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Do Acordo de Não Persecução Penal

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Curso de Graduação em Direito
PROCESSO PENAL
Do Acordo de Não Persecução Penal – (ANPP)
Aluno: Luciam Werner Lima
1210202352
Professora: Drª. ADRIANA Marinho
Cabo Frio 2023
Do Acordo de Não Persecução Penal – ANPP
Introdução
A lei elaborou o chamado “ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL”, ou seja, o plea bargain brasileiro. O MP (Ministério Público) tem o poder-dever de oferecer Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), se o crime for cometido sem violência ou grave ameaça e que tenha pena mínima inferior a 4 anos, além das condições estabelecidas, no art. 28-A, in verbis:
“Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
No acordo o Promotor deverá definir todas as cláusulas às quais o suspeito deverá se submeter de forma clara, objetiva e proporcional em relação aos fatos, devendo dar ao suspeito um prazo para se manifestar juntamente com sua defesa técnica. No caso de acordo, nada impede que a defesa técnica proponha ao MP um ajuste desta ou daquela cláusula com o objetivo de adequar as necessidades do investigado ao próprio acordo. Não devemos perder de vista que se trata de um acordo e não de uma tributação.
O Juiz é que tem a competência jurisdicional, pois haverá pena de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, na forma do art. 46 do Código Penal e multa, a ser estipulado nos termos do art. 45 Código Penal, a entidade pública ou de interesse social, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito. 
A possibilidade de arquivamento não parece ser viável neste momento, uma vez que ainda há pistas a serem seguidas pela investigação (todos os recursos disponíveis para obtenção de informações ainda não foram esgotados), mesmo sem a confissão do investigado. Assim, não será firmado um acordo de não persecução penal (ANPP).
Encontram-se indícios de autoria e prova da materialidade do fato, assim como, a confissão formal e circunstancial do investigado, contudo a infração penal foi cometida com violência e grave ameaça, não haverá acordo de não persecução penal (ANPP).
Existem indícios de autoria, prova da materialidade do fato, bem como, a confissão formal e circunstancial do investigado e se trata de infração penal cometida sem violência e grave ameaça, mas a pena mínima cominada ao crime não é inferior a 4 anos, nesta situação não haverá acordo de não persecução penal (ANPP).
Requisitos legais:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
A legislação requer a reparação do prejuízo para que seja viável um acordo de não persecução penal, exceto quando for impossível realizar tal reparação, o que caberá ao investigado provar e não apenas alegar. O ônus nesse caso recai sobre o investigado e não sobre o Ministério Público. 
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
Caso o Ministério Público tenha conhecimento de bens e direitos adquiridos como instrumentos, produto ou benefício do crime em benefício do investigado, essa informação será mencionada no acordo e o investigado deverá abrir mão deles para que o acordo seja concretizado. Por exemplo, suponha que o crime tenha sido cometido e o investigado tenha obtido vantagens patrimoniais indevidas com sua ação. Se ele desejar firmar o acordo de não persecução penal, terá que renunciar voluntariamente a todo esse patrimônio.
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
O acordo de não persecução penal exige que o investigado, se for aceito a proposta, preste serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local indicado pelo juiz da execução penal.
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
Neste inciso fica clara a ideia central do acordo de não persecução penal: se dirige a quem pode pagar a prestação pecuniária que será estipulada. É a mercantilização do direito penal. O juiz da execução irá estipular o valor a ser pago a entidade pública ou de interresse social cuja identidade seja semelhante ou igual as que foram lesadas pela prática do crime.
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, não pode o MP indicar uma condição que não seja compatível com o fato investigado, o juiz pode não homologar o acordo realizado.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
Quer dizer, para aumentar o quantum dito na lei (1/3, 2/3 etc) aumenta-se o mínimo previsto e para diminuir diminui-se o máximo previsto. Para aumentar, aumenta-se o mínimo. Para diminuir, diminui-se o máximo.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
A transação penal prevalece frente o ANPP, se couber transação penal não será possível o ANPP, primeiro verifica se cabe transação penal, se couber, faz-se a proposta de transação penal ao autor do fato. Não sendo cabível ou não aceitando a proposta o MP, em vez de oferecer denúncia como manda o art. 77 da Lei 9.099/95, faz o ANPP. 
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
A reincidência (art. 63 do CP) impossibilita a realização do ANPP, o estado não pode fazer acordo com quem vive praticando ilícito penal, reincidindo, portanto, na prática do crime, em especial se o investigado é um criminoso habitual, com reiteradas condutas criminosas e profissionais, o Estado não negocia com ele.
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
É a prescrição da reincidência do ANPP, da transação penal e da suspensão condicional da pena, o ANPP é um benefício.
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
A Lei cria aqui uma distinção que vai gerar discussões acaloradas na doutrina: crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar; e crimes praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. O importante é saber que o agente não terá direito ao ANPP.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
Em sendo um ANPP óbvio que ele tem que ser escrito, inadmissível fazê-lo oralmente. O acordo deve ser claro, espontâneo e voluntário, sem qualquer coação por parte do órgão ministerial.
§ 4º Para a homologaçãodo acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
A característica da voluntariedade é identificada pelo juiz através da oralidade na audiência, o ANPP é feito de forma escrita, mas o investigado em audiência pública irá dizer que, voluntariamente, aceitou os termos do acordo, sendo cientificado pelo juiz das consequências de aceitá-lo, tudo na presença de seu defensor.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
Caso o juiz verifique que as condições impostas ao investigado são abusivas não irá homologar o acordo. O juiz exerce o controle de legalidade do ANPP. Não cabe ao juiz fazer proposta de acordo, mas poderá não homologar o acordo abusivo fora dos limites da lei.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
O MP é quem irá postular perante o juiz da execução penal a execução do cumprimento do acordo. 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
Caso o MP e o investigado entendam que a recusa judicial à homologação é infundada caberá recurso em sentido estrito (art. 581, XXV, CPP).
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
Caso haja a recusa à homologação os autos voltam ao MP para que decida se complementa as investigações ou se oferece denúncia. Poderá também o MP decidir impugnar a recusa à homologação, através da ação de mandado de segurança por haver violação a direito liquido e certo.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.
A vítima exerce um protagonismo diferenciado no ANPP se o acordo for homologado ela será intimada para que tenha conhecimento do seu inteiro teor com o objetivo de acompanhar sua execução ou ainda ser comunicada do não cumprimento do acordo.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
O ANPP se for descumprido acarreta sua rescisão pelo juiz e oferecimento de denúncia pelo MP, como o ANPP foi descumprido poderia se entender que o MP faria proposta de transação penal. A transação penal precede o ANPP. Primeiro tenta-se a transação penal. Se aceita, homologa-se o acordo de transação penal. Se não for aceita, faz o ANPP. Mas se o réu descumpriu o ANPP não faz sentido agora fazer a ele nova proposta de transação penal. Ele não aceita e não tem comportamento adequado e compatível com qualquer possibilidade de acordo com o Estado. 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
Se o investigado não cumpriu com o ANPP por óbvio também não vai cumprir com as condições da suspensão condicional do processo ele é um inadimplente.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
O ANPP não significa culpa, o fato de o investigado aceitar a proposta de não persecução penal não induz a sua culpa e por uma razão simples: a culpa no Direito penal brasileiro somente é reconhecida se houver sentença penal condenatória transitada em julgado. O ANPP tem acordo entre MP e investigado.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade.
Efeito do acordo: se o acordo for integralmente cumprido dar-se-á a extinção da punibilidade, não há ação penal, não há processo criminal instaurado, mas mesmo assim haverá uma sentença de extinção da punibilidade, ou seja, sentença onde não há processo e sim investigação.
§ 14. “No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.”
A regra acima sofrerá uma adaptação coerente com a decisão do Ministro Luiz Fux, ou seja, ele suspendeu a eficácia do art. 28 do CPP na redação dada pela Lei 13.964/19. Logo, o investigado não irá requerer a remessa dos autos ao órgão superior do MP e sim para o PGJ (ou PGR) como já dissemos acima.
CONCLUSÃO 
Havendo indícios de autoria, prova da materialidade do fato, bem como, a confissão formal e circunstancial do investigado e se trata de infração penal cometida sem violência e grave ameaça, sendo a pena mínima cominada ao crime inferior a 4 anos, não importando se de reclusão ou detenção, será possível o acordo de não persecução penal, desde que os requisitos dos incisos I ao V estejam presentes.
Podemos afirmar que os requisitos do caput do art. 28-A são:
Não ser caso de arquivamento da investigação criminal;
Confissão formal e circunstanciada pelo investigado;
Infração penal sem violência ou grave ameaça;
Pena mínima cominada inferior a 4 anos;
Crime sem violência e grave ameaça não trata apenas da violência física ou moral, mas aquele mal causado pela conduta em si, ou seja, não é apenas a violência física direta no indivíduo, porém o resultado lesivo a sua saúde física ou mental e de toda a coletividade.
Referência bibliográfica: 
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9786559770526. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559770526/. Acesso em: 01 out. 2023.
BRASIL. Código de processo penal. Disponível em: <http://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm> Acesso em 01/10/23.
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