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Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga Streptococcus Objetivos ○ Conhecer o gênero Streptococcus, principais espécies de relevância clínica, fatores de virulência e doenças relacionadas; ○ Compreender o diagnóstico microbiológico dos estreptococos de interesse médico. INTRODUÇÃO Os estreptococos foram os maiores causadores de infecção relacionada à assistência à saúde na era pré-antibiótica, causando surtos de infecção e morte de puérperas. Apesar de não serem atualmente uma importante causa de infecção relacionada à assistência à saúde, provocam, no entanto, doenças muito graves e muitas vezes letais, mesmo em pacientes imunocompetentes, sendo importante o rápido diagnóstico desse agente. CARACTERÍSTICAS ● Gram-positivas ● Cocos ● Pares ou em cadeias curtas ● Anaeróbias facultativas ● Catalase-negativa - diferente dos Staphylococcus ● Oxidase-negativa ● Imóveis ● Não formadores de endósporos ● Crescimento lento ● Mesófilas ● Exigências nutricionais complexas São divididos em: ● [1] Beta-hemolíticos ○ Classificados nos grupos de Lancefield ● [2] Alfa-hemolíticos e Gama-hemolíticos ○ Classificados por testes bioquímicos 1. STREPTOCOCCUS BETA-HEMOLÍTICOS ● Beta-hemólise é a hemólise total ○ Formam uma zona clara ao redor de suas colônias, uma vez que ocorre a lise completa das hemácias ○ Decorrente da produção de enzimas (hemolisinas) denominadas estreptolisina O e estreptolisina S ● São organizados em grupos de A-U (Lancefield) ANTÍGENOS Possuem dois antígenos importantes: ● Carboidrato C ○ Determina o grupo de Lancefield com base em suas diferenças antigênicas ○ Situa-se na parede celular ● Proteína M ○ Principal dos antígenos streptococcus beta-hemolíticos ○ Fator de virulência mais importante ○ Determina o tipo dos estreptococos beta-hemolíticos do grupo A ○ Principal componente antifagocitário, mas S. pyogenes também possui uma cápsula polissacarídica, que também é antifagocitária ○ Anticorpos contra a proteína M conferem imunidade tipo-específica ○ São 80 sorotipos com base na proteína M – 80 possibilidades de infecção e recidiva ○ Alguns tipos de proteína M são reumatogênicos (causa febre reumática) ■ relacionada com faringite ○ Outros tipos de proteína são nefritogênicos: causa glomerulonefrite aguda (causa glomerulonefrite) ■ relacionada com infecção cutânea Para ter febre reumática ou glomerulonefrite, é preciso predisposição genética. A proteína M é só um gatilho. 1 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga 1.1 S. PYOGENES ● Grupo A de Lancefield ● Encontrado na pele e, em pequenos números, na orofaringe ● Principal causa bacteriana de faringite e celulite ● Também causa impetigo, fasciite necrosante (bactérias carnívoras) e síndrome do choque tóxico estreptocócica ● Toxina super antigênica pirogênica (causa febre), um superantígeno (exacerba a resposta imune) ○ um diferencial para a Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócica é a presença de pus (pyogenes) ○ não são todas as cepas que têm o gene que codifica a toxina do choque tóxico ● Fator incitador de duas importantes doenças imunológicas: a febre reumática e a glomerulonefrite aguda ● Aderem ao epitélio da faringe por meio de pili revestidos por ácido lipotecoico e proteína M ● Muitas linhagens possuem uma cápsula de ácido hialuronico antigafocitária ○ É antigenicamente indistinguível do ácido hialurônico do tecido conjuntivo dos mamíferos ● Seu crescimento é inibido pela bacitracina → forma um halo na placa Sensibilidade à bacitracina + b-hemolítico = Streptococcus pyogenes PATOGÊNESE Causam doença por três mecanismos: 1. Inflamação piogênica ● Induzida localmente no sítio dos organismos no tecido ● Caracteriza as doenças supurativas 2. Produção de exotoxina ● Pode causar sintomas sistêmicos disseminados em regiões corporais onde não há a bactéria ● Existe a toxina, mas não há a bactéria 3. Imunológico (doenças pós-estreptocócicas) ● Causam inflamação, por exemplo, as articulações observadas na febre reumática, porém não há bactérias nas lesões. ○ hemocultura sempre dará negativo para encontrar a bactéria, pois o que está causando não é a bactéria, mas sim a reação imunológica ● Febre reumática é causada geralmente por faringite não tratada ENZIMAS Produzem três importantes enzimas relacionadas ao processo inflamatório: ● Hialuronidase ○ Facilita a rápida disseminação S. pyogenes em infecções de pele (celulites) ○ Celulite tem uma apresentação difusa e está em camadas profundas ○ Erisipela tem uma apresentação bem delimitada e está em camadas superficiais Note como a celulite é mais profunda e difusa, enquanto a erisipela é mais superficial e delimitada. ● Estreptoquinase (fibrinolisina) ○ Pode ser utilizada para lisar trombos de artérias coronárias em pacientes infartados ● DNAse ○ Degrada o DNA em exsudatos ou tecidos necróticos (bactéria carnívora) TOXINAS E HEMOLISINAS Além disso, os estreptococos do grupo A produzem 5 importantes toxinas e hemolisinas ● Toxina eritrogênica ○ Causa a erupção da escarlatina ■ bem disseminada e presente no tronco e nos membros ○ Apresenta mecanismo de ação similar à TSST de S. aureus (superantígeno) - toxina superantigênica pirogênica; causa febre e exacerbação da resposta imune. ○ Produzida apenas por poucas linhagens de S. pyogenes Escarlatina: erupção no tronco 2 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga ● Estreptolisina O ○ Lábil ao oxigênio ○ É antigênica→ tem finalidade diagnóstica ○ Causa beta-hemólise somente quando as colônias desenvolvem-se abaixo da superfície de uma placa de ágar-sangue - lisa verticalmente ○ Acima não é possível porque ela estaria em contato com o oxigênio e há a necessidade de uma concentração menor de oxigênio ○ Anticorpos voltados contra ela (ASO- Antiestreptolisina O) podem ser importantes no diagnóstico de febre reumática. ■ Exame anti-ASO ● Estreptolisina S ○ Estável ao oxigênio ○ Não é antigênica → não tem finalidade diagnóstica ○ Responsável pela beta-hemólise quando as colônias desenvolvem-se na superfície de uma placa de ágar sangue (hemólise superficial) - lisa horizontalmente ● Exotoxina A1 ○ Toxina superantigênica pirogênica ○ Responsável pela maioria dos casos da síndrome de choque tóxico por estreptococos ○ Consiste em um superantígeno que provoca a liberação de grandes quantidades de citocinas pelas células T auxiliares e pelos macrófagos ● Exotoxina B ○ É uma protease que destrói rapidamente os tecidos ○ Produzida em grandes quantidades por linhagens de S. pyogenes responsáveis pela fasciIte necrosante “estreptococos carnívoros” ○ Nem todas cepas de S. pyogenes contém o gene 1 TSST 1 é dos Staphylococcus Fasceíte necrosante ACHADOS CLÍNICOS S. pyogenes causa três tipos de doenças piogênicas: Faringite ● Caracteriza-se por inflamação, exsudato, febre, leucocitose e linfonodos cervicais sensíveis ● Quando não tratada, a recuperação espontânea ocorre em 10 dias ○ No entanto, pode resultar em otite, sinusite, mastoidite e meningite. ● A febre reumática pode ocorrer especialmente após a faringite Faringite por S. pyogenes. O fundo da garganta inflamada com pequenos pontos vermelhos é típico de faringite estreptocócica Síndrome do choque tóxico estreptocócico (SCT) ● Tem pus e cultura positiva. ○ Apresenta achados clínicos similares aos da síndrome do choque tóxico estafilocócico ○ Entretanto, a SCT estreptocócica exibe tipicamente um sítio reconhecível de inflamação piogênica, sendo as hemoculturas frequentemente positivas → o pus tem um pouco de bactérias, então cultura positiva!! ○ Enquanto a SCT estafilocócica tipicamente não exibe um sítio de inflamação piogênica ou hemoculturas positivas SCT estafilocócica é disseminada e a hemocultura é negativa, enquanto SCT estreptocócica é local e hemocultura é positiva 3 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga Infecções de pele e tecidos moles ● Celulite ● Erisipela ● Fasciíte necrosante (gangrena estreptocócica)● Impetigo Impetigo Outras infecções ● Endometrite (febre puerperal) ● Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica imunomediada → glomérulo volumoso e hipercelular DOENÇAS PÓS-ESTREPTOCÓCICAS (NÃO SUPURATIVAS) Definição: distúrbios no qual uma infecção local por estreptococos do grupo A é seguida, após algumas semanas, por inflamação em um órgão que não foi infectado pelos estreptococos. Causa: a inflamação é causada por uma resposta imunológica às proteínas M estreptocócicas, que reagem de forma cruzada com os tecidos humanos; ● Algumas linhagens de S. pyogenes são nefritogênicas e causam glomerulonefrite aguda ● Outras linhagens são reumatogênicas, causando febre reumática aguda Glomerulonefrite aguda (GNA) ● Ocorre 2-3 semanas após a infecção cutânea por determinados tipos estreptocócicas do grupo A em crianças (p. ex., a proteína M do tipo 49 causa GNA com maior frequência; há também o 12) ● É mais frequente após infecções de pele do que após faringite ● Características clínicas mais marcantes: ○ Hipertensão ○ Edema de face (especialmente periorbital) ○ Urina fumarenta (hemácias na urina) ○ A maioria dos pacientes recupera-se completamente ○ Rara recorrência, diferente da febre reumática Febre reumática aguda ● Pode-se desenvolver aproximadamente 2 semanas após uma infecção estreptocócica do grupo A (geralmente faringite) ● Infecção de pele por estreptococos do grupo A não causam febre reumática ● Características clínicas mais marcantes: ○ Febre ○ Poliartrite migratória ○ Cardite ● Deve-se a uma reação imunológica entre anticorpos contra certas proteínas M estreptocócicas que reagem de forma cruzada com antígenos dos tecidos articulares, cardíacos e cerebrais ● É uma doença autoimune significativamente exacerbada pela ocorrência de infecções estreptocócicas ● Quando as infecções estreptocócicas são tratadas no período de 8 dias após sua manifestação, a febre reumática geralmente é prevenida. ● Deixa sequelas DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO ● Utilizando esfregaços de lesões ou ferimentos da pele corados ● Culturas de swabs da faringe ou de lesões, em placas de ágar sangue, revelam colônias beta-hemolíticas pequenas e translúcidas em um período de 18-48 horas ○ Por esse motivo, foram desenvolvidos testes rápidos que fornecem um diagnóstico em aproximadamente 10 minutos (são os testes de antígenos) ● Quando inibidos por bacitracina, provavelmente correspondem a estreptococos do grupo A. ● Coco gram-positivo, catalase negativa e sensível à bacitracina → é S. pyogenes TRATAMENTO ● Todos os streptococos de grupo A → são suscetíveis à penicilina G ○ Entretanto, os pacientes acometidos por febre reumática ou GNA não são beneficiados pelo tratamento com penicilina após a manifestação 4 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga ● Pacientes alérgicos à penicilina: eritromicina ou um de seus derivados de ação prolongada, como azitromicina PREVENÇÃO ● Febre reumática: imediato tratamento de faringite por estreptococos do grupo A com penicilina ● Prevenção de recorrência da febre reumática: penicilina benzatina uma vez ao mês, durante vários anos ● Não existem vacinas disponíveis contra quaisquer estreptococos, exceto S. pneumoniae, e mesmo para esse, não é de uso livre (grupos específicos - crianças, idosos, imunocomprometidos e indígenas) 1.2. S. AGALACTIAE ● Grupo B de Lancefield ● Também são beta-hemolíticos ● Colonizam o trato genital de algumas mulheres ● Também encontrados com menos frequência no cólon ● Grande importância clínica: ○ Principal causa de meningite e sepse em neonatais ○ Pode ainda, causar pneumonia neonatal e endometrite pós-parto ● Resistentes à bacitracina (utilizado para identificação do estreptococo) ● Hidrolisam (clivam) o hipurato (um ácido); são hipurato-positivas - converte o hipurato de sódio em glicina (subproduto; aminoácido), por meio da enzima hipuricase; a ninhidrina reage com a glicina e a coloração fica roxa - teste dá positivo. Bacitracina2 resistente + Clivagem do Hipurato + Beta-hemólise = S. agalactiae (GBS) PATOGÊNESE Baseia-se: a) Na capacidade de o organismo induzir uma resposta inflamatória ● Mulher com dilatação por tempo prolongado sem dar a luz à criança faz com que o bebê tenha mais contato com a microbiota e fique mais predisposta à bactéria ● Quando o bebê nasce prematuramente e o sistema imunológico não está bem formado, ele fica mais suscetível à bactéria b) Na existência de uma cápsula polissacarídica3 antifagocitária e o anticorpo anticapsular confere proteção ● Evasão do sistema imune ● O ácido siálico é um fator essencial para a patogenicidade de amostras do sorotipo III. Cápsulas com níveis elevados deste constituinte impedem a ação do complemento ● Diretamente ligada com o aumento da virulência 3 Um exemplo de bactéria com cápsula polissacarídica é o Bacillus anthracis e o S. pneumoniae. 2 Micrococcus e S. pyogenes são sensíveis à bacitracina c) Diferentemente de S. pyogenes (grupo A), não foram descritas enzimas citotóxicas ou exotoxinas e não há evidência de qualquer doença induzida imunologicamente ACHADOS CLÍNICOS Causam em crianças: a) Sepse e meningite neonatal ● O principal fator predisponente consiste na ruptura prolongada (superior a 18h) das membranas em mulheres colonizadas pelo organismo; ● Crianças nascidas antes de 37 semanas (fator predisponente) de gestação exibem risco significamente aumentado da doença; ● Uma etapa crítica para o desenvolvimento de doença invasiva do recém-nascido é a colonização reto-vaginal da mulher grávida; ● A aspiração do líquido amniótico contaminado pelo feto e de secreção vaginal pelo recém-nascido pode levar a bactéria até os alvéolos pulmonares, onde ela proliferará abundantemente se não for eliminada rapidamente pelos macrófagos pulmonares; 5 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga b) Pneumonia neonatal ● Menos comum que a sepse e a meningite neonatal c) Infecções em adultos ● Causam infecções como: pneumonia, endocardite, artrite, osteomielite e endometrite pós-parto Em adultos, o diabetes é o principal fator predisponente de infecções por estreptococos do grupo B DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO ● Hidrolisam hipurato (ácido) ○ outros estreptococos também hidrolisam ● Teste CAMP - Produzem uma reação que provoca maior hemólise em ágar-sangue de carneiro quando combinada à beta-hemolisina de S. aureus ○ Forma uma seta ○ Sinergismo entre as hemolisinas do S. pyogenes e do S. agalactiae ○ Usado para diferenciar o S. agalactiae de outros estreptococos CAMP positivo = Streptococcus agalactiae (é específico) ● Teste rápido - há também um teste rápido para detecção em amostras vaginais e retais TRATAMENTO ● Fármacos de escolha: Penicilina G ou Ampicilina ● Eventualmente: uma combinação de penicilina G e um aminoglicosídeo PREVENÇÃO a) Todas as gestantes devem ser examinadas, utilizando-se culturas vaginais e retais entre 35-37 semanas ● Sendo positivas: penicilina G (ou ampicilina) via EV no momento do parto ○ Se não sabe o resultado, procede do mesmo jeito Mesmo que seja parto cesariano, é preciso a antibioticoterapia preventiva, pois pode haver disseminação da bactéria devido a cirurgia ou instrumentalização b) No caso de pacientes nas quais as culturas não foram realizadas ● Antibioticoterapia similar às que positivaram ao exame microbiológico c) Em caso de alergia à penicilina: ● Uso de cefazolina ou vancomicina (muito potentes e devem ser usados com cuidado) 1.3. ENTEROCOCCUS FAECALIS ● Grupo D de Lancefield ● São beta-hemolíticos, entretanto, a reação hemolítica de estreptococos do grupo D é variável ○ A maioria é alfa-hemolítico ○ Alguns são beta-hemolíticos ○ Enquanto outros são não hemolíticos ● Fazem parte da microbiota normal do cólon ● Causam infecções nosocomiais biliares, do trato urinário e endocardite ● São resistentes à penicilina G ○ Requerem obrigatoriamente uma combinação sinergística de penicilina e um aminoglicosídeo como a gentamicina para serem mortos○ A vancomicina também pode ser utilizada, mas quando há resistência não se utiliza E. faecalis resistente a vancomicina são uma bandeira vermelha, porém não são todos que possuem o gene vanA. Esses casos precisam de um monitoramento constante e coquetéis antibacterianos que afetem as partes mais sensíveis da bactéria, como parede celular, DNA, ribossomo. E. faecalis × E. faecium Ambos podem apresentar o gene vanA, que codifica a resistência à vancomicina e ambos fazem parte da microbiota do intestino. Ao contato com o S. aureus (que não tem pili), essas bactérias podem compartilhar o gene plasmidial com o estafilococo, gerando os VRSA - é mais comum o compartilhamento de genes assim entre uma com pili e outra sem pili. Há um maior número de linhagens de E. faecium resistentes à vancomicina, quando comparado às linhagens de E. faecalis 6 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga ACHADOS CLÍNICOS a) Infecções do trato urinário ● Cateteres urinários de longa duração e a instrumentação do trato urinário são importantes fatores predisponentes b) Endocardite ● Particularmente em pacientes submetidos à cirurgia ou a instrumentação do TGI ou urinário c) Infecções intra-abdominais e pélvicas ● Tipicamente em combinação com anaeróbios DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO a) Hidrolisam a esculina na presença de bile, isto é, originam um pigmento negro no ágar bile-esculina ● S. pyogenes não degrada a esculina Os estreptococos do grupo D são ainda subdivididos em: ● enterococos: crescem em NaCl hipertônico (6,5%) - halofílicos ● não enterococos: não crescem nessa solução TRATAMENTO A endocardite enterocócica apenas pode ser erradicada com penicilina ou vancomicina combinadas a um aminoglicosídeo VRE (Enterococcus resistentes à vancomicina) são uma importante causa de infecções nosocomiais e não há antibioticoterapia confiável para esses patógenos Entretanto, há fármacos que podem ser úteis no tratamento de infecções causadas por VRE: Linezolida e Quinupristina + Dalfopristina (inibidores da síntese proteica, mas diferente de outros, não atuam de forma convencional - utilizam outros mecanismos para realizar essa inibição; são bacteriostáticos) ● Geralmente administrados por cateteres (em geral centrais) ● Uso hospitalar 2. STREPTOCOCCUS NÃO BETA-HEMOLÍTICOS ● Alguns não produzem hemólise, outros promovem alfa-hemólise (hemólise incompleta - viridans) ● As bactérias alfa-hemolíticas formam uma zona verde ao redor de suas colônias, resultantes da lise incompleta das hemácias no ágar ● Os principais representantes alfa-hemolíticos são S. pneumoniae e os estreptococos do grupo viridans 2.1. VIRIDANS ● São membros da microbiota normal da faringe humana ACHADOS CLÍNICOS a) Endocardite infecciosa (S. mutans, S. sanguis, S. salivarius e S. mitis) ● Atingem a corrente sanguínea (bacteremia) a partir da orofaringe, tipicamente após cirurgia odontológica (implantes, canal, …) ● A endocardite causada por eles é 100% fatal, exceto quando efetivamente tratada com agentes antimicrobianos ● Os sinais de endocardite são: febre, murmúrio cardíaco, anemia e eventos embólicos, como hemorragias em lasca, hemorragias petequiais subconjuntivais e lesões de Janeway (pápulas eritematosas não dolorosas nas palmas das mãos que não causam infecção piogênica) 7 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga Lesões de Janeway b) Cárie dental (S. mutans) ● Envolvimento de S. mutans no processo de formação da placa e cárie dentária ● Coloração de branca a levemente amarelada, diferentemente do tártaro cuja coloração é mais escurecida c) Abscessos cerebrais e abscessos abdominais (S. anginosus, S. milleri e S. intermedius) ● Frequentemente em combinação com anaeróbios da cavidade oral (uma infecção mista aeróbia-anaeróbia) ● Cirurgia odontológica é um importante fator predisponente uma vez que propicia uma porta de entrada para os estreptococos viridantes e anaeróbios da cavidade oral atingirem a corrente sanguínea (bacteremia) disseminando-se para o cérebro ○ Sempre usar antibiótico antes em cirurgia odontológica - não utilizar é o maior fator predisponente DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO ● Formam colônias alfa-hemolíticas em ágar-sangue ● São resistentes à lise por bile e crescem na presença de optoquina, ao contrário dos pneumococos ● Os vários estreptococos do grupo viridans são classificados em espécies mediante uso de uma variedade de testes bioquímicos TRATAMENTO ● A endocardite causada pela maioria dos estreptococos viridantes é curável pelo tratamento prolongado com penicilina. PREVENÇÃO ● Amoxicilina no pré-operatório, principalmente em pacientes de risco (pacientes que apresentem válvulas cardíacas danificadas) quando submetidos a procedimentos odontológicos invasivos 8