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FICHAMENTO - VC TEM FOME DE QUE

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
CPA- Centro de Psicologia Aplicada / Campus Tatuapé
DISCIPLINA: PRÁTICAS PSICOLÓGICAS
Área de estágio: Oficina de criatividade
Nome: Emily Célia Bispo Santos RA: N344HA-0
Supervisor: Marcos Vinicius CRP: 06/103044
Data: 09.03.2022
Fichamento: Você tem fome de que? Um espaço para a expressividade no acompanhamento terapêutico em um caso de anorexia.
Referência: 
HELENA. Você tem fome de que? Um espaço para a expressividade no acompanhamento terapêutico em um caso de anorexia.
	Iniciar este trabalho é discutir, ainda que de forma muito breve, alguns conceitos básicos a respeito da prática do Acompanhamento terapêutico. Primeiramente, é preciso dizer que esta foge totalmente á regra convencional do que se entende, no senso comum, por uma prática psicoterapêutica entranhada no estereótipo da clínica fechada entre quatros paredes. Neste sentido, o trabalho do Acompanhante terapêutico (A.T) pode ser entendido como uma prática “livre”, no sentido de que, tanto cliente quanto terapeuta, têm as portas para ir e vir, assim como a livre escolha de ir ou não ir.
	De modo geral, os clientes indicados para A.T. são (ou estão), de alguma forma, acometidos de algum sofrimento psíquico e/ou físico, que os impossibilita de realizar determinadas tarefas, frente às quais nos tornamos co- responsáveis, a partir do momento em que decidimos trilhar esse caminho, juntos. É nessa trajetória que nos cabe propostas que possibilitem novas formas de (re) inserção no âmbito social, que muitas vezes são evitadas, por medo ou dificuldade de um enfrentamento solitário.
	Esse enfrentamento passa a ser vivido em conjunto pelo cliente e pelo acompanhante, o que torna a atividade terapêutica. Como o cliente vai lidar com isso? Poderá pensar o cliente. Nesse momento, você se percebe no mundo, compartilha o mesmo mundo que o seu cliente, o que é melhor e mais significativo. Está em um caminho inusitado, aberto a inúmeras possibilidades, e terá de lidar com isso da melhor forma possível, a fim de que possa encontrar, junto ao seu cliente, diferentes sentidos para cada acontecimento.
	Respeitados os limites de acompanhado e acompanhante, qualquer lugar pode ser espaço para um encontro: a piscina do prédio, uma pracinha, um museu, uma sala de aula, um parque, uma reunião familiar, ou seja: “Uma territorialidade com perímetros imprecisos y variables definem la identidad del acompañamiento terapêutico. (Mauer e Resziky, 2005.39).
	Muitos estudos privilegiam a expressão artística em ambientes institucionalizados, em que os clientes podem estabelecer um processo profundo e diferenciado de autoconhecimento, que possibilita o encontro de inúmeros sentidos a respeito de seu mundo – interno e externo – por meio de estímulos ambíguos, vivenciados em sua própria criação. Ao se deparar com uma produção artística própria, o indivíduo se surpreende com as forças que mobilizam (ou não) essa ação, levando-o espontaneamente, a um processo de reflexão nas suas diversas formas de lidar com a vida que o cerca. É uma decisão única, inclusive, querer estabelecer essa troca, o que deve ser respeitado.
	Nise da Silveira, a mais proeminente estudiosa brasileira da arte enquanto cura, descreve em seu livro “O mundo das imagens”, passagens nas quais podemos perceber como a incrível experiência da expressão artística envolve o prazer de criar: “Lucio encontrara uma atividade que lhe dava prazer [...]” (p.24); “Papel, tinta, pincéis lhe são trazidos e ele os aceita com visível prazer [...]” (p.31); “Raphael desenha cantarolando [...]” (p.38); “Interessado como sempre, pinta com prazer estampado em seu rosto [...]” (p.44). Quando o falar não é suficiente, não é cabível, não é possível, diz ela, “Sente-se através da trama, perfeita e livre, o palpitar de uma personalidade, de uma alma aflita por exprimir-se quando a linguagem verbal já não lhe serve mais de agente de comunicação com os homens.” (p.39-40); “[...] através da linguagem plástica narra uma história diretamente compreensível e concatenada, que jamais verbalizaria” (p.45).
	Em cada produção artística, é preciso respeitar a vida que ali se encontra e se manifesta. É a sua história. Única, exclusiva, cheia ou vazia de dor e alegria.

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