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1 Disciplina: Organização e gestão da educação básica Autora: D.ra Jezuina Kohls Schwanz Revisão de Conteúdos: M.e Gilson Brun Designer Instrucional: Vianeis Rodrigues Pereira Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Jezuina Kohls Schwanz Organização e gestão da educação básica 1ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Gilson Brun Designer Instrucional Vianeis Rodrigues Pereira Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA SCHWANZ, Jezuina Kohls. Organização e gestão da educação básica / Jezuina Kohls Schwanz. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 68p. ISBN: 978-85-5475-508-9 1.Educação Básica. 2. Plano Nacional de Educação. 3. Metas Educacionais. Material didático da disciplina de Organização e gestão da educação básica – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870. 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz. 5 Sumário Prefácio ........................................................................................... .... 07 Aula 1 – Aspectos gerais da educação básica................................... 08 Apresentação da aula 1....................................................................... 08 1.1 A Educação básica e sua natureza no contexto brasileiro. 09 1.2 Como é composta está educação básica?....................... 10 1.3 Quanto às competências e responsabilidades: os órgãos reguladores da educação básica........................................................ 12 1.4 A União............................................................................... 14 1.5 Os Estados......................................................................... 16 1.6 Os Municípios..................................................................... 17 1.6.1 Ferramentas reguladoras................................................. 18 1.7 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). 18 1.7.1 O Plano Nacional de Educação (PNE)............................ 19 1.8 O Conselho Nacional de Educação (CNE)......................... 21 1.9 Câmara de Educação Básica- CEB e Conselhos de Educação (CEE).................................................................................. 22 Conclusão da aula 1............................................................................ 25 Aula 2 – Os níveis de ensino e suas peculiaridades na educação básica.................................................................................................. 26 Apresentação da aula 2....................................................................... 26 2.1 A Educação Infantil no Brasil.............................................. 27 2.2 Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 31 2.3 O Ensino Fundamental....................................................... 33 2.4 Os anos iniciais do Ensino Fundamental, 1º ao 5º ano.... 34 2.5 Os anos finais do Ensino Fundamental, 6º ao 9º ano........ 36 2.6 O Ensino Médio.................................................................. 36 2.7 O novo ensino médio: breves considerações...................... 39 Conclusão da aula 2............................................................................ 40 6 Aula 3 – Os aspectos da gestão na educação básica....................... 41 Apresentação da aula 3....................................................................... 41 3.1 Introdução à gestão educacional........................................ 41 3.2 Gestão democrática............................................................ 44 3.2.1 Gestão pública................................................................. 45 3.2.2 O financiamento da educação......................................... 48 Conclusão da aula 3............................................................................ 51 Aula 4 – As metas traçadas para a educação brasileira e seus índices.................................................................................................. 51 Apresentação da aula 4....................................................................... 51 4.1 A educação como direito de todos..................................... 53 4.2 Metas para a Educação..................................................... 53 4.3 As metas do PNE................................................................ 55 4.4 Os índices da educação brasileira..................................... 59 4.5 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa......... 61 Conclusão da aula 4........................................................................... 63 Índice Remissivo.................................................................................. 65 Referências.......................................................................................... 68 7 Prefácio Você é convidado a participar deste espaço de aprendizagem, em que questões específicas sobre a educação básica e seus meios de organização e gestão serão abordados. Vale ressaltar que a motivação e o comprometimento do(a) estudante neste processo de ensino, a distância, são fundamenteis para o desenvolvimento de sua formação e para o êxito de nosso trabalho quanto professores. Esta disciplina será dividida em quatro aulas, e em cada uma delas haverá atividades para que os conhecimentos aqui transmitidos sejam dinamizados e trabalhados pelo(a) educando(a). Ao longo das aulas,recursos didáticos serão utilizados para que o(a) estudante possa refletir e perceber com melhor desenvoltura os temas abordados. Os tópicos de cada aula também são elaborados no intuito de facilitar a cognição e, de modo mais claro possível, transmitir o conteúdo proposto na ementa desta disciplina. A Organização e gestão da educação básica é uma disciplina elaborada com o propósito de inteirar o(a) estudante a respeito dos aspectos gerais da educação básica segundo as particularidades da organização e da gestão escolar. Tal intento visa apresentar um panorama da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e Médio, bem como da educação especial, da educação de jovens e adultos e da educação profissionalizante. Ainda, para um maior aprofundamento do assunto aqui abordado, esta matéria contará com apresentação e análise de indicadores socioeducacionais que balizam a real situação da educação básica no Brasil, percebendo dados quantitativos e qualitativos da educação nas esferas citadas. Ao final das quatro aulas, será possível uma melhor compreensão do quadro da educação básica em suas diferentes esferas em nosso país, com a reflexão e compreensão dos itens levantados em cada aula desta disciplina. Boa jornada! E lembre-se: a sua dedicação é um fator fundamental neste processo de ensino. 8 Aula 1 – Aspectos gerais da Educação Básica Apresentação da aula 1 Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina de Organização e gestão da Educação Básica, que apresentará aspectos gerais deste campo educacional (Educação Básica) brasileiro. Assim, a partir desta aula, você conhecerá um pouco mais sobre os fatores que vêm a caracterizar essa etapa educacional, principalmente no que tange os órgãos legais que a definem. A educação é uma área que concentra muitas outras e, por si só, contempla amplas fronteiras na esfera social. Essa afirmação é ainda mais específica quando tratamos da formação humana. Estamos inseridos em uma sociedade que funciona a partir de suas instituições, desde a família à escola. Esse conjunto institucional oferece, por sua vez, condições para esta formação do ser, o qual instrui-se a partir de conhecimentos prévios, planejados e estipulados com um intuito bem delimitado: a concepção da cidadania por meio do desenvolvimento de cada indivíduo. A Educação Básica, por sua vez, é o campo fértil do crescimento individual do cidadão. Veremos, então, nesta aula suas particularidades. Organização educacional conjunta Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/o-trabalho-em-equipe-empresarial-junta-as- maos-juntas-conceito-de-trabalho-em-equipeempresarial_1185949.htm#term=trabalho em equipe&page=1&position=4 9 1.1 A Educação Básica e sua natureza no contexto brasileiro Educação é a base Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/madeira-ideia-de-papelaria-estudante- contemplativa_1074172.htm#term=educacão infantil&page=1&position=1 http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2017/04/Base0416.pdf No Brasil, a Educação Básica tem um objetivo claro: garantir a qualquer cidadão brasileiro a formação comum para o desenvolvimento de suas capacidades e o pleno exercício da cidadania, a partir do fornecimento de meios para que cada indivíduo possa, de acordo com sua progressão formativa, avançar, seja nos estudos avançados, seja no trabalho escolhido e exercido em seu ambiente social. 1.2 Como é composta esta Educação Básica? A Educação Básica está dividida em: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Essa estrutura corresponde aos níveis básicos da educação nacional, prevista pela Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB 9394/96). No nível da Educação Infantil, está inserida a creche, com a duração de 4 anos, com faixa etária de 0 a 3 anos; e a pré-escola, na duração de 2 anos, com a faixa etária de 4 a 5 anos. No nível do Ensino fundamental, este sim obrigatório, a duração é de 9 anos, sendo que a faixa etária prevista é de 6 a 14 anos, e está dividida em anos iniciais, do 1º ao 5º ano, e anos finais, que vão do 6º ao 9º ano. Os sistemas http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2017/04/Base0416.pdf 10 estaduais e municipais devem estabelecer especial forma de colaboração, visando à oferta do Ensino Fundamental e à articulação sequente entre a primeira fase, no geral assumida pelo Município, e a segunda, pelo Estado, garantindo a organicidade e a totalidade do processo formativo escolar. Dos 15 aos 17 anos, a estrutura do sistema educacional brasileiro prevê que o aluno esteja matriculado e cursando o Ensino Médio, que tem a duração de 3 anos ou mais. Como observação, ressalto que, fora desta estrutura da Educação Básica, tem-se a Educação Superior, composta por cursos e programas de graduação e pós-graduação, que se dividem em áreas de conhecimento. A duração desse nível é variável (geralmente, levando em consideração cursos tecnólogos, pode- se estimar uma duração entre 2 a 6 anos, em média) e, segundo a estrutura educacional, a faixa etária prevista para se cursar o ensino superior está acima dos 17 anos de idade. A pós-graduação, por sua vez, estaria para além da formação superior. Ainda sob as diretrizes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB 9.394 de 1996, mais especificamente nos artigos 37 e 38 da mesma lei, há Educação de Jovens e Adultos: uma Modalidade de Ensino. Essa modalidade tem por intuito atender uma demanda específica no campo educacional, pois é destinada a indivíduos que, por razões diversas, foram impossibilitados de acessar o âmbito escolar como estudantes ou que não puderam dar continuidade aos seus estudos, independentemente do nível (dentro da Educação Básica) que tenham parado. Sendo assim, com a Educação de Jovens e Adultos, fica garantido o acesso ou retorno ao Ensino Fundamental ou Médio, não importando a idade do (re)ingressante. Tal ensino é gratuito e moldado às peculiaridades desse público. As certificações dessa modalidade de ensino se dão mediante ao exame de conclusão do Ensino Fundamental para maiores de 15 anos e no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de 18 anos. 11 Saiba mais A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é a legislação que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação básica ao ensino superior). Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que regulamenta todos os seus níveis. A primeira LDB foi promulgada em 1961 (LDB 4024/61). A LDB 9394/96 reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal. Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Segundo a LDB 9394/96, a educação brasileira é dividida em dois níveis: a educação básica e o ensino superior. É de competência da União, podendo ser oferecida por Estados e Municípios, desde que estes já tenham atendido os níveis pelos quais é responsável em sua totalidade. Cabe à União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de ensino superior. Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas como os recursos financeiros e a formação dos profissionais da educação. Trecho extraído do texto de Thais Pacievitch. Disponível em: http://www.infoescola.com/educacao/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao/ Outra Modalidade de Ensino é a Educação Especial, prevista pela mesma lei anteriormente citada, nos artigos 58, 59 e 60. Para essa modalidade, estipula-se uma educação escolar voltada para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação,com preferência de atender a rede regular de ensino. A Educação Especial busca possibilitar um atendimento aprimorado para os educandos com demandas específicas e busca a integração entre os públicos e classes. Sendo assim, uma série de pontos devem ser assegurados, pelos sistemas de ensino, aos educandos desta natureza, como: I – Currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II – Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude de suas 12 deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III – Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV – Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulações com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual ou psicomotora; V – Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf No prosseguimento das especificações da lei, em parágrafo único, afirma- se que O Poder Público tem por adoção a ampliação do atendimento específico ao público com necessidade especial, no ensino regular em rede pública. A Educação Profissional também se enquadra como modalidade de Ensino e está integrada “às distintas formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia”, segundo a lei, e tem por intuito manter o educando em contínuo desenvolvimento de suas capacidades, visando ao meio produtivo no âmbito social. Tanto em ambiente de trabalho ou instituição especializada, a Educação Profissional deverá estar atrelada ao ensino regular e, por conseguinte, todo o conhecimento desenvolvido e adquirido neste espaço profissionalizante poderá contar como item avaliativo, além de ser reconhecido e certificado para o término dos estudos. Esses espaços (Escolas profissionais e/ou técnicas) devem oferecer seus cursos para a comunidade em geral, após matrícula legal, visando o aproveitamento das capacidades individuais. A Educação a distância é considerada uma modalidade de ensino, na medida em que atende um público também específico. Neste caso, trata-se do atendimento aos educandos que, por razões e preferências diferentes, formam- http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf 13 se em tempos e espaços distintos. Essa prática de ensino ocorre com a utilização da tecnologia. Em geral, o uso de computadores e/ou outros meios tecnológicos, como até mesmo o celular, e sua conexão com a internet, são recorrentes para o acesso a conteúdo e informações pertinentes à formação do educando. Como podemos notar, hoje, nesta disciplina, estamos inseridos nessa modalidade de ensino. A Educação Indígena também pode ser considerada como modalidade de ensino, já que faz o atendimento às comunidades indígenas, tradicionais, com o zelo e competência para agir em respeito às diferenças culturas (e até mesmo linguísticas) dos povos originários. Entende-se que o indígena advém de uma outra cultura, que não a branca e, por esse motivo, é visto como um público diferenciado, o qual deve ser contemplado com políticas educacionais específicas para o desenvolvimento de suas capacidades, bem como sua formação profissional, mas acima de tudo para a valorização de sua cultura e fortalecimento de sua identidade. Fugindo do tema Educação Básica, vale ressaltar que as políticas e ações afirmativas que tratam das minorias e grupos em situação de vulnerabilidade social já destinam, em muitas instituições superiores (universidades), o ingresso de forma diferenciada ao público indígena. Eis um reforço da ideia de “diferença” e diversidade cultural que tempos em nosso país que, por uma reparação de desigualdades, busca um acesso mais igualitário, aprimorando as condições de seleção e avaliação. Você deve estar se perguntando: “quantas regulações e legislações tenho que entender?” Não se preocupe! Procurarei tornar esses assuntos mais acessíveis para que você possa entender um pouco mais a respeito da Educação Básica no país! 1.3 Quanto às competências e responsabilidades: os órgãos reguladores da Educação Básica Segundo as diretrizes que regem a estrutura do ensino brasileiro, para cada Estado haverá competências e responsabilidades distintas, as quais não devem 14 ser negligenciadas pelos devidos órgãos, na pena de não ocorrência de êxito das funções que se ocupam a Organização e a Gestão da Educação Básica. 1.4 A União Para a União, entende-se que a responsabilidade confere na coordenação da Política Nacional de Educação e, concomitantemente, articular os distintos níveis e sistemas de ensino, na execução de função “normativa, redistributiva e supletiva”, relacionadas aos outros âmbitos da Educação. Segundo o artigo 9º da Organização da Educação Nacional (LDB de 1996), a União tem a incumbência de: I – Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II – Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos territórios; III – Prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à PNE obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva; IV – Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; V – Coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI – Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no Ensino Fundamental, Médio e Superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; VII – Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; 15 VIII – Assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; IX – Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. Fonte: http://www.cp2.g12.br/alunos/leis/lei_diretrizes_bases.htm Essas normativas pautadas pela lei recomendam um amplo direito de regência, por parte da União, direito que também é dever. No trato da coisa pública, a União deve assegurar o bom funcionamento do ensino brasileiro, no intuito de desenvolvimento da educação de nosso país. As formas que asseguram a qualidade do ensino estão, principalmente, nos atos de supervisão e avaliação das instituições educacionais. Vocabulário Coisa pública: em sentido literal, significa “coisa do povo”, tem como origem a palavra latina república. O termo em questão é utilizado para uma coisa que não é de propriedade privada. No caso da Educação Básica, o acompanhamento está nos sistemas de ensino nos níveis fundamentais e médio, além das modalidades de ensino de Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Educação Técnica e Profissionalizante. No decorrer das incumbências por parte do Estado, a Uniãoprevê um Conselho Nacional de Educação, inserido na estrutura educacional, o qual deverá exercer os cargos normativos e de supervisão, com atividade constante, este criado por lei. É importante salientar que o sucesso das nove incumbências da União, dependerá do acesso total às informações e dados necessários, de qualquer http://www.cp2.g12.br/alunos/leis/lei_diretrizes_bases.htm 16 estabelecimento ou instituição educacionais, ou seja, a União tem o direito amplo à coleta de dados em qualquer ambiente de ensino, no interesse das regulamentações e provisões avaliativas e de supervisão comuns. 1.5 Os Estados Quanto aos Estados, a lei prevê outras diretrizes que corroboram os deveres da União para com a Educação brasileira. O artigo 10 apresenta as incumbências dos Estados: I – Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos sistemas de ensino; II – Definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III – Elaborar e executar políticas educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; IV – Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – Baixar normas complementares para o sistema de ensino; VI – Assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio; VII – Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31 de julho de 2003). Fonte: Guia do Transporte Escolar (FNDE). Vale lembrar que, no caso do Distrito Federal, as incumbências que lhes são dirigidas são referentes não apenas àquelas aplicadas aos Estados. https://www.fnde.gov.br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/131-transporte-escolar?download=6897:guia-do-transporte-escolar https://www.fnde.gov.br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/131-transporte-escolar?download=6897:guia-do-transporte-escolar 17 1.6 Os Municípios Os Municípios da federação assim como a União e o Estado, também possuem incumbências quanto ao cumprimento da oferta de educação. De acordo com a LDB, são elas: I – Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados; II – Exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III – Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV – Autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – Oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino; VI – Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31 de julho de 2003). A opção de integração do ensino municipal ao sistema estadual, bem como a composição de um sistema único, é facultativa aos Municípios, podendo eles optar por tais medidas ou não. Como você pode perceber, as funções dos Estados e Municípios passam a ser mais específicas no tocante de suas estruturas. Da instância federal à municipal, as incumbências tratadas pela lei passam a perceber características ainda mais tênues em relação às suas especificidades, de modo a ter um cunho mais democrático se atendidas às demandas provenientes de cada ente federado: União, Estados e Municípios. 18 1.6.1 Ferramentas reguladoras Para que a Educação Básica brasileira funcione de acordo com a legislação, existem as chamadas ferramentas reguladoras. É sobre esses instrumentos que você vai estudar a partir do próximo item. 1.7 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Até então, podemos dizer que tudo o que vimos nesta aula corresponde ao que está escrito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB. Trata-se da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. De modo geral, as principais normativas em relação ao ensino brasileiro podem ser averiguadas e, pelas instituições de ensino, atendidas, segundo essa lei. Ela foi sancionada pelo ex-ministro Paulo Renato Souza, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente do Brasil. A LDB/96 é constituída por 96 artigos. Segundo Scuarcialupi (2008), a característica que mais se ressalta dessa lei é sua natureza nada detalhista. Ou seja, a LDB, diferente do que ocorre na legislação brasileira, oportuniza liberdade para as escolas e demais instituições de ensino, ao creditar aos Estados e Municípios normas gerais para o trato com a Educação, dando a esses entes flexibilidade para desenvolverem estratégias que estariam, então, mais atreladas à realidade de cada sistema de ensino. Portanto, a LDB 9394/96 é a legislação que traz uma regulamentação mais aprimorada ao sistema de educação brasileiro, no meio público e no meio privado, trazendo normas e regras para a educação básica e, também, para o ensino superior. Anterior a ela, houve a promulgação de outra Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a LDB 4024, DE 1961. A LDB 9394/96 objetiva, de modo democrático, a extensão da Educação a todos os brasileiros em sua diversidade, direito esse já garantido pela Constituição Federal e reafirmado pela lei em questão. Ao trazer esse motivo, a LDB estabelece o teor da educação básica e superior na promulgação dos princípios educacionais e nos detalhamentos dos deveres da União, do Estado e dos Municípios em relação ao ensino público, elencando incumbências 19 ordenadas aos entes federativos que, em um regime de colaboração, trabalham em conjunto para o trato digno à educação. A LDB especifica os níveis de ensino na estrutura educacional, além de prever modalidades de ensino, que são particularidades na estrutura de Educação brasileira. Ainda, a formação de pessoal (profissionais da área da Educação) e a disposição dos recursos financeiros também são temas abordados pela lei que regulamenta essas questões. 1.7.1 O Plano Nacional de Educação (PNE) Outro documento norteador para a Educação Básica brasileira é o Plano Nacional de Educação (PNE), 2014-2024. Em 2014, o Congresso Federal sancionou o Plano Nacional de Educação (PNE) com a finalidade de direcionar esforços e investimentos para a melhoria da qualidade da educação no país. Com força de lei, o PNE estabelece 20 metas a serem atingidas nos próximos 10 anos e tem como discussão principal a elevação do nível de escolaridade da população, melhoria da qualidade da educação, democratização educacional, em termos sociais e regionais e democratização da gestão do ensino público. Saiba mais O Plano Nacional de Educação (PNE) constitui uma conquista legislativa do país, depois dos grandes marcos da Constituição Federal, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e da Lei do FUNDEF [...]. O PNE, assim, busca ações integradas dos três níveis de governo, criando um entrelaçamento intergovernamental, consubstanciado no regime de colaboração (outra singularidade do setor), e abre as portas para a integração intragovernamental, isto é, no âmbito de cada governo, para que não se compartimentem as políticas sociais. Com a duração de dez anos, suas consequências financeiras devem ser sentidas pelos planos plurianuais de investimento, pelas leis de diretrizes orçamentárias epelas leis orçamentárias anuais de qualquer nível. Com parte da lei, o PNE é cogente, ou seja, compulsório, e deve orientar a alocação de recursos, além de ser continuamente acompanhado e avaliado. (UNESCO, 2001), p. 7, 9). 20 O Plano Nacional de Educação (PNE) foi aprovado em 26 de junho de 2014 e terá validade de 10 anos. Lei n° 13.005/2014. Este plano estabelece diretrizes, metas e estratégias que devem reger as iniciativas na área da educação. Por isto, todos os estados e municípios devem elaborar planejamentos específicos para fundamentar o alcance dos objetivos previstos, considerando a situação, as demandas e necessidades locais. Para o apoio às funções no PNE, é prevista uma comissão interinstitucional, a qual tem por meta gerenciar e acompanhar a execução do Plano, sua avaliação e seus desdobramentos nas esferas estaduais e municipais. Essa comissão que reúne distintos setores dos poderes é constituída pelos representantes da seguinte ordem: Comissões de Educação do Senado Federal e de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados, no Ministério da Educação, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (CONSED), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), (UNESCO, 2001, p.10-11). Segundo o Plano, o sucesso das metas formuladas por este acordo que se atualiza a cada década só é possível com a cooperação dessas esferas e com a íntima participação da UNESCO. Tal compromisso, renovado periodicamente, passa a ser um compromisso entre presente e futuro, já que suas ações são planejamentos que objetivam o melhoramento da Educação brasileira em médio/longo prazo. No que se refere ao novo PNE, que contempla os anos de 2011 a 2020, seu projeto de lei foi enviado pelo governo federal ao Congresso em 15 de dezembro de 2010. Esse documento é mais sucinto, e também quantificável por estatísticas, podendo facilitar a sua execução e fiscalização. Tal fato também permite que ele seja discutido nas escolas, aumentando as chances de seus objetivos serem, de fato, compreendidos e também alcançados. 21 Suas diretrizes são as seguintes: ➢ I - Erradicação do analfabetismo; ➢ II – Universalização do atendimento escolar; ➢ III - Superação das desigualdades educacionais; ➢ IV - Melhoria da qualidade do ensino; ➢ V - Formação para o trabalho; ➢ VI - Promoção da sustentabilidade socioambiental; ➢ VII - Promoção humanística, científica e tecnológica do País; ➢ VIII - Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto; ➢ IX - Valorização dos profissionais da educação; ➢ X - Difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e à gestão democrática da educação. 1.8 O Conselho Nacional de Educação (CNE) O CNE é outra ferramenta reguladora do ensino brasileiro. Sua atuação ocorre no acompanhamento do desempenho da Educação em observâncias das atribuições do Poder Público Federal. As incumbências relativas ao conselho são de caráter normativo e deliberativo, além do assessoramento ao Ministro. A competência que pesa sobre o Conselho e às Câmaras de Educação Básica é o exercício de suas atribuições conferidas por lei. O Conselho Nacional de Educação elaborou cinco compromissos, os quais regem os deveres desse órgão. Saiba mais Os cinco compromissos traçados pelo CNE são: 1 - Consolidar a identidade do Conselho Nacional de Educação como Órgão de Estado, identidade esta afirmada e construída na prática cotidiana, nas ações, intervenções e interações com os demais sistemas de ensino. 22 2 - Participar do esforço nacional comprometido com a qualidade social da educação brasileira, cujo foco incide na escola da diversidade, na e para a diversidade, tendo o PNE e o PDE como instrumentos de conquista dessa prioridade. 3 - Articular e Integrar, em um diálogo permanente, as Câmaras de educação básica e de educação superior, correspondendo às exigências de um Sistema Nacional de Educação que ultrapasse barreiras burocráticas, mediante prática orgânica e unitária. As câmaras devem intensificar o diálogo entre si. Não há subordinação entre elas, pois representam níveis de ensino de um único sistema nacional de educação. Estrategicamente, a articulação e integração CES e CEB possibilita aperfeiçoar as leituras das diferentes etapas do processo de escolarização, aproximando as câmaras, constituindo um todo orgânico, que se exerce no Conselho Pleno e, consequentemente, um verdadeiro Conselho Nacional de Educação. 4 - Consolidar a estrutura e diversificar o funcionamento do CNE. Não queremos que ele responda apenas às demandas, mas que se constitua em espaço de fortalecimento de suas relações com os demais sistemas de ensino e com os segmentos sociais, espaço de estudos para as comissões bicamerais, audiências públicas, fóruns de debates, sempre cuidando da dotação de infraestrutura material necessária e do quadro de pessoal próprio. 5 - Instaurar um diálogo efetivo, articulado e solidário, com todos os sistemas de ensino (em nível federal, estadual e municipal), em compromisso com a Política Nacional de Educação, em regime de colaboração e de cooperação. Talvez este se constitua no desafio maior para o CNE. (Informação disponível no portal do MEC, no link: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de- educacao/apresentacao 1.9 Câmara de Educação Básica - CEB e Conselhos de Educação (CEE) A Câmara de Educação Básica tem como atribuições a análise e emissão de pareceres sobre os procedimentos dos processos avaliativos da educação em seus diferentes níveis (infantil, fundamental, médio, profissional e especial), bem como os resultados provenientes desse acompanhamento. Ainda, cabe à Câmara de Educação Básica o acompanhamento da execução do PNE. Os órgãos vistos até então são responsáveis por aspectos administrativos em âmbito nacional, exercendo as capacidades de planejamento e fiscalização, agindo em função normativa e deliberativa. Além da LDB, esses conselhos estão presentes na estrutura educacional com o dever de regularização do ensino. Fora os órgãos citados, temos os Conselhos dos Estados e dos Municípios. http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao 23 Estrutura Organizacional do CEERS Fonte: http://www.ceed.rs.gov.br/lista/496/estrutura-organizacional O Conselho Estadual de Educação é caracterizado enquanto órgão normativo e deliberativo, da mesma forma que o CNE, porém, em um âmbito estadual. Os Conselhos de Educação que temos hoje surgem em 1961, com a LDB 4024, e passam a se tornar órgãos normativos, referentes aos seus Sistemas de Ensino. Tais regulamentações, provenientes desses órgãos, partem dos próprios educadores: trata-se da constituição de um quadro de conselheiros com notório saber quanto à área da educação. http://www.ceed.rs.gov.br/lista/496/estrutura-organizacional 24 Importante Os conselhos Estaduais possuem em sua organização comissões responsáveis por nichos distintos em sua estrutura. Tomaremos como exemplo o quadro organizacional do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. As legendas correspondentes à primeira coluna (da esquerda) em quadros da cor laranja, tratam das comissões, que são: Comissão de Ensino Fundamental (CEF); Comissão de Ensino Médio e Educação Superior (CEMES); Comissão de Legislação e Normas (CLN); Comissão Especial de Educação Profissional (CEEP); Comissão Especial de Educação Infantil (CEEI); Comissão de Planejamento (CP); Centro de Documentação (CD); e Comissão Especial do Regime de Colaboração (CERC). Além do CEE, há o Conselho Municipalde Educação. Em 2013, os conselhos municipais de educação estavam presentes em mais de 80% dos municípios de nosso país, mostrando então a expansão dos órgãos fiscalizadores e normativos em todo o território nacional, bem como a preocupação na qualidade da educação brasileira. Você pode observar que esses conselhos possuem diferentes funcionalidades, as quais objetivam auxiliar a gestão municipal de ensino e, quando conduzido de forma exitosa, podem vir a ser fundamentais quanto ao aspecto democrático, na participação das comunidades em decisões relativas ao ensino. Assim, os Conselhos Municipais de Educação mediam e articulam a relação entre a gestão da educação dos municípios e a sociedade civil. Suas funções são: normatizar com a elaboração de diretrizes que vêm a adaptar as normativas federais para a esfera municipal; deliberar, ou seja, inferir sobre o funcionamento ou não funcionamento de estabelecimentos de ensino, tanto da rede pública quanto da rede privada, legalizando cursos e decidindo acerca dos currículos das escolas; assessorar, atendendo as demandas e questionamentos, tanto da sociedade quando do Poder Público. 25 Além de fiscalizar; com o acompanhamento atento da execução, por parte das escolas, das políticas públicas voltadas à Educação, bem como o monitoramento dos resultados em âmbito educativo municipal. De acordo com o que você viu até aqui, deve ter percebido que a estrutura do ensino brasileiro é, em essência, complexa em sua formação. Além das leis e documentos deliberativos referentes à educação, Conselhos também tomam as rédeas do ensino brasileiro, deliberando diferentes incumbências e deveres aos federados. Os Conselhos são responsáveis pela organização e qualidade educacional, em nível federal, estadual e municipal. O êxito da educação brasileira, ou seu insucesso, depende da competência dos órgãos. Conclusão da aula 1 Você pôde ter um panorama amplo daquilo que considero fundamental para a organização da Educação Básica, bem como do ensino brasileiro em geral. Além da LDB, legislação ímpar para a normatização dos sistemas de ensino, estudou-se sobre o Plano Nacional de Educação e os Conselhos de Educação (Nacional, Estaduais e Municipais), instrumentos que corroboram entre si para os desenvolvimentos dos quadros de ensino, sua fiscalização e avaliação. Tais órgãos são responsáveis pelo cumprimento da lei e dos acordos referentes à Educação no Brasil, deliberando funções em prol de um ensino de qualidade, igualitário e progressivo. Atividade de aprendizagem Conforme o material didático, sobre a Lei de Diretrizes e Bases e a organização escolar, escreva sobre o objetivo do Ensino Fundamental segundo a LDB e o panorama organizacional da educação infantil, do ensino fundamental e médio. 26 Aula 2 – Os níveis de ensino e suas peculiaridades na Educação Básica Apresentação da aula 2 Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à segunda aula desta disciplina. Neste momento, apresento a você os níveis de ensino presentes na estrutura educacional brasileira. Com isso, o objetivo desta aula é apresentar as características de cada nível de ensino, de acordo com seus respectivos deveres para com a educação. Lembro, no entanto, que abordarei apenas os ciclos referentes à Educação Básica, matéria que nos interessa nessa jornada de estudos. A Gestão da Educação Básica: tarefa de todos Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-multietnico-de-homens-e-mulheres- jovens-que-estudam-em-ambientesfechados_1174221.htm#term=educacão&page= 1&position=16 http://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-multietnico-de-homens-e-mulheres-jovens-que-estudam-em-ambientesfechados_1174221.htm#term=educacão&page= http://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-multietnico-de-homens-e-mulheres-jovens-que-estudam-em-ambientesfechados_1174221.htm#term=educacão&page= 27 2.1 A Educação Infantil no Brasil A Educação Infantil Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/rapaz-pequeno-com-as-maos-cheias-de-tinta-e- com-a-boca-aberta_1019853.htm#term=infancia&page=1&position=30 A educação na infância é um assunto bastante específico na área educacional, justamente por se tratar de um ensino voltado às crianças. Historicamente, esta concepção de “infância” mudou e a educação para este público também. Em um primeiro momento, o que se pensava sobre a criança e a educação para este grupo estava vinculado a um “cuidado”, para aqueles que precisavam de atenção. Como se, apenas para suprir o tempo em que os pais estavam no trabalho, à criança precisasse apenas de quem a observasse, sendo estas deixadas em locais que oferecessem tal serviço. Com o passar dos anos, isso mudou. Contudo, a criança enquanto sujeito, dotada de necessidades, atenção e, principalmente, formação particulares voltadas às suas especificidades de acordo com sua idade, só veio a ser uma realidade no decorrer do século XVIII. Nesse período, as concepções acerca da criança se modificam e, assim, passa- se a perceber a infância como uma idade importante para o desenvolvimento do sujeito. http://br.freepik.com/fotos-gratis/rapaz-pequeno-com-as-maos-cheias-de-tinta-e-com-a-boca-aberta_1019853.htm#term=infancia&page=1&position=30 http://br.freepik.com/fotos-gratis/rapaz-pequeno-com-as-maos-cheias-de-tinta-e-com-a-boca-aberta_1019853.htm#term=infancia&page=1&position=30 28 Saiba mais O trabalho já clássico de Ariès sobre a infância dividiu as águas entre os historiadores da psicologia social. Pelo menos, os historiadores da infância não mais puderam afirmar impunemente uma noção a-histórica da infância ou, em todo caso, deveram enfrentar os argumentos de Ariès, que se tornou referência obrigatória para acólitos e profanos. As teses centrais de Ariès são duas; a primeira é que nas sociedades europeias durante a época medieval não havia um sentimento ou consciência de "infância". Nessas sociedades, o que hoje chamamos de infância estava limitado a esse período relativamente curto, mais frágil da vida, em que uma pessoa ainda não pode satisfazer por si mesma suas necessidades básicas. Segundo esta tese, em um longo período que vai até um momento difuso entre os séculos XVII e XVIII, aqueles a quem chamamos de crianças eram adultos menores ou em menor escala de tamanho. Esta afirmação se vê corroborada pelos produtos culturais da época. Até o século XIII, a arte medieval desconhecia a infância. Gradualmente as obras artísticas incluem cada vez mais a quem hoje chamamos de crianças, retratadas como pequenos adultos, adultos "em miniatura". As crianças, tal como as compreendemos atualmente, eram mantidas pouco tempo no âmbito da família. Tão logo o pequeno pudesse abastecer-se fisicamente, habitava em um mundo de adultos, confundindo-se com eles. Nesse mundo, aqueles que hoje chamamos crianças eram educados sem que existissem instituições especiais para eles. Tampouco existia nessa época a adolescência ou a juventude: os pequenos passavam diretamente de bebês a homens (ou mulheres) jovens. Não havia naqueles tempos nenhuma ideia ou percepção particular ou específica de natureza da infância diferente da adultez. A segunda tese, complementar à primeira, é que a partir de um longo período, e, de um modo definitivo, a partir do séc. XVII, se produz uma mudança considerável: começa a se desenvolver um sentimento novo com relação à "infância". A criança passa a ser o centro das atenções dentro da instituição familiar. A criança se torna uma fonte de distração e relaxamento para o adulto que começa a expressar e tornar cada vez mais ostensivos tais sentimentos. [...] O Estado mostra um interesse cada vez maior em formar o caráter das crianças. Surgem assim uma série de instituições com o objetivo de separar e isolar a criança do mundoadulto, dentre elas, a escola. A criança adquire um novo espaço dentro e fora da instituição familiar. (Trecho extraído do texto de Walter Omar Kohan. A infância escolarizada dos modernos, disponível em: http://www.lite.fe.unicamp.br/papet/2002/fe190d/texto04.htm As casas responsáveis pelo cuidado das crianças, ainda nesse período, não ofereciam condições ideais de formação, nem sequer de higiene, segundo MARTINS (2013). Chamavam de “mães mercenárias” as cuidadoras de crianças, para as famílias que trabalhavam fora. No entanto, a falta de condições http://www.lite.fe.unicamp.br/papet/2002/fe190d/texto04.htm 29 mínimas de integralidade desses ambientes fez com que aumentasse o número de doenças e mortalidade no público infantil. A criação de locais mais propícios e específicos para as crianças surgem, então, após esses fatos. Em um primeiro momento, com a iniciativa filantrópica e, após, com espaços públicos. Ainda assim, tais ambientes tinham um cunho assistencial, lançando à criança um olhar de fragilidade, dependência, um ser indefeso que precisava de zelo. Portanto, não é difícil entender o motivo de não haver uma formação especializada para o trato de crianças nesse período, já que os únicos cuidados necessários se restringiam à higiene e comportamento, basicamente. Entretanto, o grande “boom” no aumento de estabelecimentos que correspondem a creches e pré-escolas se deu, segundo MARTINS (2013), apenas em 1970 com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, resultando em um crescimento dessas instituições. É nesse sentido que o espaço reservado à Educação Infantil começa a tomar corpo, com os devidos deveres da ordem Pública. A educação passa a ter a criança como mais um agente de interesse e, em uma reparação à educação para as famílias mais pobres, as creches/pré-escolas passam a elaborar uma formação, para o público infantil. Assim, em primeiro instante, pode-se dizer que as propostas de trabalho dos espaços em questão eram direcionadas àquelas crianças em situação de vulnerabilidade social – isso em nível público. No âmbito privado, para as famílias com mais poder aquisitivo, a situação era diferente. Ao contrário dessas, as crianças mais pobres eram vistas como carentes e frequentar um ambiente de ensino para a sua própria idade reverberaria em uma “superação” compensatória, no atendimento de demandas, tanto de ordem orgânica quanto de ordem cultural, até mesmo no atendimento específico de déficit linguístico, muito comum em tal período. 30 Vocabulário Déficit linguístico: de acordo com a teoria da deficiência cultural, o déficit linguístico é atribuído à pobreza do contexto linguístico em que vive a criança, particularmente no ambiente familiar. Na teoria da carência cultural, crianças de camadas populares, apresentam um déficit linguístico, resultado da privação linguística de que são vítimas no contexto cultural em que vivem (CASTRO, 2009, s/p). Martins (2013) explica que nesse período ocorreu um aumento da demanda por pré-escolas, sendo assim, a Educação Infantil iniciou um processo de municipalização, perdendo seu caráter, passando a ter uma função educativa. E conclui: “em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, a educação foi reconhecida como um direito de todas as crianças e um dever do Estado” (MARTINS, 2013, s/p). Mesmo com a Constituição de 1988, os grandes avanços na Educação Infantil vieram a ocorrer na década de 90 do século XX, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no objetivo ímpar de concretizar, de fato, os direitos desse público específico. Após o ECA, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1986 passa a ser a legislação que reconhece a Educação Infantil como um nível específico da Educação Básica. É nesse momento que o ensino da criança é, de fato, valorizado: reflexo da importância que se dá à infância. Nota-se, no público infantil, um caráter ativo e a capacidade integral de construção do próprio conhecimento. Nesse cenário, o educador toma a criança como produtora de saber, potencialmente engajada na relação de aprendizagem e, por tal motivo, o professor começa a ser um mediador. A família, nesta ocasião, é coparticipante no processo ensino-aprendizagem. Nessa educação voltada à criança, os conteúdos elaborados e transmitidos em sala de aula são construídos propriamente para o mundo infantil, ou seja, o professor como mediador passa todo o ensinamento cabível para a 31 idade do educando de maneira lúdica e, assim, respeita-se a cultura infantil e a vivência sociocultural de cada indivíduo na sala de aula. 2.2 Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) estabeleceu, pela primeira vez na história de nosso país, que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica. Este documento constitui-se em um conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam a contribuir para a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras. Sua função é contribuir para as políticas e programas de Educação Infantil, socializando informações, discussões e pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais profissionais da Educação Infantil e apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais. Vejamos na íntegra os parâmetros da LDB/96, na sua Seção II, que configuram o primeiro nível da Educação Básica: Seção II Da Educação Infantil Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I - Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - Pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Fonte: http://secon.udesc.br/leis/ldb/ldb5cap2.html http://secon.udesc.br/leis/ldb/ldb5cap2.html 32 É neste tom que a Educação Infantil passa a ser o primeiro ambiente oferecido à criança para o desenvolvimento de sua cidadania e sua interação com a sociedade. Será nesse espaço que toda a criança articulará relações que possibilitarão que suas faculdades sejam, de fato, melhoradas, na construção de hipóteses e aprendizagens sobre si e o mundo, além da solução de problemas a partir do desenvolvimento de si quanto sujeito. Portanto, é visível que a inserção da criança neste primeiro nível da estrutura de ensino brasileiro é fundamental para o ganho e evolução de suas capacidades e compreensão; para a melhoria dos níveis de aprendizado (e um médio prazo); e avanço significativo quanto à escolaridade e, até mesmo, em um prazo maior. Para uma educação de qualidade ao nível infantil, seja nas Creches ou nas Pré-escolas, seis pontos são ressaltados: ➢ Profissionais com bom nível de formação; ➢ Programa Pedagógico adequado a cada faixa etária; ➢ Turmas com número reduzido de crianças por educador; ➢ Ambientes seguros e estimulantes à participação ativa da criança; ➢ Atenção à higiene e ao cuidado pessoal; ➢ Atendimento e orientação para os pais. Na atenção aos pontos mencionados, você deve compreender que para se ofertar uma educação de qualidade para a infância, é necessária uma ação conjunta de todos aqueles órgãos que avaliam e regulamentam o ensino brasileiro. Sabendo da realidade da educação brasileira, entende-se que na prática muitacoisa difere dos pontos e diretrizes traçadas em papel. Contudo, ao conhecer a lei, os documentos e acordos reguladores e os Conselhos responsáveis, pode-se reivindicar a educação que almejamos, bem como acompanhar de perto as ações de nível público, e até mesmo privado, que estão a reger o ensino em nosso município, estado e nação. 33 Neste passo, você deve lembrar que é dever do Estado a garantia da oferta da Educação Infantil, de forma pública, de qualidade e gratuita, sem requisito de seleção. 2.3 O Ensino Fundamental O segundo nível da Educação Básica na estrutura de ensino brasileiro é o que chamamos de Ensino Fundamental. Em épocas anteriores, tínhamos em seu lugar o “primeiro grau”, que era, por sua vez, uma soma dos cursos “primário” e “ginásio”. O primeiro tinha a duração entre quatro e cinco anos, sendo que o ginásio tinha mais quatro anos – sendo ele, até 1971, um ensino secundário. Entretanto, regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, torna-se obrigatório o ingresso e a permanência no Ensino Fundamental. Pelo Projeto de Lei nº 3.675/04, a obrigatoriedade desse nível de ensino é ampliada de oito para nove anos. A Lei nº 11.274/06 prevê ainda a obrigatoriedade do ingresso à classe de alfabetização, antes mesmo da primeira série (1ª série), e é ampliada a duração de oito para nove anos. No Ensino Fundamental, mesmo não havendo um currículo regulamentar, com um padrão de elaboração, há a obrigatoriedade, segundo a LDB/96 em sua Seção III, dos seguintes pontos: I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Fonte: https://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/ https://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/ 34 Os pontos mencionados devem ser desenvolvidos, de modo imperativo, no nível fundamental da Educação Básica. Entretanto, no parágrafo primeiro da mesma Seção II da LDB/96 ressalta-se que é facultado aos sistemas de ensino o desdobramento deste nível de ensino em ciclos. A lei ainda prevê a progressão continuada para os estabelecimentos que utilizam a progressão regular por série; a utilização da língua portuguesa, salvo as línguas maternas das comunidades indígenas, no respeito de suas peculiaridades; e a forma presencial para o ensino fundamental, havendo a ocorrência de ensino a distância apenas para a complementação da aprendizagem, salvo ocorrências emergentes. O artigo 33 da mesma lei contempla o ensino religioso que, mesmo sendo de matrícula facultativa, é visto como item que integra a formação básica do sujeito, como cidadão. Constitui-se, então, o ensino religioso como disciplina, na intenção de assegurar o respeito à diversidade religiosa e cultural brasileira, vedando qualquer inclinação à proselitismo. Vocabulário Proselitismo: é a ação ou empenho de tentar converter uma ou várias pessoas em prol de determinada causa, doutrina, ideologia ou religião. A diretriz para a jornada escolar no Ensino Fundamental ressalta a inclusão de no mínimo quatro horas, que devem ser destinadas ao trabalho efetivo em sala de aula, com a progressão deste tempo para a permanência do educando no ambiente escolar. A diretriz para a jornada escolar no ensino fundamental ressalta a inclusão de no mínimo quatro horas, que devem ser destinadas ao trabalho efetivo em sala de aula, com a progressão deste tempo para a permanência do educando no ambiente escolar. 2.4 Os anos iniciais do Ensino Fundamental 1º ao 5º ano Quanto aos Anos Iniciais, as Diretrizes Curriculares Nacionais objetivam que nesta etapa do Ensino Fundamental o educando tenha o direito garantido 35 ao acesso de conhecimentos e elementos da cultura, os quais são de suma importância para o desenvolvimento sociocultural e de vida da criação. Além disso, a etapa dos anos iniciais consiste em uma formação comum, independente das diferenças culturais da população brasileira, mesmo levando em conta nossas fronteiras de proporções continentais. As metas correspondentes aos anos iniciais estão pautadas no processo de alfabetização e letramento, no desenvolvimento das formas diversas de expressão e nos conhecimentos, os quais vêm a constituir os pontos fundamentais e obrigatórios curriculares. Os estímulos às crianças, no primeiro ciclo, ocorrem por meio de jogos, interação com imagem e som, leituras, atividades lúdicas e outros procedimentos revistos por pessoal qualificado que desenvolvem um material didático específico ao público infantil dos anos iniciais. Essa conduta utiliza ferramentas pedagógicas que visam à condução da criança ao conhecimento de seu próprio mundo, de seu contexto social e familiar. 2.5 Os anos finais do Ensino Fundamental 6º ao 9º ano Os anos finais configuram a segunda etapa do Ensino Fundamental e, segundo as mesmas diretrizes, objetivam praticamente a segurança dos mesmos direitos dos anos iniciais. No entanto, os objetivos educacionais são diferentes, sendo pautados em três áreas: 1. Compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade. 2. No desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores. 3. Nos conhecimentos que constituem os componentes curriculares obrigatórios. É neste ciclo que os estudantes aprofundam seus conhecimentos àqueles adquiridos nos anos iniciais e passam a ingressar ao estudo de outras matérias 36 que serão fundamentais para o prosseguimento da carreira escolar do educando, no ensino médio e, posteriormente, no ensino superior. Essa etapa é caracterizada como delicada e sensível, já que protagoniza uma mudança gritante na prática do ensino e, até mesmo, na forma que os(as) estudantes se relacionam com aquilo que estudam. A autonomia do jovem deve ser observada atentamente pelo educador e potencializadas suas capacidades, contemplando dessa maneira a integralidade do aprendiz em sua faixa-etária. 2.6 O Ensino Médio O Ensino Médio no Brasil Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/o-campus-dos-jovens-estudantes-ajuda-o- amigo-a-recuperar-o-atraso-e-a-aprender_1211551.htm#term=grupo de jovens&page=1&position=13 O Ensino Médio é o último nível de ensino da Educação Básica e possui diferentes características em todo o território nacional. Sua origem vem de três cursos. Podemos observar que, até 1967, era dividido em: ➢ Curso Científico; ➢ Curso Normal; ➢ Curso Clássico. 37 A partir de 1996, com a LDB, novas diretrizes tratam por regulamentar o Ensino Médio como o ponto final da Educação Básica. Seus dispositivos de ensino têm por meta o aprofundamento de todos os conhecimentos adquiridos no ciclo anterior, ou seja, no Ensino Fundamental. Ainda, cabe ao Ensino Médio a capacitação e formação do indivíduo como cidadão, preparando-o para a vida em sociedade, para mundo do trabalho e etapas posteriores de vida. Seção IV do Ensino Médio. A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação, nº 9.394 de 31 de dezembro de 1996, estipula que: Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I - A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridosno ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I - Destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II - Adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; III - Será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição; § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I - Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; II - Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; 38 III - Domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania; § 2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas, (regulamento); § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos; § 4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Fonte: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf Um dos parâmetros avaliativos sobre o último ciclo de estudos da Educação Básica é o ENEM: Exame Nacional de Ensino Médio. Esse processo em avaliação consiste na observância dos conhecimentos adquiridos pelos educandos em toda sua Educação Básica. Atualmente, o ENEM é requisito para o ingresso em quase todas as universidades brasileiras. Outro processo de acompanhamento e fiscalização do conhecimento é o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o qual objetiva o levantamento de indicadores, na intenção de monitorar as etapas de ensino- aprendizagem em toda a rede escolar, nesse sentindo, contribuindo para a elaboração de metas e políticas, sobre a responsabilidade da União, dos Estados e dos Municípios. Tais ferramentas avaliativas exercem uma função ímpar na Educação brasileira: a melhoria da qualidade de ensino em todo o país. Os dados que abordam os níveis de abandono escolar e êxito no processo de ensino, em toda a Educação Básica, são preocupantes quando se trata de Ensino Médio. Em particular, esse ciclo de estudos é o que mais vem apresentando demandas preocupantes em relação ao educando e sua permanência escolar, da mesma forma que seu rendimento e aproveitamento. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), no compromisso com o avanço das taxas de êxito nos âmbitos educacionais, lançou 10 desafios para o Ensino Médio. Trata-se, neste caso, de metas que vêm a fomentar uma evolução no processo de ensino-aprendizagem neste ciclo de estudos. Esse órgão aponta, em justificativa de suas ações frente às demandas do Ensino Médio, que a garantida dos direitos educacionais aos adolescentes entre 15 e 17 anos é um “grande desafio” para o Brasil. Mesmo que, a partir da Emenda https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf 39 Constitucional nº 59, de 2009, o Brasil tenha declarado obrigatória tal etapa de ensino para a faixa-etária mencionada, percebe-se que o grupo de adolescentes é o público mais atingido pela exclusão. 2.7 O novo ensino médio: breves considerações Tratando-se de um assunto novo no campo da educação, o que vem sendo debatido nos dias atuais é a inserção de um Novo Ensino Médio, ação articulada no governo de Michel Temer. Este Novo Ensino Médio preconiza uma ampliação, de forma gradativa, na jornada de ensino escolar, levando em consideração as normativas do Plano Nacional de Educação (visto em aula anterior). A proposta em voga tem por objetivo o estímulo e a ampliação da oferta do tempo integral, sendo que seria de responsabilidade da União formar parceria com os estados na meta de duplicação do número de educandos nesse sistema de ensino. Vale lembrar que, segundo tais parâmetros, o foco de implementação do tempo integral será justamente as áreas de maior vulnerabilidade social, priorizando escolas com indicies sociodemográficos baixos. A grande preocupação por parte de uma parcela da sociedade e de profissionais da área da Educação é a alteração curricular, proposta pelo Novo Ensino Médio. Nele, as disciplinas ofertadas de forma obrigatória seriam apenas língua portuguesa e matemática, na duração total do curso (3 anos). As outras disciplinas curriculares, presentes na Base Comum, ficariam a cargo das próprias escolas, conforme diretrizes da própria rede. Uma das justificativas é que, segundo exames avaliativos nacionais, os (as) estudantes desse ciclo de estudos passaram a aprender menos, tanto matemática quanto língua portuguesa. Outra razão para a implementação do Novo Ensino Médio é a comparação da estrutura de ensino brasileiro com países como Inglaterra, França e Austrália, que apontaram índices crescentes no aspecto educativo seguindo modelo semelhante. 40 Importante Quais são as especificações para cada nível de estudo da Estrutura do sistema educacional de nosso país? Segundo a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação – LDB nº 9.394/1996, temos o seguinte quadro: Fonte: (DOURADO, LUIZ FERNANDES), gestão da Educação escolar. Brasília: universidade de Brasília, centro de Educação a distância, 2006. Conclusão da aula 2 O sistema brasileiro de ensino, regulado pelos conselhos nacionais, estaduais e municipais e, principalmente, pela legislação, traduzida na LDB de 1996, estrutura a educação brasileira em níveis e subníveis de ensino. Na Educação Básica, a criança vai da Educação Infantil ao Ensino Médio guiada pelas diretrizes respectivas a cada nível, no interesse constante de seu desenvolvimento social e de cidadã no mundo em que vive. Os níveis de ensino são complementares, mesmo havendo independência entre cada um deles. Ou seja, para cada nível de ensino há metas e objetivos particulares, para o processo de desenvolvimento cognitivo e cultural, da criança e do adolescente, de acordo com sua faixa etária. O êxito educacional em todas essas esferas dependerá do acesso e da permanência dos educandos no ambiente escolar e do comprometimento profissional de professores, da família e da sociedade. Atividade de aprendizagem Pesquise e descreva sobre os níveis de ensino e suas peculiaridades, contemplando tudo o que envolve a Educação Básica. 41 Aula 3 – Os aspectos da gestão na Educação Básica Apresentação da aula 3 Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à terceira aula desta disciplina. Aqui, você aprenderá as nuances de gestão no âmbito da Educação Básica. Nossa aula contará com pontos específicos da gestão, com o objetivo de ao final dela, estarmos cientes de que a formação de uma gestão no contexto brasileiro deve possuir um cunho democrático, em que os envolvidos exerçam seus direitos deforma a contribuírem para uma educação para todos e de qualidade. Estudante, é de fundamental importância a resolução das atividades propostas nesta disciplina, bem como a leitura atenta do texto que apresenta cada aula, cada tema da disciplina. Lembre-se de que, para o êxito de sua jornada de estudos, a disciplina e atenção são os melhores métodos. Fonte:http://br.freepik.com/fotos-gratis/pessoas-de-forca-reuniao-de-sucesso-das- maos_1145801.htm#term=trabalho em grupo&page=1&position=11 42 3.1 Introdução à gestão educacional Pode-se afirmar que a gestão da educação, no seu sentindo mais amplo, é configurada pela pura prática de todas as diretrizes que comportam a estrutura de ensino em todos os âmbitos da federação, ou seja, a gestão se faz no decorrer da materialização da lei, no seu cumprimento. As intenções do Poder Público traduzidas no dia a dia escolar retratam a realidade ou o ideal de um sistema de gestão. Porém, a gestão educacional não é apenas isso. As materializações que vêm a ocorrer pós-análise e cumprimento das objetivações da lei, dos documentos e Conselhos que normatizam a educação são apenas uma parte do que ocorre na natureza gestacional do ensino brasileiro. Logo você perceberá que a gestão educacional tem peculiaridades com amplo espectro, já que trata das relações sociais em seu contexto educativo. Por se tratar de uma interação de pessoas que, num ramo profissional, objetiva o desenvolvimento do ser, bem como da pessoa quanto cidadão, a gestão educacional constitui fundamental papel, como uma grande engrenagem, no êxito do ensino brasileiro. Na gestão, decorrem atitudes que implicam diretamente na forma de regência institucional e, em concordância com a legislação e seus órgãos reguladores, as inferências nos processos de decisão/participação, bem como planejamento e desenvolvimento no campo socioeducativo, partem diretamente do meio de gestão. Assim, levando em consideração a extensão da gestão educacional, você perceberá que o programa administrativo de ensino corresponde a uma constante articulação de instâncias educacionais e em duas deliberações e cumprimento dos pontos políticos-pedagógicos que norteiam o sistema de ensino. As recursões a programas, políticas e projetos educacionais e pedagógicos são funções constantes da gestão, a qual deve sempre se remeter a este eixo do ensino, até mesmo para que seja possível uma fecunda implementação de autonomia nos âmbitos escolares e institucionais. A formação de pessoal capacitado para o exercício da gestão também é uma baliza importante. Portanto, a formação docente e a técnica estão 43 estreitamente ligadas ao mundo da gestão da Educação Básica, interferindo na forma de organização dessa gestão que, quando preenchido os quadros por funcionários capacitados, faz girar as engrenagens administrativas da estrutura de ensino. A capacidade de recursos por parte da União, dos Estados e dos Municípios, bem como a destinação exata desses recursos às escolas, é mais uma baliza importante para o cumprimento das diretrizes educacionais e, na sua materialização, no aspecto de gestão da educação brasileira. A integralidade de suas fontes e o bom uso do recurso material e financeiro no âmbito escolar motivam demasiadamente o trabalho de todos os agentes de educação, desde o professor, aos funcionários e estudantes. Ainda, a natureza da gestão educacional no Brasil apresenta condições de dualidade que devem ser apaziguadas por processos democráticos de participação. Um exemplo disso são os fatores que margeiam a estrutura de gestão, os quais são intra e extraescolares. Entre o público e o privado, as margens da gestão educacional são pontos flexíveis e que merecem todo cuidado. Lembre-se de que a educação, de acordo com a Constituição brasileira, “é dever de todos”. A sociedade civil, portanto, deve estar totalmente emaranhada à educação e vice-versa. Nesse sentido, a participação dos pais, dos servidores da Educação e dos (as) estudantes correspondem a uma ideal construção educativa, em que toda a “comunidade escolar” trabalha para uma maior fiscalização, avaliação e consequentemente pela busca de uma qualidade no ensino. Entretanto, as políticas e as normativas de gestão do ensino brasileiro, principalmente da Educação Básica, sofreram descontinuidades e uma notável centralização. É o que afirma o Luiz Fernandes Dourado, doutor em educação e professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás: “a constituição e a trajetória histórica das políticas educacionais no Brasil, em especial os processos de organização e gestão da educação básica nacional, têm sido marcadas hegemonicamente pela lógica da descontinuidade [...]”, o autor ainda enfatiza que essa “[...] dinâmica tem favorecido ações sem a devida 44 articulação com os sistemas de ensino, na gestão e organização, na formação inicial e continuada, na estrutura curricular e nos processos de participação” (DOURADO, 2007, p.5). As descontinuidades nas esferas políticas e de gestão são sintomas dos desencontros administrativos e até mesmo legislativos do amplo contexto da educação brasileira. As mudanças socioculturais correspondem parte deste fenômeno que, pela implementação de novas políticas públicas, por exemplo, fazem com que novas demandas no setor educativo surjam. A supressão dessas demandas, no cumprimento da lei, traz novidades. A formação contínua dos profissionais de ensino pode ser tomada aqui como a representação efetiva da materialização do atendimento dessa demanda. Como você pode perceber, as alterações na ordem da educação no Brasil ocorreram desde os primórdios da sociedade brasileira. Porém, nesse sentido, pode ser ressaltado o período de redemocratização do país, já que neste processo relevantes e acentuadas mudanças vieram a ocorrer. O ápice desse período está na Constituição Federal de 1988 e a garantia da educação como um direito social “inalienável” para todos. A garantia desse direito contaria então com a participação ativa de todos os entes da federação: União, Estados e Municípios; na prevenção e disponibilização de recursos e no entrelaçamento de forças entre todos esses entes no processo e na estrutura de ensino, de acordo com suas particularidade e objetivações. 3.2 Gestão democrática Caro(a) estudante, a questão “democrática” é muito discutida no meio educacional, questionada pelos profissionais da área. Mas, o que de fato seria uma “gestão educacional democrática”? Respondendo a essa questão tem-se o entendimento de que a questão democrática é um sistema político, o qual está sob a responsabilidade e cuidados de toda a sociedade brasileira que, por sua vez, atua no sistema de ensino e sobre ele. A descentralização do poder é, nesse caso, um valor objetivo, pois em 45 sua concepção teórica busca, exatamente, a reunião de setores sociais como educadores, professores, pesquisadores, os pais, a sociedade em geral, o Estado. É importante que você entenda que a compreensão da gestão democrática não tem uma linha fixa, ou ponto comum. Existem distintas compreensões e até mesmo discordância, já que os setores que possuem a capacidade de optar dentro do sistema de ensino estão, primeiramente, em uma posição que acata as leis e diretrizes já estipulados em âmbito legislativo. Mesmo assim, há fatores que garantem a inferência dos grupos interessados em uma educação exitosa e de qualidade: o direito universal à educação é um desses fatores e, além disso, o direito a um ensino que seja totalmente público e que prevê, em sua normatização, a participação da sociedade de forma democrática. Essa participação deve, pela previdência da lei, inferir na gestão dos sistemas de ensino, bem como das unidades escolares.
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