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EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA E SEMENTES SINTÉTICAS Guerra, M.P.; Torres, A.C.; Teixeira, J.B. 1999. Embriogênese Somática e Sementes Sintéticas. In: Torres, A.C.; Caldas, L.S.; Buso, J.A. (eds.). Culturas de Tecidos e Transformação Genética de Plantas. Brasília, Embrapa-CBAB. v.2. p. 533-568. Introdução Embriogênese somática, adventícia ou assexual são têrmos usualmente empregados para designar o processo pelo qual células haplóides ou somáticas desenvolvem através de diferentes estádios embriogênicos dando origem a uma planta, sem que ocorra a fusão de gametas (Williams & Maheswaran, 1986). Este processo constitui um exemplo da expressão da totipotencialidade das células das plantas, postulado por Haberlandt (1902). O padrão de desenvolvimento de um embrião somático em dicotiledôneas apresenta muitas características morfológicas semelhantes as do embrião zigótico. Inicialmente, ambos são caracterizados pela diferenciação de uma estrutura bipolar, constituída de ápice caulinar e radicular. Ambos passam pelos estádios de desenvolvimento pró-embrionários e embrionários propriamente ditos: globular, cordiforme, torpedo e cotiledonar, num processo ontogenético que pode ser sub- dividido em 20 diferentes estágios que representam tres grandes eventos (Jurgens e Mayer, 1992). As estruturas internas do embrião somático globular e cordiforme são semelhantes aos equivalentes zigóticos; a protoderme é evidente, bem como a polaridade, e no estádio cordiforme, simetria bilateral (Smith, 1985). As principais diferenças entre os embriões somáticos e zigóticos relacionam- se com o fato de os embriões somáticos se desenvolvem livres de correlações físicas, fisiológicas e genéticas que ocorrem durante o desenvolvimento de um embrião zigótico (Zimmermann, 1993) e poderem apresentar desenvolvimento anormal. Uma particularidade dos embriões somáticos é a presença de um sistema vascular fechado, sem conecção vascular com os tecidos do explante inicial. Esta característica aliada a sua bipolaridade torna este modelo morfogenético distinto dos processos de micropropagação e de organogênese. A embriogênese somática in vitro foi descrita pela primeira vez, independentemente, por Steward et al. (1958) e Reinert (1958) em cenoura, sendo também possível induzir embriões somáticos a partir de células generativas (micrósporos) de Datura inoxia (Guha & Maheswari,1964) e Nicotiana tabacum (Nitsch & Nitsch, 1969a,b). Atualmente, a embriogênese somática foi relatada em mais de 300 espécies (Bajaj, 1995). A embriogênese somática pode ser natural e in vitro ou induzida. No primeiro caso, células dos tecidos embrionários podem ser direcionadas para esta rota de desenvolvimento morfogenético, como é o caso do sistema da embriogenia adventícia ou nucelar em Citrus sp, onde os embriões apomíticos originam-se por gemação a partir de células do nucelo que representam o genoma materno (Spiegel-Roy & Vardi, 1984). Estes embriões apomíticos são geneticamente idênticos à planta-mãe e a consequência deste fenômeno é a perpetuação de populações clonais através da semente. Na embriogênese somática in vitro ou induzida, células haplóides ou diplóides (somáticas) em diferentes estágios de diferenciação podem, se adequadamente induzidas, por estímulos ambientais ou químicos, serem reprogramadas e adquirirem novas competências morfogenéticas. A embriogênese somática in vitro é um método importante para propagação massal clonal de genótipos superiores. Além disto é uma técnica de grande aplicabilidade para os estudos básicos relacionados com a fisiologia, genética e bioquímica do desenvolvimento embrionário (Yeung, 1995). Atualmente este sistema vem sendo utilizado para a obtenção de plantas transgênicas (Prakash & Varadarajan, 1992; Gama, 1993) e sementes sintéticas (Schultheis et al., 1990). Revisões recentes, abordando diferentes aspectos sobre este tema são encontradas, entre outros, em Zimmerman (1993), Lindsey e Topping (1993), Goldberg et al., (1994), Meinke (1995), Schmidt et al., (1994) e Dodeman et al., (1997). Padrões e origem dos embriões somáticos in vitro Dois padrões básicos de expressão da embriogênese somática são comumente observados in vitro (Sharp et. al, 1980). O primeiro corresponde ao modelo direto no qual os embriões somáticos originam-se dos tecidos matrizes sem a formação de estágios intermediários de calos. Este padrão ocorre por exemplo, em células nucelares de variedades poliembriônicas de citros (Sharp et al., 1982), em embriões imaturos de Malus pumila (James et al., 1984), de Medicago sativa e Trifolium repens (Maheswaran & Williams, 1984), das palmeiras Euterpe edulis (Guerra e Handro, 1988) e em inflorescências jovens de Euterpe edulis (Guerra & Handro, 1991). Um sistema referência para este modelo é mostrado na figura 1 e foi desenvolvido por Guerra e Handro (1988 e 1991). O segundo padrão corresponde ao modelo indireto no qual os embriões somáticos se formam a partir de um tecido intermediário chamado calo, que apresenta células em diferentes estágios de diferenciação e, consequentemente com diferentes graus de determinação. Estas células podem adquirir novas competências mediadas por mensageiros químicos específicos, como será discutido mais adiante. Um exemplo clássico deste sistema é a indução da embriogênese somática em tecidos do floema secundário de cenoura Steward et al. (1958) e Reinert (1958). Independentemente do padrão direto ou indireto, as células-mães embriogênicas apresentam um conjunto de características comuns ao comportamento de células embrionárias em divisão ativa. Estas características incluem o tamanho pequeno (100-200 µm), conteúdo citoplasmático denso, núcleos grandes com nucléolos proeminentes, vacuolos pequenos e presença de grãos de amido. As propriedades histoquímicas destas células sugerem intensa atividade metabólica e de síntese de RNA (Tisserat et al., 1979; Sharp et al., 1980; Vasil, 1982). Os têrmos complexo celular pró-embrionário e massa celular suspensor-pró-embrionária devem ser empregados, respectivamente em angiospermas e gimnospermas, para designar grupos celulares embriogenéticos polimórficos, em oposição ao têrmo calo. Neste último, as células-filhas crescem de maneira desorganizada, a menos que elas tenham sido induzidas para padrões que caracterizam calos embriogênicos. Neste caso, deve-se tomar cuidados uma vez que podem ocorrer alterações genéticas causadas pelos substratos nas populações clonais originadas destes calos (Durzan, 1988). Komamine et al. (1990) empregou o têrmo ‘celula embriogenética’ para definir as células derivadas de tecidos somáticos, que atingiram a transição para um estágio em que não são mais necessários estímulos externos para produzir um embrião somático. Origem e ontogênese As circunstâncias associadas à origem a partir de células simples ou múltiplas foram propostas por Williams e Maheshwaran (1986) com base nas idéias formuladas por Sharp et al. (1980), os quais procuraram distinguir entre embriogênese somática direta e indireta. Assim, embriogênese somática direta passou a ser considerada para aqueles explantes que sofreram poucas divisões celulares antes da indução embriogenética. Embriogênese somática indireta seria aquela na qual os explantes passaram por um período longo de proliferação desorganizada, na forma de calos, antes da indução embriogenética propriamente dita. Sharp e seus colaboradores sugeriram que a embriogênese somática direta era característica de explantes nos quais as células eram pré-determinadas para a rora embriogenética, como consequência da retenção de algumas propriedades das células mersitemáticas parentais, das quais as células do explante derivam. Isto poderia explicar a tendência da embriogênese somática ocorrer preferencialmente em explantes derivados de tecidos embrionários ou juvenis. Já, a embriogênese somática indireta é considerada como característica de explantesderivados de tecidos mais diferenciados, ou maduros, noa quais as células devem passar por vários ciclos antes de adquirir a condição embriogenética. Uma vez que não se dispõe ainda de marcadores confiáveis para definir `competência embriogenética´ torna-se difícil conceituar pré-determinação. Além disso, as caracteristicas associadas à embriogênese direta ou indireta não necessariamente indicam diferenças substanciais nas características e atributos nas células envolvidas nesta rota morfogenética. Morfogênese e fitorreguladores Apesar dos avanços verificados no estudo da embriogênese somática, ainda é limitada a compreensão dos estímulos e condições necessárias para a indução e controle deste processo. A possibilidade de manipulação deste sistema experimental para fins tecnológicos depende do domínio preciso de princípios de fisiologia do desenvolvimento. Desta maneira morfogênese pode ser conceituada como a integração entre os processos decorrentes da divisão e diferenciação celular. Por determinação celular define-se o processo pelo qual o potencial de desenvolvimento de uma célula torna-se limitado a uma rota específica (Christianson,1985), e por competência celular a capacidade das células reagirem a sinais (que podem ser reguladores de crescimento) específicos de desenvolvimento. Epigênese é aqui definida como a ativação seletiva e diferencial de genes (reprogramação celular), envolvendo células receptivas ou tecidos responsivos. Exemplos representativos de epigênese em plantas são a transição da fase juvenil para adulta e a camada de abscisão em pecíolos de folhas. Para a embriogênese somática um exemplo de células receptivas ou marcadas para a ativação epigenética é a camada epidérmica de explantes embrionários. Existem evidências que a iniciação de poliembriões nucelares em Citrus sp ocorre em resposta a um estímulo provocado pela alta biossíntese de fitohormônios, principalmente auxinas, que ocorre nas fases iniciais da embriogênse zigótica. Em geral, na maioria dos modelos de embriogênese induzida in vitro, as auxinas e entre elas o 2,4-D, são consideradas as substâncias responsáveis pelo desencadeamento dos processos de desdiferenciação (modelos indiretos) e rediferenciação (modelos diretos), alterando determinação e conferindo novas competências às células responsivas presentes nos explantes. Fitohormônios são uma classe de compostos químicos endógenos, facilmente transportados para células responsivas, onde estão diretamente envolvidos com o contrôle da atividade gênica em nível de transcrição e de tradução, em um grande número de processos. Supõe-se que estas células responsivas são caracterizadas pela presença de receptores, que se ligam ao fitohormônio e, subsequentemente, iniciam a resposta na célula. Estes receptores estão localizados nas membranas, no citoplasma e no núcleo e são, na maioria dos casos, de origem proteica (van der Linde, 1990). Células responsivas seriam aquelas que possuem sensibilidade, que foi definida por Trewavas (1981) como sendo a competência de um tecido em responder a um sinal específico. Os fitohormônios exercem sua ação através do reconhecimento de receptores específicos presentes em células responsivas, traduzindo sinais hormonais em eventos bioquímicos e fisiológicos. Existem similaridades nos mecanismos gerais de transmissão de sinais entre sistemas animais e vegetais, contudo, os aspectos específicos revelam diferenças marcantes. Enquanto os primeiros tem uma rota de sinais baseada principalmente no AMP cíclico, os segundos tem esta rota baseada em proteinas quiinases dependentes de cálcio, que são enzimas específicas para plantas e que não são utilizadas por animais. Além disto já está bem estabelecido o papel do cálcio e do potássio nos sistemas de mensageiros secundários em plantas (Barendse & Peeters, 1995). Tem sido proposto que a concentração de uma substância específica, presente em um compartimento celular que contém receptores para aquela substância, determina a magnitude de alguns processos regulatórios naquela célula. Aceita-se também que os reguladores de crescimento não influenciam as respostas da planta exclusivamente através de mudanças na sua concentração, mas que esta regulação também pode ser exercida através de mudanças na sensitividade das células responsivas. Desta maneira, a resposta a um determinado fitoregulador pode ser alterada por mudanças: a) no número e na afinidade dos receptores, e b) no nível de outras substâncias endógenas (Firn, 1986). Estes aspectos analisados em conjunto explicam porque determinados explantes são competentes para a embriogênese somática e outros não e porque explantes de mesma origem, coletados em diferentes períodos apresentam respostas diferentes à indução embriogenética. Traduzida desta maneira, a tão conhecida quanto vaga terminologia ‘estágio fisiológico do explante’ seria aquela condição na qual as células responsivas do explante conteriam um grande número de receptores para aqueles reguladores de crescimento presentes no meio de cultura. O mecanismo de ação das auxinas sobre processos fisiológicos, proposto por van der Linde (1990), relaciona-se com a formação de um complexo receptor proteico-hormônio no citoplasma. Este complexo migra até o núcleo da célula onde promove a ativação da RNA-polimerase, a qual aumenta a transcrição de genes envolvidos na regulação da divisão celular. O receptor é inativado por fosfatases no núcleo, liberando o grupo fosfato e a auxina, sendo subsequentemente, reciclado no citoplasma em uma conformação inativa. No citoplasma este receptor pode ser novamente ativado se a concentração de cálcio livre for suficientemente alta para ativar a respectiva proteina- quinase e se houver auxinas em concentração suficientemente alta para saturar o receptor. Com base nisto, uma hipótese a ser postulada é a de que padrões diretos de embriogênese somática seriam o resultado de uma ativação de células responsivas contendo receptores para determinado regulador de crescimento. Estas células seriam rediferenciadas para novas rotas morfogenéticas, gerando células-mães embrionárias competentes, que podem originar populações clonais de células embriogenéticas. Padrões indiretos de embriogênese somática seriam produto de uma desdiferenciação de células contendo estes receptores, gerando células calosas. Células responsivas destes calos podem, por processo de indução, adquirir competência embrionária, gerando populações clonais de células embriogenéticas. De uma maneira geral, a embriogênese somática é induzida por auxinas fortes. Neste caso, uma célula somática adquire competência para originar uma linhagen de células-filhas que irão formar embriões somáticos. O têrmo célula embriogênica tem sido empregado para designar aquelas células que já não necessitam mais de auxinas para produzir os embriões somáticos (De Jong et al., 1993). Células em transição entre célula somática e célula embriogênica são chamadas de células competentes (Toonen et al., 1994). A indução embriogenética de uma célula somática não é exclusivamente dependente do uso de reguladores de crescimento. Choques térmicos, variações nos níveis de pH e utilização de outros produtos químicos podem tambem induzir competência embriogenética em células somáticas (Toonen et al., 1996). Fatores que afetam a embriogênese somática Explante Em geral, quase todas as partes da planta podem ser usadas na indução da embriogênese somática: ápices caulinares (Cantliffe et al. 1987; Chee & Cantliffe, 1988), hipocótilos (Halperin, 1966); discos foliares (Sondahl & Sharp, 1977); segmentos foliares (Rabéchault et al., 1970; Ahée et al., 1981); inflorescências (Chu et al. 1984), raízes (Okamura et al. 1973), entre outros. Em batata-doce cultivar "White Star", os ápices caulinares são excelentes explantes para indução da embriogênese somática por apresentarem alta frequência de produção de calosembriogênicos (Cantliffe et al., 1987). Uma vantagem adicional deste explante é relaciona-se com a possível manutenção da identidade genética do material a ser propagado. Um dos tecidos com maior competência embriogênica é o tecido epidérmico de cotilédones. Na figura 4 são mostrados os estágios da embriogênese somática em Feijoa sellowiana, uma mirtácea nativa do planalto de Santa Catarina. Nesta figura pode-se observar a iniciação dos embriões somáticos diretamente sobre o tecido epidérmico cotiledonar. Composição do meio nutritivo Sais minerais Meios com alta concentração salina tais como o de MS (Murashige & Skoog, 1962), o SH (Schenk & Hildebrandt, 1972), e o B5 (Gamborg et al., 1968) têm sido usados pelos efeitos positivos no crescimento e desenvolvimento de embriões somáticos. Amirato & Steward (1971) mostraram que estruturas pró-embriônicas têm melhor desenvolvimento nestes meios quando comparados com o desenvolvimento em meio de baixa concentração salina, como o de White (White, 1943). A grande vantagem do meio MS é a presença do nitrogênio sob a forma de nitrato de amônio (Ammirato, 1983). A forma pela qual o nitrogênio é adicionado ao meio de cultura é determinante no sucesso da embriogênese somática. Sabe-se que a adição simultânea de compostos nitrogenados na forma reduzida e de nitrato têm efeito estimulatório na embriogênese somática. (Halperin & Wetherell, 1965; Reinert et al., 1967; Amirato, 1983; Gleddie et al., 1983). Nitrogênio na forma amoniacal é essencial para o desenvolvimento do pró-embrião (Halperin & Wetherell, 1965; Kato & Takeuchi, 1966) e na ausência de amônio nâo houve formação de embriões em cenoura. Para Reinert et al. (1967) a quantidade de nitrogênio no meio é mais importante do que a forma do íon, observando-se a formação de embriões em cultura de tecidos de cenoura tanto em presença de KNO3 quanto de NH4NO3 . Em meio contendo nitrato a adição dos aminoácidos L-glutamina; ácido L-glutâmico e α-alanina favorece a produção de maior número de embriões somáticos formados e com melhor qualidade, quando comparado com os resultados obtidos em meio suplementado com o ion amônia (Kamada & Harada, 1979; Higashi et al., 1997). Para mostrar os diferentes efeitos dos aminoácidos e do íon amônio foi medida a atividade da sintetase da glutamina (enzima chave na assimilação do nitrogênio). A atividade desta emzima decresce durante os últimos estádios de desenvolvimento do embrião (Higashi et al., 1997). O potássio é outro íon fundamental para a embriogênese somática. Maior número de embriões formados foi obtido pela inclusão de KH2PO4 ao meio contendo uma fonte de nitrogênio reduzido Reinert et al., 1967). A exigência por potássio também foi mostrada por Brown et al. (1976) em cultura de células de cenoura, onde o número de embriões produzidos se correlacionava com o aumento da concentração de potássio no meio de cultura. Para Ipomoea batatas a proliferação de calo embriogênico foi maior em meio suplementado com 30μM de KCl (Cantliffe, 1992). O uso de quelatos de ferro pode favorecer o desenvolvimento de embriões somáticos in vitro. Desenvolvimento dos embriões após o estádio globular foi inibido em meio desprovido de ferro (Ammirato, 1983). O desenvolvimento normal de embriões androgênicos em Nicotiana tabacum (Nitsch, 1969b; Havranek & Vagera, 1979) só ocorreu na presença de ferro no meio de cultura Com relação ao cálcio, a forma em que este elemento é adicionado ao meio influencia o processo da embriogênese. Tazawa & Reinert (1969) observaram que a adição de 28,4 mM de Ca(NO3)2 no meio de cultura inibia a embriogênese somática em cenoura. Concentrações de sódio entre 46-83 mM não mostraram nenhum efeito na embriogênese somática de cenoura (Tazawa & Reinert,1969). Por outro lado, Wetherell & Dougall (1976) observaram inibição da embriogênese na presença de sais de sódio. Tem sido demonstrado que com a otimização e balanceamento adequados dos meios de cultura feito por torna-se possível a redução na concentração dos reguladores de crescimento nestes meios Preece (1995). Em alguns casos a combinação precisa entre a composição do meio de cultura e o estágio fisiológico do explante pode até mesmo eliminar a necessidade de suplementação de reguladores de crescimento, como é o caso da indução de culturas poliembriogenéticas do Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia) à partir de explante de pró-embriões zigóticos (Guerra, M.P., dados não publicados) cultivados em meio LP (von Arnold & Erikson, 1981). Para a embriogênese somática normalmente são empregados pelo menos dois diferentes meios de cultura. O primeiro meio é otimizado visando a indução da embriogênese somática, enquanto que o segundo meio visa permitir o desenvolvimento dos embriões somáticos. As condições que favorecem a primeira fase geralmente, inibem a segunda. Carboidratos Vários trabalhos têm observado os efeitos da concentração e tipo de carboidratos na embriogênese somática. Infelizmente, nestes estudos não se determinou se o efeito dos carboidratos ocorre na iniciação ou no desenvolvimento dos embriões. A sacarose tem é a fonte de carboidrato mais usada para a embriogênese somática, embora outros mono e dissacarídios possam ser utilizados. A concentração de sacarose influencia nos processos de iniciação e diferenciação dos embriões somáticos, uma vez que o seu metabolismo em plantas é regulado por um grupo de genes (sacarose sintase e sacarose invertase) cujas respostas são moduladas de acordo com a variação da sua concentração (Koch et al., 1995). Em geral a concentração de 3% de sacarose é satisfatória para os processos de iniciação e diferenciação. Em algumas situações, por exemplo, em Ipomoea batatas a transferência dos calos embriogênicos para meio desprovido de substância reguladora de crescimento, deve ser acompanhada da redução da concentração de sacarose para 1,6% para favorecer a produção de embriões e sua conversão em plantas (Cantliffe, 1992). Homes (1967) observou em cenoura o aumento no número de embriões formados com o aumento da concentração de glucose do meio nos níveis de 0 a 10%. Essa correlação também foi mostrada em cultura de células de Ranunculus onde o número máximo de embriões formados foi em meio com até 2% de sacarose; concentração de 5% deste açucar inibia ligeiramente este processo (Konar & Nataraja, 1969). Masuda et al. (1981) observaram que sacarose ou maltose foram os carboidratos mais efetivos na indução de embriogênese somática em cenoura, quando comparados com glucose, manose, rafinose e glucose + frutose. Substâncias reguladoras de crescimento Atenção tem sido dada ao tipo, concentração e período de tempo em que os reguladores de crescimento são mantidos na cultura, objetivando minimização da sua concentração e tempo de exposição (Ammirato, 1989). As auxinas e citocininas, estas nem sempre necessárias, têm papel fundamental na embriogênese somática de várias espécies de plantas. Algumas espécies necessitam que o meio seja suplementado com ácido giberélico ou ácido abscísico para o desenvolvimento de embriões somáticos, enquanto outras não necessitam desta suplementação uma vez que o processo de indução foi estabelecido. Auxinas As auxinas estão envolvidas com a indução e a iniciação de embriões somáticos. Tem sido sugerido que as auxinas são necessárias para a formação de agregados embriogênicos a partir de células individuais expresando a totipotencia das células competentes (Komamine et al., 1992). Em muitas espécies, o processo de iniciação se verifica ao se cultivar o explante em meio com concentração relativamente elevada de 2,4-D. O desenvolvimento subsequente dos embriões somáticos ocorre após transferência do calo ou suspensão celular para meio com baixa concentração de auxinas, ou desprovido desta delas (Halperin & Wetherell, 1964; Reinolds & Murashige, 1979; Chée & Cantliffe, 1988). Isto ocorre porque após a iniciação,as auxinas, particularmente o 2,4-D, inibem o desenvolvimento subsequente dos embriões. Tem sido sugerido que a manutenção prolongada das culturas embriogênicas em meio com 2,4-D causa variações genéticas e epigenéticas que afetam o potencial embriogênico (Caligari & Shohet, 1993). Observou- se em alguns sistemas que os embriões somáticos tornam-se habituados durante períodos prolongados de sub-cultivos em 2,4-D, resultando na perda do potencial de maturação (Tautorus et al., 1991). Em Ipomoea batatas culturas submetidas a longos peródos em 2,4-D perdem a capacidade dos embriões converterem em plantas. O efeito das auxinas no desenvolvimento de embriões somáticos é primariamente inibitório, e se manifesta nos estádios subsequentes ao globular. Isto foi demonstrado pelo trabalho de Halperin e Wetherell (1964), em cenoura, em culturas mantidas em meio com 1 mg/l de 2,4-D. Newcomb & Wetherell (1970) também verificaram que, na presença de 2,4-D, os embriões somáticos se desenvolviam até o estádio de pró-embrião. Desenvolvimento posterior para os estádios globular, cordiforme, maturo e plantas adultas só ocorria em meio desprovido de 2,4-D. Citocininas As citocininas podem favorecer a produção de calo embriogênico (Chée & Cantliffe, 1988), mas, em algumas famílias, como a Umbelliferae, elas parecem não serem necessárias (Ammirato, 1983). Schenck & Hildebrandt (1972), entretanto, afirmaram que baixas concentrações de citocininas são necessárias para a embriogênese somática na maioria das culturas de células de dicotiledôneas. Em suspensão celular de soja foi mostrado que a zeatina não foi efetiva, que a benziladenina foi adequada e que a cinetina teve ótimo efeito na formação de embriões somáticos (Phillips & Collin, 1981). Recentemente, Gosukonda et al.(1993) observaram que o thiadizuron apresentou a melhor resposta para produção de embriões somáticos em batata-doce entre as várias citocininas testadas Ácido Abscísico O ácido abscísico afeta o desenvolvimento de embriões somáticos. Fujimura e Komamine (1975) observaram que embora o número total de embriões somáticos em desenvolvimento decrescia com o aumento da concentração de ácido abscísico no meio, o número de embriões que permaneciam nos estádios globular e cordiforme não se alterava. Isto indica que todo o processo de embriogênese somática foi inibido e não apenas o desenvolvimento dos embriões dos estádios precoce aos tardios. Concentrações de ABA entre 10-4 - 10-7 podem favorecer o crescimento, desenvolvimento e produção de embriões somáticos normais, evitando a germinação precoce dos mesmos (Ammirato, 1977). Quanto mais cedo se adicionar o ABA no meio de cultura, mais efetivo é o seu efeito no desenvolvimento normal dos embriões. A inclusão de ABA também, aumenta a frequencia de embriões somáticos produzidos e sua conversão em plantas (Zheng et al. 1993). Ácido Giberélico Em alguns casos, o ácido giberélico tem sido usado para a conversão de embriões somáticos em plantas. A concentração de 1 mg/l de GA3 estimulou a formação de raízes em embriões somáticos de nucela de Citrus (Button e Borgnman, 1971). Também foi demonstrado o efeito estimulador do ácido giberélico no enraizamento de embriões somáticos (Kochba et al. 1974). O GA3 nas concentrações entre 1 e 5 mg/l aumentava o enraizamento dos embriões; em combinação com sulfato de adenina (27 mg/l) e este regulador de crescimento apresentou um efeito direto na iniciação do desenvolvimento da raiz ou no desencadeamento do desenvolvimento inicial de raizes pré-formadas. Efeitos negativos de ácido giberélico no desenvolvimento de embriões somáticos de cenoura foi observado por Fujimura e Komamine (1975), onde o aumento da concentração de GA3 de 10 -8 a 10-5 M correspondia a um decréscimo no número total de embriões somáticos produzidos. Outras Substâncias Recentemente, Desamero et al. (1993) desenvolveram um protocolo de induzir embriogênese somática direta em batata-doce, a partir de explantes de ápices caulinares com 1 a 3 primórdios foliares (0.3 a 0.5 mm de tamanho), suplementado o meio de cultura com combinações de ácido picolínico (2 e 3 mg/l) e cinetina (0.25 e 1 mg/l). A embriogênese somática também pode ser induzida quando agua de côco, extratos de levedura, caseína hidrolisada são adicionadas a esta formulação básica (Kohlenbach, 1976). Concentração Osmótica O aumento da concentração osmótica do meio pela adição de sacarose, sorbitol ou manitol previne a germinação precoce e o desenvolvimento anormal de embriões somáticos em cultura de células de cenoura (Ammirato & Steward, 1971). Luz Em geral, o processo de indução e iniciação de embriões somáticos é realizado no escuro. A luz afeta o desenvolvimento dos embriões somáticos somente após a iniciação. Entretanto, em Ranunculus sceleratus o desenvolvimento de embriões somáticos foi similar tanto no escuro, quanto na luz (Komar e Nataraja, 1969). Estágios e modulação da embriogênese somática Uma estratégia geral a ser empregada para a indução e modulação da embriogênese e poliembriogênese somática encontra-se esquematizada na figura 2. O primeiro passo consiste em determinar na planta matriz a melhor fonte de explantes. O processo básico consiste de dois ciclos. No ciclo A, um explante juvenil ou embrionário, por exemplo um embrião zigótico, em estágio inicial de desenvolvimento, é inoculado em meio contendo 2,4-D. Estas culturas são normalmente mantidas no escuro e geram complexos ou massas celulares pró-embrionárias, que por processos de embriogênese repetitiva, representados por fenômenos de clivagem e gemação, resultam em um ciclo repetitivo de divisões celulares, formando complexos celulares suspensor-embrionários, no caso de gimnospermas e de embriões somáticos globulares, no caso de angiospermas. Biorreatores podem ser empregados para a produção em larga escala das culturas nesta fase. No ciclo B, esses pró-embriões são estimulados a prosseguir o seu desenvolvimento pela retirada das auxinas no meio, ou pela inclusão de ABA, citocininas e de agentes que promovam um estresse osmótico. Nesta fase as culturas são mantidas em condições de luminosidade. Esse ciclo de maturação forma embriões somáticos que podem ser convertidos a plantas ou que podem então então serem encapsulados para a obtenção de sementes sintéticas. Cada uma destas fases será detalhada a seguir. Iniciação das culturas embriogenéticas Como já foi descrito anteriormente, culturas embriogenéticas são geralmente iniciadas à partir de explantes embrionários, juvenis ou maduros cultivados em meios semi-sólidos, contendo altos níveis das auxinas ANA, 2,4-D, e Picloran (20-100 µM) com ou sem uma das citocininas BAP, KIN, Thidiazuron (10-20 µM). Em modelos diretos, a primeira expressão morfogenética é o surgimento de estruturas globulares brancas e translúcidas que correspondem a embriões somáticos globulares. Em modelos indiretos, inicialmente há a diferenciação de calo e o surgimento neste de setores friáveis, normalmente brancos e translúcidos, convencionalmente designados de massas ou complexos celulares pró-embriogenéticos, os quais dividem-se para formar pró-embriões somáticos. Além das características morfológicas as massas calosas e pró-embrionárias podem ser distinguidas por características citoquímicas. Células que reagem fortemente ao corante Carmin Acético e fracamente ao Azul de Evans são embriogenéticas e células com reação fraca ao primeiro e intermediária ao segundo são células calosas (Durzan, 1988). São necessários quatro ou cinco sub-cultivos em placas de petri contendo meios semi-sólidos para que ocorra a purificação e estabilizacão destas culturas, de tal maneira que elas possam ser consideradas linhagens celulares embriogenéticas. Manutenção, multiplicação e cultura massal A estratégia, neste caso, consiste em determinar as condições adequadas para o estabelecimento de ciclos repetitivos de divisãocelular e o controle restrito dos processos de diferenciação, de tal maneira que as culturas sejam constituídas por células pró-embrionárias ou embriões somáticos em estágios globulares iniciais de desenvolvimento. Suspensões celulares são mais adequadas, podendo ser cultivadas em biorreatores ou frascos Erlenmeyers sob agitação. Um sistema simples, eficiente e de baixo custo e facilmente adaptável às condições dos laboratórios brasileiros, consiste no emprego do agitador rotatório, com as células sendo multiplicadas em balões voluméticos modificados de 1.000 ml. Esta modificação consiste na alteração das paredes laterais do balão para a soldadura de pontas de tubos de ensaio e a formação de protuberâncias (nipple-flasks). Estes frascos são fixados por molas em uma placa de acrílico perfurada no tamanho do diâmetro do balão volumético. Cada placa contendo seis balões gira (1 rpm), em torno de um eixo horizontal levemente inclinado, que pode conter quatro destas placas. Cada aparato completo pode conter quatro eixos, perfazendo um total de 96 balões volumétricos. Este equipamento nada mais é do que uma adaptação do sistema empregado por Steward em seus experimentos com células embriogênicas de cenoura. Para o estabelecimento de ciclos repetitivos de divisão celular e a cultura massal (scale-up) destes complexos pró-embriogenéticos, inocula-se uma determinada quantidade dos mesmos em frascos Erlenmeyers ou balões volumétricos de 1.000 ml, contendo 250 ml de meio de cultura. para iniciar as culturas a quantidade de 2 a 5 g ou de 5 a 10ml de volume sedimentado destas linhagens são suficientes. A partir disto pode-se estabelecer a curva de crescimento, determinando-se as fases lag, exponencial, linear e estacionária e, adicionalmente, pode-se determinar o índice mitótico para cada fase desta curva e o volume ou peso final na fase estacionária, avaliando-se também através de monitoramento histoquimico a qualidade destas culturas. Com isto é possível determinar o intervalo médio de sub-cultivos, que serão feitos quando as culturas estiverem no ponto mediano da fase linear da curva de crescimento e a quantidade de biomassa celular que gerará o número desejado de embriões somáticos ao final do ciclo. O principal ponto de contrôle da manutenção das linhagens em ciclos repetitivos diz respeito à uma redução considerável nos níveis dos reguladores de crescimento. Nos vários sistemas em funcionamento, observa-se que as concentraçoes médias destes reguladores nesta fase estão na faixa de 2 a 5 µM para as auxinas e de e 2 a 5 µM para as citocininas (Gupta et al., 1993). Estas culturas deverão ser mantidas no escuro, em salas de cultura com temperatura média de 25oC. Devido a maior possibilidade de contaminação da cultura em meio líquido, recomenda-se a manutenção de um estoque de culturas em meio semi-sólido, em placas de petri, e em estufa incubadora ajustada para temperaturas mais baixas, para que as repicagens mensais sejam suficientes para manter as culturas em condições adequadas. No Laboratório de Cultura de Tecidos do CCA/UFSC, linhagens celulares embriogenéticas de Picea abies tem sido mantidas em sistema de suspensões no aparato de Steward e em plaqueamento, em ciclos repetitivos de divisão celular desde 1991, sem perda no potencial morfogenético. Havendo protocolos e recursos disponíveis, a criopreservação em N líquido pode ser uma alternativa para preservação das linhagens celulares. Desenvolvimento e maturação A próxima fase da embriogênese somática consiste em estimular a progressão das fases iniciais para as fases tardias. A estratégia a ser empregada consiste em interromper os ciclos repetitivos de divisão celular e fornecer os estimulos fisiológicos, bioquímicos e ambientais para a diferenciacão celular para que os ciclos de desenvolvimento e de maturação originem um grande número de embriões somáticos maduros, de alta qualidade e aptos a converterem em plantas. O conhecimento dos processos e fatores que controlam a embriogênese zigótica é de fundamental importância para que se procure reconstituir ao máximo os mesmos durante a embriogênese somática in vitro. Desta maneira as estratégias discutidas a seguir guardam relação direta com estes eventos. O aumento da osmolaridade parece estar relacionado com a transição do ciclo divisão/diferenciação e este aumento pode ser obtido pela adição de PEG, mio-inositol, sorbitol e manitol, de tal maneira que o meio de cultura esteja ajustado em valores de 200 a 350 mM . O ABA a exemplo de seus efeitos na embriogênese zigótica exerce efeito notável nesta fase e nas concentrações de 25 a 100 mg/l pode impedir processos de clivagem e gemação que são a expressão morfogenética dos ciclos repetitivos de divisão e dos estágios iniciais da diferenciação e que muitos autores convencionaram conceituar como embriogênese repetitiva ou secundária. Desta forma o efeito conjunto do ABA e dos agentes osmóticos, principalmente o PEG de peso molecular entre 1.000 - 8.000, resulta na síntese e acumulação de produtos de reserva, de forma similar aos eventos desta fase na embriogênese zigótica. Com este método podem ser produzidos 50 a 100 embriões somáticos cotiledonares de alta qualidade, por cada ml de volume sedimentado de suspensões celulares de Picea abies, o que significa um potencial produtivo de 50.000 a 100.000 embriões somáticos por litro de suspensões celulares, os quais podem apresentar até 90% de taxa de conversão para plantas . Poliembriogênese somática Poliembriogênese somática pode ser definida como a reconstituição por processos de clivagem e gemação de mais de um embrião à partir de um complexo celular suspensor-embrionário pré- existente na embriogênese zigótica de coníferas, diferenciando este processo daquele observado na embriogênese somática de angiospermas. Esta terminologia foi empregado primeiramente por Gupta & Durzan (1986) para descrever o processo adventício originado a partir de células do suspensor de embriões zigóticos de Pinus lambertiana. Para estes autores o modelo de poliembriogênese somática observado em Pinus é o que mais se aproxima do processo de poliembriogênese zigótica em coníferas. Desde o início da manipulação experimental in vitro deste fenômeno, consideráveis progressos foram obtidos com esta técnica, comparativamente aos avanços observados nos laboratórios que trabalham com a embriogênese somática em angiospermas. Atualmente várias espécies de coniferas podem ser regeneradas in vitro através destas técnicas. Na maioria dos casos embriões zigóticos imaturos e maduros tem sido empregados para iniciar as culturas embriogênicas, embora gametófitos femininos também apresentam potencial para produzir culturas embriogenéticas passíveis de regenerar plantas, como é o caso de Larix decidua (Nagmani & Bonga, 1985). O domínio completo deste sistema regenerativo em coníferas foi relatado pela primeira vez. por Chalupa (1985) e Hakman et al. (1985) ao cultivarem embriões zigóticos maduros e imaturos de Picea abies. Estes embriões quando inoculados em meio MS (Murashige & Skoog, 1962) ou LP (von Arnold & Eriksson, 1981), contendo 10 a 20 µM de 2,4-D e 5µM de BA, originaram um tecido branco e translúcido denominado de tecido embriogenético, constituído por células alongadas e vacuoladas do tipo suspensor e por células pequenas com citoplasma denso na região do ápice embrionário. Conhece-se muito pouco acerca da iniciação e desenvolvimento da poliembriogênese somática em coníferas e tres diferentes hipóteses foram sugeridas por Hakman et al. (1987) para explicar a origem deste processo: 1) embriões somáticos podem se originar de células simples ou pequenos agregados celulares por uma divisão inicial assimétrica que delimita a região apical embrionária da região do suspensor. No caso de Picea abies e P. glauca, as divisões celulares desiguais nas camadas epidérmicas e sub-epidérmicas da região dohipocótilo resultam na formação de pró- embriões (Nagmani et al., 1987); 2) embriões somáticos podem se desenvolver a partir de células meristemáticas da região do suspensor, sendo que as iniciais podem se originar por divisão assimétrica (Hakman et al.,1987; Schuller et al., 1989); 3) embriões somáticos podem se originar por um mecanismo similar à poliembriogênese por clivagem, com a separação inicial, ocorrendo na região do ápice embrionário. Este processo foi descrito em culturas de embriões somáticos de Abies alba (Schuller et al., 1989), espécies de Pinus e Picea (von Arnold & Woodward, 1988). Fatores que afetam a poliembriogênese somática A seleção criteriosa do explante é fator crítico para a indução da embriogênese somática em coniferas. Diferentes tecidos da mesma planta ou tecidos em diferentes estádios de desenvolvimento podem originar diferentes respostas in vitro. Em Picea glauca, por exemplo, apenas uma entre várias épocas de coleta de cones revelou respostas morfogenéticas (Lu & Thorpe, 1987). Efeitos similares do estágio de desenvolvimento foram observados em Pinus lambertiana (Gupta & Durzan, 1986) e Pinus taeda (Becwar et al., 1990). De maneira geral, em espécies de Pinus, embriões zigóticos em estágio pré-cotiledonar são os melhores explantes para a indução de tecidos embriogenéticos, enquanto que nas espécies de Picea, este resultado é obtido com embriões em estágio cotiledonar. Estes aspectos mostram a importância da época de coleta dos explantes e sugerem a existência de um estádio de desenvolvimento em que o explante é altamente responsivo à indução embriogênica. Em Larix decidua verificou-se o desenvolvimento de tecidos embriogênicos a partir das regiões da chalaza e da micrópila do megagametófito em cultura (von Aderkas et al., 1987). A indução de tecido embriogênico haplóide somente é possível durante um curto período de desenvolvimento do cone feminino. Este tecido demonstrou autotrofia para reguladores de crescimento, já que a indução embriogenética ocorreu em meio de cultura desprovido de auxinas e citocininas, sugerindo que o megagametófito poderia suprir os hormônios necessários para a iniciação da embriogênese (von Aderkas et al., 1990). Em explantes de sementes imaturas de Pinus lambertiana, a presença do gametófito feminino pode auxiliar no estabelecimento de culturas embriogênicas e esta indução é mais intensa quando o embrião dominante é removido (Gupta & Durzan, 1986). Não se conhece, contudo, se esta dominância está relacionada com a presença de inibidores ou de outros fatores. Em Araucaria angustifolia e em Pinus elliottii a indução de linhagens celulares poliembriogênicas é dependente do estádio de desenvolvimento do pró-embrião zigótico, sendo que os complexos celulares suspensor-embrionários surgem a partir das células do ápice embrionário. Esta indução ocorre em meios contendo 2,4-D, BAP e KIN e ciclos repetitivos de divisão celular foram estabelecidos, permitindo a cultura massal destas células (Guerra et al., 1993). Na figura 3 são apresentados os principais estádios de desenvolvimento de um modelo poliembriogenético em A. angustifolia e Picea abies. O emprego de embriões zigóticos maduros de sementes armazenadas pode proporcionar explantes durante todo o ano. Culturas embriogenéticas de Picea glauca (Tremblay, 1990) e de Picea mariana (Tautorus et al., 1991) foram iniciadas a partir de embriões zigóticos maduros armazenados por 11 e 13 anos respectivamente. Depois de quatro semanas em cultura, os explantes produziram um exsudato marron na região do hipocótilo e da radícula, bem como apresentavam um intumescimento dos cotilédones. Tecidos embriogênicos foram observados surgindo na região citada seis a oito semanas após a inoculação. Meios de cultura e reguladores de crescimento Existem poucos estudos sobre quais constituintes do meio de cultura podem ser considerados essenciais para a indução e manutenção da poliembriogênese somática. Os reguladores de crescimento 2,4-D e BA tem sido amplamente empregados nas concentrações de 10 e 5 µM respectivamente, para a indução e manutenção em ciclos repetitivos de divisão celular de culturas poliembriogenéticas de várias espécies de coníferas. Agentes que provocam estresse osmótico, notadamente o polietileno glicol (PEG) e o ABA parecem promover a progressão dos embriões somáticos para o estágio policotiledonar. A manipulação desta técnica para fins de propagação clonal massal depende de uma série de fatores tais como a fonte e estágio de desenvolvimento do explante, o meio de cultura e seus complementos, os reguladores de crescimento, o estabelecimento de ciclos repetitivos de divisão celular e de ciclos de maturação e a frequência de subculturas. Modificações dos componentes do meio e das condições de cultura podem afetar significativamente a indução de tecido embriogenético, principalmente de explantes maduros (Atree et al., 1990; Tautorus et al., 1991). Os fatores mais importantes são: fotoperíodo, concentrações e constituintes do meio básico (principalmente, sacarose e nitrogênio), agente geleificante, reguladores de crescimento e pH. Portanto, uma otimização do meio deverá ser conduzida para cada espécie utilizando-se várias linhagens celulares (Tautorus et al., 1991). Embriogênese somática e sementes sintéticas Uma vez que os embriões somáticos são estruturalmente similares aos embriões zigóticos torna- se vantajoso combinar a eficiência e o baixo custo das sementes como fonte de propágulos com a produção clonal massal in vitro de embriões a partir de células somáticas. A inserção de sequências gênicas em células somáticas pode também permitir que embriões somáticos transgênicos sejam produzidos e multiplicados em grande escala em sistemas automatizados (Gray & Purohit, 1991). O conjunto de técnicas que visa o emprego de embriões somáticos como sementes funcionais é chamado de tecnologia de sementes sintéticas ou artificiais. As principais vantanges potenciais deste método relacionam-se com: a) a produção de grande quantidade de propágulos em curto espaço de tempo; b) a manutenção da identidade clonal; c) a semeadura direta a campo, eliminando estruturas caras de aclimatização, sementeiras e viveiros; c) o baixo custo por planta. Para espécies florestais, pode-se acrescentar que a produção de sementes sintéticas em laboratório pode ocorrer ao longo do ano e não depender de perdas por condições climáticas desfavoráveis, ataques de pragas e doenças e anos de baixa produção, aspectos estes comumente associados com a produção de sementes principalmente em espécies florestais. Das diferentes técnicas disponíveis, o sistema de encapsulamento em gel é o mais empregado. Redenbaugh et al. (1986) foram os primeiros a propor o uso de um hidrogel como o alginato de sódio para a produção de sementes artificiais, observando frequências de 86% de conversão em sementes sintéticas de alfafa.. O alginato de sódio é o principal gel para o encapsulamento devido as suas propriedades geleificantes, baixo custo, facilidade de uso e ausência de toxicidade. O procedimento básico para o encapsulamento consiste na mistura dos embriões somáticos com o alginato de sódio a 2% (p/v). Com o auxílio de uma ponteira de ependorf e de uma chupeta aspira-se o embrião somático e a matriz de gel, podendo-se obter sementes sintéticas de diferentes formas e tamanhos que são colocadas em uma solução de nitrato de cálcio (30 a 100 mM) por períodos de 10 a 30 minutos. O alginato de sódio, na presença de cátions di e trivalentes, complexa-se e forma o alginato de cálcio. Os cátions metálicos formam ligações iônicas entre o ácido carboxílico das moléculas de ácido gulurônico do alginato. A resistência e dureza da cápsula são funções da proporção entre os ácidos gulurônico e manurônico, os cátions e o tempo de complexação (Redenbaugh et al., 1988). Este aspecto é importante pois em alguns casos, a dureza excessivada cápsula impede ou dificulta a conversão dos embriões para plantas. Além disto as cápsulas de hidrogel podem desidratar e dificultar trocas gasosas, limitando o período de armazenamento no escuro e em baixas temperaturas por um período máximo de 1 mes (Redenbaugh et al., 1991). Na figura 3I, e 4E observam-se embriões somáticos de P. abies e de Feijoa sellowiana encapsulados por este método. Esta técnica tem sido continuamente aprimorada de tal maneira que a partir de uma análise qualitativa e quantitativa dos componentes do endosperma de uma semente, pode-se reconstituir e adicionar nutrientes inorgânicos e orgânicos, agentes protetores bem como microorganismos benéficos (micorrizas) ao hidrogel. Uma análise cromatográfica e a posterior adição dos aminoácidos presentes no endosperma de sementes do palmiteiro (Euterpe edulis), pode auxiliar na reconstituição de um endosperma sintético de alta qualidade nutricional no encapsulamento de embriões somáticos desta espécie (Guerra, M.P., dados não publicados). Em sementes sintéticas de Picea mariana a adição de sais, sacarose e carvão ativado ao alginato de sódio a 3%, resultou em taxas de germinação de 40-50% após o armazenamento a 40C por um mês (Atree & Fowke, 1993). A desidratação dos embriões somáticos é a maneira mais adequada de simular as condições reais de um embrião contido dentro de uma semente verdadeira e vários estudos vem se concentrando nesta área. Neste caso outros compostos que não hidrogel podem ser empregados como matriz para o encapsulamento, tais como resinas plásticas de polietileno-óxido solúveis em água (Janick et al., 1989). Embriões somáticos desidratados de Picea glauca foram encapsulados em compostos solúveis de baixo ponto de fusão. Isto permitiu a desidratação controlada dos embriões somáticos em condições que favoreçam sua alta viabilidade após o armazenamento das sementes sintéticas em baixas temperaturas (Attree & Fowke, 1993). Apesar dos avanços verificados com a tecnologia de sementes sintéticas nos últimos dez anos, as técnicas de encapsulamento em alginato e em polietileno-óxido, consideradas como as mais promissoras, não tem demonstrado aplicabilidade em condições de campo. As limitações principais tem sido associadas à: a) baixa resistência à dessecação; b) baixa disponibilidade de nutrientes e de oxigenio; e, c) não tolerância ao dano mecânico e às flutuações de temperatura no leito de conversão (Gupta et al., 1993). Contudo, inovações e melhorias nos protocolos e o desenvolvimento de equipamentos visando a automação do processo de seleção e encapsulamento, vem permitindo aumentar as taxas de conversão de embriões somáticos em plantas. Considerações finais e perspectivas futuras Um dos problemas no estudo da morfogênese vegetal é conhecer os processos e fatores que fazem com que um organismo multicelular complexo evolua a partir do zigôto. Um dos obstáculos para isto é a localização dos embriões no interior do saco embrionário, acarretando dificuldade na sua manipulação experimental (Goldberg et al., 1994). A embriogênese somática pode contornar este obstáculo por apresentar a mesma ontogênese da embriogênese zigótica, fazendo com que este sistema seja ideal para tais estudos. Uma das principais aplicações da embriogênese somática em programas de melhoramento de plantas perenes, relaciona-se com a possibilidade da fixação do ganho genético pela captura dos componentes aditivos e não aditivos da variância genética. O primeiro é baseado no efeito independente dos alelos, enquanto que o segundo, normalmente perdido nos processos de reprodução sexuada, é baseado na interação dos alelos, dentro ou entre locus (Durzan, 1988). Este processo pode iniciar com o cruzamento controlado entre plantas, que já de antemão sabe-se que produzirão uma progênie superior. Massas celulares pró-embrionárias podem permitir o estabelecimento e a multiplicação massal de linhagens celulares embriogenéticas, de acordo com as sequências propostas anteriormente. Enquanto amostras destas linhagens são criopreservadas, uma outra parte gerará plantas para o estabelecimento de testes clonais de campo. A performance destes genótipos será avaliada até que se tenham elementos suficientes para a seleção final dos melhores clones, após o que algumas linhagens criopreservadas serão eliminadas e outras iniciarão um programa de propragação clonal massal (Gupta et al., 1993). Para evitar riscos de vulnerabilidade genética inerentes ao processo de propagação clonal, propõe-se um grande número de cruzamentos dirigidos entre diferentes progenitores de alta performance, de tal maneira que as populações clonais resultantes do processo de embriogenêse somática sejam constituidas de mosaicos genéticos. Em plantas com incompatibilidade de geração gametofítica, o resgate de embriões e o estabelecimento de linhagens embriogenéticas pode se transformar em uma técnica muito útil e poderosa para ampliar as possibilidades de sucesso em programas de melhoramento que objetivem incorporar características de resistência de híbridos de cruzamentos interespecíficos. A variabilidade clonal genética ou epigenética leva à uma perigosa situação na biotecnologia vegetal, principalmente quando se trata de plantas perenes, uma vez que as expectativas quanto ao impacto destas técnicas não são correspondentes à base científica até hoje existente. A instabilidade genética em populações de células embriogenéticas é considerada indesejável, mas pode levar à obtenção de variantes úteis se sua frequência for devidamente controlada. Isto significa dizer que quando a regeneração ocorre a partir de calos ou de células protodérmicas cujas iniciais apresentam genótipo variável, pode-se esperar algumas aberrações entre as populações de clones. Para fins de seleção, quando se comparam o têrmos aberração e variação, o primeiro parece mais adequado para designar os desvios de um genótipo a ser clonado. Em plantas perenes, as características ciclo celular relativamente curto e ciclo de vida longo reforçam a hipótese que, para muitas aberrações operam poderosos mecanismos de reparo e de inativação celular, os quais minimizam os efeitos deletérios (Durzan, 1988). Para que a embriogênese somática venha a ser o sistema de micropropagação do futuro é necessário que ocorram melhorias nos protocolos regenerativos. O principal aspecto a ser melhorado diz respeito ao estabelecimento preciso de um sistema de dois ciclos. No primeiro, determinam-se as condições necessárias para o estabelecimento de ciclos repetitivos de divisão celular, no qual seja possível obter-se grandes quantidades de pró-embriões em biorreatores ou equipamentos similares. Neste ciclo pode-se estabelecer e manter uma base celular para a progressão para o ciclo seguinte e para a introdução de genes de interesse. No segundo ciclo determinam-se para cada modelo embriogenético as condições para o desenvolvimento e maturação dos embriões somáticos, que podem ser convertidos à plantas ou então encapsulados para a obtenção de sementes sintéticas. Com estes dois ciclos torna-se possível reduzir consideravelmente o impacto das principais limitações da embriogênese somática, que são: a) a baixa intensidade de indução a partir de um explante primário; b) a resposta genótipo-dependente; c) a falta de sincronia das culturas em seus diferentes estágios, e; d) as dificuldades de automatização do processo. A tecnologia de sementes sintéticas ainda deve ser aprimorada para que seja amplamente empregada. Pesquisas devem ser conduzidas principalmente no sentido de: a) aumentar a viabilidade e o período de conservação; b) reconstituição de endospermas sintéticos baseados nos constituintes do endosperma que envolve o embrião zigótico, e; c) inclusão de microorganismos benéficos no endosperma sintético. 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