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Economia; Direito e Legislação Defesa Comercial Enap, 2023 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Amanda Athayde (Conteudista, 2023); Anderson Luiz Monteiro Cavalcante (Conteudista, 2023); Daniel Raphanelli (Conteudista, 2023); Luiz Oliveira (Conteudista, 2023); Newton Batista da Costa Junior (Conteudista, 2023); Paulo Destro (Conteudista, 2023); Paulo Henrique Neves (Conteudista, 2023); Vanessa Teixeira (Conteudista, 2023); Zahra Faheina Gadelha (Conteudista, 2023). Sumário Módulo 1: Conhecendo o que é Defesa Comercial .............................................. 9 Unidade 1: Teoria e Histórico da Defesa Comercial ............................................ 9 1.1 Notas Conceituais sobre Defesa Comercial ............................................................ 9 1.2 Histórico Internacional - Acordos na Era GATT e OMC ...................................... 17 1.3 Histórico Nacional sobre Defesa Comercial e Interesse Público: Legislações de 1995 e Modificações Posteriores .................................................................................. 17 1.4. Solução de Controvérsias da OMC ....................................................................... 21 1.5 Estrutura Governamental em Defesa Comercial ................................................ 23 Referências ..................................................................................................................... 24 Unidade 2: Apoio ao Exportador Brasileiro Investigado em Processos de Defesa Comercial no Exterior ............................................................................................ 26 2.1 Estrutura Governamental que Auxilia Exportadores Brasileiros em Investigações de Outros Países ............................................................................................................ 26 Referências ..................................................................................................................... 30 Módulo 2: Investigações Antidumping: Teoria e Prática ..................................31 Unidade 1: Legislação Internacional e Nacional sobre Antidumping..............32 1.1 Legislação Internacional sobre Antidumping (Acordo Antidumping da OMC) 32 1.2 Legislação Nacional sobre Antidumping (Decreto 8.058/2013 e Portarias) ..... 33 Referências ..................................................................................................................... 36 Unidade 2: Aspectos Conceituais Gerais em Investigações Antidumping ......38 2.1 Produto Objeto e Produto Similar ........................................................................ 38 2.2 Conceito de Indústria Doméstica .......................................................................... 42 2.3 Análise das Importações ........................................................................................ 44 Referências ..................................................................................................................... 48 Unidade 3: Aspectos Conceituais Específicos sobre Dumping em Investigações Antidumping ........................................................................................................... 49 3.1 Valor Normal ............................................................................................................ 49 3.2 Preço de Exportação ............................................................................................... 50 3.3 Margem de Dumping .............................................................................................. 52 Referências ..................................................................................................................... 55 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 4: Aspectos Conceituais Específicos sobre Dano em Investigações Antidumping ........................................................................................................... 56 4.1 Conceito de Dano para Fins de Defesa Comercial ............................................... 56 4.2 Indicadores da Indústria Doméstica ..................................................................... 57 Referências ..................................................................................................................... 61 Unidade 5: Aspectos Conceituais Específicos sobre Causalidade em Investigações Antidumping ....................................................................................................................62 5.1 Impacto das Importações Objeto de Dumping na Indústria Doméstica: Nexo de Causalidade .................................................................................................................... 62 5.2 Outros Fatores de Dano .......................................................................................... 64 Referências ..................................................................................................................... 66 Unidade 6: Aspectos Conceituais Específicos sobre a Aplicação das Medidas Antidumping ........................................................................................................... 67 6.1 Medida Antidumping (Direitos Antidumping e Compromissos de Preço) ....... 67 6.2 Menor Direito (Lesser Duty) ..................................................................................... 68 Referências ..................................................................................................................... 71 Unidade 7: Aspectos Distintivos entre Investigações Originais e Revisões de Final de Período ..................................................................................................... 72 7.1 Aspectos Distintivos das Revisões de Final de Período ...................................... 72 7.2 Probabilidade de Continuação ou Retomada do Dumping ............................... 73 7.3 Probabilidade de Continuação ou Retomada do Dano ...................................... 75 7.4 Prorrogação ou não da Medida Antidumping ..................................................... 77 Referências ..................................................................................................................... 78 Módulo 3: Investigações de Subsídios e Medidas Compensatórias: Teoria e Prática ............................................................................................................... 79 Unidade 1: Legislação Internacional e Nacional sobre Subsídios e Medidas Compensatórias ..................................................................................................... 80 1.1 Legislação Internacional sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias) ............................................................ 80 1.2 Legislação Nacional sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (Decreto 10.839/2021 e Portaria) ................................................................................................. 81 Referências ..................................................................................................................... 82 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5 Unidade 2: Aspectos Conceituais Específicos sobre Investigações de Subsídios .83 2.1 Conceito de Subsídios ............................................................................................ 83 2.2 Caracterização da Contribuição Financeira .......................................................... 85 2.3 Caracterização de Sustentação de Rendas ou Preços ......................................... 86 2.4 Formas de Concessão de Contribuições Financeiras ......................................... 87 2.5 Conceito de Órgão Público e de Confiança e Instrução a Entidades Privadas88 2.6 Caracterização do Benefício e o Conceito de Benchmark ................................... 90 2.7 Conceito de Especificidade .................................................................................... 91 2.8 Subsídios a Montante e Subsídios Indiretos ....................................................... 93 2.9 Conceito de Subsídios Recorrentes e Não Recorrentes .................................... 95 2.10 Apuração do Benefício – o Numerador e o Denominador do Cálculo .......... 96 Referências ..................................................................................................................... 99 Unidade 3: Aspectos Conceituais Específicos sobre a Aplicação das Medidas Compensatórias ................................................................................................... 100 3.1 Dos Direitos Compensatórios e dos Compromissos ........................................ 100 3.2 A Aplicação da Regra do Menor Direito (Lesser Duty) em CVD ....................... 102 3.3 Double Remedy (Duplo Remédio) ......................................................................... 103 3.4 Tipos de Revisão de Direitos Aplicados .............................................................. 104 Referências ................................................................................................................... 107 Unidade 4: Aspectos Específicos de Temas Atuais e dos Resultados de Disputas da OMC .................................................................................................................. 108 4.1 Subsídios Transnacionais ..................................................................................... 108 4.2 Discussões Trilaterais sobre Subsídios (UE, EUA e Japão) ................................ 109 Referências ................................................................................................................... 112 Módulo 4: Investigações de Salvaguardas: Teoria e Prática ...........................114 Unidade 1: Legislação Internacional e Nacional sobre Salvaguardas ...........114 1.1 Legislação Internacional sobre Salvaguardas ................................................... 114 1.2 Legislação Nacional sobre Salvaguardas (Decreto 1.488/1995) ...................... 117 Referências ................................................................................................................... 118 Unidade 2: Condições para Aplicação de Salvaguarda Global ........................119 2.1 Das Condições de Aplicação das Medidas de Salvaguarda Global ................. 119 2.2 Evolução Não Prevista das Circunstâncias (Unforeseen Developments) ........... 121 2.3 Prejuízo Grave ou Ameaça de sua Ocorrência ................................................... 123 2.4 Causalidade ............................................................................................................ 124 Referências ................................................................................................................... 126 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3: Aspectos Procedimentais sobre Salvaguardas Globais ...............127 3.1 Aspectos Procedimentais Mínimos Durante as Investigações de Salvaguardas Globais ...................................................................................................................... 127 3.2 Paralelismo entre Escopo da Investigação e da Aplicação da Medida de Salvaguarda Global ...................................................................................................... 128 3.3 Formas de Aplicação da Salvaguarda Global e Ajuste da Indústria Doméstica ....129 3.4 Limites Temporais de Vigência de uma Salvaguarda Global e Liberalização Progressiva ................................................................................................................... 131 3.5 Desdobramentos da Aplicação da Salvaguarda Global: Compensações e Retaliações (Suspensão de Concessões) ................................................................... 133 Referências ................................................................................................................... 135 Unidade 4: Especificidades sobre Salvaguardas Preferenciais .......................136 4.1 Salvaguardas em Acordos Preferenciais de Comércio ...................................... 136 4.2 Disposições sobre Salvaguardas Globais em Acordos Preferenciais de Comércio .137 4.3 Disposições sobre Salvaguardas Preferenciais em Acordos Preferenciais de Comércio ........................................................................................................................ 138 Referências ................................................................................................................... 140 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7 Apresentação e Boas-vindas Olá! Seja muito bem-vindo(a) ao curso de Defesa Comercial! O Departamento de Defesa Comercial (DECOM) da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) oferecem esse curso a você com muita satisfação! Considerando a relevância econômica e jurídica dos temas de Defesa Comercial, identificou-se a necessidade da promoção de uma ação efetiva para a institucionalização da produção de conhecimento sistêmico e o aperfeiçoamento técnico daqueles interessados em atuar no campo da Defesa Comercial e Interesse Público. Esse esforço é necessário porque, apesar da crescente importância da atividade relacionada a Defesa Comercial e Interesse Público, bem como do largo arcabouço teórico e prático adquiridos ao longo da trajetória do DECOM/SECEX/SECINT/ME em seus anos de atuação, percebe-se ainda a necessidade de disseminar informações qualitativas sobre a atuação da autoridade investigadora, especialmente na figura de seus agentes públicos. Esses profissionais que atuam diretamente com a temática contribuíram ativamente para a construção deste material educativo, preparando novos profissionais para a atuação na área. Com isto é possível ressaltar que o aprendizado aqui proposto se baseia, também, na experiência adquirida de forma prática por estes agentes, no exercício de suas atividades enquanto investigadores, partindo o conteúdo aqui proposto da intenção de encontrar um pareamento adequado com a realidade da autoridade investigadora. O presente curso visa contribuir de forma enriquecedora àqueles interessados em atuar ou compreender de forma extensiva os mecanismos nacionais e internacionais, tanto práticos quanto teóricos, envolvidos no processo de investigação em Defesa Comercial e em Interesse Público. Para melhor aproveitamento de seus estudos, esta capacitação foi organizada em cinco módulos, com tópicos e subtópicos. Conhecendo o que é Defesa Comercial No primeiro módulo, Conhecendo o que é Defesa Comercial você será apresentado aos principais conceitos sobre o tema, ao histórico internacional e nacional da matéria, às noções preliminares sobre o Sistema de Solução de Controvérsias (SSC) da Organização Mundial do Comércio (OMC), à estrutura governamental de tomada de decisões sobre Defesa Comercial e à estrutura governamental de apoio ao exportador brasileiro investigado. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Investigações Antidumping: Teoria e Prática No segundo módulo, Investigações Antidumping: Teoria e Prática, você identificará a legislação internacional e nacional sobre antidumping; conhecerá de forma introdutória os principais conceitos sobre investigações nessa área, além de alguns conceitos específicos sobre dumping, dano e nexo de causalidade; conhecerá os resultados possíveis de uma investigação e distinguirá as peculiaridades de investigações originais e revisões de final de período. Investigações de Subsídios e Medidas Compensatórias: Teoriae Prática No terceiro módulo, Investigações de Subsídios e Medidas Compensatórias: Teoria e Prática, você identificará a legislação internacional e nacional sobre subsídios e medidas compensatórias; conhecerá as bases conceituais relativas a investigações de subsídios e alguns conceitos específicos sobre os resultados de investigação; aprenderá sobre casos emblemáticos da jurisprudência da OMC; e se atualizará de temas atuais sobre subsídios e medidas compensatórias. Investigações de Salvaguardas: Teoria e Prática No quarto módulo, Investigações de Salvaguardas: Teoria e Prática, você identificará a legislação internacional e nacional sobre salvaguardas globais; conhecerá as bases materiais que as fundamentam; suas bases procedimentais; e, por fim, aprenderá sobre salvaguardas preferenciais. Desejamos a você uma excelente jornada de construção de conhecimento. Bons estudos! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 Módulo Conhecendo o que é Defesa Comercial 1 Todos nós de algum modo sabemos o que significa a palavra “defesa”, concorda? Alguns a compreendem de maneira mais profunda e técnica, enquanto outros dirão objetivamente que defender é se proteger de algo ou de alguém! Agora, pensando nesta palavra voltada às questões comerciais, o que ela representa? Este é o modulo introdutório do curso e tem como objetivo apresentar conceitos básicos para o início do trabalho em Defesa Comercial. Serão apresentados os históricos internacional e nacional da Defesa Comercial, as estruturas normativas em torno da temática e noções preliminares sobre o Sistema de Solução de Controvérsias (SSC) da Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, serão listados os principais atores e as estruturas governamentais, no âmbito nacional, envolvidos no processo brasileiro de decisão sobre Defesa Comercial e Interesse Público. Por fim, a última temática desta etapa de estudos será a estrutura governamental de apoio ao exportador brasileiro investigado em processos de Defesa Comercial conduzidos por outros países. Vamos começar!? Unidade 1: Teoria e Histórico da Defesa Comercial Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você deve ser capaz de reconhecer os principais conceitos sobre Defesa Comercial e seu histórico internacional e nacional. 1.1 Notas Conceituais sobre Defesa Comercial 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Bem, você provavelmente já sabe que no comércio globalizado as condições de competitividade são acirradas. Isso pode ser considerado parte natural da economia de mercado que busca eficiência, entretanto, não são raras as vezes em que são adotadas, pelos agentes econômicos nacionais e estrangeiros, práticas desleais de comércio. Assim, sempre que comprovado que o comportamento de empresas ou de governos está distorcendo o comércio ou, ainda, que estejam ocorrendo surtos de importações decorrentes de situações imprevistas, a legislação multilateral adotada pelos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) autoriza a utilização de determinadas medidas que tenham o efeito de compensar tais situações, desde que esteja comprovada a sua ligação com o dano ou o prejuízo à indústria doméstica do país importador. Para o início de sua aprendizagem em Defesa Comercial, alguns conceitos mais amplos e algumas definições precisam ser esclarecidas previamente, como você verá a seguir. Analise cada um deles com muita atenção, pois nortearão toda a sua aprendizagem, combinado? Para começar, veja o conceito de Defesa Comercial: Fonte: Freepik (2023). Defesa Comercial: Expressão que abarca os instrumentos que visam a resguardar a indústria nacional de práticas desleais de comércio (dumping e subsídios) com fins de assegurar uma competição justa entre produtores domésticos e estrangeiros, bem como resguardá- la em caso de surto de importações decorrente de evolução imprevista das circunstâncias (salvaguardas). Assim, a Defesa Comercial está baseada em três instrumentos distintos: direitos antidumping, medidas compensatórias e medidas de salvaguarda. A aplicação destes está fundamentada em acordos específicos da Organização Mundial do Comércio (OMC). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 Agora analise alguns conceitos de Defesa Comercial dando sequência ao que você acabou de aprender. Dumping O dumping é a prática de discriminação de preços em mercados diferentes. Em outras palavras e de forma simplificada, é a prática em que uma empresa exporta um produto a um preço inferior ao preço que pratica no mercado interno, ou seja, dentro do país em que está localizada. Veja este exemplo de dumping. Produtora brasileira de queijos denominada “Queijão” exportou nos últimos meses do ano 1.000 (mil) toneladas de queijo para Israel, cobrando US$ 1.200 pela tonelada de queijo. Entretanto, a mesma tonelada de queijo tem o preço de US$ 1.500 no mercado brasileiro. Após investigação que assegura comparação justa do produto vendido no mercado interno (produto similar doméstico) com o produto exportado (produto objeto da investigação), resta caracterizada a prática de dumping. Fonte:Freepik (2023). Margem de Dumping Diferença entre o valor normal e o preço de exportação praticado pela empresa investigada nas suas vendas ao Brasil. (MARGEM DE DUMPING = VALOR NORMAL - PREÇO DE EXPORTAÇÃO). Analise um exemplo hipotético. A empresa Vandelay Industries, localizada no Canadá, vende um tubo de aço no mercado canadense por US$ 100 e o exporta para o Brasil em condições comparáveis de comercialização (volume, estágio de comercialização, prazo de pagamento) por US$ 80. Nessas condições, considera-se que há prática de dumping e que a margem de dumping corresponde a US$ 20, pois a empresa está vendendo o mesmo produto para o Brasil por um valor 20 dólares mais barato. Fonte:Freepik (2023). 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Medidas Antidumping Caso a indústria doméstica de um país experimente dano em decorrência de importações de produtos realizadas a preço de dumping, podem ser aplicadas medidas antidumping que visam neutralizar os seus efeitos. Compreenda melhor este instrumento analisando situação hipotética. Suponhamos que o conjunto das indústrias brasileiras produtoras de aço está tendo prejuízos (caracterizando o dano) em decorrência de importações de aço originárias da Moldávia. Além disso, o aço é exportado daquele país para o Brasil por um preço abaixo do preço praticado para o mesmo tipo de aço em suas vendas internas na Moldávia. Fonte:Freepik (2023). Neste caso, podem ser aplicadas medidas antidumping, ou seja, será cobrada uma sobretaxa quando da internalização do aço da Moldávia no Brasil, calculada, em regra, para cada produtora/exportadora do país (direito antidumping), que visa neutralizar os efeitos do dumping (a exportação a preço abaixo do preço de venda para consumo interno na Moldávia). Estas medidas são aplicadas como resultado de investigação do Departamento de Defesa Comercial (DECOM) em que deverão ser caracterizados o dano, o dumping e o nexo causal entre ambos. Medidas Compensatórias As medidas compensatórias têm como objetivo compensar subsídio acionável concedido, direta ou indiretamente, no país exportador, para a produção, exportação ou transporte de qualquer produto cuja exportação cause dano à indústria doméstica do país importador. Quer ver um exemplo? Se o governo do país X, para incentivar suas empresas a exportarem mais, reembolsa a empresa exportadora do país X o montante de US$ 10,00 para cada par de tênis que ela exportar para o Brasil, fica configurada a concessão de subsídios acionáveis. Ainda, caso reste demonstrado que essas exportações de tênis do país X estão causando dano à indústria brasileira fabricante de tênis, então a autoridade investigadora poderá, após investigação minuciosa, recomendar a imposição de medida compensatória (sobretaxa)no valor de US$ 10,00 por par de tênis importado do país X. Fonte:Freepik (2023). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 Subsídio Acionável Considera-se, de forma simplificada, que existe subsídio quando o produtor ou exportador recebe alguma ajuda financeira ou econômica do Estado (por exemplo: doação, empréstimo ou perdão de tributos devidos), que o beneficie na colocação de seus produtos no mercado externo, em condições que não teria não fosse o subsídio. Caso esse subsídio, oferecido diretamente pelo governo ou por meio de uma empresa privada direcionada pelo governo, seja de acesso limitado a uma empresa ou grupo de empresas/indústrias, poderá ser considerado acionável e, portanto, sujeito a medida compensatória. Fonte:Freepik (2023). Analise este exemplo para ajudar em sua compreensão acerca do conceito de subsídio. Ana e seu João são apicultores há bastante tempo, muito renomados no estado do Pará, e decidiram abrir a empresa Doce Mel. O Governo do Pará, objetivando estimular a produção de mel na região, importante fonte de renda para o estado, passou a pagar R$ 5,00 reais para cada litro de mel produzido, além de isentar o ICMS dessas operações. Dessa forma, a Doce Mel pôde aumentar sua produção e exportar seu produto a um preço mais barato do que normalmente venderia, melhorando a sua competitividade. Assim, considera-se que a empresa Doce Mel está recebendo um subsídio governamental. Os benefícios concedidos pelo Estado (R$5,00 por litro de mel + isenção ICMS) caracterizam-se como subsídios. Ademais, como esses privilégios ficaram restritos apenas aos produtores de mel, considera-se que o subsídio é específico, logo, acionável e passível de medida compensatória. 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Dano ou Prejuízo Grave Dano para fins de investigação de dumping ou subsídio: Dano material ou ameaça de dano material à indústria doméstica; atraso material na implantação da indústria doméstica. Dano para fins de investigação de salvaguarda: Prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave. Por prejuízo grave entende-se a deterioração geral significativa da situação de uma determinada indústria doméstica e por ameaça de prejuízo grave, situação de prejuízo grave claramente iminente. Nexo Causal: Conexão lógica que determina se o dano ou prejuízo grave enfrentado pela indústria doméstica pode ser atribuído às importações investigadas. Fonte:Freepik (2023). Medidas de Salvaguarda As medidas de salvaguarda têm como objetivo oferecer, temporariamente, proteção à indústria doméstica que esteja sofrendo prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave decorrente do aumento abrupto de importações, resultado de evolução imprevista das circunstâncias, com o intuito de que durante o período de vigência de tais medidas, a indústria doméstica se ajuste e possa competir com tais importações. Por exemplo, caso haja um surto de importações de determinado produto ao Brasil, o DECOM, após minuciosa investigação, poderá recomendar a aplicação de medida de salvaguarda, caso seja demonstrado que este surto causou prejuízo grave à indústria brasileira fabricante de produto similar. A medida de salvaguarda normalmente assumirá a forma de uma sobretaxa cobrada na importação, de restrições quantitativas às importações (quotas) ou da combinação de ambas (as chamadas quotas tarifárias). Você verá essas formas de aplicação com maiores detalhes no módulo sobre salvaguardas. Fonte:Freepik (2023). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 Autoridade Investigadora Autoridade responsável pelo processo de investigação de Defesa Comercial. No Brasil, trata-se do Departamento de Defesa Comercial (DECOM) da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Investigação: Conjunto de ações tomadas pela autoridade investigadora a fim de confirmar ou descartar a aplicabilidade de medidas de Defesa Comercial em função de determinada prática desleal de comércio ou de surto de importações. Peticionária: Parte interessada que requer à autoridade investigadora, por meio de petição que contenha as informações necessárias, investigação no âmbito da Defesa Comercial – ou seja, de ocorrência de dumping, subsídios ou a fim de propor salvaguardas. Fonte:Freepik (2023). Indústria Doméstica Em investigações de Defesa Comercial, trata-se do conjunto de empresas responsável pela totalidade da produção nacional do produto similar ao investigado ou por parcela significativa da produção nacional. Por exemplo, na investigação sobre vidros automotivos, a indústria doméstica foi definida como sendo formada pelas empresas Pilkington, Saint-Gobain e AGC. Produto Objeto da Investigação: É aquele exportado para o Brasil, originário dos países nos quais se localizam os produtores ou exportadores investigados. Fonte:Freepik (2023). Produto Similar: O produto idêntico, igual sob todos os aspectos ao produto objeto da investigação, ou na sua ausência, outro produto que, embora não exatamente igual sob todos os aspectos, apresente características muito próximas às do produto objeto da investigação. Pode se referir ao produto comercializado no mercado interno do país investigado, nas exportações do país investigado para terceiros países, produzido e vendido pelos produtores nacionais no mercado interno do país que investiga; e importado das demais origens pelo país investigador. 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Elementos Fundamentais dos Instrumentos de Defesa Comercial. Fonte: Brasil (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). É muito importante realizar uma análise do histórico sobre Defesa Comercial, haja vista que os acordos que hoje em dia regulam a questão foram fruto de amplos debates entre os membros da OMC e do chamado GATT (sigla em inglês para Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio), como se verá a seguir. Para maiores informações sobre os conceitos de Defesa Comercial, recomenda-se: - A Seção 2 do Guia de Apoio ao Exportador Brasileiro Investigado em Processos de Defesa Comercial no Exterior, disponível aqui. Agora preste atenção! Direitos antidumping, medidas compensatórias e medidas de salvaguarda estão fundamentadas em acordos específicos da Organização Mundial do Comércio (OMC). E para cada uma das três práticas consideradas nos acordos, há um remédio adequado para sua reparação. Acompanhe! https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-externo-apoio-exportador Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 Acompanhe com atenção, na linha do tempo a seguir, um breve histórico nacional sobre Defesa Comercial: Os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) foram celebrados com o objetivo de diminuir as barreiras comerciais e assim promover o comércio internacional. As regras constitutivas do sistema multilateral de comércio se baseiam nos princípios de não discriminação e de transparência, com a imposição de limites sobre a gestão do comércio exterior pelos membros. Atualmente a OMC tem mais de 160 membros, sendo uma organização de ampla cobertura mundial. Os acordos preveem diversos mecanismos por meio dos quais os membros podem, temporariamente ou de forma permanente, desviar-se dos compromissos assumidos, sendo a Defesa Comercial uma “válvula de escape” que permitiu a liberalização ampla do comércio entre os membros. Para compreender a história do sistema multilateral de comércio, recomenda-se que você assista ao vídeo institucional da OMC sobre o tema, disponível em inglês aqui. 1.2 Histórico Internacional - Acordos na Era GATT e OMC 1.3 Histórico Nacional sobre Defesa Comercial e Interesse Público: Legislações de 1995 e Modificações Posteriores 1979 O Brasil tornou-se signatário dos Acordos Antidumping e de Subsídiose Medidas Compensatórias do GATT em abril de 1979, ao final da Rodada Tóquio, mas esses acordos só se tornaram parte integrante do arcabouço jurídico nacional em 19871. A implementação desses Códigos no Brasil foi retardada devido ao fato de estarem em vigor à época, no país, outros mecanismos de proteção 1_ Esses acordos só se tornaram parte integrante do arcabouço jurídico nacional em 1987, respectivamente pelos Decretos nº 93.941, de 19 de janeiro de 1987, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 02 de fevereiro de 1987, e nº 93.962, de 22 de janeiro de 1987, publicado no DOU de 23 de janeiro de 1987, aprovados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 20, em 5 de dezembro de 1986. https://www.youtube.com/watch?v=KRmUPHT2Vyo 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1987 1990 comercial, tais como os regimes especiais de importação e severos controles administrativos de importação. Com isso a produção doméstica se encontrava relativamente imune às práticas desleais de comércio. Ocorre que esses mecanismos de proteção comercial utilizados pelo Brasil à época, bem como os procedimentos administrativos a eles pertinentes, eram conflitantes com as normas do GATT e seu crescente uso se tornou fonte de desgaste permanente para o Brasil na sua atuação em foros internacionais. Em 1987, com a aprovação dos Códigos Antidumping e de Subsídios e Medidas Compensatórias do GATT o país passou a dispor de instrumentos de política comercial que a experiência internacional indicava serem adequados para a proteção à indústria doméstica contra as práticas desleais de comércio. Foi então determinado que caberia à antiga Comissão de Política Aduaneira (CPA), do Ministério da Fazenda, a condução das investigações e a aplicação dos direitos antidumping e medidas compensatórias. Apesar disso o recurso a esses mecanismos por parte da indústria brasileira tornou-se mais efetivo apenas a partir do início dos anos 90, com a abertura comercial e a extinção dos controles administrativos, a eliminação de diversos regimes especiais de importação e a adoção de um cronograma de desgravação tarifária. Em 1990, no início do governo Collor de Mello, efetuou-se uma ampla reforma da estrutura da Administração Pública Federal, tendo a gestão governamental do comércio exterior sido transferida para o Departamento de Comércio Exterior (DECEX), subordinado à Secretaria Nacional de Economia (SNE) do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento (MEFP). 1992 No governo Itamar Franco, por meio da Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992 (BRASIL, 1992), foi criado o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (MICT), ao qual estaria subordinada a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) que assumiu as funções anteriormente atribuídas ao DECEX/SNE/MEFP. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 1994 1995 2001 Em 1994, o Congresso Brasileiro aprovou a Ata Final que Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de Negociações Multilaterais do GATT, incluindo os novos Acordos Antidumping, de Subsídios e Medidas Compensatórias e de Salvaguardas, bem como o Acordo de Marraquexe que criou a Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 1995, já no governo Fernando Henrique, com o objetivo de aumentar a capacitação técnica e operacional para a atuação governamental na aplicação das legislações antidumping, de subsídios e medidas compensatórias e de salvaguardas, foi criado, no âmbito da SECEX, o Departamento de Defesa Comercial (DECOM), como órgão especializado para a condução das investigações dessa espécie. Naquele mesmo ano foi aprovada a União Aduaneira no âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e adotada uma Tarifa Externa Comum (TEC) pelos 4 países que o integram. A competência para aplicação de medidas de Defesa Comercial, que inicialmente era comum aos Ministros da Indústria, Comércio e Turismo (posteriormente Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e da Fazenda, foi transferida, a partir de 2001, para a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). Dessa forma, com a promulgação da Lei 9.019/95, e com as alterações introduzidas pela Medida Provisória 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, e pelo Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, ficaram estabelecidas as competências da CAMEX em termos de medidas de Defesa Comercial. 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2023 Ao longo dos anos, a estrutura administrativa e as legislações foram sendo atualizadas, de modo que em 2023 a legislação em vigor sobre Defesa Comercial e interesse público no Brasil é a seguinte: Legislação da Defesa Comercial e Interesse Público. Fonte: Brasil (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21 Solução de Controvérsias da OMC. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Sobre a legislação em vigor, bem como sua evolução ao longo dos anos, recomenda-se a leitura do #SDCOMMecum aqui. 1.4. Solução de Controvérsias da OMC Para dar início a este assunto, analise a imagem abaixo e reflita um pouco sobre o que você vê! Analisou bem a imagem acima? O que ela te diz? Assim como nessa cena inusitada em que é possível perceber um problema comercial entre os envolvidos que precisa de uma resolução para que um deles não fique no prejuízo, alguns membros também precisam de soluções diplomáticas em seus conflitos comerciais. Por isso o Sistema de solução de controvérsias da OMC, de jurisdição exclusiva¹ e natureza compulsória, tem como objetivos e princípios: • Prover segurança e previsibilidade ao sistema de comércio multilateral, por meio de um arcabouço de normas que permita resolver disputas de maneira rápida, eficiente e objetiva; https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/copy2_of_SDCOMMECUM_VERSOFINAL.pdf 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Preservar direitos e obrigações dos Estados-membros, ao prover um fórum que dê vazão às controvérsias entre membros e possibilitar, em último caso, compensações e contramedidas; • Interpretar regras e obrigações, padronizando o entendimento e impedir a ação unilateral dos membros que poderia levar a infindáveis retaliações. Esta evolução do sistema de solução de controvérsias ocorreu devido à preocupação dos negociadores da Rodada Uruguai, que queriam que este mecanismo tivesse maior efetividade em relação ao existente no âmbito do GATT, quando muitos países se sentiam desestimulados a se dedicar a uma ação dada a grande probabilidade de que esta fosse bloqueada pela outra parte. Segundo o renomado diplomata Victor Luiz do Prado, a eficácia do mecanismo previsto no Entendimento sobre Solução de Controvérsias – ESC (Dispute Settlement Understanding – DSU) se baseia em três características (PRADO, 2005). 1 Abrangência, termo que tem duplo significado dado que todos os acordos da OMC estão cobertos pelo mecanismo e que o ESC é o único mecanismo aceito para solução de controvérsias na OMC. 2 Exequibilidade, mais bem conhecida pelo termo em inglês enforcement, advinda da previsão que, em caso de descumprimento de decisão do Órgão de Solução de Controvérsias, o membro demandante poderá solicitar autorização para retaliar. 3 Automaticidade, consequência da regra do consenso negativo. Sob o consenso negativo, uma decisão só não seria aplicada caso todos os países- membros assim votassem. Como o país ganhador certamente vota a favor da aplicação da decisão, tal mudança dotou as decisões do Órgão de Solução de Controvérsias – OSS (Dispute Settlement Body – DSB) de uma aplicabilidade quase automática, equalizou o poder entre os países e terminou por incentivar o uso do sistema. Para ter uma visão geral do sistema de solução de controvérsias da OMC, recomenda-se o vídeo institucional da OMC, disponível em inglês aqui. https://www.youtube.com/watch?v=Mg-ZVIk0x-Q EnapFundação Escola Nacional de Administração Pública 23 Que tal ter uma visão atual sobre a chamada “paralisia” do órgão de solução de controvérsias da OMC? Ouça aqui o podcast do Women Inside Trade (WIT). 1.5 Estrutura Governamental em Defesa Comercial Nos termos do Decreto 11.340 de 1º de janeiro de 2023, que estruturou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e do Decreto nº10.044/2019 que instituiu a CAMEX, o processo de aplicação de uma medida de Defesa Comercial envolve basicamente as autoridades principais, conforme detalhado na imagem a seguir. Principais autoridades em Defesa Comercial no Brasil. Fonte: Brasil (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! https://anchor.fm/womeninsidetrade/episodes/WITcast---WTO-Dispute-Settlement---a-Holistic-Approach-Geneve-Trade-Week-Debate-ekntkd 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BRASIL. Decreto nº 11.427, de 2 de março de 2023. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e remaneja e transforma cargos em comissão e funções de confiança. Brasília, DF: Presidência da República, 2023a.Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023- 2026/2023/Decreto/D11427.htm#art6. Acesso em: 02 mai. 2023. BRASIL. Decreto nº 11.428, de 2 de março de 2023. Dispõe sobre a Câmara de Comércio Exterior - CAMEX. Brasília, DF: Presidência da República, 2023b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/D11428. htm. Acesso em: 22 jun. 2023. BRASIL. Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992. Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l8490.htm. Acesso em: 26 jan. 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Secretaria de Comércio Exterior. Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público. Guia externo de investigações antidumping [recurso eletrônico]. 3ª ed. Brasília, DF: SDCOM, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/ assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/ guia-ad-consolidado-final.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023. BRASIL. Secretaria de Comércio Exterior. Disponível em: https://www.gov.br/ produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior. Acesso em: 4 mai. 2023. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 27 out. 2022. IRWIN, Douglas; MAVROIDIS, Petros C.; SYKES, Alan O. The Genesis of the GATT. Nova Iorque: Oxford University Press, 2006, p. 176. MATSUSHITA, Mitsuo; MAVROIDIS, Petros C.; SCHOENBAUM, Thomas J. The World Trade Organization: Law, Practice, and Policy. 2a Edição. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2008, p. 9. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. A Handbook on the WTO Dispute Settlement System. Cambridge University Press, 2004, p. 2-9. Referências https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Decreto/D11427.htm#art6 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Decreto/D11427.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/D11428.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/D11428.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8490.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8490.htm https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25 PRADO, Victor Luiz do. Mecanismo de Solução de Controvérsias: Fonte de Poder e de Problemas na OMC. In: THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos (Orgs.). O Brasil e os Grandes Temas do Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2005, pág. 265-266. STORYSET. [Banco de Ilustrações]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em: https:// www.freepik.com/. Acesso em: 21 mar. 2022. WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). Agreement on Implementation of Article VI of the General Agreement on Tariffs and Trade 1994. 2023a. Disponível em: https:// www.wto.org/english/docs_e/legal_e/19-adp_01_e.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). Agreement on Safeguards. 2023b. Disponível em: https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/25-safeg_e.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). Agreement on Subsidies and Countervailing Measures. 2023c. Disponível em: https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/24- scm_01_e.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). Anti-dumping, subsidies, safeguards: contingencies, etc. 2023d. Disponível em: https://www.wto.org/english/thewto_e/ whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. https://www.freepik.com/ https://www.freepik.com/ https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/19-adp_01_e.htm https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/19-adp_01_e.htm https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/24-scm_01_e.htm https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/24-scm_01_e.htm https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: Apoio ao Exportador Brasileiro Investigado em Processos de Defesa Comercial no Exterior Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você deve ser capaz de identificar a estrutura governamental de apoio ao exportador brasileiro investigado. 2.1 Estrutura Governamental que Auxilia Exportadores Brasileiros em Investigações de Outros Países No Brasil, o acompanhamento das investigações de Defesa Comercial iniciadas por outros países contra produtores brasileiros é realizado por três principais atores. Conheça-os com detalhes a seguir. O Departamento de Defesa Comercial (DECOM), por meio da Coordenação-Geral de Antidumping, Salvaguardas e Apoio ao Exportador (CGSA). O DECOM é a autoridade investigadora brasileira e também possui atribuição legal, conforme o inciso XII do art. 96 do Anexo I ao Decreto nº 9.745, de 2019, para acompanhar as investigações de Defesa Comercial iniciadas por terceiros países contra as exportações brasileiras e prestar assistência à defesa do exportador, em articulação com outros órgãos e entidades públicas e privadas (BRASIL, 2023). A ação do DECOM na defesa do exportador brasileiro investigado no exterior é eminentemente técnica e inclui, dentre outras atividades, a elaboração de manifestações a respeito das decisões de autoridades de Defesa Comercial estrangeiras. A Divisão de Defesa Comercial e Salvaguardas (DDF), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), sediada em Brasília. A DDF/MRE possui competência, nos termos da Portaria MRE nº 212, de 30 de abril de 2008, de acompanhar investigações em matéria de Defesa Comercial e salvaguardas iniciadas por autoridades estrangeiras contra exportadores brasileiros e de prestar o apoio necessário às empresas exportadoras brasileiras, em conjunto com a autoridade investigadora brasileira. Além disso, também cabe ao MRE,por meio da Divisão de Contenciosos Comerciais (DCCOM), atuar quando há suspeita de violação de regras no âmbito dos Acordos da OMC e uma solução negociada não é encontrada. Nesses casos a DCCOM detém a prerrogativa de conduzir contenciosos no Sistema de Solução Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27 de Controvérsias da OMC, com a colaboração técnica do DECOM. Ademais, a DDF/MRE centraliza e compartilha as comunicações com as embaixadas brasileiras que estiverem acompanhando casos de Defesa Comercial. As embaixadas e outras missões diplomáticas brasileiras no exterior, também subordinadas ao MRE, localizadas nos países das autoridades investigadoras estrangeiras. As embaixadas brasileiras também atuam no monitoramento das investigações, recebem e retransmitem as comunicações oficiais das autoridades, participam das audiências públicas representando o Governo Brasileiro e fazem gestões diretas junto às autoridades de Defesa Comercial estrangeiras. É de fundamental importância o papel realizado pelas embaixadas no sentido de acompanhar as atuações das autoridades de Defesa Comercial estrangeiras e de notificar a DDF/MRE e o DECOM com a máxima brevidade. Isso porque, tendo em vista os prazos das investigações previstos nos acordos e nas regulamentações locais de cada autoridade investigadora, a comunicação fluida e rápida entre os atores envolvidos auxilia para que as exportações brasileiras não sejam prejudicadas pela perda de prazos e ritos processuais. Observe no quadro um breve resumo do que você acabou de estudar acerca da estrutura governamental que auxilia exportadores brasileiros em investigações de outros países. Principais órgãos de apoio ao exportador brasileiro investigado. Fonte: Brasil (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A coordenação entre DECOM, DDF/MRE e embaixadas oferece suporte aos exportadores brasileiros potencialmente envolvidos em investigações de dumping, de subsídios e de salvaguardas realizadas por autoridade investigadora de Defesa Comercial estrangeira ou que se encontram sujeitos a medidas de Defesa Comercial decorrentes dessas investigações. Dentre as principais atividades de suporte desses entes, encontram-se as seguintes: • O compartilhamento imediato, por parte da DDF/MRE para o DECOM, das informações recebidas das embaixadas do Brasil no exterior acerca das investigações em curso contra exportações brasileiras. • A acreditação, pelas embaixadas brasileiras no exterior, do Governo Brasileiro como parte interessada nos processos de investigação contra exportações brasileiras. • A identificação, pelo DECOM, das empresas exportadoras brasileiras potencialmente afetadas pela investigação. • O contato, por parte do DECOM, com as empresas exportadoras brasileiras potencialmente afetadas pela investigação (por carta, e-mail e/ou ligação), com a notificação inicial a respeito dos prazos e das principais fases do processo de investigação iniciado, bem como a prestação de esclarecimentos acerca das regras multilaterais aplicáveis à investigação. • A sensibilização, pelo DECOM, das empresas exportadoras brasileiras sobre a importância de participarem ativamente dos processos em que são partes interessadas, submetendo respostas aos questionários e enviando as demais informações solicitadas pelo governo do país importador. • A disponibilização, pelo DECOM, de agenda para audiências com as partes interessadas que queiram esclarecer dúvidas. • A elaboração pelo DECOM de propostas de manifestações técnicas, que após revisão pela DDF/MRE, são submetidas documentalmente à autoridade investigadora de Defesa Comercial estrangeira, em nome do Governo Brasileiro. As manifestações se restringem a aspectos relacionados à legalidade e ao cumprimento de acordos multilaterais. • A participação presencial, pelo DECOM e/ou pela DDF/MRE e/ou pela embaixada, em audiências das investigações conduzidas pela autoridade de Defesa Comercial estrangeira. • A participação presencial, pelo DECOM, em verificações in loco nas empresas exportadoras brasileiras, quando solicitado por tais empresas. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29 • A realização, pelo DECOM e/ou pela DDF/MRE e/ou pela embaixada, de consultas diretas com a autoridade de Defesa Comercial estrangeira no acompanhamento da investigação. • A realização, pela DDF/MRE e/ou pela embaixada, de gestões políticas em foros bilaterais, regionais e multilaterais, conforme o caso. • A realização, pelo DECOM e/ou pela DDF/MRE e/ou pela embaixada, de reuniões bilaterais técnicas presenciais ou a distância com a autoridade de Defesa Comercial estrangeira. • Em casos de investigação de subsídios acionáveis por autoridades estrangeiras, a coordenação, pelo DECOM e/ou pela DDF/MRE, da coleta de informações e consolidação das respostas de programas governamentais e políticas públicas brasileiras. Dessa forma, a coordenação entre DECOM, DDF/MRE e embaixadas resulta em atividades em duas principais frentes, conforme demonstrado a seguir. Que bom que você encerrou esta etapa de estudos! Chegou a hora de testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons estudos! 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Secretaria de Comércio Exterior. Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público. Guia externo [de] apoio ao exportador brasileiro investigado em processos de defesa comercial no exterior [recurso eletrônico]. Brasília, DF: SDCOM/ Ministério da Economia, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e- comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse- publico/arquivos/guias/guia-externo-apoio-exportador. Acesso em: 11 jan. 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços . Legislação geral. Brasília, DF [2022]. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e- comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse- publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral. Acesso em: 26 jun. 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Secretaria de Comércio Exterior. Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público. Guia externo de investigações antidumping [recurso eletrônico] 3ª ed. Brasília, DF: SDCOM, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/ assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/ guia-ad-consolidado-final.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023. Referências https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-externo-apoio-exportador https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-externo-apoio-exportador https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-externo-apoio-exportador https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdfhttps://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 Módulo Investigações Antidumping: Teoria e Prática 2 O Módulo 2 tem como principal objetivo apresentar os principais conceitos relacionados às investigações antidumping, sem a pretensão de exaurir o tema por completo. Ele foi dividido em 7 temas que apresentarão as legislações nacionais e internacionais vigentes sobre o assunto, além de abordar aspectos conceituais e metodológicos, tanto gerais quanto específicos, sobre os principais elementos de uma investigação de dumping e de uma revisão de final de período. Medida antidumping é o “remédio comercial”. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Para começar, não perca de vista que a medida antidumping é o “remédio comercial” mais aplicado pelos países membros da OMC. No Brasil, ela representa mais de 90% do universo de medidas de Defesa Comercial que são recomendadas para aplicação pela autoridade investigadora nacional, o DECOM. 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Um dos “produtos” finais da Rodada Uruguai foi o Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT (Acordo Antidumping ou Anti-Dumping Agreement - ADA). O acordo buscou formalizar os meios para que os governos dos países membros da OMC pudessem reagir ao ao dumping, por meio da aplicação de medidas antidumping. Em termos gerais, o Acordo Antidumping da OMC é a base inicial que permite que os governos atuem contra o dumping quando houver dano à indústria doméstica concorrente do produto importado. Para tanto, o governo deve ser capaz de mostrar que ocorreu o dumping, calcular a extensão desse dumping (o quanto menor é o preço de exportação comparado ao preço do mercado interno do exportador, que é considerado o valor normal) e mostrar que o dumping está causando prejuízo à sua indústria doméstica ou ameaçando causá-lo. Analise as abas a seguir que tratam do cálculo do dumping. Unidade 1: Legislação Internacional e Nacional sobre Antidumping Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você deve ser capaz de reconhecer o arcabouço normativo internacional e nacional sobre antidumping, objetivando uma maior compreensão a respeito da base legal que ampara uma investigação antidumping. 1.1 Legislação Internacional sobre Antidumping (Acordo Antidumping da OMC) Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 O Artigo VI do GATT 1994 permite que os Membros tomem medidas contra o dumping e o Acordo Antidumping busca disciplinar as medidas permitidas pelo Artigo VI de forma consonante. Ambas as disciplinas permitem que os países ajam de uma maneira que normalmente violaria os princípios do GATT, tanto de previsibilidade (princípio da previsibilidade) de acesso a mercados, entre outros meios, pela consolidação dos compromissos tarifário (tariff binding), quanto de não discriminação entre parceiros comerciais (princípio da Nação Mais Favorecida – NMF), ao permitir a cobrança do direito antidumping em importação de produto específico, do país exportador específico, para trazer seu preço mais próximo do “valor normal” ou para remover o dano à indústria doméstica do país importador. A ata final que incorporou os resultados da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais Multilaterais do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – GATT da OMC, foi aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgada pelo Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994. Esse é o Decreto que incorpora o Acordo sobre a implementação do Artigo VI do GATT 1994 (Acordo Antidumping) ao ordenamento jurídico nacional. Leia agora com atenção as principais normativas sobre antidumping no Brasil. O texto do Acordo Antidumping pode ser encontrado aqui. Recomenda-se a leitura integral do Acordo Antidumping disponível aqui. A versão em português pode ser encontrada no Decreto Legislativo nº 30, de 15 de dezembro de 1994, promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994. Aprofunde-se! 1.2 Legislação Nacional sobre Antidumping (Decreto 8.058/2013 e Portarias) https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/19-adp_01_e.htm https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/copy2_of_SDCOMMECUM_VERSOFINAL.pdf 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Lei n° 9.019, de 30 de março de 1995 Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013 Portaria SECEX nº 162, de 6 de janeiro de 2022 Decreto nº 9.745, de 9 de abril de 2019 A Lei n° 9.019, de 30 de março de 1995, prevê a forma de aplicação e de cobrança dos direitos antidumping provisórios e definitivos, bem como as competências para a apuração da margem de dumping, para a fixação e cobrança dos direitos e a suspensão de sua exigibilidade, para a celebração de compromisso de preços e em hipóteses de extensão de medidas antidumping em caso de constatação de práticas omissivas (BRASIL, 1995). Já o Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013, é o principal documento que regulamenta os procedimentos administrativos brasileiros relativos à investigação e à aplicação de medidas antidumping, detalhando prazos, metodologias e critérios de análise a serem seguidos durante tais procedimentos. Destaque-se que esse Decreto não apenas incorpora a normativa multilateral acordada em sede da OMC, mas também define exigências adicionais (conhecidas como regras “WTO Plus”) para as investigações antidumping brasileiras. O art. 39 do Decreto nº 8.058, de 2013, prevê que a “SECEX publicará ato por meio do qual tornará públicas as informações que deverão constar da petição, assim como o formato para sua apresentação” (BRASIL, 2013). Como você viu, o Decreto nº 8.058 prevê que a SECEX tornará públicas as informações e formato de apresentação da petição. Por essa razão, foi publicada a Portaria SECEX nº 162, de 6 de janeiro de 2022, que dispõe, entre outros elementos relacionados às investigações antidumping, sobre as informações necessárias para a elaboração de petições de investigações originais antidumping e de petições de revisões de final de período (BRASIL, 2022). O Decreto nº 9.745, de 9 de abril de 2019, alterado pelo Decreto nº 10.072, de 18 de outubro de 2019, e nº 10.044, de 4 de outubro de 2019, por sua vez, atribui de forma mais detalhada as competências relacionadas às investigações antidumping e o processo decisório delas decorrente (BRASIL, 2019). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 Parte A (Normas Gerais de Defesa Comercial)/ Parte B (Normas Específicas de Antidumping) A legislação em vigor sobre antidumping pode ser vista aqui por você. Recomenda-se a leitura do #SDCOMMecum. Fonte: Guia externo de investigações antidumping (2020) https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/copy2_of_SDCOMMECUM_VERSOFINAL.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BRASIL. Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013. Regulamenta os procedimentos administrativos relativos à investigação e à aplicação de medidas antidumping; e altera o Anexo II ao Decreto nº 7.096, de 4 de fevereiro de 2010, que aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Brasília, DF: Presidência da República, 2013. Disponível em:http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d8058.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. BRASIL. Decreto nº 11.427, de 2 de março de 2023. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e remaneja e transforma cargos em comissão e funções de confiança. Brasília, DF: Presidência da República, 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023- 2026/2023/Decreto/D11427.htm#art6. Acesso em: 05 mai. 2023. BRASIL. Lei nº 9.019, de 30 de março de 1995. Dispõe sobre a aplicação dos direitos previstos no Acordo Antidumping e no Acordo de Subsídios e Direitos Compensatórios, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1995. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9019.htm. Acesso em: 26 jun. 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Secretaria de Comércio Exterior. Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público. Guia externo de investigações antidumping [recurso eletrônico] 3ª ed. Brasília, DF: SDCOM, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/ assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/ guia-ad-consolidado-final.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Secretaria de Comércio Exterior. Portaria SECEX nº 162, de 6 de janeiro de 2022. Dispõe sobre as normas gerais utilizadas nos processos de defesa comercial previstos nos Decretos nº 1.488, de 11 de maio de 1995, nº 8.058, de 26 de julho de 2013, nº 9.107, de 26 de julho de 2017 e nº 10.839, de 18 de outubro de 2021, e nos acordos comerciais em vigor no Brasil [...]. Brasília, DF: ME, 2022a. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-secex-n-162-de-6-de- janeiro-de-2022-372413925. Acesso em: 11 jan. 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Legislação geral, Brasília, DF, [2022b]. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e- comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse- publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral. Acesso em: 26 jun. 2023. Referências http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d8058.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d8058.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Decreto/D11427.htm#art6 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Decreto/D11427.htm#art6 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9019.htm https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/arquivos/guias/guia-ad-consolidado-final.pdf https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-secex-n-162-de-6-de-janeiro-de-2022-372413925 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-secex-n-162-de-6-de-janeiro-de-2022-372413925 https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-geral Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 BRASIL. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Legislação sobre antidumping. [Portal Gov.br]. 2022c. Disponível em: https:// www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio- exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/ legislacao-sobre-antidumping. Acesso em: 26 jun. 2023. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 27 out. 2022. WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). Agreement on Implementation of Article VI of the General Agreement on Tariffs and Trade 1994. 2023. Disponível em: https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/19-adp_01_e.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). Anti-dumping, subsidies, safeguards: contingencies, etc. 2023. Disponível em: https://www.wto.org/english/thewto_e/ whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm. Acesso em: 10 jan. 2023. https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-sobre-antidumping https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-sobre-antidumping https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-sobre-antidumping https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/defesa-comercial-e-interesse-publico/legislacao-roteiros-e-questionarios/legislacao-sobre-antidumping https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: Aspectos Conceituais Gerais em Investigações Antidumping Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade espera-se que você entenda alguns dos conceitos fundamentais relacionados às investigações antidumping, como o de produto objeto, produto similar, indústria doméstica, nacional, subnacional e fragmentada, além de entender como é realizada a análise das importações. 2.1 Produto Objeto e Produto Similar O objetivo desta unidade é apresentar de forma introdutória os conceitos de produto objeto da investigação, produto similar, indústria doméstica, nacional, subnacional e fragmentada, além de demonstrar como é realizada a análise das importações. O conceito de mercado brasileiro e consumo nacional aparente também será abordado para melhor compreensão da análise das importações. Siga firme nos estudos e vamos começar! Produto Objeto da investigação Daremos início aos estudos deste tema convidando você a ler com atenção o trecho desta matéria jornalística sobre “Produto objeto da investigação”. Acompanhe! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 Produto objeto. Fonte: Santos, Bianchini e Salles (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Produto objeto de investigação. Fonte: Brasil (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Pode-se afirmar que o produto objeto da investigação, tendo como base sua análise, é aquele originário dos países nos quais se localizam os produtores ou exportadores investigados e exportado para o Brasil, englobando produtos idênticos ou que apresentem: • (A) características físicas ou composição química; • (B) características de mercado semelhantes, conforme disposição do art. 10 do Decreto nº 8.058, de 2013. 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O produto objeto de revisão de final de período normalmente será igual ao produto objeto de uma investigação antidumping original. Contudo é possível que em determinados casos o escopo do produto objeto da revisão seja reduzido, o que pode ocorrer por vários motivos. • Uma possibilidade seria a de a própria indústria domésticaconsiderar que não há necessidade de manter o mesmo escopo da investigação original. • Outra possibilidade seria a de a autoridade investigadora concluir, inclusive ex officio (por obrigação legal da função), com base nos elementos de prova presentes nos autos, que a redução de escopo se justifica. Para encerrar este tema, saiba que sob nenhuma hipótese o escopo do produto objeto da revisão será aumentado, uma vez que isto equivaleria a estender a aplicação de uma medida antidumping para produtos que não foram analisados anteriormente. Nestes casos uma nova petição de início de investigação antidumping contendo estes produtos deve ser apresentada. Produto Similar Nos termos do art. 9º do Decreto nº 8.058, de 2013, é considerado similar o produto idêntico, igual sob todos os aspectos ao produto objeto da investigação ou, em sua ausência, outro produto que embora não exatamente igual sob todos os aspectos apresente características muito próximas às do produto que está sendo analisado. A similaridade será avaliada com base em critérios objetivos como matérias-primas; composição química; características físicas; normas e especificações técnicas; processo de produção; usos e aplicações; grau de substitutibilidade; canais de distribuição; ou outros critérios definidos na investigação. Assim, poderão ser considerados similares ao produto objeto da investigação: os produtos brasileiros considerados na análise do dano (confeccionados pela indústria doméstica) e na produção nacional (confeccionado pelos outros produtores nacionais), os produtos importados das demais origens não investigadas e os produtos considerados para fins de cálculo do valor normal (produto confeccionado pelo produtor/exportador da origem investigada vendido no mercado interno do país de origem ou exportado para terceiros países). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 Que tal analisar um exemplo? Em uma investigação de dumping em que se define que o produto investigado é o alho comum exportado da China para o Brasil, o produto similar ao importado seria: o alho comum produzido na indústria doméstica brasileira pelos outros produtores nacionais de alho comum; o alho comum importado de todas as origens, com exceção da China; e o alho comum vendido pelo produtor chinês, tanto em seu mercado interno quanto exportado para terceiros países que não o Brasil. Critérios para análise de similaridade. Fonte: Brasil (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023). 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A resolução CAMEX nº 51, de 23 de junho de 2016 – aplicou direitos antidumping definitivos às importações brasileiras de lona de PVC oriundas da China e da Coreia do Sul – disponível aqui. Avaliação de similaridade entre o produto objeto da investigação confeccionado pela empresa sul-coreana Starflex, a partir de PVC reciclado, e o produto similar nacional confeccionado com PVC convencional. Ler os itens: 2.1 Do produto objeto da investigação; 2.1.2 Do produto fabricado pela Starflex; 2.4.1 Das manifestações acerca dos produtos e da similaridade; 2.4.2 Dos comentários acerca das manifestações e 2.5 Da conclusão a respeito do produto e da similaridade. 2.2 Conceito de Indústria Doméstica Indústria Doméstica Já foi mencionado a você, durante o curso, o conceito de indústria doméstica. Agora é hora de se aprofundar! Nos termos do art. 34 do Decreto nº 8.058, de 2013, considera-se como indústria doméstica a totalidade dos produtores nacionais de produto similar doméstico ou, quando não for possível reunir a totalidade desses produtores e desde que devidamente justificado, o conjunto de produtores cuja produção conjunta constitua parcela significativa da produção nacional do produto similar doméstico. Nesse sentido, conforme previsto no art. 35 do citado Decreto, poderão ser excluídos do conceito de indústria doméstica: 1 os produtores domésticos associados ou relacionados aos produtores estrangeiros, aos exportadores ou aos importadores, somente nos casos em que houver suspeita de que este vínculo leva o produtor a agir diferentemente da forma como agiriam os produtores que não têm tal vínculo; e 2 os produtores cuja parcela das importações do produto alegadamente importado a preço de dumping for significativa em comparação com o total da produção própria do produto similar. Cumpre frisar que a exclusão dos produtores nacionais supracitados não é obrigatória” (BRASIL, 2013). http://www.camex.gov.br/resolucoes-camex-e-outros-normativos/58-resolucoes-da-camex/1650-resolucao-n-51-de-23-de-junho-de-2016 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43 Acompanhe a seguir os detalhes conceituais do que será considerado indústria doméstica e o que pode ser excluído dessa categoria. Deve-se ressaltar que para que uma petição de investigação antidumping seja aceita pelo DECOM ela precisa ser apresentada pela indústria doméstica, ou em seu nome, nos termos do art. 37 do Decreto nº 8.058, de 2013 (BRASIL, 2013). Por essa razão, é essencial que produtores nacionais que ajam de forma distinta em razão de sua vinculação econômica possam ser excluídos do conceito de indústria doméstica, sem que essa exclusão afete seu grau de representatividade. Estão disponíveis aqui informações adicionais que você pode conhecer a respeito dos assuntos Indústria Nacional, Indústria Subnacional e Indústria Fragmentada. https://articulateusercontent.com/rise/courses/Gy93YxPB3HXgNbJFjvbi1IJKx8YmVZy2/QZQYIH59y6UhP2QU-1.%2520Leitura%2520Complementar_%2520Ind%25C3%25BAstria%2520Nacional%252C%2520Ind%25C3%25BAstria%2520Subnacional%2520e%2520Ind%25C3%25BAstria%2520Fragmentada.pdf 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Resolução GECEX nº 193, de 28 de abril de 2021 – Prorrogou o direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 (cinco) anos, aplicado às importações brasileiras de tubos de plástico para coleta de sangue a vácuo originárias da China, dos Estados Unidos da América e do Reino Unido – disponível aqui. Trata-se de um exemplo de desconsideração de produtor doméstico do conceito de indústria doméstica em razão de associação com produtor/exportador estrangeiro. Ler os itens: 4. DA INDÚSTRIA DOMÉSTICA; 4.1 Das manifestações acerca da definição da indústria doméstica; e 4.2 Dos comentários do DECOM acerca das manifestações. 2.3 Análise das Importações Levando em consideração que a importação é uma alternativa de diversificação de fornecimento de insumos e matérias-primas, como funciona a análise das importações do produto objeto da investigação? Nos termos do §1º do art. 30 do Decreto nº 8.058, de 2013, o exame do volume das importações do produto objeto da investigação considerará se houve aumento significativo dessas importações, tanto em termos absolutos quanto em relação à produção ou ao consumo no Brasil, durante o período de investigação do dano (BRASIL, 2013). Cumpre frisar que as importações do produto objeto da investigação correspondem especificamente às importações do produto originárias dos países sujeitos à investigação. Na análise em termos absolutos, observa-se tanto o comportamento do volume quanto do valor das importações do produto. Isso é feito em relação às importações originárias dos países investigados; às originárias dos demais países e às importações totais do produto. Por exemplo, vamos considerar que a investigação seja contra a importação de canetas esferográficas da China. Esses comportamentos são analisados individualmente, bem como em comparação um com o outro, a fim de avaliar se houve aumento absoluto significativo das importações de canetas esferográficas da China; também se houve aumento da participação dessas importações nas importações totais de canetas esferográficas; e, por fim, se houve aumento dessas importações em relação às importações de canetas esferográficas provenientes das demais origens. https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-gecex-n-193-de-28-de-abril-de-2021-316882868
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