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AP1 2022 2 - Geografia Agrária - gabarito final

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CEDERJ – CURSO DE GEOGRAFIA 
GEOGRAFIA AGRÁRIA 
AVALIAÇÃO PRESENCIAL 01 – AP1 2022.2 
Prof. Dr. Marcelo Antonio Sotratti 
 
Questão 01. Leia o texto abaixo e responda: 
 
Um dos velhos mitos do rural brasileiro consiste em ele ser predominantemente agrícola. [...] um 
número crescente de pessoas que residem em áreas rurais estão hoje ocupadas em atividades não-
agrícolas. Os dados da PNAD de 1999 também mostram que dos quase 15 milhões de pessoas 
economicamente ativas no meio rural brasileiro (exceto a região Norte), quase um terço – ou seja 4,6 
milhões de trabalhadores – estava trabalhando em ocupações rurais não agrícolas (ORNA): como 
serventes de pedreiro, motoristas, caseiros, empregadas domésticas etc. Mais importante que isso, as 
ocupações não-agrícolas cresceram na década dos 90 a uma taxa de 3,7% ao ano – mais que o dobro 
da taxa de crescimento populacional do país (ver tabela 1). Enquanto isso, o emprego agrícola, em 
função da mecanização das atividades de colheita dos nossos principais produtos, vem caindo cada 
vez mais rapidamente, a uma taxa de - 1,7% ao ano. Nossas projeções indicam que a continuar nesse 
ritmo, no ano 2014 a maioria dos residentes rurais do país estarão ocupados nessas atividades não-
agrícolas. Em alguns estados, como São Paulo, isso já está ocorrendo atualmente. 
 
SILVA, José Graziano da. Velhos e novos mitos do rural brasileiro. Estudos Avançados, volume 15, 
no.43, p. 37- 50, 2001. 
 
a) Levando em consideração o conceito de espaço rural e espaço agrário, explique o sentido da 
afirmação do autor que um dos velhos mitos do rural brasileiro consiste em ele ser 
predominantemente agrícola. Valor: 1,5 ponto 
Obs. Ao explicar o sentido da afirmação, você deve deixar claro o seu conhecimento sobre a 
diferença entre os dois conceitos. 
Resposta: Considerando o espaço rural como a porção do território não urbana e o espaço 
agrário como sendo o espaço (contido no rural) a qual se desenvolvem as atividades do 
setor primário da economia – agricultura, pecuária e extrativismo – o autor relativiza o mito 
que o “rural brasileiro consiste em ele ser predominantemente agrícola” uma vez que apresenta 
a importância das atividades não agrícolas na dinâmica do espaço rural contemporâneo. 
Coexistem no espaço rural brasileiro atividades agrícolas e não agrícolas cujas relações 
revelam as configurações, a complexidade, a diversidade e os problemas que caracterizam essa 
porção do território. 
 
b) Como o autor apresenta e problematiza a dinâmica dos espaços rurais contemporâneos? Valor 
1,5 ponto 
Resposta: A dinâmica dos espaços rurais contemporâneos é discutida pelo autor por meio 
da centralidade que as atividades não agrícolas exercem nesses espaços. O autor 
apresenta dados sobre empregabilidade que revelam o aumento de ocupações rurais não 
agrícolas em detrimento dos empregos agrícolas, que sofrem, ainda, a pressão da 
mecanização nos espaços agrários. Assim, observa-se que o autor apresenta uma nova 
dinâmica do espaço rural, a qual as atividades não agrícolas (ligadas ao lazer, à moradia e 
ao turismo, por exemplo) revelam processos de aproximação e complementaridade do 
espaço rural com o espaço urbano, assim como uma forte influência dos processos 
verticais ligados à globalização. 
 
Comentários: Embora grande parte dos alunos tenha compreendido o texto e respondido 
satisfatoriamente as questões, relacionando-as aos conceitos exigidos e ao conteúdo das aulas, 
cabe ressaltar um número expressivo de alunos que não centralizaram a questão das atividades 
não agrícolas nas respostas, construindo um raciocínio paralelo e distante dos argumentos 
apresentados no texto. Também verifiquei muitos problemas de linguagem e de coesão textual. Os 
alunos que reconhecem essa deficiência devem procurar superá-las, dedicando um tempo para 
exercícios de elaboração de textos, gramática, acentuação e ortografia. 
 
 
Questão 02. Observe abaixo a cadeia ligada ao processo conhecido como Revolução 
Verde e responda: 
 
 
 
a) Qual foi o objetivo da Revolução Verde? Valor 0,5 ponto 
Resposta: O objetivo da revolução Verde – implantada nos países periféricos durante a 
“Guerra fria” - era acabar com a fome do mundo, por meio do aumento da produtividade 
agrícola. 
 
b) Analisando a cadeia ligada a esse processo, discuta se seus objetivos foram atingidos e que 
grupos se beneficiaram com ele. 1,5 ponto 
Resposta: O objetivo central do “discurso” da Revolução Verde” não foi só atingido como 
se mostrou uma forma perversa de aumentar o poder e o acúmulo de capitais por parte dos 
grandes investidores, empresários e produtores rurais. Isso se deu devido os países 
capitalistas desenvolvidos intensificarem o processo de industrialização da agricultura nos 
países subdesenvolvidos, como parte de uma estratégia indireta da intensificação e difusão 
do sistema capitalista em esfera mundial. Esse processo, que atendia aos interesses das 
grandes empresas multinacionais como as produtoras de insumos e máquinas, teve por 
objetivo aumentar a produção agrícola nos países periféricos por meio da utilização de 
tratores, fertilizantes, defensivos agrícolas, entre outros. No entanto, na prática, essa 
“revolução” se mostrou como uma forma de obtenção de lucro por parte dessas empresas 
no campo. A produtividade agropecuária cresceu, porém o número de pessoas sem acesso 
à alimentação também aumentou. Os efeitos negativos da Revolução Verde são 
evidenciados pela forte concentração de terras e ampla desigualdade social no campo, o 
êxodo rural de grupos sociais rurais que não conseguiram se manter na lógica capitalista 
de produção e os graves problemas ambientais decorrentes dos produtos e insumos 
empregados na Revolução Verde como erosão dos solos, poluição de rios e do solo, 
doenças e pragas e maior pressão de desmatamento. 
 
Comentários. A maior parte dos alunos acertou essa questão. Alguns não apontaram como 
objetivo principal da Revolução Verde a minimização da fome, desenvolvendo diretamente as 
estratégias do avanço capitalista no espaço rural. Era necessário demonstrar a contraposição 
entre esse discurso e a realidade observada. Também achei algumas respostas muito curtas, 
sintéticas e superficiais. A Geografia Agrária é uma disciplina que faz parte do que chamamos de 
Geografia Humana. Assim, a construção de bons argumentos, críticos, ilustrativos e bem 
elaborados é o nosso objetivo central. Respostas muito sintéticas e superficiais podem conduzir 
nossos argumentos ao senso comum. Fiquem atentos. 
 
Questão 03. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas. Obs. transcrever para 
a folha de respostas. Valor 2,0 pontos 
 
a.(VERDADEIRA) Para Alexander Chayanov o campesinato é um produtor de mercadorias e 
está contido no mercado, mas não segue sua lógica, não é transformado em capitalista. Seu 
objetivo não é exclusivamente o lucro. A lógica da agricultura empresarial e a lógica da agricultura 
camponesa são opostas. 
Justificativa: Para Chayanov, o campesinato continua a existir com o capitalismo e nele se 
desenvolve, ainda que não faça parte dele, pois é movido por uma lógica distinta. O 
campesinato é obrigatoriamente um produtor de mercadorias e está contido no mercado, 
mas não segue sua lógica, não é transformado em capitalista. Seu objetivo não é 
exclusivamente o lucro. A lógica da agricultura empresarial e a lógica da agricultura 
camponesa são opostas. 
 
b. (FALSA) Teodor Shanin se debruçou sobre a questão agrária a partir da compreensão de três 
abordagens que estão, de acordo com sua análise, estruturalmente associadas: a agricultura 
familiar, a função da Revolução Verde e o desenvolvimento da Reforma Agrária. 
Justificativa: Teodor Shanin se debruçou sobre a questão agrária a partir da compreensão 
de três abordagens que estão, de acordo com sua análise, estruturalmente associadas: o 
campesinato, a função do campesinato nasociedade e o desenvolvimento da sociedade na 
qual o campesinato evolui. De acordo com Shanin, estes pontos são centrais para o real 
entendimento da questão agrária e, consequente, de sua ação política, pois os camponeses 
e a sua dinâmica devem ser considerados para que se reconheça quem são esses atores e 
como se dá o cenário da sociedade em que vivem. 
 
c. (VERDADEIRA) Para José Graziano da Silva, o capital tem como premissa a subordinação de 
todos os setores e o domínio parcial das relações sociais no espaço rural. No caso do 
campesinato, a reprodução do capital se estabelece em ritmos lentos, filtrado pelos interesses e 
conquistas desse grupo social. 
Justificativa: José Graziano da Silva afirma que os campesinos estão inseridos e fazem 
parte do capitalismo, haja vista que o capital se apropria do excedente da produção 
camponesa e o camponês, sem grandes alternativas, reproduz o capital através da sua 
produção ou com sua força de trabalho. 
 
d. (VERDADEIRA) A teoria proposta por Ricardo Abramovay faz distinção entre agricultura 
familiar e campesinato. A agricultura familiar encontra um meio de se adaptar às mudanças 
técnicas e econômicas da agricultura no tempo, enquanto o campesinato se apega às estruturas e 
dinâmicas socioeconômicas e espaciais do passado. 
Justificativa: A teoria proposta por Abramovay faz distinção entre agricultura familiar e 
agricultura camponesa. A agricultura familiar encontra um meio de se adaptar às mudanças 
técnicas e econômicas da agricultura no tempo, enquanto a agricultura campesina se 
apega às estruturas e dinâmicas socioeconômicas e espaciais do passado. Para 
Abramovay, o mercado é o elemento mediador das relações sociais, onde o critério 
econômico é predominante para entender as diferentes relações homem-campo. 
 
Comentários: O conhecimento de alguns teóricos, sobretudo em relação aos grupos sociais 
ligados ao campo e o capitalismo, são centrais nas pesquisas de nossa disciplina. Existem 
posições mais radicais, como a de Shanin e Graziano da Silva e algumas ponderadas como 
Abramovay. Essa compreensão é importante na medida em que observamos os movimentos 
sociais e as políticas públicas que envolvem o campesinato e a agricultura familiar. De forma geral 
os alunos tiveram um resultado satisfatório nesta questão, errando apenas alguns autores. 
Procurem refletir o motivo pelo qual vocês erraram algumas das afirmações. 
 
Questão 04. O agronegócio, do ponto de vista das transações econômicas que o envolvem, 
compreende três partes: a primeira parte denominada dentro da porteira, a segunda parte 
denominada pré-porteira e a terceira parte denominada pós – porteira. Explique de que se trata as 
três denominações. Valor 1,5 ponto. 
Resposta: No contexto das transações econômicas, o agronegócio é analisado em três 
partes: a primeira parte, denominada de dentro da porteira, trata dos negócios 
agropecuários propriamente ditos, ou seja, as relações comerciais entre os produtores 
rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes, constituídos na forma de pessoas físicas 
(fazendeiros ou camponeses) ou de pessoas jurídicas (empresas). Na segunda parte, ou da 
pré-porteira, são observados os negócios externos que alimentam ou transformam a 
agropecuária, representados pela indústria e comércio que fornecem insumos para a 
produção rural, como, por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, 
equipamentos. Finalmente, na denominada pós-porteira encontram-se os negócios 
finalizadores do processo, ou seja, a compra, transporte, beneficiamento e venda dos 
produtos agropecuários até o consumidor final. Enquadram-se nesta definição os 
frigoríficos, as indústrias, empacotadores, supermercados, distribuidores de alimentos. 
 
Resposta: Um número significativo de alunos não sabia esta resposta ou construiu argumentos 
não associados à pergunta. 
 
Questão 05. Observe o selo comemorativo do “Ano Internacional das Agricultura Familiar” 
lançado pelos Correios em 2014 e responda: Valor 1,5 ponto 
 
 
Que 
argumentos podemos apresentar para justificar a importância nacional e internacional que a 
agricultura familiar possui em tempos recentes? 
Resposta: A importância da agricultura familiar se projeta em níveis nacionais e 
internacionais devido à sua importância econômica, social, ambiental e cultural. Além da 
própria subsistência, a agricultura familiar abastece o mercado interno como grande produtora 
de alimentos destinados às populações urbanas. Também constata-se em sua produção uma 
grande diversidade de produtos, estimulando novos hábitos de consumo e produção artesanal 
(geléias, doces, embutidos, laticínios, vinhos) de forma organizada, controlada e voltados, 
principalmente, à comercialização. Sua organização social, envolvendo todos os seus membros 
em alguma etapa do processo produtivo, fortalece o vínculo da família com a terra, resistindo 
ou minimizando o êxodo rural. A agricultura familiar também pratica a pluratividade, 
introduzindo o turismo, a gastronomia como atividades complementares. Observa-se também 
que a agricultura familiar apresenta maior consciência em relação a práticas agrícolas 
sustentáveis, protegendo o solo e evitando o uso de defensivos agrícolas. Da mesma forma, os 
grupos ligados à agricultura familiar valorizam as tradições de seus antepassados, 
reinventando-as, assim como assimilam novos pensamentos e processos produtivos. 
 
Comentários: Não fiquei satisfeito com as respostas de uma grande parte dos alunos. Como disse 
na primeira questão, respostas muito sintéticas podem levar ao senso comum. Li uma resposta 
que dizia o seguinte: “A agricultura familiar apresenta importância para o Brasil porque é 
importante para a sociedade”. E só. Nessa questão, a própria imagem do selo comemorativo 
poderia inspirar a construção de bons argumentos, relacionando a produção de alimentos, a 
conservação dos recursos naturais e o envolvimento da família. É fundamental reconhecermos o 
papel da agricultura familiar na dinâmica dos espaços agrários e sua relação com o espaço 
urbano e o espaço rural. Essa relação se dá por meio das dimensões (econômica, social, 
ambiental, cultural) apresentadas na resposta acima. 
 
Saudações 
Prof. Dr. Marcelo Antonio Sotratti 
Coordenador da disciplina – Geografia Agrária

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