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DESCRIÇÃO A importância da reeducação postural no tratamento ou na diminuição de fatores de risco para dores na coluna vertebral e adjacências. PROPÓSITO Compreender os aspectos relacionados à evolução histórica da reeducação postural, apontando sua importância, suas indicações e contraindicações no tratamento das disfunções posturais. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os aspectos relacionados à evolução histórica da reeducação postural MÓDULO 2 Definir postura com base na importância de sua reeducação MÓDULO 3 Descrever as indicações e contraindicações na aplicação de exercícios de reeducação postural INTRODUÇÃO As atividades do nosso dia a dia nos levam à adoção de posturas viciosas. Com isso, surgem as disfunções, que têm como manifestação clínica as dores nas diversas regiões da coluna e áreas adjacentes. Para lidar com esse tipo de problema cada vez mais comum, devido ao estilo de vida moderno, conhecer as causas e o tratamento por meio de técnicas apropriadas é fundamental no campo de atuação dos fisioterapeutas. Diante desse cenário, vamos dar início aos estudos sobre o tema Reeducação postural, primordial para a formação profissional em Fisioterapia. No primeiro módulo, apresentaremos o histórico a respeito do assunto. No segundo módulo, definiremos o que, de fato, é postura. Afinal, existe realmente uma postura ideal? O que o fisioterapeuta precisa conhecer sobre esse tema? No terceiro módulo, identificaremos por que é importante reeducar nossa postura, quais os possíveis malefícios de uma postura inadequada e os benefícios dos cuidados. Por fim, veremos exemplos práticos de estratégias inteligentes que podem ser usadas na reeducação postural. MÓDULO 1 Identificar os aspectos relacionados à evolução histórica da reeducação postural EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA REEDUCAÇÃO POSTURAL NA EUROPA Na Europa, antes da Segunda Guerra Mundial, havia um predomínio do totalitarismo – regime que daria plenos poderes a seu líder. Assim, todos os grandes líderes impunham suas percepções de mundo como verdades absolutas. Adolf Hitler, um dos mais influentes entre esses líderes, tinha como curiosidade o culto ao corpo perfeito. Com isso, diversas metodologias de treinamento foram criadas nessa ocasião para que fosse possível atender a esse estilo de vida proposto. Foram desenvolvidos diversos métodos de treinamento, entre os quais destacamos as calistenias ou ginásticas calistênicas, muito comuns nas Forças Armadas, em que um instrutor realizava os movimentos e os outros o imitavam. GINÁSTICA NATURALISTA Foi desenvolvida por um oficial da marinha francesa, chamado Georges Hébert, que difundia o método em cada porto que atracava, caracterizava-se por imitar o movimento dos animais. PILATES Outro método famoso desenvolvido nessa época, porém popularizado na Califórnia anos mais tarde quando seu criador passou a residir por lá, foi pensado por um alemão chamado Joseph Pilates. Hoje, o método é conhecido e praticado no mundo inteiro. Com a francesa Françoise Mézières, em 1947, nascia o método Mézières, a partir da observação de uma paciente afetada de hipercifose e de uma grave forma de artrite escapuloumeral bilateral, que limitava quase totalmente o movimento natural da articulação superior. A partir dessas observações, desses estudos e dessas descobertas, Mézières considerou, então, um tratamento cuja base era o alongamento dos músculos que causam as desordens posturais, enfatizando os músculos posteriores, sobrecarregados pela manutenção postural prolongada, para promover um efeito de “fluidez” das massas musculares. javascript:void(0) javascript:void(0) Françoise Mézières. Foto: Michaël Nisand/Stéphane Graf~commonswiki/Domínio público. O tratamento proposto pelo método Mézières se ampliou para todo o corpo humano e se tornou uma técnica completa de aplicação dos princípios das cadeias musculares, que cuida do indivíduo em sua totalidade, buscando tratar as causas do problema, e não os sintomas, bem como proporcionando o bem-estar dos pacientes. Madame Mézières, como era mais conhecida, foi responsável por uma verdadeira revolução na forma de enxergar as conexões entre os músculos e um tecido pouco estudado até aquela época, denominado fáscia. Esse tecido teve um importante papel na união funcional dos músculos e era o principal elo que conectava toda uma cadeia muscular. Mézières acabou promovendo centenas de cursos na França, explicando como cada uma das oito posturas elaboradas por ela poderiam ter um efeito extremamente eficiente no tal “combate aos males”, que, segundo a terapeuta corporal, o excesso de ginástica estaria trazendo às pessoas. Muitos fisioterapeutas aderiram a suas revolucionárias ideias. Alguns de seus discípulos se tornaram grandes referências no mercado por desenvolverem teorias que uniram o que aprenderam com Madame Mézières a suas experiências pessoais, resultando em novas metodologias com finalidades voltadas à melhora das disfunções posturais. Vamos ver, agora, as mais conhecidas e que chegaram ao Brasil. REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL (MÉTODO RPG) Desenvolvida pelo francês Philippe Souchard, extremamente bem-aceita e acolhida pelo mercado brasileiro, com suas importâncias dadas à hegemonia da função respiratória, função de nutrição e função sexual. Existe, ainda, o conceito do alongamento residual, que se caracteriza por resistência, tempo e força imposta, para sua completude. STRETCHING GLOBAL ATIVO (MÉTODO SGA) Também desenvolvido por Philippe Souchard, porém sem o caráter individual do RPG. O SGA pode ser desenvolvido em grupo e, inclusive, por profissionais de Educação Física. Seus fundamentos são os mesmos, mas não se trabalha em macas, somente em paredes e colchonetes. GODELIEVE DENYS-STRUYF (MÉTODO GDS) Grande retratista de posturas, criadora do método GDS e discípula de Madame Mézières, Denys-Struyf entendeu que questões posturais estão diretamente relacionadas às questões emocionais do paciente. Além de terapeuta, ela era muito atenta aos aspectos comportamentais e muito boa em desenho. Começou a avaliar desenhando seus pacientes e, depois, passou a perceber padrões, dando seu próprio nome ao método. LEOPOLD BUSQUET (MÉTODO BUSQUET) Outro renomado discípulo de Madame Mézières, Busquet entendeu que valeria acrescentar as conexões dos sistemas digestórios, circulatórios, excretórios e reprodutivos quando se relacionam aos pontos de fixações fasciais, e não somente à visão musculoesquelética do método original, também conhecido como método das cadeias fisiológicas. A metodologia de Busquet, difundida no Brasil e em vários outros países do mundo, entende que existem padrões de personalidade (eixo vertical) e relacionais (eixo horizontal) ao avaliar as cadeias musculares. BERNARD BRICOT (MÉTODO DE POSTUROLOGIA) Foi um dos precursores no desenvolvimento de palmilhas personalizadas, pois os pés têm capacidade de causar as disfunções posturais ou se adaptar a elas. As palmilhas são usadas como estratégia para a reeducação postural. THÉRÈSE BERTHERAT (MÉTODO ANTIGINÁSTICA) Autora do best-seller O corpo tem suas razões e considerada a principal seguidora de Madame Mézières, Bertherat começou a se destacar por seus ideais, que almejavam desenvolver melhor consciência do próprio corpo, utilizando movimentos sutis, os quais respeitam todas as mecânicas corporais e sua mobilidade. De acordo com a autora, a tensão de uma musculatura mais profunda resultava de exercícios exageradamente rigorosos e despropositados. Ela entendia que esses exercícios tão cultuados trariam, em longo prazo, uma desarmonia ao corpo, porque este seria enxergado de forma equivocada. Disso nasceu a teoria que viria revolucionar tudo o que entendemos por postura até hoje, resultando no que são os fundamentos da reeducação postural. Todos os conhecimentos desses autores chegaram ao Brasil por meio de seus livros ou cursos de formação. O método RPG obteve maior popularidade e se tornou o preferido dosplanos de saúde, devido a seu alto padrão de organização e alto nível de resolubilidade para pacientes com disfunções crônicas na coluna vertebral, tais como: hipercifoses, hiperlordoses e escolioses. Para muitos, esse é o único método que resolve problemas posturais. Por isso, daremos mais ênfase a tal modelo de reeducação postural, deixando claro, no entanto, que não é o único. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA REEDUCAÇÃO POSTURAL NA AMÉRICA DO NORTE Para o paciente, o termo reeducação postural pode ser entendido como um modelo novo de autorresponsabilidade para mudanças de comportamentos físicos; porém, para os terapeutas, a reeducação postural é um método de resolução para os quadros álgicos (relativos à dor) dos pacientes. Muitos pacientes procuram os fisioterapeutas por dores musculoesqueléticas, às vezes por mau funcionamento respiratório ou intestinal, outras vezes por cefaleias (dores de cabeça), que surgem de vez em quando por estarem bastante associadas a vícios posturais. MAS POR QUE ESSAS REGIÕES DO CORPO DOEM? Essa pergunta foi o objeto de estudo da bioquímica, professora de Matemática e de Física – a norte-americana Ida Pauline Rolf –, que, após se aposentar, resolveu estudar as posturas humanas. Ela aproveitou com excelência a oportunidade de vagas acadêmicas que foram abertas na época da Segunda Guerra Mundial, quando muitos americanos que cursavam o doutorado precisaram viajar para a Europa, abrindo a oportunidade para as mulheres ingressarem em cursos que eram tradicionalmente ocupados somente por homens. Dotada de uma inteligência acima da média, Rolf, ao finalizar sua carreira como professora, resolveu estudar massoterapia e, depois, fisioterapia. Com o tempo, ela somou todos os seus conhecimentos prévios e trouxe um olhar matematizado para as estruturas humanas. Segundo Rolf, todas as estruturas precisavam se organizar para estabelecer uma relação mais econômica sob o ponto de vista energético, a fim de lidar com o efeito da força da gravidade em nossos corpos bípedes. O mais incrível é que, mesmo sendo contemporâneas, não existe nenhum relato de conversas entre Rolf e Madame Mézières, mas a americana compreendeu algo curiosamente bastante similar ao apresentado pela terapeuta corporal francesa: a importância das tensões fasciais na manutenção de uma boa postura. Então, Rolf estabeleceu um método de reeducação postural: MÉTODO DA INTEGRAÇÃO DAS ESTRUTURAS HUMANAS Neste método, boa parte dos ajustes acabava acontecendo a partir de 10 atendimentos, cuja característica marcante era o uso de seu cotovelo como forma de liberação miofascial. Esse método ficou mundialmente conhecido como método Rolfing – uma homenagem à sua idealizadora. Por sua lógica matemática para lidar com as posturas humanas, o sucesso desse método foi tão impressionante que, em pouco tempo, em 1971, foi criado o Instituto Rolfing, em Denver, nos Estados Unidos – um centro de referência do método em questão. Um de seus discípulos, chamado Thomas Myers, técnico de laboratório de anatomia e massoterapeuta, desenvolveu talvez o mais respeitado método de análise de cadeias musculares, pela cientificidade que conseguiu estabelecer ao apresentar para o mundo uma das obras mais revolucionárias da história da reeducação postural: o livro que, em português, leva o título Trilhos anatômicos (2003). Nessa obra, Myers propõe a teoria do “saco miofascial”, que controla o “saco ósseo”. Existe uma bolsa osteoarticular interna que se conecta a uma bolsa miofascial externa, formando estações de conexões. Essas foram as contribuições norte-americanas sobre o tema. REEDUCAÇÃO POSTURAL: COMO TUDO COMEÇOU? Neste vídeo, você verá um breve histórico do início do século XX e a influência dos regimes totalitaristas da Europa, o culto ao corpo e o olhar para a antiginástica, marco da preocupação com a postura no planeta. E a influência da Madame Mézières. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Definir postura com base na importância de sua reeducação O QUE É POSTURA? RESPOSTA Postura é o conjunto de hábitos corporais que fazem parte do nosso dia a dia, moldados por nossa motricidade quando estamos executando alguma atividade, e pode estar relacionada ao ambiente externo do corpo. A postura pode ser observada quando estamos dormindo, acordados, parados ou em movimento, sentados, agachados, fazendo um exercício físico, praticando um gestual desportivo, realizando uma atividade laboral, entre outras atividades que realizamos no dia a dia. Em todos esses exemplos, podemos corrigir ou estabelecer uma forma de corrigir ou educar a postura. Em geral, os problemas gerados pela tal “má postura” não são uma questão de conhecimento, e sim uma questão de educação: depende de nossa conscientização sobre a forma correta de “estar”, em termos de postura. Seria bem mais complicado conseguirmos avaliar as posturas dentro de cada um dos itens citados anteriormente. Portanto, convencionou-se fazer uma avaliação postural de forma estática, na posição ortostática, para conseguir observar melhor o antes e o depois de um tratamento sugerido. As chamadas disfunções posturais ocorrerão quando nos depararmos com anomalias visíveis em exames complementares, por relatos de quadros álgicos ou até insatisfações estéticas dos pacientes. A forma mais comum de surgimento de disfunções posturais é por repetição gestual ou por vícios posturais, os quais fazem nosso organismo criar adaptações ao meio para que, de maneira imediata, gere menos desconforto (BUSQUET, 2001). Por falar em vícios posturais, segundo Coelho (2008), Godelieve Denys-Struyf apresentou uma visão ainda mais apurada da postura, da morfologia, dos traços psicológicos e da personalidade atrelada a certas posturas. Ela é a autora da frase: “A estrutura governa a função e submete o psiquismo”. Associada a uma visão psicossomática holística, sua crença é fundamental para a compreensão integral do ser humano e de suas compensações posturais para adaptação e reequilíbrio postural. A técnica de Denys-Struyf trabalha com o conceito de linguagem corporal, segundo a qual existem seis tipos posturais que dão ao corpo a possibilidade de se expressar. Eles são definidos pelas seguintes cadeias musculares de tensão no corpo: Anteroposterior (AP) Posteroanterior (PA) Anteromediano (AM) Anterolateral (AL) Posteromediano (PM) Posterolateral (PL) Segundo Champingnion (2003), mediante um estado físico e emocional, o comportamento sofre alterações que influenciam diretamente o padrão postural. Visando o reequilíbrio, sempre haverá compensações posturais para adaptação, seja AM posteriormente, seja PM anteriormente. Para que a postura seja bem avaliada e compreendida, independentemente da metodologia aplicada, existem três importantes pilares: CONTEXTO Corresponde a entender de quem estamos falando: idade, profissão e atividade física realizada pelo paciente. FINALIDADE Diz respeito ao verdadeiro objetivo do paciente. NÍVEL DE ACOMPANHAMENTO É necessário avaliar caso a caso. Por exemplo, ao tratar da postura de um atleta de alto rendimento, alguns ajustes posturais poderão ser prejudiciais a suas atividades esportivas. Já quando não se tem nenhuma queixa de dor, é questionável a intervenção fisioterapêutica com ênfase apenas em padrões estéticos. IMPORTÂNCIA DA REEDUCAÇÃO POSTURAL É muito importante o fisioterapeuta compreender uma espécie de hierarquia entre os tecidos celulares, que, de forma inteligente, organizam-nos para conseguirmos vencer a gravidade e conviver com as mais diversas posturas no dia a dia. Sabemos que o corpo está o tempo inteiro buscando economizar energia, mesmo que, para isso, algumas estruturas passem mais tempo hiperativadas. Os ossos formam as articulações e são responsáveis por nossa sustentação. Muitas vezes, é por meio deles que avaliamos nossa postura – especialmente a coluna vertebral. Mas quem comanda esses posicionamentos ósseos são nossas tensões musculares,geradas passivamente pelos tecidos conjuntivos e ativamente por potenciais de ação vindos do tecido neural, que deflagram contrações mínimas ou até espasmos. Em muitos momentos, esses espasmos e tais contrações são percebidos como pontos de dor e, devido a eles, o corpo, em vários casos, cria posturas antálgicas (que combatem a dor). Cabe ao fisioterapeuta aprender a “desarmar esses disjuntores”, bem como a identificar de que forma poderíamos alongar toda a cadeia conjuntiva. ATENÇÃO Nesse momento, é necessário retornarmos ao raciocínio de Ida Rolf, cujas ideias faziam muito sentido nessa “matematização qualitativa” do corpo humano. De acordo com Myers (2003), ela entendia que adaptações posturais teriam uma relação direta entre a inteligência de nosso corpo quanto aos receptores sensoriais e nosso centro de gravidade. Embora os principais exames e métodos de avaliação postural utilizem os ossos e as articulações como referência, existe uma estrutura do corpo que governa os posicionamentos ósseos e, portanto, altera as funções articulares: os músculos. Estes, por sua vez, são regidos por duas outras importantes estruturas: as fáscias e os nervos (controle motor). Rolf desenvolveu uma metodologia muito focada em liberar restrições fasciais que poderiam alterar comprimento e tensões musculares, os quais, por sua vez, aumentariam a rigidez articular ou, talvez, os padrões de mobilidade, deixando algumas articulações hipomóveis e outras adjacentes hipermóveis, o que geraria desequilíbrios. Se esses desequilíbrios fossem entre os músculos mais profundos que “regem” os movimentos da coluna, padrões de escoliose, hipercifose e hiperlordose, ou seja, tipos de exacerbação de curvaturas fisiológicas na coluna vertebral seriam observados. Rolf percebeu que havia necessidade de interferir na mecânica muscular para diminuir restrições e entendeu que essas restrições viriam de um tecido pouco estudado em sua época, pois não se entendia muito sobre a fisiologia do tecido fascial. Nesse momento, deu-se início aos primeiros olhares da liberação miofascial para funções posturais não somente para promover as analgesias. ANALGESIAS Redução da sensibilidade à dor sem perda da consciência. FUNÇÃO DINÂMICA E ESTÁTICA DOS MÚSCULOS Existem músculos que são predominantemente ativos nas funções da dinâmica e outros, na estática. Função dinâmica É composta por aqueles músculos mais superficiais, que, quando estão em disfunção, tendem a ficar mais flácidos e enfraquecidos, não gerando tanta hipomobilidade. Função estática É composta pelos músculos estáticos, que passam o dia nos fazendo ficar eretos. Trata-se de músculos mais profundos, que acabam tendo um aumento do tônus (hipertonicidade) por sobrecarga estática. Essa observação se deu pela primeira vez por pesquisadores da família Kendall (2007), cujo foco seria, além de olhar para as questões fasciais que alteram tensões musculares de forma passiva, analisar outra estrutura que merece atenção: os fusos musculares que intervêm na atividade muscular, mas de forma ativa, involuntária. Ao estabelecerem alguns padrões mínimos de contração involuntária (espasmos), esses fusos musculares permitem que alguns músculos gerem, em longo prazo, encurtamentos crônicos que vão interferir na mobilidade, causando restrições fasciais. javascript:void(0) Os músculos poliarticulares, segundo Adler (2007), fazem as duas funções (dinâmica e estática). Os isquiotibiais, por exemplo, realizam o bloqueio em extensão do joelho, promovem estabilidade em rotação externa da perna e fazem a verticalização do ilíaco. Portanto, é importante que estejam fortes e alongados. Os segredos da reeducação postural são encontrados nos músculos estáticos. Todas as metodologias têm um carinho especial em lidar com essas musculaturas, que são riquíssimas em fibras de contração lenta – também chamadas de fibras vermelhas – e que respondem muito mais a estímulos mais longos, trabalhando com pouca força, mas muita resistência. Ao contrário das musculaturas dinâmicas, as estáticas tendem a encurtar, enrijecer e, em alguns casos, até fibrosar, quando estão em disfunção. Movimentos repetitivos, sedentarismo ou ausência de movimentos podem gerar esses efeitos na musculatura agonista e antagonista. O sedentarismo, por exemplo, promove algumas alterações musculares que interferem diretamente na postura do indivíduo, como o enrijecimento e o encurtamento dos músculos estáticos, e flacidez com perda da força nos músculos dinâmicos. Nesse caso, o tratamento focado somente na liberação miofascial pode não parecer eficaz ou até mesmo mascarar o problema postural, já que a origem pode estar em musculaturas mais profundas. As técnicas neuromusculares, como contrair e relaxar, facilitação neuroproprioceptiva, técnica de energia muscular etc., podem ser bastante eficazes, em especial nas musculaturas mais profundas que estão inseridas nas vértebras – principal região a ser analisada quando o assunto é postura. Cabe ao fisioterapeuta, detentor dessas informações, saber como agir diante dos desconfortos do paciente, mas isso fica para a próxima parte de nosso estudo. AGONISTA Músculo principal, que produz e executa o movimento ao se contrair. ANTAGONISTA Músculo em oposição ao agonista, que relaxa progressivamente perante a contração deste. javascript:void(0) javascript:void(0) EXERCÍCIOS POSTURAIS Além dos exercícios localizados, o pensamento em cadeia desenvolveu uma série de exercícios de forma globalizada, como é o caso dos elaborados por Philippe Souchard, mas inicialmente idealizados por Madame Mézières. Suas ideias revolucionárias iam de encontro aos padrões estabelecidos pela busca da perfeição dos corpos tanto masculinos quanto femininos, todos cheios de “curvas”. Para Mézières, era justamente o excesso de força e essa busca por corpos esculturais que mereciam ser combatidos. Então, ela e seus discípulos, segundo Souchard (2019), começaram a gerar um movimento que ganhou força por meio de sua principal discípula, Thérèse Bertherat, extremamente atenta às questões emocionais que estariam envolvidas na busca excessiva por uma perfeição corporal: a antiginástica. ATENÇÃO Mézières, de acordo com Souchard (2019), teria ainda outros grandes pupilos, que, mais tarde, acabariam desenvolvendo seus métodos e impactando todo o planeta com suas adaptações a essa ideia inovadora de que os músculos se conectam em cadeia. Mais adiante, percebeu-se que quem conectava essas estruturas era justamente a tal fáscia, graças a grandes descobertas de mais um de seus pupilos: Marcel Bienfait, que publicou quatro belas obras – entre elas, O equilíbrio estático e a fisiologia da terapia manual. Seus pupilos: LEOPOLD BUSQUET Outro importante seguidor de Françoise Mézières. Ele entendeu que, por mais que fosse lógico e maravilhoso estudar as conexões musculoesqueléticas, era imprescindível não esquecer as conexões entre fáscias e as demais vísceras, tanto da região torácica quanto da região abdominal. Busquet propôs que a motilidade e a mobilidade visceral poderiam interferir na qualidade da mecânica da coluna vertebral e, com isso, criar adaptações posturais. O tempo passou e Busquet desenvolveu sua própria metodologia, que acabou recebendo seu nome. GODELIEVE DENYS-STRUYF Criadora do método GDS, adaptou tudo o que aprendeu e adicionou, à sua prática clínica, seus conhecimentos de desenho, dança, traços de comportamento e personalidade, e criou uma série de padrões posturais nos quais se baseia sua metodologia. BRICOT Tornou-se notável por seus estudos sobre os movimentos dos olhos, a articulação temporomandibular (ATM) e a utilização de palmilhas personalizadas para correções posturais (BRICOT, 2001). No Brasil, suas obras e seus cursos são conhecidos como podoposturologia ou técnicas de confecção de palmilhas. PHILLIP SOUCHARD Talvez o mais conhecido dos seguidores de Mézières. Fisioterapeuta e osteopata, seus métodos bastante difundidosno Brasil são, para muitos, os únicos que tratam questões posturais. Esse reconhecimento é apontado até mesmo por planos de saúde privados, que só cobrem os tratamentos se a metodologia for de Souchard. Além de inúmeras obras que o fisioterapeuta escreveu, seu maior legado foi o curso de Reeducação Postural Global (RPG). Algum tempo depois da criação do RPG, entendendo que havia no Brasil um nicho interessante de profissionais de Educação Física que também se interessariam em aprender a atuar preventivamente nos problemas de coluna, Souchard criou, em 2019, a metodologia Stretching Global Ativo (SGA). Independentemente dos métodos usados, todos vieram da mesma fonte: Françoise Mézières, uma mulher à frente de seu tempo que resolveu externar suas ideias e enfrentou um mundo cheio de preconceitos, com diversas metodologias já vigentes e eficazes em curto prazo. REEDUCAÇÃO POSTURAL: “O PULO DO GATO” Você verá breve vídeo demonstrando o poder de se compreender as diferentes estratégias na prescrição de exercícios para musculatura estática e para musculatura dinâmica. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Descrever as indicações e contraindicações na aplicação de exercícios de reeducação postural APLICAÇÃO PRÁTICA DA REEDUCAÇÃO POSTURAL: INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES Em geral, há duas grandes classes de exercícios para a reeducação postural: Exercícios globais Exercícios analíticos específicos em pontos estratégicos INDICAÇÕES Para todas aquelas que geram algum tipo de dor física, como restrições de mobilidade, alterações da mecânica ventilatória ou até mesmo desconforto pessoal com a estética. CONTRAINDICAÇÕES Aquelas para qualquer exercício, como hipertensão arterial grave, cardiopatias descompensadas, infecções com quadro de febre, indisposição do paciente etc. Entretanto, cabe a avaliação do terapeuta e sua interlocução com o médico que trata o problema específico do paciente para estabelecer se a contraindicação é absoluta ou relativa. EXERCÍCIOS GLOBAIS A maioria dos exercícios globais possui a finalidade de manter as tensões em toda a cadeia muscular. De uma metodologia para outra, existem variações de cadeias – cadeia mestra anterior (CMA) e cadeia mestra posterior (CMP) –, mas vamos utilizar uma que, para quase todos os métodos, é unânime: a CMP. CMP Inicia-se pelos músculos espinhais, passa pelos músculos da pelve (pelvitrocanterianos e grande glúteo), pelos músculos posteriores da coxa e da perna (isquiotibiais, poplíteo, tríceps sural) até chegar aos músculos plantares. Uma hipertonicidade nessa cadeia, por exemplo, gera alterações posturais como: hiperlordose cervical e lombar, dorso retificado, joelhos varos, pelve em retroversão e pés cavos. CMA É composta pelos músculos anteriores do corpo e se inicia pelos músculos do pescoço (esternocleidomastóideo, o longo do pescoço e os escalenos), passando pelo sistema suspensor do diafragma e das vísceras, os músculos da pelve e da coxa (Iliopsoas e adutores pubianos) e da perna (tibial anterior). Uma hipertonicidade nessa cadeia pode gerar projeção da cabeça, retificação da cifose cervical, aumento da cifose (hipercifose) dorsal, pelve em anteroversão, joelhos valgos e com rotação interna e pés pronados. ILIOPSOAS Também chamado de psoasilíaco, pertence aos músculos internos do quadril e é constituído por dois músculos distintos (ilíaco e psoas maior) cujas origens são diferentes, mas, depois, fundem-se e compartilham a mesma inserção na coxa. Aqui, vamos demonstrar uma forma bastante eficaz de trabalhar exercícios globais. Em média, o paciente permanece por três minutos em cada postura e realiza, no mínimo, três repetições. Vejamos algumas: Nesses exercícios, seriam extremamente importantes cuidados com cinco partes: Posicionamento do SACRO no chão. Posicionamento do GLÚTEO na parede. Posicionamento das ESCÁPULAS, unidas e com úmero em rotação externa. Posicionamento da CERVICAL, retificada (“queixo no peito”). javascript:void(0) Posicionamento do JOELHO estendido, preferencialmente com os gastrocnêmios tocando a parede. GASTROCNÊMIOS Potente músculo com dois ventres, formando o tríceps sural junto com o músculo sóleo. Ele está localizado na parte posterior da perna. Vejamos, agora, variações possíveis para dar mais ênfase às cadeias mais internas envolvendo a musculatura adutora de membros inferiores: Este caso segue as mesmas recomendações anteriores, mas a orientação é unir as plantas dos pés. Trata-se de posturas apelidadas de “rã no ar” e “rã sentada”, devido ao aspecto do paciente na parede. Quando a intenção é uma cadeia mais anterior, isso pode ser feito de pé. javascript:void(0) Nessa próxima variação, recomenda-se a abertura máxima das pernas: ATENÇÃO A sequência apresentada tem como objetivo trabalhar a cadeia mestra posterior, que envolve desde os músculos paravertebrais, interconectando-se com as fáscias isquiotibiais, até as fáscias plantares. EXERCÍCIOS ANALÍTICOS Existem diversos tipos de metodologias para realizar exercícios de reeducação postural. Convém ao especialista aprofundar-se por meio de formações específicas no método com o qual se identifica. Aqui, veremos o que, praticamente, todos os métodos apresentam de comum. Sem dúvida, o processo inicial parte de uma avaliação para perceber as disfunções por meio de análises, utilizando um simetrógrafo, ou por meio de aplicativos para celular, utilizando a sobreposição de linhas na imagem obtida. Isso pode favorecer a análise das alterações posturais e ainda é uma forma de acompanhamento durante o tratamento. Uma questão a ser discutida é que os problemas posturais não são simplesmente problemas de assimetria. É extremamente importante o fisioterapeuta saber disso, pois uma abordagem simplista como essa pode acabar atrapalhando mais do que ajudando um paciente. SIMETRÓGRAFO Instrumento utilizado para avaliar desvios posturais por meio da observação de pontos anatômicos. Com ele, é possível detectar alguns desvios de postura mais acentuados, como a escoliose e a hiperlordose. PROBLEMAS NÃO SÃO IMAGINADOS, E SIM CHECADOS OU TESTADOS! A avaliação visual é relevante, mas o ideal é identificar como a estrutura está funcionando, por que o corpo está criando adaptações que podem ser a melhor maneira de aquele indivíduo realizar determinada tarefa ou certo gestual esportivo, especialmente se estivermos nos referindo a um atleta de alto rendimento. Entender o contexto em que o paciente está inserido faz toda a diferença na compreensão do problema manifestado. É importante checar se existem fatores predisponentes, como: javascript:void(0) Lesões por esforço repetitivo ou disfunções osteomioarticulares relacionadas ao trabalho (LER/DORT). Mãe ou pai de criança ainda transportada no colo. Atividades laborais predominantemente estáticas – motorista profissional, costureira, caixa de supermercado ou de banco, dentista. Atividades esportivas extenuantes – atletas de triatlo, corredores, jogadores de futebol, atletas de alto rendimento. Sedentários, inativos, obesos, muito magros ou muito altos. O esqueleto humano é anatomicamente dividido em dois tipos: ESQUELETO AXIAL Composto por coluna vertebral, gradil costal e ossos da face e da calota craniana. ESQUELETO APENDICULAR Composto pelos membros superiores e inferiores. Porém, existem duas estruturas funcionais que servem para conectar esses esqueletos apendiculares ao esqueleto axial: as cinturas. A cintura escapular conecta os membros superiores ao esqueleto axial. A cintura pélvica ou pelve conecta os membros inferiores ao esqueleto axial. Nas cinturas, a abordagem é um pouco mais profunda do que simplesmente avaliar a mobilidade. Aqui, o tônus, a temperatura e a rigidez muscular podem servir de parâmetros para a avaliação. Testes passivos ou ativos de movimentos articulares podem determinar duas características imprescindíveis para uma boa reeducação postural: a hipermobilidade articular e,principalmente, a hipomobilidade articular. Os testes se dividem em teste de mobilidade no esqueleto axial e teste de mobilidade nas estruturas que envolvem as cinturas (escapulares e pélvicas). javascript:void(0) javascript:void(0) Em geral, as estruturas que causam desconfortos ou dores não são tanto as hipermóveis, e sim as hipomóveis. Isso ocorre devido a tensões musculares acima do normal, que limitam os movimentos articulares. RECOMENDAÇÃO Preferencialmente, faça todos os testes na posição ortostática. Observe o quanto a articulação permite de liberdade do movimento, chegando ao limite de forma ativa, e interfira manualmente de forma passiva, a fim de detectar possíveis desconfortos, rigidez ou encurtamentos. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS TESTES Veja, na tabela a seguir, os testes de mobilidade do esqueleto axial. Eles determinarão se as intervenções reeducacionais no indivíduo são necessárias ou não. Mobilidade articular Testes Observação Coluna cervical Rotações para direita e para esquerda. Inclinações laterais para direita e para esquerda. Flexão (queixo para baixo) e extensão (queixo para cima). Pergunte se houve algum sintoma. Coluna torácica Rotações para direita e para esquerda. Inclinações laterais para a direita e para a esquerda. Flexão (tentar pôr a mão no chão) e extensão (retornar e olhar o máximo para o teto). Pergunte se houve algum sintoma. Coluna lombar Flexão, extensão, lateralização e rotação com o paciente em pé Pergunte se houve algum sintoma. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Alvaro Andreson de Amorim. Em todos os testes, registre se houve desconforto (end feel) e encurtamento. PILARES DA REEDUCAÇÃO POSTURAL Quando se trata de pôr em prática a reeducação postural, pensamos em três grandes pilares, mas, antes de conhecê-los, é necessário utilizar algum instrumento de medida para perceber inicialmente as tais alterações na postura. Os testes que se aplicam a essa finalidade podem ser quantitativos ou qualitativos. TESTES QUANTITATIVOS TESTES QUALITATIVOS TESTES QUANTITATIVOS Para esse tipo de verificação, os testes quantitativos envolvem os goniômetros, flexômetros, softwares de análise quantitativa ou qualquer outro instrumento para mensurar o “antes” e o “depois”. O Ângulo Cobb é obtido por meio de radiografia e é muito usado para determinar o grau (ângulo) de uma escoliose. TESTES QUALITATIVOS Não são apresentados números, porém indicativos visuais que podem ser analisados por fotos. A melhora é observada pelo padrão do movimento e pelo alívio de queixas em quadros álgicos – ótimos indicativos de uma postura reeducada. Outro teste que apresenta um número, mas, pela imprecisão dos dados, não serve como parâmetro quantitativo científico, e sim como referência, é a técnica das duas balanças. O paciente é solicitado a subir com um pé em uma balança e o outro pé em outra balança igual. Percebemos a distribuição do peso antes e depois de aplicar a solução proposta. É comum ter antes uma diferença de distribuição de peso corporal bem maior do que depois. Agora, vamos aos três pilares da reeducação postural: ENTENDER PARA PODER ORIENTAR Quanto mais informações a respeito do paciente, maiores serão as possibilidades de diagnóstico assertivo sobre a causa do problema. Um bom fisioterapeuta deve ter informações das mais diversas, tais como: qualidade de sono, atividade física, qualidade na alimentação etc. REALIZAR ALONGAMENTOS POSTURAIS Os exercícios de alongamento são utilizados na maior parte dos pacientes com o objetivo de atuar nas cadeias musculares. Eles podem ser realizados em macas especiais, utilizando as mãos do terapeuta ou a parede, como vimos nos exemplos. EMPREGAR A TÉCNICA DE RELAXAMENTO PÓS- ISOMÉTRICO (RPI) Quando pedimos ao paciente para realizar um movimento usando uma contração isotônica concêntrica, há uma resistência contra o movimento solicitado. Este se torna, então, um exercício isométrico. Dessa forma, cria-se um reflexo inibitório gerado pelos proprioceptores, que promovem uma ação reflexa de relaxamento dos músculos envolvidos no exercício. Quando o próprio músculo é implicado, chamamos esse reflexo de inibição autógena, mas quando o músculo antagonista é implicado, chamamos o reflexo de inibição recíproca. GRUPAMENTOS MUSCULARES MAIS INDICADOS PARA RESOLUÇÃO DAS DISFUNÇÕES POSTURAIS Existem 10 grupamentos musculares estrategicamente indicados para a resolução de cada uma das disfunções posturais. Conheça-os a seguir. 1. MÚSCULO TRAPÉZIO SUPERIOR Posição inicial do terapeuta: preferencialmente sentado na extremidade da maca, com as mãos uma no acrômio e outra no processo mastoideo. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, com a cabeça em lateroflexão e o lado a ser tratado mais alongado. Comando: “Aproxime o ombro da orelha”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes para cada lado. 2. MÚSCULOS ESCALENOS Posição inicial do terapeuta: preferencialmente sentado na extremidade da maca, com uma mão no acrômio e a outra no processo mastoideo. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, com a cabeça em lateroflexão e o lado a ser tratado mais alongado. Comando: “Aproxime a orelha do ombro”. (A diferença entre a primeira posição do trapézio superior para esta aparece neste comando). Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes para cada lado. javascript:void(0) javascript:void(0) 3. MÚSCULOS ESPLÊNIOS Posição inicial do terapeuta: preferencialmente sentado na extremidade da maca, com as mãos no occipital do paciente, gerando uma flexão na cervical passiva. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, com a cabeça em flexão, criando um alongamento nos esplênios. Comando: “Aproxime a nuca da maca”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento, e permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos. 4. MÚSCULO ESTERNOCLEIDO-OCCIPTOMASTÓIDEO Posição inicial do terapeuta: preferencialmente sentado na extremidade da maca, com as mãos uma em cada lado da cabeça do paciente. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, com a cabeça em rotação até o limite da dor e o lado a ser tratado com o músculo visível pelo terapeuta. Comando: “Afaste a orelha da maca”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes para cada lado. javascript:void(0) javascript:void(0) 5. PEITORAL MENOR Posição inicial do terapeuta: preferencialmente em pé ao lado do peitoral a ser tratado primeiro e com sua pelve relativamente alinhada com a pelve do paciente, a mão superior na altura da cabeça do úmero e a mão inferior na espinha ilíaca anterossuperior contralateral. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, olhando para o teto. Comando: “Empurre minha mão com seu ombro e com sua pelve”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes para cada lado. 6. MÚSCULOS ADUTORES Posição inicial do terapeuta: preferencialmente em pé ao lado do adutor a ser tratado primeiro e com sua pelve relativamente alinhada com a pelve do paciente. A mão superior fica na altura da face medial de um dos joelhos, e a outra, no outro joelho, resistirá ao movimento de adução solicitado. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, olhando para o teto, com as solas dos pés tocando uma na outra, quadril abduzido e rodado externamente. Comando: “Empurre minha mão com seu joelho, até que um toque no outro”. Açãodo terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes. 7. MÚSCULOS ISQUIOTIBIAIS Posição inicial do terapeuta: preferencialmente sentado na maca, com a parte posterior da perna do paciente sobre seu trapézio e as mãos entrelaçadas sobre a tuberosidade anterior da tíbia do paciente, resistindo à flexão do joelho. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, olhando para o teto, com gastrocnêmio sobre o trapézio do terapeuta, quadril e joelhos fletidos. Comando: “Empurre sua perna para cima de meu ombro”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes. 8. MÚSCULO PIRIFORME Posição inicial do terapeuta: preferencialmente em pé na lateral da maca ou na parte caudal da maca, com as mãos na face medial do tornozelo do paciente. Posição inicial do cliente: em decúbito ventral, com os joelhos unidos e fletidos, formando um V com a pernas. Comando: “Encoste um pé no outro”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes. 9. MÚSCULO QUADRADO LOMBAR Posição inicial do terapeuta: preferencialmente em pé na lateral da maca, apoiando uma mão no joelho e outra no dorso do pé do paciente, a fim de impedir que o pé dele se desloque na direção do teto. Posição inicial do cliente: em decúbito lateral, com o músculo a ser tratado desencostado da maca, flexão bilateral de quadril e de joelho, bíceps sob a orelha e pés em uma posição em que seja possível se deslocar em direção ao solo. Comando: “Empurre minha mão com o pé em direção ao teto”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes. 10. MÚSCULO PSOASILÍACO Posição inicial do terapeuta: preferencialmente em pé na lateral da maca, apoiando uma mão no terço distal da coxa da perna do paciente a ser trabalhada e a outra na tuberosidade anterior da tíbia contralateral. Posição inicial do cliente: em decúbito dorsal, em diagonal na maca, de forma que a coxa do psoasilíaco a ser trabalhado possa descer abaixo da linha da maca. A outra mão só apoiará, já que o paciente estará com um quadril fletido, e o músculo que está sendo trabalhado, estendido. Comando: “Empurre minha mão com o joelho em direção ao teto”. Ação do terapeuta: resistir, não deixando que haja movimento; permitir que o paciente faça uma contração isométrica de aproximadamente seis segundos; e repetir de três a seis vezes. ACRÔMIO Proeminência óssea da escápula, localizada na parte superior do ombro. PROCESSO MASTOIDEO Projeção cônica que pode variar de tamanho e forma, localizada na parte posterior do osso temporal (porção mastoidea). OCCIPITAL Osso simétrico que forma as paredes posterior e inferior do crânio. ESPLÊNIOS O esplênio da cabeça é um músculo profundo do pescoço. O esplênio do pescoço é um par de músculos das costas que se encontra no espaço pré-vertebral do pescoço. Ambos formam a camada superficial dos músculos profundos das costas. EXERCÍCIOS GLOBAIS E ANALÍTICOS Você verá um resumo de todos os exercícios propostos. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS No estudo deste tema, conhecemos os principais métodos que fundamentam e utilizam o princípio das cadeias musculares como forma de reeducação postural. Além disso, entendemos que esse processo de reeducação não é simplesmente uma questão física. Afinal, aspectos comportamentais (conscientes ou inconscientes) também podem alterar padrões posturais. Para esses casos, não existe uma receita infalível. Cabe ao fisioterapeuta identificar o método que mais faça sentido para ele e elaborar um plano estratégico em sintonia com seu paciente, estabelecendo metas de curto, médio e longo prazos, a fim de que seus objetivos sejam alcançados. Em muitas situações, o paciente não tem consciência de que aquelas disfunções têm relação com más posturas de seu dia a dia. Por isso, as orientações de um profissional são fundamentais para melhorar os vícios posturais que produzem as disfunções. Entretanto, o tempo que o paciente passa com o terapeuta não é suficiente para alterar a causa do problema. Pensar dessa forma é um erro que pode custar a eficácia do tratamento. Lembre-se: nem sempre uma dor em determinado local é realmente causada por alterações daquela área do corpo. O terapeuta precisa deixar de analisar somente um ponto, parar de tratar escolioses, hiperlordoses, hipercifoses, mas ver o corpo como um todo, o paciente em sua integralidade, passando a tratar de pessoas. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ADLER, S. PNF: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. São Paulo: Manole, 2007. BRICOT, B. Podoposturologia. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001. BUSQUET, L. As cadeias musculares: tronco, coluna cervical e membros superiores. v. 1. Belo Horizonte: Busquet, 2001. CHAMPINGNION, P. Aspectos biomecânicos das cadeias musculares e articulares no método GDS: noções básicas. São Paulo: Grupo Editorial Summus, 2003. COELHO, L. O método Mézières ou a revolução na ginástica ortopédica: o manifesto antidesportivo ou a nova metodologia de treino. In: Revista de Desporto e Saúde, v. 4, n. 2, p. 21-39, 2008. KENDALL, F. Músculos: provas e funções. São Paulo: Manole, 2007. MYERS, T. Trilhos anatômicos. São Paulo: Manole, 2003. SOUCHARD, P. Autoposturas da RPG: o método do Stretching Global Ativo (SGA). São Paulo: Grupo Editorial Summus, 2019. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia: A prática do Stretching Global Ativo para a otimização da força e prevenção de lesões em esportes de combate, de Heleno Almeida Junior, Dissertação, Universidade Federal de Sergipe. Técnicas de energia muscular, de Leon Chaitow. Método natural de Hébert: uma breve revisão de conceitos e aplicações, de Jonas Godtsfriedt, EFDeportes. CONTEUDISTA Alvaro Andreson de Amorim CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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