de metas 
de produção e instalação, maior fiscalização nos planejamentos e projetos desses 
empreendimentos e maiores incentivos fiscais e agilidade no pagamento dos mesmos. 
 Menos de um ano após a expansão da Lei de Energias Renováveis ocorrida em 
2009, houve a adição de um marco incluindo a geração por biomassa, desde material agrícola, 
até biodigestor de lixo a gás. Proporcionando à essas novas fontes, os mesmos incentivos 
proporcionados às eólicas e fotovoltaicas. 
 Apesar das políticas de incentivo serem recentes na China, o país alcançou 
números expressivos, apresentados pela Figura 17, principalmente pela característica 
centralizadora criada

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