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44 - Legislação da saúde

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Constituição Federal (Artigos 196 a 200) 
Seção II DA SAÚDE 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao 
Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização 
e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros 
e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada 
e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: 
I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com 
recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado 
para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, 
anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados 
da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
I - No caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista 
no § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
II - No caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos 
impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 
159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas 
aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 
2000) 
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos 
impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 
159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 
2000) 
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, 
estabelecerá:(incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
I - Os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
29, de 2000) 
II - Os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a 
seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das 
disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde 
nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes 
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo 
seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições 
e requisitos específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 51, de 2006) 
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das 
atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Medida provisória nº 
297. de 2006) Regulamento 
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da 
Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente 
comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o 
cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, 
para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do 
sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito 
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins 
lucrativos. 
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções 
às instituições privadas com fins lucrativos. 
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais 
estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. 
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção 
de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e 
tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus 
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei: 
I - Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para 
a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de 
saúde do trabalhador; 
III - Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento 
básico; 
V - Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e 
tecnológico; 
VI - Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor 
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e 
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
Lei 8080: Lei Orgânica da Saúde! 
 
A Lei 8.080 – ou Lei Orgânica da Saúde – dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes. 
Foi estabelecida em 19 de setembro de 1990 e instituiu o famoso Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
Lei 8.080: SUS 
De acordo com o regulamento e o nosso material para concurso, estão incluídas 
na lei não só o atendimento à população, mas também a execução de ações de 
vigilância sanitária, epidemiológica, da saúde do trabalhador e de assistência 
terapêutica. 
Porém, a lei sofreu diversas alterações ao longo de sua existência, sendo as 
mais recentes em 2015 e 2017. Entenda! 
Artigo 23 
“Art. 23 – É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou de capitais 
estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de 
I – Doações de organismos internacionais vinculados à ONU; 
https://blog.grancursosonline.com.br/material-para-concurso/
II – Entidades de cooperação técnica; 
III – Financiamento e empréstimos.’’ 
Com a Lei nº 13.097, a participação de empresas ou de capital estrangeiro na 
assistência à saúde no Brasil será permitida também a pessoas jurídicas 
previstas em legislação. 
Artigo 7 
Já referente ao artigo 7, houve uma alteração para inserir, entre os princípios do 
Sistema Único de Saúde (SUS), o princípio da organização de atendimento 
público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência 
doméstica em geral. 
Tal mudança ocorreu devido à Lei nº 13.427. 
Relação entre a Lei 8.080 e 8.142 
Como foi falado em todo o texto, a Lei 8.080 deu origem ao SUS. 
No entanto, é a 8.142 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão 
do mesmo e sobre os principais aspectos relacionados aos recursos financeiros. 
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011 
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos 
de Municípioslimítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas 
e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes 
compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a 
execução de ações e serviços de saúde; 
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo de colaboração 
firmado entre entes federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações 
e serviços de saúde na rede regionalizada e hierarquizada, com definição de 
responsabilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de 
desempenho, recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle 
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à 
implementação integrada das ações e serviços de saúde; 
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no 
SUS; 
IV - Comissões Inter gestores - instâncias de pactuação consensual entre os 
entes federativos para definição das regras da gestão compartilhada do SUS; 
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos 
e de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, 
considerando-se a capacidade instalada existente, os investimentos e o 
desempenho aferido a partir dos indicadores de saúde do sistema; 
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde 
articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a 
integralidade da assistência à saúde; 
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde específicos para 
o atendimento da pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, 
necessita de atendimento especial; e 
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que estabelece: 
critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento 
preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando 
couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o 
acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos 
pelos gestores do SUS. 
De acordo com o Decreto 7.508, para ser instituída a Região de Saúde a mesma 
deve conter, no mínimo, ações e serviços de: 
I - Atenção primária; 
II - Urgência e emergência; 
III - atenção psicossocial; 
IV - Atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e 
V - Vigilância em saúde. 
Os entes federativos que compõem uma Região de Saúde deverão definir: 
I - Seus limites geográficos; 
II - População usuária das ações e serviços; 
III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e 
 
IV - Respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e escala para 
conformação dos serviços. 
A seguir serão apresentados alguns aspectos relevantes definidos pelo Decreto 
7.508/2011: 
• A integralidade da assistência à saúde se inicia e se completa na Rede 
de Atenção à Saúde, mediante referenciamento do usuário na rede 
regional e interestadual, conforme pactuado nas Comissões Inter 
gestores. 
• O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde(COAPS) é 
a organização e a integração das ações e dos serviços de saúde, sob a 
responsabilidade dos entes federativos em uma Região de Saúde, com a 
finalidade de garantir a integralidade da assistência aos usuários. 
• O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde(COAPS) definirá as 
responsabilidades individuais e solidárias dos entes federativos com 
relação às ações e serviços de saúde, os indicadores e as metas de 
saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os recursos financeiros 
que serão disponibilizados, a forma de controle e fiscalização da sua 
execução e demais elementos necessários à implementação integrada 
das ações e serviços de saúde. 
• As Regiões de Saúde serão referência para as transferências de recursos 
entre os entes federativos. 
• O processo de planejamento da saúde será ascendente e integrado, do 
nível local até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, 
compatibilizando-se as necessidades das políticas de saúde com a 
disponibilidade de recursos financeiros. 
• A criação da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde 
(RENASES) que compreende todas as ações e serviços que o SUS 
oferece ao usuário para atendimento da integralidade da assistência à 
saúde. 
• A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pactuarão nas 
respectivas Comissões Inter gestores as suas responsabilidades em 
relação ao rol de ações e serviços constantes da RENASES. 
• A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais RENAME compreende 
a seleção e a padronização de medicamentos indicados para atendimento 
de doenças ou de agravos no âmbito do SUS. 
• A humanização do atendimento do usuário será fator determinante para 
o estabelecimento das metas de saúde previstas no Contrato 
Organizativo de Ação Pública de Saúde. 
Cabe ressalta que de acordo com o Art. 12, ao usuário será assegurada a 
continuidade do cuidado em saúde, em todas as suas modalidades, nos 
serviços, hospitais e em outras unidades integrantes da rede de atenção da 
respectiva região. 
Entre os desafios relativos à gestão e organização do sistema, Giovanella et al. 
(2012) aponta a heterogeneidade da capacidade de gestão entre diferentes 
municípios e estados e a persistência da superposição e excesso de oferta de 
algumas ações e insuficiência de outras, demonstrando pouca integração entre 
os serviços. O Decreto 7.508/2011 está sendo implementado e tem 
possibilidades de enfrentar tais desafios e, se não for possível resolve-los em 
sua totalidade, mas ao menos amenizar tais discrepâncias, lembrando que o 
Sistema Único de Saúde é um processo em construção, onde as diferentes 
medidas adotadas sempre vislumbram a melhora dos serviços e 
consequentemente a melhora da saúde da população brasileira. 
Em relação à Atenção Básica, que é considerado um dos Pilar do Sistema Único 
de Saúde, a Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 aprovou a Política 
Nacional de Atenção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão das diretrizes e 
normas para a sua organização, para organização da Estratégia Saúde da 
Família (ESF) e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). 
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/6/unidades_conteudos/unidade01/p_01.html
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/6/unidades_conteudos/unidade01/p_01.html
Programas federais que visam superar o déficit de profissionais em regiões 
de periferia e de difícil acesso 
O Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) é uma 
iniciativa do governo federal para promover o aperfeiçoamento de médicos na 
Atenção Básica e favorecer o provimento de profissionais em regiões de difícil 
acesso, como no interior dos estados e em periferias das grandes cidades. O 
programa oferece uma bolsa mensal, paga pelo governo federal, e incentivo de 
10% nas provas de residência aos profissionais que atuarem durante um ano em 
periferias de grandes centros, municípios do interior ou em áreas mais distantes. 
Os profissionais participantes deste Programa passam por curso de 
especialização em Saúde da Família, com o objetivo de melhorar a qualidade do 
atendimento na Atenção Básica, considerando que aproximadamente 80% dos 
problemas de saúde podem ser resolvidos neste nível de atenção. 
O Programa Mais Médicos (PMM) também é uma iniciativa do governo federal 
visando a melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde. O 
Programa prevê investimentos em infraestrutura, tanto da rede hospitalar, como 
das unidades de saúde, e objetiva também levar mais médicos para regiões onde 
há carência destes profissionais. 
As vagas do PMM são oferecidas prioritariamente para médicos brasileiros, que 
tenham interesse em atuar nas regiões onde faltam profissionais. Caso não se 
consiga preencher todas as vagas, serão aceitas candidaturas de estrangeiros. 
O objetivo principal desta vertentedo Projeto é levar médicos a todas as regiões 
do país, inclusive as mais distantes. 
Também visando resolver a problemática da falta de médicos em muitas regiões 
do país, o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, 
pretende autorizar a abertura de 11,5 mil novas vagas nos cursos de medicina 
no país até 2017. Porém, é o Governo Federal quem irá definir quais são as 
áreas que devem receber novos cursos de medicina, considerando as 
prioridades do SUS e as universidades deverão então apresentar propostas para 
abertura de novos cursos para estas regiões. Também é requisito para abertura 
de novos cursos a existência de Programas de Residência Médica em 
especialidades consideradas prioritárias para o SUS, como: Clínica Médica, 
Cirurgia, Ginecologia/Obstetrícia, Pediatria, e Medicina de Família e 
Comunidade.

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