Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
106 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV Unidade IV Esta unidade encerra, neste livro‑texto, o estudo da administração financeira e orçamentária como importante ferramenta de gestão pública. Veremos, aqui, a forma como se materializa a administração pública no Brasil. 7 ORÇAMENTO ANUAL Dando continuidade ao processo de planejamento e atendendo ao que determina o art. 165 da Constituição de 1988 bem como a Lei de Responsabilidade Fiscal, insere‑se na discussão das finanças públicas a Lei do Orçamento Anual (LOA), que também é conhecida como Orçamento da União. Em consonância com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento Anual estabelece as receitas e as despesas para o ano seguinte ao de sua elaboração numa sistemática de integração entre planejamento e orçamento, conforme demonstra a figura a seguir: Elaboração e revisão dos planos ‑ Plano Plurianual – PPA ‑ Lei de Diretrizes Orçamentárias ‑ LDO Execução orçamentária e financeira ‑ Cronograma ‑ Reprogramação Controle e avaliação da execução orçamentária e financeira Decreto de execução financeira Programação orçamentária Discussão, votação e aprovação da Lei Orçamentária Sanção presidencial e Publicação da Lei Orçamentária Elaboração da proposta orçamentária Figura 8 – Sistemática do processo orçamentário no Brasil 107 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Saiba mais A LOA leva em consideração o que se determina o art. 165 da Constituição de 1988, mas deve‑se ainda ter em mente o que preconiza a Lei nº 4.320 de 1964, que estatui normas gerais de elaboração e controle financeiro da União, Estados e Municípios além do Distrito Federal. Leia o texto integral da lei: BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em 7 de abr. de 2015. Na União, a elaboração do orçamento anual desenvolve‑se no âmbito do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, cujo órgão central é o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Neste, a responsabilidade pela coordenação, consolidação e supervisão da elaboração orçamentária é da Secretaria de Orçamento Federal (SOF). As unidades de orçamento dos ministérios civis, militares e dos órgãos da Presidência da República constituem‑se em órgãos setoriais do sistema e mantêm com a SOF íntima articulação nas questões orçamentárias. Integram ainda o sistema as unidades orçamentárias, responsáveis, em última análise, pela programação e execução orçamentária (GIACOMONI, 2012, p. 248). Conforme salienta Matias‑Pereira (2012), o projeto de lei do Orçamento Anual deve ser enviado ao Congresso Nacional pelo Presidente da República, acompanhado dos demonstrativos de receitas e despesas inclusive daquelas provenientes de sanções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira tributária e creditícia. O prazo para encaminhamento do projeto de lei orçamentária ao Poder Legislativo é de até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro (NASCIMENTO, 2014). Considerando que o processo de elaboração do orçamento da União não seja uma tarefa fácil, algumas etapas devem ser seguidas para que todos os envolvidos tenham, de alguma forma, suas demandas ali apresentadas. Giacomoni (2012) destaca que, uma boa proposta orçamentária deve passar por, no mínimo, dez etapas: • planejamento do processo de elaboração da proposta; • definição das macrodiretrizes; 108 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV • revisão da estrutura programática; • avaliação das necessidades de financiamento do governo central para a proposta orçamentária; • estudo, definição e divulgação de limites para as propostas setoriais; • captação das propostas setoriais; • análise e ajuste das propostas setoriais; • fechamento, compatibilização e consolidação da proposta orçamentária; • elaboração e formalização da Mensagem Presidencial e do projeto de lei orçamentária; • elaboração e formalização das informações complementares ao projeto de lei orçamentária. Saiba mais Convidamos você a ler o Manual Técnico de Orçamento para 2015, nele você poderá ver, na prática, como está estruturada cada uma das etapas anteriormente descritas. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Manual Técnico de Orçamento – MTO 2015. Brasília, 2015. Disponível em <http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes‑orcamentarias/ manual‑tecnico/mto_2015_1_edicao_‑21‑05‑14.pdf/>. Acesso em 7 de abr. de 2015. Conforme Nascimento (2014, p. 117): O ciclo orçamentário, também conhecido como processo orçamentário, pode ser definido como um processo de caráter contínuo e simultâneo, por meio do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro. Logo, ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação final. Três são os orçamentos que compõe a lei orçamentária anual: o fiscal, o da seguridade social e dos investimentos das empresas estatais. Para Nascimento (2014) em atenção ao princípio da universalidade bem como ao da unidade orçamentária, a integração destes três orçamentos requer apropriação de todas as despesas do setor público federal em um único Orçamento Geral da União. 109 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Integram o orçamento fiscal as receitas e despesas correspondentes aos três poderes, bem como aos órgãos e entidades, tanto aquelas da administração direta, a exemplo de ministérios e secretarias, quanto da indireta, de que são exemplos autarquias, fundações públicas, empresas públicas e as sociedades de economia mista. Giacomoni (2012, p. 231) justifica que estão no orçamento anual [...] as autarquias, devido a sua natureza de pessoa jurídica de direito público e por dependerem dos recursos transferidos do Tesouro para sua manutenção. As fundações públicas, por contarem com mínima receita própria e dependerem de transferência de recursos do Tesouro. Por definição, as empresas públicas e as sociedades de economia mista seriam autossuficientes, ou seja, produziriam os recursos para sua operação. Quando isto não ocorre, a empresa passa a fazer parte do orçamento. Seja por administração direta quanto por indireta, e elaborado para áreas com responsabilidades bem delineadas a exemplo de saúde, previdência social e assistência social, o orçamento da seguridade social, cobre todas as “despesas classificáveis como de seguridade social e não apenas as entidades e órgãos da seguridade social” (GIACOMONI, 2012, p.231). O Orçamento da Seguridade Social para o ano de 2014 foi aprovado pela Lei nº 12.952, de 20 de janeiro de 2014 – Lei Orçamentária Anual (LOA) – sendo suas receitas fixadas em R$ 643.979.803.242,00 mais R$ 654.746.947.069,00 provenientes de refinanciamento de dívida pública federal a ser dividido com o orçamento fiscal para o mesmo ano que teve dotação orçamentária de R$ 1.084.451.246.999,00.Quanto às despesas1, o orçamento da seguridade e o fiscal, respectivamente, receberam R$ 712.911.351.891,00 e R$ 1.015.519.698.350,00 pois são apresentados conjuntamente em um mesmo documento (BRASIL, 2014b). Saiba mais O Decreto nº 8.197, de 20 de fevereiro de 2014 especifica todas as categorias de receitas e despesas de que fazem parte os orçamentos fiscal e da seguridade social no Brasil para o ano de 2014. Temos certeza de que você aproveitará o que ali se apresenta. BRASIL. Decreto nº 8.197, de 20 de fevereiro de 2014. Dispõe sobre a programação orçamentária e financeira, estabelece o cronograma mensal de desembolso do Poder Executivo para o exercício de 2014 e dá outras providências. Brasília, 2014a. Disponível em: <http:// www12.senado.gov.br/orcamento/documentos/loa/2014/execucao/ programacao‑financeira‑contingenciamento/por‑ordem‑cronologica/ decreto‑no‑8.197‑de‑20‑de‑fevereiro‑de‑2014‑e‑anexos/at_download/ file>. Acesso em: 7 abr. 2015. 1 Considerando o refinanciamento da dívida no valor de R$ 654.746.947.069,00. 110 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV Individualizado, o orçamento de investimentos das empresas estatais, é elaborado pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), unidade integrante da estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e envolve investimentos realizados pelas empresas em que o Poder Público, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. O orçamento de investimentos das empresas estatais, também designado pela sigla OI, [...] abrange os gastos com aquisição de bens classificáveis no ativo imobilizado de cada empresa. Não estão incluídos nesse orçamento os bens que envolvam arrendamento mercantil – o denominado leasing – e as benfeitorias realizadas em bens da União, bem como aquelas necessárias à infraestrutura de serviços públicos concedidos, também, pela União (BRASIL, 2011c). O Orçamento de Investimento das Empresas Estatais para o ano de 2014 foi aprovado pela Lei nº 12.952, de 20 de janeiro de 2014 – Lei Orçamentária Anual (LOA) – fixando a dotação orçamentária de R$ 105.675.323.398,00 para a execução de obras ou serviços em 328 projetos e 260 atividades (BRASIL, 2014e). O Relatório de Execução Orçamentária referente ao 1º bimestre de 2014 informa que as empresas abarcadas por tal dotação orçamentária – que é anual – atuam em diversos setores e ramos de atividades, sendo: • sete, no setor financeiro e de seguros; • três, no setor de armazenamento e abastecimento de produtos agrícolas; • vinte e cinco, no setor de energia elétrica, em atividades de pesquisa, geração, transmissão, distribuição urbana e rural e comercialização; • quinze, no setor de petróleo, derivados e gás natural, em pesquisa, extração, refino, transporte e distribuição de derivados para o consumidor final; • oito, no setor de administração portuária; • uma, no setor de serviços postais; • uma, no setor de desenvolvimento e administração da infraestrutura de aeroportos, bem como na proteção ao voo e segurança do tráfego aéreo; • três, no setor industrial de transformação, nos segmentos de equipamentos, insumos militares, de produção de moeda, cédulas, selos e similares, bem como de processamento de hemoderivados; e • oito, no setor de serviços, como processamento de dados, agenciamento de turismo e gestão de ativos. 111 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Saiba mais Acesse o site do Ministério do Planejamento para obter mais informações acerca do orçamento de investimentos das empresas estatais no Brasil para o ano de 2014 dividido por bimestres. BRASIL. Ministério do Planejamento. Orçamento de investimento 2014. Brasília, 2014c. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/ ministerio.asp?index=4&ler=t11109>. Acesso em: 8 abr. 2015. Giacomoni (2012, p. 65), destaca que: O orçamento das estatais, antes de um verdadeiro orçamento, era um quadro em que apareciam consolidadas as principais contas de receitas e despesas (custeio e investimentos) do lado descentralizado do Governo Federal, isto é, de sua enorme estrutura de administração indireta. Esse orçamento começou a ser elaborado a partir de 1980, com o objetivo de possibilitar às autoridades controle mais efetivo sobre os setores governamentais autônomos, enquadrando‑os na política de austeridade necessária em face da crise financeira aguda que atingia a União. Afora alguns exageros, como o de envolver certos organismos que, por receberem recursos do Tesouro, já eram devidamente controlados pelo próprio orçamento fiscal, o orçamento das estatais podia ser entendido e aceito dentro do princípio da totalidade, isto é, apenas os grandes números dos organismos descentralizados eram objeto de apresentação consolidada, sem sacrifício da autonomia e flexibilidade operacional dessas entidades, possibilitando ao governo, ao mesmo tempo, a necessária visão de conjunto de suas finanças. Lembrete Lembre‑se de que se trata de orçamento de investimentos, portanto, nele não se estabelecem receitas e despesas operacionais. Conforme destaca Nascimento (2014, p. 70): A exigência da inclusão, entre as peças da Lei Orçamentária Anual, do orçamento de investimentos das empresas estatais (inciso II, § 5‑, art. 165) é uma das inovações trazidas pela Constituição de 1988. Se, por um lado, não faz sentido submeter, ao processo orçamentário unificado, as finanças operacionais das empresas estatais, por outro, justifica‑se o controle parlamentar sobre os investimentos programados por este importante 112 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV segmento do Estado, pois a maior parte dessas aplicações, direta ou indiretamente, conta com o apoio do orçamento central, seja na forma de aumento de capital, renúncia no recebimento de dividendos, seja, ainda, na concessão de aval para operações de financiamento, entre outras. É importante atentar para o que salienta Giacomoni (2012, p. 231): Afora o evidente significado político que caracteriza a programação de investimentos dessas empresas, as próprias fontes de recursos que viabilizam tais investimentos têm natureza de receita pública – dividendos retidos, aumento de capital por parte do Poder Público, transferências de recursos do orçamento, operações de financiamento com aval do Poder Público etc. –, o que reforça a necessidade de que essas ações tenham acompanhamento e controle públicos. Observação Observe que cada peça orçamentária tratada neste livro, quais sejam; PPA, LDO e LOA, apresentam períodos de vigência diferentes. O PPA é para quatro anos e os outros dois, anuais. Esses três orçamentos estão interligados de forma harmônica dentro de um sistema integrado de planejamento‑orçamento. A utilização do princípio da unidade, do qual trataremos adiante, no processo de elaboração torna o orçamento mais transparente, facilitando seu controle e a avaliação. Pela avaliação de Nascimento (2014), o desmembramento do orçamento no Brasil em três peças foi baseado em propósitos específicos, a exemplo da utilização de um orçamento da seguridade social cujo objetivo é o de evitar desvios de recursos, originalmente destinados a essa área, para outras finalidades. Lembrete Apesar da existência de três peças orçamentárias no Governo Federal, elas devem ser harmônicos entre si, integrando uma única norma legal: a Lei OrçamentáriaAnual (LOA). Desde de seu surgimento, as questões orçamentárias estão envoltas a uma miríade de regras com o intuito de dar‑lhe consistência no cumprimento de sua finalidade, qual seja, a de auxiliar no controle parlamentar sobre os Executivos. Giacomoni (2012, p. 62) diz que “essas regras (princípios) receberam grande ênfase na fase em que os orçamentos possuíam forte conotação jurídica e, alguns deles, chegaram até os dias de hoje”. Passaremos então a tratar dos princípios orçamentários. 113 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS 7.1 Princípios orçamentários Para Giacomoni (2012), os princípios orçamentários procuram salientar não só as regras, mas também o que se deve observar quando da elaboração de orçamentos. Não devem ser considerados como regras inflexíveis, mesmo porque há necessidade de adaptação ao longo do tempo e ao tipo de Estado – liberal ou interventor –, adequadas às características de cada país bem como ao seu período de elaboração. Por outro lado, Nascimento (2014) destaca que são os princípios que fazem do orçamento público peça transparente facilitando, desta forma, seu controle bem como sua avaliação. Na literatura disponível sobre o assunto, é possível verificar divisão entre os princípios orçamentários. Tal divisão atende aos princípios fundamentais, sendo os mais aceitos pela maioria dos agentes públicos e operacionais que procuram dotar o orçamento de eficiência e racionalidade. Destacam‑se dentre os princípios orçamentários fundamentais: Princípio da legalidade De acordo com o princípio da legalidade, o sistema orçamentário deve refletir o que foi planejado e o que foi programado pelo poder público, de forma que sejam garantidos os atos relacionados aos interesses da sociedade. Esse princípio versa ainda que a legalidade deverá corresponder tanto à receita quanto à despesa. Quanto à legalidade pelo lado da despesa, deverá ser autorizada inicialmente pela Lei do Orçamento ou por lei de créditos adicionais, chamadas de especiais. Já pelo lado das receitas, também deverá atender à legislação, sendo esta a própria que instituiu o tributo (NASCIMENTO, 2014). Princípio da reserva legal O primeiro princípio a ser definido – e expressando que o orçamento deve ser objeto de lei (NASCIMENTO, 2014) – é o de Reserva Legal, que é a preocupação e a iniciativa exclusiva do Poder Executivo em propor a Lei do PPA, bem como das LDO e LOA. Tal princípio versa que o orçamento deve ser objeto de lei e desenvolvido compreendendo um processo legislativo completo. Conforme Nascimento (2014, p. 99): A legalização da despesa orçamentária ocorre da seguinte forma: uma proposta, que contém o projeto de lei do orçamento, deve ser elaborada pelo Executivo e submetido ao Legislativo (Congresso Nacional, em nível federal), para que possa ocorrer apreciação (autorização – controle público) e a posterior devolução da lei ao Poder Executivo para sanção e publicação. Um dos aspectos mais importantes nesse processo é que as despesas do orçamento precisam receber autorização legal. O orçamento precisa ter força de lei para que todos saibam que ele foi autorizado. 114 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV Princípio da periodicidade Pelo princípio da periodicidade, ou da anualidade, vê‑se que o orçamento deve abranger determinado período de tempo, sendo este um ano, o chamado ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro) em que se entende ser razoável para que o Poder Legislativo possa legislar, controlar e corrigir o orçamento, se necessário. Observação A correção dos desvios é um preceito estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que é concretizado por meio de relatórios tais como o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO), publicado bimestralmente e o Relatório de Gestão Fiscal (RGF), publicado quadrimestralmente. Tanto o Relatório Resumido de Execução Orçamentária quanto o Relatório de Gestão Fiscal preocupam‑se em acompanhar anualmente a previsão das receitas e das despesas e, na ocorrência de desvios de algum destes, medidas corretivas devem ser adotadas junto à LDO. Princípio da exclusividade Integrante do art. 165, § 8º da CF, o princípio da exclusividade versa que a lei orçamentária conterá exclusivamente informações relacionadas à previsão de receitas e despesas para o exercício subsequente àquele quando de sua elaboração, ainda que seja permitida a abertura de créditos capazes de completar receita por antecipação, desde que de acordo com a lei. Princípio da unidade O entendimento desse princípio reside na própria consideração da palavra “unidade”, de uno, único em que cada ente federado, seja União, Distrito Federal, Estados e Municípios deve elaborar seu próprio orçamento, eliminando qualquer possibilidade de existência de orçamentos paralelos. Para Nascimento (2014, p. 63): [...] no caso do Brasil, a União possui três peças orçamentárias (o que pode sugerir o desrespeito ao princípio da Unidade): o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o orçamento de investimentos em empresas que a União detenha a maioria do capital social votante. Giacomoni (2012, p. 64) complementa o que apresenta Nascimento: Não raro, mesmo no passado, o princípio era descumprido, pois situações de excepcionalidade, como guerras, calamidades, crises econômicas acabavam justificando o emprego de orçamentos especiais, que operavam 115 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS em paralelo ao orçamento ordinário. Mais tarde com a descentralização do aparelho estatal, generalizou‑se a prática dos orçamentos paralelos. Muitas das funções públicas passaram a ser desempenhadas por entidades dotadas de grande autonomia, especialmente financeira. As autarquias ainda mantinham vínculo com o orçamento central, saindo daí o grosso dos recursos para sua operação. Já surgiram, porém, paraestatais, dotadas de ainda maior autonomia (sociedade de economia mista e empresas públicas), cuja autossuficiência financeira as afastava totalmente do sistema financeiro e orçamentário central. Diante dificuldades em se atender ao princípio da unidade orçamentária e no afã de envolver novas situações conforme as anteriormente destacadas, a lei passou a adotar o princípio da totalidade possibilitando, dessa forma, a “coexistência de múltiplos orçamentos que, no entanto, devem sofrer consolidação de forma que permita ao governo uma visão geral do conjunto das finanças públicas” (GIACOMONI, 2012, p. 64). Princípio da universalidade Possibilitando ao Legislativo conhecer e autorizar previamente as receitas e as despesas, está previsto nos artigos 2º, 3º, 4º e 6º da Lei nº 4.320/64 o princípio da universalidade. Nascimento (2014, p. 92) afirma que “a ideia desse princípio está associada a palavras tais como totalidade, total, todas etc., no sentido de que o orçamento deverá conter todas as receitas e todas as despesas públicas”, mesmo que se assumam algumas exceções. Uma delas é que não se incluem no orçamento as receitas e as despesas extraorçamentárias, a exemplo das operações de crédito por antecipação da receita (as chamadas Aros), as emissões de papel‑moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros, conforme citado no parágrafo único do art. 3º da Lei nº 4.320/64. Em relação às receitas orçamentárias, que funcionam como um fluxo de caixa disponível, elas não podem ser computadas paraefeito de programação das despesas, pois não são suporte de nenhuma dotação orçamentária já que não estão previstas no orçamento. São exemplos de receitas orçamentárias (NASCIMENTO, 2014, p. 93): • Salários e valores não reclamados; • Operações de crédito por antecipação da receita (Aros); • Depósitos em garantia; • Depósitos em caução, garantia de caução; • Depósitos judiciais e extrajudiciais. 116 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV Outra exceção que se faz ao princípio da universalidade está relacionada às despesas extraorçamentárias entendidas como aquelas “realizadas (pagas) à margem da LOA e dos créditos adicionais regularmente abertos, tendo, por isso, a singular natureza de ser independentes de prévia autorização legislativa” (NASCIMENTO, 2014, p. 93). Ainda constituem exemplos típicos de despesas extraorçamentárias: • As saídas do passivo financeiro que sejam compensatórias de entradas no ativo financeiro em razão de receitas extraorçamentárias (tais como as que ocorrem por ocasião da restituição de valores recebidos como caução, consignação ou depósito) – nessa ótica a despesa extraorçamentária é o pagamento (restituição) de uma receita extraorçamentária. • Os pagamentos relativos à liquidação de operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (Operações por Aro) realizadas no exercício. Conforme destaca Giacomoni (2012, p. 66): O princípio da universalidade está claramente incorporado na legislação orçamentária brasileira. Na Lei n° 4.320/64, o cumprimento da regra é exigido nos seguintes dispositivos: Art. 2º – A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciar a política econômico‑financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade. Art. 3º – A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. O tratamento dado ao tema da universalidade orçamentária pela Constituição de 1988 significou um avanço importante. Conforme o parágrafo 5 do artigo 165, a lei orçamentária anual compreenderá: I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (BRASIL, 1988). 117 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Destacam‑se a seguir os princípios orçamentários operacionais. Princípio do equilíbrio orçamentário Como o nome sugere, o princípio do equilíbrio orçamentário evidencia a necessidade de equilíbrio entre receitas e despesas, evitando‑se o financiamento de despesas correntes por meio de endividamento. O princípio, juntamente com o postulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF –, compreende a chamada Regra de Ouro das finanças públicas, [...] a qual tem como objetivo impedir que operações de crédito, que são receitas de capital, financiem despesas correntes. Além disso, tanto a Lei nº 4.320/64 como a LRF e a própria Constituição Federal procuram garantir o cumprimento do princípio do Equilíbrio de uma forma mais ampla, estabelecendo normas e impondo condições para a criação de despesas. Tais normas determinam que a criação de qualquer despesa deve vir acompanhada da indicação da fonte de recursos para garantir o equilíbrio orçamentário. A Constituição zela também pelo princípio do Equilíbrio ao determinar que a criação de despesa adicional feita por emenda parlamentar só será possível mediante a indicação de recursos necessários, só sendo admitidos àqueles recursos provenientes da anulação de outras despesas do orçamento. A mecânica é simples: se para cada despesa proposta pelo Executivo existem recursos correspondentes, ao se anular uma despesa, os recursos ficarão liberados, podendo ser utilizados em outra finalidade, sem afetar o equilíbrio orçamentário (NASCIMENTO, 2014, p. 98). Princípio da publicidade Outro princípio cuja denominação fala por si: o da necessidade de publicizar o orçamento público, tornando claro seu entendimento e público, devido à ampla divulgação nos diários oficiais. Princípio da especificação Também chamado de princípio da discriminação, reza que as receitas e as despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada, em que sejam demonstradas tanto a origem quanto a aplicação de recursos. O objetivo é o detalhamento dos dados, pois quanto maior a discriminação, mais claro será o entendimento de receitas e despesas e, dessa forma, maior a possibilidade de fiscalização pelos agentes competentes. O princípio da especificação determina ainda que os montantes das receitas e despesas devem estar bem identificados, de modo que possam ser entendidos por toda a sociedade, quer seja indiretamente, pelos seus representantes (ou congressistas), quer seja diretamente, pelo cidadão comum, pelo chamado controle social. Em termos de lei, vale ressaltar o que apresenta Nascimento (2014, p. 97): 118 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV O § 4º do art. 5º da LRF estabelece a vedação de consignação de crédito orçamentário com finalidade imprecisa, exigindo, assim, a especificação da despesa. Também o artigo. 5º da Lei nº 4.320/64 estabelece que a Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesa de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras. Princípio da não vinculação de receita Esse princípio, também chamado de princípio da não afetação (não vinculação) e da quantificação dos créditos orçamentários, define que nenhuma parcela da receita de impostos poderá ser posta em reserva para cobrir certos e específicos dispêndios. A ideia é garantir ao gestor público que os recursos ficarão livres de compromissos para que eles possam atender às despesas conforme as prioridades que as circunstâncias e a conjuntura econômico‑financeira requerem (NASCIMENTO, 2014). Para Giacomoni (2012), a observância a tal princípio não é tarefa das mais fáceis, devido a alguns tipos de receitas públicas serem, por sua natureza, vinculadas à execução de determinadas despesas do que exemplifica o volume arrecadado com algum tipo de taxa que financia a própria oferta (ou manutenção) de um bem público. Deve‑se acrescentar a tal fato a possível ocorrência de empréstimos para que sejam cumpridos contratos firmados anteriormente, ou ainda situação de emergência, a exemplo de calamidades. Princípio do orçamento bruto Princípio que surgiu junto ao da universalidade, o princípio do orçamento bruto, previsto no art. 6º da Lei nº 4.320/64, determina que todas as receitas e despesas devem aparecer em seus valores brutos. Tem a finalidade de impedir a inclusão de importâncias líquidas, sem a discriminação, por exemplo, da origem e da totalidade dos recursos arrecadados. Assim, o orçamento público deve apresentar e discriminar os abatimentos e os descontos aos valores brutos com a finalidade de satisfazer a outro princípio orçamentário que é o princípio da transparência. Ao se impedir a apresentaçãode valores líquidos, evita‑se que informações sobre valores de abatimentos, descontos e compensações sejam escondidos pela simples apresentação de valores líquidos sem a discriminação desses diversos tipos de descontos (NASCIMENTO, 2014). Para Giacomoni (2012, p. 71): Atendendo a um aspecto particular da universalidade, o princípio do orçamento bruto buscava impedir o florescimento das atividades empresariais do Estado, que não poderiam ser conciliadas com o cumprimento da regra. Com o passar do tempo, os empreendimentos econômicos do Estado (estradas de ferro, mineração, correios e telégrafos etc.) cresceram vertiginosamente, com a consequente violação do princípio, pois seria impossível que todas as receitas e despesas dessas entidades sofressem tratamento centralizado; os valores líquidos 119 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS resultantes da operação dessas organizações é que passaram a integrar o orçamento governamental. 7.2 Execução orçamentária e financeira Do que foi apresentado sobre orçamentos bem como seus programas e princípios, deve‑se considerar as principais etapas que caracterizam a execução das despesas e das receitas públicas. Nesse aspecto, a literatura especializada no assunto, Giacomoni (2012), Nascimento (2014), Rezende (2012) e Matias‑Pereira (2012) dividem o assunto em duas partes distintas: uma relacionada à Norma Geral, em que se consideram as disposições constitucionais bem como a Lei nº 4.320/64, e outra relacionada à Norma Federal, em que as características são apropriadas à esfera federal do governo. No que diz respeito à Norma Geral, o tratamento da questão centra‑se no exercício financeiro, na execução da despesa, na execução da receita e no regime de contabilidade. Saiba mais Para maior detalhamento quanto à Norma Federal, consulte o livro: GIACOMONI, J. Orçamento público. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Quanto ao exercício financeiro, no Brasil este coincide com o ano civil e, dessa forma, os orçamentos anuais devem ser executados compreendendo o início e o final do ano, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Apesar de a norma legal não prever extensão do exercício, pode ocorrer de alguns lançamentos serem efetuados com atraso, sendo permitida na contabilidade a manutenção de lançamentos em aberto no dia 31 de dezembro. No que diz respeito à execução da despesa, esta deverá atender ao detalhamento do orçamento que também pode ser chamado de orçamento analítico em que o poder público aprovará aquele que apresentar maior quantidade de discriminação entre as receitas e as despesas. Nesse aspecto, deve‑se considerar: • o registro dos créditos e dotações; • a programação de desembolsos; • as formas de licitação quando da aquisição de bens e serviços por parte do poder público, atendendo às modalidades de concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão; • estágios das despesas compreendendo seu empenho; • liquidação; 120 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV • pagamento; • mecanismos retificadores do orçamento, quando necessários e em consonância com autorização legislativa. Quando se trata da execução da receita, a abordagem é mais simples do que da execução das despesas por compreender execução da receita tributária. Desse modo, alguns aspectos devem ser levados em consideração. O primeiro é proceder ao lançamento do crédito tributário. Para tanto, é necessário: • verificar a ocorrência de fato gerador; • determinar a matéria tributável; • calcular o montante do tributo devido; • identificar o sujeito passivo; • aplicar penalidade cabível, quando necessário. Outros procedimentos que devem ser considerados são: o da arrecadação, que pode ser de forma direta (quando realizada por órgão público ou mesmo por rede bancária autorizada) ou indireta (em que um agente retém valores de algum contribuinte para posterior recolhimento); e o do recolhimento, em que todas as receitas compõem um caixa único. Deve‑se ainda considerar a execução da receita não tributária bem como da dívida ativa, tributária e não tributária. Quanto ao regime da contabilidade, este se divide em dois: • Regime da despesa, em que se observa: — o empenho como estágio da competência, em que se entende a despesa empenhada num exercício e paga no seguinte; — os restos a pagar, entendidos como passivos do exercício, ou seja, despesas empenhadas e não pagas; e — despesas de exercícios anteriores. • Regime da receita que atende ao estágio de caixa; regime de caixa do ponto de vista contábil e que trata da efetiva arrecadação, e não somente de sua previsão de receita. 121 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Saiba mais Sobre as inscrições e o tratamento dos restos a pagar no orçamento público, leia: BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em: 7 abr. 2015. No que se pode tratar da Norma Federal, deve‑se considerar: • o detalhamento do orçamento com o Quadro de Detalhamento de Despesas e o Detalhamento do Orçamento diretamente no Siafi – Sistema Integrado de Administração Financeira; • a programação dos desembolsos; • a descentralização dos créditos; • a liberação de recursos financeiros; • a retificação e a alteração da lei orçamentária; • a inscrição em restos a pagar. Saiba mais Conheça mais sobre o Sistema Integrado de Administração Financeira – Siafi – acessando: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi> 8 DEMAIS ABORDAGENS Tão importante quanto o que tratamos até então, é necessário ainda que você conheça como se compõem o déficit e a dívida pública bem como suas classificações e, a título de auditoria e controle orçamentário, a Lei de Responsabilidade Fiscal. 122 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV 8.1 Dívida pública Conforme Matias‑Pereira (2012), a dívida pública é resultado de acúmulos de déficits públicos (resultado negativo entre receitas e despesas) e utilizada pelo governo como forma de financiar a oferta de bens públicos sem que seja necessária a espera de arrecadação tributária no tempo certo. Nesse aspecto, vale a discussão das Necessidades de Financiamento do Setor Público, as chamadas NFSP. Elas representam o resultado da diferença entre despesas e receitas; as informações acerca dessas categorias orçamentárias são disponibilizadas pela Secretaria da Receita Federal, Secretaria do Tesouro Nacional e Instituto Nacional do Seguro Social. Por uma primeira aproximação e considerando uma economia sem inflação, o déficit do governo (NFG) será composto pela soma de consumo (CG), juros de dívida interna (JG), investimentos efetuados (IG) todos diminuídos do volume de arrecadação (T). Podemos expressar da seguinte forma: NFG = CG + JG + IG – T Observação Observe que, na equação, T representa a arrecadação líquida em que são excluídos subsídios e transferências (já considerados nos gastos) bem como despesas financeiras (consideradas nos juros). Em caso de arrecadação superior ao volume de desembolso, ocorrerá situaçãode superávit orçamentário, também chamada de poupança do governo quando do acúmulo dos superávits. A poupança será igual à diferença entre arrecadação (T) e gastos (CG) acrescido dos juros (JG), se o caso. Por expressão: SG = T – (CG + JG) Há diversas formas de o governo avaliar o déficit público: são os chamados regimes de caixa e regime de competência. Pelo critério do regime de caixa, as despesas são consideradas no momento de seu efetivo pagamento enquanto que, pelo regime de competência, as despesas são consideradas no momento em que foram geradas e não no momento de seu pagamento. Fala‑se em período postecipado no regime de caixa e antecipado no regime de competência. No caso específico do Brasil, as NFSP são apuradas pelo regime de caixa, excetuando‑se as despesas com juros que são apuradas no regime de competência. Ainda quanto às Necessidades de Financiamento do Setor Público, há diferentes classificações que devem ser consideradas. 123 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS 8.1.1 NFSP em seu conceito operacional Conceito muito utilizado no Brasil em períodos de inflação elevada, a necessidade de financiamento do setor público no conceito operacional, também chamado de déficit operacional, iguala‑se ao déficit primário quando acrescido do pagamento de juros. Expressa o valor do resultado nominal, excetuando‑se do que compõe a despesa de juros associada à atualização monetária incidente sobre uma dívida passada. Por expressão, tem‑se que Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP) será igual ao gasto público não financeiro (G) diminuído da arrecadação não financeira (T) e somado ao estoque de dívida, considerando a taxa de juros real (rB). Por expressão: NFSP = G – T + rB Conforme Rezende (2012, p. 274), Déficit operacional = déficit primário + pagamento de juros reais 8.1.2 NFSP em seu conceito nominal O déficit nominal corresponde ao total de gastos do governo menos o total arrecadado e pode ser medido tanto pelo método “acima da linha” como pelo “abaixo da linha”. Enquanto o método “acima da linha” preocupa‑se com as estatísticas fiscais pela apresentação dos fluxos de receitas e despesas, o método “abaixo da linha”, mais fiel na avaliação de Giambiagi e Além (2008), preocupa‑se apenas com o desequilíbrio entre as receitas e as despesas e, no caso de as despesas superarem as receitas, há a necessidade de financiamento do setor público. Resumindo: Déficit nominal = gastos totais – receitas totais 8.1.3 NFSP em seu conceito primário O conceito primário desconta do montante das necessidades operacionais de financiamento a despesa com juros reais. Exclui do déficit nominal o pagamento dos juros e das amortizações da dívida pública, entre outras despesas e receitas financeiras. Rezende (2012, p. 274‑275) explica que pelo método “abaixo da linha” demais conceitos são apurados pelo Banco Central: • Dívida Líquida do Setor Público (DLSP): é dada pela soma das dívidas interna e externa do setor público (governo central, Estados e municípios e empresas estatais) junto ao setor privado, incluindo a base monetária e excluindo‑se ativos do setor público, tais como reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores das privatizações. • Ajuste patrimonial: item da DLSP que contabiliza a diferença entre os passivos do governo, contraídos no passado e posteriormente reconhecidos (esqueletos), e os resultados da privatização. 124 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV • Dívida Fiscal Líquida (DFL): é dada pela diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial. • Necessidade de Financiamento do Setor Público: corresponde ao conceito de déficit nominal apurado pelo critério “acima da linha”. Refere‑se à variação da DFL entre dois períodos de tempo. • Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito operacional: exclui das necessidades de financiamento nominais a correção monetária (efeito inflacionário) que incide sobre a DFL. Seu correspondente pelo critério “acima da linha” é o déficit operacional. • Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito primário: exclui das necessidades de financiamento nominais, o pagamento de juros nominais que incide sobre a DFL. Equivale ao déficit primário apurado pelo critério “acima da linha”. Saiba mais Para maiores informações acerca da dívida pública brasileira, indicamos: SILVA, A. C.; CARVALHO, L. O. de; MEDEIROS, O. L. de (Org.). Dívida pública: a experiência brasileira. Tesouro Nacional, Brasília, 2009. Disponível em: <http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/livro/ livro_eletronico_completo.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2015. 8.2 Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF Adotada em um período de redemocratização e descentralização do Estado brasileiro em que se procurava transformar a gestão pública no mais próximo possível da gestão privada em termos de eficiência administrativa, desde sua edição em 2012, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tornou‑se a principal norma a ser observada pelos gestores públicos na administração patrimonial e financeira governamental nas três esferas do governo no Brasil. Também chamada de Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, mediante ações em que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, destacando‑se o planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização como premissas básicas. A referida Lei criou uma série de procedimentos fiscais e orçamentários a fim de padronizar a apresentação das informações sobre as receitas e despesas fiscais no país. Além disso, criou uma série de condicionamentos com o objetivo de conter os desperdícios e os dispêndios destituídos de amparo financiador. 125 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Saiba mais Leia o texto da Lei de Responsabilidade Fiscal na íntegra. BRASIL. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015. Conforme Riani (2012, p. 166), [...] a Lei de Responsabilidade Fiscal criou dois índices básicos: um relacionado com os gastos com pessoal e outro com o estoque da dívida pública. Em relação aos gastos com pessoal, criaram‑se índices relacionando‑os com a receita corrente líquida de acordo com o nível e com os poderes. Na esfera estadual, o limite máximo fixado foi de 60%, composto da seguinte forma: 2% para o Ministério Público, 3% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Estado, 6% para o Judiciário, 49% para o Executivo. Na esfera municipal, o limite fixado foi também de 60%, assim distribuídos: 6% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de contas do Município, 54% para o Executivo. Na esfera federal, o limite fixado foi de 50%, assim dividido: 40,9% para o Executivo, 6% para o Judiciário, 2,5% para o Legislativo, 0,6% para o Ministério Público. Quanto à dívida pública, a Lei estabelece limites para endividamento e, segundo Riani (2012, p. 166), obedece à seguinte divisão: • União: o limite máximo de endividamento corresponderá a 3,5 vezes a receita corrente líquida anual.• Estados: o limite máximo de endividamento corresponderá a 2,0 vezes a receita corrente líquida anual. • Municípios: o limite máximo de endividamento corresponderá a 1,2 vezes a receita corrente líquida anual. Leitura obrigatória Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, leia: CAPATAN, A.; BERNARDONI, D. L.; CRUZ, J. A. W. Planejamento e orçamento na administração pública. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2013. (Série Gestão Pública). Disponível em: <http://unip.bv3.digitalpages.com. br/users/publications/9788582129036/pages/‑2>. Acesso em: 8 abr. 2015. 126 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV Objetivando transparência e responsabilização em finanças públicas e apresentando‑se como um código de conduta para os administradores públicos de todo o país, a LRF brasileira teve, segundo Nascimento (2014) e Matias‑Pereira (2012), quatro fontes de inspiração em sua construção. Uma dessas fontes de inspiração foi o Fundo Monetário Internacional e suas recomendações de gestão pública em todo o mundo, notadamente ao assunto transparência nas contas públicas. Outro exemplo veio da Nova Zelândia e seu Fiscal Responsability Act que enfatizava limites e restrições quanto aos gastos públicos. A Comunidade Econômica Europeia e seu estabelecimento de metas estáveis na relação dívida/PIB também foram considerados. Por fim, mas não menos importante, o Budget Enforcement Act do governo americano quanto à administração financeira orçamentária. Quanto aos instrumentos de controle da Lei estão os já conhecidos Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, em que a LRF busca o reforço do papel da atividade de planejamento e vinculação entre as atividades de planejamento e de execução do gasto público. Outra questão de extrema importância apontada pela LRF é a transparência a ser alcançada tanto pela publicação de tais documentos quanto pela participação da sociedade. Para tanto, Nascimento (2014, p. 217) ressalta que diversos mecanismos foram instituídos pela LRF, dentre eles: • a participação popular na discussão e na elaboração dos planos e orçamentos; • a disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade; • a emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal e de execução orçamentária, igualmente de acesso público e ampla divulgação. Matias‑Pereira (2012, p. 353) complementa: As principais vantagens notadas na LRF são a criação de um instrumento necessário para planejamento e controle das finanças públicas, dando transparência às contas dos entes da Federação e, consequentemente, facilitando o controle da sociedade sobre o governo, permitindo uma melhor avaliação da gestão dos prefeitos, governadores e do Presidente da República ao reduzir fortemente os passivos financeiros, além de permitir a participação popular na discussão da LDO e proposta orçamentária, ajudando a direcionar a ação do governo ao interesse da sociedade e impedindo que sejam transferidas heranças financeiras desastrosas de uma gestão para outra. 127 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Saiba mais Você poderá ter acesso ao Relatório de Gestão Fiscal lendo: BRASIL. Tesouro Nacional. Relatório de Gestão Fiscal. Brasília, [s.d.]c. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/‑/relatorio‑de‑gestao‑ fiscal>. Acesso em: 8 abr. 2015. Resumo Esta unidade abordou inicialmente o Orçamento Anual que é elaborado em consonância com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. O Orçamento Anual estabelece as receitas e as despesas para o ano seguinte ao de sua elaboração numa sistemática de integração entre planejamento e orçamento. Vimos ainda que a lei orçamentária anual é composta por três orçamentos distintos mas que, de certa forma, estão interligados: o fiscal, o da seguridade social e dos investimentos das empresas estatais. Para que seja possível entender a lógica orçamentária, apresentamos os princípios orçamentários que devem ser atendidos quando da elaboração de qualquer orçamento público, sem o qual não há completude. Tais princípios são divididos em fundamentais e operacionais, cada qual com suas subdivisões. Como complemento da discussão da execução orçamentária e financeira, a você foram apresentadas características acerca do déficit e da dívida pública brasileira bem como o tratamento da Lei de Responsabilidade Fiscal que, juntamente com a Constituição Federal, regula todos os instrumentos de planejamento e orçamento estudados neste livro‑texto, quais sejam: o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual. Assim, finalizamos a abordagem dos assuntos relacionados às finanças e orçamentos públicos, no entanto, é importante salientar que a discussão não se encerra neste documento. Aqui, apresentamos o debate do ponto de vista da literatura e esperamos que o tema tenha instigado você a buscar mais conhecimentos acerca dos assuntos aqui apresentados. 128 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Unidade IV Exercícios Questão 1. Sobre necessidades de financiamento do governo, indique a alternativa correta: A) O déficit do governo sempre será igual à poupança negativa. B) O desempenho de competência versa sobre as despesas no período em que são de fato pagas. C) As estatísticas “acima da linha” representam o desempenho fiscal de forma desagregada da receita e da despesa. D) NFSP no conceito operacional inclui a taxa de juros nominal. E) Uma dívida pública surge antes de um déficit público. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: poupança e déficit não se confundem. Poupança surge quando as receitas são maiores do que as despesas e os saldos são acumulados ao longo do tempo. Déficit surge quando as despesas são maiores do que as receitas em termos de fluxo não de estoque. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o que se apresentou refere‑se ao regime de caixa e não ao de competência. C) Alternativa correta. Justificativa: na estimativa “acima da linha”, estão apresentadas todas as receitas e todas as despesas de forma separada, ou seja, desagregada para, a partir daí, verificar a ocorrência ou não de déficit ou superávit. D) Alternativa incorreta. Justificativa: NFSP no conceito operacional exclui os efeitos da correção monetária, então trata‑se de juros reais e não nominais. E) Alternativa incorreta. Justificativa: primeiro precisa existir o déficit, depois a necessidade de seu financiamento, que incorre em uma dívida. 129 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FINANÇAS E ORÇAMENTOS PÚBLICOS Questão 2. Sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, assinale a alternativa correta: A) Impôs normas de planejamento e controle das contas públicas. B) Obriga o governo a enviar a LOA ao Congresso até 31 de abril. C) Trata‑se de uma normativa que se enquadra no conceito de rent seeking. D) Vigora desde 2003, quando foi enviada ao Congresso para aprovação. E) Trata‑se de uma lei voltada a assegurar transparência exclusivamente das empresas públicas. Resolução desta questão na plataforma. 130 Re vi sã o: C ar la ; Vito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 946194‑ENERGIA_LINHA%2520DE%2520TRANSMISS%25C3%25A3O‑13.JPG. Disponível em: <m.br/a3‑GA‑7V3h8QQkbTc52hGBUAKdY=/fit‑in/1280x720/filters:watermark(http://imagens.ebc. com.br/abr_watermark.png,1,1,96)/http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil2013/files/ fotos/946194‑energia_linha%2520de%2520transmiss%25C3%25A3o‑13.jpg>. Acesso em: 8 abr. 2015. Figura 2 FILE000484410958.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/x/xenia/ preview/fldr_2008_11_28/file000484410958.jpg>. Acesso em: 7 abr. 2015. Figura 5 MATIAS‑PEREIRA, J. Finanças públicas: foco na política fiscal, no planejamento e orçamento público. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 279. Adaptada. Figura 6 MATIAS‑PEREIRA, J. Finanças públicas: foco na política fiscal, no planejamento e orçamento público. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 318. Figura 7 NASCIMENTO, E. R. Gestão pública. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 107. Adaptada. Figura 8 MATIAS‑PEREIRA, J. Finanças públicas: foco na política fiscal, no planejamento e orçamento público. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 328. REFERÊNCIAS Audiovisuais O HOMEM que mudou o jogo. Dir. Benneth Miller. EUA: Sony Pictures, 2011. 133 minutos. Textuais A LEI da eficiência de Pareto. Econometrix, Fortaleza, 2012. Disponível em: <http://www.econometrix. com.br/pdf/a‑lei‑da‑eficiencia‑de‑pareto.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015. 131 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 BAER, W. A economia brasileira. São Paulo: Nobel, 1996. BRASIL. Biblioteca da Presidência da República. O projeto de reconstrução nacional. Brasília, 15 mar. 1990. Disponível em: <http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex‑presidentes/fernando‑collor/ discurso‑de‑posse/posse‑collor.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015. ___. Carga Tributária no Brasil (2012). Análises por tributos e bases de incidência. Brasília, 2011a. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/estudoTributarios/estatisticas/CTB2012. pdf>. Acesso em: 31 mar. 2015. ___. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 5 abr. 2015. ___. Decreto nº 8.197, de 20 de fevereiro de 2014. Dispõe sobre a programação orçamentária e financeira, estabelece o cronograma mensal de desembolso do Poder Executivo para o exercício de 2014 e dá outras providências. Brasília, 2014a. Disponível em: <http://www12.senado.gov. br/orcamento/documentos/loa/2014/execucao/programacao‑financeira‑contingenciamento/ por‑ordem‑cronologica/decreto‑no‑8.197‑de‑20‑de‑fevereiro‑de‑2014‑e‑anexos/at_download/file>. Acesso em: 7 abr. 2015. ___. Informativo conjunto: Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2014 (PLDO 2014). Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1084702.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, 2000a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em: 7 abr. 2015. ___. Lei nº 8.173, de 30 de janeiro de 1991. Dispõe sobre o Plano Plurianual para o quinquênio 1991/1995. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8173.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Lei n° 8.666/93, de 21 de junho de 1993. Institui normas para licitações e contratos da Administração Pública. Brasília, 1993. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l8666cons.htm>. Acesso em: 4 abr. 2015. ___. Lei nº 9.276, de 9 de maio de 1996. Dispõe sobre o Plano Plurianual para o período de 1996/1999 e dá outras providências. Brasília, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L9276.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015. 132 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 ___. Lei nº 9.989, de 21 de julho de 2000. Dispõe sobre o Plano Plurianual para o período de 2000/2003. Brasília, 2000b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9989.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Lei nº 12.952, de 20 janeiro de 2014. Estima a receita e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 2014. Brasília, 2014b. Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/orcamento/ documentos/loa/2014/execucao/despesa‑fiscal‑seguridade/lei/lei12952‑2014/at_download/file>. Acesso em: 7 abr. 2015. ___. Lei nº 13.080, de 2 de janeiro de 2015. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2015 e dá outras providências. Brasília, 2015a. Disponível em: <http://www. planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/LDO_2015/150102_Lei_13080_Texto.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Ministério da Educação. O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. Brasília, 2007a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento. Orçamento de Investimento 2014. Brasília, 2014c. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?index=4&ler=t11109>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento. Programa de Aceleração do Crescimento. Brasília, [s.d.]a. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?index=61&ler=s881>. Acesso em 8 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Manual Técnico de Orçamento – MTO 2015. Brasília, 2015b. Disponível em <http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes‑orcamentarias/ manual‑tecnico/mto_2015_1_edicao_‑21‑05‑14.pdf/>. Acesso em 7 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Plano plurianual 2008‑2011: projeto de lei. Brasília: MP, 2007b. Disponível em: <http:// www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/plano_plurianual/PPA/081015_PPA_2008_ mesPres.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. Plano Plurianual 2008‑2011. Brasília, [s.d.]b. (Conjunto de dados). Disponível em: <http:// dados.gov.br/dataset/plano‑plurianual‑2008‑2011>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Plano plurianual 2012‑2015: projeto de lei. Brasília: MP, 2011b. Disponível em: <http:// www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/PPA/2012/mensagem_presidencial_ppa. pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Relatório de avaliação do Plano Plurianual 2004‑2007: exercício 2008 – ano base 2007. 133 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Brasília: MP, 2008. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/ plano_plurianual/avaliacao_PPA/relatorio_2008/08_PPA_Aval_cad01.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Orçamentos da União: Projeto de Lei Orçamentária(Exercício Financeiro de 2015). Brasília: 2014d. Disponível em: < http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/PLOA2015/ Volume_I_PLOA_2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2015. ___. Plano Brasil de Todos: participação e inclusão. Orientação estratégica de governo: crescimento sustentável, emprego e inclusão social. Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.sigplan.gov.br/ arquivos/portalppa/15_%28PlanoBrasildeTodos%29.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Portaria nº 12, de 28 de março de 2014. Brasília, 2014e. Disponível em: <http://www. planejamento.gov.br/secretarias/upload/Legislacao/Portarias/2014/140328_port_12.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015. ___. Tesouro Nacional. Relatório de Gestão Fiscal. Brasília, [s.d.]c. Disponível em: <http://www.tesouro. fazenda.gov.br/‑/relatorio‑de‑gestao‑fiscal>. Acesso em: 8 abr. 2015. ___. Tribunal de Contas da União. Orçamento de investimento das empresas estatais. Brasília, 2011c. Disponível em: <http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/contas/contas_ governo/Contas2011/fichas/4_4_OrcamentoInvestimento.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015. BRESSER‑PEREIRA, L. C. Os tempos heroicos de Zélia. Folha de São Paulo, 20 maio 1991. Disponível em: < http://www.bresserpereira.org.br/Articles/1991/861.Tempos_Heroicos_Zelia.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015. BRUM, A. Desenvolvimento econômico brasileiro. São Paulo: Vozes, 1997. CAPATAN, A.; BERNARDONI, D. L.; CRUZ, J. A. W. Planejamento e orçamento na administração pública. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2013. (Série Gestão Pública). Disponível em: <http://unip.bv3.digitalpages. com.br/users/publications/9788582129036/pages/‑2>. Acesso em: 8 abr. 2015. CARCANHOLO, M. D.; NAKATANI, P. Crise e reformas de mercado: a experiência de Cuba nos anos 90. Revista Latinoamericana de Economia, México, IIec − UNAM, v. 33, n. 128, jan./mar. 2002. Disponível em: <http://www.ejournal.unam.mx/pde/pde128/PDE12807.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2014. CAVALCANTE, P. L. O Plano Plurianual: resultados da mais recente reforma do planejamento e orçamento no Brasil. Revista do serviço público, Brasília, Escola Nacional de Administração Pública, v. 58, n. 2, p. 129‑150, abr./jun. 2007. DOWBOR, L. O que é capital. São Paulo: Brasiliense, 1982. FURTADO, M. B. Síntese da economia brasileira. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1997. 134 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 GIACOMONI, J. Orçamento público. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012. GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. GIAMBIAGI, F.; VILLELA, A. Economia brasileira contemporânea (1945‑2004). Rio de Janeiro: Campus, 2004. GREMAUD, A. P.; TONETO JR, R.; VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia brasileira contemporânea. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GUINDANI, R. A.; MARTINS, T. S.; CRUZ, J. A. W. Finanças pessoais. Curitiba: Intersaberes, 2012. Disponível em: <http://unip.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582120583/pages/‑2>. Acesso em: 7 abr. 2015. HUBBARD, R. G.; O’BRIEN, A. P. Introdução à Economia. Porto Alegre: Bookman, 2009. IBGE. Despesas públicas. 18 dez. 2001. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/ noticias/18122001apuepu.shtm>. Acesso em: 27 mar. 2015. JORGE, F. T.; MOREIRA, J. O. C. Economia: notas introdutórias. São Paulo: Atlas, 1990. KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982. LAFER, B. M. Planejamento no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1975. LEITÃO, M. 14 anos do Plano Real contra o dragão da inflação. O Globo, 2 jul. 2008. Disponível em: < http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2008/07/02/14‑anos‑do‑plano‑real‑contra‑dragao ‑da‑inflacao‑111703.asp>. Acesso em: 4 abr. 2015. MACEDO, R. B. M. Plano trienal de desenvolvimento econômico e social (1963‑1965). In: LAFER, B. M. Planejamento no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1975. p. 51‑68. MANKIW, N. G. Introdução à Economia. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. MARTONE, C. L. Análise do Plano de Ação Econômica do Governo. PAEG. (1964‑1966). In: LAFER, B. M. Planejamento no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1975. p. 69‑89. MATIAS‑PEREIRA, J. Finanças públicas: foco na política fiscal, no planejamento e orçamento público. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. NASCIMENTO, E. R. Gestão pública. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. ORÇAMENTO. In: GRANDE Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Brasil: Instituto Antonio Houaiss − Uol, 2012. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br/>. Acesso em: 7 abr. 2015. 135 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 PEDRAS, G. B. V. História da dívida pública no Brasil: de 1964 até os dias atuais. Disponível em: < http:// www3.tesouro.gov.br/divida_publica/downloads/Parte%201_2.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2015. PEREIRA, L. C. Inflação inercial e Plano Cruzado. Revista de Economia Política, v. 6, n. 3, jul./set. 1986. Disponível em: <http://www.rep.org.br/pdf/23‑2.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011. ___. A economia e a política do Plano Real. Revista de Economia Política, v. 14, n. 4 (56). Disponível em: <http://www.rep.org.br/pdf/56‑10.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011. PEREIRA, L. C.; NAKANO, Y. Hiperinflação e estabilização no Brasil: o primeiro Plano Collor. Revista de Economia Política, v. 11, n. 4 (44), out./dez. 1991. Disponível em: <http://www.rep.org.br/pdf/44‑6. pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011. PLANEJAMENTO. In: GRANDE Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Brasil: Instituto Antonio Houaiss − Uol, 2012. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br/>. Acesso em: 7 abr. 2015. REZENDE, F. Finanças públicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIANI, F. Economia do setor público: uma abordagem introdutória. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. RIBEIRO, C. R. M. O que é inflação. São Paulo: Brasiliense, 1990. SAMUELSON, P. A. Introdução à análise econômica. 8. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979. SILVA, C. R. L. da.; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à economia. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Economistas). SOUZA, A. P. Políticas de distribuição de renda no Brasil e o Bolsa‑Família. São Paulo: FGV − EESP, 2011. (Textos para Discussão 281). Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/ handle/10438/9995/TD%20281%20‑%20C‑Micro%2001%20‑%20Andr%C3%A9%20Portela. pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 29 dez. 2014. Sites <http://www.bndes.gov.br> <http://www.planejamento.gov.br> <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi> 136 Re vi sã o: C ar la ; V ito r; Ro se ; M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 15 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
Compartilhar