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3 Principios do direito do trabalho

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PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
 
1. Princípio da Proteção: 
- Surge para proteger o hipossuficiente, no plano jurídico, dos abusos e desigualdades sofridas pelo 
empregado no plano fático; 
- Considerado o princípio dos princípios do direito do Trabalho; 
- Manifesta-se em três vertentes ou sub-princípios: 
 a) in dubio pro operário (ou pro misero); 
 b) regra da aplicação da norma mais favorável; 
 c) regra da condição mais benéfica; 
1.1 In dubio pro operário: 
- Também chamado de in dubio pro misero; 
- Quando surgir interpretações divergentes em relação à mesma norma jurídica a ser aplicada a um 
determinado caso concreto, será dada preferência àquela interpretação que mais favoreça ao 
empregado; 
1.2 Aplicação da norma mais favorável: 
- Será utilizada, no caso concreto, a norma que atribua melhores condições de trabalho para o 
empregado. Dessa forma, se uma norma de grau inferior contiver dispositivo que atribuam direitos 
em maior intensidade para o empregado, esta vai ter preferência sobre aquela de grau superior que 
não tenha oferecido maiores vantagens ao trabalhador; 
 
 
 
 
 
 
 
1º) Teoria da acumulação: seleciona-se, em cada uma das normas comparadas, os dispositivos 
mais favoráveis ao trabalhador; 
2º) Teoria do conglobamento: toma-se a norma mais favorável a partir do confronto em 
bloco das normas objeto de comparação, isto é, busca-se o conjunto normativo mais favorável. Esta 
teoria é mencionada pelo TST na análise de aplicabilidade de acordos coletivos vs convenções coletivas; 
3º) Teoria do conglobamento orgânico ou por instituto: extrai-se a norma aplicável a partir de 
comparação parcial entre grupos homogêneos de matérias, de uma e de outra norma. Esta teoria é 
mencionada por Alice Monteiro de Barros como a utilizada pelo ordenamento brasileiro, a partir da 
menção ao disposto no art. 3°, II, da Lei n° 7.064/1982; 
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*#CUIDADO¹: A Reforma Trabalhista, entretanto, passou a prever a prevalência do Acordo sobre a 
Convenção. Dessa forma, havendo conflito entre acordo coletivo e convenção coletiva, aquele deve 
prevalecer (art. 620 da CLT). 
 
*#CUIDADO²: Ainda, os instrumentos coletivos serão superiores à lei nos casos do art. 611-A da CLT. 
Note-se, portanto, que ainda que a lei venha a ser mais favorável, a Reforma Trabalhista permite a 
aplicação do instrumento coletivo em seu detrimento. Esse dispositivo causará impactos 
significativos ao Direito do Trabalho. Trata-se do “Princípio da Prevalência do Negociado sobre o 
Legislado”. 
 
1.3 Aplicação da condição mais benéfica: 
- Este princípio importa na garantia de preservação, ao longo do contrato, da cláusula contratual 
mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88); 
- Súmula 51, TST; 
- Súmula 202, TST; 
OBS: Exceções ao subprincípios: 
OJ-SDI1-159 DATA DE PAGAMENTO. SALÁRIOS. ALTERAÇÃO (inserida em 
26.03.1999). Diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou 
em instrumento normativo, a alteração de data de pagamento pelo 
empregador não viola o art. 468, desde que observado o parágrafo único, 
do art. 459, ambos da CLT. 
OJ-SDI1-308. JORNADA DE TRABALHO. ALTERAÇÃO. RETORNO À JORNADA 
INICIALMENTE CONTRATADA. SERVIDOR PÚBLICO (DJ 11.08.2003). O 
retorno do servidor público (administração direta, autárquica e 
fundacional) à jornada inicialmente contratada não se insere nas 
vedações do art. 468 da CLT, sendo a sua jornada definida em lei e no 
contrato de trabalho firmado entre as partes. 
 
2. Princípio da irrenunciabilidade: 
- Este princípio é também denominado princípio da indisponibilidade de direitos, princípio da 
inderrogabilidade ou princípio da imperatividade das normas trabalhistas, e informa que os 
direitos trabalhistas são, em regra, irrenunciáveis, indisponíveis e inderrogáveis. Dado o caráter de 
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imperatividade das normas trabalhistas, estas são, em regra, de ordem pública (também chamadas 
cogentes), pelo que os direitos por elas assegurados não se incluem no âmbito da livre disposição 
pelo empregado. Em outras palavras, é a mitigação do princípio civilista de cunho liberal consistente 
na autonomia da vontade. 
- Fica o empregado impossibilitado de se despojar do direito subjetivo trabalhista de que é titular e 
que pode ser exercido em face do empregador. A lei presume vício na manifestação da vontade do 
empregado quando esta manifesta-se no sentido de renunciar determinado direito trabalhista. Ex: 
empregado que assina contrato de trabalho como salário inferior ao mínimo legal. Nesse caso, 
referida cláusula será nula; 
- CLT, art. 9º; 
- Súmula nº. 276. Aviso prévio – Renúncia pelo empregado. O direito ao aviso prévio é irrenunciável 
pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o 
respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. 
- Exceção: Empregados Hipersuficientes – art. 444, parágrafo único, CLT; 
3. Princípio da continuidade: 
- Como em regra os contratos de trabalho são firmados com prazo indeterminado, sendo admitido o 
contrato a termo apenas em situações excepcionais, presume-se que a intenção dos contraentes é 
de manter o vínculo indefinidamente no tempo. 
- O princípio da continuidade da relação empregatícia tem efeitos sobre a produção de prova, 
principalmente sobre dúvidas acerca do prazo estipulado. Vide Súmula 212 do Tribunal Superior do 
Trabalho; 
- Presume-se celebrado o contrato de trabalho por prazo indeterminado sempre quando as partes 
não dispuserem expressamente em sentido contrário e com suporte nas exceções previstas em lei; 
- Súmula 212, TST; 
4. Princípio da primazia da realidade sobre as formas: 
- O contrato de trabalho é do tipo contrato-realidade. Primeiro, porque ele é consensual, pois a sua 
eficácia não depende de qualquer formalidade, bastando, apenas, o consentimento das partes. 
Segundo, porque a solenidade só é exigida quando o contrato de trabalho for especial e assim 
dispuser a lei que o regula; 
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- Dessas circunstâncias deriva o princípio da primazia da realidade, devendo prevalecer a realidade 
dos fatos em detrimento ao que ficou registrado nos instrumentos formais de sua constituição; 
- art. 9º, CLT; 
- Súmula n. 12 do TST; 
- Súmula 338, III, TST. 
#QUESTÃO: É possível aplicar este princípio contra o empregado? 1) Temos o entendimento 
segundo o qual a primazia da realidade é um princípio do direito do trabalho, aplicando se à relação 
trabalhista, independentemente de quem será o beneficiado. Sendo assim, aplica-se ao contrato e 
não a uma parte determinada dessa relação; 2) Outros, entretanto, compreendem que este princípio 
é parte do princípio da proteção, de tal sorte que, por isso, só pode ser aplicável em favor do 
empregado. 
5. Princípio da substituição automática das cláusulas nulas: 
- Quando por vontade unilateral do empregador ou mesmo por acordo de vontades estabelecem-se 
cláusulas que ofendem o estatuto mínimo de proteção ao trabalhador, estas são consideradas nulas 
de pleno direito, sendo automaticamente substituídas por cláusulas equivalentes, em conformidade 
com a disposição do ordenamento jurídico; 
6. Princípio da razoabilidade: 
- Não é exclusivo do direito do trabalho; 
- Utilizado, geralmente, para afastar pretensões de empregados ou empregadores que fogem dos 
limites naturais da natureza humana. Ex: empregado que fica 10 anos sem receber salário; todos os 
empregados terem pedido demissão ao mesmo tempo; labor extraordinário sem repouso semanal 
durante oito anos de vínculo empregatício; 
7. Princípio da boa-fé: 
- Norteia todo o Direito, não só o Direito do Trabalho; 
- A boa-fé refere-se à conduta da pessoa que considera cumprir realmente com o seu dever. 
Pressupõe uma posição de honestidade e honradez no comércio jurídico, porquanto contém 
implícita a plena consciência de não enganar, não prejudicar, nemcausar danos. Mais ainda: implica 
a convicção de que as transações são cumpridas normalmente, sem trapaças, sem abusos nem 
desvirtuamentos; 
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8. Princípio da não-discriminação: 
- O trabalhador não pode sofrer qualquer tipo de discriminação, seja em razão da cor, raça, credo, 
idade, sexo, opinião, tanto no momento da sua admissão quanto durante a execução do contrato de 
trabalho; 
- Constituição Federal, art. 7º, inciso XXX; 
- Trabalhadores que exercem a mesma função, com mesma técnica, devem receber mesma 
remuneração. Exceção para diferença de salário se encontra no art. 461, da CLT; 
- CLT, art. 442-A; 
9. Princípios constitucionais do direito do trabalho – CF, art. 7º: 
9.1 Princípio da irredutibilidade salarial – inciso VI; 
9.2 Princípio da proteção do trabalho do menor – inciso XXXII; 
9.3 Princípio do reconhecimento das convenções coletivas de trabalho – inciso XXVI.

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