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Direito Econômico

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DIREITO ECONÔMICO
Lei 12.529/11 → Lei do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
Para aprofundar, pegar a obra de Fabiano Del Masso, Direito Econômico.
DEFESA DE CONCORRÊNCIA
Act for the prevention and Supression of Combinations formed in Restraint of Trade: considerado o primeiro diploma de defesa do direito de concorrência.
O maior, no direito equiparado, na defesa da concorrência, foi o Sherman Act.
A defesa de concorrência é um fenômeno que começou a ganhar força no final do século XIX, em âmbito mundial.
No Brasil, o primeiro grande diploma de defesa de concorrência foi a Lei 8.884/1994, que trouxe o tripé das infrações à ordem econômica, que são violações administrativas (responsabilidade administrativa no âmbito concorrencial), visam dominar mercado relevante, eliminar a concorrência ou aumentar arbitrariamente os lucros.
Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV - exercer de forma abusiva posição dominante
Este tripé não é cumulativo, mas alternativo, de modo que qualquer dessas atitudes caracteriza infração à ordem econômica.
Não obstante, o rol do art. 36 é exemplificativo.
Escolas ligadas direito antitruste:
1) Escola de Harvard: necessidade de autoridade antitruste e de mecanismos repressivos ao abuso do poder econômico.
2) Escola de Chicago: Adotada pelo ordenamento brasileiro. Análise das condutas anticoncorrenciais sob o prisma da eficiência alocativa; nem tudo é abuso do poder econômico.
Eficiência locativa = evolução natural do mercado.
3) Escola Austríaca: abolição das autoridades antitruste e da legislação antitruste, por privilegiarem pequenas empresas ineficientes em detrimento de grandes corporações; o próprio mercada trata de se autorregular, não havendo necessidade de intervenção estatal na economia. Há diversos doutrinadores brasileiros adeptos dessa escola. É a liberação total da lei da oferta e da procura.
Conferir aula 2 se for necessário maior conhecimento das escolas.
ORDEM ECONÔMICA
Princípios constitucionais
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Ordem econômica fundada na livre iniciativa e valores sociais do trabalho
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Representa o momento dual do ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que os valores sociais do trabalho são de cunho socialista, enquanto a valorização da livre iniciativa é capitalista.
Transição da democracia social para o neoliberalismo.
Alguns princípios constitucionais devem ser destacados:
1) Soberania nacional:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
Não é só princípio da ordem econômica, como também fundamento da República.
2) Propriedade privada
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
Além de princípio da ordem econômica, também é direito fundamental.
Obs: A livre concorrência não se confunde com a livre iniciativa.
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
3) Defesa do consumidor
Positivado infraconstitucionalmente pelo CDC
4) Defesa do meio ambiente
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluídopela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)
É fundamento para ordem constitucional ambiental, além de princípio da ordem econômica.
5) Redução das desigualdades sociais e regionais
Não se confunde com erradicação da pobreza. Não foi prevista a erradicação das desigualdades sociais e regionais.
Erradicação da pobreza é um dos objetivos fundamentais da República, prevista no art. 3º, III:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
6) Busca do pleno emprego:
Garantido também pela CLT.
7) Tratamento favorecido de MEs e EPPs brasileiras
Estatuto ME e EPP (LC 123/2006).
8) Livre iniciativa e livre concorrência
Livre iniciativa e livre concorrência não se confundem. Ambos estão previstos no art. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
IV - livre concorrência;
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
A livre iniciativa ocorre quando o agente econômico está fora do mercado e deseja ingressar nele. Dentro daquele ramo comercial, já existem outros agentes econômicos, contudo, a livre iniciativa garante a possibilidade do novo agente econômico no mercado. Logo, a livre iniciativa ocorre em um momento prévio da atividade econômica.
Contudo, vamos pegar o exemplo do posto de gasolina, em que todos os agentes econômicos dentro do mercado estão em concerto (cartel), que impedem o ingresso de fato de um novo agente econômico, vendendo álcool e gasolina abaixo do preço de custo (preço predatório), como fazer para que se promova a manutenção daquele agente econômico no mercado?
Aí entra a livre concorrência, ou seja, enquanto a livre iniciativa ocorre em um momento prévio ao ingresso do agente econômico no mercado, a livre concorrência ocorre em momento posterior, como forma de manutenção do novo agente econômico sem que seja excluído ilicitamente pelos demais integrantes.
Obs: O Brasil adota a Escola do pensamento de Chicago, de forma que a análise da eficiência é alocativa, ou seja, se o agente econômico foi excluído de forma natural, sem atos ilícitos ou danos provocados pelos demais integrantes, após averiguação do CADE, os demais agentes econômicos não serão penalizados. Se for comprovada a ilicitude e o nexo de causalidade entre o ato ilícito e dano, os demais agentes responderiam e seriam penalizados na modalidade administrativa perante o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). 
Esta é a expressão do princípio da livre concorrência, que difere da livre iniciativa, aferida em momento anterior ao ingresso do agente econômico, enquanto aquela é analisada em momento posterior.
Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área
Trata da livre concorrência, não da livre iniciativa, pois o agente econômico já está inserido no mercado. Esta Súmula veda uma prática muito comum em municípios, que é o zoneamento urbano, ou seja, delimita áreas residenciais, comerciais, etc.
Súmula Vinculante 38: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial
Ambas as súmulas possuem alta incidência em concursos.
Não obstante, observe-se:
Súmula 19 – STJ: a fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
As regras de regulamento acerca do sistema financeiro nacional são de competência privativa da União. Dessa forma, regular o horário de funcionamento dos bancos é diferente de regular horário de funcionamento de estabelecimentos comercias.
Art. 223, CF: Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
É uma forma de intervenção do Estado na economia, limitando a livre iniciativa. É um exemplo evidente de limitação no que tange à permissão, autorização e concessão para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Esta limitação é excepcional.
9) Redução das desigualdades sociais e regionais e erradicação da pobreza
TAMBÉM NÃO SÃO SINÔNIMOS. A erradicação da pobreza é um dos objetivos fundamentais da nossa República, previsto no art. 3º, III da CF. Já a redução das desigualdades sociais e regionais, é princípio constitucional da ordem econômica previsto no art. 170 da CF. Não há que se confundir redução das desigualdades com erradicação da pobreza.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
Outrossim, a CF não fala que as desigualdades sociais e regionais devem ser erradicadas pois o Estado brasileiro filia-se ao modo de produção econômica capitalista, em que as desigualdades sociais e regionais são fomentadas como política econômica, que possibilita o próprio crescimento e regulação do mercado.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
Não obstante, tais desigualdades devem ser REDUZIDAS, ao passo que a pobreza deve ser ERRADICADA. Isso ocorre, pois a pobreza é situação de miserabilidade, pressupõe-se que aquele que é pobre não tem uma condição mínima de manter um vida digna, de forma que há políticas públicas que visam tirar o indivíduo da miséria (bolsa família, cheque cidadão, BPC, etc.), possibilitando que ele possa ter uma chance de modificar de fato sua situação de desavantagem econômica.
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA
Há quatro modalidades de intervenção do Estado na economia, sendo que há dois gêneros de intervenção: a direta e a indireta. A direta se dá por meio de empresas estatais, enquanto a indireta se dá por uma das quatro modalidades que serão objeto de análise a seguir
Modalidades de intervenção indireta
Planejamento, incentivo, fomento e fiscalização.
a) Planejamento
Determinante para o setor público e indicativo para o setor privado (destacar)
CF, Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este DETERMINANTE para o setor público e INDICATIVO para o setor privado.
Destacar o artigo. As questões muitas vezes trocam determinante por indicativo, portanto, ATENÇÃO!
Este artigo também é reflexo do modo de produção capitalista. O planejamento consiste em antônimo da planificação econômica.
O planejamento econômico é determinado para o setor e público e meramente indicativo para o setor privado, que pode optar por aderir ou não o planejamento.
b) Incentivo
Nesta modalidade de intervenção, o Estado deixa de ganhar determinado capital em prol de incitar o crescimento econômico. Logo, não há gastos por parte do Poder Público.
Ex: Renúncia fiscal (Lei 4.320/64 e LC 101/00): todos os entes públicos podem promover políticas de renúncia fiscal, desde que não desencadeiem guerra fiscal. Está mais vinculado a direito tributário e financeiro.
c) Fomento
Aqui, o Estado injeta capital, faz investimentos.
Ex: política de subsídios e subvenções, que têm uma definição legal. As subvenções podem ser de natureza social ou econômica. Essas definições legais e disciplinas dos institutos constam das leis 4.320/64 e LC 101/00.
d) Fiscalização
Pode ocorrer como forma do poder de polícia, exercido no âmbito do setor público, pelos Tribunais de Contas da União, Estados e grupos de Municípios.
O poder fiscalizatório é exercido pelas agências reguladoras, quesão consectários do plano de desestatização ocorrido na década de 90. A esmagadora maioria das agências reguladores foi constituída nessa época, no contexto do Plano Nacional de Desestatização.
O principal objetivo das agências reguladoras é regular as atividades de pessoas jurídicas privadas, que não possuam participação majoritária do poder público, pois, se não, teríamos o Estado controlando a si mesmo, em clara violação ao art. 173 da CF.
ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO → INTERVENÇÃO DIRETA
Baseado na doutrina norteamericana, a ideia de intervenção direta é algo excepcional, conforme expõe o art. 173 da CF:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
A intervenção direta do Estado na economia se dará por meio das empresas estatais, que, para que serem criadas necessitam cumprir dois requisitos essenciais: imperativo de segurança nacional e relevante interesse jurídico. Não obstante, as empresas estatais são gênero do qual decorrem duas espécies: empresa pública e sociedade de economia mista.
Essa espécies possuem subdivisão quanto a sua atividade, que pode ser a exploração de atividade econômica ou prestadora de serviço público. As empresas estatais que serão foco de estudo nesta matéria são as que exploram atividade econômica.
Empresas estatais
No que concerne às empresas estatais exploradoras de atividade econômica, podem ser dependentes ou independentes. As dependentes são aquelas que necessitam de aporte de capital público para pagamento de folha de pessoal. Já as independentes são aquelas que possuem autogestão, ou seja, o que conseguem lucrar e utilizam para pagamento de suas despesas, inclusive a folha de pessoal, ou seja, não têm déficit.
O traço distintivo principal, diz respeito ao pagamento de pessoal. Se houver capital público para pagamento (dependente), a estatal sofrerá limitações típicas de servidor público, havendo teto máximo de salário (limitado ao salário do Presidente da República), aposentadoria compulsória, etc.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).
As independentes não possuem essas limitações.
A empresa estatal é uma pessoa jurídica de direito privado, portanto, se possui lucro e tem dinheiro para pagar seu pessoal, o Estado não intervém, limitando-a. O problema que surge é quando a estatal é dependente e possui funcionários que recebem acima do teto.
Obs: A Petrobrás é uma empresa estatal independente.
A empresa estatal independente se assemelha muito a uma empresa privada, pois não depende do Poder Público para nada, ele é apenas o seu maior acionista.
Obs: Estatuto jurídico das empresas estatais (Lei 13.303/16), que foi trazida para o ordenamento jurídico em decorrência da Operação Lava-jato, em que ocorreu um escândalo na Petrobrás, sobretudo, em âmbito licitatório, trazendo um programa de compliance para as empresas estatais.
O programa de compliance é um dos quatro vetores da GOVERNANÇA CORPORATIVA, que é um conjunto de normas de conduta não estatais, de autorregulação do mercado, principalmente voltada para grandes corporações de capital aberto, que negociam ações nas bolsas de valores ou mercado de balcão, nos termos da Lei das Sociedades por Ações (LSA). 
As normas de governança corporativa são normas de autorregulação, que se dividem em 4 vetores:
I – Disclosure = transparência, de forma ampla e igualitária, a empresa deve se mostrar para o mundo como é, sem maquiar contas e salários.
II – Fairness = honestidade, não poder engolir concorrentes, pautando-se pela honestidade no desenvolvimento de suas atividades, tratando igualmente pequenos e grandes investidores, ou seja, tanto os acionistas como aqueles que estão no entorno da companhia, como o Estado, consumidores, sociedade, etc.
III – Accountability = sistema de gestão contábil eficiente, ligado à contabilidade internacional. Toda companhia deve ter departamento contábil próprio, com profissionais competentes, prestando contas à sociedade e seus acionistas, por meio dos balanços anuais, previstos na LSA.
IV – Compliance = conformidade, medidas tomadas pela corporação a fim de evitar escândalos de corrupção, prática de ilegalidades dentro de sua estrutura, etc. É um órgão jurídico eficaz de prevenção de ilícitos.
Este panorama pode ser encontrado no Código Brasileiro de Governança Corporativa, que não é uma lei, mas uma norma de autorregulação empresarial, que possui incidência em questões de direito econômico e empresarial.
CF, Art. 173, § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Há precedentes do STF e STJ que limitam a aplicação deste dispositivopara empresas estatais exploradoras de atividade econômica de caráter exclusivo em regime não concorrencial. Existem algumas hipóteses que serão detalhadamente analisadas mais pra frente.
Modelos de administração pública
O modelo que vigora no Brasil atualmente é o do Estado empresarial, modelo gerencial de administração pública.
Para mais informações acerca da evolução dos modelos de administração pública ao longo dos séculos, consultar aula 6 no material.
O modelo gerencial veio substituir o modelo burocrático, trazendo maior preocupação com os resultados, visando a resolução dos problemas, celeridade e eficiência.
O marco histórico do modelo gerencial no Brasil é o Plano Nacional de Desestatização, ocorrido na década de 90, em que diversas empresas estatais foram privatizadas e, consequentemente, foram criadas diversas agências reguladoras para fiscalizar e regulamentar as empresas privatizadas.
Intervenção do Estado no aspecto tributário
Há elementos que devem ser analisados, como a tributação extrafiscal
A tributação extrafiscal tem como objetivo a intervenção do Estado no domínio econômico. Tem-se o imposto sobre importação (II), Imposto sobre Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), que são os principais tributos extrafiscais.
O fenômeno da extrafiscalidade tem relação intrínseca com o direito econômico, pelo fato de promover a intervenção do Estado no domínio econômico. É uma intervenção indireta, mas, ainda assim, é intervenção.
O Brasil adota um modelo que prevê um certo dirigismo estatal, tendo em vista seu aspecto de transição da socialdemocracia ao neoliberalismo.
Monopólios oficiais
Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006).
O regime de monopólio é reflexo do dirigismo estatal na economia, sendo este um dos principais meios de planificação econômica, que é adotado em parte pelo Brasil.
Deve-se ter em mente, ao se considerar esses institutos, o §2º do art. 173:
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Não obstante, se a empresa exercer uma atividade em que de fato ocorre o monopólio, essa limitação do §2º, art. 173 poderá ser relativizada, conforme diversos julgados dos Tribunais Superiores.
Empresa de Correios e Telégrafos
Os Correios são um monopólio, criado na década de 70 e que tem uma série de benefícios.
Dentre eles, destaque para a ADPF 46, que estabeleceu que os Correios podem realizar o pagamento de seus débitos judiciais através do regime de precatórios.
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. SERVIÇO POSTAL. MONOPÓLIO DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. JURISPRUDÊNCIA DO STF: ADPF 46, REL. MIN. MARÇO AURÉLIO, REL. P/ ACÓRDÃO MIN. EROS GRAU, TRIBUNAL PLENO, DJe DE 26-02-2010. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
(STF - RE: 603799 SC, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Data de Julgamento: 14/05/2013, Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-101 DIVULG 28-05-2013 PUBLIC 29-05-2013)
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
A ADPF 46 trouxe como benefícios para os Correios a imunidade tributária para impostos e possibilidade de pagamentos de débitos judiciais por meio de precatório.
Este entendimento foi ampliado para diversos outros regimes não concorrenciais, ou seja, monopolísticos. Empresas como a INFRAERO, Casa da Moeda, Companhia DOCAS, CODESP, entre outras, também foram beneficiadas com esse julgado.
CASA DA MOEDA DO BRASIL (CMB) - EMPRESA GOVERNAMENTAL DELEGATÁRIA DE SERVIÇOS PÚBLICOS - EMISSÃO DE PAPEL MOEDA, CUNHAGEM DE MOEDA METÁLICA, FABRICAÇÃO DE FICHAS TELEFÔNICAS E IMPRESSÃO DE SELOS POSTAIS - REGIME CONSTITUCIONAL DE MONOPÓLIO (CF, ART. 21, VII)- OUTORGA DE DELEGAÇÃO À CMB, MEDIANTE LEI, QUE NÃO DESCARACTERIZA A ESTATALIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO, NOTADAMENTE QUANDO CONSTITUCIONALMENTE MONOPOLIZADO PELA PESSOA POLÍTICA (A UNIÃO FEDERAL, NO CASO) QUE É DELE TITULAR - A DELEGAÇÃO DA EXECUÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO, MEDIANTE OUTORGA LEGAL, NÃO IMPLICA ALTERAÇÃO DO REGIME JURÍDICO DE DIREITO PÚBLICO, INCLUSIVE O DE DIREITO TRIBUTÁRIO, QUE INCIDE SOBRE REFERIDA ATIVIDADE - CONSEQUENTE EXTENSÃO, A ESSA EMPRESA PÚBLICA, EM MATÉRIA DE IMPOSTOS, DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL FUNDADA NA GARANTIA DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA (CF, ART. 150, VI, “a”) - O ALTO SIGNIFICADO POLÍTICO-JURÍDICO DESSA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, QUE TRADUZ UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DO PRINCÍPIO DA FEDERAÇÃO – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DA CASA DA MOEDA DO BRASIL, EM FACE DO ISS, QUANTO ÀS ATIVIDADES EXECUTADAS NO DESEMPENHO DO ENCARGO QUE, A ELA OUTORGADO MEDIANTE DELEGAÇÃO, FOI DEFERIDO, CONSTITUCIONALMENTE, À UNIÃO FEDERAL – DOUTRINA (REGINA HELENA COSTA, “INTER ALIOS”) – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. (STF - RE: 610517 RJ, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 03/06/2014, Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-120 DIVULG 20-06-2014 PUBLIC 23-06-2014)
A Casa da Moeda exerce monopólio oficial, de forma que sua privatização, conforme foi anunciado como pretensão do governo Temer, é muito complicada, e caso ocorra, poderá ser objeto de ADI.
Quanto aos correios, seus funcionários são equiparados na prática a servidores públicos, sendo beneficiados inclusive com a estabilidade por Súmula do TST:
Súmula nº 390 do TST
ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação Jurisprudencial nº 22 da SBDI-2) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1 - inserida em 27.09.2002 - e 22 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
REGULAÇÃO ECONÔMICA
As agências reguladoras são um fenômeno recente no Brasil, de meados da década de 90, como resultado da privatização das empresas estatais.
As agências reguladoras possuem natureza jurídica de autarquias especiais, dotadas de relativa independência e poder normativo técnico.
O Informativo 605 do STJ traz a figura da dourina Chenery, que prevê as escolhas, principalmente no âmbito das políticaspúblicas, de determinadas atividades por parte das agências reguladoras ou de atividades do Poder Público que envolvam elevado conhecimento técnico, não podem ser livremente sindicadas pelo Poder Judiciário.
O panorama do controle jurisdicional de atos administrativos é que não se pode controlar o mérito do ato, mas se ele for eivado de vício de legalidade, proporcionalidade, razoabilidade, será possível o controle judicial.
Porém, mesmo nessa hipótese, se já houver posição exarada por um órgão ou entidade de caráter eminentemente técnico, que tenha por vocação o poder normativo técnico (inserindo-se aí as agências reguladoras, pois são dotadas de corpo técnico altamente capacitado), o juiz, por ser homem médio, não tem aquele tipo de conhecimento (que necessita de perícia ou conhecimento técnico), e, por isso, não pode invadir o mérito de atos de natureza eminentemente técnica, devendo respeitar a posição das agências reguladoras.
A doutrina Chenery foi abordado pelo STJ em um julgamento, sendo relevante no direito econômico e na atuação e reafirmação do poder técnico das agências reguladoras. Uma vez que estas possuem o poder normativo técnico, e não apenas mero poder regulamentar de se expedir regulamentos, que possuem força de lei, sendo a elas equiparados.
Classificação
Há cinco grandes gêneros de agências reguladoras, que serão analisados a seguir:
I – Agências Reguladoras de Serviços Públicos Concedidos: reside na concessão de serviços públicos; no caso da ANEEL, é a geração e distribuição de energia elétrica. Não é exploração de atividade econômica, é serviço público, pois há utilidade pública envolvida.
II – Agências reguladoras de Atividades Econômicas em sentido estrito: como exemplo, tem-se a ANP. A exploração e distribuição de hidrocarbonetos é atividade econômica, e não serviço público. É diferente da geração e distribuição de energia elétrica.
III – Agências Reguladoras Monossetoriais: regulam apenas uma atividade econômica. Ex: ANEEL (energia elétrica), ANP (Hidrocarbonetos), ANA (águas).
IV – Agências Reguladoras Plurissetoriais: regulam diversas atividades econômicas. Normalmente presentes em âmbito estadual e municipal. Os entes públicos estaduais e municipais não tem orçamento tamanho para ter várias agências reguladoras.
V – Agências Reguladoras federais, estaduais, distritais e municipais: qualquer ente público da administração direta pode criar uma agência reguladora, conforme sua necessidade.
 
SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA (SBDC)
É regulado pela 12.529/11, que veio a substituir a revogada lei 8.884/94, conhecida como Lei do CADE e consistia no único pilar antitruste no Brasil.
Obs: Essa lei é importantíssima para o estudo do direito econômico, então, quando for estudar lei seca, destacar muito bem!!
O CADE é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, tem natureza de autarquia federal e é a maior incidência em concursos no âmbito da AGU e Procurador Federal.
A CRFB/88, no art. 173, §4º, já previa a regulamentação do SBDC. Contudo, a lei anterior não era suficiente para suprir toda a estrutura antitruste, de modo que foi necessária a criação de uma nova lei.
Art. 173, §4º: lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Todo abuso do poder econômico e infração à ordem econômica tem por objetivo à dominação dos mercados ou à dominação do mercado ou ao aumento arbitrário dos lucros, que podem ocorrer por atuação de qualquer agente econômico, não apenas a sociedade empresarial, mas todo aquele indivíduo ou entidade que atua de forma positiva na economia, como o Estado brasileiro e os consumidores, por exemplo.
É claro que, na maioria das vezes, o causador da infração à ordem econômica é uma sociedade empresária.
Composição do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência
É composto por 2 órgãos, que são subdivididos em outros órgãos: 
1) CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE)
O CADE é a principal autoridade antitruste no Brasil. O CADE não é agência reguladora de concorrência, mas sim uma autoridade de defesa da concorrência.
Entre suas funções, NÃO estão as atribuições de regular preços e analisar aspectos criminais das condutas que investiga.
É uma autarquia federal com autonomia administrativa, que é subdividido em outros 3 órgãos:
a) Tribunal de Defesa Econômica (TADE)
O que mais cai em concursos, em sede de AGU, são os requisitos para o cargo de Conselheiro do TADE.
O TADE é um tribunal administrativo, que exerce a função judicante. Desse modo, ele não é dotado de função jurisdicional, pois suas decisões não ostentam caráter de definitividade, fazer apenas a coisa julgada administrativa.
Obs: O Brasil adota o sistema inglês, de forma que a única coisa julgada que é realmente relevante é a judicial.
Composição
É composto por um presidente e seis conselheiros, entre cidadãos com mais de 30 anos de idade, notório saber JURÍDICO OU ECONÔMICO e reputação ilibada, sendo nomeados pelo Presidente da República, sujeito à aprovação pelo Senado Federal.
Atenção para a idade, que é de 30 anos, NÃO de 35 como em outros cargos.
Os membros indicados pelo Presidente da República irão integrar o TADE por 4 anos, sendo VEDADA a recondução.
Suas decisões NÃO são dotadas de definitividade, já que podem ser revistas pelo Poder Judiciário. Sua competência está disposta nos arts. 9º e 11 da Lei 12.529/11:
Art. 9o Compete ao Plenário do Tribunal, dentre outras atribuições previstas nesta Lei:
I - zelar pela observância desta Lei e seu regulamento e do regimento interno;
II - decidir sobre a existência de infração à ordem econômica e aplicar as penalidades previstas em lei;
III - decidir os processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica instaurados pela Superintendência-Geral;
IV - ordenar providências que conduzam à cessação de infração à ordem econômica, dentro do prazo que determinar;
V - aprovar os termos do compromisso de cessação de prática e do acordo em controle de concentrações, bem como determinar à Superintendência-Geral que fiscalize seu cumprimento;
VI - apreciar, em grau de recurso, as medidas preventivas adotadas pelo Conselheiro-Relator ou pela Superintendência-Geral;
VII - intimar os interessados de suas decisões;
VIII - requisitar dos órgãos e entidades da administração pública federal e requerer às autoridades dos Estados, Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios as medidas necessárias ao cumprimento desta Lei;
IX - contratar a realização de exames, vistorias e estudos, aprovando, em cada caso, os respectivos honorários profissionais e demais despesas de processo, que deverão ser pagas pela empresa, se vier a ser punida nos termos desta Lei;
X - apreciar processos administrativos de atos de concentração econômica, na forma desta Lei, fixando, quando entender conveniente e oportuno, acordos em controle de atos de concentração;
XI - determinar à Superintendência-Geral que adote as medidas administrativas necessárias à execução e fiel cumprimento de suas decisões;
XII - requisitar serviços e pessoal de quaisquer órgãos e entidades do Poder Público Federal;
XIII - requerer à Procuradoria Federal junto ao Cade a adoção de providências administrativas e judiciais;
XIV - instruir o público sobre as formas de infração da ordem econômica;
XV - elaborar e aprovar regimento interno do Cade, dispondo sobre seu funcionamento, forma das deliberações, normas de procedimento e organização de seus serviços internos; Vide Decreto nº 9.011, de 2017
XVI - propor a estrutura do quadro de pessoal do Cade, observado o disposto no inciso II do caput do art. 37 da Constituição Federal;
XVII - elaborar proposta orçamentária nos termos desta Lei;
XVIII - requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entidades públicas ou privadas, respeitando e mantendo o sigilo legal quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem necessárias ao exercício das suas funções; e
XIX - decidirpelo cumprimento das decisões, compromissos e acordos.
Art. 11. Compete aos Conselheiros do Tribunal:
I - emitir voto nos processos e questões submetidas ao Tribunal;
II - proferir despachos e lavrar as decisões nos processos em que forem relatores;
III - requisitar informações e documentos de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entidades públicas ou privadas, a serem mantidos sob sigilo legal, quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem necessárias;
IV - adotar medidas preventivas, fixando o valor da multa diária pelo seu descumprimento;
V - solicitar, a seu critério, que a Superintendência-Geral realize as diligências e a produção das provas que entenderem pertinentes nos autos do processo administrativo, na forma desta Lei;
VI - requerer à Procuradoria Federal junto ao Cade emissão de parecer jurídico nos processos em que forem
relatores, quando entenderem necessário e em despacho fundamentado, na forma prevista no inciso VII do art. 15 desta Lei;
VII - determinar ao Economista-Chefe, quando necessário, a elaboração de pareceres nos processos em que forem relatores, sem prejuízo da tramitação normal do processo e sem que tal determinação implique a suspensão do prazo de análise ou prejuízo à tramitação normal do processo;
VIII - desincumbir-se das demais tarefas que lhes forem cometidas pelo regimento;
IX - propor termo de compromisso de cessação e acordos para aprovação do Tribunal;
X - prestar ao Poder Judiciário, sempre que solicitado, todas as informações sobre andamento dos processos, podendo, inclusive, fornecer cópias dos autos para instruir ações judiciais.
b) Superintendência Geral
É um órgão interno do CADE, que possui uma natureza fiscalizatória.
c) Departamento de Estudos Econômicos (DEE)
Esse órgão possui natureza constitutiva e função pericial, nos termos do art. 17. Se há procedimento aberto, o DEE é ouvido, sendo que seus economistas possuem essa função de experts em assuntos econômicos do CADE.
Art. 17. O Cade terá um Departamento de Estudos Econômicos, dirigido por um Economista-Chefe, a quem incumbirá elaborar estudos e pareceres econômicos, de ofício ou por solicitação do Plenário, do Presidente, do Conselheiro-Relator ou do Superintendente-Geral, zelando pelo rigor e atualização técnica e científica das decisões do órgão.
Os economistas ficam lotados no departamento de estudos econômicos, apenas auxiliando, elaborando pareceres, notas técnicas, que são juntadas aos procedimentos de fiscalização com andamento perante o CADE.
ATOS DE CONCENTRAÇÃO
Quando ocorre abuso do poder econômico, o ato de concentração acarretará em um desequilíbrio mercadológico.
Não obstante, não é todo ato de concentração que vai gerar uma infração à Lei 12.529/11, ou seja, infração ao equilíbrio mercadológico.
Ex de atos de concentração: fusão da Sadia com Perdigão, Nestlé com Garoto.
Com a nova lei, há um controle prévio dos atos de concentração, modificando a sistemática posterior prevista no ordenamento revogado.
Este controle prévio é de competência do CADE.
O art. 88 traz diversos critérios que legitimam a atuação do CADE, que não irá atuar em qualquer situação, apenas quando houver demandas com interesse relevante.
Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os atos de concentração econômica em que, CUMULATIVAMENTE:
I - pelo menos um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais); e
II - pelo menos um outro grupo envolvido na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual OU volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).
Destaque para o CUMULATIVAMENTE.
Destacar o artigo todo.
II – Destacar o faturamento bruto anual OU volume de negócios total.
Dessa forma, fica evidente que o CADE não atuará em qualquer ato de concentração, mas apenas de forma específica e pontual quando for conveniente e relevante para o mercado econômico, envolvendo grandes grupos econômicos.
Portanto, o CADE só irá intervir em atos de concentração se gerar consequências no domínio de mercado relevante, aumento arbitrário dos lucros e eliminar concorrência. Se isso não ocorrer, o ato é válido e não precisa nem passar por prévia análise da autarquia.
§ 1º Os valores mencionados nos incisos I e II do caput deste artigo poderão ser adequados, simultânea ou independentemente, por indicação do Plenário do Cade, por portaria interministerial dos Ministros de Estado da Fazenda e da Justiça.
Hoje, para fins de concurso, deve-se adotar os valores constantes dos incisos I e II do caput do art. 88. Porém, esses valores estão desatualizados na prática, havendo portaria interministerial dos Ministros de Estado da Fazenda e da Justiça.
§ 2º O controle dos atos de concentração de que trata o caput deste artigo será prévio e realizado em, no máximo, 240 (duzentos e quarenta) dias, a contar do protocolo de petição ou de sua emenda.
Na prática, demora-se bem menos tempo para realizar esse controle. De qualquer forma, essa limitação é sinal claro de que o procedimento deve ser célere.
2) SECRETARIA DE ACOMPANHAMENTO ECONÔMICO (SAE)
 
Este órgão é menos cobrado em concursos de AGU, PGF, PFN, etc, sendo mais relevante para concursos da Receita Federal do Brasil.
A Secretaria tem por escopo promover a concorrência em órgãos de governo perante aqueles que almejam a administração tributária, principalmente para auditor da Receita Federal do Brasil.
Art. 19. Compete à Secretaria de Acompanhamento Econômico promover a concorrência em órgãos de governo e perante a sociedade cabendo-lhe, especialmente, o seguinte:
I - opinar, nos aspectos referentes à promoção da concorrência, sobre propostas de alterações de atos normativos de interesse geral dos agentes econômicos, de consumidores ou usuários dos serviços prestados submetidos a consulta pública pelas agências reguladoras e, quando entender pertinente, sobre os pedidos de revisão de tarifas e as minutas;
II - opinar, quando considerar pertinente, sobre minutas de atos normativos elaborados por qualquer entidade pública ou privada submetidos à consulta pública, nos aspectos referentes à promoção da concorrência;
III - opinar, quando considerar pertinente, sobre proposições legislativas em tramitação no Congresso Nacional, nos aspectos referentes à promoção da concorrência;
IV - elaborar estudos avaliando a situação concorrencial de setores específicos da atividade econômica nacional, de ofício ou quando solicitada pelo Cade, pela Câmara de Comércio Exterior ou pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça ou órgão que vier a sucedê-lo;
V - elaborar estudos setoriais que sirvam de insumo para a participação do Ministério da Fazenda na formulação de políticas públicas setoriais nos fóruns em que este Ministério tem assento;
VI - propor a revisão de leis, regulamentos e outros atos normativos da administração pública federal, estadual, municipal e do Distrito Federal que afetem ou possam afetar a concorrência nos diversos setores econômicos do País;
VII - manifestar-se, de ofício ou quando solicitada, a respeito do impacto concorrencial de medidas em discussão no âmbito de fóruns negociadores relativos às atividades de alteração tarifária, ao acesso a mercados e à defesa comercial, ressalvadas as competências dos órgãos envolvidos;
VIII - encaminhar ao órgão competente representação para que este, a seu critério, adote as medidas legais cabíveis, sempre que for identificado ato normativo que tenha caráter anticompetitivo.
§ 1o Para o cumprimento de suas atribuições, a Secretaria de Acompanhamento Econômico poderá:
I - requisitar informações e documentos de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entidades, públicas ou privadas, mantendo o sigilo legal quando for o caso;
II - celebrar acordos e convênios com órgãos ouentidades públicas ou privadas, federais, estaduais, municipais, do Distrito Federal e dos Territórios para avaliar e/ou sugerir medidas relacionadas à promoção da concorrência.
§ 2o A Secretaria de Acompanhamento Econômico divulgará anualmente relatório de suas ações voltadas para a promoção da concorrência.
ATENÇÃO: Lembrar que não são apenas as sociedades empresárias que podem praticar infrações contra a ordem econômica, mas sim todo e qualquer agente econômico pode vir a praticar infrações contra a ordem econômica, dependendo do cenário envolvido, e que mesmo os órgãos públicos são agentes econômicos.
A SAE exerce o controle, promovendo a livre concorrência, entre órgãos de governo enquanto agentes econômicos que são.
INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA X CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
As infrações à ordem econômica estão dispostas em um rol exemplificativo, e sua incidência resultará em uma penalidade de cunho administrativo, as quais se resumem basicamente, no art. 36 da Lei do SBDC (rol exemplificativo), enquanto os crimes de concorrência desleal estão previstos no art. 195 da Lei de Propriedade Industrial (rol taxativo).
As penalidades às infrações à ordem econômica resultam em penalidade de cunho administrativo, as quais se resumem, basicamente, em multas e determinações mandamentais de fazer ou não fazer pelo CADE, como o impedimento de uma fusão/incorporação empresarial.
No que tange ao crime de concorrência desleal, a própria teoria geral do delito prescreve que o tipo é circunscrito pelo princípio da legalidade estrita ou da tipicidade penal (reserva legal). De acordo com esse princípio, o rol de condutas previstas no tipo é necessariamente taxativo, não podendo sofrer uma analogia ou ampliação. A sanção aplicável a quem pratica crime de concorrência desleal é penal.
Ademais, o Estado pode cometer infrações à ordem econômica, na medida em que é um agente econômico.
O rol de condutas que ensejam o crime de concorrência desleal está previsto no art. 195 da Lei de Propriedade Industrial:
Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:
I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem;
II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem;
III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem;
IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos;
V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque produto com essas referências;
VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome ou razão social deste, sem o seu consentimento;
VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve;
VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado, ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não constitui crime mais grave;
IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem;
X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador;
XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato;
XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou
XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou concedida, ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado ou patenteado, ou registrado, sem o ser;
XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º Inclui-se nas hipóteses a que se referem os incisos XI e XII o empregador, sócio ou administrador da empresa, que incorrer nas tipificações estabelecidas nos mencionados dispositivos.
Nos primeiros incisos, destaque para o dolo específico (teoria causal) ou especial fim de agir (teoria finalista).
Quanto às infrações na ordem econômica, que estão contidos dentro da Lei 12.529/11, que possibilitam alguns incidentes, como a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica no âmbito do direito administrativo econômico, que adota a Teoria Menor da desconsideração.
Art. 32. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente.
Aqui há uma responsabilidade administrativa de natureza solidária entre a pessoa jurídica e seus sócios, dirigentes, administradores, etc.
Art. 33. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, quando pelo menos uma delas praticar infração à ordem econômica.
Prevê a responsabilidade solidária de todas as empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico.
Art. 34. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
Parágrafo único. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração
Traz a questão da desconsideração da personalidade jurídica, matéria interdisciplinar com o direito civil e direito do consumidor, nos arts. 50 e 28, respectivamente.
Art. 50, CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Art. 28, CDC. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§1°. (Vetado).
§2°. As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3º. As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4°. As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5°. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
Aqui é aplicada a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, que se distingue da teoria maior (art. 50 CC) nas questões de abuso do poder econômico e no desvio de finalidade.
Na teoria maior, considera-se o abuso da personalidade jurídico + o desvio de finalidade para que se configure a desconsideração.Para a teoria menor, que é exposta em diversos dispositivos, como no CDC, Lei do SBDC, lei de crimes ambientais, entre outras, são trazidas hipóteses em que poderá ocorrer o levantamento do véu da personalidade jurídica, que deriva da expressão em inglês: “lifting de corporate veil”.
Art. 34. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
Parágrafo único. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração
Abuso de direito, excesso de poder (teoria maior) e, expandindo um pouco mais os requisitos para a teoria menor, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação do estatuto ou contrato social. E ainda é expansiva nos termos do § único.
Dessa forma, a teoria menor é muito mais permissiva para que se configure a desconsideração da personalidade jurídica.
Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
Destacar no caput, independente de culpa, que enseja responsabilidade de natureza objetiva, culpa latu sensu, atos manifestados sob qualquer forma, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados, tem-se uma infração de natureza formal, não há necessidade de consumação material dessa infração à ordem econômica, ou seja, não precisa alcançar o resultado naturalístico para que haja a sua consumação e tem uma consumação antecipada.
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;
Relembrando que princípio da livre iniciativa e princípio da livre concorrência NÃO são sinônimos.
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e
O mero aumento dos lucros pelo fato de adotarmos a teoria da escola de Chicago não caracteriza infração à ordem econômica. Há necessidade de ser aferida a eficiência locativa para o aumento de lucros (que visa a eliminação da concorrência). Se for aumento consequente de relações naturais do mercado não há crime.
IV - exercer de forma abusiva posição dominante.
§1º. A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II do caput deste artigo.
§2º. Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia.
Posição dominante: sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20% ou mais do mercado relevante (destacar), podendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia.
Mercado relevante: é aquele em que há a produção, ou na cadeia de produção ou no consumo, aquele conjunto de bens que são os mesmos bens presentes na cadeia de produção. 
Ex: Fusão Nestlé/Garoto, deverá verificar se essa fusão irá gerar um faturamento bruto, total, que engloba 20% ou mais do mercado de produtos de chocolate, ou seja, aquele produto que é mais comercializado naquela cadeia de produção, cadeia de consumo, no caso Nestlé/Garoto, chocolate. 
§3º. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica:
I - acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma:
a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente;
b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação de um número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços;
c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos;
d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública;
II - promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes;
III - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado;
IV - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;
V - impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição;
VI - exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa;
VII - utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros;
VIII - regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição;
IX - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;
X - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços;
XI - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais;
XII - dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais;
XIII - destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los;
XIV - açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia;
XV - vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo;
XVI - reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção;
XVII - cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada;
XVIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e
XIX - exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia ou marca.
Artigo mais importante, junto com o da desconsideração da personalidade jurídica.
CONCENTRAÇÃO DE MERCADO
Conceito: 
“As concentrações são classificadas em horizontais, verticais e conglomeradas, conforme os mercados de atuação das empresas participantes. Assim, como os acordos horizontais, as concentrações desse tipo envolvem agentes econômicos que atuam no mesmo mercado relevante, estando, portanto, em direta relação de concorrência. As concentrações são ditas verticais se os partícipes desenvolvem suas atividades em mercados relevantes, ‘a montante’ ou ‘a jusante’, ou seja, concatenados no processo produtivo ou de distribuição de produto. Por sua vez, as concentrações conglomeradas tem a ver com empresas que atuam em mercados relevantes apartados, sendo subdivididas, conforme seu escopo ou efeito, em: (i) de expansão de mercado (Market extension);(ii) de expansão de produto (product extension); e, (iii) de diversificação (ou pura). De forma residual,são entendidas como conglomeradas as concentrações que não são verticais nem horizontais (FORGIONI, Paula. Os Fundamentos do Antitruste).”
Espécies:
Verticais → Agentes econômicos que se encontrem em posições distintas no mercado e nas cadeias de produção e/ou consumo, considerando a produção no mercado. Essa espécie não é adotada pelo Brasil, que utiliza a teoria do direito do consumidor, Teoria do Finalismo Mitigado.
As concentrações verticais são aquelas em que agentes econômicos em posições distintas no mercado e nas cadeias de produção estão envolvidas na figura de concentração de mercado. Exemplo: Produtor, fornecedor imediato e fornecedor imediato aumentam arbitrariamente seus preços, a fim de aumentar seus lucros. O trust é exemplo de verticalização de concentração de mercado, que é um ato de incorporação de determinadas empresas em que há uma figura de subordinação entre a empresa incorporadora e a empresa controlada. 
Horizontais → Agentes econômicas em posições idênticas no mercado.
Os atos de concentração de mercado são vedados no ordenamento jurídico pois visam, normalmente, excluir um ente do mercado. Isso é extremamente prejudicial, pois gera um efeito cascata na economia, uma vez que esse ente que fecha as portas deixa de contribuir para o Estado, demite seus funcionários, aumentando, portanto, o desemprego, e assim por diante.
A cartelização consiste em arranjar os preços em um determinado mercado e é uma forma de concentração horizontal do mercado. 
Concentrações de mercado conglomeradas
São aquelas em que os agentes econômicos encontram-se em mercados distintos que se inter-relacionam, podendo gerar posição dominante e concentração de mercado, ou seja, se unem, visando prejudicar um terceiro.
Obs: A maior parte das concentrações de mercado não constituem infração à ordem econômica. Para que haja infração, deve-se preencher os requisitos do art. 36, visto acima. Isso ocorre, pois o Brasil adota a teoria de Chicago, que prega por uma liberdade de mercado.
Procedimentos especiais de apuração das infrações à Ordem Econômica
São ritos especiais contidos na Lei do SBDC, previstos no âmbito do CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
É importante estudar a Lei 12.529/11, que é o que mais cobrado em provas.
Art. 48. Esta Lei regula os seguintes procedimentos administrativos instaurados para prevenção, apuração e repressão de infrações à ordem econômica:
I - procedimento preparatório de inquérito administrativo para apuração de infrações à ordem econômica;
II - inquérito administrativo para apuração de infrações à ordem econômica;
III - processo administrativo para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica;
IV - processo administrativo para análise de ato de concentração econômica;
V - procedimento administrativo para apuração de ato de concentração econômica; e
VI - processo administrativo para imposição de sanções processuais incidentais.
Obs: Normalmente o que é pedido em prova é a parte teórica, introdutória, sistemática, não se prendendo muito à parte técnica da lei.
COMPROMISSO DE CESSAÇÃO (art. 85 Lei 12.529/11)
São medidas ligadas àquilo que se convencionou chamar de aplicação da teoria dos jogos no direito dentro de uma análise econômica do direito, a empresa verá até que ponto vale a pena ajudar o Estado a conseguir benefícios, mesmo esta empresa tendo praticado uma infração à ordem econômica. É uma espécie de negócio jurídico administrativo, que visam atender à supremacia do interesse público e sua indisponibilidade.
Estes postulados do direito administrativo vêm sendo questionados nos últimos anos, com a crescente privatização do direito público, que causa, como reflexo, o compromisso de cessação.
Obs: O compromisso de cessação é semelhante ao TAC, mas não é interessante fazer essa analogia em provas, é apenas para ficar mais didático.
Art. 85. Nos procedimentos administrativos mencionados nos incisos I, II e III do art. 48 desta Lei, o Cade poderá tomar do representado compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre que, em juízo de conveniência e oportunidade, devidamente fundamentado, entender que atende aos interesses protegidos por lei.
Há, portanto, uma espécie de acordo administrativo feito entre o CADE e o agente econômico investigado pela suposta infração à ordem econômica naqueles três ritos especiais do art. 48:
Art. 48. Esta Lei regula os seguintes procedimentos administrativos instaurados para prevenção, apuração e repressão de infrações à ordem econômica:
I - procedimento preparatório de inquérito administrativo para apuração de infrações à ordem econômica;
II - inquérito administrativo para apuração de infrações à ordem econômica;
III - processo administrativo para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica;
Esse acordo administrativo, que é fruto da privatização do direito administrativo, poderá ocorrer de forma discricionária e devidamente fundamentada, sempre que o CADE entender que esse compromisso de cessação irá atender os interesses protegidos por lei, quais seja, a erradicação do abuso do poder econômico, seria o principal objetivo da Lei do SBDC.
§4º. A proposta de termo de compromisso de cessação de prática somente poderá ser apresentada uma única vez.
§5º. A proposta de termo de compromisso de cessação de prática poderá ter caráter confidencial.
§6º. A apresentação de proposta de termo de compromisso de cessação de prática não suspende o andamento do processo administrativo.
§7º. O termo de compromisso de cessação de prática terá caráter público, devendo o acordo ser publicado no sítio do Cade em 5 (cinco) dias após a sua celebração.
§8º. O termo de compromisso de cessação de prática constitui título executivo extrajudicial.
Consequências das penalidades aplicáveis às infrações na ordem econômica
Art. 37 traz as penalidades a esses agentes.
Art. 37. A prática de infração da ordem econômica sujeita os responsáveis às seguintes penas:
I - no caso de empresa, multa de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do valor do faturamento bruto da empresa, grupo ou conglomerado obtido, no último exercício anterior à instauração do processo administrativo, no ramo de atividade empresarial em que ocorreu a infração, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação;
II - no caso das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como quaisquer associações de entidades ou pessoas constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, que não exerçam atividade empresarial, não sendo possível utilizar-se o critério do valor do faturamento bruto, a multa será entre R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais);
III - no caso de administrador, direta ou indiretamente responsável pela infração cometida, quando comprovada a sua culpa ou dolo, multa de 1% (um por cento) a 20% (vinte por cento) daquela aplicada à empresa, no caso previsto no inciso I do caput deste artigo, ou às pessoas jurídicas ou entidades, nos casos previstos no inciso II do caput deste artigo.
§1º. Em caso de reincidência, as multas cominadas serão aplicadas em dobro.
§2º. No cálculo do valor da multa de que trata o inciso I do caput deste artigo, o Cade poderá considerar o faturamento total da empresa ou grupo de empresas, quando não dispuser do valor do faturamento no ramo de atividade empresarial em que ocorreu a infração, definido pelo Cade, ou quando este for apresentado de forma incompleta e/ou não demonstrado de forma inequívoca e idônea
Obs: Comentários sobre este artigo na aula 15, caso fique alguma dúvida.
PRESCRIÇÃO DAS INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA
Será de 5 anos, contados da data em que cessar a prática do ilícito, ou de 3 anos, na prescrição intercorrente em procedimento pendente de julgamento ou despacho.
Dessa forma, configurada uma infração à ordem econômica, o CADE tem 5 anos para enquadrar o infrator em uma das hipóteses do art.48, e, uma vez deflagrado este procedimento ADMINISTRATIVO, havendo pendência de decisão ou despacho por mais de 3 anos, ocorre uma prescrição intercorrente na apuração de infrações à ordem econômica no âmbito do CADE.
Contudo, há previsão de que o procedimento tenha decisão em 240 dias, como visto anteriormente. Além disso, na prática as decisões são mais céleres do que o prazo de 240 dias.
ACORDO DE LENIÊNCIA
Surgiu no contexto da governança corporativa aplicável ao poder público, e nas relações do poder público com particular, com administrados e com outros agentes econômicos. É uma espécie de colaboração premiada no âmbito administrativo (comparação meramente didática, não usar em provas).
Art. 86. O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte:
I - a identificação dos demais envolvidos na infração; e
II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação.
Destaque para a celebração do acordo pelo CADE.
§ 1o O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos, CUMULATIVAMENTE, os seguintes requisitos:
I - a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação;
II - a empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de propositura do acordo;
III - a Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo; e
IV - a empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento
§1º – Destacar cumulativamente
O acordo de leniência é um instituto despenalizador.
§ 4o Compete ao Tribunal, por ocasião do julgamento do processo administrativo, verificado o cumprimento do acordo:
I - decretar a extinção da ação punitiva da administração pública em favor do infrator, nas hipóteses em que a proposta de acordo tiver sido apresentada à Superintendência-Geral sem que essa tivesse conhecimento prévio da infração noticiada; ou
II - nas demais hipóteses, reduzir de 1 (um) a 2/3 (dois terços) as penas aplicáveis, observado o disposto no art. 45 desta Lei, devendo ainda considerar na gradação da pena a efetividade da colaboração prestada e a boa-fé do infrator no cumprimento do acordo de leniência
§4º - Refere-se ao TADE (Tribunal Administrativo de Defesa Econômica).
Visa estabelecer um controle e cautela do CADE antes de exercer o acordo de leniência, bem como estabelecer sua fiscalização para que o acordo seja de fato bem cumprido.
Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência.
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo.
Art. mais relevante para a prova de DPF, pois trata dos delitos econômicos em sentido estrito.
Conclusão acordo de leniência: Determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento de denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência, que dizer, suspende a prescrição criminal e impede a propositura de denúncia por parte do MP.
Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o art. 87.
FENÔMENOS ESPECIAIS DO DIREITO ECONÔMICO
1 – Essencial facilities doctrine (doutrina do compartilhamento compulsório de redes e infraestruturas)
Tem se popularizado no Brasil, sobretudo após o Plano Nacional de Desestatização, na medida que diversas empresas, principalmente de capital estrangeiro, afluíram para o Brasil e tomaram posse de toda aquela estrutura antes pertencente às empresas estatais, o que gerou uma prevalência, no mercado econômico de alguns oligopólios.
A doutrina do compartilhamento compulsório de redes e infraestruturas apregoa que se determinada empresa for detentora de significativo aparato de redes e infraestruturas de determinada sociedade, por uma questão de equilíbrio mercadológico, ela pode ser coagida, até pelo meios de coerção estatal, para que ela compartilhe esta infraestrutura com outros agentes econômicos que estão excluídos daquele mercado, como forma de se atender ao final interesse do grupo de consumidores daquele mercado.
Ocorre aqui um dirigismo estatal econômico, que não é compatível com o modelo clássico neoliberal, mas que visa os efeitos nocivos gerados pro monopólios ou oligopólios.
Ex: Apenas 3 empresas no Brasil tomam conta do setor energético, de forma que se uniram, a fim de, por vezes, impedir e prejudicar a sociedade por conta da detenção de todo o aparelho de infraestrutura do setor de energia elétrica no Brasil.
2 – Unbundling ou Desverticalização/Fragmentação do serviço público
É o que ocorre em algumas leis que instituem agências reguladoras. Prevê que a fomentação de um mercado em que a geração ou transmissão de um determinado bem, como energia elétrica, seja feito por diversas empresas.
Ou seja, é uma concepção teórica que visa evitar a existência de um monopólio ou oligopólio ao longo das fases de realização do fornecimento de determinado serviço público. Dessa forma, no processo de formação de determinado econômico, a ideia é que tenham-se diferentes empresas capazes de prover cada fase de sua realização.
O objetivo é evitar uma verticalização da prestação de um serviço público nas mãos de um único agente econômico não-estatal.
3 – Gun Jumping (queimar a largada)
É a consumação de atos ou operações econômicas, notadamente anticoncorrenciais, antes da decisão da autoridade antitruste ou divulgação prematura de tais atividades.
Ex: Nestle e Garoto resolvem fazer uma fusão, e somente após realizá-la, avisariam o CADE. Neste caso – expressamente vedado pela Lei do SBDC – ocorreira o gun jumping, prática vedada e punível na Lei do SBDC.
Mas, suponhamos que estas duas empresas ainda não realizaram a fusão, mas já divulgaram no mercado que a realizariam, isto poderia gerar um abalo no mercado financeiro em razão de um cenário que sequer aconteceu.
A prática do gun jumping gera efeitos penais e administrativos, podendo ser considerada um delito de insider trading (abuso de informação privilegiada no mercado de valores mobiliários).
O gun jumping é semelhante ao insider trading, que consiste nesse anúncio de fusão ou de concentração de mercado antes de ser previamente avaliado pelo CADE, sendo vedado no direito concorrencial brasileiro, na Lei 12.529/11.
ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL
Matéria mais voltadas para concursos da PFN e Procurador do Banco Central.
Histórico
Acordo de Bretton Woods (1944) consiste no marco histórico do direito internacional econômico, que instituíram o FMI e BIRD (que se tornou o Banco Mundial).
Acerca do histórico da formação da ordem econômica internacional, consultar aula 17.
Entidades do direito internacional econômico
OMC – Criada pelo acordo de Marrakech na Rodada do Uruguai em 1995.
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – Ligada à ONU. Funciona como uma Câmara Arbitral, uma forma não estatal de solução de controvérsias,

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