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A psiquiatria é uma especialidade médica dedicada aos cuidados dos portadores de transtornos mentais. ❖ Philippe Pinel (1745-1826) foi pioneiro no tratamento de doentes mentais e um dos precursores da psiquiatria moderna. ❖ A psiquiatria nasceu dentro dos asilos e da necessidade de abrigar, proteger, cuidar, investigar, diagnosticar e tratar os indivíduos que da loucura fossem acometidos. ❖ O surgimento dos medicamentos antidepressivos, antipsicóticos e antidepressivos ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. Transtorno mental = É uma disfunção da atividade cerebral que pode gerar prejuízos emocionais e físicos de forma bastante significativa. Tais distúrbios podem afetar o humor, o comportamento, o raciocínio e também influenciar na concentração e memória. Tem origem por diversos determinantes multicausais, podem ser biológico, cognitivo, interpessoal, psicodinâmico, psicanalítico. ❖ O Movimento Antimanicomial ou Luta Antimanicomial foi um movimento social que luta pelos direitos das pessoas em sofrimento mental e advoga pelo fim da lógica manicomial nos cuidados em saúde ❖ A Reforma Psiquiátrica (Reforma Antimanicomial) pretendia construir um novo estatuto social para o indivíduo em sofrimento psíquico, garantindo a cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade, promovendo sua contratualidade e sua cidadania, incluídos seus direitos e deveres como cidadão. Enfermagem na Psiquiatria A enfermagem psiquiátrica surgiu com a criação de uma escola de enfermagem no estabelecimento psiquiátrico, sob orientação médica. Visando o cuidado dos doentes mentais dentro dos hospitais psiquiátricos. ❖ A 8° Conferência Nacional de Saúde em 1986, na Conferência de Saúde Mental, deram apoio para a superação do modelo manicomial existente. Surgindo assim, a Lei Nacional da Reforma Psiquiátrica n° 10.216/01, com finalidade garantir a assistência aos portadores de sofrimento mental em serviços abertos. A Portaria 336 de fevereiro de 2002, estabelece as funções, modalidades e composição da equipe do Centro de atenção psicossocial (CAPS). ❖ Em 2011 foi aprovada a Portaria 3.088/11, onde a enfermagem possui papel fundamental como componente das RAPS (rede de atenção psicossocial), preconizando a imagem e presença do Enfermeiro. Processos de Enfermagem dirigido a Psiquiatria ❖ O enfermeiro assume papel de agente terapêutico, permitindo o reconhecimento das experiências de vida do paciente e o estímulo, a responsabilização na produção de seu sintoma e na tomada das decisões terapêuticas. ❖ A relação terapêutica constitui a ação central da prática do enfermeiro na saúde mental, por meio do processo de enfermagem, que caracteriza a forma de pensar do enfermeiro, com finalidade de formulação do cuidado. ❖ Para desenvolver o Processo de Enfermagem (PE), é fundamental que o enfermeiro tenha conhecimento sobre: Necessidades de saúde; Forma de abordagem e coleta de informações; Método de organização das informações coletadas visando um plano de cuidados; Identificação e https://pt.wikipedia.org/wiki/Doente_mental https://pt.wikipedia.org/wiki/Doente_mental https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadania https://pt.wikipedia.org/wiki/Indiv%C3%ADduo proposição de intervenções e avaliação da assistência prestada. ❖ PE torna-se uma estratégia de cuidado de enfermagem e favorece que o enfermeiro assuma posição de agente terapêutico, qualificando a assistência de enfermagem oferecida e contribuindo ao projeto terapêutico singular. ❖ PE possibilita uma avaliação do estado de saúde do paciente, dirigido ao reconhecimento do significado individual da experiência do sofrimento psíquico no seu contexto social, político e cultural, não se restringindo à sintomatologia psicopatológica e ao diagnóstico psiquiátrico. ❖ O respeito à individualidade do paciente é um pré-requisito para o estabelecimento da relação enfermeiro e paciente. Intervenções de Enfermagem na Saúde Mental ● Identificar o que está perturbando o cliente neste momento; ● Encorajar o Cliente à discutir as alterações que gostaria de fazer; ● Discutir com o cliente quais as alterações possíveis e as não possíveis; ● Debater estratégias alternativas para criar as alterações que o cliente deseja; ● Ajudar o cliente a selecionar uma alternativa e encorajá-lo a realizá-la. ● Ajuda o cliente a avaliar os resultados da alteração e a fazer modificações necessárias. Avaliação do paciente quanto às crenças ● Crenças racionais: ideias que comprovam sua veracidade. ● Crenças irracionais: ideias que o indivíduo afirma serem verdadeiras apesar das evidências contrárias. ● Fé ou crenças cegas: ideias que o indivíduo considera verdadeiras sem ter evidências. Condições para o desenvolvimento de uma Relação Terapêutica. Harmonia = Importar-se com os outros, aceitação, amizade, confiança e atitude não crítica. Confiança = Relação terapêutica, considerar suas opiniões. Respeito = Chamar pelo nome, permitir o tempo de resposta. Autenticidade = Ser franco, honesto, não ultrapassar o papel de enfermeiro. Empatia = Sentir o que sentiria se estivesse na situação da outra pessoa. Impasses Terapêuticos - Bloqueio na Progressão do Relacionamento Terapêutico ● Motivos Variados ● Criação de barreira no relacionamento ● Ansiedade, frustração, raiva intensa ● Resistência, Transferência, Contratransferência. Processo de Enfermagem em Saúde Mental ● Avaliação ● Diagnóstico ● Identificação de resultados ● Planejamento ● Implementação ● Evolução Entrevista na Saúde Mental ●1 - Coleta de dados sociodemográficos. ●2 - Histórico de saúde e biografia do paciente ●3- Exame do Estado Mental a) Avaliação geral da pessoa (Aspecto, Postura/Atitudes, Nível de consciência). b) Exame clínico das funções mentais ●4- Avaliação de funções psicofisiológicas. Dados sociodemográficos, Histórico de saúde e Biografia do paciente ● Identificação: Nome; Sexo; Idade; Estado civil; Grupo étnico; Procedência; Religião; ● Queixa Principal: Motivo do atendimento; Acrescentar a descrição na linguagem do paciente; ● História da Doença Atual: Início dos sintomas, frequência, duração e flutuações dos mesmos. Descrever na sequência cronológica dos sintomas e eventos; ● Pré-Natal/ Nascimento: Gestação, parto, condições do nascimento (incluindo peso, anóxia, icterícia, distúrbio metabólico); ● Desenvolvimento na Infância, Adolescência e Idade Adulta: Condições de saúde; Desenvolvimento motor, da linguagem e o controle esfincteriano, vida escolar, relacionamentos, sexualidade, relacionamento conjugal. ● História Médica e Psiquiátrica: Internações, cirurgias, doenças, tratamentos, medicamentos utilizados; ● Histórico Familiar: Fazer genograma e ecomapa, descrever histórico de doenças, histórias de suicídio, violação da lei, funcionamento social; ● Personalidade Pré-Mórbida: Atitudes e padrões de comportamento (Ex: competitividade, preocupações com limpeza, humor habitual, capacidade de expressar sentimentos, etc.); ● Situação socioeconômica: Classe alta, média alta, média baixa, baixa, pobreza absoluta; ● Condições de habitação (moradia): Água encanada, energia elétrica, esgoto sanitário e coleta de lixo; ● Estrutura e funcionamento familiar: Equilibrada, conflitos freqüentes, apoio; ● Grau de sociabilidade: Lazer e atividades sociais; ● Escolaridade ● Trabalho: Ocupação/profissão; ● Tabagismo, Etilismo e outras drogas: Tipo, quantidade, inicio, motivação para parar, quando parou; ● Atenção a situações especiais ● Luto: Tristeza por uma perda importante. Tem curso previsível (cerca de um ano) no ser humano saudável. ● Transtornos de adaptação: angústia, desconforto emocional, depressão e estresse reativos à necessidade de adaptação por mudanças importantes e impactantes de vida (Ex.: divórcio, separação dos filhos, mudança de casa, escola, pais, etc.). São mais intensos nas crianças, adolescentes e idosos, pessoas adultas intolerantes às frustrações e imaturas. Tem início em até 30 dias após o evento perturbador/modificador da vida da pessoa. Cursa com humor lábil, impaciência, irritabilidade,desgaste emocional, sensação de desânimo. Pode causar alterações na atividade laboral. Exame do Estado Mental ● Avaliação geral da pessoa ● Aparência: modo de andar, o tipo das roupas, adornos, maquiagem utilizados, higiene pessoal, cabelos alinhados ou em desalinho. ● Posturas e atitudes na situação do exame: relação e a atitude perante o entrevistador. (Ex.: cooperante, indiferente, passivo, fóbico, agressivo, petulante, cabisbaixo, dissimulado, inseguro, histriônico, sedutor, dentre outros). Deve existir fundamentação sobre o que levou à conclusão. Exame das funções mentais - Para o completo exame clínico das funções mentais deve ser observado: Nível de Consciência = É o estado de lucidez em que a pessoa se encontra. Inclui o reconhecimento da realidade externa ou de si mesmo em determinado momento, e a capacidade de responder a estímulos. ● Vigil: Apresenta abertura ocular espontânea, estado alerta e responsivo. ● Sonolência ● Lentidão dos processos ideacionais. ● Torpor: Está dormindo, exceto quando estimulado. ● Coma: não pode ser acordado. Estado Cognitivo Orientação = Avaliar ● Orientação Autopsíquica: em relação a Pessoa: Pergunte a respeito de seus dados pessoais e investigue se reconhece familiares e as pessoas com as quais está em contato ● Orientação Alopsíquica: Orientação quanto ao tempo e espaço Atenção = Capacidade para centra-se em uma atividade. O seu exame envolve observar: a vigilância, tenacidade e a concentração. ● Vigilância: compreende a manutenção de um foco de atenção para estímulos externos. Pode estar aumentada (hipervigilante) e diminuída (Hipovigilante). ● Tenacidade: capacidade de manter-se em uma tarefa específica. ● Concentração: capacidade de manter a atenção voluntária, em processos internos de pensamento ou em alguma atividade mental. Para a sua observação, pode-se pedir que se subtraia, consecutivamente, o número 7, a partir do 100. Memória = capacidade de registrar, fixar e reter, evocar e reconhecer objetos, pessoas, experiências ou estímulos sensoriais. Sua análise engloba a avaliação das memórias imediata, recente e remota ● Memória Imediata: cobre os últimos 5 minutos ● Memória Recente: engloba os últimos dias e horas ● Memória Remota: desde os primeiros anos de vida. Inteligência = Conjunto de habilidades cognitivas resultante dos diferentes processos intelectivos. Inclui raciocínio, planejamento, resolução de problemas, pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e aprendizagem a partir da experiência. Para avaliação; Utiliza-se de comparação. ● Avaliar: Raciocínio lógico; Capacidade de fazer contas; Dificuldades em estudar; ● Capacidade de Abstração: capacidade de formular conceitos e idéias, comparálos, relacioná-los. Observe se o paciente recorre a analogias e metáforas. (pode ser avaliada a compreensão de provérbios); ● Capacidade de Generalização: perguntar sobre grupos de coisas, animais. ● Juízo crítico: capacidade de perceber e avaliar adequadamente a realidade externa e separá-la dos aspectos do mundo interno ou subjetivo. Inclui a aptidão para auto-avaliação adequada e uma visão realista de si mesmo. Pensamento = Conjunto das funções integrativas capazes de associar conhecimentos novos e antigos, integrar estímulos externos e internos, analisar, abstraer, julgar, concluir, sintetizar e criar. O pensamento é avaliado, por meio da linguagem: Forma: Relação e nexo das ideias entre si. Avaliar: ● Coerência: Construção das frases em relação à sintaxe; ● Logicidade: Pensamento fundado na realidade. ● Circunstancialidade: Alteração na qual há expressão do pensamento por meio de detalhes irrelevantes e redundantes, porém paciente consegue chegar ao objetivo; ● Tangencialidade: O objetivo nunca é alcançado, ou não é claramente definido; Embora o paciente fique sempre próximo ao que seria sua meta; ● Fuga de idéias: associações tênues ou livres. Fluxo: velocidade com que as idéias passam pelo pensamento (acelerado, lentificado, adequado ou bloqueado). Conteúdo: investiga-se os conceitos emitidos pelo paciente e sua relação com a realidade. Avaliar: ● Conteúdo predominante. ● Preocupações. ● Obsessões. ● Ideação suicida ou homicida. ● Presença de delírios (Falsa crença não compartilhada por membro do grupo sócio-cultural). Linguagem = O modo de se comunicar. Envolve linguagem verbal, gestos, olhar, expressão facial e escrita. A linguagem falada é o principal ponto de observação. ● Quantidade: Pode demonstrar um indivíduo em mutismo, monossilábico, prolixo, não espontâneo. ● Velocidade: Rápida, lenta, hesitante, latência para iniciar respostas. ● Qualidade: Conteúdo do discurso (pobre, elaborado), alterações na articulação das palavras, neologismo (criação de novas palavras), ecolalia (repetição da última ou das últimas palavras dirigidas ao paciente). ● Volume: Alto ou baixo. Sensopercepção = Designa a capacidade de perceber e interpretar os estímulos que se apresentam aos órgãos dos cinco sentidos. Quando alterada pode manifestar-se através de: ● Ilusões: Ocorrem quando os estímulos sensoriais reais são confundidos ou interpretados erroneamente. Ex.: confundir a imagem de uma pessoa com outra. ● Alucinações: Ocorrem quando há percepção sensorial na ausência de estímulo externo (percepção sem objeto). Ex.: ouvir vozes sem que haja estímulo auditivo. Obs: Estar atento a sinais sugestivos de alucinações, mesmo quando o cliente as nega. ● Despersonalização: alteração na percepção de si próprio, manifestada por sentimentos de estranheza ou irrealidade. ● Desrealização: alteração na percepção do meio ambiente. Humor / Afeto Humor = estado emocional de longa duração, interno, não dependente de estímulos externos. É a tonalidade de sentimento predominante. Pode influenciar a percepção de si mesmo, e do mundo ao seu redor. Afeto = experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas em relação à situação. Inclui a manifestação externa da resposta emocional do paciente a eventos. Avalia-se o humor/afeto pela expressão facial, gestos, tonalidade afetiva da voz, conteúdo do discurso e psicomotricidade, choro fácil, risos imotivados, etc. Avaliar: ● Qualidade do afeto: tristeza, culpa, alegria, vergonha, etc. ● Modulação do afeto: hipermodulação, hipomodulação, embotamento, rigidez; ● Tonalidade afetiva: hipotimia (sintomas depressivos), hipertimia (euforia), disforia (tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada). Psicomotricidade = Integração das funções motrizes e mentais sob o efeito da educação e do desenvolvimento do sistema nervoso. Avaliar: ● Velocidade e intensidade da mobilidade geral na marcha, quando sentado e na gesticulação. ● Agitação ou retardo ● Acatisia (movimento de “amassar barro”); ● Maneirismos (movimentos involuntários estereotipados); ● Tiques (movimentos involuntários e espasmódicos). ● Presença de sinais de catatonia (obediência automática, flexibilidade cérea). Avaliação de Funções Psicofisiológicas ● Sono: número de horas/dia, satisfação, sono diurno, insônia (demora a ser iniciado, sono intercalado, período curto de sono), hipersonia, sonambulismo, etc. ● Apetite/ Dieta: avaliar: Alimentação quantitativa e qualitativamente Avaliar aumento ou diminuição de peso ● Sexualidade: avaliar: diminuição ou aumento do desejo sexual; incapacidade de experimentar o prazer; ejaculação precoce ou retardada, necessidade de obter informações sobre o assunto, sexo seguro, planejamento familiar, etc. Referir a impressão sobre a fidelidade das informações Descrever as condições nas quais a entrevista foi realizada: ● Local, privacidade, duração; ● Colaboração do paciente na entrevista; ● Presença de outras pessoas na entrevista; ● Referir impressões sobre possíveis ● simulações. Evolução durante o seguimento Anotações de evolução do paciente devem contemplar os seguintes aspectos: ● Dias de Internação ou número do atendimento; ● Avaliação do estado geral do paciente, queixas objetivas e aspectos subjetivos observados; ● Intercorrências; ● Intervençõespropostas e realizadas; ● Discussão em equipe e/ou orientações médicas; ● Evolução dos sintomas relatados pelo paciente por ocasião da admissão ou início do seguimento; (evidenciar se há incidência novos sintomas ou remissão de sintomas anteriormente apresentados); Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) = São equipes multiprofissionais compostas por diferentes profissões ou especialidades e devem atuar no apoio às pessoas da Atenção Básica. Projeto Terapêutico Singular (PTS) = É um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, e resultado da discussão coletiva de uma equipe e usuário. 4 Passos para a construção de um PTS ● Diagnóstico e Análise: avaliação ampla do sujeito, considerando aspectos físicos, psíquicos e sociais; analisar riscos, vulnerabilidades, potencialidades; identificar questões sobre a família, trabalho, cultura, rede social. ● Definição de Ações e Metas: definir propostas de curto, médio e longo prazo, que serão discutidas e negociadas com o usuário e ou responsável para uma melhor adesão. ● Divisão de Responsabilidades: definir as tarefas de cada um (usuário, equipe de AB e Nasf); definir também o profissional que irá assumir a gestão do PTS. ● Reavaliação: discute-se a evolução do caso e se farão as devidas correções de rumo, caso sejam necessárias. Ansiedade = É um sentimento ligado à preocupação, nervosismo e medo intenso, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação do perigo, de algo desconhecido ou estranho. Apesar de ser uma reação natural do corpo,que faz parte das experiências humanas, a ansiedade pode virar um distúrbio quando passa a atrapalhar nosso dia a dia. De fato, os transtornos de ansiedade são mais comuns do que se imagina. ❖ Estudo entre profissionais de enfermagem revelou que situações dentro do ambiente de trabalho podem provocar a ansiedade, entre inúmeras circunstâncias, a instabilidade ou agravamento do estado de saúde dos pacientes, falta de material, de equipamentos e de pessoal, relacionamento com familiares do paciente, assim como as dificuldades para a sistematização da assistência de enfermagem e os procedimentos de alta complexidade ❖ Existem diversos fatores desencadeantes associados à depressão, como, desequilíbrios químicos cerebrais, características de personalidade, vulnerabilidade, genética e eventos situacionais. ❖ Entre trabalhadores de enfermagem, os fatores desencadeantes podem estar relacionados a fatores internos ao ambiente e processo de trabalho, como: os setores de atuação profissional, o turno, o relacionamento interpessoal, a sobrecarga de serviço, os problemas na escala, a autonomia na execução de tarefas, a assistência a clientes, o desgaste, o suporte social, a insegurança, o conflito de interesses, e as estratégias de enfrentamento desenvolvidas; E a fatores externos ao trabalho, como: sexo, idade, carga de trabalho doméstico, suporte e renda familiar, estado de saúde geral do trabalhador, e as características individuais Sintomas Físicos da Ansiedade ● Aumento da frequência cardíaca ● Tensão muscular aumentada (causando dores) ● Formigamento nas mãos e pés ● Hiperventilação (respiração acelerada) ● Tontura ● Dificuldade para respirar ● Necessidade de usar o banheiro com mais frequência. ● Sensação de que está frequentemente doente ● Sentir como se tivesse uma opressão/aperto em toda a área do peito ● Dores de cabeça tensionais ● Aumento da transpiração ● Boca seca ● Agitação ● Sensação de Sufocamento ● Taquicardia Sintomas psicológicos Pensamentos ou percepções alteradas que temos de ansiedade são: ● Pensar que você pode perder o controle e / ou “enlouquecer” ● Pensar que você pode morrer ● Pensar que você pode ter um ataque cardíaco / estar doente / fraco / ter doenças graves ● Ter a sensação de que as pessoas estão olhando para você e observando a sua ansiedade ● Sentir como se as coisas estivessem aceleradas e/ou “em câmera lenta” ● Sentir-se separado do seu ambiente e das pessoas que estão nele ● Sentir como se quisesse fugir / escapar da situação ● Sentir que está permanentemente em “estado de alerta” O sintoma comportamental mais comum (as coisas que fazemos quando estamos ansiosos) é evitar as situações. Embora evitar uma situação de ansiedade produza alívio imediato da ansiedade, esta é apenas uma solução de curto prazo. A ansiedade muitas vezes retorna na próxima vez que você estiver diante dessa situação. O problema com esse comportamento é que você nunca chega a descobrir se o seu medo sobre a situação e o que aconteceria se você a enfrentasse é realmente verdade. Fatores Determinantes para desencadear Transtorno de Ansiedade Fatores genéticos ( como a presença de transtornos de ansiedade em parentes biológicos próximos ou história familiar de transtornos mentais). Fatores Específicos: ● Timidez, ou inibição comportamental, na infância. ● Ser do sexo feminino. ● Ser divorciado ou viúvo. ● Exposição a eventos estressantes na infância e na idade adulta. Crenças = É uma crença de que algo está errado conosco, que somos incapazes, inadequados, estúpidos ou incompetentes em uma situação social e, que se nos expusermos a essa situação seremos “revelados” e “descobertos” e consequentemente julgados ou rejeitados. Alguns passos libertadores 1 – Mude o seu crítico interno. E se eu iniciar uma conversa e a pessoa não se interessar? Tudo bem, alguém pode estar entediado por um momento ou alguém pode olhar para você de um jeito engraçado. Mas isso, definitivamente, não é o fim do mundo. 2 – Interaja. Para diminuir a ansiedade em situações sociais, as pessoas muitas vezes olham para seus celulares, usam óculos de sol para evitar contato visual, se escondem em um canto da sala, falam muito pouco ou saem logo daquele ambiente. Ironicamente, esses comportamentos podem fazer com que você pareça uma pessoa “fria”, distante ou orgulhosa demais – tudo que as pessoas com ansiedade social não são. Eles estão apenas nervosos 3 – Entenda que a crise de ansiedade é passageira. Quando você enfrenta algo que você teme, como uma reunião social, todos os seus sistemas de alarme vão soar. Seu coração dispara, e seu crítico interno grita “Você não pode fazer isso!” E existe um forte desejo de sair correndo dali. Esse momento é terrível, mas também é oportunidade – esta é a chance de desenvolver e usar suas habilidades e ver o que acontece. Aguarde esse período louco passar. 4 – Você não precisa ser a pessoa mais extrovertida e sociável da situação. Lembre-se, cometer erros, ser vulnerável e autêntico mostra que você é humano e o torna mais agradável aos olhos das outras pessoas. 5 – Aceite os sinais da ansiedade. Não julgue seu coração acelerado, nem suas palmas das mãos suadas. Um pouco de autocompaixão ajudará a colocar algum espaço entre você e os pensamentos ansiosos. 6 – Você se sente menos ansioso vivendo sua vida. Comece primeiro criando uma lista de desafios de coisas que o assustam um pouco, como se apresentar a alguém que você não conhece. Anote as situações que você geralmente evita e depois tente. Faça as coisas mais fáceis primeiro, então trabalhe até tarefas mais desafiadoras. Com isso, pouco a pouco, as situações sociais se tornarão cada vez menos assustadoras. Os princípios fundamentais do código de ética afirmam que: “O profissional de enfermagem participa, como integrante da equipe de saúde, das ações que visem satisfazer as necessidades de saúde da população e da defesa dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais, que garantam a universalidade de acesso aos serviços de saúde, integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentralização político- administrativa dos serviços de saúde”. Assistência de Enfermagem ● A equipe de enfermagem representa o elo mais forte entre paciente e o profissional enfermeiro, por serem esses profissionais aqueles que, por maior tempo, cumprem atividades juntoao paciente. ● Por isso, a humanização da equipe de enfermagem para com seu paciente contribui para aliviar as fontes geradoras de ansiedade para os pacientes e seus familiares durante este processo. O enfermeiro precisa estar presente na assistência de enfermagem ao paciente com transtorno de ansiedade ● A estima e o encargo da conduta do enfermeiro referente à observação e seu atendimento desde suas necessidades psicossomáticas do paciente/cliente, devem ser apresentadas, de maneira que ele possui papel específico na melhoria terapêutica de seus pacientes/ clientes, pois dependendo de seu modo pode promover ou impedir um programa de recuperação, visto que este paciente é invalidado por medos e angústias persistente. Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. Art. 15 - Prestar Assistência de Enfermagem sem discriminação de qualquer natureza. ● As observações clínicas iniciais de ansiedade são um componente essencial do cuidado de enfermagem. Um alto nível de ansiedade em um paciente provavelmente exacerba o sofrimento fisiológico. ● O enfermeiro deve estar atento aos pacientes/clientes que se preocupam excessivamente e deterioram tanto no desempenho emocional como social. ● As táticas do cuidado enfatizam as maneiras para que o paciente verbalize seus sentimentos e angústia para descobrir as fontes de ansiedade. A necessidade de ensinar e promover as capacidades de enfrentamento efetivas e o uso de técnicas de relaxamento se torna prioridade do cuidado, onde o paciente notará melhoria do seu quadro clínico. ● A sensibilidade e o cuidado do enfermeiro criam uma relação interpessoal que se torna necessário para trabalhar com o paciente que possui o transtorno de ansiedade generalizada, pois estes pacientes se mostram fisicamente e emocionalmente comprometidos e estão em constante confronto existencial, os quais não conseguem resolver sozinhos, necessitando da ajuda do profissional enfermeiro para não apenas escutá-lo nos momentos de crises, como também apresentar técnicas que melhora o paciente da angústia constante. ● Bem como, cuidar do paciente como também da família do mesmo, pois muitas vezes é preciso, o enfermeiro passar as orientações à família do paciente portador do transtorno de ansiedade, para que a família ajude-o, e sendo também papel do enfermeiro traça metas para a família, pois ela tem um papel fundamental na vida do paciente, pois o transtorno de ansiedade afeta a capacidade de atuação da família. Síndrome do Pânico = É um transtorno mental caracterizado por crises de ansiedade repentina e intensa com forte sensação de medo ou mal-estar, acompanhadas de sintomas físicos. ❖ Períodos intensos de ansiedade, com início súbito e acompanhados de uma sensação de catástrofe iminente. ❖ Tem duração variável, geralmente de alguns minutos. Sintomas das Crises de Pânico ● Palpitação ● Taquicardia ● Sudorese ● Tremores ● Sensação de falta de ar ● Sensação de asfixia ● Dor ou desconforto torácico ● Náusea ou desconforto abdominal ● Sensação de desmaio/tontura/instabilidade Calafrios ou ondas de calor ● Dormências ou formigamentos. Desrealização (sentimento de irrealidade) e/ou despersonalização (sentir-se fora de si) ● Medo de enlouquecer ou perder o controle. Medo de morrer. ❖ Enquanto nas Fobias a pessoa teme uma situação ou objeto fora dela (altura, barata etc), na Síndrome do Pânico o perigo vem de dentro. Há uma sensação de descontrole do corpo e uma interpretação catastrófica das reações corporais como sendo perigosas. Tipos de Crises A pessoa em crise sente: ● Perda do controle, ● De que se vai desmaiar ● Que vai morrer ● Que está enlouquecendo. ● Expectativa ansiosa de ter novas crises de pânico, um fenômeno denominado ansiedade antecipatória. É comum a pessoa começar um processo de evitação, restringindo sua vida para tentar evitar que “aquilo volte”. Ela começa evitando certos lugares e fazer determinadas coisas, numa tentativa de evitar uma crise, o que vai limitando sua vida pessoal e profissional. Agorafobia = É um estado de ansiedade relacionado a estar em locais ou situações onde escapar ou obter ajuda seria difícil, caso a pessoa tenha um ataque de pânico. É comum ocorrer em ambientes cheios de gente, em lugares pouco familiares e quando a pessoa se afasta de casa. Pode incluir situações como estar sozinho, estar preso no trânsito, dentro do metrô, num shopping, etc. ❖ Muitas pessoas com pânico também apresentam sintomas de agorafobia. A agorafobia ❖ As pessoas que desenvolvem agorafobia geralmente se sentem mais seguras com a presença de alguém de sua confiança e acabam elegendo alguém como companhia preferencial. Este acompanhante funciona como um “regulador externo” da ansiedade, ajudando a pessoa a se sentir menos vulnerável a uma crise de pânico. O Início das Crises de Pânico ● Qualquer um está sujeito a um eventual ataque de pânico, quando exposto a um estresse muito alto, quando inundado por emoções intensas ou vivendo situações que levem a estados de vulnerabilidade e desamparo. Assim muitas pessoas, tem uma crise de pânico isolada, sem desenvolver um padrão de crises repetidas que caracteriza a Síndrome do Pânico. ● Na Síndrome do Pânico, a partir de uma crise inicial de pânico a pessoa começa a apresentar crises repetidas, sentindo-se insegura e temendo a ocorrência de novas crises (ansiedade antecipatória). Fatores que contribuem para uma pessoa vir a desenvolver Síndrome do Pânico: ● Eventos de vida difíceis podem contribuir para desencadear o processo. Eventos como: separação, doença, perdas, violência, traumas, crises existenciais, crises profissionais e outras mudanças importantes. ● Há fatores que também podem acentuar a vulnerabilidade, como ter nascido com um temperamento ansioso, ter apresentado ansiedade de separação na infância ou ter sido criado por pais que não ajudaram a criança a se sentir emocionalmente segura. ● As primeiras crises de pânico acabam sendo vividas como experiências traumáticas, ficando registrada no circuito específico de memória implícita – memória emocional – que passa a disparar a mesma reação automaticamente, e acabam disparando uma nova crise de pânico. Medo das Reações do Corpo ● Na Síndrome do Pânico, várias reações do corpo que estavam presentes nos primeiros ataques de pânico ficam associadas a perigo e passam, a partir daí, a funcionar como disparadores de novas crises. ● Geralmente as crises de pânico se iniciam a partir de um susto – consciente ou não – em relação a estas reações. Sempre que as reações do corpo reaparecem, dispara-se automaticamente ansiedade e pode se iniciar uma crise de pânico. ● As reações corporais temidas podem ser variadas como as batidas do coração, falta de ar, tontura, formigamento, enjoo, escurecimento da visão, fraqueza muscular etc. ● Numa crise de pânico a pessoa reage frente aquilo que seu cérebro interpreta como um perigo. Não há um perigo real, apenas uma hiperativação do circuito do medo que dispara um alarme na presença de algumas reações corporais que ficaram associadas a perigo. ● É comum a pessoa viver ansiosamente o que poderia ser vivido, como sensações e sentimentos variados. Numa situação que poderia despertar alegria, a pessoa se sente ansiosa; numa situação que provocaria raiva, ela também se sente ansiosa. Qualquer reação interna ou sentimento pode disparar reações de ansiedade. Tratamento 1 – Etapa Educativa: compreender o que é o Pânico, assumindo a atitude certa para lidar com a ansiedade e as crises. Aprender o que é a ansiedade, o que ocorre numa crise de pânico, compreender as reações do corpo como tentativa de sair do estado de ameaça congelada que acabam sendo mal interpretadas como ameaças internas, gerando mais congelamento e ansiedade. Temos que esclarecer o papel do curto-circuito emoção-corpo-pensamento na criação e manutenção do pânico. 2 – Auto-gerenciamento: desenvolvendo a capacidade de regulação emocional. Técnicasde auto-gerenciamento: incluem técnicas respiratórias, técnicas com atenção e presença ,técnicas visuais, técnicas de relaxamento etc. Estas técnicas influem sobre os estados internos, ampliando a capacidade de auto-regulação. 3 – Aumentar a janela de tolerância à excitação interna. A pessoa com pânico tende a interpretar muitas reações de seu corpo como se fossem sinais catastróficos, indicadores de um perigo iminente, como desmaio, morte, perda de controle etc. É necessário enfraquecer esta associação automática corpo-perigo e ajudar a desenvolver uma nova relação com as reações somáticas. 4 – Trabalhar com pensamentos automáticos negativos. Sob estado de ansiedade a pessoa é inundada de distorções cognitivas, com pensamentos que projetam cenários futuros catastróficos e interpretando as sensações em seu corpo como sinais de perigo iminente. 5 – Processar as memórias traumáticas. Os melhores resultados são obtidos por um tratamento que contemple todos estes objetivos: a compreensão do processo do pânico, o desenvolvimento da capacidade de auto-regulação, o aumento da janela de tolerância, o trabalho com os pensamentos automáticos negativos e o processamento das memórias traumáticas. Medicação ❖ Os remédios podem ser recursos auxiliares importantes para o controle das crises de pânico, trabalhando conjuntamente com a psicoterapia para ajudar na superação da Síndrome do Pânico. ❖ É importante lembrar, os remédios não ensinam à pessoa como ela própria pode influenciar seus estados internos e assim, superar o sentimento de impotência que o pânico traz. Não ensinam a pessoa a compreender os sentimentos e experiências que desencadeiam as crises de pânico. E não ajudam a pessoa a perder o medo das reações de seu corpo e a ganhar uma compreensão mais profunda de seus sentimentos. ❖ Os remédios – quando utilizados – devem ser vistos como auxiliares do tratamento psicológico. ❖ Os remédios mal administrados podem acabar mascarando por anos o sofrimento ao invés de ajudar a pessoa a superá-lo.
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