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24 DIREITO CONSTITUCIONAL

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Prof. Nathalia Masson 
 Aula 24 
 
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Direito Constitucional (curso avançado) – Turma Regular 
 
 
 
Aula 24 
Direito Constitucional – Ordem Econômica 
Direito Constitucional (Curso Avançado) – 
Turma Regular 
Prof. Nathalia Masson 
 
Prof. Nathalia Masson 
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Direito Constitucional (curso avançado) – Turma Regular 
 
Sumário 
SUMÁRIO 2 
ORDEM ECONÔMICA 3 
(1) RECADO INICIAL 3 
(2) INTRODUÇÃO 3 
(3) PRINCÍPIOS GERAIS DA ORDEM ECONÔMICA 3 
(4) ANÁLISE DOS ARTIGOS 171 A 192 DA CONSTITUIÇÃO 20 
(4.1) ART. 171 20 
(4.2) ART. 172 20 
(4.3) ARTS. 173 E 174: A ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 21 
(4.4) ARTS. 175 A 181: OUTRAS FORMAS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 26 
(4.5) ARTS. 182 E 183: POLÍTICA URBANA 27 
(4.6) ARTS. 184 A 191: POLÍTICA AGRÍCOLA, FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA 30 
(4.7) ART. 192: SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 32 
(5) QUESTÕES RESOLVIDAS EM AULA 34 
(6) OUTRAS QUESTÕES: PARA TREINAR 40 
(7) RESUMO DIRECIONADO 50 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional (curso avançado) – Turma Regular 
 
ORDEM ECONÔMICA 
(1) Recado Inicial 
Lembre-se que esta aula foi produzida para o curso de Direito Constitucional (Curso Avançado) 
para Concursos - Turma Regular, sendo datada de julho de 2019. Como o conteúdo de Direito 
Constitucional é o que mais se altera no mundo jurídico (em razão das constantes mudanças legislativas 
e, em especial, das incessantes novas decisões do STF), não desperdice seu tempo ou arrisque sua 
aprovação estudando um material desatualizado. Busque sempre a versão oficial da aula no site do nosso 
curso! 
(2) Introdução 
De início, futuro servidor público, saiba que nossa Constituição da República de 1988 dedicou 
todo o Título VII à ordem econômica e financeira, organizando seus capítulos da seguinte forma: 
(i) Capítulo I: Dos princípios gerais da atividade econômica (arts. 170 a 181); 
(ii) Capítulo II: Da política urbana (arts. 182 e 183); 
(iii) Capítulo III: Da política agrícola e fundiária e da reforma agrária (arts. 184 a 191); 
(iv) Capítulo IV: Do sistema financeiro nacional (art. 192). 
(3) Princípios gerais da Ordem Econômica 
Os princípios gerais da atividade econômica (tema solicitado por seu edital) indicam que cabe 
ao Estado efetivar a ingerência na vida econômica da Nação de duas maneiras: (i) indiretamente (via de 
regra), fiscalizando, incentivando e planejando a exploração das atividades geradoras de riquezas pelos 
particulares, além de atuar como agente normativo e regulador da atividade econômica (art. 174); e (ii) 
diretamente (de modo excepcional), quando o Poder Público avoca para si a exploração de atividades 
econômicas em situações extraordinárias que se encontram taxativamente previstas na Constituição, a 
exemplo dos casos de monopólio constitucional (art. 177), de prestação de serviços públicos (art. 175) e 
nas hipóteses de exploração concorrencial com o particular (art. 173). 
Em virtude de o poder constituinte originário ter conferido este tratamento constitucional 
específico ao tema, há autores que reconhecem a existência de uma “Constituição econômica” 
consistente no conjunto normativo regulador da disciplina jurídica à qual a economia irá se subordinar. 
Segundo Dirley, ela é representada “pelo conjunto de normas constitucionais que têm por objeto a 
disciplina jurídica do fato econômico e das relações principais dele decorrentes. Não se confunde com a 
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Constituição política, mas dela faz parte”1. Assim, na percepção do autor, a Constituição econômica é parte 
integrante da Constituição política, a qual, sempre em atenção aos princípios por esta adotados, disciplina 
e estrutura a ordem econômica de um Estado, estabelecendo como sua a função de editar as normas 
destinadas a reger o fenômeno econômico e de ordenar os mecanismos de mercado. 
Ademais, muito embora o Título VII não diga expressamente, a opção constitucional é pelo 
sistema econômico capitalista, cujo fundamento é a propriedade privada dos meios de produção e a 
livre-iniciativa. Consagra-se, pois, uma economia de livre mercado, mas com o cuidado de direcionar o 
processo econômico a um objetivo central: assegurar a todos uma existência digna, buscando o bem-
estar social e, sobretudo, a melhoria das condições de vida de todos os integrantes da sociedade. 
Nesse contexto, o estudo dos itens seguintes lhe permitirá compreender que a ordem 
econômica instituída em nosso texto constitucional deve ser arquitetada e dinamizada tendo por norte 
a promoção da existência digna de que todos devem gozar2. 
Tenha em conta, estimado aluno, que logo no caput do art. 1703 foram reconhecidos como 
fundamentos da ordem econômica – e igualmente como fundamentos da República Federativa do Brasil 
(art. 1º, IV, CF/88) – a valorização do trabalho humano e a livre-iniciativa. Tratam-se de institutos 
conectados, já que a liberdade no desenvolvimento das atividades econômicas pressupõe a existência de 
trabalho humano valorizado e reconhecido em sua importância. Sobre o assunto, leciona Eros Grau: 
É que a livre iniciativa é um modo de expressão do trabalho e, por isso mesmo, corolária da 
valorização do trabalho. Daí por que o art. 1º, IV do texto constitucional — de um lado — enuncia 
como fundamento da República Federativa do Brasil o valor social e não as virtualidades 
individuais da livre iniciativa e — de outro — o seu art. 170, caput coloca lado a lado trabalho 
humano e livre iniciativa, curando, contudo, no sentido de que o primeiro seja valorizado4. 
O parágrafo único do art. 170 corrobora esse nosso entendimento sobre a livre iniciativa ao informar 
que é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de 
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
Veja como este parágrafo tem sido exigido em provas: 
 
1. CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de direito constitucional. 6ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 1.224. 
2. Conforme GRAU, Eros Roberto. Comentário ao artigo 170. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo 
W.; STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. 
3. “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...)”. 
4. GRAU, Eros Roberto. Comentário ao artigo 170. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; 
STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. 
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Questão para fixar 
[TRT 4ºR - 2016 - TRT 4ª R - Juiz do Trabalho] Julgue o item abaixo sobre a ordem econômica e financeira: 
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar 
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, assegurando a todos o livre exercício de 
qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos 
previstos em lei. 
Comentário: 
O item deverá ser marcado como verdadeiro, pois em conformidade com o art. 170, parágrafo único da 
CF/88. 
Gabarito: Certo 
 
Ainda sobre a livre iniciativa, você deve ter lido algo (ou visto no noticiário) uma importante 
decisão tomada pela nossa Corte Suprema, em maio de 2019, na ADPF 449 e no Recurso Extraordinário(RE) 1.054.110, com repercussão geral reconhecida, na qual discutiu-se o transporte individual 
remunerado de passageiros por motoristas particulares cadastrados em aplicativos (Uber e Cabify, por 
exemplo), no intuito de definir se a proibição nesses casos afrontava, ou não, o princípio da livre iniciativa. 
Um dos casos que serviu de paradigma envolveu o questionamento feito pela Câmara Municipal 
de São Paulo da decisão do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) – que declarou a inconstitucionalidade 
da Lei Municipal nº 16.279/2015, que proibia o transporte desta modalidade na capital. 
Relator do recurso, o Ministro Barroso informou que a análise que seria feita pelo STF consistiria, 
exclusivamente, em definir se a proibição ao transporte individual remunerado de passageiros ofende ou 
não ao princípio da livre iniciativa previsto no artigo 170, caput, CF/88. O relator observou que o princípio 
assegura, como regra geral, que as pessoas sejam livres para iniciar, organizar e gerir uma atividade 
econômica, todavia, não é absoluto. Afinal, a ordem econômica constitucional é igualmente orientada 
pelos princípios da proteção do consumidor e da livre concorrência, e esses princípios legitimam 
intervenções estatais na economia para correção de falhas de mercado, seja para defender os direitos do 
consumidor, seja para preservar condições de igualdade de concorrência. 
No dia 08 de maio de 2019, o STF concluiu o julgamento sobre essas leis municipais que 
restringem desproporcionalmente ou proíbem a atividade de transporte individual de passageiros por 
meio de aplicativos, decidindo que tal proibição ou restrição desproporcional da atividade é 
inconstitucional, pois representa violação aos princípios constitucionais da livre iniciativa e concorrência. 
O Tribunal, por maioria, fixou a seguinte tese: 
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"1. A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista cadastrado em 
aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência; e 
2. No exercício de sua competência para regulamentação e fiscalização do transporte privado individual 
de passageiros, os Municípios e o Distrito Federal não podem contrariar os parâmetros fixados pelo 
legislador federal (CF/1988, art. 22, XI). 
Veremos agora, futuro servidor público, quais são os princípios norteadores da ordem 
econômica estruturados na Constituição, apresentando comentários sobre cada qual. Mas, antes, vamos 
verificar de forma panorâmica quais são esses princípios: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Repare agora, caro aluno, que só de memorizarmos os princípios gerais listados pelo art. 170 
(sem termos, sequer, apresentado comentários sobre eles), já estamos aptos a resolver a maioria das 
questões de prova que exploram o assunto: 
Questões para fixar 
[CESPE - 2016 - TJDFT - Juiz - Adaptada] Considerando-se as normas contidas na CF acerca da ordem 
econômica, julgue o item: 
Fundando-se a ordem econômica na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, é vedada a 
exigência, por lei, de autorizações por órgãos públicos, para o exercício de qualquer atividade econômica. 
Comentário: 
O item deverá ser marcado como falso! O parágrafo único do art. 170 nos informa que será assegurado a 
todos o exercício de qualquer atividade econômica, podendo ser exigida, nos casos previstos em lei, a 
autorização de órgãos públicos. 
Gabarito: Errado 
[IBFC - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Quanto aos princípios gerais da 
atividade econômica previstos na Constituição brasileira, julgue o item: 
A Constituição Federal adota o princípio de defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação. 
Comentário: 
Pode marcar a assertiva como verdadeira, pois concorda, perfeitamente, com a disposição do art. 170, inciso 
VI da CF/88. 
Gabarito: Certo 
[CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado - Adaptada] Acerca da ordem econômica e financeira 
nacional, julgue o item: 
A defesa do consumidor é um direito fundamental individual, não se enquadrando, por isso, como princípio 
da atividade econômica. 
Comentário: 
Considerando que o art. 170, inciso V, dispõe a defesa do consumidor como um princípio da atividade 
econômica, a assertiva deverá ser marcada como falsa! 
 
Gabarito: Errado 
[CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos - Cargo: 9] Considerando as disposições legais pertinentes a 
sustentabilidade e proteção ambiental, julgue o item a seguir: 
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A defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos 
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação, é princípio de índole constitucional que 
pauta a ordem econômica brasileira. 
Comentário: 
Pode marcar o item como verdadeiro! Nos termos do art. 170, inciso VI do texto constitucional. 
Gabarito: Certo 
[CESPE - 2016 - TJDFT - Juiz - Adaptada] Considerando-se as normas contidas na CF acerca da ordem 
econômica, julgue o item: 
Apenas a livre concorrência e a defesa do consumidor são princípios de observância obrigatória. 
Comentário: 
Eis mais um item incorreto trazido pelo CESPE! O art. 170 da CF/88 prevê outros princípios de observância 
obrigatória além dos descritos na assertiva. 
Gabarito: Errado 
[FAURGS - 2016 - TJRS - Contador] De acordo com a Constituição Federal do Brasil, a ordem econômica, 
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios de: 
A) publicidade, eficiência, impessoalidade, economicidade e efetividade. 
B) soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana e redução das desigualdades regionais e sociais. 
C) cidadania, legalidade, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e busca do pleno emprego. 
D) soberania, propriedade privada e pluralismo político. 
E) soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência e defesa do 
consumidor. 
Comentário: 
A única alternativa que dispõe, de forma perfeita, os princípios de ordem econômica e financeira dispostos 
no art. 170, incisos I, II, III, IV e V é a alternativa ‘e’ que, por tal razão, deverá ser marcada. 
Gabarito: E 
[FAUEL - 2016 - CISMEPAR - Advogado] O Art. 170 da Constituição Federal dispõe que a ordem econômica, 
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios elencados nos incisos I a IX. Assinale, 
abaixo, a alternativa que NÃO indica um desses princípios: 
A) Livre concorrência. 
B) Não intervenção. 
C) Propriedade privada. 
D) Função social da propriedade. 
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Comentário: 
O princípio da livre concorrência é princípio da ordem econômica previsto no inciso IV do art. 170 da CF/88, 
enquanto a propriedade privada e função social poderão ser encontrados nos incisos II e III do mesmo 
dispositivo. 
Sendo assim, das alternativas apresentadas, a única que não apresenta um princípio da ordem econômica é 
a ‘b’, devendo ser marcada. 
Gabarito: B 
[FUNECE - 2017 - UECE - Advogado] Assinale a opção que apresenta princípio da ordem econômica arrolado 
no texto constitucional: 
A)Intervenção estatal nos mecanismos de concorrência. 
B) Propriedade privada. 
C) Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento igualitário independente do impacto ambiental 
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
D) Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras, ainda que 
não tenham sua sede e administração no País. 
Comentário: 
A única alternativa que apresenta corretamente um princípio da ordem econômica é a da letra ‘b’, que 
concorda, de forma perfeita, com o inciso II do texto constitucional. 
A letra ‘a’ não poderá ser marcada pois o texto constitucional consagra a livre concorrência como princípio 
da ordem econômica (art. 170, IV), enquanto a letra ‘c’ erra pois a CF/88 consagra como princípio da ordem 
econômica a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado (e não igualitário, como 
nos diz a alternativa) conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação (art. 170, IV). 
Por fim, a letra ‘d’ não poderá ser marcada pois o tratamento favorecido a que se refere a assertiva só será 
dispensado às empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País (art. 170, IX da CF/88) 
Gabarito: B 
[AOCP - 2016 - Prefeitura de Juiz de Fora - MG - Auditor Fiscal] A Constituição Federal de 1988 dispõe que a 
ordem econômica tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. 
Para tanto, é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, e, dentre tantos, observa os 
seguintes princípios: 
a) soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do 
consumidor, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
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b) soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do 
consumidor, defesa do meio ambiente, independente do tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
c) soberania nacional, propriedade privada, função individual da propriedade, livre concorrência, defesa do 
consumidor, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
d) soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, opressão ao 
consumidor, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
e) soberania nacional, propriedade privada, função antissocial da propriedade, livre concorrência, defesa do 
consumidor, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
Comentário: 
Dentre as alternativas apresentas, apenas a alternativa ‘a’ está em perfeita sintonia com o art. 170 e seus 
incisos I, II, III, IV, V e VI do texto constitucional. 
A letra ‘b’ está incorreta em razão da palavra “independente”, quando o correto, por força do art. 170, VI da 
CF/88, seria inclusive. 
Já a letra ‘c’ erra por mencionar a palavra “individual”, quando o correto seria “social”, conforme art. 170, III 
da CF/88. 
O erro da alternativa ‘d’ está na palavra “opressão”, quando deveria constar a palavra “defesa”, conforme o 
art. 170, V, CF/88. 
Por fim, a letra ‘c’ erra em razão da palavra “antissocial”, pois deveria constar a palavra “social”, conforme 
art. 170, III, CF/88. 
Gabarito: A 
[IESES - 2017 - TJ-RO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção] A ordem econômica, fundada 
na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios, entre outros: 
I. Defesa do consumidor. 
II. Propriedade privada. 
III. Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que 
tenham sua sede e administração no País. 
IV. Livre concorrência. 
A sequência correta é: 
a) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. 
b) Apenas as assertivas II e IV estão corretas. 
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c) Apenas as assertivas II, III, IV estão corretas. 
d) Apenas a assertiva IV está correta. 
Comentário: 
Todas as alternativas estão corretas e, sendo assim, a letra ‘a’ deverá ser marcada pelas razões a seguir: 
Item I: Correto. A defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica e está previsto no art. 170, V, 
CF/88 
Item II: Correto. A propriedade privada é um princípio da ordem econômica e está previsto no art. 170, II, 
CF/88 
Item III: Correto. O Tratamento favorecido é um princípio da ordem econômica e está previsto no art. 170, 
IX, CF/88 
Item IV: Correto. A livre concorrência é um princípio da ordem econômica e está previsto no art. 170, IV, 
CF/88 
Gabarito: A 
[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho] A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social. Para tanto, devem ser observados alguns princípios. Assinale a alternativa que contém preceito não 
referido na Constituição a respeito do assunto, de forma específica: 
A) soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade; 
B) livre concorrência, defesa do consumidor, habilitação em licitações mediante prova de inexistência de 
débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho; 
C) defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental 
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
D) soberania nacional, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego; 
Comentário: 
Perceba, caro aluno, que a assertiva pede para que seja marcada a alternativa que apresenta preceito sobre 
a ordem econômica que não está expresso no texto constitucional: uma vez que “a habilitação em licitações 
mediante prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho” está prevista na Lei 
nº 8.666/1993, a letra ‘b’ deverá ser assinalada. 
A letra ‘a’ dispõe preceitos encontrados nos incisos I, II e III do art. 170, enquanto a letra ‘c’ apresenta um 
preceito insculpido no inciso VI do dispositivo. Já a letra ‘d’ não poderia ser assinalada, pois apresenta 
preceitos dispostos nos incisos I, VII e VIII do art. 170 do texto constitucional. 
Gabarito: B 
[FEPESE - 2014 - MPESC - Procurador do Estado] De acordo com a Constituição Federal, assinale a 
alternativa incorreta: 
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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim 
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios: 
A) propriedade privada e livre concorrência. 
B) função social da propriedade e livre concorrência 
C) soberania nacional e redução das desigualdades regionais e sociais 
D) defesa do meio ambiente, mediante tratamento igualitário ante o impacto ambiental, e defesa do 
consumidor. 
E) busca do pleno emprego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídassob as 
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Comentário: 
Eis uma questão que nos pede para assinalarmos o item incorreto! Conforme a redação do art. 170, VI da 
CF/88, a defesa do meio ambiente se dá mediante tratamento diferenciado (e não igualitário) conforme o 
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. Sendo assim, a 
letra ‘d’ deverá ser assinalada, pois não está em consonância com o texto constitucional.] 
A letra ‘a’ concorda plenamente com os incisos II e IV do art. 170, enquanto a letra ‘b’ está em sintonia com 
os incisos III e IV do mesmo dispositivo. Já a letra ‘c’ encontra respaldo no art. 170, I e VII. Por fim, a letra ‘e’ 
tem sua redação dada pelo art. 170, VIII e IX do texto constitucional. 
Gabarito: D 
 
Vejamos agora quais são os princípios norteadores da ordem econômica estruturados na 
Constituição e comentados abaixo: 
(i) Soberania nacional (art. 170, I, CF/88): em complemento à previsão do art. 1º, I, CF/88 (que prevê a 
soberania nacional como fundamento da República Federativa do Brasil), a soberania nacional é 
enunciada como princípio da ordem econômica, o que se explica pelo fato de que uma nação que se 
pretende soberana no campo político dificilmente conseguirá concretizar este propósito se não se 
consolidar, antes, como soberana no aspecto econômico. Isso porque um Estado é soberano quando 
pode implementar livremente sua política econômica, em posição de independência com relação às 
nações e mercados mais desenvolvidos. 
Agora, tome um cuidado, meu caro aluno: este princípio não estimula qualquer isolamento 
econômico, mas exige – ao reconhecer que a economia se internacionalizou – que nas negociações 
externas haja a prevalência dos interesses nacionais! Do mesmo modo, no que se refere ao capital 
estrangeiro, o texto constitucional não veda seu ingresso em nosso país, todavia procura sempre 
resguardar os interesses da nação, estipulando, no art. 172, que “a lei disciplinará, com base no interesse 
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nacional, investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de 
lucros”. 
(ii) Propriedade privada e a função social da propriedade (art. 170, incisos II e III, CF/88): a fim de conferir 
segurança jurídica para os agentes econômicos atuarem no mercado, a Constituição garante, no art. 5º, 
XXII, a propriedade privada enquanto direito individual. Este é um instituto típico das economias 
capitalistas e corresponde ao poder de usar, gozar, dispor e reivindicar determinados bens (móveis, 
imóveis, marcas, herança, direitos autorais, servidões...). 
Assegurar este direito na Constituição significa determinar que as pessoas, físicas ou jurídicas, 
não serão destituídas de suas propriedades arbitrariamente, afinal, somente a necessidade ou a utilidade 
pública (ou, ainda, o interesse social) permitirão a desapropriação. 
O atual texto constitucional, todavia, não garante a propriedade como direito absoluto e 
intangível (como faziam os documentos constitucionais de 1824 e 1891), pois sua proteção está 
condicionada ao cumprimento de sua função social (art. 5º, XXIII, CF/88). Isso significa que o direito não 
mais poderá ser usufruído de modo egoístico ou abusivo, pois deverão ser conjugados os interesses do 
proprietário com os da sociedade e do Estado. Destarte, a função social passa a ser parte integrante 
(essencial) do direito, o que confirma a virada paradigmática que a leitura/interpretação da propriedade 
sofreu: se antes era compreendida sob a ótica liberal, em que cada proprietário fruía seu direito como 
quisesse, numa preocupação exclusivamente individualista, agora a propriedade é “um poder-dever que 
se volta tanto para o atendimento do interesse privado de seu titular (privado) quanto ao interesse 
coletivo (público), devendo o uso da propriedade buscar o correto equilíbrio entre ambos”5. 
Em outras palavras, este princípio assegura aos seus agentes o domínio dos meios de produção 
e a fruição do produto resultante da exploração econômica. Tal fruição, todavia, não pode ocorrer de 
modo egoístico ou abusivo, pois, se assim for, o Poder Público poderá nela interferir a fim de salvaguardar 
os interesses da coletividade. 
(iii) Livre-concorrência (art. 170, IV, CF/88): é um desdobramento do princípio da livre iniciativa, mas com 
ela não se confunde. Enquanto a livre iniciativa pode ser definida como a liberdade individual de produzir 
bens e riquezas, fazê-los circular e distribuí-los, a livre concorrência é que o garante aos agentes 
econômicos a oportunidade de competirem no mercado de forma justa. A doutrina faz uma 
interessante analogia para ilustrar a conjugação da livre iniciativa com a livre concorrência: “podemos 
 
5. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 5ª ed. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 1.212. 
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imaginar, por exemplo, uma corrida como a São Silvestre, onde qualquer pessoa pode ser inscrever para 
correr: velhos, adolescentes, paraplégicos e as grandes vedetes internacionais. A livre iniciativa é a 
possibilidade de todos se inscreverem para a corrida, ao passo que as regras estipuladas para as filas, a 
proibição de atropelo de uma faixa de atletas por outra, a prestação de serviço médico para os que caem 
pelo caminho, se constituem nas regras limitadoras da organização do evento para que a corrida não se 
transforme num massacre”6. 
Assim, o princípio da livre concorrência se presta a garantir a participação do maior número 
possível de agentes no processo competitivo, a fim de promover, por exemplo, o equilíbrio entre oferta 
e procura no mercado. 
Com base nesse entendimento, nossa Corte Suprema7 declarou inconstitucional lei do Município 
de São Paulo que, ao argumento de que realizava zoneamento urbano, impôs a observância de distância 
mínima para a instalação de farmácias, evitando a concentração delas em determinado local. Tal 
precedente serviu de parâmetro para a edição da súmula 646, in verbis: “Ofende o princípio da livre 
concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área”. Dada a importância do tema, o referido verbete foi convertido (em junho de 2015) na 
súmula vinculante 49. 
Questão para fixar 
[VUNESP - 2018 - TJRS - Juiz de Direito Substituto] A Súmula Vinculante nº 49 afirma que a lei municipal 
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área é: 
A) inconstitucional, porque compete privativamente à União legislar sobre atividades financeiras, 
econômicas e comerciais. 
B) inconstitucional, porque viola o princípio da livre concorrência, previsto como princípio expresso da 
ordem econômica na Constituição Federal de 1988. 
C) inconstitucional, porque um dos princípios da ordem econômica na Constituição Federal de 1988 é a 
redução das desigualdades regionais e sociais. 
 
6. ARAUJO, Eugenio Rosa de. Resumo de Direito Econômico. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 51 e 52. 
7. RE 193.749/SP, relatado pelo Ministro Carlos Velloso: “A limitação geográfica imposta à instalação de drogarias somente 
conduz à assertiva de concentração capitalista, assegurando, no perímetro, o lucro da farmácia já estabelecida. Dificulta o 
acesso do consumidor às melhores condições de preço, e resguarda o empresário alojado no local pelo cerceamento do 
exercício da livre concorrência, que é uma manifestação do princípio da liberdade de iniciativa econômica privada garantida 
pela Carta Federal quandoestatui que ‘a lei reprimirá o abuso de poder econômico que vise à dominação dos mercados, à 
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros’. (art. 173, § 4º, CF)”. 
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D) constitucional, porque os Municípios são competentes para legislar sobre assuntos de interesse local 
conforme prevê o texto da Carta da República. 
E) constitucional, porque no âmbito da ordem econômica da Constituição Federal de 1988, a intervenção do 
Estado deve coibir o abuso do poder econômico. 
Comentário: 
Considerando que o princípio da livre concorrência (previsto no art. 170, IV, da CF/88) se presta a garantir a 
participação do maior número possível de agentes no processo competitivo, a fim de promover, por 
exemplo, o equilíbrio entre oferta e procura no mercado, a lei deverá ser declarada inconstitucional e a letra 
‘b’ deverá ser, assim, marcada. No mais, eis o teor da súmula vinculante nº 49: “ofende o princípio da livre 
concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área” 
Gabarito: B 
 
Obs.: É importante destacar que no curso dos debates da conversão da súmula 646 no enunciado 49 da 
súmula vinculante, os Ministros da nossa Corte Suprema enfatizaram que ela não traz regra absoluta, 
podendo, portanto, ser relativizada em alguns casos, como, por exemplo, nas situações em que motivos 
de segurança e de proteção à saúde e ao meio ambiente exigirem. Temos dois precedentes do STF nesse 
sentido, ambos colocados abaixo, que envolvem a possibilidade de o Município fixar distância mínima 
para a instalações de novos postos de combustíveis, por motivo de segurança: 
(...) o entendimento adotado na decisão impugnada não se constitui em ofensa à tese firmada na 
Súmula Vinculante 49 (...). Deveras, o direito à livre concorrência contido no enunciado da Súmula 
Vinculante 49 não é absoluto, porquanto a própria jurisprudência desta Corte que fundamentou a 
edição do referido verbete sumular trouxe temperamentos a essa prerrogativa, por imperativos de 
segurança e de proteção à saúde e ao meio ambiente. Daí a ausência da estrita aderência entre a 
decisão impugnada e o paradigma sumular apontado, fator imprescindível para o conhecimento do 
pleito reclamatório. Com efeito, a jurisprudência desta Corte, que se refletiu na edição da Súmula 
Vinculante que se alega violada, entende legítima a imposição de restrições à localização de 
determinados tipos de estabelecimentos comerciais, como postos de combustíveis. [Rcl 32.229, rel. 
min. Luiz Fux, dec. monocrática, j. 17-10-2018, DJE 223 de 19-10-2018.] 
As razões recursais não conseguem infirmar esses fundamentos. Conforme consignado, a 
jurisprudência pacífica da CORTE é no sentido de que lei municipal que fixa distância mínima para a 
instalações de novos postos de combustíveis, por motivo de segurança, não ofende os princípios 
constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência (RE 199101, Relator Min. SEPÚLVEDA 
PERTENCE, Primeira Turma, DJ 30/9/2005; RE 204.187, Relatora Min. ELLEN GRACIE, Segunda 
Turma, DJ 2/4/2004). Por esse motivo, não há estrita aderência entre o ato impugnado e a SV 49. [Rcl 
30.986 AgR, voto do rel. min. Alexandre de Moraes, 1ª T, j. 21-9-2018, DJE 205 de 27-9-2018.]. 
Por fim, a livre concorrência visa assegurar que a competição entre os agentes seja leal, 
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engendrada sem a utilização abusiva do poder econômico e com isenção de práticas anticoncorrenciais. 
O Estado procura reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à 
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário e indevido dos lucros8 por meio de agências 
reguladoras e órgãos de defesa da concorrência como o CADE (Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica9). 
(iv) Defesa do consumidor (art. 170, V, CF/88): a proteção ao consumidor, além de fundamento da ordem 
econômica brasileira, é direito individual, arrolado no inciso XXXII do art. 5º, CF/88. A preocupação do 
Estado com a concreção da proteção enunciada, revela-se também no art. 48 do ADCT, no qual o legislador 
constituinte estabeleceu o prazo de 120 dias para que o legislador ordinário providenciasse a elaboração 
de um Código de Defesa do Consumidor. Segundo a doutrina10, tal preocupação se deveu ao fato do 
reconhecimento de que o consumidor é “o fundamento da ordem econômica, a razão de ser da 
competição, aquele que despenderá consigo os bens que foram produzidos levando em conta seus 
interesses”. 
Em 11 de setembro de 1990 foi promulgada a Lei n° 8.078/1990 (Código de Defesa do 
Consumidor – CDC) que constituiu um microssistema normativo voltado à defesa do consumidor, 
reconhecido como sendo a parte vulnerável nas relações de consumo. Conforme nos ensina Rizzato 
Nunes 
O reconhecimento da fragilidade do consumidor no mercado está ligado à hipossuficiência 
técnica: ele não participa do ciclo de produção e, na medida em que não participa, não tem 
acesso aos meios de produção, não tendo como controlar aquilo que compra de produtos e 
serviços; não tem como fazê-lo e, na medida em que não tem como fazê-lo, precisa de proteção. 
É por isso que quando chegamos ao CDC há uma ampla proteção ao consumidor com o 
reconhecimento de sua vulnerabilidade (no art. 4º, I) e como decorrência direta do estabelecido 
no inciso V do art. 170, assim como no inciso XXXII do art. 5º”.11 
Importante destacar que o termo “consumidor”, a teor da legislação consumeirista, designa 
“toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (art. 2º, 
CDC). Ampliando tal definição, o STF estabeleceu que é também consumidor, “para os efeitos do Código 
de Defesa do Consumidor, (...) toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade 
 
8. Seguindo determinação do art. 173, § 4º, CF/88. 
9. O CADE é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, que exerce, em 
todo o Território nacional, as atribuições dadas pela Lei nº 12.529/2011. 
10. CARVALHO, Kildare Gonçalves de. Direito Constitucional. 11ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 1.425. 
11. NUNES, Rizzato. Comentário ao artigo 170, inciso V. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; 
STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. 
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bancária, financeira e de crédito” (ADI 2591-DF12). Vê-se, pois, que nossa Corte Suprema, ao ampliar o 
conceito do art. 2º do CDC para abarcar nas relações consumeristas aquelas praticadas entre as 
instituições financeiras e seus usuários, vedou que qualquer segmento da economia nacional atue à 
margem da Lei n° 8.078/1990, decisão que se harmoniza com objetivo do poder originário de promover 
ampla proteção ao consumidor. 
(v) Defesa do meio ambiente (art. 170, VI, CF/88): enquanto bem indispensável à vida, o meio ambiente 
deve ser respeitado diante de toda atividade econômica. Desta premissa deriva a ideia de 
desenvolvimento sustentável, no sentido de que toda atuação produtiva executada em território 
nacional seja guiada pela necessidade de preservar o meio ambiente não só para as gerações do 
presente, mas também para as que estão porvir, mantendo e conservando os recursos naturais. No 
intuito de reforçar este ideal, a EC nº 42/2003 modificou o disposto no inciso VI do art. 170 para 
determinar que a defesa do meio ambiente se fará, inclusive, através de tratamento diferenciadoconforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e seus processos de elaboração e prestação. 
De modo bastante esclarecedor, o Ministro Celso de Mello afirmou a necessária harmonização 
entre o exercício da atividade econômica e a tutela do meio ambiente: 
A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem 
ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver 
presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está 
subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a “defesa do meio ambiente” 
(CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, 
de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente 
laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional 
objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades 
e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, 
segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos 
ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural13. 
Seguindo a diretriz acima exposta, o STF 14 declarou constitucionais as normas proibitivas de 
importação de pneus usados, por tratar-se de atividade econômica lesiva ao meio ambiente. De acordo 
com nossa Corte Suprema, a ponderação dos princípios constitucionais revelou que as decisões judiciais 
que autorizavam a importação de pneus usados ou remoldados afrontavam os preceitos constitucionais 
da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado e, especificamente, os princípios que se 
 
12. Relatada pelo Min. Carlos Velloso. 
13. ADI 3540-DF (MC), Rel. Min. Celso de Mello. 
14. ADPF 101-DF, Rel. Min. Cármen Lúcia. 
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expressam nos artigos 170, I e VI, e seu parágrafo único, 196 e 225, todos da CF/88. Assim, conforme o 
voto da relatora: 
(...) se há mais benefícios financeiros no aproveitamento de resíduos na produção do asfalto 
borracha ou na indústria cimenteira, haveria de se ter em conta que o preço industrial a menor 
não poderia se converter em preço social a maior, a ser pago com a saúde das pessoas e com a 
contaminação do meio ambiente. 
(vi) Redução das desigualdades regionais e sociais (art. 170, VII, CF/88): este princípio é também inscrito 
no art. 3º, III, CF/88 como um objetivo fundamental da República. Justamente sua existência e importância 
constitucional é que justificam variadas medidas que procuram favorecer regiões mais pobres do país, 
desenvolvê-las, e, com isso, promover uma maior integração nacional, com vistas a proporcionar uma 
melhor distribuição dos recursos. 
Para exemplificar, pode-se citar a criação da Sudene e Suframa (respectivamente Superintendência 
do Desenvolvimento do Nordeste e Superintendência da Zona Franca de Manaus), a promoção de 
incentivos fiscais (enunciados no art. 151, I, CF/88), além da criação de programas governamentais, tais 
como, o Fome Zero e o Bolsa Escola. 
(vii) Busca do pleno emprego (art. 170, VIII, CF/88): este é o princípio que procura valorizar o trabalho 
humano, que é um fundamento da ordem econômica, requerendo que as políticas econômicas sejam 
pensadas para facilitar o acesso de todos os que estão em condições de exercer atividade produtiva ao 
mercado de trabalho. Não se trata, todavia, de ordenar ao Estado que absorva todo o contingente de 
trabalhadores, numa crescente e indevida publicização das atividades de produção. O que se pretende é 
que o Estado influencie e estimule a economia, visando alcançar a meta em que todos os indivíduos 
aptos a trabalhar tenham emprego. Vale recordar que o seguro-desemprego inserido na Constituição 
(art. 7º, II) é também uma faceta de incidência deste princípio. 
(viii) Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte (art. 170, IX, CF/88): a efetivação deste 
princípio se dá, principalmente, pelo regime jurídico diferenciado ao qual elas se submetem (art. 179, 
CF/88). Como incentivo à atuação destas empresas, que enfrentam significativas dificuldades de 
concorrência no mercado (sobretudo diante dos conglomerados multinacionais), a Constituição 
simplifica (às vezes elimina) as obrigações administrativas, previdenciárias, tributárias e creditícias 
das empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração em nosso país. 
Para exemplificar este princípio, lembremos da edição da Lei Complementar n° 123/2006, que 
criou um regime especial de tributação para as microempresas e empresas de pequeno porte (Simples 
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Nacional ou Supersimples15). O STF foi acionado, na ADI 4033-DF16, pela Confederação Nacional do 
Comércio (CNC) a avaliar a constitucionalidade da lei. Segundo a entidade, tal isenção violaria: (i) o art. 
150, II, CF/88, que garante tratamento isonômico entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente; (ii) o parágrafo 6º do mesmo artigo, segundo o qual esse tipo de benefício só pode ser 
concedido mediante lei específica, e não por lei complementar; e (iii) o artigo 146, III, d, 8º, I e IV, que 
limitam o alcance das leis complementares. 
Para a maioria dos ministros, contudo, não houve a violação constitucional que a CNC apontou, 
afinal a própria Constituição, em seu art. 179, determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios dispensem às microempresas e às empresas de pequeno porte “tratamento jurídico 
diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, 
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei”. 
Ainda segundo a Corte, o art. 170, IX, CF/88 garante “tratamento favorecido para as empresas 
de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras”. O Ministro Joaquim Barbosa, relator da ação direta, 
lembrou que o objetivo do Supersimples é dar às micro e pequenas empresas benefícios que lhes 
permitam “sair dessa condição e passar a um outro patamar” – deixando, em muitos casos, a 
informalidade. 
Por fim, dentre os robustos argumentos apresentados pela Corte para sustentar a 
improcedência do pedido feito na ação, destacamos o seguinte: 
O fomento da micro e da pequena empresa foi elevado à condição de princípio constitucional, de 
modo a orientar todos os entes federados a conferir tratamento favorecido aos empreendedores que 
contam com menos recursos para fazer frente à concorrência. Por tal motivo, a literalidade da 
complexa legislação tributária deve ceder à interpretação mais adequada e harmônica com a 
finalidade de assegurar equivalência de condições para as empresas de menor porte. 
 
 
15. A Lei Complementar 123/2006 criou o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições Federais, Estaduais 
e Municipais das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (“Super Simples”). Este regime especial de tributação para as 
pequenas empresas prevê a unificação de oito tributos – e além daqueles já inseridos pelo SIMPLES – acrescentando o IR 
sobre aplicação de renda fixa ou variável, IOF, IPTR, CPMF, FGTS, INSS/empregado, além de Cofins e IPI na importação de 
bens e serviços, bem como ICMS devido nas operações de substituição tributária. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, 
Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 
p. 3.997, 2013. 
16. Relatadapelo Min. Joaquim Barbosa e noticiada nos Informativos 542 e 600, STF. 
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(4) Análise dos artigos 171 a 192 da Constituição 
(4.1) Art. 171 
Bom, meu caro aluno, de início lembre-se que o art. 171 foi revogado pela EC nº 6/1995. Ele 
conferia um tratamento protecionista à empresa brasileira de capital nacional em detrimento da empresa 
brasileira. Esta última era definida no documento constitucional como empresa constituída sob as leis 
brasileiras, com sede e administração no país; enquanto a primeira era considerada a empresa cujo 
controle efetivo (poder decisório) estivesse em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta 
de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país ou de entidades de direito público interno. 
Essa específica proteção dada à empresa brasileira de capital nacional ficava evidente quando 
líamos os parágrafos (e também incisos e alíneas) do art. 171, que determinavam a possibilidade de as 
leis concederem benefícios a ela em detrimento da empresa brasileira. 
O que tínhamos, em verdade, era uma tentativa de proteger as empresas de capital nacional 
frente à concorrência global que começava a alcançar nosso mercado. De acordo com a doutrina, 
prejudicados por essa política protecionista eram “o próprio estado, que encontrava dificuldades para se 
desenvolver em sua plenitude, e o consumidor, a coletividade, que ficavam alijados de melhores serviços 
e produtos”17. 
Eis que então, no auge dos processos de privatização e concessão, o art. 171 foi revogado, 
erigindo a livre-concorrência como regra de mercado e permitindo ao país crescer e se desenvolver. 
(4.2) Art. 172 
Ao contrário de seu antecedente, este artigo permanece em vigor, determinando que a lei (Lei 
nº 4.131/1962) regule os investimentos de capital estrangeiro, incentivando os reinvestimentos e 
disciplinando a remessa de lucros, sempre tendo por norte o interesse nacional. 
A expressão “capital estrangeiro” designa os valores injetados na atividade econômica nacional 
cujo titular seja pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior. 
Mas note, prezado aluno, que a finalidade da previsão constitucional/legal em disciplinar o 
assunto não é o de hostilizar ou desestimular o investimento de capital estrangeiro, possuindo, ao 
contrário, caráter meramente regulatório, na tentativa de subordiná-lo às limitações que a ordem 
jurídica impõe ao poder econômico. 
 
17. BAGNOLI, Vicente. Direito Econômico. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 70. 
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(4.3) Arts. 173 e 174: a atuação do Estado no domínio econômico 
Esses dois artigos são de significativa relevância, uma vez que delimitam como será a atuação 
do Estado no mercado, ambiente típico da iniciativa privativa. 
O art. 173 cuida da atividade econômica em sentido estrito, enquanto o art. 174 disciplina o 
poder normativo estatal sobre a atividade econômica. Cumpre recordar que a expressão “atividade 
econômica em sentido amplo” abrange a atividade econômica em sentido estrito e a prestação de 
serviços públicos18. 
A exploração da atividade econômica em sentido estrito consiste na atuação do Estado no 
mercado como verdadeiro empresário, mediante práticas empresariais de natureza eminentemente 
privada. Depreende-se, porém, da leitura do art. 173 que a participação estatal nessa seara será marcada 
pela excepcionalidade, pois só autorizada quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou 
relevante interesse coletivo, definidos em lei. 
A segurança nacional justifica que o Estado assuma determinadas atividades econômicas de 
cunho estratégico, para que sejam garantidas a soberania do Estado e a independência nacional, tais como 
a exploração de minérios portadores de energia atômica, de incontestável potencial bélico, a exploração 
do setor de telecomunicações, exploração de combustíveis fósseis (petróleo) etc. De outro lado, o interesse 
coletivo é “todo aquele que deve se sobrepor ao interesse particular, com o fim de se garantir a 
sobrevivência da própria liberdade individual e da sociedade”19. 
Destarte, presentes referidos requisitos, o Estado poderá (em qualquer uma das esferas 
federativas – União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) atuar como agente econômico 
por meio da instituição de empresas públicas ou sociedades de econômica mista (art. 173, § 1º). Podem 
ser citados como exemplos de empresas estatais20 exploradoras de atividade econômica o Banco do 
Brasil S/A, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás. 
E acordo com Mazza 
Como as atividades econômicas são exploradas em regime privado, é impossível às entidades 
federativas, que são pessoas jurídicas de direito público, atuarem pessoalmente nesse setor. Por isso, 
o ordenamento jurídico exige que as entidades federativas criem empresas estatais de direito privado 
 
18. Ver manifestação do STF na ADPF 46-DF, relatada pelo Min. Marco Aurélio. 
19. FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Lições de direito econômico. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
20. “A expressão ‘empresa estatal ou governamental’ é utilizada para designar todas as sociedades, civis ou empresariais, de 
que o Estado tenha controle acionário, abrangendo a empresa pública e sociedade de economia mista e outras empresas que 
não tenham essa natureza”. MARINELA, Fernanda. Direito administrativo. 8ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
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especializadas na exploração direta da atividade econômica. Existem duas espécies de empresas 
estatais capacitadas para a exploração da atividade econômica: empresas públicas e sociedades de 
economia mista. São exemplos de empresas estatais brasileiras que exploram atividades econômicas: 
Caixa Econômica Federal (empresa pública federal), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
e Social (empresa pública federal), Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal) e Petrobras 
(sociedade de economia mista federal)21. 
O desenvolvimento de atividade econômica pelo Estado é realizada sob regime de concorrência 
com o setor privado, de forma que as empresas públicas e as sociedades de economia mista estarão 
sujeitas ao regime jurídico típico das empresas privadas (inclusive no que tange às obrigações comerciais, 
civis, trabalhistas e tributárias) e não poderão gozar de benefícios fiscais não extensíveis a elas. Veda-se, 
assim, ao Estado-empresário a obtenção de vantagens que também não possam usufruir as empresas da 
iniciativa privada22, sob pena de se gerar um desequilíbrio no setor. 
Devemos ter atenção, no entanto, a um ponto: muito embora as empresas públicas e as 
sociedades de economia mista se submetam ao regime jurídico próprio da iniciativa privada, não podem 
se afastar dos princípios gerais da Administração Pública, inscritos no art. 37, CF/88 – como, por exemplo, 
a sujeição à cláusula que institui a responsabilidade objetiva do Estado (art. 37, § 6º) e à fiscalização do 
TCU23, ou a necessidade de realização de concurso público (art. 37, I a IV). Exatamente por este motivo, 
alguns autores entendem que as empresas estatais não estão inteiramente sujeitas nem ao regime de 
direito privado nem ao regime de direito público, possuindo regime jurídico híbrido, em razão de 
sofrerem “o influxo de normas de direito privado em alguns setores de atuação e de normas de direito 
público em outros desses setores. E nem poderia ser de outra forma, quando se analisa seu revestimento 
jurídico de direito privado e sua ligaçãocom o Estado”24. 
Enquanto o art. 173 trata da intervenção direta do Estado na ordem econômica, o artigo seguinte, 
o art. 174, cuida da intervenção estatal indireta, na qual o Estado não prestará a atividade econômica, mas, 
tão somente, agirá como agente normatizador e regulador da mesma. 
De acordo com o art. 174, caberá ao Estado fiscalizar, incentivar e planejar, enunciando 
diretrizes no intuito de conformar adequadamente o processo econômico. Referidas orientações 
estatais, porém, somente serão cogentes para o setor público, funcionando como meras recomendações 
 
21. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 766. 
22. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 523. 
23. Sobre o assunto, ver MS 26.117, STF, relatado pelo Min. Eros Grau. 
24. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 522. 
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ao setor privado25. 
Assim, em relação às atividades econômicas privadas, não deve o Estado fazer uso do poder de 
polícia, com sua coercitividade e imperatividade, mas sim se valer do fomento, que por natureza é 
indutivo. 
Em outros termos, e a partir dos ótimos exemplos que a doutrina elenca, 
(...) o Estado pode exigir das empresas alguns comportamentos, sempre acessórios às suas atividades 
principais – via de regra consequências lógicas do seu exercício –, que contribuam para realizar o 
interesse público setorial ligado à atividade principal. As empresas podem ter a atividade 
funcionalizada para a realização das políticas públicas do setor em que atuam, mas não podem ser 
forçadas elas próprias a executá-las, salvo se o Estado contratá-las ou indenizá-las. 
Sendo assim, por exemplo, uma empresa privada de plano de saúde pode ser obrigada a comunicar 
os casos de epidemia que verifique, mas não pode ser obrigada a tratar as doenças de pessoas que 
não sejam seus clientes; uma universidade privada pode ser obrigada a divulgar a sua produção 
científica, mas não a ter graciosamente uma percentagem mínima de bolsistas às suas expensas; os 
cinemas podem ser obrigados a veicularem um percentual mínimo de filmes nacionais, mas não 
podem ser obrigados a ter sessões populares, gratuitas para a população de baixa renda, ou a divulgar 
filmes de interesse público; uma empresa de serviços privados de telecomunicações pode ser 
obrigada a adotar os equipamentos mais adequados à parcela mais pobre da população, mas não a 
fornecer-lhes gratuitamente o serviço; os bancos podem ser obrigados a divulgar as taxas de juros por 
eles cobradas, mas não a oferecer linhas de microcrédito, etc. 
Vale mencionar que na doutrina26 existe quem entenda que o planejamento (no parágrafo 
anterior listado como modo indireto de intervenção do Estado no domínio econômico) não se inclui entre 
as modalidades de intervenção, sendo apenas um método que a qualifica, para torná-la mais racional. 
Seria, pois, útil para prever comportamentos sociais futuros, formular explicitamente objetivos e 
também para definir meios de ação coordenados, mas não seria uma modalidade de intervenção. 
Outro ponto a se destacar é que há autores que preceituam que as formas de intervenção estatal 
na economia devam ser classificadas de modo mais sofisticado do que aquele que foi apresentado neste 
 
25. “Atenção especial merece a referência constitucional da função de planejamento estatal da economia, entendida como a 
fixação pelo Estado do próprio conteúdo das atividades econômicas e dos seus resultados, função que, quando incidente sobre 
setor privado, pode se dar de maneira meramente indutiva, e não coercitiva, o que decorre do próprio sistema capitalista 
adotado pela nossa Constituição” (grifo nosso). In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, 
Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 3.951, 2013. 
26. ARAUJO, Eugenio Rosa de. Resumo de Direito Econômico. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 73. 
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item (fizemos a divisão em intervenção direta e indireta). Segundo esta doutrina27, a intervenção direta 
deve ser subdividida em: (i) direta por participação e (ii) direta por absorção e a intervenção indireta em 
(iii) intervenção por direção e (iv) intervenção por indução. 
Vamos tratar de cada um desses pontos. 
(i) Intervenção direta por participação: ocorre quando o Estado atua no domínio econômico como 
sujeito econômico, concorrendo com os particulares. 
(ii) Intervenção direta por absorção: apresenta-se quando o Estado atua por meio de monopólio (ou 
seja, sem concorrência com a iniciativa privada), assumindo a integralidade o controle dos meios de 
produção e/ou troca em determinado setor da economia. 
Quanto ao monopólio, apesar de o regime jurídico regulatório aplicável ser o mesmo da 
iniciativa privada, não há nenhuma possibilidade de incidência do princípio geral da livre iniciativa, pois 
ao particular é vedada qualquer tentativa de participação. 
As hipóteses de monopólio previstas no Título VII, no art. 177, são as seguintes: 
– inciso I: pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; 
– inciso II: refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; 
– inciso III: importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades 
previstas nos incisos anteriores; 
– inciso IV: transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de 
petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus 
derivados e gás natural de qualquer origem; 
– inciso V: pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, 
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e 
c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. 
Ademais dessas hipóteses, temos outras instituídas no art. 21 da Constituição, em seus incisos VII, X, XI, 
XII e XXIII, a saber28: 
– inciso VII: emitir moeda; 
– inciso X: manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 
 
27. ARAUJO, Eugenio Rosa de. Resumo de Direito Econômico. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 771 a 773. 
28. É pertinente mencionar que não há pacificidade doutrinária quanto à inclusão dessas atividades do art. 21 como 
exemplificação de monopólio, pois há quem diga que são serviços públicos, estando todas as atividades de monopólio 
previstas no art. 177, CF/88. 
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– inciso XI: explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de 
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão 
regulador e outros aspectos institucionais; 
– inciso XII: explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em 
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portosbrasileiros e fronteiras nacionais, ou que 
transponham os limites de Estado ou Território; 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
– inciso XXIII: explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio 
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio 
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante 
aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a 
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos 
de meia-vida igual ou inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. 
Por fim, no que se refere ao monopólio, vale lembrar que as atividades exercidas pela União 
neste regime não podem ser consideradas serviços públicos - haja vista não instituírem nenhuma 
benesse utilizável pelo sujeito individualmente considerado - tampouco podem ser entendidas como 
atividade econômica ordinária, em razão da já mencionada vedação à participação dos particulares em 
sua execução. 
(iii) Intervenção indireta por direção: é efetivada nas hipóteses em que o Estado exerce pressão sobre a 
economia, estabelecendo normas de observância compulsória, como nos casos em que instrumentaliza 
o controle dos preços, para tabelá-los ou congelá-los. Aqui, os comandos estatais são imperativos, 
dotados de cogência. 
(iv) Intervenção indireta por indução: os preceitos estatais na intervenção por indução são incentivos ou 
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estímulos criados para incitar os destinatários a optar por uma direção econômica que transcende os 
interesses meramente individuais, pois considera especialmente o interesse coletivo e social. O 
destinatário pode ou não aderir à prescrição da norma, mas se aderir usufruirá de benefícios decorrentes 
dessa participação (direito premial). A sedução estatal é robusta, pois os que resolvem participar gozam 
de redução ou isenção tributária, subsídios, preferência na obtenção de créditos, etc. 
Nem sempre, todavia, a intervenção por indução se manifesta de modo positivo. Muitas vezes 
o Estado estimula/desestimula comportamentos de maneira negativa ao, por exemplo, elevar os tributos 
incidentes em uma atividade ou bem. Para exemplificar: o Estado não proíbe a compra de carros 
importados, mas pode onerar de tal maneira a entrada do produto em território nacional que a compra 
se torna economicamente pouco atrativa. 
(4.4) Arts. 175 a 181: outras formas de atuação do Estado no domínio 
econômico 
Nestes artigos a Constituição traz outras formas de atuação estatal na economia, como o 
monopólio relativo ao petróleo e ao gás natural, transportes aéreo, marítimo e terrestre, o turismo (já 
estudados no item anterior), bem como a prestação de serviços públicos e a propriedade de jazidas. 
Vejamos dois dos dispositivos pertinentes aos temas: 
(A) Art. 175: prevê a Constituição que incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
A locução “serviços públicos”, segundo Mazza29, designa: “toda atividade material ampliativa, 
definida pela lei ou pela Constituição como dever estatal, consistente no oferecimento de utilidades e 
comodidades ensejadoras de benefícios particularizados a cada usuário, sendo prestada pelo Estado ou 
por seus delegados, e submetida predominantemente aos princípios e normas de direito público”. 
Como características essenciais à identificação de uma atividade enquanto serviço público, 
temos as seguintes: 
(i) titularidade: a atividade estar no rol daquelas que devem ser prestadas pelo Estado, diretamente ou 
sob o regime de delegação (concessão ou permissão). Neste último caso, mesmo que o Estado tenha se 
decidido pela delegação a terceiros, seguirá sendo o titular da atividade; 
(ii) natureza ampliativa: segundo a doutrina30, a prestação de um serviço público não gera qualquer 
 
29. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 766. 
30. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 764. 
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limitação ou restrição ao particular, pois consiste na oferta de comodidades ao usuário, sendo, pois, uma 
atividade prestada em favor do particular, nunca contra ele; 
(iii) finalidade: o serviço público é instituído com o intuito de satisfazer necessidades essenciais ou 
secundárias da sociedade31. 
(iv) Art. 176: neste artigo a Constituição distingue explicitamente a propriedade do solo do domínio das 
jazidas (em lavra ou não) e demais recursos minerários, bem como os potenciais de energia hidráulica, 
dispondo que estes (para efeito de exploração ou aproveitamento) pertencem à União, assegurando-se 
ao proprietário do solo uma participação no resultado da lavra, conforme valores estabelecidos em lei 
(art. 176, § 2º). 
Ademais, ressalte-se que a pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos 
potenciais a que se refere o caput do artigo 176 somente poderão ser efetuados mediante autorização ou 
concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras 
e que tenha sua sede e administração no País. 
(4.5) Arts. 182 e 183: política urbana 
A partir dos anos 50, quando o Brasil sofreu um rápido processo de urbanização impulsionado 
pela ampla política de industrialização que marcou o período, acompanhamos um massivo 
deslocamento populacional da área rural em direção à área urbana. 
Claro que não havia um planejamento urbano. O resultado? A construção de cidades marcadas 
pela ocupação desordenada do solo e todos os já notórios e complexos problemas urbanos – como a 
endêmica violência e a favelização dos centros urbanos. 
No intuito de minimizar os equívocos desse processo histórico, o poder constituinte originário, 
ao elaborar nossa atual Constituição, dedicou um capítulo específico à política de desenvolvimento 
urbano, cuja finalidade é ordenar o pleno desenvolvimento da cidade com vistas a alcançar o bem-
estar de seus habitantes, devendo ser executada pelo Município (art. 182), em conformidade com as 
diretrizes comuns fixadas em lei pelo Poder Legislativo Federal. 
Não podemos nos esquecer que a política urbana municipal deve ser compatível com a política 
nacional de desenvolvimento urbano, já que é tarefa da União (art. 21, XX) instituir diretrizes para o 
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento urbano e transportes urbanos. 
É a lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) que cuida da regulamentação dos referidos dispositivos 
 
31. MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 765. 
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constitucionais. Ela estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da 
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do 
equilíbrio ambiental (art. 1º, parágrafo único). 
Nesse contexto, o Plano Diretor se apresenta como um dosprincipais instrumentos para a 
execução e expansão dessa política desenvolvimentista. Ele é obrigatório para cidades com mais de vinte 
mil habitantes. Nele, que deverá ser aprovado pela Câmara Municipal, serão elencadas as regras 
municipais referentes às edificações, zoneamento urbano etc. É válido frisar a decisão do STF no RE 
607.940-DF32, no qual a Corte firmou que a disciplina sobre o ordenamento do espaço urbano pode ser 
feita por meio de outras leis municipais além do plano diretor, desde que sejam compatíveis com ele. 
Vale destacar que, nos termos do art. 182, § 2º, CF/88, a política urbana deve ser efetivada com 
observância à função social da propriedade, o que ocorre quando esta atende as exigências 
fundamentais de ordenação da cidade, explicitadas no plano diretor. 
Caso não haja observância adequada da função social, a Constituição faculta ao Município exigir 
do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado 
aproveitamento, sob pena de sofrer, sucessivamente, as seguintes sanções: 
(a) o parcelamento ou edificação compulsórios; 
(b) a imposição, sobre a propriedade predial e territorial urbana, de imposto progressivo no tempo; e, 
(c) a desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e 
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
Este último item (desapropriação por descumprimento da função social da propriedade) é a 
desapropriação-sanção, que recai sobre o imóvel urbano que não esteja cumprindo sua função social e, 
por consequência, não esteja observando as regras essenciais de ordenação da cidade expressas no plano 
diretor. 
Note, caro aluno, que a Constituição se ocupa em proteger a política urbana facultando ao 
Município determinar essa desapropriação como forma de sancionar33 o proprietário que não aproveita 
adequadamente o seu solo. Como é uma medida extremamente invasiva do Poder Público na esfera 
privada do proprietário, somente pode ser adotada após as tentativas mais brandas de solução terem sido 
 
32. Relatado pelo Min. Teoria Zavascki e noticiado no INFO 755, STF. 
33. Vale destacar que a natureza sancionatória dessa desapropriação revela-se pelo fato de a indenização ao proprietário não 
ser dada em dinheiro, mas em títulos da dívida pública. 
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empregadas (como o parcelamento ou edificação compulsórios, exigência de IPTU com alíquota 
progressiva). 
Já como mecanismo de implementação do direito social à moradia (ver o art. 6°, CF/88), o texto 
constitucional estabeleceu no art. 183 o instituto da usucapião especial urbana (usucapião pro morare ou 
pró-moradia), em favor de quem possuir como sua área urbana de até 250 m², por cinco anos 
ininterruptos e sem oposição (posse mansa e pacífica), utilizando-a para sua moradia (ou de sua família). 
Neste caso, o beneficiário irá adquirir o domínio do bem (a propriedade), desde que não seja proprietário 
de outro imóvel urbano ou rural. Estes portanto, são os únicos requisitos a que se condicionam o 
reconhecimento do direito da usucapião pro morare, não sendo possível que norma infraconstitucional 
estabeleça outros. 
Por este motivo, no RE 422.34934, com repercussão geral reconhecida, o Plenário do STF (por 
maioria) considerou despropositada a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que negara o 
reconhecimento da usucapião especial urbana com fundamento em exigência imposta pelo plano diretor 
do Município em que estava localizado o imóvel. No caso, o plano diretor do Município de Caxias do Sul 
definia a metragem mínima de 360 m² dos módulos destinados à moradia em sua circunscrição, sendo que 
os interessados pretendiam o reconhecimento da usucapião constitucional de um terreno de 225 m², razão 
pela qual o pedido foi julgado improcedente. No julgamento do recurso extraordinário, o STF reconheceu 
o direito dos recorrentes e aprovou a seguinte tese: “preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição 
Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação 
infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão 
do lote)”. 
Por último, vale registrar que a carta constitucional de 1988 estabeleceu que o título do domínio 
será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil e vedou 
expressamente que a usucapião especial urbana seja deferida mais de uma vez a um mesmo possuidor (art. 
183, §§ 1º e 2º). O tema encontra-se regulado nos artigos 9º ao 14 do Estatuo da Cidade. 
A usucapião de bens imóveis públicos é expressamente proibida pela Constituição no § 3º do 
art. 183, estendendo-se essa proteção especial também aos bens públicos de natureza móvel, sendo este 
o entendimento sumulado pelo STF35. 
 
34. RE 422.349, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado 29/04/2015. 
35. Súmula 340: Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos 
por usucapião. 
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(4.6) Arts. 184 a 191: política agrícola, fundiária e reforma agrária 
A atividade agrícola envolve a produção, o processamento e a comercialização dos produtos, 
subprodutos e derivados, serviços e insumos agrícolas, pecuários, pesqueiros e florestais. 
Sobre o tema, o texto constitucional (no art. 187) diz que a política agrícola será planejada e 
executada por lei36, contando com a participação efetiva do setor de produção (que envolve produtores 
e trabalhadores rurais), com os setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando 
em conta, especialmente: (i) os instrumentos creditícios e fiscais; (ii) os preços compatíveis com os custos 
de produção e a garantia de comercialização; (iii) o incentivo à pesquisa e à tecnologia; (iv) a assistência 
técnica e extensão rural; (v) o seguro agrícola; (vi) o cooperativismo; (vii) a eletrificação rural e irrigação; 
(viii) a habitação para o trabalhador rural. 
Ainda segundo a Constituição, serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma 
agrária (art. 187, §2º) e incluem-se no planejamento agrícola as atividades agroindustriais, agropecuárias, 
pesqueiras e florestais (art. 187, § 1º). 
O art. 191 estabelece a usucapião agrária (ou usucapião pro labore ou usucapião especial rural), 
em benefício de quem, não sendo proprietário de nenhum imóvel, rural ou urbano, possua como seu (por 
mais de cinco anos ininterruptos e sem qualquer oposição), área de terra em zona rural, desde que não 
superior à 50 hectares, tornando-a produtiva com seu trabalho ou de sua família, e tendo nela sua 
moradia37. Vale ressaltar que a usucapião aqui prevista não alcança os imóveis públicos (art. 191, 
parágrafo único, CF/88). 
Referido instituto encontra-se regulado pela Lei n° 6.969/1981 – recepcionada pela CF/88 – , a 
qual proíbe, em seu art. 3º, que a usucapião especial rural ocorra: (i) nas áreas indispensáveis à segurança 
nacional; (ii) nas terras habitadas por silvícolas; e (iii) nas áreas de interesse ecológico, consideradas como 
tais as reservas biológicas ou florestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais, assim declarados 
pelo Poder Executivo, assegurada aos atuais ocupantes a preferência para assentamento em outras 
regiões, pelo órgão competente . 
Por seu turno, os arts. 184 a 186 cuidam da desapropriação para fins de reforma agrária.

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