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Brenda Amengol 1 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL * É negocio jurídico de natureza extrajudicial, feita entre o autor do fato delituoso e o Ministério Público, devendo ser assistido por seu defensor e homologado pelo juiz, aquele confessa formalmente e circunstanciadamente a prática do delito, sujeitando-se a certas condições não privativas de liberdade, que em troca, o Parquet promove o arquivamento do feito, caso venha a ser cumprido integralmente as condições. Logo, é o acordo sob a égide do princípio da oportunidade e intervenção mínima, visando ajudar na resolução de conflitos alternativos e mais célere nos casos menos graves; economia de gastos da máquina pública, priorizando gastar em casos mais graves; diminuição dos reflexos de uma condenação ao acusado (social, moral); desafogamento do sistema carcerário. * O Acordo de Não Persecução Penal foi incluído no Código de Processo Penal no Art. 28-A, pela lei anticrime 13.964/19. Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto- Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Brenda Amengol 2 * Alguns defendem que esse acordo é inconstitucional, uma vez que o acusado confessa, podendo às vezes não cumprir o acordo mesmo já tendo ocorrido a confissão. * No Brasil, o Acordo de Não Persecução Penal, diferentemente do que ocorre em outros países, não traz a possibilidade de o acusado cumprir a pena privativa de liberdade, logo, se o acusado faz o acordo com a acusação, ele já possui a certeza de que não irá para a prisão. * O acusado irá confessar formalmente e detalhadamente como ocorreu o crime sem violência ou grave ameaça, não tendo ultrapassado a pena mínima inferior a 4 anos. Diante do preenchimento desses requisitos, o acusado terá direito ao Acordo de Não Persecução Penal, onde o promotor observa que não é caso de arquivamento e decide denunciar o acusado, mas, como há possibilidade de acordo, permite-se que o acusado confesse antes que seja feita a denúncia. Essa confissão não poderá prejudicar o acusado posteriormente, porque uma vez que esse acordo fora celebrado e homologado, cumprido todas as cláusulas, o juiz declarará extinta a possibilidade, logo o sujeito não será julgado, continuando então réu primário. * O acordo não será aplicado quando o acusado já tenha se beneficiado nos últimos cinco anos por transação penal, suspensão condicional do processo, ou ainda, por acordo de não persecução penal, o acusado não poderá se beneficiar novamente se não forem ultrapassado cinco anos depois do “histórico” do acusado. * Vale ressaltar que, o acordo de não persecução penal não será aplicado aos crimes de menor potencial ofensivo. O condenado deverá renunciar o proveito econômico dos instrumentos do delito, deverá prestar serviços à comunidade, podendo ter seu prazo reduzido de 1/3 para 2/3 da pena mínima cominada para o delito, logo, esse acordo evita que o acusado seja condenado a uma pena superior a mínima. * OBS: Sobre o tema, pontuou o professor Aury Lopes Júnior, para que seja oferecido pelo Ministério Público a lei exige que: a) não seja caso de arquivamento da investigação; b) o agente confesse o crime; c) a pena em abstrato seja inferior a 4 anos; d) não seja crime praticado com violência ou grave ameaça contra pessoa (doloso); e) não seja crime de violência doméstica f) não seja o agente reincidente; g) não seja cabível a transação; h) o agente não possua antecedentes que denotem conduta criminosa habitual (aplica-se Brenda Amengol 3 a Súmula 444 do STJ ao caso); i) não ter sido beneficiado nos últimos 5 anos com ANPP, transação ou sursis processual. Preenchidas tais condições, o representante do Ministério Público designará audiência em seu gabinete ou sede da Promotoria para as tratativas iniciais sobre discussão de que condições serão aplicadas, que vão desde a reparação do dano até a prestação pecuniária ou de serviço à comunidade, especificadas na lei. Depois disso haverá uma audiência perante o Juiz das garantias (com eficácia suspensa pela decisão liminar do Min. Fux dada na ADI 6298, até julgamento pelo Plenário do STF) que, após averiguar a presença da legalidade e voluntariedade do acordo, homologa-o. Haverá, ainda, uma terceira audiência perante o Juízo das Execuções para decidir sobre local e outros assuntos referentes ao cumprimento das condições que, ao final, terá sentença de extinção da punibilidade proferida por este mesmo Juízo, após constatação do cumprimento de todas as cláusulas do acordo pelo agente. Imiscuídas dentro desse contexto, existem questões práticas que não encontram resposta na lei e que estão aqui nominadas como “polêmicas”. * Ademais, vale ressaltar que no âmbito dos Juizados Especiais Criminais, o Acordo de Não Persecução Penal, não é possível. Já na Justiça Eleitoral e na Justiça Militar é possível, tendo em vista o art. 90-A da Lei nº. 9.099/95. Quanto aos crimes da competência do Tribunal do Júri, a situação é diversa, em razão do disposto no art. 5º., XXXVIII, "d", da CF.
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