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TEMA 5 Principais Viroses e Imunização

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DESCRIÇÃO
Principais famílias de vírus que causam infecção em humanos; epidemiologia; formas de
transmissão e sintomatologia das principais viroses. Desafios encontrados no diagnóstico;
possíveis tratamentos e vacinas disponíveis; importância da imunização.
PROPÓSITO
Conhecer as viroses emergentes e reemergentes que impactam a saúde humana, pois isso
possibilita ao profissional de saúde e àquele que atua em educação informar e divulgar as
formas de transmissão das doenças virais, o diagnóstico, tratamento adequado, além de
conscientizar sobre a importância da imunização e da prevenção.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever as viroses respiratórias, a transmissão, o diagnóstico e a imunização
MÓDULO 2
Identificar o que é arbovírus e o melhor método diagnóstico
MÓDULO 3
Identificar vias de transmissão e doenças causadas pelo vírus da hepatite e HPV
MÓDULO 4
Reconhecer as vacinas e a forma de transmissão das doenças da infância
INTRODUÇÃO
Você já ouviu falar no termo doenças infecciosas? As doenças infecciosas são doenças
causadas por vírus, bactérias, protozoários ou fungos. Eles podem estar presentes no
ambiente, em outros animais (como no caso de zoonoses), podem ser transmitidos por vetores
ou estar presentes no organismo sem causar qualquer dano, até que ocorra um desbalanço na
imunidade. Vamos conhecer as principais doenças infecciosas causadas por vírus, as viroses,
e as formas de imunização.
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VETORES
Vetores são organismos vivos que podem transmitir patógenos infecciosos entre
humanos ou de animais para humanos. Muitos desses vetores são insetos hematófagos,
que ingerem microrganismos causadores de doenças durante a sucção do sangue. Os
mosquitos estão entre os vetores de doenças virais.
MÓDULO 1
 Descrever as viroses respiratórias, a transmissão, o diagnóstico e a imunização
INTRODUÇÃO AOS VÍRUS RESPIRATÓRIOS
As infecções virais do trato respiratório são uma das principais causas de morbidade e
mortalidade em todo o mundo, representando enorme carga econômica para os governos, já
que esses vírus se disseminam de forma mais rápida do que outros.
VOCÊ LEMBRA COMO É O TRATO RESPIRATÓRIO
HUMANO?
VAMOS RECORDÁ-LO RAPIDAMENTE.
O sistema respiratório pode ser divido em dois:
TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR
Composto por cavidade nasal, faringe e laringe.
TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR
Composto por traqueia, brônquio principal e pulmão.
Veja a divisão na figura a seguir.
Fonte: Anônimo/Wikimedia
 Sistema respiratório humano, dividido em trato respiratório
superior e inferior.
As famílias de vírus respiratórios são agrupadas desta forma porque os vírus se replicam no
trato respiratório, de onde são eliminados e transmitidos por meio de secreções que saem da
cavidade nasal e da cavidade oral. Alguns vírus respiratórios afetam o trato respiratório inferior,
e outros, o trato respiratório superior.
Como os vírus estão presentes no ambiente, qualquer um é capaz de se infectar. No entanto,
nem todas as pessoas que se infectam apresentam algum sintoma – muitas são o que
chamamos de assintomáticas.
Fonte:CLIPAREA | Custom media/Shutterstock
 Indivíduo assintomático contaminando o ambiente
com vírus respiratório.
AS PESSOAS QUE SÃO ASSINTOMÁTICAS PARA
ALGUMA DOENÇA ESTÃO, SIM, INFECTADAS.
O indivíduo assintomático apresenta replicação do vírus, essa pessoa é capaz de transmiti-lo
para outra pessoa, porém o indivíduo não apresenta nenhum sintoma clássico da doença
causada pelo vírus infectante, como, por exemplo, febre, tosse ou coriza. Esses indivíduos
assintomáticos continuam indo ao shopping, ao mercado, à padaria, contaminando os
ambientes e fazendo com que outras pessoas se infectem.
Já as pessoas que apresentam algum sintoma, indivíduos sintomáticos, de forma geral, quando
infectadas com algum vírus respiratório, apresentam uma doença aguda autolimitada. Em
alguns casos, pode haver agravo da doença e até mesmo o óbito. Alguns grupos apresentam
maior vulnerabilidade, como crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas.
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javascript:void(0)
AGORA, VOCÊ JÁ SABE ONDE OS VÍRUS
RESPIRATÓRIOS REPLICAM E QUE NÃO SÃO TODAS
AS PESSOAS QUE FICAM DOENTES. PORÉM, SABE
COMO OCORRE A TRANSMISSÃO DESSES VÍRUS?
DOENÇA AGUDA AUTOLIMITADA
A doença aguda autolimitada é aquela que produz sintomas pouco depois da exposição
ao patógeno e que apresenta curta duração. De forma geral, o indivíduo infectado é
capaz de combater a doença, e, normalmente, há total recuperação. Porém, em alguns
casos, pode levar a óbito. Uma doença autolimitada significa que os sintomas
desaparecem espontaneamente em poucos dias.
PESSOAS IMUNOCOMPROMETIDAS
São pacientes com o sistema imune comprometido. Podem incluir, entre outros,
receptores de transplante e de implante, queimados, portadores do vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e pacientes com câncer.
Os vírus respiratórios se espalham por três vias principais de transmissão:
Contato (direto ou indireto)
A transmissão de contato refere-se à transferência direta de vírus de uma pessoa infectada
para um indivíduo suscetível (por exemplo, por meio de mãos contaminadas) ou transferência
indireta de vírus, por meio de objetos intermediários (fômites), como copos e talheres
compartilhados.
 Fonte: sdecoret/Shutterstock
Gotículas (transmissão pelo ar)
As gotículas contendo o vírus geradas durante a tosse, o espirro ou a fala permanecem
suspensas no ar e viajam pelo menos de 1 metro antes de entrarem na mucosa de pessoas
próximas, e assim infectá-las ou se depositar em superfícies.
 Fonte: Elizaveta Galitckaia/Shutterstock
Aerossol (transmissão pelo ar)
Os aerossóis têm uma velocidade de sedimentação lenta, portanto permanecem suspensos no
ar por mais tempo e podem viajar mais longe, chegando até mesmo a 5 metros de distância.
 Fonte: Lightspring/Shutterstock
VOCÊ SABIA QUAL ERA A DISTÂNCIA QUE UM VÍRUS
PRESENTE NO ESPIRRO DE UMA PESSOA PODE
CHEGAR? SURPREENDENTE, NÃO?
Fonte: Nasky/Shutterstock
 Disseminação de vírus e bactéria através de espirro.
A transmissão de um patógeno depende de muitas outras variáveis, como fatores ambientais
(por exemplo, umidade e temperatura), aglomeração de pessoas, mas também de fatores do
hospedeiro, como a presença do receptor ao longo do trato respiratório, susceptibilidade,
imunidade prévia, entre outros fatores.
Os vírus respiratórios pertencem a diferentes famílias de vírus, diferindo em virulência e os
grupos de pessoas que são mais afetadas. Os vírus que estão frequentemente envolvidos nas
infecções respiratórias são: Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Influenza e Coronavírus, que
conheceremos a seguir. Ainda existem outras famílias importantes, como Rinovírus, Adenovírus
e Parainfluenza.
VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR)
Vírus Sincicial Respiratório humano (VSR) foi isolado pela primeira vez de chimpanzés em
1956. Tempos depois, foi encontrado em crianças com doença grave do trato respiratório
inferior. Pertence à família de Paramyxoviridae, gênero Pneumovirus, subfamília
Pneumovirinae.
Que tal darmos uma olhada na estrutura viral? A seguir, vamos conhecer as proteínas e
glicoproteínas presentes no VSR e algumas funções.
É um vírus envelopado, de simetria helicoidal pleomórfico, com 100 a 350 nm de diâmetro. Seu
genoma é RNA de fita simples, de polaridade negativa, com aproximadamente 15kb, não
segmentado. O genoma desse vírus apresenta 10 genes que codificam 11 proteínas, uma vez
que a proteína M2 gera duas proteínas de matriz distintas, M2-1 e M2-2. O envelope viral
contém três proteínas, a glicoproteína (G), a glicoproteína de fusão (F) e a proteína hidrofóbica
pequena (SH). Essas proteínas atuam na fixação da célula hospedeira e são responsáveis pela
fusão e entrada na célula. As proteínas F e G são as principais proteínas antigênicas contra as
quais a maioria dos anticorpos são produzidos. Além das proteínas estruturais, o RSV
apresenta cinco outras proteínas estruturais, a proteína grande (L),nucleocapsídeo (N),
fosfoproteína (P), matriz (M) e duas proteínas não estruturais (NS1 e NS2).
Fonte: Débora Familiar/feito em Biorender
 Esquema da partícula viral do Vírus Sincicial Respiratório e seu genoma.
O que costuma ser observado é que os indivíduos que são infectados pela primeira vez por
VSR quase sempre apresentam sintomas (sintomáticos). As manifestações clínicas variam de
doença leve do trato respiratório superior (URTI) até envolvimento grave do trato respiratório
inferior (LRTI), apresentando então risco de morte.
A infecção por VSR é comum em bebês e crianças pequenas. Quando ela se torna grave,
como no caso de uma LRTI, geralmente é associado a bronquiolite, ou a pneumonia e até
mesmo a asma.
Fonte: LeManna/Shutterstock
BEBÊS
O envolvimento das vias aéreas inferiores ocorre em torno de 15–50% dos bebês e crianças
pequenas com infecção primária por VSR, e algumas vezes requer hospitalização.
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock
CRIANÇAS PEQUENAS
Reinfecções com RSV são observadas em 30–75% das crianças menores de 2 anos de idade
que tiveram infecção por RSV durante os primeiros 12 meses de vida e, geralmente, ocorre
durante a temporada seguinte.
Não há, assim, imunidade permanente, sendo possíveis várias infecções durante a vida. Não
só bebês e crianças pequenas estão vulneráveis, mas pacientes imunocomprometidos,
aqueles com doença cardiopulmonar crônica e idosos também estão sob risco de grave
envolvimento do trato respiratório inferior. O VSR constitui uma causa significativa de
morbidade e mortalidade nessas populações.
Fonte: Aynur_sib/Shutterstock
Nos adultos e nas crianças maiores que são saudáveis, de forma geral, os sintomas são
semelhantes aos do resfriado comum, apresentando, assim, secreção nasal, espirros, tosse
seca, febre baixa, dor de garganta e dor de cabeça. Em casos em que há progressão da
doença, a infecção pode alcançar o trato respiratório inferior, havendo aparecimento de febre
alta, muita tosse, dificuldade para respirar, adejo nasal, cianose labial (Lábios arroxeados) ,
falta de apetite, letargia, entre outros.
Fonte: Débora Familiar/feito em Biorender
 Sintomas da infecção por VSR no trato respiratório superior e no trato respiratório inferior.
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ADEJO NASAL
Batimentos acelerados das asas do nariz provocado por obstrução das vias aéreas.
A infecção pelo VSR não apresenta vigilância epidemiológica oficial no Brasil, sendo, então,
difícil rastrear e dimensionar a quantidade de crianças e adultos que foram infectados e
possivelmente hospitalizados. De forma geral, muitos estudos se baseiam em dados
epidemiológicos liberados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e em dados de
hospitalização por bronquiolite, a principal manifestação clínica da doença. A infecção por VSR
apresenta sazonalidade, sendo predominante nas estações de outono e inverno,
particularmente nos meses de abril a agosto/setembro de cada ano.
AGORA QUE CONHECEMOS UM POUCO SOBRE O
VSR, VOCÊ SABE COMO É REALIZADO O
DIAGNÓSTICO PARA ESSA DOENÇA?
Fonte: fizkes/Shutterstock
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Toda doença precisa de um diagnóstico clínico-laboratorial para se ter certeza do patógeno que
está causando a infecção, mas, em muitas doenças, só é realizado o diagnóstico clínico e é
considerada a epidemiologia local. Para o tratamento do paciente, o diagnóstico clínico da
síndrome, em geral, é suficiente, sendo a identificação de um patógeno específico raramente
necessária. Os testes de diagnósticos são utilizados em situações nas quais conhecer o
patógeno específico modifica o tratamento clínico e em casos de vigilância epidemiológica
(visando identificar e determinar a causa de um surto). Para os exames, é coletada secreção
respiratória (lavado nasal) ou swab nasal ou de orofaringe. Alguns dos exames realizados são:
isolamento viral em cultura de células, detecção de antígenos virais, detecção do genoma viral
através da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) e sorologias.
SAZONALIDADE
Refere-se ao que é temporário, ou seja, que é típico de determinada estação ou época do
ano.
E QUANTO AO TRATAMENTO?
Fonte: Bukhta Yurii/Shutterstock
Não existe tratamento específico, somente tratamento paliativo (Tratamento de sintomas)
para a doença. Em casos de grupo de risco como crianças menores de 2 anos, com doença
pulmonar crônica da prematuridade ou doença cardíaca congênita, é indicado o uso de
Palivizumabe. Esse remédio não é indicado para toda a população devido ao seu alto custo
(aproximadamente 5 mil reais), mas demonstrou ser capaz de reduzir em 40-60% o risco de
dificuldade respiratória grave.
PALIVIZUMABE
Remédio desenvolvido com imunoglobulina, anticorpo monoclonal, específico contra a
proteína F do vírus.
 SAIBA MAIS
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Ainda não há vacinas licenciadas e liberadas, mas existem vacinas promissoras que estão em
fase de estudos clínicos (fases 1, 2 e 3).
A seguir, vamos conhecer um dos vírus respiratórios mais importantes no Brasil e no mundo,
conhecido por causar grandes epidemias no hemisfério Norte durante o inverno.
INFLUENZA
Os vírus Influenza (Vírus da gripe) causam doenças respiratórias em humanos e em animais,
com impacto significativo na saúde humana e na economia. Ao total, são quatro espécies da
mesma família Orthomyxoviridae e quatro gêneros distintos:
INFLUENZA VÍRUS A
Gênero Alphainfluenzavirus
INFLUENZA VÍRUS B
Gênero Betainfluenzavirus
INFLUENZA VÍRUS C
Gênero Gammainfluenzavirus
INFLUENZA VÍRUS D
Gênero Deltainfluenzavirus
Os vírus dessa família possuem partículas virais envelopadas, com genoma de RNA
segmentado (octa-segmentado) com fita simples de polaridade negativa. O genoma codifica 16
proteínas, sendo 9 estruturais e 7 não estruturais. Podemos ver a seguir um esquema
representativo do vírus.
Fonte: Débora Familiar/feito em Biorender
 Esquema da estrutura do vírus Influenza e seu genoma segmentado.
Sabendo que existem quatro espécies de Influenza, precisamos aprender um pouco mais
sobre elas e os seus subtipos.
Vamos começar entendendo como esses vírus circulam:
VÍRUS INFLUENZA A
Circulam na população humana como uma doença epidêmica que acontece anualmente e
emerge de um reservatório zoonótico (Doença transmissível de um animal ao homem) .
VÍRUS INFLUENZA B
São encontrados quase exclusivamente em humanos.
VÍRUS INFLUENZA C
Circulam em humanos, mas causam doenças menos graves.
VÍRUS INFLUENZA D
Circulam principalmente em suínos e bovinos, havendo poucos registros de circulação entre
humanos. Recentemente foram encontradas evidências sorológicas na Itália da sua circulação
na população humana porém mais estudos são necessários para avaliar a circulação entre
humanos.
Existem duas fontes que geram diversidade gênica para esses vírus.
VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM DRIFT ANTIGÊNICO E
SHIFT ANTIGÊNICO?
São dois tipos de mudança no material genético do Influenza que são fonte de diversidade do
vírus. O drift antigênico são pequenas mutações pontuais nas glicoproteínas HA e NA do
genoma do vírus, que fazem com que ele não seja mais reconhecido pelo sistema imune do
hospedeiro; elas o mantêm semelhante aos vírus de origem. Essas mutações geram a
necessidade de produzir novas vacinas anualmente. Já o shift antigênico (rearranjo antigênico)
é o processo pelo qual dois ou mais subtipos de um vírus se combinam de modo a formar um
novo subtipo, cuja superfície possui uma mistura dos antígenos de dois ou mais dos subtipos
originais. Um exemplo do shift antigênico é o H1N1, que causou a pandemia de 2009,
conhecido como gripe suína. Vamos observar a imagem a seguir para entendermos melhor
como tudo aconteceu.
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Fonte: Adaptado de GAO analysis of information from the Centers for Disease Control and
Prevention and Scientific Literature on 2009 H1N1 – GAO 20-273.
 Evolução genética do H1N1 (gripe suína) que causou a pandemia de 2009.
HA E NA
Os vírus Influenza A são ainda classificadosem subtipos com base na combinação de
glicoproteínas hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA) em suas superfícies. Existem
atualmente 18 subtipos de HA e 11 subtipos de NA, a maioria dos quais circula em aves
selvagens, mas apenas três combinações são conhecidas por terem circulado
amplamente em humanos: A / H1N1, A / H2N2 e A / H3N2. Destes, os vírus dos subtipos
A / H1N1 e A / H3N2 atualmente causam epidemias de vírus da influenza sazonal.
Definimos algumas coisas até aqui, mas faltou uma última coisa para aprendermos: a
nomenclatura.
A nomenclatura foi definida pela OMS, incluindo tipo de vírus (Influenza A, B, C ou D); origem
geográfica; número do isolado; ano do isolamento e o subtipo do vírus, que é descrito pela letra
(H e N) e número. A letra H já foi descrita de H1 a H16; letra N, de N1 a N9.
Vamos observar a imagem a seguir sobre a nomenclatura e repassar como ela é feita?
Fonte: Anônimo
 Nomenclatura dos vírus Influenza definida pela OMS.
 SAIBA MAIS
Você já ouviu falar sobre a gripe espanhola? Foi uma das maiores pandemias que aconteceu
em 1918, causada pelo vírus Influenza H1N1, que matou mais de 50 milhões de pessoas.
Depois disso, outra pandemia aconteceu em 1957, a gripe asiática (H2N2), que matou
aproximadamente 2 milhões de pessoas no mundo. Dez anos depois, mais uma pandemia com
um vírus Influenza, a gripe de Hong Kong (H3N2), com aproximadamente 1 milhão de óbitos.
Mais recentemente, em 2009, gripe suína (H1N1), com 284 mil mortes.
Agora que sabemos mais sobre os vírus Influenza, vamos estudar um pouco sobre suas
características clínicas.
A gripe é caracterizada pelo início súbito de febre, mialgia, dor de cabeça, mal-estar, tosse
seca, dor de garganta e congestão nasal. Podem ocorrer sintomas gastrointestinais, incluindo
náuseas, vômitos e diarreia. O período de incubação (Tempo desde a infecção até o
desenvolvimento dos sintomas) de influenza é de 1 a 4 dias. O vírus só começa a ser
eliminado pelo hospedeiro um dia antes do início dos sintomas e dura até 5-7 dias.
Embora os vírus influenza geralmente causem doença respiratória moderada, a infecção do
trato respiratório inferior de humanos pode resultar em pneumonia com progressão para
SDRA (Síndrome da Angústia Respiratória Aguda) e morte por insuficiência respiratória.
Fonte: Anônimo/wikipédia
 Sintomas clínicos característicos da infecção pelo vírus Influenza.
Você deve estar pensando: “Uau! Então, a infecção por Influenza é séria e pode levar à morte.
Porém, os sintomas não são específicos. Dessa forma, como conseguem diferenciar o
resfriado de outros vírus respiratórios?”.
O diagnóstico clínico pode ser complicado devido às semelhanças dos sintomas entre os vírus
respiratórios. Por isso, é importante que seja realizado o diagnóstico laboratorial – deve ser
coletada a secreção de nasofaringe até o quinto dia dos sintomas. Podem ser realizados testes
de imunofluorescência direta, isolamento viral em cultura de células e técnicas de biologia
molecular (como RT-PCR).
Fonte: aslysun/Shutterstock
Fonte: Anônimo
 Antiviral utilizado no tratamento de Influenza.
Caso o diagnóstico clínico-laboratorial confirme a infecção por Influenza, de acordo com o
Protocolo de Tratamento de Influenza 2017, do Ministério da Saúde, deve ser administrado o
antiviral Fosfato de Oseltamivir, mais conhecido como Tamiflu. O uso desse antiviral está
indicado para todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e casos de
Síndrome Gripal (SG) com condições ou fatores de risco para complicações. O tratamento
deve ser iniciado, preferencialmente, nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Além
da pessoa doente, é indicado que parentes próximos e pessoas que tiveram contato com o
indivíduo infectado também façam o uso do antiviral.
COMO PREVENIR A GRIPE (INFLUENZA)?
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra os casos de gripe e óbito. Já existe
uma vacina eficaz e segura que é produzida anualmente baseada no monitoramento global e
anual que é feito.
DEVIDO ÀS ALTAS TAXAS DE MUTAÇÕES DO VÍRUS
ATRAVÉS DOS DRIFTS E SHIFTS ANTIGÊNICOS, É
NECESSÁRIO QUE SEJA PRODUZIDA UMA VACINA
ANUAL DE ACORDO COM A CEPA CIRCULANTE.
Por isso, todo ano, o Ministério da Saúde realiza a Campanha Nacional de Vacinação contra a
gripe. A vacina sempre protege contra os três subtipos do vírus da gripe que mais circularam no
último ano no hemisfério Sul. A vacina é de vírus inativado trivalente (quando é do sistema
público – SUS) ou é de vírus inativado quadrivalente (quando é do sistema privado). A
composição para o próximo ano é prevista no ano anterior, no mês de setembro, para o
hemisfério Sul, e em fevereiro/março para o hemisfério Norte, levando 6 meses para a
produção. Quando prontas, as vacinas devem ser administradas antes do início da epidemia,
novembro/dezembro para o hemisfério Norte e abril/maio para o hemisfério Sul, como podemos
ver na imagem a seguir.
Fonte: Anônimo
 Esquema com a previsão, produção e distribuição da vacina contra gripe no mundo.
A vacina contra influenza trivalente que foi utilizada este ano na campanha (2020) tem a
seguinte composição:
A/Brisbane/02/2018 (H1N1)pdm09
 
A/South Australia/34/2019 (H3N2)
 
B/Washington/02/2019 (linhagem B/Victoria)
E QUEM PODE SER VACINADO NO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE (SUS)?
Crianças de seis meses a seis anos, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto),
trabalhadores da Saúde, professores de escolas públicas e privadas, povos indígenas,
indivíduos com mais de 60 anos, pessoas que trabalham na força de segurança e salvamento,
pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais
independentemente da idade. A meta do governo é vacinar, pelo menos, 90% das pessoas que
fazem parte dos grupos acima mencionados.
Fonte: didesign021/Shutterstock
A gripe apresenta grande potencial de gerar pandemias. Na verdade, durante o século
passado, causou três grandes pandemias: a gripe espanhola, entre 1918 e 1919, a gripe
asiática, entre 1957 e 1960, e a gripe de Hong Kong, entre 1968 e 1972.
As três pandemias foram responsáveis por levar a óbito milhões de pessoas. Mais
recentemente, em 2009, a gripe suína foi a protagonista da nova pandemia. No Brasil, entre
2015 e 2019, foram mais de 103 mil casos prováveis de Influenza, sendo mais de 12 mil casos
confirmados. Como podemos observar no gráfico a seguir, o número de casos prováveis ao
longo desses anos foi parecido; já nos casos confimados, podemos perceber que o ano de
2017 teve o maior número de casos confirmados para influenza.
Fonte: Anônimo
 Número de casos prováveis e confirmados de influenza no Brasil de 2015 até 2019 (SE29)
baseado
no Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
A gripe é uma doença de importância mundial e endêmica em nosso país. Em alguns anos,
ocorreram alguns surtos de vírus que pertencem à família Coronaviridae, os coronavírus.
Vamos assistir ao vídeo sobre o Coronavírus.
No Brasil, temos outras doenças endêmicas de grande importância, mas que, por vezes, são
negligenciadas devido à dificuldade de combate ao vetor, como no caso das arboviroses.
Aprenderemos mais sobre esses vírus mais adiante.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS INFECÇÕES VIRAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO SÃO UMA DAS
PRINCIPAIS CAUSAS DE MORBIDADE E MORTALIDADE EM TODO O
MUNDO. QUAL A PRINCIPAL FORMA DE TRANSMISSÃO DESSES VÍRUS?
A) Através de contato com pessoas infectadas (tosse, espirro, secreção nasal).
B) Através de artrópodes infectados.
C) Através de contato sexual.
D) Através de água contaminada.
2. A PREVENÇÃO DO VÍRUS DA GRIPE É FEITA ATRAVÉS DA VACINAÇÃO
ANUAL. SOBRE A VACINA, PODEMOS AFIRMAR:
A) Ela é produzida de cinco em cinco anos e contém somente uma cepa viral.
B) Ela foi produzida uma única vez, mas tem de ser feita vacinação anualmente.
C) Ela é produzida e distribuída anualmente, é trivalente no SUS, e sua previsão é feita em
setembro do ano anterior.
D) Ela é distribuída paratoda a população.
GABARITO
1. As infecções virais do trato respiratório são uma das principais causas de morbidade
e mortalidade em todo o mundo. Qual a principal forma de transmissão desses vírus?
A alternativa "A " está correta.
A principal forma de transmissão é o contato (direto ou indireto) com pessoas infectadas. Essas
pessoas eliminam gotículas ou aerossol contendo o vírus ao falar, espirrar, tossir e nas
secreções nasais.
2. A prevenção do vírus da gripe é feita através da vacinação anual. Sobre a vacina,
podemos afirmar:
A alternativa "C " está correta.
A vacina é de vírus inativado, trivalente (quando é do sistema público – SUS). A previsão de
qual será a formulação da vacina no ano seguinte é feita em setembro do ano anterior, após a
epidemia que acontece no inverno no Brasil. É necessário que seja feita essa previsão anual
da vacina, pois o vírus da influenza sofre muitas mutações, como drifts e shifts antigênicos, que
podem alterar o reconhecimento do vírus pelo sistema imunológico.
MÓDULO 2
 Identificar o que é arbovírus e o melhor método diagnóstico
INTRODUÇÃO AOS ARBOVÍRUS
Os arbovírus são vírus transmitidos por artrópodes, como, por exemplo, mosquitos, carrapatos,
entre outros. Como podemos explicar a contínua transmissão dos arbovírus para nós?
O ciclo enzoótico, juntamente ao ciclo urbano, poderia explicar a manutenção dessa
transmissão de arbovírus em ambas as áreas. Acredita-se que as epidemias resultam da
disseminação do vírus a partir do ciclo enzoótico, onde pessoas que trabalham em ambientes
florestados ou próximos se infectam e se deslocam para os centros urbanos, onde há vetores
como Aedes aegypti e/ou Aedes albopictus. A disseminação para outras cidades ocorre
rapidamente através de viajantes aéreos, que não apresentam sintomas (assintomáticos).
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Fonte: Débora Familiar/feito com biorender
 Ciclo enzoótico.
Doenças causadas pelos vírus Dengue (DENV), vírus Chikungunya (CHIKV), vírus Zika (ZIKV)
e vírus da febre amarela são de Notificação Compulsória, com o objetivo de reduzir a
transmissão e a incidência dessas arboviroses.
No Brasil, temos algumas famílias de arbovírus que apresentam grande impacto na saúde
pública: família Flaviviridae, família Bunyaviridae, família Arenaviridae e família Togaviridae.
Em nossos estudos, focaremos em duas famílias: família Flavivirídae e família Togaviridae.
CICLO ENZOÓTICO
Ciclo em que o vírus é transmitido por mosquito do gênero Aedes a macacos presentes
em uma região florestada, e o homem pode eventualmente se infectar quando entra
nesses ambientes.
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
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É a obrigatoriedade de notificar os casos atendidos de uma doença às autoridades de
saúde pública. Nem toda doença é de notificação compulsória.
FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE
A família Flaviviridae possui quatro gêneros descritos, Pestivirus, Pegivirus, Hepacivirus e
Flavivirus. Alguns dos membros do gênero Flavivirus são vírus Oeste do Nilo (WNV), vírus da
febre amarela (YFV), vírus Dengue (DENV) e vírus Zika (ZIKV).
Os membros da família Flaviviridae apresentam uma partícula viral envelopada com
nucleocapsídeo icosaédrico de 40 a 60 nm. Genoma viral é composto por RNA de fita simples,
polaridade positiva e um único quadro de leitura aberta (ORF, Open Reading Frame). O
genoma viral codifica uma poliproteína que dará origem a 3 proteínas estruturais (capsídeos
[C], preMembrana [prM]/membrana [M], envelope [E]) e 7 proteínas não estruturais (NS1,
NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5). A figura a seguir representa a estrutura e o genoma de
um dos vírus da família Flaviviridae, vírus Zika.
Fonte: Dzianis_Rakhuba/Shutterstock
 Estrutura e genoma viral.
A seguir, veremos mais detalhes sobre outros membros desta família: vírus Zika e vírus
Dengue.
 DICA
O vírus da febre amarela também faz parte da família Flaviviridae. Ele será abordado no vídeo
que você encontrará no final deste módulo.
VÍRUS ZIKA
Em 1947, o vírus Zika (ZIKV) foi isolado pela primeira vez na floresta Ziika, que era uma das
áreas de estudos sobre o vírus da febre amarela. O vírus foi chamado de vírus Zika (ZIKV),
devido à localidade de onde foram feitos os isolamentos, conforme a imagem a seguir.
Fonte: Anônimo/Wikimedia
 Floresta Ziika, em Uganda. Placa do Instituto de Pesquisa (Uganda Virus Research
Institute).
Durante décadas, na África e na Ásia, havia casos esporádicos da doença. Porém, ao longo
dos anos, o vírus foi tendo sua dispersão pelo mundo, com casos reportados, em 2007, na ilha
Yap (Micronésia) e, em 2013, na Polinésia Francesa. Após o surto na Polinésia Francesa, o
vírus se dispersou por outras ilhas do Pacífico (2014 e 2015). Com a disseminação do vírus
nas Américas, entre 2013 e2014, o Brasil se tornou o epicentro da epidemia dessa doença.
De acordo com os boletins epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde brasileiro,
entre 2015 e 2020, quase 300 mil casos foram notificados por todo o país. Alterações
congênitas foram associadas à infecção pelo ZIKV durante a epidemia que ocorreu no país em
2015. Portanto, foram mais de 12 mil casos de gestantes confirmadas com a infecção por ZIKV
e mais de 3 mil bebês nasceram com alterações associadas à infecção, entre 2015 e 2020.
Fonte: Anônimo
 Número de casos prováveis da infecção pelo vírus Zika desde sua introdução no Brasil.
Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
ZIKV pertence à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus. Apresenta dois genótipos já
descritos, africano e asiático, com um único sorotipo. A linhagem asiática pode ser dividida em
três subtipos: subtipo americano, subtipo pacífico e subtipo sudeste asiático.
Fonte: Anônimo/Wikimedia
 Vírus Zika em criomicroscopia eletrônica.
Por ser um arbovírus, ZIKV é transmitido principalmente pela picada de mosquitos Aedes
infectados, embora outras vias de transmissões venham sendo descritas, como transfusões de
sangue, transmissão sexual e transmissão vertical (É a transmissão de uma infecção ou
doença a partir da mãe para o seu feto no útero ou recém-nascido durante o parto) . ZIKV é
capaz de infectar células presentes no local da picada. A ocorrência de viremias (Período no
qual o vírus atinge a circulação sanguínea) e a sua circulação nas células infectadas permite
que o vírus chegue a diferentes locais do corpo, incluindo aqueles relacionados às patologias
que têm relação com o Zika, como placenta e sistema nervoso central.
A infecção pelo ZIKV pode variar de assintomática a uma doença leve autolimitada. Cerda de
27-50% das pessoas podem apresentar sintomas, sendo os mais comuns a febre, erupção
cutânea, mialgia, artralgia, conjuntivite, dor retro-orbital, dor de cabeça, o edema e vômito.
INFECTAR CÉLULAS
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O vírus pode infectar outras células, como fibroblastos, queratinócitos, células de
Langerhans (células dendríticas residentes da pele), monócitos e macrófagos, células
progenitoras neurais (NPC), glia radial, astrócitos, micróglia e trofoblastos.
Fonte: elenabsl/Shutterstock
 Resumos das informações sobre a doenças causada pelo vírus Zika.
Embora a infecção causada por ZIKV tenha sido descrita como uma infecção branda, existem
relatos de alterações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré (SGB), entre outras
doenças relacionadas ao sistema nervoso central em adultos e malformações congênitas,
como a Síndrome Congênita do Zika (SCZ) em crianças.
Fonte: Anônimo/Wikipedia
 Esquema representativo de uma criança nascida com microcefalia (esquerda) e criança
sem microcefalia (direita).
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SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB)
A síndrome de Guillain Barré é uma doença autoimune onde parte do sistema nervoso
afetado, principalmente os nervos. É geralmente provocado por um processo infeccioso
anterior e manifesta fraqueza muscular, com redução ou ausência de reflexos. Várias
infecções têm sido associadas à Síndrome de Guillain Barré, como Zika, chikungunya,citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma
pneumoniae, enterovirus D68, hepatite A, B, C, HIV, entre outros.
SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA (SCZ)
A Síndrome Congênita do Zika (SCZ) é caracterizada por alterações congênitas em fetos
e recém-nascidos infectados pelo ZIKV durante a gravidez. Dados conflitantes indicam
que crianças nascidas de mulheres infectadas por ZIKV durante a gravidez apresentam
um risco de até 42% de desenvolver anormalidades clínicas ou de neuroimagem. As
sintomatologias relatadas na SCZ são microcefalia, calcificação do sistema nervoso
central, hidrocefalia, desproporção craniofacial, alterações oculares, tônus muscular e
postural; reflexos primitivos exagerados, hiperexcitabilidade, hiperirritabilidade,
artrogripose e deformidades articulares.
A SCZ é resultado do dano neurológico direto causado pela replicação viral nas células
progenitoras neurais e indução da apoptose ou necrose das células neurais pode resultar
no aparecimento dessa síndrome. Esses eventos de morte celular reduzem o volume da
cabeça e promovem a calcificação cortical, bem como o aumento ventricular.
VÍRUS DENGUE
Assim como ZIKV, DENV pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, e é transmitido pela
picada dos mosquitos do gênero Aedes. Apresenta quatro sorotipos antigenicamente distintos
(DENV-1,-2,-3,-4), conferindo imunidade sorotipo-específica permanente. Os quatro sorotipos
podem causar de uma doença aguda autolimitada a uma doença grave, sendo fatal em alguns
casos. A partícula viral se assemelha a outros membros desse gênero, assim como sua
replicação. A proteína NS1do DENV é secretada pelas células infectadas durante a replicação
viral, podendo ser detectada no sangue do paciente.
Fonte: Jarun Ontakrai/Shutterstock
A infecção por dengue pode ser assintomática, mas, quando sintomática, é possível que ocorra
o aparecimento de dores de cabeça, dor retroorbital, mialgia (Dor muscular) , artralgia (Dor
articular) , complicações gastrointestinais, inflamação hepática e exantema, como na imagem
a seguir. Quando a febre desaparece, os pacientes podem evoluir clinicamente para uma forma
grave, caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular com extravasamento de plasma
e manifestações hemorrágicas, levando, em alguns casos, ao choque hipovolêmico.
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Fonte: Chonnanit/Shutterstock
 Sintomatologia da infecção por Dengue.
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
É uma situação grave em que ocorre diminuição na quantidade de sangue circulante por
hemorragia externa ou interna.
Em 1997, a OMS criou um sistema de classificação que separava a dengue em dois polos
clinicamente distintos, a dengue e a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD). Já em 2009, foi
estabelecida uma nova classificação da dengue, como podemos observar na imagem a seguir.
A classificação abrange indivíduos sintomáticos sem ou com sinais de alarme que podem
evoluir para dengue grave.
Fonte: Anônimo
 Classificação dos casos de dengue de acordo com os critérios propostos em 2009 pela
OMS.
Existem duas teorias principais imunológicas na dengue que buscaram explicar os quadros
graves em pessoas que tiveram mais de uma infecção por dengue:
TEORIA DO PECADO ANTIGÊNICO ORIGINAL
TEORIA DA FACILITAÇÃO DA INFECÇÃO
DEPENDENTE DE ANTICORPOS (ADE)
Com base na teoria do pecado antigênico original, as células T de reação-cruzada geradas
durante a infecção primária causada por um sorotipo expandem e reconhecem o outro sorotipo
DENV infectante com baixa afinidade. A expansão dessas células T de resposta cruzada
superam a frequência das células T naives de alta afinidade pelo sorotipo DENV infectante. Por
consequência, observa-se um prejuízo do clearance viral e uma desregulação da produção de
mediadores inflamatórios, a “tempestade de citocinas”, que contribui para a imunopatogenia da
dengue.
A teoria da facilitação da infecção dependente de anticorpos (ADE) é o fenômeno em que
anticorpos sub ou não neutralizantes facilitam a entrada de vírus heterólogos nas células
hospedeiras, sendo mais bem caracterizada para DENV e ainda discutida para ZIKV. Essa
teoria estabelece que anticorpos específicos de um sorotipo conferem imunidade ao longo da
vida para o sorotipo homólogo (imunidade sorotipo-específica). Porém, quando o indivíduo se
infecta por um sorotipo heterólogo, ou seja, por outro sorotipo, os anticorpos gerados na
primeira infecção são capazes de se ligar ao vírus infectante, mas não são capazes de
neutralizá-lo, pois a ligação é de baixa avidez. A interação vírus e anticorpo sub- ou não
neutralizante facilitaria a entrada do vírus na célula hospedeira, via receptores Fcɣ. Dentro da
célula, com a redução do pH do endossomo, o complexo vírus-anticorpo se desprenderá um do
outro, potencializando, assim, a replicação viral.
Fonte: Anônimo
 Número de casos prováveis da infecção pelo vírus Dengue nos últimos 5 anos no Brasil.
Dados retirados do boletim epidemiológico do ministério da saúde.
Após a introdução de ZIKV no Brasil, em 2015, essas mesmas teorias passaram a ser
discutidas, mas ainda são necessários mais estudos para comprovar.
De acordo com os boletins epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde, entre 2015 e
2019, foram mais de 5 milhões de casos prováveis notificados. Em 2020, até a semana
epidemiológica 29 (SE29 – até 18/07/2020), foram notificados 905.912 casos prováveis de
DENV no Brasil, com mais de 3 mil óbitos confirmados nos últimos 5 anos.
FAMÍLIA TOGAVIRIDAE
A família Togaviridae é composta pelo gênero Alphavirus (31 espécies). Alguns dos membros
do gênero são vírus O'Nyong-Nyong (ONNV), vírus da Febre do Rio Ross (RRV) e vírus
Chikungunya (CHIKV).
Os membros da família Togaviridae apresentam uma partícula viral envelopada com
núcleocapsídeo de simetria icosaédrica de 65-70 nm de diâmetro. O genoma viral é constituído
por uma fita simples de RNA com polaridade positiva. O genoma viral apresenta duas regiões
de leitura aberta (ORF – Open Reading Frame). Apresentam quatro proteínas não estruturais:
nsP1, nsP2, nsP3 e nsP4 e quatro proteínas estruturais principais: E1, E2, E3 e Capsídeo (C).
Além disso, também codifica a proteína 6k e a proteína TF (transframe).
Fonte: Débora Familiar/feito em Biorender
 Vírus Chikungunya e seu genoma.
Um dos membros dessa família, o Chikungunya, é um arbovírus endêmico, mas foi
recentemente inserido no Brasil. Vamos ver, a seguir, um pouco mais sobre ele!
VÍRUS CHIKUNGUNYA
Vírus Chikungunya (CHIKV) é um arbovírus pertencente à família Togaviridae, gênero
Alphavirus, que pode ser transmitido por mosquitos do gênero Aedes. CHIKV foi isolado pela
primeira vez na Tanzânia, em 1952. O nome chikungunya deriva de uma palavra na língua
makonde, que significa “tornar-se contorcido”, que faz menção à aparência curvada dos
doentes com dor nas articulações.
A primeira evidência da circulação de CHIKV fora da África veio de Bancoque, Tailândia, em
1958. De 1961 a 1963, o vírus foi encontrado no Camboja e na Índia. O primeiro caso
autóctone na América ocorreu no final de 2013, no Caribe.
Fonte: Anônimo/Wikipédia
 Vírus Chikungunya.
VOCÊ SABE ONDE OCORREU O PRIMEIRO CASO DE
CHIKV NO BRASIL? SABE EM QUE ANO ELE FOI
INTRODUZIDO?
Com o intenso fluxo de pessoas viajando e a presença de vetores competentes, o Brasil
identificou o primeiro caso autóctone de chikungunya no Oiapoque (Amapá), em 13 de
setembro de 2014, causado pelo genótipo asiático. Simultaneamente, na semana seguinte, foi
reportada a infecção por outro genótipo em Feira de Santana (BA). De 2015 a 2019, foram
notificados mais de 700 mil casos prováveis. Em 2020 (SE29), o número de casos prováveis
notificados foi 56.717.
Fonte: Anônimo
 Número de casos prováveis da infecção pelo vírus Chikungunya nos últimos 5 anos no
Brasil. Dados obtidos no boletim epidemiológico do ministério da saúde.
 SAIBA MAIS
A partir de análises filogenéticas com base em sequências da região estrutural E1 do genoma
deCHIKV, o mesmo pode ser agrupado em três genótipos: Asiático, Leste/Centro/Sul da África
(ECSA) e Oeste Africano. O genótipo ECSA foi ainda agrupado em ECSA enzoótica, ECSA
Brasil e ECSA Linhagem do Oceano Indico (IOL em inglês).
CHIKV infecta o hospedeiro através de picadas contaminadas de mosquitos do gênero Aedes,
podendo infectar
células residentes na derme (Fibroblastos, células de Langerhans e macrófagos) , onde são
capazes de se replicar. Com o auxílio de células apresentadoras de antígeno, os vírus podem
ser levados até o linfonodo mais próximo, onde também são capazes de se replicar. Na fase
virêmica, o vírus pode atingir diversos órgãos, como representado na imagem a seguir.
Fonte: Fonte: Débora Familiar/feito em Biorender
 Infecção e disseminação sistêmica do CHIKV.
A infecção causada por CHIKV é caracterizada por uma infecção aguda e autolimitada que
causa altos níveis de viremia, a qual costuma durar de 4 a 6 dias, podendo permanecer por até
12 dias.
Das pessoas infectadas, 75% a 95% dos casos são sintomáticos. Normalmente, os sintomas
da infecção causada por CHIKV são febre alta (>38.9°C), poliartralgia (Dor em diversas
articulações) , que pode ser debilitante e que pode persistir por meses, exantema, prurido,
vermelhidão nos olhos, astenia, dor de cabeça e mialgia.
Você deve ter reparado que os sintomas apresentados na infecção por CHIKV, são sintomas
semelhantes ao de DENV e ZIKV, certo? Isso parece ser um problema! Vamos discutir sobre
isso mais à frente.
Fonte: Zay Nyi Nyi/Shutterstock
 Legenda da imagem
Após a fase aguda, algumas pessoas evoluem para a cura, enquanto outras desenvolvem a
forma subaguda da doença, na qual permanece a artralgia, que pode ser acompanhada por
prurido, dermatite esfoliativa e sintomas depressivos. Em alguns casos, os sintomas podem
permanecer por mais de 3 meses, sendo considerado que o indivíduo entrou na fase crônica
da doença. Nesta fase, é possível que haja persistência da artralgia, da dor neuropática, e, em
alguns casos, ocorre alopécia (Doença inflamatória que provoca a queda de cabelo) e bursite.
Agora que já aprendemos sobre as principais arboviroses que circulam no Brasil e infectam
humanos, vamos conhecer como é feito o diagnóstico. Você se lembra de que os sintomas de
DENV, ZIKV e CHIKV são bem parecidos, podendo ser confundidos muitas vezes? Então,
vamos aprender como diferenciá-los!
DIAGNÓSTICO DAS ARBOVIROSES
O diagnóstico para as arboviroses é realizado através de diagnóstico clínico-laboratorial. O
diagnóstico clínico da infecção causada por ZIKV, DENV ou CHIKV, muitas vezes, torna-se
difícil devido à semelhança dos sintomas. Portanto, é necessária a realização do diagnóstico
laboratorial para a confirmação da infecção.
O diagnóstico laboratorial deve ser realizado na fase aguda da doença, que dura entre 7 e 10
dias, dependendo do arbovírus. A coleta do material biológico é indicada nos primeiros 7 dias
após o aparecimento dos sintomas. O material biológico mais coletado para diagnóstico é o
sangue periférico, podendo ser coletada urina, no caso da infecção por ZIKV e CHIKV, e saliva,
para CHIKV.
Fonte: PPK_studio/Shutterstock
As técnicas mais utilizadas para o diagnóstico são:
ISOLAMENTO VIRAL EM CULTURA DE CÉLULAS
O isolamento viral é realizado principalmente em cultura de células em garrafas, como na
imagem a seguir. As células provenientes da glândula salivar do mosquito (C6/36) e as células
epiteliais renais extraídas de um macaco verde africano (VERO) são muito utilizadas.
Fonte: luchschenF/Shutterstock
 Cultura de células.
DETECÇÃO DO RNA VIRAL ATRAVÉS DA RT-PCR
A técnica de RT-PCR (reação em cadeia da polimerase precedida de transcrição reversa)
é capaz de identificar a presença do material genético do vírus na amostra clínica coletada,
sendo necessário fazer testes para os três vírus (DENV, ZIKV, CHIKV), pois, desta forma, caso
o resultado dê negativo, teremos a certeza de que o indivíduo doente não está infectado por
nenhum dos três vírus circulantes. Além disso, é possível descartar possível coinfecção.
Fonte: Vit Kovalcik/Shutterstock
 Diagnóstico por PCR.
SOROLOGIA
Trata-se da sorologia para detecção de imunoglobulinas M (IgM), para captura do antígeno
NS1 (DENV e ZIKV) e para detecção de imunoglobulinas G (IgG).
O diagnóstico sorológico pode ser feito por busca de anticorpos IgM ou por captura de NS1 –
ambos são detectados nos soros de pacientes. No entanto, foram observadas reações
cruzadas entre DENV e ZIKV nos ensaios sorológicos. O IgG dificilmente é detectado na fase
aguda; normalmente, é detectado após 15 dias do início dos sintomas, quando geralmente não
há mais vírus circulando no sangue.
Fonte: Jarun Ontakrai/Shutterstock
 Ensaio de ELISA.
As arboviroses causam doenças que podem ocasionar sérias consequências, inclusive a
morte. Portanto, é importante que haja alguma forma de prevenção eficiente. Agora, vamos
falar sobre a imunização em arbovírus – veremos as vacinas que estão disponíveis e seus
problemas.
IMUNIZAÇÃO
Anualmente, muitas pessoas são infectadas por DENV, ZIKV e CHIKV, e, mesmo que essas
arboviroses, de forma geral, causem uma doença aguda autolimitada, em alguns casos, podem
ocorrer óbito e má formações congênitas. Dessa forma, é muito importante a conscientização
da população e a vacinação.
ENTRE OS ARBOVÍRUS ESTUDADOS ATÉ AQUI,
SOMENTE DOIS APRESENTAM VACINAS QUE FORAM
APROVADAS E ESTÃO DISPONÍVEIS: DENV E YFV.
Fonte: Jarun Ontakrai/Shutterstock
 Vacina da dengue.
A vacina contra dengue Dengvaxia® (liberada pela Anvisa em 2016), fabricada pela Sanofi-
Pasteur, pode ser aplicada em indivíduos de 9 a 45 anos. Essa vacina é tetravalente, ou seja,
apresenta os 4 sorotipos de DENV (DENV 1-4) e é composta de vírus vivo atenuado. Os
indivíduos imunizados recebem 3 doses em um intervalo de 6 meses. Os estudos realizados
durante o desenvolvimento dessa vacina prometiam alta proteção, mas, quando foi avaliada a
eficácia na proteção contra cada sorotipo, observou-se cerca de 58,4% de eficácia para DENV-
1, 47,1% para DENV-2, 73,6% para DENV-3 e 83,2% para DENV-4.
Com o aparecimento de quadros graves em indivíduos vacinados que nunca foram infectados
pelo DENV, foi preciso reavaliar os estudos da vacina e restringir o grupo que poderia ser
vacinado. Somente pessoas que já foram infectadas por algum sorotipo de DENV poderiam
tomar a vacina. Assim, a Anvisa retirou a vacina do calendário nacional de vacinação, estando
disponível somente no setor privado. Outras vacinas contra dengue estão em desenvolvimento.
 SAIBA MAIS
Tanto para ZIKV quanto para CHIKV, ainda não existe nenhuma vacina aprovada e liberada.
Vários estudos vêm sendo realizados para a produção dessas vacinas.
Cada vírus apresenta uma forma de patologia. Existem vírus que demonstram potencial
oncogênico, como os vírus da hepatite e o HPV, que serão abordados mais adiante.
FEBRE AMARELA
Veremos, agora, um vídeo sobre a febre amarela, onde abordamos informações sobre o vírus,
sintomatologia, diagnóstico e vacinação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (QUESTÃO ADAPTADA DE PROVA: IBFC - 2019 - PREFEITURA DE
CABO DE SANTO AGOSTINHO – PE - BIOMÉDICO DIARISTA) EM
RELAÇÃO A ARBOVIROSES, ANALISE AS AFIRMATIVAS ABAIXO.
I. ARBOVIROSES SÃO AS DOENÇAS CAUSADAS PELOS CHAMADOS
“ARBOVÍRUS”, QUE INCLUEM O VÍRUS DENGUE, VÍRUS ZIKA, VÍRUS
CHIKUNGUNYA E VÍRUS DA FEBRE AMARELA.
II. A CLASSIFICAÇÃO "ARBOVÍRUS" ENGLOBA TODOS AQUELES
TRANSMITIDOS POR ARTRÓPODES, OU SEJA, INSETOS E ARACNÍDEOS
(COMO ARANHAS E CARRAPATOS).
III. O CICLO ENZOÓTICO E O CICLO URBANO SÃO CAPAZES DE
EXPLICAR A MANUTENÇÃO DAS ARBOVIROSES EM AMBAS AS ÁREAS.
A) As afirmativas I, II e III estão corretas.
B) Apenas a afirmativa II está correta.
C) Apenas a afirmativa I está correta.
D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
2. POR APRESENTAREM SINTOMATOLOGIA TÃO PARECIDA, MUITAS
VEZES, TORNA-SE IMPOSSÍVEL PARA O MÉDICO IDENTIFICAR POR
QUAL VÍRUS O PACIENTE ESTÁ INFECTADO.DESSA FORMA, É MUITO
IMPORTANTE O DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ACOMPANHANDO O
DIAGNÓSTICO CLÍNICO. QUAIS TÉCNICAS PODEM SER UTILIZADAS
PARA O DIAGNÓSTICO LABORATORIAL? ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA.
A) Somente técnicas sorológicas, principalmente a detecção de IgG.
B) Isolamento viral em cultura de células, PCR ou RT-PCR, sorologias (IgM, IgG e NS1 para
DENV e ZIKV).
C) Citometria de fluxo e ensaio de citotoxicidade.
D) Western Blott e PRNT.
GABARITO
1. (Questão adaptada de Prova: IBFC - 2019 - Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho –
PE - Biomédico Diarista) Em relação a arboviroses, analise as afirmativas abaixo.
I. Arboviroses são as doenças causadas pelos chamados “arbovírus”, que incluem o
vírus Dengue, vírus Zika, vírus Chikungunya e vírus da febre amarela.
II. A classificação "arbovírus" engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou
seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos).
III. O ciclo enzoótico e o ciclo urbano são capazes de explicar a manutenção das
arboviroses em ambas as áreas.
A alternativa "A " está correta.
O termo arbovírus vem do inglês arthropode-borne virus, que significa que são vírus
transmitidos por artrópodes, como, por exemplo, mosquitos, carrapatos, entre outros. Zika,
Dengue, Chikungunya e o da febre amarela são vírus transmitidos por mosquitos. Esses vírus
são mantidos na natureza pelo ciclo enzóotico e ciclo urbano, devido à presença dos
hospedeiros naturais, como macacos, a presença de vetor competente e o homem, que migra
de uma área para outra.
2. Por apresentarem sintomatologia tão parecida, muitas vezes, torna-se impossível para
o médico identificar por qual vírus o paciente está infectado. Dessa forma, é muito
importante o diagnóstico laboratorial acompanhando o diagnóstico clínico. Quais
técnicas podem ser utilizadas para o diagnóstico laboratorial? Assinale a alternativa
correta.
A alternativa "B " está correta.
As técnicas mais utilizadas e padronizadas para o diagnóstico laboratorial é o isolamento viral
em cultura de células, é a PCR ou RT-PCR, as sorologias para detecção de anticorpos IgM ou
IgG (investigar contato anterior) ou proteína NS1 (no caso, Dengue e Zika). O método que dará
mais garantia ao diagnóstico é o PCR, pois amplifica o RNA viral, mas é preciso estar atento a
possíveis coinfecções, fazendo sempre o teste para os 3 vírus circulantes.
MÓDULO 3
 Identificar vias de transmissão e doenças causadas pelo vírus da hepatite e HPV
Agentes causadores de importantes doenças no Brasil e no mundo, os vírus Hepatite e
Papiloma vírus humano (HPV) serão estudados a partir de agora. Vamos aprender mais sobre
as famílias, a forma de transmissão, como se prevenir e sobre as vacinas liberadas.
HEPATITES VIRAIS
Hepatite significa a inflamação do fígado, que pode ter diferentes causas, como, por exemplo, o
consumo excessivo de álcool, de remédio ou uma infecção por vírus. O fígado é indispensável
ao corpo humano, sendo responsável pela metabolização de nutrientes, medicamentos e
outras substâncias que devam ser absorvidas ou secretadas pelo corpo. Todo sangue que sai
do estômago e do intestino passa pelo fígado antes de se espalhar pelo corpo.
Fonte: Nerthuz/Shutterstock
 Anatomia Humana, evidenciando o fígado.
 VOCÊ SABIA
Você sabia que o vírus da hepatite C pertence à mesma família dos vírus Zika e Dengue? Isso
mesmo!
As hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas que afetam o fígado e são causadas
pelos cinco vírus já descritos: vírus da hepatite A (HAV), vírus da hepatite B (HBV), vírus da
hepatite C (HCV), vírus da hepatite D ou Delta (HDV) e vírus da hepatite E (HEV).
Com exceção do HBV, que possui genoma DNA, todos os demais são vírus RNA, como
podemos ver na imagem a seguir, embora apresentem diferenças em sua estrutura e seu
genoma e, por consequência, em sua classificação taxonômica. Estes cinco vírus têm o fígado
como alvo primário.
Fonte: Débora Familiar/feito em Biorender
 Classificação e características do vírus Hepatite (A-E).
De forma geral, a hepatite pode ser assintomática em 50 a 90% das pessoas. Quando
sintomáticas, as pessoas podem apresentar náusea, vômitos, mal-estar, dor de cabeça, febre e
perda do apetite. Dependendo da evolução da infecção, o indivíduo pode entrar na fase
ictérica, caracterizada por colúria (Urina escura) , acolia (Fezes esbranquiçadas) e
icterícia (Pele e olhos amarelados em virtude do acúmulo de bilirrubina no sangue) , que
coincidem com alteração das provas de função hepática (alaminotransferase – ALT,
aspartatoaminotransferase – AST e gamaglutamiltransferase – GGT).
Quando uma pessoa se infecta com um dos vírus da hepatite, o vírus migrará e infectará os
hepatócitos (Células do fígado) . Com isso, pode acontecer sinais e sintomas característicos
da doença, e, após a fase aguda, a pessoa infectada segue para a fase de recuperação.
Algumas pessoas se recuperam completamente, porém outras cronificam, podendo ocorrer
algumas complicações, como a cirrose e o carcinoma hepatocelular.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
 Progressão da doença hepática na infecção pelo vírus da hepatite.
Agora, vamos estudar cada vírus da hepatite. Para facilitar o entendimento, veremos esses
vírus separados em dois grupos de acordo com a forma de transmissão.
HEPATITE A
A hepatite A é transmitida pela via orofecal através de ingestão de água/alimentos
contaminados e/ou contato indireto (fômites). Após sua ingestão, o vírus é capaz de atravessar
o intestino e chegar à corrente sanguínea, atingindo o fígado. Após a replicação no fígado, o
vírus é eliminado com a bile nas fezes. Esse vírus costuma causar infecções agudas benignas,
que evoluem para a cura sem necessidade de tratamento específico e sem cronificação.
Fonte: Débora Familiar/feito em BioRender
 Tropismo do vírus da hepatite A no organismo.
A partícula viral é eliminada nas fezes do paciente infectado em grandes quantidades e
permanece estável no ambiente. Esse tipo de infecção está relacionado com condições
sanitárias precárias, levando à ampla disseminação, principalmente do HAV, no ambiente. A
infecção em crianças costuma ser assintomática, o que é outro fator que contribui para a
disseminação do vírus. A infecção por hepatite A tem distribuição mundial, afetando diferentes
classes socioeconômicas em formas distintas:
REGIÕES SUBDESENVOLVIDAS
Quando ocorre em regiões subdesenvolvidas, apresenta infecção universal entre crianças, que
desenvolvem a doença assintomática.
REGIÕES EM DESENVOLVIMENTO
Nas regiões em desenvolvimento, em que há melhorias nos padrões sanitários, observamos
um deslocamento da doença para faixas etárias maiores.
REGIÕES DESENVOLVIDAS
Nas regiões desenvolvidas, onde há barreiras ambientais que impedem o contato com o vírus
na infância, observa-se grande número de adultos suscetíveis e que, provavelmente, não terão
contato com o vírus.
No Brasil, a hepatite A representa mais de 60 % dos casos das hepatites virais agudas, e, nos
últimos anos, foi observado que a média de idade da infecção tem se deslocado da infância
para a adolescência.
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COMO IDENTIFICAR A INFECÇÃO PELA HEPATITE A?
Fonte: Jarun Ontakrai/Shutterstock
 Teste IgM para HAV.
Em primeiro lugar, é realizada uma avaliação clínica do paciente sintomático pelo médico e, de
acordo com os sintomas presentes, o médico solicitará o exame laboratorial com testes
bioquímicos. Você lembra que a infecção pelos vírus Hepatite causa alterações nas enzimas do
fígado? Então, por isso é solicitado o hepatograma (ALT, AST, FA, gama GT). Além disso, para
o diagnóstico da infecção atual ou recente, é realizado a pesquisa de anticorpos anti-HAV IgM
(infecção inicial), que podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses.
Pode ser realizado o PCR, buscando a presença do material genético do vírus (RNA viral).
Para avaliação de cobertura vacinal e infecção passada, é realizada pesquisa do anticorpo IgG.
APÓS AINFECÇÃO E EVOLUÇÃO PARA A CURA, OS
ANTICORPOS PRODUZIDOS IMPEDEM NOVA
INFEÇÃO, PRODUZINDO UMA IMUNIDADE
DURADOURA.
O saneamento básico, com a instalação adequada de redes de esgoto e o acesso à água
potável, é uma das formas de prevenir a infecção pelos vírus da hepatite A. Além disso, é
importante criar hábitos de higiene, como lavar as mãos regularmente, principalmente após
utilizar o banheiro e antes das refeições, e higienizar os alimentos, como frutas e verduras. No
Brasil, é disponibilizada a vacina inativada contra hepatite A, que é administrada aos 15 meses
de idade (dose única).
HEPATITE B E HEPATITE C
As hepatites B e C são transmitidas principalmente por via parenteral, por contato com sangue
e hemoderivados, sendo possível sua transmissão por contato sexual e de mãe infectada para
o recém-nascido (durante o parto ou no período perinatal). Grupos de alto risco incluem os
usuários de drogas injetáveis e indivíduos com múltiplos parceiros.
Na maioria dos casos, a hepatite B não apresenta sintomas. A ausência de sintomas na fase
inicial dificulta o diagnóstico precoce da infecção, sendo, muitas vezes, diagnosticada décadas
após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado.
Fonte: Olga Bolbot/Shutterstock
 Sintomas de hepatite B.
A triagem de hepatite B é realizada através da pesquisa do antígeno do HBV (HBsAg), que
pode ser feita por meio de teste laboratorial ou teste rápido. Se o resultado do teste for positivo,
deve ser realizado outro teste laboratorial, para complementar o diagnóstico, sendo mais
indicado a detecção da carga viral, por meio de PCR.
Estima-se que haja cerca de 2 bilhões de infectados pelo HBV no mundo. Destes, 350 milhões
são portadores crônicos. No período de 1999 a 2019, foram notificados 247.890 casos
confirmados de hepatite B no Brasil.
 VOCÊ SABIA
Você sabia que o vírus da hepatite B sobrevive no sangue seco, a temperatura ambiente, por
pelo menos 7 dias?
A hepatite B não tem cura, portanto é de extrema importância que seja feita a sua prevenção.
O controle e a prevenção da hepatite B se dá através do uso de preservativos, da esterilização
de agulhas que são utilizadas, por exemplo, em estúdios de piercings e tatuagens, e da
esterilização de alicates de unha que são utilizados em salões de beleza. Além disso, é
realizada a triagem de doações de sangue e de órgãos.
VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO: “E A VACINA?
NÃO É UMA FORMA DE PREVENÇÃO?”.
Sim! Existe vacina para hepatite B no sistema público, estando dentro do calendário nacional
de vacinação: é oferecida uma dose da vacina quando a criança nasce. Além disso, existem
doses da vacina Pentavalente (DTP+Hib+ Hep B) com 2, 4 e 6 meses, servindo como doses de
reforço.
Fonte: Shuttterstock/Novikov Aleksey
 Imagem ilustrativa da vacina para hepatite B.
ESTÁ CLARO QUE A HEPATITE B NÃO TEM CURA,
SENDO MUITO IMPORTANTE SUA PREVENÇÃO.
PORÉM, EXISTE ALGUM TRATAMENTO?
O tratamento disponibilizado no SUS tem como objetivo reduzir o risco de progressão da
doença e suas complicações, especificamente cirrose, câncer hepático e morte. Os
medicamentos disponíveis para controle da hepatite B são a alfapeginterferona, o tenofovir e o
entecavir.
Chegamos ao vírus da hepatite C.
Cerca de 200 milhões de pessoas foram afetadas pelo HCV em todo o mundo, sendo que
70%-85% de indivíduos apresentam infecção crônica pelo HCV. A infecção por HCV é a maior
causa de transplante hepático no mundo!
Muitas pessoas foram infectadas por HCV através de transfusão de sangue antes de 1993,
pois, naquela época, não se faziam tantos testes nos doadores de sangue. Outra forma
bastante comum da transmissão são acidentes com agulha e objetos perfurocortantes
infectados e o compartilhamento de agulhas e seringas por usuários de drogas. De forma mais
incomum, mas ainda possível, a transmissão sexual ou perinatal. A hepatite C não é
transmitida pelo leite materno.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
 Modelo do vírus da hepatite C, ilustração 3D.
O tratamento da hepatite C é feito com antivirais (daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir) de ação
direta, que apresentam taxas de cura de mais de 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou
12 semanas.
COMO PREVENIR A HEPATITE C?
Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infecção, é importante não compartilhar
com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas,
agulhas, alicates, escova de dente etc.) e usar preservativo nas relações sexuais.
A imagem a seguir mostra uma tabela publicada no Boletim Epidemiológico da Secretaria de
Vigilância em Saúde com o Ministério da Saúde sobre Hepatites virais lançado em julho de
2020.
Fonte: Anônimo/saude.gov
A tabela mostra o número de casos confirmados no Brasil, separados por estados, das
hepatites virais entre 1999 e 2019. Como podemos notar, temos vigilância epidemiológica para
as hepatites A-D.
O que mais você consegue notar olhando a tabela?
As hepatites B e C são as hepatites com maior número de casos confirmados notificados. Se
você pensar bem, a hepatite B não deveria ter o maior número de casos confirmados, pois
existe a melhor medida de prevenção: a vacina. Porém, como a vacina começou a ser
distribuída só em 1981 e implantada no sistema público de saúde em 1991, temos um grupo de
adultos com mais de 30 anos que nunca foi vacinado e que representa o principal grupo de
risco.
 DICA
A vacina pode ser administrada independentemente da idade! E você, foi vacinado? Veja sua
carteirinha de vacinação!
Fonte: crystal light/Shutterstock
 Células cancerígenas, ilustração 3D.
Assim como as hepatites virais crônicas podem levar ao aparecimento de câncer de fígado,
outros vírus também podem ocasionar a doença em outros órgãos do corpo humano. Um
oncovírus pode causar câncer. É claro que o câncer é uma doença multifatorial, que não
depende só da presença do vírus, mas também de questões genéticas, hormonais, hábitos de
vida e hábitos alimentares. Você sabia que 20% dos cânceres humanos são associados
cientificamente a algum vírus?
Para completar nosso conhecimento sobre hepatites virais, vamos assistir a um vídeo sobre
hepatite D e hepatite E.
Alguns vírus oncogênicos podem ser transmitidos através do contato sexual e de transfusões
de sangue ou de seringas contaminadas utilizadas por uma pessoa infectada.
Além do vírus das hepatites B e C, você consegue citar algum outro oncovírus?
 VOCÊ SABIA
Outros exemplos de oncovírus são o vírus HTLV - I / Human T-lymphotropic virus type I, que
causa leucemia e linfoma de célula T em adultos, e o Papilomavírus humano – (HPV), que
causa câncer de colo de útero, ânus e boca. Aqui, vamos aprender um pouco mais sobre o
HPV.
PAPILOMAVIRUS HUMANO (HPV)
O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus pertencente à família Papillomaviridae. Os HPVs
são agrupados nos seguintes gêneros: Alfapapilomavírus, Betapapilomavírus,
Gamapapilomavírus, Mupapilomavírus e Nupapilomavírus. É um vírus não envelopado que tem
como genoma DNA fita dupla circular. Existem mais de 100 diferentes tipos de HPVs, sendo os
genótipos mais frequentes classificados como alto risco (principalmente 16 e 18) e baixo risco
(principalmente 6 e 11).
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
 Papilomavírus humano tipo 16.
A infecção por HPV causa normalmente o aparecimento de tumores benignos, chamados
popularmente de verrugas. As verrugas são sempre causadas por alguma cepa de
Papilomavírus humano. Diferentes genótipos podem causar verrugas em diferentes partes do
corpo, como no braço, na perna e em regiões genitais. Alguns genótipos apresentam
associações com neoplasias intraepitelial cervical (como câncer do colo de útero), como o 16 e
o 18.
As verrugas podem se espalhar de um local do corpo para outro ou até mesmo por todo o
corpo, como no caso da epidermodisplasia verruciforme, uma genodermatose (Doenças
genéticas que afetam a pele) rara caracterizada por infecção disseminada por HPV. Além dainfecção por HPV, os indivíduos portadores dessa doença apresentam um fator genético que
favorece a disseminação do vírus. Essa doença é pouco conhecida pelo nome científico, mas
muitos já devem ter ouvido o nome “homem-árvore”.
Fonte: Anônimo/Wikimedia
 Epidermodisplasia verruciforme (Homem-árvore).
COMO SE DÁ A TRANSMISSÃO DO HPV?
HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST), sendo passada pelo contato direto ou
indireto do epitélio com verrugas. Esses vírus possuem a capacidade de infectar tanto as
mucosas como os tecidos cutâneos. O HPV está relacionado com o agente causador do
câncer de colo do útero, ânus, pênis, vulva, vagina e boca e orofaringe, como também com o
causador de verrugas cutâneas e genitais.
As infecções, em sua maioria, são latentes, em que o período de incubação pode levar de 6
semanas a 2 anos. Muitas infecções são assintomáticas e transitórias. O vírus é encontrado no
epitélio escamoso queratinizado e não queratinizado presente na mucosa da boca, nas vias
respiratória superiores, na vagina, no colo uterino e no reto. A entrada do vírus ocorre através
de microlesões presentes na pele, e o vírus se espalha pelas células basais do epitélio. Com a
sua replicação, o vírus faz as células induzirem a replicação celular mais frequente, e, à
medida que as células se dividem, diferenciam-se e trocam de função.
Fonte: Maiara Machado - Kateryna Kon/Shutterstock
 Infecção por HPV e sua evolução. Fonte: adaptado do FDA.
A persistência da infecção está associada à integração do genoma viral e ao maior risco de
desenvolvimento de câncer cervical. Nos HPV tipo 16 e 18, as proteínas E5, E6 e E7
associam-se e inativam as proteínas celulares p53 e pRB (gene do retinoblastoma). Na célula
transformada, não há produção de vírus, embora continue a dividir-se em função do estímulo
viral. À medida que as células se dividem, acumulam mutações que eventualmente levam à
formação de um tumor.
Por ser considerada a IST mais prevalente em todo o mundo, com maior incidência em
adolescentes, e por ser altamente contagiosa, sendo possível adquiri-la com apenas uma
exposição sexual, tornou-se tão necessário o desenvolvimento de uma vacina capaz de
prevenir, pelo menos, os genótipos mais frequentes: 6 e 11, 16 e 18.
Portanto, foram aprovadas e registradas pela Anvisa duas vacinas contra HPV:
Fonte: K.unshu/Shutterstock
VACINA QUADRIVALENTE
A Gardasil confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18.
Fonte: PhotobyTawat/shutterstock
VACINA BIVALENTE
A Cervarix confere proteção contra HPV 16 e 18.
São vacinas recombinantes feitas de uma única proteína do revestimento do HPV, que são
morfologicamente e imunologicamente semelhantes ao vírus.
O Ministério da Saúde implementou, em 2014, no Sistema Único de Saúde (SUS), a vacinação
quadrivalente gratuita contra o HPV em meninas de 9 a 13 anos de idade. Esta faixa etária foi
escolhida por apresentar menor possibilidade de exposição ao vírus, em razão de não terem
iniciado ainda a vida sexual.
ALÉM DA VACINAÇÃO QUE SE ENCONTRA
DISPONÍVEL, É IMPORTANTE O USO DE
PRESERVATIVO NAS RELAÇÕES SEXUAIS, POIS,
ALÉM DE PREVENIR O HPV, ESTARÁ PREVENINDO
OUTRAS IST.
Observe no infográfico a seguir sintomas, prevenção, tratamento e hábitos que aumentam o
risco de se infectar pelo HPV e desenvolver câncer de colo de útero:
Fonte: Designua/Shutterstock
 Infográfico com sintomas, prevenção, tratamento e hábitos que aumentam o risco de se
infectar pelo HPV e
desenvolver câncer de colo de útero.
O diagnóstico do HPV pode ser realizado com auxílio de testes específicos e testes
inespecíficos, além do diagnóstico clínico. Como testes inespecíficos podem ser realizados
colposcopia, citopatologia (Papanicolau) e histopatologia, que visam detectar possíveis
alterações nas células do colo do útero, dando indícios de possível infecção e até mesmo de
desenvolvimento do câncer. Como testes específicos, que buscam o agente infeccioso, temos
a microscopia eletrônica, imunocitoquímica, o PCR e a hibridização in situ.
 ATENÇÃO
Por que não podemos fazer o isolamento viral do HPV?
O vírus não é cultivável em cultura celular.
O HPV é uma doença que apresenta milhões de casos de condiloma genital por ano, sendo a
segunda causa de morte por câncer em mulheres. No Brasil, não é realizada uma vigilância
epidemiologia dos casos de HPV, mas se sabe que ocorre cerca de 15 mil óbitos por ano de
mulheres com câncer de colo de útero (terceira causa de câncer em mulheres). O HPV é uma
das doenças mais frequentes, mesmo sendo uma doença previsível de diversas formas.
As doenças virais que vimos até aqui afetam, em sua grande maioria, adultos. Porém, não
podemos nos esquecer das doenças que surgem geralmente na infância. Elas apresentam sua
importância no cenário da saúde pública e do bem-estar infantil. Você já deve ter ouvido falar
delas: sarampo, caxumba, catapora e rubéola, as doenças que abordaremos a seguir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (INSTITUTO MACHADO DE ASSIS – 2018 – PREFEITURA DE SÃO
BERNARDO MA - ENFERMEIRO) AS HEPATITES VIRAIS SÃO DOENÇAS
INFECCIOSAS SISTÊMICAS QUE AFETAM O FÍGADO. CINCO
DIFERENTES VÍRUS SÃO RECONHECIDOS COMO AGENTES
ETIOLÓGICOS DA HEPATITE VIRAL HUMANA: O VÍRUS DA HEPATITE A
(HAV), O VÍRUS DA HEPATITE B (HBV), O VÍRUS DA HEPATITE C (HCV), O
VÍRUS DA HEPATITE D OU DELTA (HDV) E O VÍRUS DA HEPATITE E (HEV).
SOBRE O ASSUNTO, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) Na hepatite A, o quadro clínico é menos intenso à medida que aumenta a idade do paciente.
B) A hepatite B pode ser transmitida pela via parenteral e também pela via fecal-oral.
C) A transmissão da hepatite C ocorre, principalmente, por via parenteral.
D) O modo de transmissão da hepatite D é semelhante ao da hepatite E.
2. (MUNDO EDUCAÇÃO) EXISTEM MAIS DE 150 TIPOS DIFERENTES DE
VÍRUS HPV, QUE SÃO CLASSIFICADOS EM GRUPOS DE ALTO RISCO E
DE BAIXO RISCO. OS DE ALTO RISCO ESTÃO RELACIONADOS COM O
DESENVOLVIMENTO DE CÂNCER. NAS MULHERES, OS HPV DE ALTO
RISCO RELACIONAM-SE, PRINCIPALMENTE, COM O:
A) Câncer de mama.
B) Câncer de pele.
C) Câncer de colo do útero.
D) Câncer de pulmão.
GABARITO
1. (Instituto Machado de Assis – 2018 – Prefeitura de São Bernardo MA - Enfermeiro) As
hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas que afetam o fígado. Cinco
diferentes vírus são reconhecidos como agentes etiológicos da hepatite viral humana: o
vírus da hepatite A (HAV), o vírus da hepatite B (HBV), o vírus da hepatite C (HCV), o
vírus da hepatite D ou Delta (HDV) e o vírus da hepatite E (HEV). Sobre o assunto, é
correto afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
As hepatites A e E são transmitidas por via orofecal (fecal-oral), e nas hepatites B, C e D a
transmissão ocorre, principalmente, por via parenteral.
2. (Mundo Educação) Existem mais de 150 tipos diferentes de vírus HPV, que são
classificados em grupos de alto risco e de baixo risco. Os de alto risco estão
relacionados com o desenvolvimento de câncer. Nas mulheres, os HPV de alto risco
relacionam-se, principalmente, com o:
A alternativa "C " está correta.
O HPV é uma IST que infecta células basais do epitélio presentes na mucosa da boca, nas vias
respiratória superiores, na conjuntiva, na vagina, no colo uterino e no reto. É o agente causador
do câncer de colo do útero, ânus, pênis, vulva, vagina e boca e orofaringe, além de ser
responsável por verrugas cutâneas.
MÓDULO 4
 Reconhecer as vacinas e forma de transmissão das doenças da infância
Muitas doenças que foram erradicadas no Brasil têm ressurgido. O sarampo, por exemplo, era
considerado erradicado no país desde 2016, mas, em 2018 e 2019, foram notificados novos
casos.
Vamos estudar agora o sarampo, a caxumba, a catapora e a rubéola. Todas essas doenças,
assim como as que vimos anteriormente, são causadas por vírus. Muitas pessoas confundem
essas doenças, já que elas apresentam alguns sintomas semelhantes. Quer saber mais sobre
essas infecções? Então, vamos prosseguir.
SARAMPO
O vírus do sarampo (MEV, do inglêsMeasles morbillivirus) pertence à família Paramyxoviridae
e ao gênero Morbillivirus. MEV é um vírus envelopado, de simetria helicoidal pleomorfico com
diâmetro de 100 a 250 nm. O MEV possui genoma de RNA de fita simples linear de polaridade
negativa. O genoma do vírus possui 6 unidades de transcrição, as quais codificam oito
proteínas, sendo seis estruturais e duas não estruturais.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
 Ilustração 3D do vírus do sarampo.
A transmissão do MEV ocorre por vias aéreas por contato de secreções respiratórias de
pessoas infectadas. A infecção por MEV costuma causar uma doença aguda e autolimitada.
Fonte: Aha-Soft/Shutterstock
 Transmissão por contato com secreções respiratórias.
Um indivíduo (crianças ou adultos não vacinados), ao entrar em contato com uma pessoa
infectada e se infectar, passa pelo período de incubação, que pode durar de 7 a 14 dias. Após
esse período, o indivíduo infectado sintomático pode apresentar febre, tosse, coriza,
conjuntivite, manchas de Koplik e exantema maculopapular eritematoso, característico da
infecção por sarampo. Os primeiros sintomas antes da erupção do exantema (com exceção
das manchas de Koplik) são semelhantes aos de outras doenças respiratórias comuns. O
aparecimento do exantema, geralmente, ocorre após 3 a 4 dias do início dos sintomas.
MANCHAS DE KOPLIK
As manchas de Koplik são pontos vermelhos brilhantes com centro branco. Podem se
localizar em qualquer parte da boca e, muitas vezes, precedem o exantema generalizado
no sarampo.
EXANTEMA
Um exantema maculopapular é um tipo de exantema caracterizado por uma área
vermelha e plana na pele com pápulas pequenas e confluentes.
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 SAIBA MAIS
Você sabia que as manchas de koplik encontradas na mucosa oral do indivíduo infectado
auxiliam no diagnóstico clínico do sarampo? As manchas costumam aparecer antes do
surgimento do exantema!
Fonte: fotohay/Shutterstock
 Criança com exantema, clássico da infecção por sarampo.
O exantema do sarampo (Erupção maculopapular eritematosa) costuma aparecer no rosto e
atrás das orelhas, no nariz, e depois se espalha para o tronco e as extremidades. O exantema
desaparece, e tem início uma descamação, podendo ocorrer esfoliações severas na pele. Se
não houver complicações, o paciente se recupera completamente, adquirindo imunidade
duradoura contra o MEV.
COMO VOCÊ FARIA O DIAGNÓSTICO
LABORATORIAL? QUAIS TÉCNICAS UTILIZARIA?
Assim como para outros vírus, estão disponíveis testes comerciais para detecção de anticorpos
IgM e IgG anti-MEV por ensaio imunoenzimático (EIE), sendo o ELISA a técnica
imunoenzimática mais utilizada nos centros de referência. O diagnóstico sorológico pode ser
feito com soro ou na saliva durante a fase aguda da doença (IgM anti-sarampo), ou pode ser
verificada a soroconversão, ou seja, quando a pessoa passa a ter IgG detectável no sangue
contra o sarampo.
Fonte: Fonte: Boletim epidemiológico/Ministério da Saúde
 Estratégias a serem adotadas em municípios com e sem surto ativo para envio de amostras
para o diagnóstico de sarampo.
As amostras de soro devem ser coletadas nos primeiros dias de sintomas, não ultrapassando o
quinto dia. O período ideal para detecção da IgM é a partir do 3º dia do aparecimento da
erupção cutânea – ele permanece detectável em um período de 30 a 60 dias na maioria dos
indivíduos doentes. Além dos ensaios sorológicos, podem ser realizados métodos moleculares
como o PCR (reação em cadeia de polimerase) para detecção do RNA viral, como também o
isolamento viral, porém essa técnica é demorada e laboriosa. A PCR é mais sensível, e o
resultado é obtido mais rapidamente.
O sarampo é uma doença prevenível por vacinação. A vacina produzida é de vírus vivo
atenuado. Atualmente, são oferecidas duas vacinas:
VACINA TRÍPLICE VIRAL
Protege do vírus do sarampo, da caxumba e rubéola.
VACINA TETRA VIRAL
Protege do vírus do sarampo, da caxumba, rubéola e catapora.
 ATENÇÃO
Essas vacinas são contraindicadas para mulheres durante a gravidez, por serem feitas com
vírus atenuado.
COMO ESTÁ SUA SITUAÇÃO VACINAL?
Fonte: pixelaway/Shutterstock
Se você tomou apenas uma dose da vacina e tem até 29 anos, é necessário tomar mais uma
dose.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
Se você não tem sua carteirinha ou não lembra se tomou a vacina e tem entre 1 e 29 anos, são
necessárias duas doses.
Fonte: Dragon Images/Shutterstock
Se tiver entre 30 e 59 anos, é preciso apenas uma dose.
O sarampo passou a ser doença de notificação compulsória nacional em 1968. Era
considerada uma das principais causas de morbidade e mortalidade na infância, principalmente
em menores de 1 ano de idade. Era uma doença endêmica no Brasil, ocorrendo epidemias a
cada 2 ou 3 anos. Foi considerada erradicada em 2016, mas, em 2018, houve o
reaparecimento de casos. De 2018 até o início de 2019, foram confirmados 10.274 casos no
Brasil. Já em 2020, até o dia 1º de agosto (SE31), foram notificados 14.999 casos de sarampo,
sendo confirmados 7.432 casos. Podemos notar um aumento nos casos, o que é preocupante,
pois significa que a cobertura vacinal está baixa. Diferentemente de muitas outras doenças,
esta deveria ter se mantido erradicada no Brasil, por ter a melhor forma de prevenção: a
vacina.
A seguir, estudaremos uma outra virose comum na infância que está presente nas vacinas
tríplice viral e tetra viral, a caxumba.
CAXUMBA
A caxumba, também chamada de papeira ou parotidite, é uma doença viral aguda, autolimitada
e contagiosa que afeta principalmente crianças e adolescentes. A infecção pode atingir
qualquer tecido glandular e nervoso do corpo humano, mas o local mais comum são as
glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas ao
ouvido.
Vamos dar uma olhada na localização dessas glândulas?
Fonte: decade3d - anatomy online/Shutterstock
 Glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais (em laranja).
O que você acha que acontece quando o vírus da caxumba infecta essas glândulas?
Sendo uma das principais característica da doença e um dos principais sintomas, a infecção
pelo vírus leva ao aumento das glândulas salivares próximas aos ouvidos, que fazem o rosto
inchar, como podemos ver na imagem a seguir. Outros sintomas comuns são: febre, calafrios,
dores de cabeça, dores musculares e ao mastigar ou engolir, além de fraqueza. Em casos
graves, a caxumba pode causar surdez. Então, muito cuidado! Trata-se de uma doença que
raramente leva à morte. Porém, cerca de 30% das infecções pelo vírus da caxumba são
assintomáticas.
Fonte: Scio21/Shutterstock
 Sintoma clínico característico da caxumba, o aumento da glândulas salivares.
Você, com certeza, já deve ter ouvido falar desse vírus, mas você o conhece?
O vírus da caxumba pertence à família dos Paramyxoviridae e ao gênero Orthorubulavirus. São
vírus envelopados, apresentam simetria helicoidal pleomórficos e levemente esférico com
diâmetro de 100 a 600 nm e genoma de RNA de fita simples polaridade negativa. O homem é o
único hospedeiro natural do vírus da caxumba. O vírus se propaga através do contato direto ou
por gotículas de aerossóis no trato respiratório superior, tendo um período de incubação de 12
a 25 dias.
 SAIBA MAIS
Por não ser uma doença de notificação compulsória, não há dados suficientes em relação à
incidência da caxumba no Brasil. Em países onde a vacinação foi introduzida e existe alta
cobertura, houve redução nos casos da doença, e a circulação do vírus foi interrompida.
E SOBRE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO? SERÁ QUE
EXISTE VACINA?
PREVENÇÃO
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
A prevenção é feita com doses de duas vacinas, assim como para o sarampo, a tríplice viral e a
tetra viral. No Brasil, a vacina tríplice viral entrou no calendário nacional de vacinação em 1992,
tendo como alvo crianças de 15 meses de idade. Hoje, a dose da tríplice viral é dada aos 12
meses de idade e, aos 15 meses, é dada a tetra viral.
O diagnóstico

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