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Apresentação
CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA NO AGRONEGÓCIO
CAPÍTULO 2 ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE O CUSTO, O VOLUME E O LUCRO
CAPÍTULO 3 PLANEJAMENTO DE FINANCIAMENTO NO AGRONEGÓCIO – A NATUREZA DAS DECISÕES
CAPÍTULO 4 GESTÃO DINÂMICA DO CAPITAL DE GIRO
CAPÍTULO 5 A GESTÃO DO VALOR NAS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO
CAPÍTULO 6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO NO AGRONEGÓCIO
Capítulo 1
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA NO AGRONEGÓCIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
	Entender como os principais conceitos relativos à gestão financeira se relacionam em um sistema ordenado; que envolve desde a coleta e organização dos dados até o monitoramento das decisões tomadas.
	Conhecer os principais índices utilizados pelos gestores do agronegócio na análise das demonstrações financeiras.
	Compreender como adaptar a teoria à realidade da empresa em que atua.
			CONTEXTUALIZAÇÃO
O agronegócio tem sido reconhecido como um importante setor da economia. Da mesma forma que os outros setores, o agronegócio luta para tornar a sua gestão financeira eficiente. Sua principal característica é que existe uma gama complexa de “portes de empresas” e “tipos de empresas”. Os segmentos vão desde o fornecimento de insumos, passando pela produção e chega até as mais modernas empresas de biotecnologia. Embora se tenha muitas diferenças práticas e técnicas do setor para com os outros setores, há muito a ser perdido tratando-o diferente em termos de gestão. Na verdade, há vantagens consideráveis em reconhecer as semelhanças do agronegócio e do “mundo dos negócios em geral”. Principalmente para os setores relativos à fase de produção primária. Reconhecer essas semelhanças reduzirá os mitos sobre o agronegócio do passado e ajudará os gestores a considerar seu papel como gestores eficientes e eficazes de recursos valiosos. Portanto, se faz necessária uma gestão financeira eficiente em empresas do agronegócio?
Sim. As empresas realizam negócios e se comportam de maneira econômica: buscam alcançar seus objetivos, atuando da forma mais eficiente possível. A busca por essa eficiência requer gestão. Nesse sentido, a viabilidade da atividade de determinada empresa do agronegócio, sua disponibilidade de dinheiro em caixa e a obtenção de lucro, são questões que podem e devem ser respondidas pela gestão financeira.
É nesse sentido que traremos para você conceitos relativos à gestão financeira e como esses se relacionam em um sistema ordenado. Alguns questionamentos tornam-se pertinentes, como:uma unidade monetária hoje em dia vale mais que uma unidade monetária que será recebida em uma data futura? É possível ter retorno sem correr algum tipo de risco? Coletar, analisar e interpretar informações financeiras é essencial para a tomada de decisão do gestor? Para que servem as demonstrações financeiras?
Tais questionamentos serão abordados ao longo do capítulo, e, ao término dele, você terá informação o suficiente para respondê-los. Assim, ao longo deste material, procuraremos abordar com o máximo de detalhe a ementa da disciplina. Iremos privilegiar aspectos operacionais da gestão financeira.
Todo este material constitui a base para dirimir possíveis dúvidas mais aprofundadas. Nas fontes citadas, e em nossa apostila, cada um irá encontrar um guia, que com a prática irá adaptar as suas necessidades. Cada tópico tratado possui um encadeamento. Sugerimos que você leia na ordem, mesmo que a curiosidade o leve ao último capítulo, ou algum tópico de seu interesse.
			GESTÃO FINANCEIRA NO AGRONEGÓCIO
Todos os gestores de empresas do agronegócio têm, por meta, produzir um produto de qualidade a um custo competitivo. Isso significa que é necessário adotar uma abordagem empresarial de gestão, a fim de ser rentável e permanecer na atividade. Indiferentemente do “tamanho da empresa”, todos estão envolvidos em uma atividade de negócios e, portanto, devem aplicar princípios sólidos de gestão empresarial para atingir seus objetivos em um ambiente de constante mudança. Nesse sentido, serão apresentados alguns conceitos que serão úteis para sequência do estudo, como: Tempo e Dinheiro e; Risco e Retorno.
			TEMPO E DINHEIRO
Além de o gestor financeiro ser capaz de entender as demonstrações financeiras, é importante ser capaz de estimar o valor de um investimento no presente e no futuro. A ideia de que o dinheiro disponível no momento presente vale mais do que a mesma quantidade no futuro, devido a sua capacidade de ganho, é chamado de valor temporal do dinheiro (SOUZA; CLEMENTE, 2004). Esse princípio fundamental das finanças sustenta que, desde que o dinheiro possa receber juros, por exemplo, qualquer quantia de dinheiro vale mais quanto mais cedo for recebido.
É impossível ignorar o valor do dinheiro no tempo quando se tratam de empréstimos, análise de investimentos, orçamento de capital e tantas outras decisões financeiras. No entanto, muitos profissionais do setor do agronegócio ainda carecem de um conhecimento sólido do valor temporal do dinheiro e acabam cometendo pequenos erros. Nesse sentido, vamos discutir o valor do dinheiro no tempo e esclarecer alguns equívocos ao longo do caminho.
Primeiro de tudo: uma unidade monetária “hoje” vale mais que uma unidade monetária que será recebida em uma data futura? Sim. Um real recebido hoje tem maior valor do que um real recebido no futuro. A explicação desse fato é que o dinheiro perde valor ao longo do tempo. É fácil entender os motivos pelos quais isso acontece. Aqui citamos três, conforme Gitman e Madura (2003):
	Juros: O dinheiro disponível hoje pode ser investido, rendendo juros, de modo que você terá mais dinheiro no futuro.
	Inflação: O poder de compra do dinheiro pode mudar no tempo, devido à inflação.
	Risco: A receita de dinheiro esperada no futuro é, em geral, incerta.
Assim, toda análise financeira leva em consideração um de seus principais paradigmas: o dinheiro perde valor com o passar do tempo. É nesse sentido que o gestor financeiro se depara diante de um desafio: quanto vale hoje um valor que está previsto para ser recebido daqui a algum tempo (meses ou anos)? Sempre que se analisa um valor futuro, é necessário levar em consideração o seu verdadeiro valor presente. É nesse sentido que iremos começar o nosso estudo do valor do dinheiro ao longo do tempo, considerando: valor futuro e valor presente.
Valor do dinheiro no tempo: exemplos e cálculos financeiros usando tabelas e calculadoras. Link: <http://publications.dyson.cornell.edu>.
			VALOR FUTURO VERSUS VALOR PRESENTE
Antes de iniciarmos a discussão, é necessário entender do que se trata o valor presente e o valor futuro; sendo eles:
	Valor presente: corresponde ao valor futuro descontado a determinada taxa de juros.
	Valor futuro: corresponde ao valor presente multiplicado por determinado fator de juros.
Com essa pequena descrição, é possível perceber que o valor presente (VP) é o Capital a valor de hoje. Com o passar do tempo (dias, meses, anos), serão acrescidos juros a esse valor, o que resulta em um montante. O montante é um valor produzidono futuro, o qual chamaremos de valor futuro (VF).
Valores financeiros e decisões podem ser avaliados por meio do uso de técnicas de VP e VF. Apesar de ambos resultarem nas mesmas decisões, elas enxergam a decisão de maneira diferente. A abordagem de VF analisa fluxos de caixa no final da vida de um projeto; já a abordagem de VP analisa os fluxos de caixa no início da vida de um projeto, ou seja, “no tempo zero”. Resumindo, VF é um dinheiro que você vai receber em uma data futura (qualquer data) e o VP é o dinheiro “na mão” hoje.   
Fluxo de caixa: é o método de captura e registro dos fatos e valores que provocam alterações no saldo do Disponível e sua apresentação em relatórios estruturados, de forma a permitir sua análise e interpretação.
Fonte: Sá (2012).
Planilha que auxilia a fazer o fluxo de caixa. Site: <https://www.sebrae.com.br>.
A linha do tempo pode ser usada para descrever os fluxos de caixa associados a um dado investimento. A Figura 1 ilustra uma linha do tempo abrangendo cinco períodos (neste caso, anos). O fluxo de caixa que ocorre no tempo zero, e ao final de cada ano, é mostrado acima da linha; os valores negativos representam o fluxo de saída de caixa e os valores positivos representam os fluxos de entrada de caixa.
Figura 1 - Linha do tempo: fluxo de caixa de um investimento
<p class="p1">Figura 1 - Linha do tempo: fluxo de caixa de um investimento</p>
Adaptado de Gitman e Madura (2003).
Tendo em vista que o dinheiro possui um valor no tempo, todos os fluxos de caixa, associados a um investimento, devem ser mensurados no mesmo ponto no tempo. Esse ponto é o final ou o início da vida de um investimento. A abordagem de valor futuro faz uso da capitalização para encontrar o VF de cada fluxo de caixa ao final da vida do investimento; e então somam esses valores para achar o seu VF (GITMAN; MADURA, 2003).
Na Figura 2, essa abordagem é descrita acima da linha do tempo, demonstrando que o VF de cada fluxo de caixa é mensurado ao final dos cinco anos de vida do investimento. Alternativamente, a abordagem de valor presente usa taxas de desconto para encontrar o VP para cada fluxo de caixa no tempo zero; e então somam esses valores para encontrar o valor do investimento “hoje”. A aplicação dessa abordagem é descrita abaixo da linha do tempo da Figura 2.
Apesar do VP e do VF resultarem nas mesmas decisões, administradores financeiros - devido ao fato de tomarem decisões no tempo zero – tendem a se basear, principalmente, em técnicas de VP.
Figura 2 - Capitalização e taxas de desconto
<p class="p1">Figura 2 - Capitalização e taxas de desconto</p>
Adaptado de Gitman e Madura (2003).
			VALOR FUTURO E JURO COMPOSTO
A expressão valor futuro está presente na matemática financeira, o qual tem por objetivo demonstrar o verdadeiro valor de uma determinada quantia em dinheiro investida hoje. Para identificar qual é esse valor futuro, aplicam-se algumas técnicas, como, por exemplo, a do juro composto (BORGMANN; NUNES, 2017).
Falamos em juros compostos para indicar que o montante de juros ganhos sobre um dado depósito, torna-se parte principal ao final de um período específico. O termo principal faz relação ao montante monetário em que os juros são pagos. O cálculo composto anual é o tipo mais comum.
O valor futuro de um montante presente é encontrado aplicando-se juros compostos em um dado período. As instituições de poupança anunciam retornos de juros compostos a uma taxa de x%, ou juros de x%, composto em intervalos de tempo (Ex: mensal, semestral, anual) (BLANK; TARQUIN, 2009). Portanto, o valor futuro (VF), resultante de uma aplicação do capital (VP), a uma taxa de juros composto i(por período de capitalização), durante n períodos de capitalização, é dado pela equação (1):
	(1) 
	
Onde:
VF= valor futuro
VP = valor presente
i= Taxa de juros
n = período
	(2) 
	
Substituindo VF pela sua fórmula, temos
	(3) 
	
A partir de agora, você irá acompanhar a resolução de um exercício simples. Nosso intuito é que você compreenda a resolução sobre o cálculo do valor futuro, potencializando o seu entendimento para os exercícios propostos posteriormente.
Exemplo: Considere uma aplicação de R$20.000,00, a uma taxa de juro composto de 9%aa, pelo prazo de 5 anos. Calcule o valor futuro.
Resolução:Dados do problema:
VP = R$20.000,00
i = 9%a.a. = 0,09a.a.
n = 5 anos
VF = ?
Aplicando a fórmula do valor futuro (equação 1), temos:
Portanto, o valor futuro da aplicação é de R$30.772,48.
			VALOR PRESENTE E TAXA DE DESCONTO
O processo de cálculo de valor presente, muitas vezes é referido como fluxo de caixa descontado (BORGMANN; NUNES, 2017). Diz respeito a responder ao seguinte questionamento. “Se posso ganhar x% sobre o meu dinheiro, qual é o máximo que eu estaria disposto a pagar agora, por uma oportunidade de receber um montante (VF) em dinheiro, em n períodos, contado a partir de hoje?”.
Esse processo é o inverso da composição dos juros. Ao invés de encontrar o valor futuro do dinheiro presente investido, a uma determinada taxa, a prática de desconto determina o valor presente, pensando em um valor futuro a ser recebido - considerando uma oportunidade de ganhar certo retorno sobre o dinheiro. Essa taxa anual de retorno é também conhecida como taxa de desconto, retorno exigido, custo de capital e custo de oportunidade (GITMAN; MADURA, 2003).
O valor presente de um montante futuro pode ser encontrado matematicamente por meio de uma equação (4). Em outras palavras, o valor presente (VP), de um montante futuro (VF), a ser recebido de hoje a n períodos, considerando um custo de oportunidade de i, é calculado da seguinte maneira:
	(4) 
	
Exemplo: Um determinado investidor recebe uma proposta de investimento para que ele receba R$30.000,00 daqui a dois anos. Sabendo que a taxa de desconto é 15%a.a., qual é o valor justo a ser investido hoje?
Resolução:Dados do problema:
VF= R$30.000,00
i = 15%a.a. = 0,15a.a.
n = 2 anos
VP = ?
Aplicando a equação 4, do valor presente, temos: 
Portanto, o valor presente a ser aplicado é de R$22.684,31.
			RISCO E RETORNO
Cada decisão financeira apresenta certas características de risco e retorno. Por exemplo, a combinação dessas características tem impacto sobre o preço de uma ação. O risco pode ser visto com relação a um ativo único ou com a relação a um portfólio (um conjunto ou grupo de ativos) (GITMAN; MADURA, 2003, p. 205). É importante entender os fundamentos de risco, retorno e, além disso, o de aversão ao risco.
	RISCO
No sentindo mais simples, risco é a possibilidade de que o retorno real do investimento seja diferente do que o esperado (NETO; LIMA, 2009). Significa que você tem a possibilidade de perder parteou até mesmo todoo seu investimento original. Por vezes, os baixos níveis derisco estão associados com baixos retornos potenciais. Já os altos níveis de riscoestão associados com altos retornos potenciais. Assim, o risco é usado no âmbito da incerteza, como referência à variabilidade de retornos (BRUNI; FUENTES; FAMÁ, 1998). O trade-off risco/retorno é o equilíbrio entre o desejo do menor risco possível e o maior retorno possível.
As fontes de risco para uma empresa, ou um investimento, variam. Alguns riscos afetam diretamente os gerentes financeiros e os investidores, embora seus efeitos específicos possam diferir. O Quadro 1 descreve brevemente as fontes comuns de riscos que afetam as empresas e os investidores.
Quadro 1 - Fontes de risco que afetam os gerentes financeiros e os investidores
	Fonte de risco
	Descrição
	Riscos específicos da empresa
	Risco de negócio
	A probabilidade de a empresa ser incapaz de cobrir seus custos operacionais. O nível é dirigido pela estabilidade da receita da empresa e pela estrutura de seus custos operacionais (fixos versus variáveis).
	Risco financeiro
	A probabilidade de a empresa ser incapaz de cobrir suas obrigações financeiras. O nível é dirigido pela previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e por suas obrigações financeiras de custo fixo.
	Riscos específicos do investidor
	Riscoda taxa de juros
	A probabilidade de que as mudanças nas taxas de juros afetem adversamente o valor de um investimento. A maioria dos investimentos perde valor quando a taxa de juros sobe; e ganha em valor quando a taxa de juros cai.
	Risco de liquidez
	A probabilidade de um investimento não ser liquidado facilmente a um preço razoável. A liquidez é afetada significativamente pelo tamanho e pela profundidade do mercado em que um investimento costuma ser negociado.
	Risco de mercado
	A probabilidade de um investimento declinar devido a fatores de mercado que são independentes do investimento (econômico, político e eventos sociais). Em geral, quanto mais o valor de um dado investimento responde ao mercado, maior o seu risco; e, quanto menor ele responde menor o seu risco.
	Riscos da empresa e do investidor
	Risco de evento
	A probabilidade de ocorrência de um evento totalmente inesperado que tenha efeito significativo sobre o valor da empresa ou de um investimento específico. Esses eventos frequentes, como a ordem de retirada, pelo governo, de um medicamento muito prescrito, em geral, afetam somente um pequeno grupo de empresas ou de investimentos.
	Risco da taxa cambial
	A exposição de futuros fluxos de caixa esperados a flutuações da taxa cambial. Quanto maior for à probabilidade de flutuações indesejáveis na taxa cambial, maior será o risco dos fluxos de caixa e, portanto, menor será o valor da empresa ou do investimento.
	Risco de poder de compra
	A probabilidade de os níveis de mudanças nos preços causados pela inflação ou deflação na economia afetarem adversamente os fluxos de caixa e o valor do investimento e da empresa. Em geral, as empresas ou investimentos com fluxos de caixa que se movem com a alta geral de preços têm um baixo risco de poder de compra, e aqueles com fluxos de caixa que não alteram os níveis gerais dos preços têm alto risco de poder de compra.
	Risco fiscal
	A probabilidade de ocorrerem mudanças desfavoráveis nas leis fiscais. As empresas e os investimentos com valores sensíveis a mudanças na legislação tributária são mais arriscados.
Fonte: Adaptado de Gitman e Madura (2003).
É possível perceber que negócio e risco financeiro são mais específicos a empresas e, portanto, de maior interesse para os gerentes financeiros. Taxas de juros, liquidez e riscos de mercado são mais específicos a investidores e, portanto, de maior interesse a eles. Evento, taxa de câmbio, poder de compra e risco fiscal, afetam diretamente empresas e investidores. Obviamente, tanto os gerentes financeiros quanto os investidores, devem avaliar esses e outros riscos, a fim de tomar boas decisões de acordo com suas metas.
Em termos de avaliação dos riscos, os gerentes financeiros e investidores, em geral, são avessos a riscos: dadas duas opções com retornos esperados similares, eles preferem a menos arriscada. Os gerentes e os investidores tendem a ser conservadores ao invés de agressivos quando aceitam assumir riscos. Assim, quando aceitam assumir maiores riscos exigem, ao mesmo tempo, um aumento maior no retorno.
Exemplo: Um título do governo que garante ao seu portador um valor de R$150,00 de juros, após 30 dias, não tem risco. Não há variabilidade associada ao retorno. Entretanto, em compensação, um investimento equivalente de R$150,00 nas ações ordinárias de uma empresa qualquer, que no mesmo período de tempo podem render algo entre R$0,00 e R$250,00, é muito arriscado, devido à alta variabilidade do seu resultado. Assim, quanto mais certo for o retorno de um ativo, menor será a variabilidade do mesmo e, por consequência, menor será o risco.
			RETORNO
Evidentemente, se formos avaliar o risco baseado na variabilidade de seu retorno, precisamos estar certos de que sabemos o que é retorno e como mensurá-lo. Retorno é o total de ganhos ou perdas que ocorrem em um dado período de tempo (NETO; LIMA, 2009). Normalmente, ele é mensurado como variação no valor, mais qualquer distribuição de caixa durante o período, expresso por uma porcentagem do valor de investimento de início do período. A expressão para calcular a taxa de retorno “ganha”, sobre qualquer ativo, durante um determinado período, é comumente expressa como:
	(5) 
	
Onde:
Kt = taxa de retorno durante o período t.
Pt = preço (valor) do ativo no tempo t.
Pt-1 = preço (valor)do ativo no tempo t-1.
Ct = caixa (fluxo) recebido do investimento do ativo no período de tempo t-1 a t.
Exemplo hipotético: João, gerente de uma fazenda, gostaria de determinar o retorno de dois implementos agrícolas, aqui denominado implemento A e implemento B. O implemento A foi adquirido a exatamente 1 ano, por R$20.000,00, e atualmente tem um valor de mercado de R$21.500,00. Durante o ano, ele gerou R$800,00 de receita após os impostos. O implemento B foi adquirido a 4 anos; seu valor no ano, recém-terminado, caiu de R$12.000,00 para R$11.800,00.Durante o ano, ele gerou R$1.700,00 de receitas em dinheiro após os impostos. Assim, poderemos calcular a taxa anual de retorno para cada implemento agrícola.
Apesar de o valor de mercado do implemento agrícola B ter diminuído durante o ano, seu fluxo de caixa fez com que ele tivesse uma taxa de retorno maior do que aquela obtida pelo implemento A, durante o mesmo período. Claramente, o impacto combinado das mudanças em valor e fluxo de caixa mensurados, pela taxa de retorno, é importante.
Exemplo auxiliar de risco e retorno; Artigo: “Análise de risco e retorno do setor florestal: produtos da madeira”. Acesso ao site: <http://www.scielo.br>.
			AVERSÃO AO RISCO
Gestores financeiros geralmente procuram evitar o risco (para um aumento no risco eles exigem um aumento no retorno) (BODIE; KANE; MARCUS, 2014). Acredita-se que essa atitude seja consistente com a dos proprietários para os quais a empresa está sendo gerenciada. Como mencionado anteriormente, gestores geralmente tendem a ser conservadores ao invés de agressivos ao aceitarem riscos. Por consequência, presume-se, após esse texto, um gestor financeiro avesso ao risco, exigindo retornos maiores por riscos maiores. O risco de um ativo pode ser mensurado. Pode-se avaliar o risco olhando para o comportamento esperado e mesurar o risco usando a estatística. Assim, o risco pode ser avaliado usando algumas técnicas, como a análise de sensibilidade e de distribuição de probabilidade, a fim de olhar para o comportamento dos retornos.
Para informações específicas, sugere-se o livro: Análise de Risco e Retorno em Investimentos Financeiros. De autoria de Oswaldo Luiz do Valle Costa e Hugo Gonçalves Vieira de Assunção.
			COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS
A natureza dos negócios mudou drasticamente nas últimas décadas, principalmente no agronegócio. O sucesso das empresas desse setor depende, dentre outros fatores, da gestão financeira, pois só assim poderá se adaptar às mudanças e competir no mercado nacional e internacional. Um componente importante da gestão é a monitorização contínua dos lucros, das despesas e das técnicas de produção, com vista na tomada de decisão.
É essencial manter um sistema de informação empresarial preciso, eficiente, oportuno e devidamente concebido. A primeira etapa crítica no desenvolvimento de um sistema de informação adequado é a coleta e o registro de dados relevantes e precisos (OBST; GRAHAM;CHRISTIE, 2007). Os registros das informações das empresas são importantes, pois auxiliarão o gestor para melhor entender as características financeiras do negócio, principalmente seu histórico.
É interessante frisar que, embora os registros possam ser um pouco cansativos para manter nos estágios iniciais, uma vez que o sistema está funcionando bem, a maioria dos gerentes expressam grande interesse nos resultados; e passam a apreciar o auxílio que os registros fornecem para a tomada de decisão. Grandes empresas já possuem sistemas avançados de coleta de dados. Já, com relação às pequenas e médias empresas, é necessário maior incentivo para demonstrar os benefícios da coleta e posterior registro dos dados.
Acoleta de dados é o passo de maior dificuldade na gestão orçamentária. Essa etapa dependerá, não somente do sistema informatizado, mas também dos métodos de comunicação; principalmente para “circular” a informação dos núcleos de responsabilidade para o gestor responsável pela área de finanças (OBST; GRAHAM;CHRISTIE, 1999). Para tanto, é necessário que o “dado” coletado seja o mais fidedigno possível. O “dado” é um o aspecto mais importante e vital de qualquer estudofinanceiro, pois é a unidade base do estudo. Dados irregulares geram falsas informações e, como consequência, interpretações e conclusões que não refletirão com a realidade e a necessidade da empresa.
O gestor tem por responsabilidade analisar os dados coletados e comparar com as previsões orçadas.Lembrando e ratificando, é necessário que os dados sejam confiáveis, pois é essencial no processo de análise, avaliação e apuração das metas predefinidas, bem como aos objetivos orçamentários. Quanto maior forem as informações coletadas, maior será a base para tomada de decisão. Assim, as entradas e as saídas dos recursos financeiras podem ser diárias, semanais, mensais. Quanto maior for a agilidade na circulação da informação, maior será o tempo para corrigir possíveis erros.
Métodos bem escolhidos e bem implementados para a coleta e análise de dados são essenciais para todos os tipos de avaliações. Nesse sentido, na sequência do material, estarão expostos, para cada avaliação, quais os dados deverão ser coletados, e de qual forma serão analisados e interpretados.
			ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Retomando nossos primeiros conceitos apresentados, deve-se ter claro que o planejamento financeiro é a base na qual as empresas conseguem manter suas atividades dentro da normalidade. Deve ficar claro nesse momento, que sem um procedimento confiável (sob controle da equipe responsável), as empresas podem acabar não tendo recursos para fazer frente as suas necessidades (GROPPELLI; NIKBAHT,2010).
A análise financeira não é um procedimento contábil. É um processo que utiliza as informações contábeis (FIELDS,2016). Sá (2012) define o planejamento financeiro como um conjunto de operações financeiras (empréstimos, aplicações ou resgates de aplicações financeiras), que são realizadas para determinado objetivo. Quanto mais os objetivos são atingidos, melhor o planejamento financeiro.
Ainda, segundo Sá(2012), é preciso entender que recursos ociosos ou em quantidade insuficiente podem ser fonte de falência. Para o entendimento de uma boa análise financeira, você precisa ter entendido bem os conceitos abordados na disciplina de Contabilidade (que consta do material do curso de MBA em agronegócios).
Aqui, vamos assumir que cada um busque os principais conceitos, principalmente os relativos ao balanço patrimonial e à demonstração do resultado. Esses demonstrativos, se não estiverem disponíveis em sua empresa, de forma organizada, será preciso conversar com o pessoal da contabilidade, para que seja possível elaborar um conjunto consistente dos dados da empresa.
Existe uma máxima nas teorias de gestão: sem bons dados não existe boa gestão!
Vamos imaginar o seguinte: Você deseja ir a um teatro em alguma cidade vizinha. No entanto, por falta de tempo, você apenas pegou o carro e saiu. Seu celular está sem bateria! Vamos imaginar que essa cidade vizinha é relativamente grande, com muitas ruas e pouco sinalizada. Você pensa: barbada! Vou perguntando e chego fácil! Após duas horas rodando na cidade, você encontra o bendito teatro, mas, infelizmente, a peça já começou e você não poderá entrar!
Essa pequena história é para salientar que se cada um dispusesse de boas informações, e precisas, e utilizando algum dispositivo de localização, teria chegado ao local no horário certo; alcançando o seu objetivo: ASSISTIR À PEÇA! Isso lhe parece óbvio? É exatamente assim que muitos administradores financeiros e empresários agem todos os dias: sem informações, sem mapas, sem dispositivos que os auxiliem.
E tudo isso faz parte do universo da administração financeira! Aqui trataremos de análises de informação que estão mais ou menos estruturadas. Então, o que se pode fazer quando esses dados não estão de forma organizada? É possível aproximar a situação financeira da empresa, utilizando os índices que iremos debater? A resposta é: depende.
Depende do empenho dos gestores em buscar entender a situação financeira da empresa. Depende da Direção, ou seus cargos equivalentes, determinarem que toda a empresa crie rotinas de controle dos dados financeiros. A partir desse momento, e tendo alguns conceitos presentes em seu dia a dia, será possível obter maior controle sobre como tomar decisões que mantenham a liquidez da empresa.
Liquidez: a administração da liquidez é assegurar que a empresa não tenha deficiência de caixa. A gestão do caixa é um dos pontos principais da gestão financeira.
As regras de demonstração contábil exigem que grandes empresas, de capital aberto e fechado, publiquem a demonstração do fluxo de caixa. Segundo Sá (2012), existe uma farta literatura sobre as análises contábeis, porém muito pouco com relação à análise do fluxo de caixa.
“Muitas vezes nós medimos tudo e não entendemos nada. As três coisas mais importantes para medir em um negócio são: a satisfação dos clientes, a satisfação dos empregados e o fluxo de caixa”. (Jack Welch - Exame,1993: 32). Essa frase foi citada no livro de Alexandre Sá. Fluxo de Caixa de 2012. A referência encontra-se no final do capítulo.
Sá (2012)e Fields (2016) afirmam que o que mata uma empresa não é a falta de lucro, é a falta de caixa. Por essa razão, existem diferentes aspectos da análise do fluxo de caixa que serão tratados ao longo deste módulo. Fique atento ao seguinte detalhe: CAIXA!
			INICIANDO A VIAGEM
Como estamos tratando de aspectos teóricos e práticos da administração financeira, e voltando o nosso olhar para um setor específico, vamos começar por entender mais sobre o caixa. Mesmo que seja óbvio para você, faça a leitura, conteste, pense. Consideramos que um bom gestor é capaz de tirar suas próprias conclusões.
Vamos começar falando, como se pode, operacionalmente, começar a gerir o caixa. Esta é apenas uma primeira aproximação que será expandida ao longo deste capítulo e nos capítulos 3, 4 e 5.
Basicamente, entende-se que a gestão do fluxo de caixa torna-se o ponto focal da gestão financeira. Sabe-se que existe uma ênfase em demonstrações contábeis, mas é preciso mudar ligeiramente o foco e procurar estudar o fluxo de caixa. Com isso, cada um poderá compreender o processo de formação da liquidez da empresa (SÁ, 2012).
Cada um precisa estar atento ao que interessa informar para sua empresa. O universo de empresas relacionadas com o agronegócio é imenso. Tem-se desde produtores rurais, até institutos de pesquisa. Para cada um existe um conjunto de necessidades e de capacidades.
Procuramos aqui estabelecer um debate sobre o que pode ser comum, que, ao nosso entender, são os desafios da coleta e da organização dos dados; e o desafio de produzir informação útil para a tomada de decisão. Tenha em mente como gestor: organizar, calcular e analisar fazem parte do processo que pode levar a sua empresa a ganhar posição no mercado ou fazê-la sair dele!
Então, cada um verificará com os colegas e sócios/acionistas/investidores o que é preciso explicar. Se for o lucro por hectare, por tonelada produzida, por volume de vendas, por produtos desenvolvidos, por contratos fechados, enfim, pelo ponderador que for interessante.
Normalmente, as empresas possuem foco na organização de entradas e saídas. Por ser um procedimento, por vezes, simples e por trazer algumas informações úteis. Veremos ao longo deste capítulo que a gestão financeira vai muito além do que se costuma chamar de orçamento de caixa. Esse procedimento é uma técnica gerencial, que pode, obviamente, ser feita, mas parece pouco provável que ela sozinha consiga trazer boas informações para os gestores.
A técnica do orçamento de caixa compara os recebimentosde caixa futuros com os pagamentos de caixa futuros.
Cada um pode escolher que base irá usar (semanal, mensal, bimestral). Sugerimos que, para o propósito de manter o controle financeiro, seja feito num intervalo semanal ou mensal. Pode-se ainda, ir acumulando os resultados mensais, se os dados estiverem organizados dentro da empresa; isso se tornará uma tarefa menos difícil.
Vamos a um exemplo hipotético: Na Tabela 1, temos uma estrutura básica para examinar o orçamento de caixa. O resultado final da tabela é composto pelos recebimentos estimados, subtraídos dos pagamentos estimados. A este valor, adicione-se o caixa inicial (que pode ser o caixa na empresa, ou constituído pelo disponível em bancos). Além disso, na coluna de número seis, está colocado o caixa mínimo. Esse valor representa a política da empresa de manter recursos para fazer frente às despesas projetadas. Essa projeção pode ser revista a cada período. No exemplo, percebe-se que a empresa mantém uma projeção fixa, mas isso pode, e deve ser flexível (SÁ, 2012).
Tabela 1 - Planilha para avaliar o caixa necessário – em unidades monetárias hipotéticas - UMH
	 
	R
	P
	FCL
	SIC
	SFC
	CM
	S/D
	(1) - (2)
	(3) + (4)
	(5)+ (6)
	Período
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	1
	100
	95
	5
	10
	15
	25
	40
	2
	120
	60
	60
	40
	100
	25
	125
	3
	30
	50
	-20
	125
	105
	25
	130
	4
	80
	160
	-80
	130
	50
	25
	75
R: recebimento; P: Pagamento; FCL: Fluxo de caixa líquido; SIC: Saldo inicial de caixa; SFC: Saldo final de caixa; CM: Caixa mínimo; S/D: Superávit/Déficit
Fonte: Os autores.
Toda administração financeira se baseia nessa premissa: flexibilidade. E além de flexível, uma boa administração financeira precisa ser confiável.
O resultado final do nosso exemplo pode representar um superávit (excesso de caixa) ou déficit (falta de caixa). Em caso de excessos sucessivos, a empresa precisa rever suas projeções, pois pode estar perdendo dinheiro ao não investir em algum título de renda fixa, ou outra aplicação financeira, que possa lhe render algum recurso.
Esse controle sobre o caixa permite a empresa construir um fluxo de caixa. Que difere em termos de objetivos da exigência legal do demonstrativo de fluxo de caixa. No demonstrativo de fluxo de caixa, são registradas as situações ocorridas ao longo do ano. Já no fluxo de caixa, existe uma maior velocidade na geração de informação.
Deem uma olhada com calma no exemplo. Nesse momento você irá começar a entender como os dados diários são importantes, sendo o nosso objetivo para você. Para avançarmos, esse entendimento será fundamental.
Segundo o comunicado CPC 03 que revoga a NPC 20 :“a)Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis.b) Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor”. Outras definições podem ser encontradas em: <https://goo.gl/WX6cEA>.
Uma questão que precisa ficar clara: uma empresa pode ir à falência mesmo obtendo lucro. A seguir, temos um exemplo hipotético apresentado por Sá(2012); e adaptado aqui com algumas omissões de detalhes:
EMPRESA BDA: EXEMPLO HIPOTÉTICO
Dois empresários resolveram abrir uma loja de roupas. Juntaram capital, compraram tudo o que era necessário para a loja. No dia da abertura da loja eles compraram um estoque de UMH 100.000,00 para pagamento em 30 dias e abriram a loja. Na festa de abertura, eles anunciaram a promoção: os pagamentos poderiamser feitos no cheque ou cartão de crédito para 30 dias! Maravilhados os clientes compraram muito. Terminada a festa, os sócios verificaram que haviam vendido UMH 96.000,00 e o custo total dessa mercadoria foi de UMH 76.000,00. Um resultado fantástico. Os sócios resolveram fazer uma viagem e fecharam a loja. E voltariam em 29 dias. Ao voltar da viagem, os dois foram procurar o Contador. Este lhe deu boas notícias, o lucro bruto do período havia sido de UMH 20.000,00! Uma situação confortável segundo o relatório contábil.
No entanto, foram procurados por seu Diretor Financeiro, que muito preocupado disse que eles precisavam conversar sobre a situação crítica da empresa! O Diretor disse que no dia seguinte eles deveriam pagar UMH100.000,00 para o fornecedor das roupas que eles haviam comprado, porém só havia em caixa a receber UMH 96.000,00 das vendas pré-datadas. Eles precisavam arranjar UMH4.000,00 para pagar a conta. A decisão era: colocar mais recursos, ou fazer um empréstimo. Caso não conseguisse a empresa poderia falir mesmo tendo obtido lucro no período!
Fonte: Os autores.
Como conhecimento adicional, sugerimos que visite o site do IBRACON, que contem as normas contábeis, ativas e inativas. Esse conhecimento será importante na atividade de gestão financeira, para evitar erros comuns. O endereço é: <http://www.ibracon.com.br>.
Atenção - Gerar caixa! Esse deve ser a preocupação dos gestores financeiros. Claro que o nosso exemplo é básico, mas explica como os conceitos de lucro e de caixa estão relacionados. Vamos passar agora a entender um pouco mais sobre o fluxo de caixa, sobre demonstrativos financeiros e a construção e análise de índices, para que se possa criar uma imagem da empresa em que estamos interessados. Lembrando que cada um pode criar índices que sejam de seu interesse, basta que possuam relevância para as decisões da empresa, e que tenham uma lógica em sua construção.
				ATIVIDADE DE ESTUDOS:
1) Antes de prosseguir, pense um pouco sobre a empresa em que você trabalha, ou pretende trabalhar. Que tipo de informação é específica para a realidade desta empresa? Você conhece o mercado em que a empresa atua? Como você compararia o desempenho desta empresa com os concorrentes? Faça um pequeno resumo desse momento com relação à situação financeira da empresa. Para comparar com o futuro, após ter lido nossa apostila. Isso pode ser interessante. Você vai acompanhar sua evolução!
			COMO ANALISAR OS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Vamos retomara apostila sobre contabilidade: o Demonstrativo do Resultado do Exercício – DRE– constitui-se dos fluxos de recebimentos gerados pela empresa e dos fluxos de despesas que foram necessárias para financiar as operações da mesma (GROPPELLI; NIKBAHT,2010). O balanço patrimonial, por sua vez, representa o valor histórico do total de ativos disponíveis para gerar vendas e lucros. Como os valores que constam do balanço representam valores históricos, tais valores tendem a subestimar o valor real desses ativos. Essa situação se agrava, principalmente, em épocas de alta inflacionária (GROPPELLI; NIKBAHT,2010).
Para pessoas ligadas à empresa (acionistas ou sócios), o balanço patrimonial exprime a alocação entre ativos e passivos, permitindo entender como foram tomadas as decisões da empresa. Além desses, existe o demonstrativo do fluxo de caixa – DFC. Esse demonstrativo permite uma análise mais abrangente. Ele se divide em:
a) Caixa das atividades operacionais – demonstra os recebimentos e pagamentos de caixa efetivos, indicando realmente como o caixa foi utilizado.
b) Caixa das atividades de investimento – permite analisar a política da empresa sobre as instalações e equipamentos e o seu capital de giro líquido.
c) Caixa das atividades de financiamento – tem o foco na habilidade da empresa em levantar caixa no mercado financeiro e indica a facilidade como a empresa paga suas dívidas e juros.
O demonstrativo “a” evidencia uma visão operacional. Já o demonstrativo “b”, dá ênfase à parte estratégica. E, por fim, o demonstrativo“c” tem foco na visão tática.
O uso dos demonstrativos financeiros permite conhecer a eficiência da empresa no controle de custos e na geração de seus lucros. Normalmente, uma análise comparativa com empresas do setor, publicadas nos sites das concorrentes, ou mesmo em consultorias especializadas, permite aos gestores evidenciar a posição relativa da empresa no seu mercado competidor.
Essa análise permite entender se existe, por exemplo, um estoque acima do normal que estáafetando a posição financeira da empresa, e, portanto, seu resultado global. Por isso, é importante saber como todas as operações estão estruturadas, coletando os dados de forma clara e consistente (como vimos anteriormente). Uma boa análise pode revelar fraquezas e pontos fortes da empresa. Assim, a partir das informações que constam nos demonstrativos, pode-se fazer o que se chama de estimativa indireta do fluxo de caixa.
Neste momento, apresentaremos o método direto e o indireto. Existem alguns livros sobre o assunto, destacamos os que foram utilizados para compor essa revisão. Existem outros também com boa qualidade. Além disso, abordaremos o fluxo de caixa projetado (quando analisarmos as análises de financiamento no capítulo 3).
Procure ler o que indicarmos como material adicional.
Para que possamos construir e entender os índices, precisamos tratar antes de explicar como se constrói o fluxo de caixa - de qualquer empresa. Além disso, iremos explorar o uso de índices, tanto para o fluxo de caixa, quanto para as demonstrações financeiras.
			FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO
Nossa preocupação sempre será trazer a todosos aspectos teóricos e práticos. Vamos tentar cobrir o maior volume possível de detalhes. Na impossibilidade, vamos indicar onde procurar. Hoje, a disponibilidade de informação é grande, mas,por vezes, equivocada. Vamos retomar novamente a definição específica para fluxo de caixa. Conforme Sá (2012), será importante para a sequência do estudo: “o fluxo de caixa é o método de captura e registro dos fatos e valores que provoquem alterações no saldo do disponível e sua apresentação em relatórios estruturados, de forma a permitir sua análise e interpretação”.
No módulo de contabilidade, você viu que o disponível representa o caixa e o equivalente de caixa. Esses valores compreendem valores em moeda corrente que estão na empresa, valores nos bancos, valores a receber (cheques, cartão de crédito e qualquer recurso que está em poder da empresa e será recebido no futuro) e as aplicações de curtíssimo prazo (de baixo risco) (SÁ, 2012; FIELDS, 2016).
Uma questão operacional que precisamos destacar no conjunto de informações financeiras é a conciliação bancária. Esse controle deve ser diário e precisa ser acompanhado de perto pelos gestores. Sugerimos que você monte uma planilha com a seguinte estrutura (Tabela 2):
Tabela 2 - Planilha de conciliação bancária
	Descrição
	Valor
	Saldo constante no extrato bancário
	
	Menos
	
	pagamentos feitos pela empresa que não constam no extrato
	
	Mais
	
	Depósitos feitos pela empresanão liberados pelo banco
	
	Menos
	
	Créditos que constam no extrato e que não foram lançados pela empresa
	
	Mais
	
	Débitos que constam do extrato e que não foram lançados pela empresa
	
	igual a
	
	Saldo constante dos controles
	
Fonte: Sá (2012).
Outro aspecto importante para uma correta mensuração do fluxo de caixa, pelo método direto, é a construção do plano de contas do fluxo de caixa – também conhecido como plano de contas da tesouraria (SÁ,2012). Na tabela 3, apresentamos um relatório do plano de contas da tesouraria (para facilitar, usaremos a sigla PCT):
Tabela 3 - Fluxo de caixa pelo método direto
	Descrição
	Valor
	Saldo Inicial
	100
	Mais
	1000
	Entradas
	200
	Recebidos de clientes
	50
	Entradas Financeiras
	20
	Mais
	
	Saídas
	
	Saídas administrativas
	-15
	Saídas comerciais
	-25
	Folha, encargos e benefícios
	-550
	Serviços de Terceiros
	-12
	Impostos e taxas
	-10
	Saídas financeiras
	-5
	Saídas patrimoniais
	-3
	Igual a
	
	Saldo final
	750
Nota: Você pode já estar acostumado, mas não custa lembrar, muitos relatórios contábeis trazem os valores negativos entre parênteses.
Fonte: Os autores.
Uma fonte de definições sobre fluxo de caixa pode ser encontrada no seguinte endereço:<http://www.portaldecontabilidade.com.br>.
Um bom plano de contas (PCT) facilita a projeção do fluxo de caixa, e, portanto, facilita a vida do administrador financeiro, que no jargão da área se chama Tesoureiro. Por vezes, as empresas possuem um Diretor financeiro e os demais cargos, que envolvem também o tesoureiro, mas isso dependerá do porte e da complexidade que a empresa possui. É importante que exista uma pessoa envolvida em analisar e traçar as estratégias financeiras de qualquer empresa. Em especial, no nosso caso, pois as atividades ligadas ao agronegócio possuem grande volatilidade (clima, preços, etc.). Assim, uma correta estratégia pode ser a diferença entre a “vida” e a “morte” da empresa.
Aqui cabe um aviso: o fluxo de caixa possui limitações! Conforme Sá (2012, p. 30-31),algumas dessas limitações são:
a) Não é a melhor escolha para controlar custos e despesas.
b) Criar um plano de contas muito detalhado com o objetivo de controlar custos e despesas conduz a distorções.
c) Custos e despesas devem ser geridos pelo regime de competência.
Para alguns exemplos sobre o que vem a ser o regime de caixa e de competência, dê uma olhada em :<http://www.asseinfo.com.br>.
Segundo Sá(2012), é preciso evitar confundir os relatórios do fluxo de caixa com os relatórios do sistema de contas a pagar e a receber.Para evitar isso, é preciso abrir seu plano de contas da tesouraria até o nível de clientes (ou até mesmo no nível do documento). No entanto, esse detalhamento não deve fazer parte do plano de contas da tesouraria. Afinal, o que deve conter então? Você pode estar se perguntando!
Além das normas que constam do site do Ibracon, colocado acima, sugerimos ler para uma descrição detalhada das entradas e saídas. Aqui colocamos o material principal, aquilo que entendemos como essencial para o entendimento, e para as atividades que iremos propor, mas, aconselhamos a você, que procure cada vez mais informação. No mundo dos negócios, quem sabe mais ganha mais.
Fluxo de Caixa. A visão da Tesouraria e da Controladoria. Editora Atlas, 4ª. Edição, 21012. Autor: Carlos Alexandre Sá.
Ainda, segundo Sá (2012), o plano de contas não deve ser muito simples (contas condensadas em excesso), pois se perde o poder de explicar as variações. O recomendado,caso seja preciso detalhar alguma saída, que coloque no nível inferior “subcontas”, que irá auxiliar nas explicações sobre as saídas ou entradas, como no exemplo dado pelo autor no Quadro 2:
Quadro 2 - Subcontas
	Conta
	Saídas de pessoal
	Subcontas
	Folha de pagamento
	Rescisões
	Vale-transporte
	Vale-refeição
	Bônus
	Seguro-saúde
	Uniformes
	Cursos e treinamentos
	Diversos
Fonte: Sá (2012).
Tenha cuidado ao detalhar muito. Seja preciso nas classificações e deixe o plano de contas o mais fácil possível de ser entendido. Pergunte aos colegas se eles entendem o que está colocado por você; nos seus relatórios. Não sinta vergonha de perguntar, um bom profissional se aprimora a cada dia.
Preste atenção especial à conta recebida de clientes. Coloque subcontas na ordem de certeza de recebimento (vendas pagas com dinheiro ou cheque à vista, vendas com cartão de crédito, vendas com cheques pré-datados, vendas faturadas, e assim por diante). Seja claro em suas classificações, não deixe dúvidas para os seus colegas; se por acaso seja outra pessoa que irá fazer os lançamentos diários, seja nas planilhas ou sistemas de controle, dependendo de como sua empresa está organizada (SÁ, 2012).
Outra dica é o de manter o controle diário da conta, ou contas, nos bancos. Verifique diariamente se o registrado está correto com o saldo definido na planilha colocada aqui. Para os diretores das empresas, ou os sócios, ou em outras palavras, a alta administração, interessa saber como se comportou o fluxo de caixa passado e como esse fluxo irá se comportar para os próximos períodos (SÁ, 2012).
O Gerente ou o Diretor financeiro é responsável pela apresentação desses dados, por isso o cuidado de se ater aos detalhes, evitando ao máximo acumular dados não organizados e processados. Em seu relatório, informe o que aconteceu ou não aconteceu, o que irá acontecer ou não irá acontecer.
Assim, além do método direto, é possível estimar (calcular)o fluxo de caixa pelo método indireto.Tanto o método direto quanto o método indireto possuem diversos detalhes que serão aos poucos incorporados ao seu dia a dia. Nosso objetivo aqui é apresentar o essencial nos dois tópicos. Busque ler os materiais adicionais, e busque compreender as necessidades da sua empresa, pois tanto a compreensão da teoria, quanto da estrutura de dados de sua empresa irá lhe proporcionar análises e decisões mais robustas.
Para uma visão sintética sobre os métodos direto e indireto do fluxo de caixa, baixe o arquivo: <http://institutoateneu.com.br>.
			FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO INDIRETO
A estimativa do fluxo de caixa pelas entradas e saídas (método direto), embora importante, pode apresentar uma visão limitada da empresa (SÁ, 2012). Existem várias situações que podem contribuir para a retirada de recursos do caixa.
Apenas uma advertência: ambos os métodos devem conduzir ao mesmo resultado final do caixa. São apenas formas diferentes e gerenciais de demonstração.
O fluxo de caixa pelo método indireto se baseia em demonstrações contábeis, partindo do lucro líquido. Deve-se ressaltar que tanto pelo método direto, quanto pelo indireto, o saldo inicial e final do fluxo de caixa deve ser idêntico. São apenas formas diferentes de se apresentar a mesma realidade, mas que no caso do método indireto fornecem maiores informações. Por vezes, chama-se esse método de fluxo de caixa contábil, por se basear em demonstrativos contábeis.
Não esqueça que a empresa deve assegurar a veracidade das informações contábeis. Uma contabilidade confusa, ou pouco confiável, pode levar o administrador financeiro a erros; custando caro para a empresa e podendo significar sua falência. Acredite: informação errada causa prejuízo!
Um dos pontos importantes é a geração interna de caixa. Segundo Sá (2012), todo lucro gera caixa e todo prejuízo destrói o caixa. A geração interna de caixa é calculada da seguinte maneira (Tabela 4):
Tabela 4 -Geração interna de caixa
	Lucro líquido do exercício
	Mais
	Despesas com depreciações, amortizações, exaustões, despesas pagas antecipadamente
	Despesas provisionadas (13º salário, férias, juros sobre empréstimos etc.)
	Prejuízo na venda de ativo permanente
	Prejuízos de equivalência patrimonial
	Menos
	Apropriações de receitas antecipadas
	Receitas provisionadas
	Lucro na venda de ativo permanente
	Lucros de equivalência patrimonial (menos dividendos recebidos)
	Igual a
	Geração interna de caixa
Fonte: Sá (2012).
Vamos a um exemplo simplificado! Considere os dados da empresa genérica:
	a empresa teve provisão para férias no período no valor de R$230.000,00;
	os juros provisionados correspondem a R$ 340.000,00;
	a empresa apresentou um lucro de equivalência patrimonial de R$ 235.500,00;
	a empresa pagou R$ 225.500,00 de juros;
	a empresa apresentou depreciação acumulada de R$ 125.000,00 no período.
Qual a geração interna de caixa?  A resposta está na tabela 5.
Tabela 5 - Geração interna de caixa – Dados hipotéticos – Empresa BDA
	Geração Interna de Caixa
	Lucro líquido do exercício
	R$358.473,00
	Mais
	
	Despesas com depreciações, amortizações, exaustões, despesas pagas antecipadamente
	R$125.000,00
	Despesas provisionadas (13º salário, férias, juros sobre empréstimos etc.)
	R$570.000,00
	Prejuízo na venda de ativo permanente
	0
	Prejuízos de equivalência patrimonial
	0
	Menos
	
	Apropriações de receitas antecipadas
	0
	Receitas provisionadas
	R$63.476,00
	Lucro na venda de ativo permanente
	0
	Lucros de equivalência patrimonial (menos dividendos recebidos)
	0
	Igual a
	
	Geração interna de caixa
	R$1.116.949,00
Fonte: Os autores.
Uma proposta de implantar controles financeiros em uma propriedade rural foi elaborada em: PIROLA, Alexandre Piazza. Proposta da implantação de modelo de fluxo de caixa na propriedade rural de Valmor Pirola, situada no município de Meleiro–SC. A referência completa está no final do capítulo.
			GERAÇÃO OPERACIONAL E NÃO OPERACIONAL DE CAIXA
Outro ponto a ser destacado é a geração operacional e não operacional de caixa. Sá(2012) destaca que a segunda categoria de contas que pode retirar ou liberar recursos para o caixa são as variações dos saldos das contas do ativo (exceto o disponível) e as contas do passivo.
Todo aumento de qualquer conta do passivo contribui para liberar recursos para o fluxo de caixa. Isso ocorre, por exemplo, na conta Empréstimos, se houver um aumento ocorreu uma liberação dos bancos para a empresa, aumentando o caixa. No caso do passivo, se a conta “fornecedores” reduzir, quer dizer que recursos foram retirados do caixa, para pagar a conta “fornecedores”. Qualquer aumento no ativo, que não ocorra no disponível, será uma situação que retira recursos do caixa (por exemplo: compra de imóvel). O inverso também ocorre: toda redução na contas do ativo,a exceção do disponível libera recursos para o caixa (SÁ, 2012, p. 145-146).
Resumindo: A geração operacional do caixa é representada pelas variações do ativo cíclico e do passivo cíclico. E a geração não operacional do caixa é representada por variações dos saldos da conta do ativo e do passivo não cíclico e do passivo errático. Em síntese, a geração operacional do caixa é idênticaà variação da necessidade de capital de giro: tema do capítulo 4.
É preciso cuidar para não incluir na geração operacional e não operacional de caixa, os lançamentos que já foram feitos na geração interna de caixa, principalmente a parcela de lucros acumulados (SÁ, 2012). Recorra ao módulo contábil para lembrar-se do que se trata o passivo cíclico e outros conceitos utilizados aqui. A seguir, apresentamos o fluxo de caixa pelo método indireto (Tabela 6).
Tabela 6 - Fluxo de caixa pelo método indireto
	Fluxo de caixa pelo método indireto
	Saldo inicial
	Mais
	Geração interna de caixa
	Lucro líquido
	Depreciação
	Provisões
	Juros
	Lucro de equivalência patrimonial
	Mais
	Geração operacional de caixa
	Contas a receber
	Estoques
	Fornecedores
	Salários, encargos e benefícios
	Mais
	Geração não operacional de caixa
	Imobilizado
	Empréstimos bancários
	Financiamentos
	Capital social
	Igual a
	Saldo final
Fonte: Sá (2012).
Procure ler com atenção as Normas e Procedimentos de Contabilidade, em especial a CPC 03, que substitui a NPC 20. É essencial o domínio desses conceitos.
Você já está se acostumando a ler as demonstrações contábeis e a criar rotinas de organização dos dados. Irá perceber que basta o entendimento de como organizar os dados que os relatórios serão gerados com alguma facilidade.
A internet possui bons materiais disponíveis. Busque consultar materiais acadêmicos, com menor chance de erro em relação aos conceitos. Evite blogs que não sejam de pessoas reconhecidas ou de instituições da área financeira. E para uma outra leitura sobre o caixa direto e indireto sugerimos:
Indicação de material com um exemplo de caixa direto: <http://www.crc-ce.org.br>.
			ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES POR MEIO DE ÍNDICES
Um cuidado que deve ser observado quando se utiliza índices para comparar as empresas é verificar a forma como os índices foram calculados. Embora a literatura seja mais ou menos coerente quanto à classificação e orientação do que considerar ao se calcular os índices, é preciso ter o cuidado para saber se o que foi calculado pode ser comparado com os seus cálculos. Saber também se o significado utilizado é o mesmo que o que você está considerando. Esse ponto é destacado por Ross et al.(2008).
Os índices colocados aquiestão baseados nos trabalhos de Ross etal. (2008), Sá (2012), Groppelli e Nikbaht (2010) e Lemes et al. (2010), apresentam semelhanças quanto às classificações e formas de cálculos. Embora seja preciso destacar que suas nomenclaturas variam em alguma medida, mas não invalidam a comparação entre os materiais citados, qualquer um pode ser fonte de consulta.
Vamos destacar que é possível calcular os índices via demonstrações financeiras, como o balanço, o DRE e também utilizando o DFC, que é basicamente a proposta dosíndices colocados por Carlos Alexandre Sá em seu livro de 2012. Traremos abordagens que consideramos importantes para que você possa elaborar boas análises. Sempre lembrando que existem detalhes que deverão ser objeto de procura por parte de cada um, segundo sua necessidade.
Qual a importância em se utilizar os índices para analisar as demonstrações? A primeira delas é que um relatório não é uma informação, é apenas um dado (SÁ, 2012, p. 217). A outra razão, menos óbvia é a transparência para os acionistas e proprietários. Os índices permitem obter informações qualitativas sobre a empresa.
Esse é o principal papel dos indicadores na análise financeira: extrair informações que podem não ser óbvias, simplesmente analisando as demonstrações financeiras de uma empresa. Os indicadores permitem ainda a comparação entre empresas, com o objetivo de indicar o posicionamento da empresa em relação a seus competidores, ou talvez a indicadores publicados para o setor em que atuam (EHRHARDT; BRIGHAM, 2012, p. 87).
Relacionado com as publicações obrigatórias das empresas estão as demonstrações contábeis. A obrigatoriedade de publicação das demonstrações contábeis para empresas é tratada em legislação própria. As empresas de capital aberto estão sujeitas à obrigatoriedade, as empresas de grande porte de capital fechado não, conforme consta na legislação, que está disponível em:
Para mais informações sobre a publicações obrigatórias, acesse:<http://www.portaldecontabilidade.com.br>.
Alguma confusão acontece entre as legislações no Brasil, como se pode ler na resposta disponível no link a seguir:
Resposta sobre a obrigatoriedade de publicação de demonstrativos financeiros pode ser encontrado em: <http://www.iob.com.br>.
Voltando aos índices. O controle financeiro deve ser feito diariamente, isto é, o registro dos dados deve obedecer ao ritmo das operações da empresa. Qual a utilidade de um registro “mais ou menos certo”? Esse registro irá então garantir uma análise mais próxima da realidade da empresa. Cm relação à periodicidade do cálculo dos índices colocados aqui, irá depender dos objetivos dos gestores. O acompanhamento mensal pode ser uma boa regra. Aumentar ou diminuir esse prazo irá depender da necessidade da empresa.
Mais do que simplesmente calcular o que está posto neste capítulo, o importante é que as decisões sejam tomadas com base nas evidências que eles trazem, ou seja, tanto o registro histórico das operações, quanto as projeções e suas revisões são um guia para manter a empresa saudável do ponto de vista financeiro.
Vamos aos índices! VIVA! FINALMENTE!
			ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Os indicadores de liquidez possuem relação direta com o capital de giro, que iremos tratar com mais detalhe no capítulo 4.
a) Índice de liquidez corrente – ILC:
O índice demonstra a capacidade da empresa de fazer frente a seus compromissos de curto prazo. Indica, segundo Lemos et al. (2010), a solvência geral da empresa. Pode ser calculado por: 
b) Índice de liquidez seca (ILS): . 
c) Índice de liquidez seca para empresas rurais:
.
Segundo Vasconcelos (2008, p. 181):
O Ativo Circulante de uma empresa rural compõe-se de estoques de produtos agrícolas e cultura em formação. A conta “Cultura em formação” recebe os investimentos realizados na fase de desenvolvimento da cultura. A conta “produtos agrícolas” corresponde ao saldo de produtos em estoque, prontos para comercialização. Ao se calcular o índice de liquidez seca, recomenda-se excluir do Ativo Circulante ambas as contas por medida de prudência. Para uma cultura em formação, o risco de não-recebimento é ainda maior por força de fatores externos.
VASCONCELOS, Yumara Lúcia. Planejamento financeiro. IESDE BRASIL SA, 2008. Disponível em: <http://www.travessa.com.br>.
			ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE
Nesta classe de índices, os valores normalmente se encontram na DRE:
a) Retorno sobre o capital próprio – ROE
Esse índice mede o retorno para os acionistas. Normalmente ele é calculado da seguinte forma: .
b) Margem de Lucro Bruta
A margem de lucro bruta mede o grau de eficiência da administração de uma empresa para empregar os seus recursos no processo de produção, seja ele qual for (GROPPELLI; NIKBAHT, 2010).
egundo Groppelli e Nikbaht (2010), a menos que a empresa consiga repassar o aumento de custos para seus clientes, na mesma proporção que eles variam, um aumento nesses custos irá reduzir a margem de lucro bruta.
c) Margem operacional
Nesse índice o numerador representa o lucro apurado antes de Juros e Imposto de Renda. O índice é uma medida aproximada da alavancagem operacional. Ele indica quanto LAJIR foi gerado por unidade monetária de venda. Não se preocupe, voltaremos a este assunto no capítulo 2. Nas demonstrações normalmente ele vem com a sigla EBIT (Earnings before interest and taxes). Esse índice pode ser calculado da seguinte forma: .
d) Margem líquida
Esse índice indica que existem duas formas de possuir margem alta, ou custos administrados de forma eficiente (o que mantém o controle sobre o aumento dos custos) ou uma inserção de mercado dinâmica que mantém as vendas numa taxa de variação acima da taxa de crescimento dos custos de produção.A margem de lucro líquido é calculada pela seguinte fórmula: 
			INDICADORES DE ESTRUTURA
Esses índices são também conhecidos como índices de endividamento. Eles se dividem em curto prazo e longo prazo. São importantes, pois a maioria das empresas busca recursos para financiar suas atividades. Os principais índices são:
a) Índice de endividamento total
b) Capital de terceiros – PCT
A participação do capital de terceiros (PCT) é calculada com o passivo circulante(PC) e o passivo não circulante(PNC). A interpretação desse índice é: quanto maior pior! Alguns autores indicam a inclusão do passivo não circulante no numerador ao invés do que está posto na fórmula: 
c) Composição do endividamento – Longo prazo
OÍndice Exigível a longo prazo(IELP), é o principal índice de longo prazo. Resulta do índice de exigível a longo prazo (passivo não circulante) dividido pelo ativo total, e pode informar sobre como está o grau de financiamento dos ativos da empresa pelo uso do exigível de longo prazo. O principal item são os empréstimos de longo prazo: 
			ÍNDICES DE PRAZO MÉDIO
Lemes et al.(2010) chamam essa classe de índices de atividade ou de eficiência operacional. Normalmente, expressam a velocidade com que as contas se transformam em vendas ou caixa. Aqui vale a regra: quanto mais rápido melhor. Os índices consideram o ano como tendo 360 dias (GROPPELLI; NIKBAHT,2010).
a) Índice de Giro do Ativo Operacional – GAO
b) Prazo médio de recebimento de vendas – GCR
Esse índice também é conhecido como prazo médio de cobrança. Segundo Groppelli e Nikbaht (2010), ele normalmente é calculado por:
.
Lemes et al.(2010) apresenta de forma alternativa o Giro das Contas a receber:
.
É preciso ter cuidado ao usar esse índice e outros. Muitas vezes, os índices correspondem a médias, e isso pode distorcer as análises. Índices apenas apontam caminhos, não podem ser tomados como um oráculo.
c) Prazo médio de estoques
Estoques são os itens menos líquidos do ativo circulante. Isto é, demoram mais para serem convertidos em dinheiro. O prazo médio dos estoques é calculado em duas etapas.Primeiro se calcula o giro do estoque, para um dado período, selecionado pelo analista: 
O prazo médio é então calculado: 
Ele pode ser obtido ainda da seguinte forma, desde que considere o estoque médio: 
Deve-se ter o cuidado ao utilizar esses índices, muitas vezes um alto giro pode indicar que a empresa faz compras insuficientes para atender a operação. E poderá incorrer em perda de lucratividade. Cada informação precisa ser cuidadosamente selecionada e analisada. Lembrando que informação deve ser subsídio para decidir sobre a melhor forma de resolver uma situação.
d) Prazo médio de pagamento de contas – GCP
A contrapartida de contas a receber – PMC(PMR)são as contas a pagar. Esse índice demonstra o prazo médio de pagamento, e pode ser calculado da seguinte forma:Lemes et al.(2010) apresentam o giro das contas a pagar (GCP). Observe que tanto o GCR, quanto o GCP, precisam ser calculados com base nos dados do fluxo de caixa, a exemplo do que é apresentado por Sá (2012). O saldo médio de fornecedores é o registro dos valores registrados na conta “fornecedores”, e pagos no período desejado.
			ANÁLISE VERTICAL DO FLUXO DE CAIXA
Entendemos que para ampliar o estoque de ferramentas é preciso abordar um conjunto de índices que vem sendo utilizado com mais frequência na literatura, e, portanto, pelas empresas. Eles se baseiam no trabalho de Sá (2012). O autor citado adota algumas nomenclaturas diferentes em relação a livros textos mais antigos. Se analisarem com cuidado, perceberão que não são matematicamente diferentes.
Ocorre que o que está apresentado aqui possui uma lógica de comparabilidade e, portanto, pode ser utilizado de forma complementar. Lembre-se de sempre comparar os resultados de sua empresa aos concorrentes diretos e indiretos (que atuam no mesmo setor, ou talvez na mesma região, mas em setores próximos). Lembre-se de manter a coerência ao fazer comparações, muito cuidado com o que diz! A área financeira é uma das mais cobradas em termos de eficiência de informação. Todas as áreas são importantes, mas lembre-se: evite afirmar categoricamente um resultado. Tenha cuidado ao fazer afirmações! Citaremos alguns grupos de índices (as fórmulas estão apresentadas na quadro5 e as principais explicações no quadro4):
a) Índices de cobertura – avaliam a capacidade de a empresa liquidar seus compromissos.
b) Índices de eficiência financeira – avaliam a capacidade de a empresa remunerar seus acionistas e credores.
c) Índices de rentabilidade operacional – mede a eficiência financeira dos capitais que financiam a empresa, e precisa ser colocado geralmente em base anual.
d) Índices de consolidação – avaliam a capacidade de a empresa enfrentar crises sem se desestruturar.
Um conjunto de dados soltos, sem interpretação, é de pouca importância. A literatura aponta que a análise vertical do fluxo de caixa é uma análise dinâmica das demonstrações financeiras. Para que seja possível, é preciso ajustar as demonstrações contábeis. Além disso, existe uma relação entre a análise vertical do fluxo de caixa e a variação da necessidade do capital de giro e os demais itens que serão vistos no capítulo 4. Deixaremos a você um resumo desses índices, e sugerimos que procure a literatura citada, como temos frisado repetidamente.
Quadro 3 - Comentários sobre os Índices da Análise Vertical do Fluxo de Caixa
	Índices de cobertura
	Índice de cobertura do passivo circulante – ICPC
Mede o quanto a empresa gera de caixa para liquidar seus compromissos de curto prazo. Esse índice indica quantas vezes o fluxo das atividades operacionais pagaria o passivo circulante, no caso de ser direcionado para essa finalidade. Um aumento do índice pode indicar que o passivo circulante está aumentando de forma exagerada (SÁ, 2012). Segundo o mesmo autor, o inverso desse índice, multiplicado por 365, resulta na quantidade de dias que o passivo circulante seria pago pelas atividades operacionais. Se o ICPC é menor que 1, significa que a empresa não tem condições de liquidar seus compromissos de curto prazo.
	Índice de cobertura de Juros de Curto prazo – ICJCP
O endividamento de curto prazo é normalmente o recurso mais caro para as empresas. Lembre-se de que o que pode quebrar uma empresa é a falta de caixa. Esse índice mostra quantas vezes o fluxo das atividades operacionais pagaria os juros que venceram no período referente aos empréstimos de curto prazo, caso fossem usados somente para isso. O inverso desse índice, quando multiplicado por 365, indica em quantos dias corridos os juros que venceram no período dos empréstimos de curto prazo, seriam pagos pelas atividades operacionais (SÁ, 2012).
	Índices de Eficiência Financeira
	Margem operacional líquida - MOLA
Normalmente se divide em margem operacional líquida dos acionistas e do capital. Se a empresa decidiu classificar os dividendos pagos como fluxo das atividades operacionais a equação passa a ser MOLA 2.   
	Índices de rentabilidade operacional
	Essa classe de índices mede a eficiência financeira dos capitais que estão financiando a empresa. O índice ROLCE não precisa de maiores explicações, além das que estão no quadro 5
	Índice de Eficiência Financeira do Lucro – IEFL
Esse índice é considerado por Sá (2012) como sendo muito importante, pois permite avaliar a contribuição do lucro para a geração de caixa da empresa. O índice deve ser igual ou superior a 100%. Se isto não ocorrer, pode ser que partes indevidas do lucro estão retidas em outras contas do ativo circulante, ao invés de estar no disponível. SÁ (2012) indica algumas explicações:
a) A empresa está dando muito prazo para seus clientes.
b) A inadimplência da carteira está aumentando.
c) A empresa está submetida ao efeito tesoura (que veremos no capítulo 4).
d) A empresa está comprando material que não gira.
	Índices de Consolidação
	Essa classe de índices significa a capacidade de a empresa sobreviver a crises. Ressalta-se que esses índices podem ser calculados a partir das contas da tesouraria, ou lembrando também que esse valor é derivado do método direto de estimativa do fluxo de caixa.
	Prazo médio de recebimento das duplicatas - PMR
Uma maneira dinâmica de calcular esse valor é:
a) Saldo final dos recebíveis = Saldo inicial dos recebíveis + receita líquida – recebido dos clientes.
b) Recebido dos clientes = Saldo inicial dos recebíveis – saldo final dos recebíveis + receita líquida.
	Grau de consolidação do Estoque - GCE
O sinal negativo é para tornar positivo esse índice, dado que as variações normalmente nos estoques é negativa. Existem quatro possibilidades de análise desse índice, por exemplo, se a matéria-prima aumenta e o fornecedor aumenta tem-se a situação A, e assim por diante :
Grau de consolidação do Estoque
	Matéria Prima/ Fornecedor
	Aumenta
	Diminui
	Aumenta
	A
	 B
	Diminui
	C
	D
Fonte: Sá, Alexandre. (2012, p. 253).
OBS: Essas situações estão descritas no Quadro 5. Quando as duas variações são negativas não precisa usar o valor negativo no índice.
Fonte: Os autores.
É necessário ter em mente que o objetivo que conduz esta disciplina é ser um guia na aprendizagem de gestão financeira, aplicada ao agronegócio. Adotamos aqui na maior parte do capítulo a nomenclatura sugerida por Sá (2012). Ao ler cuidadosamente, você irá perceber em outros livros a mesma estrutura, e irá reconhecendo formas semelhantes, ou novas, de produzir informações aos tomadores de decisão da empresa.
Quadro 4 - Lista das fórmulas de análise dinâmica do fluxo de caixa
	Índices de cobertura
	
	FAO = fluxo de caixa das atividades operacionais no período desejado
CV = custo de vendas
DO = despesas operacionais, incluindo as despesas financeiras.
	
	FAO – fluxo de caixa das atividades operacionais do período
JP – juros pagos no período considerado. Não entra juro provisionado
	Índice de Eficiência Financeira
	
	FAO = Fluxo de caixa das atividades operacionais do período
Receita bruta = receita antes das deduções.
	
	Índices de rentabilidade operacional
	
	Juros pagos – juros efetivamente pagos sobre as operações de curto e longo prazo
Capital inicial – soma do capital inicial mais o endividamento financeiro de curto e longo prazo no início do período (isto é, do final do período imediatamente anterior).
	
	Índices de consolidação
	
	O saldo médio é calculado pelo regime de caixa.
	
	Explicações nos quadros 4 e 6.
Fonte: Sá (2012).
Quadro 5 - Descrição das possibilidades do grau de consolidação dos estoques
	A
0< GCE < 1: os fornecedores estão financiando o aumento de estoques. Seja por meio de prazos mais longos, ou talvez pelo giro mais rápido do estoque;
GCE = 1: todo o aumento de estoque está sendo financiado pelos fornecedores e os estoques estão equilibrados;
GCE > 1: os fornecedores só estão financiando parte do aumento dos estoques.
	B
Quanto mais próximo de zerofor o valor de GCE, maior o indicio de que a empresa está ajustando o passivo com fornecedores. Ambos, estoques e fornecedores, estão drenando recursos do fluxo de caixa.
	C
Nesse caso pode ser que seja um giro mais rápido nos estoques ou um prazo maior dado pelos fornecedores.
	D
0< GCE < 1: a redução de estoques está financiando parte da redução do passivo de fornecedores. Mais próximo de zero menor é a parcela do passivo de fornecedores que está sendo financiada pela redução de estoques;
GCE = 1: toda redução de estoques está financiando a redução dos fornecedores (passivo);
GCE > 1: além da redução de estoques, financiar a redução do passivo de fornecedores, outras partes do caixa estão sendo financiadas pela redução do estoque. Quanto maior esse índice, mais consolidado está o estoque.
Fonte: Sá(2012).
				ATIVIDADE DE ESTUDOS:
1) Para aplicar os índices aprendidos, sugerimos que faça o seguinte exercício: Baixe a planilha de resultados que está na página: <http://ri.marfrig.com.br>. Considere os dados consolidados, ou seja, na parte do fluxo de caixa desconsidere as duas divisões da empresa. Escolhemos os anos de 2015 e 2016, somando os dados trimestrais. Você pode se exercitar e calcular para outros períodos que constam na planilha. Na planilha, a sigla DVG&A significa despesas com vendas gerais e administrativas.
Selecione os dados necessários e faça os cálculos dos índices apresentados até aqui, à exceção do índice sobre produção rural. Após realizar esses cálculos e conferir suas respostas, dê uma lida no estudo a seguir, ele se refere à mesma empresa. Lembrando que o objetivo aqui é apenas didático, sem a pretensão de realizar julgamentos sobre a posição da empresa.
OBS: no caso de índices com saldo médio, foram considerados os dados trimestrais apresentados e se obteve a média dos 4 trimestres. Isso se aplica, por exemplo, ao PMR. Lembre-se também que EBIT em português é LAJIR.  O lucro líquido é obtido na DRE, embora também esteja no fluxo de caixa apresentado. Índices não apresentados na resposta não possuem dados suficientes para serem calculados. Nem todos os índices são possíveis de serem calculados sem informações adicionais.
O estudo indicado aqui, do ponto de vista do saber fazer, proporciona a todos um exemplo claro de como conduzir uma análise financeira. Sempre tendo em mente que qualquer empresa pode se beneficiar de uma estrutura organizada com relação a todos os dados, em especial os dados financeiros. Você pode ainda comparar suas análises e impressões da empresa selecionada para a atividade. O artigo é: SEHNEM, Simone et al. Desempenho econômico-financeiro de um frigorífico. A referência completa está no final do capítulo.
Para finalizar o capítulo, vamos considerar o que diz Ehrhardt e Brigham(2012) sobre aspectos qualitativos nas análises da área financeira. Segundo os autores,uma análise financeira consistente é mais do que apenas calcular índices. É preciso considerar fatores qualitativos também. Por isso, temos insistido que você conheça bem a empresa em que atua ou é proprietário. Todas as áreas precisam ter um fluxo de comunicação efetivo para que seja possível gerir bem a empresa. Pense sobre o que está colocado no Léo a seguir.
	MUITO MAIS QUE NÚMEROS
	Até que ponto as receitas da empresa estão vinculadas a um cliente principal ou a um produto principal? Até que ponto a empresa depende de um único fornecedor? Dependência de clientes, produtos ou fornecedores aumenta o risco.
	Que porcentagem dos negócios da empresa é gerada no exterior? Empresas com grande percentual de negócios no exterior são expostas a riscos de volatilidade da taxa de câmbio e instabilidade política.
	Quais as prováveis ações de concorrentes atuais e qual a probabilidade adicional de novos concorrentes?
	Como o ambiente legal e regulatório afeta a empresa? A empresa conhece todas as restrições legais a sua atividade?
Fonte: Ehrhardt e Brigham (2012).
Para diversos materiais interessantes da área de administração financeira: <www.institutoassaf.com.br>.
			ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Esse capítulo é cheio de fórmulas e conceitos, que para muitos pode ser difícil em um primeiro momento, mas será recompensador o seu esforço para entender o que foi colocado. Será possível organizar ou mesmo reorganizar seu setor, sua empresa, seu empreendimento rural. Talvez seja possível você repensar estratégias que vinha adotando. A teoria lhe fornece esses elementos, basta aplicar. Uma boa base teórica faz parte das ferramentas de qualquer bom gestor. A informação é tudo. Portanto, “teorias” são a base em que cada um poderá dar o seu salto e buscar alcançar os seus desafios. 
O que se colocou aqui sobre fluxo de caixa faz parte de alguns diferenciais que pensamos para você. Não se trata de uma literatura habitual. O autor escolhido vale a pena ser lido. Expusemos um resumo, para que seja possível a cada um melhor entender o principal. Já dissemos isso durante o texto. Partimos, desde o conhecimento do dinheiro no tempo, passando pelo risco e retorno, coleta e organização dos dados, a formação de um plano de contas da tesouraria, chegando à análise dinâmica de um fluxo de caixa. Esse caminho pode se transformar num diferencial analítico para cada um, basta que estude com atenção e busque cada vez mais informações.
A última parte (análise dinâmica) traz o desafio da empresa em possuir seus documentos e operações bem registrados e organizados. De nada adianta lindas fórmulas sem veracidade e confiabilidade.  Você pode optar pela seguinte estratégia: registre tudo pelo método direto! E se sua empresa possuir sistemas contábeis, e uma estrutura maior, será possível, então, fazer as análises pelo método indireto. Tudo o que está  posto aqui pode ser calculado para qualquer empresa.
Como já dissemos: tudo irá depender de sua realidade. Não dê a si mesmo a desculpa da bagunça. ORGANIZE! Se desafie! Aqui estão postas as primeiras “chaves de fenda” de um administrador financeiro. Também estão postas algumas “facas especiais”, alguns “alicates”, mas vai ser preciso apertar “parafuso”, cortar muita “carne” e até cortar muitos “arames”, para que sua tarefa seja feita. Então, bons estudos!
Capítulo 2
ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE O CUSTO, O VOLUME E O LUCRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
	Entender o conceito de ponto de equilíbrio e sua relação com as informações dos custos da empresa do agronegócio;bem como entender os limites dessas análises.
	Compreender o conceito de alavancagens operacional, financeira e total.
	Extrair dados financeiros dos demonstrativos contábeis disponibilizados.
	Elaborar análises gráficas e quantitativas sobre ponto de equilíbrio.
	Elaborar análises de alavancagem operacional, financeira e total.
			CONTEXTUALIZAÇÃO
As empresas que possuem altos custos fixos devem prestar especial atenção nas decisões tomadas, pois fazer escolhas erradas pode ser desastroso para a organização. Exemplos de empresas bem conhecidas do agronegócio que possuem altos custos fixos são a Monsanto e a Syngenta. Quando as empresas têm altos custos fixos, elas precisam de receitas significativas apenas para alcançar o ponto de equilíbrio.
Os gestores precisam estimar receitas, custos e lucros futuros para ajudá-los a planejar e monitorar as suas operações. A análise de custo-volume-lucro (CVL)busca identificar os níveis de atividade operacional, a fim de evitar perdas, alcançar lucros, planejar as operações futuras e monitorar o desempenho organizacional.
A análise de CVL é uma forma de analisar o comportamento do lucro líquido em resposta às mudanças na receita, no custo ou em ambos. Na realidade, as empresas operam em um ambiente complexo. A CVL busca reduzir essa complexidade, por meio das informações adquiridas a partir da sua análise.
Além do CVL, o capítulo irá abordar o conceito de alavancagem. Alavancagem consiste na utilização de ativos operacionais e/ou financeiros, com custos fixos,

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