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Literatura Comparada Tópicos de Literatura de Língua Inglesa Prof. Dr. Lucas Toledo de Andrade • Unidade de Ensino: 3. • Competência da Unidade: Introduzir os principais tópicos sobre a literatura de língua inglesa e pensar em correspondências entre ela e outras literaturas. • Resumo: Nesta aula, busca-se compreender importantes tópicos da literatura de língua inglesa, para, então, partindo dos pressupostos comparatistas, refletir sobre as consonâncias entre a literatura de língua inglesa e outras literaturas. • Palavras-chave: Tópicos de literatura inglesa. Literatura norte-americana. Estudos comparatistas. • Título da Teleaula: Tópicos de Literatura de Língua Inglesa. • Teleaula nº: 3. Contextualização Que eventos, nomes, gêneros e obras formam a Literatura Inglesa? Qual é o contexto que envolve a Literatura Inglesa no século XVI? Que autores e obras destacam-se na Literatura Romântica Inglesa? Como se dá a ascensão da Literatura Americana? Literatura Medieval Inglesa Old English: resultado do encontro das línguas celtas, anglo-saxônicas, latinas e germânicas. Middle English: desenvolveu-se após a invasão normanda, conviveu com o francês e com o latim usado no mundo culto. Desenvolvimento linguístico “A invasão normanda imprime destaque para o dialeto francês, que será usado pelos poetas locais para cantar e contar suas musas e histórias. Um bom exemplo é a Matéria da Bretanha, na qual se inclui o Ciclo Arturiano, que narra as aventuras do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda, mostrando a influência francesa, pois as histórias são de origem céltica, mas chegam à Inglaterra medieval, via França. Poucas histórias alcançaram fama comparável.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) As Influências das lendas do Rei Arthur no Ocidente 1 2 3 4 5 6 • Le Morte D´Arthur (século XV), de Thomas Malory. • O Rei Artur e seus Cavaleiros (1973), de Thomas Malory (Tradução de Pepita Rodrigues). • Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda (1997), de Ana Maria Machado. Diferentes produções Canterbury Tales (1476) “Os peregrinos e suas histórias, ao longo do poema, formarão um grande painel da sociedade inglesa da época, pois estarão representados desde o nobre até o camponês. Muitos serão apenas tipos, mas a maioria – produtos da observação direta – serão personagens vivos, de grande individualidade, atestando uma mudança de ótica, que nos autorizará a chamar Chaucer de o primeiro humanista inglês.” (CEVASCO, Maria Elisa; SIQUEIRA, Valter Lellis. Rumos da Literatura Inglesa. São Paulo: Ática, 1985.) Geoffrey Chaucer Renascimento na Inglaterra Era Elisabetana “[...] já avançado o reinado de Elizabeth I, será o teatro a despontar como forma literária representativa da vida inglesa. Época de luzes e sombras, acertos e incertezas no campo político e econômico que aparecem refletidos na literatura.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) Teatro Elisabetano • Fuga dos preceitos clássicos. • Transgressão das três unidades aristotélicas. • Mistura entre nobres e plebeus. • Livre arbítrio das personagens. • Mescla de gêneros. • Intervenção cômica do clown. • Alternância entre verso e prosa. • Uso frequente de versos brancos. • Valorização da música. Dramaturgos do período • Thomas Kyd (1558-1594) – A tragédia espanhola. • Christopher Marlowe (1564-1593) – A trágica história do Doutor Fausto. • Benjamin Jonson (1572-1637) – Volpone, O alquimista. 7 8 9 10 11 12 William Shakespeare “As 37 peças que conformam a sua produção constituem o legado mais impressionante das letras inglesas. São objeto de destaque em sua obra: o estilo rico e o extraordinário domínio da língua inglesa; a aguda capacidade para fazer pulsar as emoções da plateia e a universalidade de seus personagens.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) A Era Vitoriana “No jogo dos contrastes, a Inglaterra Vitoriana foi um período de apogeu econômico, mas de grandes problemas urbano-sociais. Foi igualmente um período de modernização de processos e tecnologia, mas, ao mesmo tempo, uma época de moralização conservadora do âmbito dos costumes, com especial e rigoroso controle e estreitamento das liberdades femininas.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) A Era Vitoriana • Charles Dickens • Emilly, Charlotte e Anne Brontë • Lewis Carroll • Herbert George Wells • Oscar Wilde • Arthur Conan Doyle • Robert Louis Stevenson Novas formas de realismo “Essa literatura, espelho da sociedade, pertencia à Era Vitoriana e deixava-se afetar pelas culturas do ópio, do orientalismo cultural que chegava dos mares do Índico, da perspicácia como arma, e da obsessão pela morte. Assim, denunciava especialmente os horrores do excesso de proletarização da vida, bem como os limites impostos por uma sociedade bizarra em essência, porém, fiscalizadora dos bons costumes.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) Leitura Comparatista Tema “perspicácia feminina” • O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. • As aventuras de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle. • Esaú e Jacó, de Machado de Assis. 13 14 15 16 17 18 Lendas do Rei Arthur Situação-problema Você é estudante de curso de Letras e ganhou uma bolsa de intercâmbio na Inglaterra. Nos 45 dias de intercâmbio, você realizou uma imersão na cultura e na língua inglesa. No retorno da viagem, o seu professor de Literatura de Língua Inglesa pediu que você montasse apresentações que contassem os aprendizados ao longo do intercâmbio. Você decidiu iniciar uma de suas apresentações pela exposição da Lenda do Rei Artur, fazendo relações com outras obras existentes, para assim mostrar os aspectos da Matéria Bretanha em obras diversas. Situação-problema De que forma você pode organizar essa apresentação? Resolução da situação-problema • Leitura de Le Morte D´Arthur (século XV), de Thomas Malory. • Leitura da tradução O Rei Artur e seus Cavaleiros (1973), de Thomas Malory (Tradução de Pepita Rodrigues). • Leitura de Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda (1997), de Ana Maria Machado. Resolução da situação-problema • Assistir ao episódio A Lenda do Rei Arthur, em o Sítio do Pica-Pau Amarelo (2003). • Escolher séries e/ou outras produções audiovisuais que recorrem às lendas arturianas para a criação do seu enredo. (Disponível em: https://bityli.com/pwrnnRC. Acesso em: 16 ago. 2022.) Hamlet e a universalidade de Shakespeare 19 20 21 22 23 24 Sabemos que Hamlet é uma das mais conhecidas tragédias shakespearianas. Por meio dela, a expressão “Ser ou não ser - eis a questão!” tornou-se muito conhecida e usada em diversas manifestações artísticas. Levando em consideração a afirmação anterior, reflita e responda ao questionamento seguinte. Pensando no Assunto... Por que as peças shakespearianas, especialmente as tragédias, são atuais e relevantes para o mundo contemporâneo? Romantismo inglês: poesia “São muitos os fatores que contribuem para o surgimento do Romantismo. Ana Maria Fabrino (2014) irá apontar que, do ponto de vista político, o surgimento dos pensamentos liberais e nacionalistas aliados ao triunfo da burguesia, como fator econômico e, ainda, o impulso do idealismo cultural se configuram, juntos, o estopim para o surgimento do individualismo, do culto do Eu, da busca do absoluto e de certo sentimento de rebeldia e liberdade que futuramente alimentariam o modo de ser do Romantismo.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) A publicação de Lyrical Ballads (1798),de William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge é considerada o marco inicial do romantismo inglês. Marco inicial (Disponível em: https://bityli.com/FgQgsTW. Acesso em: 26 jun. 2023.) • William Blake (1757 – 1827) • Lord Byron (1788 – 1824) • Percy Shelley (1792 – 1822) • John Keats (1795 – 1821) Poetas românticos 25 26 27 28 29 30 I Houve um tempo em que a relva, a fonte, o rio, a mata E o horizonte se vestiam De uma luz grata, — Visto que assim me pareciam —, E da opulência que nos sonhos é inata. Hoje está sendo tal como foi outrora;— Seja o que for, eu, Na luz ou breu, Eu não verei jamais o que se foi embora. Ode - prenúncios de imortalidade recolhidos da mais tenra infância (William Wordsworth) II O arco-íris vai, vem, E a rosa nos faz bem; Alegre, a lua nota Que o céu está completamente nu; à luz De estrelas, a água brota E é belo o que ela reproduz; A aurora é sempre um nascimento; E contudo, eu sei muito bem Que a glória passou por nós em algum momento. [...] (WORDSWORTH, William. Ode: prenúncios da imortalidade na mais tenra infância. Tradução de: Matheus Mavericco. Revista Escamandro, 2015.) Romantismo inglês: prosa “Difícil dizer com segurança como foi que o romance suplantou a poesia e passou a ocupar o papel preponderante na cena literária. Certamente, as condições históricas desempenharam seu papel: como quer Lukács, o romance é o épico da burguesia, e a era vitoriana é burguesa por excelência.” (CEVASCO, Maria Elisa; SIQUEIRA, Valter Lellis. Rumos da Literatura Inglesa. São Paulo: Ática, 1985, p. 54.) Prosa romântica • Ivanhoé (1820) – Walter Scott • Oliver Twist (1837) – Charles Dickens • O retrato de Dorian Gray (1890) – Oscar Wilde As diferentes vozes do romantismo inglês • Ivanhoé (1820) – Walter Scott • Eurico, o presbítero (1844) – Alexandre Herculano • O Guarani (1857) – José de Alencar Um olhar comparatista para os romances históricos 31 32 33 34 35 36 Olhar Comparatista A ascensão da literatura estadunidense “Os EUA são uma nação plural, multiétnica e multicultural. Naturalmente, tal multiplicidade cultural tem impacto sobre a produção literária do país.” (ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019.) Estados Unidos • Articulação entre política e arte. • Busca por independência linguística. • Presença da “cor local”. • Fascínio pela paisagem nativa. • Narrativas góticas. Romantismo estadunidense • Nathaniel Hawthorne (1804 – 1864) • Emily Dickinson (1830 – 1886) • Edgar Allan Poe (1809 – 1849) • Herman Melville (1819 – 1892) Alguns autores do romantismo estadunidense • Período pós Guerra Civil estadunidense. • Literatura descritiva. • Apego à verossimilhança e aos detalhes. • Visão objetiva da realidade. • Descrição de ações corriqueiras e cotidianas. • Retrato de um país repleto de contradições. Realismo estadunidense 37 38 39 40 41 42 • Mark Twain (1835 – 1910) • Henry James (1843 – 1916) Alguns autores do realismo estadunidense • Período entreguerras. • Ruptura com o passado e com a tradição. • Rompimento com as estruturas tradicionais das narrativas e das poesias. • Fluxo de ideias europeias. Modernismo estadunidense • F. Scott Fitzgerald (1921 – 1940) • Ernest Hemingway (1899 – 1961) • T.S. Eliot (1888 – 1965) • Gertrude Stein (1874 – 1946) • Ezra Pound (1885 – 1972) • William Faulkner (1897 – 1962) Alguns autores do modernismo estadunidense • John Steinbeck (1902 – 1968) • Toni Morrison (1931 – 2019) • Ralph Ellison (1913 – 1944) Alguns autores do romance social estadunidense Leitura comparatista: Coleridge e Castro Alves Situação-problema Você apresentará um seminário que terá como tema a leitura comparatista entre literatura de língua inglesa e literatura de língua portuguesa, enfocando o Romantismo, por meio da análise dos poemas “A balada de um velho marinheiro” (1798), de Samuel Taylor Coleridge, e “O navio negreiro” (1880), de Castro Alves. 43 44 45 46 47 48 Situação-problema Como você irá preparar essa apresentação? Quais são os aspectos dos poemas que você trabalhará? Resolução da situação-problema • Leitura de uma tradução de A balada de um velho marinheiro, de Samuel Taylor Coleridge. • Leitura de O navio negreiro, de Castro Alves. • Leitura do artigo Em Pleno Mar – à bordo dos navios de Castro Alves, Samuel Taylor Coleridge, J. M. William Turner e Gustave Doré, de Caio Gagliardi. • Busca das semelhanças e diferenças entre os textos. Diálogos entre Traduções Hora de refletir... Para responder à pergunta que será proposta, leia os trechos iniciais e finais das traduções realizadas, respectivamente, por Machado de Assis e por Fernando Pessoa, do poema “O corvo”, de Edgar Allan Poe. “Em certo dia, à hora, à hora Da meia-noite que apavora, Eu, caindo de sono e exausto de fadiga, Ao pé de muita lauda antiga, De uma velha doutrina, agora morta, Ia pensando, quando ouvi à porta Do meu quarto um soar devagarinho, E disse estas palavras tais: ‘É alguém que me bate à porta de mansinho; Há de ser isso e nada mais.’ [...] E o corvo aí fica; ei-lo trepado No branco mármore lavrado Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho. Parece, ao ver-lhe o duro cenho, Um demônio sonhando. A luz caída Do lampião sobre a ave aborrecida No chão espraia a triste sombra; e, fora Daquelas linhas funerais Que flutuam no chão, a minha alma que chora Não sai mais, nunca, nunca mais! (POE, E. A. “O corvo”. Tradução de Machado de Assis. In: BARROSO, Ivo. (org.) O corvo e suas traduções. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1998.) 49 50 51 52 53 54 “Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste, Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais, E já quase adormecia, ouvi o que parecia O som de alguém que batia levemente a meus umbrais. ‘Uma visita’, eu me disse, ‘está batendo a meus umbrais. É só isto, e nada mais.’ [...] E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais. Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha, E a luz lança lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais, E a minh’alma dessa sombra que no chão há mais e mais, Libertar-se-á... nunca mais!” (POE, E. A. O corvo. Tradução de Fernando Pessoa. In: BARROSO, Ivo. (org.) O corvo e suas traduções. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1998.) Hora de refletir... Quais comparações podemos tecer entre as traduções lidas? Vamos Revisar? Revisando... Literatura Medieval inglesa. Renascimento na Inglaterra. A Era Vitoriana. Romantismo inglês: poesia e prosa. Ascensão da literatura estadunidense. Referências 55 56 57 58 59 60 Referências ARANTES, Adriana Andrade Junqueira de Brito; COELHO, Elisa Domingues; GUERRA, Bruna Tella. Literatura comparada. Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. ARANTES, Adriana Junqueira. et. al. Tópicos de literatura de língua inglesa. Londrina: Editora e Distribuidora educacional, 2019. BARROSO, Ivo. (org.) O corvo e suas traduções. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1998 CEVASCO, Maria Elisa; SIQUEIRA, Valter Lellis. Rumos da Literatura Inglesa. São Paulo: Ática, 1985. WORDSWORTH, William. Ode: prenúncios da imortalidade na mais tenra infância. Tradução de: Matheus Mavericco. Revista Escamandro, 2015. 61
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