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- -1 Classificação dos Tributos Graziela Alves Gomes de Deus Correia Introdução Quando você vai ao supermercado fazer compras, sabe quais os tributos que paga por elas? Ou você pensa que tudo é imposto? É importante que você, futuro contador, saiba diferenciar os tributos existentes. Afinal, nem tudo é imposto. É preciso compreender que o não pagamento dos tributos ou não declarar os fatos contábeis são atitudes erradas que o contribuinte não deve fazer. Profissionalmente, será você o responsável por auxiliar os gestores na distinção entre impostos, taxas e contribuições. Na sua vida pessoal, porém, você também poderá aplicar este conhecimento na prática, sabendo qual o destino de cada tributo. Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a classificação dos tributos em: impostos, taxas e contribuições. Tributos Primeiramente é preciso determinar o conceito de tributo. Segundo o artigo 3° do Sistema Tributário (BRASIL, 1966), “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Isso significa dizer que: · o tributo tem natureza pecuniária, portanto é identificado em dinheiro e não deve ser pago em outra moeda. Assim, podemos afirmar que não é permitido o pagamento dos tributos com imóveis ou qualquer outro bem ou direito; · os tributos são compulsórios, portanto são obrigatórios; caso não seja realizado o recolhimento do mesmo, incorre a sonegação fiscal; · o tributo deve ser pago em moeda corrente do país, ou seja, em reais; · o tributo não é uma sanção de algum ato ilícito, sua origem é sempre lícita e prevista na legislação; · só existe o tributo se existir uma lei que o estabeleça, conforme o princípio da legalidade tributária estabelece. • - -2 Quando ocorre o fato gerador, surge o tributo. Lembrando que, para isso, o mesmo deve estar vinculado de maneira plena à legislação. Com o surgimento do tributo, surge a obrigação tributária, assim o sujeito passivo (que é o contribuinte) é obrigado a recolher o tributo para sujeito ativo (que é quem recebe o tributo). É preciso saber quais são os tributos, quais as classificações existentes, diante de tal necessidade a Constituição Federal (especificamente no artigo 145) (BRASIL, 1988) juntamente com o Sistema Tributário (BRASIL, 1966), em seu artigo 5, determinam as espécies de tributos. Entre eles, temos os impostos, as taxas e as contribuições. Impostos Os impostos são formados por um valor em dinheiro, o qual deve ser pago ao governo (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) tanto por pessoas físicas quanto por pessoas jurídicas. Este tributo tem por finalidade custear um pouco das despesas administrativas do governo, bem como os investimentos em infraestrutura e serviços que são essenciais para a população (saúde, educação e segurança). É um tributo que é imposto ao contribuinte diante da ocorrência do fato gerador, o não pagamento do mesmo ou a omissão dele poderá acarretar em problemas com a justiça. SAIBA MAIS Os princípios tributários são estabelecidos pela legislação, a qual além disso, rege também sobre todos os conceitos dos tributos e finalidades. Para saber mais sobre os princípios e normas gerais leia o “Código Tributário Nacional”, disponível no site do Senado Federal. - -3 Figura 1 - Prisão decorrente de sonegação fiscal Fonte: pikselstock, Shutterstock, 2019. O que diferencia o imposto dos demais tributos é que ele não tem vínculo. Ou seja, o contribuinte deve pagá-lo mesmo que o Estado não realize uma contraprestação. Os impostos podem, segundo a Constituição Federal, ser criados pela União, pelos Estados, pelos Municípios e pelo Distrito Federal. Conforme o artigo145, I, e no §1° da Constituição Federal, “sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte” (BRASIL, 1988). A legislação determina que os impostos tenham caráter pessoal, logo sua cobrança deve ser realizada de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, portanto, a Constituição Federal impõe o não confisco. Como exemplos temos: Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto de Renda Pessoa Física, Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), entre tantos outros existentes em nosso país. Os impostos podem ser diretos ou indiretos. Os impostos diretos são taxados sobre a renda direta do cliente. Um exemplo seria o Imposto de Renda Pessoa Física ou Pessoa Jurídica (quanto mais o contribuinte ganha, maior será o seu imposto, por isso é um imposto direto). - -4 Figura 2 - Imposto de renda Fonte: Fotos593, Shutterstock, 2019. Os impostos indiretos incidem sobre o produto, leva-se em conta o quanto o contribuinte gasta, consome (o valor é calculado com base na compra que o contribuinte efetua e não com base em sua renda, por isso é indireto). O ICMS é um exemplo. É preciso frisar que não há qualquer atividade específica que justifique a cobrança de impostos por parte do Estado, pois tal recolhimento é independente de qualquer atuação estatal. Taxas A taxa é uma modalidade de tributo onde o sujeito passivo, que é o contribuinte, deverá remunerar o Estado, que é o sujeito ativo, por uma atividade diretamente voltada para o contribuinte (sujeito passivo). Por isso se diz que as taxas estão vinculadas a uma contraprestação estatal, fato que diferencia as taxas dos impostos. Sempre que houver a cobrança de uma taxa certamente porque o Estado prestou algum tipo de serviço ou exerceu algum tipo de fiscalização ao contribuinte. O artigo 145 da Constituição Federal determina taxa como sendo: “em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição” (BRASIL, 1988). FIQUE ATENTO Os impostos podem incidir diretamente ou indiretamente sobre o contribuinte. O que diferencia o imposto direto do indireto é o fato ele ser aplicado à renda do contribuinte ou as compras que o mesmo realiza. É importante observar que isso se aplica tanto à Pessoa Física quanto à Pessoa Jurídica. - -5 O fato gerador da taxa pode ser um serviço público ou o exercício do poder de polícia que ocorre para com o contribuinte. Portanto o fato gerador da taxa é produzido pelo Estado, quando o mesmo exerce uma determinada atividade onde o contribuinte deverá efetuar o pagamento de tal atividade. Como a cobrança da taxa está vinculada a um serviço, certamente o Estado não poderá cobrar a taxa se não houver o serviço. Figura 3 - Taxa para poder de polícia Fonte: Naypong Studio, Shutterstock, 2019. Como exemplos de taxas temos a de alvará para funcionamento de comércio, a de coleta de lixo, as ambientais, entre outras. Ressalta-se que o contribuinte da taxa sempre deverá ser a pessoa que faz com que seja necessária a atuação do Estado, isso devendo ser a utilização do serviço de polícia. O serviço específico deve ser relacionado com a ideia de que pode ser individualizada a sua utilização, de tal forma que é possível quantificar quanto cada usuário FIQUE ATENTO Segundo o artigo 77 do Sistema Tributário Nacional (BRASIL, 1966), as taxas cobradas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios são provenientes do poder de polícia então referentes a utilização de serviços públicos que podem ser divisíveis e prestados ou disponibilizados ao contribuinte. - -6 de que pode ser individualizada a sua utilização, de tal forma que é possível quantificar quanto cada usuário dispõe de um determinado serviço. É aquele serviço pelo qual o contribuinte sabe exatamente por qual atividade estatal específica ele está pagando o tributo. Contribuições As denominadas contribuições de melhorias são devidas mediante a atuação do Estado na execução de algo. Por exemplo: construção de ruas, avenidas, parques, rede de esgoto, entre outrasobras que sejam de interesse coletivo. Observe que se a obra não for de interesse coletivo ela não pode ser realizada pelo Estado. Figura 4 - Contribuição para Construções Públicas Fonte: gary yim, Shutterstock, 2019. Para tanto, a legislação brasileira impõe um limite máximo que pode ser cobrado de forma individual, tendo como primeiro critério o da valorização do imóvel e como segundo critério o efetivo curto da obra. A contribuição de melhoria é tributo vinculado a uma prestação estatal, ou seja, para que o Estado cobre este tributo dos contribuintes é necessário que tenha sido, efetivamente, realizada a referida obra pelo Estado. A contribuição de melhoria se diferencia da taxa pelo fato de que aquela é um tributo indireto, ou seja, o contribuinte se beneficia da valorização sobre o imóvel ocasionado pela obra do ente público. Já a taxa é uma prestação direta, onde o contribuinte se beneficia diretamente com o serviço do ente público. Ressalta-se que não é qualquer obra do ente público que é passível de cobrança da contribuição de melhoria. As EXEMPLO É preciso que a obra seja de interesse coletivo, assim, na cidade de Sarandi existe um bairro que não tem as ruas asfaltadas. A prefeitura, mediante o interesse coletivo dos cidadãos, realizou o calçamento e asfaltamento das ruas do bairro. Diante disso, os cidadãos tiveram que pagar por uma contribuição de melhoria. - -7 Ressalta-se que não é qualquer obra do ente público que é passível de cobrança da contribuição de melhoria. As obras realizadas pelo Estado com objetivo da manutenção ou reforma de um patrimônio já existente não podem resultar na cobrança do referido tributo. Essa regra não é absoluta, deve-se analisar as especificidades de cada obra. Afinal, o tributo leva em consideração a valorização do imóvel, a qual deve ser perceptível e recair sobre o imóvel localizado naquele endereço ou próximo a obra. Fechamento Agora pode-se dizer que você conhece alguns “tipos” de tributos e pode auxiliar as pessoas sobre as diferenças existentes entre impostos, taxas e contribuições. Afinal, não são todas as mesmas coisas. Observamos que os impostos decorrem de dois fatores, a renda que a entidade recebe ou então as compras que a entidade realiza e devem ser revertidos a população, principalmente no que diz respeito às necessidades básicas da população, como saúde, educação e segurança. As taxas são decorrentes, principalmente, dos serviços de polícia. Tal serviço pode ser individualizado, mas está à disposição de toda a população. As contribuições de melhoria se referem a atuação do Estado em alguma obra de melhoria, como por exemplo a construção de ruas ou avenidas. Referências BARREIRINHAS, R. S. . 2. ed. Ver. Atual e ampl. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:Manual de Direito Tributário Método, 2009. BERTI, F. de A. . Curitiba: Editora Juruá, 2008.Pedágio – Natureza Jurídica BRASIL. . Diário Oficial da União,Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de agosto de 1988 publicado em 1988, p. 1. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. A cesso em: 1 ago. 2019. BRASIL. . Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, publicado emLei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 1 ago. 2019. BRASIL. . Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e Institui NormasLei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966 Gerais e Direito Tributário Aplicáveis a União, Estados e Municípios. Diário oficial, publicado e 1966, p. 12. 452. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm. Acesso em: 1 ago. 2019. SABBAG, E. . 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.Manual de Direito Tributário SENADO FEDERAL. Disponível em:Código Tributário Nacional. https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream /handle/id/496301/000958177.pdf?sequence=1. Acesso em: 2 ago. 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496301/000958177.pdf?sequence=1 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496301/000958177.pdf?sequence=1 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496301/000958177.pdf?sequence=1 Introdução Tributos Impostos Prisão decorrente de sonegação fiscal Imposto de renda Taxas Taxa para poder de polícia Contribuições Contribuição para Construções Públicas Fechamento Referências
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