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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA Carla Maria Pereira Barbosa Morais Mestre em Educação, na área de Tecnologias Educativas (2014) pela Universidade de Lisboa. Pós-graduada em Educação Empreendedora (2009) pela Universidade Federal de São João del-Rei e graduada em Pedagogia (2005) também pela Universidade Federal de São João del-Rei. Experiência profissional em docência, supervisão, coordenação e consultoria pedagógica. Atua na área de pesquisa em Educação, com ênfase em Tecnologias Educativas, Empreendedorismo, Práticas Pedagógicas, Currículo, Inclusão e Formação de Professores. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): História, Concepção, Política e Referenciais Pedagógicos 1ª edição Ipatinga – MG 2021 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO EDUCAÇÃO BRASILEIRA .................................................................................... 7 1.1 ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ................................................... 7 1.2 MODALIDADES DE ENSINO ................................................................................. 9 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 15 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ............................................................... 20 2.1 ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR: BASE LEGAL, AUTONOMIA E FLEXIBILIZAÇÃO ................................................................................................. 20 2.2 CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA .............................................................. 22 2.3 CURRÍCULO INTEGRADO, MULTICULTURALISMO E TRANSDISCIPLINARIDADE ............................................................................................................................ 25 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 27 POLÍTICAS PÚBLICAS .............................................................................. 33 3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS ............................................................. 33 3.2 DESCENTRALIZAÇÃO, MUNICIPALIZAÇÃO E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO........................................................................................................ 35 3.3 AÇÕES E PROGRAMAS ..................................................................................... 38 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 41 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL ................................................................ 46 4.1 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA ....................................................... 46 4.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................... 47 4.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB ....................... 49 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 52 LEIS E DOCUMENTOS NORTEADORES DA ............................................... 57 EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA ........................................................... 57 5.1 PRINCIPAIS LEIS E DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA .............. 57 5.2 DOCUMENTOS NORTEADORES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA ......................... 58 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 60 REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA CONTEMPORÂNEA ....... 65 6.1 ENSINO REMOTO ............................................................................................... 65 6.2 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO AMBIENTE ESCOLAR ......................... 68 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 70 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 75 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 76 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 6 CONFIRA NO LIVRO A Unidade I apresenta aspectos gerais relacionados à educação brasileira, descrevendo sobre a forma de organização, os sistemas e as modalidades de ensino. A Unidade II é centralizada no tema do currículo educacional brasileiro, abordando algumas características gerais que envolvem a sua elaboração em âmbito escolar, como a base legal, a autonomia e a flexibilização. A Unidade III apresenta características das políticas públicas, sobretudo educacionais e cita algumas ações e programas de políticas públicas educacionais vigentes, que são desenvolvidas em âmbito nacional. A Unidade IV aborda de forma abrangente sobre a legislação educacional brasileira, a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. A Unidade V apresenta as principais leis e documentos norteadores da prática pedagógica em âmbito escolar. A partir de conceitos e reflexões, a Unidade VI aborda aspectos ligados à educação contemporânea, principalmente no que diz respeito ao ensino remoto e o relacionamento interpessoal no ambiente escolar. 7 EDUCAÇÃO BRASILEIRA 1.1 ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA A educação está sempre relacionada ao panorama atual, ao contexto social, político e econômico do país, diante disso, nesta Unidade abordaremos os aspectos gerais relacionados à educação brasileira, como a forma de organização, as modalidades e os sistemas de ensino. Diante desta perspectiva, Dourado (2007, p. 07), ilustra o seguinte: A educaçãoé essencialmente uma prática social presente em diferentes espaços momentos da produção da vida social. Nesse contexto, a educação escolar, objeto de políticas públicas, cumpre destacado papel nos processos formativos por meio dos diferentes níveis, ciclos e modalidades educativas. Mesmo na educação formal, que ocorre por intermédio de instituições educativas, a exemplo das escolas de educação básica, são diversas as finalidades educacionais estabelecidas, assim como são distintos os princípios que orientam o processo ensino-aprendizagem, pois cada país, com sua trajetória histórico-cultural e com o seu projeto de nação, estabelece diretrizes e bases para o seu sistema educacional. No Brasil, a educação é regida legalmente a partir de duas leis principais: a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394 de 1996, onde a partir destas leis são criados outros documentos que suportam toda a organização da educação. De acordo com a LDB, a educação brasileira é organizada a partir de dois níveis escolares: Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica abrange a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A Educação Superior abrange os cursos “sequenciais por campo de saber” (BRASIL, 1996), a graduação, a pós-graduação e a extensão. A Educação Básica para a faixa etária de quatro anos (pré-escola) a dezessete anos (Ensino Fundamental e Ensino Médio) segundo a LDB, 9394/1996 é obrigatória e deve ser ofertada gratuitamente para crianças e jovens em instituições públicas. UNIDADE 01 8 Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio (BRASIL, 1996). A educação infantil corresponde a primeira etapa da educação básica e atende as crianças de zero a cinco anos de idade. As crianças de zero a três anos são atendidas em creches ou entidades equivalentes e as crianças de quatro a cinco anos são assistidas na pré-escola. De acordo com o art. 29 da LDB 9394/1996 a Educação Infantil tem por finalidade o “desenvolvimento nos aspectos físico, intelectual e social da criança, complementando as ações da família e da comunidade” (BRASIL, 1996,). De acordo com a LDB 9394/1996 o Ensino Fundamental é destinado para crianças a partir de 6 anos e prevê uma duração mínima de nove anos, tendo por finalidade a formação básica do cidadão, que é evidenciada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que reforça a ideia de formação do cidadão de forma global diante de aspectos como a dimensão cognitiva e o desenvolvimento de competências socioemocionais. Ainda de acordo com a LDB 9394/1996, o Ensino Médio constitui a última etapa da Educação Básica e prevê uma duração mínima de três anos. Na Educação Básica, a oferta é gratuita na faixa etária de 0 a 5 anos (creche e pré-escola) e gratuita e obrigatória 4 aos 17 anos (pré-escola ao ensino médio). Quadro 1: Organização da Educação Básica Brasileira Nível de ensino: EDUCAÇÃO BÁSICA Etapas Cursos e programas Idade Educação Infantil Creche 0 a 3 anos Pré-escola 4 a 5 anos Ensino Fundamental Anos iniciais: 1º ano ao 5º ano Anos finais: 6º ano ao 9º ano 6 a 15 anos Ensino Médio 1ª série a 3ª série – ensino regular / Educação de Jovens e Adultos / Educação Profissional Técnica de nível médio 16 a 18 anos Fonte: Elaborado pela Autora (2021). Em relação a Educação Superior, a LDB 9394/1996 explicita um conjunto de finalidades, que se destacam pela formação cultural, saber científico em diferentes 9 áreas de conhecimento e pensamento crítico e reflexivo de sob diversos aspectos, e sobretudo a respeito do homem e do meio ambiente. Quadro 2: Organização da Educação Superior Brasileira Nível de ensino: EDUCAÇÃO SUPERIOR Etapa Cursos e programas Ensino Superior Cursos sequenciais por campo de saber Graduação Pós-graduação Extensão Fonte: Elaborada pela Autora (2021). Apesar de existirem amparos legais que garantem acesso e qualidade à educação no Brasil, esbarramos com uma realidade devastadora de uma oferta de educação muito diferente em relação às expectativas e anseios da sociedade, que espera uma educação de qualidade, capaz de transformar qualitativamente a vida do cidadão e promover avanços e desenvolvimento no meio em que ele vive. Tanto o acesso quanto os aspectos qualitativos do ensino, sobretudo no que diz respeito ao Ensino Básico, de forma geral, deixam a desejar, e apresentam grandes desafios, é o que nos mostra por exemplo, os resultados do PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, (tradução de Programme for International Student Assessment) que avalia o desempenho de estudantes na faixa etária entre 15 e 16 anos, que geralmente estão terminando a Educação Básica em diversos países. De acordo com o último resultado PISA publicado, em dezembro de 2019, o Brasil apresentou resultados bastante modestos nas áreas avaliadas: Matemática, Ciências e Leitura, com raras melhorias nos últimos anos, além de um desempenho significativamente inferior ao desempenho médio dos países da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. 1.2 MODALIDADES DE ENSINO Além dos níveis de ensino da educação brasileira, prevê formas de 10 organização educacional que podem ocorrer em diferentes etapas da formação, consideradas como modalidades de ensino. As modalidades de ensino são apresentadas na LDB 9394/1996 e nas DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais. As DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais são normas legais que orientam a construção dos currículos educacionais brasileiros, onde em conjunto com a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, norteia o planejamento dos currículos, descrevendo os conteúdos mínimos a serem desenvolvidos na educação básica brasileira. Desta forma, as DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, (2013), apresentam as seguintes modalidades de ensino: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação a Distância (BRASIL, 2013,). Essas modalidades perpassam qualquer um dos níveis de escolaridade: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, atendendo todos os grupos sociais, através de diretrizes específicas, a saber: • Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica; • Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil; • Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos; • Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio; • Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio; • Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo; • Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial; • Diretrizes Nacionais para a oferta de Educação para Jovens e Adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais; • Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena; • Diretrizes para o atendimento de Educação Escolar de Crianças, Adolescentes e Jovens em Situação de Itinerância; • Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola; • Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; • Diretrizes Nacionais para a Educaçãoem Direitos Humanos; 11 • Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Além das DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a LDB 9394/1996 também apresenta modalidades de ensino que atendem grupos sociais específicos: a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profissional e a Educação Especial. A Educação de Jovens e Adultos - EJA, oferece uma formação para os jovens e adultos que não conseguiram estudar na idade própria nas etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A EJA passou a ser uma oportunidade para um grupo heterogêneo de pessoas com características diferentes tanto no que diz respeito a faixa etária, quanto a cultura e conhecimentos prévios e que por diversos motivos não conseguiram ter acesso à educação ou interromperam seus os estudos por algum motivo, como necessidade de trabalho, gravidez na adolescência, doença, desmotivação, falta de transporte, entre outros. Para esses alunos, o currículo é adaptado de forma que seja coerente com a sua realidade e de acordo com as particularidades e diversidades que fazem parte desse grupo social. A Educação Profissional e Tecnológica - EPT, compreende as dimensões relacionadas ao trabalho, a ciência e a tecnologia, integrando os diferentes níveis e modalidades de educação, tanto da Educação Básica como da Educação Superior, nas modalidades: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação a Distância. Poderá ocorrer: A Educação Profissional e Tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – de Educação Profissional Técnica de nível médio; III – de Educação Profissional Tecnológica de graduação e pós- graduação (BRASIL, 2013). A Educação Profissional Técnica de nível Médio poderá ocorrer integrada ao Ensino Médio na mesma instituição, concomitante na mesma instituição ou em outra diferente, como por exemplo, no ambiente de trabalho ou ainda, de forma subsequente para alunos concluintes do Ensino Médio. A Educação Especial – EE é voltada para alunos que possuam algum tipo de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A EE é transversal diante das demais modalidade e níveis de ensino e deve ser enunciada no Projeto Político Pedagógico. De acordo com a Resolução nº 04 de 2009, a Educação Especial atende: 12 I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial. II - Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade (BRASIL, 2009). Embora tendo a Resolução nº 04 de 2009 como referência citada acima para nomear os alunos atendidos na Educação Especial, certas nomenclaturas e definições para algumas deficiências poderão ser apresentadas de formas diferentes de acordo com outras áreas do conhecimento que envolvem, por exemplo, a área de psicologia e de saúde mental. A Educação do Campo, é voltada para alunos que residem no campo e necessitam de adequações tanto nos currículos como na metodologia de ensino, de acordo com as particularidades da vida rural e regional. A Educação do Campo conta com o Programa Educacional no Campo (PROCAMPO) instituído em 2006 pelo Conselho Nacional da Educação e ainda com a “Pedagogia da Alternância”, metodologia que considera dias letivos, os dias que alunos estudam em casa através de projetos agrícolas supervisionados pela Escola. Educação Escolar Indígena, é organizada através de uma pedagogia própria, em terras indígenas respeitando as especificidades étnico-culturais das comunidades indígenas. O direito à educação assegurado aos grupos indígenas brasileiros é discutido desde a Constituição Federal de 1988 onde a partir daí surgiram diversos outros documentos que formalizam e estruturam a educação indígena, como por exemplo: o Decreto 26/1991, a Portaria Ministerial 559/1991, as Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena elaboradas pelo Ministério da Educação (MEC) em 1993 e depois atualizada em 1999 através do Parecer 14/1999. 13 A Educação a Distância – EAD acontece em meio virtual, com a mediação de recursos ligados às tecnologias da informação e comunicação e ocorrem em diferentes tempos e espaços. A regulamentação dos cursos EAD acontece através do MEC – Ministério da Educação e tem amparo legal na LDB 9394/1996, no Decreto n.º 2494/1998, no Decreto n.º 2561/1998 e pela Portaria Ministerial n.º 301/1998. A Educação Quilombola, é uma modalidade de ensino oferecida às comunidades quilombolas. Essas comunidades são formadas, sobretudo, por negros remanescentes das comunidades dos quilombos que são reconhecidas pelo Artigo 2º do Decreto 4.887/2003. O currículo e a metodologia de ensino devem ser elaborados com atenção às particularidades características do grupo e levar em conta sua cultura e história. Conforme descrito, as modalidades de ensino são formalizadas principalmente pela LDB 9394/1996 e pelas DCNs e cabe aos sistemas de ensino brasileiros assegurarem a acessibilidade de todos além de garantir o efetivo funcionamento dessas modalidades de ensino oferecendo oportunidade de educação para os diferentes grupos sociais brasileiros. https://bit.ly/316Ritm https://bit.ly/32yRgv8 14 Figura 1: Ensino Brasileiro Fonte: Jean Galvão. Disponível em: https://bit.ly/3HnTZpM. Acesso em 10 maio 2021. https://bit.ly/3qQzgVl https://bit.ly/3HnTZpM 15 IXANDO O CONTEÚDO 1. A respeito da organização da educação brasileira, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para verdadeira e (F) para a falsa. ( ) É regida legalmente a partir de duas leis principais: a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394 de 1996. ( ) É organizada a partir de dois níveis escolares: Educação Básica e Educação Superior. ( ) Compreende dois tipos de escolarização: a Educação Formal e a Educação Especial. As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente: a) V – V – V. b) V – V – F. c) V – F – V. d) V – F – F. e) F – V – V. 2. (ENADE- 2017). A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é espaço de tensão e aprendizado em diferentes ambientes de vivências, que contribuem para a formação de jovens e de adultos como sujeitos da história. É inadiável que a EJA se integre a um sistema nacional de educação capaz de oferecer oportunidade de acesso, garantia de permanência e qualidade a jovens e adultos para a conclusão da Educação Básica. Todos os esforços feitos pelo Brasil neste campo, em especial a partir da Constituição Federal de 1988, que preceitua no Art. 208 a educação como direito de todos e dever do Estado, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que passa a assumir a EJA como modalidade da educação, e da Resolução CEB/CNE n. 1/2000, que reafirma a especificidade desta modalidade, demonstram que a cobertura da EJA é ínfima, se comparada ao número de jovens e adultos brasileiros que não concluíram a educação básica, e que a oferta existente ainda está longe de corresponder às reaisnecessidades deste grupo. 16 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Desafios da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Brasília, 2008 (adaptado). Com relação a esse tema, avalie as afirmações a seguir. I. Os alunos jovens e adultos se caracterizam como um grupo heterogêneo do ponto de vista da faixa etária, da cultura, da visão de mundo e dos conhecimentos prévios. II. A oferta da EJA se dá por meio de cursos regulares e é destinada a jovens e adultos maiores de 18 anos. III. A EJA tem como objetivo central alfabetizar jovens e adultos que interromperam os estudos ou que não tiveram acesso à escolaridade. IV. A adoção da EJA como modalidade de ensino, a partir da Constituição Federal de 1988, contrapôs-se ao ensino profissionalizante com objetivo de preparar os estudantes para o Ensino Superior. V. Situada no âmbito do direito à educação, a EJA tem firmado cada vez mais seu papel na história da educação, representando uma possibilidade de acesso à educação escolar. É correto apenas o que se afirma em a) l e V. b) II e IV. c) III, IV e V. d) I, II, III e IV. e) I, II, III e V. 3. A educação brasileira é organizada a partir de dois níveis escolares: Educação Básica e Educação Superior, de acordo com a LDB 9394/1996. A Educação Básica compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio e a Educação Superior é formada por: a) Cursos de graduação e pós-graduação. b) Formação básica superior e formação continuada. c) Cursos de licenciaturas e bacharelados. 17 d) Cursos de licenciatura, mestrado e doutorado. e) Cursos “sequenciais por campo de saber, cursos de graduação, cursos de pós- graduação e extensão. 4. (Prefeitura Municipal de União do Oeste – 2021 adaptada). A educação brasileira é organizada por meio dos sistemas de ensino ______________________________. Já a estrutura do sistema educacional regular brasileiro é formada por: __________ e ____________. Assinale a alternativa que preenche as lacunas corretamente. a) ( ) dos Estados e dos Municípios; Educação Básica; Educação Superior. b) ( ) da União Federal e Municípios, educação federal e educação privada. c) ( ) da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios; Educação Básica; Educação Superior. d) ( ) dos Estados e dos Municípios; Educação Profissional; Educação Especial. e) ( ) da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Educação Básica; Educação Profissional. 5. De acordo com a LDB 9394/1996 a educação infantil: I. Corresponde à primeira etapa da educação básica. II. Corresponde ao atendimento das crianças de zero a cinco anos de idade. III. A pré-escola está inserida no âmbito da educação infantil. Estão corretos: a) Somente os itens I e II. b) Somente os itens II e III. c) Somente os itens I, e III d) Somente o item II. e) Todos os itens. 18 6. (Prefeitura Municipal de São José do Cedro AMEOSC – 2020 - adaptada) É correto afirmar que a Educação Infantil será oferecida em: I. Creches para crianças de até quatro anos de idade. II. Pré-escolas, para as crianças de quatro a cinco anos de idade. III. Pré-escolas, para as crianças de cinco a seis anos de idade. IV. Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade. Estão corretos: a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas os itens III e IV estão corretos. c) Apenas os itens II e IV estão corretos. d) Apenas os itens I e III estão corretos. e) Todas as alternativas estão corretas. 7. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/1996, a respeito do ensino fundamental é correto afirmar: a) Constitui na primeira etapa da Educação Básica. b) Compreende a educação infantil e a Educação Básica e tem por finalidade a formação integral do aluno. c) É destinado para crianças a partir de 6 anos, possui uma duração mínima de nove anos e visa a formação básica do cidadão. d) É dividido por “anos iniciais” e “anos finais” do Ensino Médio. e) É gratuito e obrigatório e compreende a faixa etária de quatro anos a dezessete anos. 8. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2016). Relacione as Modalidades da Educação Básica à respectiva característica. 1. Educação de Jovens e Adultos 2. Educação Especial 3. Educação Profissional e Tecnológica 19 4. Educação do Campo ( ) Integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e articula-se com o ensino regular e com outras modalidades educacionais ( ) Destina-se aos que se situam em faixa etária superior à considerada própria para a conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. ( ) Está prevista para população específica, com adequações necessárias às peculiaridades contextuais de cada região. ( ) Modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte integrante da educação regular, devendo ser prevista no projeto político- pedagógico da unidade escolar. Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para baixo. a) 3 – 1 – 2 – 4. b) 3 – 1 – 4 – 2. c) 2 – 1 – 4 – 3. d) 3 – 3 – 4 – 1. e) 4 – 1 – 3 – 2. 20 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 2.1 ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR: BASE LEGAL, AUTONOMIA E FLEXIBILIZAÇÃO Podemos considerar o Currículo em Educação como um documento formal que direciona todo trabalho pedagógico. É comum pensarmos no Currículo Escolar apenas como um documento utilizado somente na escola, que possibilita o direcionamento do trabalho do professor, mas além disso, o Currículo Escolar é um dos principais documentos de articulação para a produção de livros e materiais didáticos, é um documento de apoio na elaboração de parâmetros de avaliações internas e externas e orienta a formação de professores. Ou seja, o Currículo norteia o trabalho pedagógico no âmbito da escola, mas vai muito além do ambiente escolar. Na organização da proposta curricular, deve-se assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos educandos (BRASIL, 2013). O Currículo serve como um elo de ligação entre a escola, a cultura da comunidade em que ela está inserida, as famílias, os profissionais da educação e os alunos. Pensar no Currículo, portanto, é pensar na realidade e no futuro do aluno, sem deixar de resgatar a sua origem e a de sua comunidade. Nesse sentido, Moreira e Candau, (2007) complementa sobre a função o Currículo: incorporam, com maior ou menor ênfase, discussões sobre os conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as relações sociais que conformam o cenário em que os conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as transformações que desejamos efetuar nos alunos e alunas, sobre os valores que desejamos inculcar e sobre as identidades que pretendemos construir (MOREIRA; CANDAU, 2007, p.18). No Currículo Escolar devem ser explicitados os conteúdos programáticos, as UNIDADE 02 21 competências e metodologias de ensino-aprendizagem adotadas. Portanto, de forma geral, o currículo é a organização do que se deve ensinar e como deve ser ensinado. Além de entender o conceito de Currículo é importante também, entender sobre os tipos de Currículo, que são divididos em três: Currículo formal ou Currículo prescrito; Currículo real e o Currículo oculto, bem como compreender as diferentes teorias que embasamas suas concepções: teoria tradicional, teoria crítica e teoria pós-crítica. (Observação: os conceitos relacionados aos tipos de currículo e suas teorias, serão discutidos em outra unidade disciplinar.) Hoje, os principais documentos de apoio na elaboração dos Currículos Escolares é a BNCC – Base Nacional Comum Curricular e as DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais que em consonância com a Constituição Federal, LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação e o PNE - Plano Nacional de Educação traçam os objetivos de aprendizagem que cada faixa etária deve alcançar. Além desses documentos, também devem ser consultados leis municipais e estaduais, referentes a cada região. Na organização da Educação Básica, devem-se observar as Diretrizes Curriculares Nacionais comuns a todas as suas etapas, modalidades e orientações temáticas, respeitadas as suas especificidades e as dos sujeitos a que se destinam (BRASIL, 2013). Desta forma, os marcos legais para a construção do Currículo visam os elementos essenciais, básicos da aprendizagem e cabe aos gestores de sua elaboração a implementação de elementos inovadores nos Currículos, como por exemplo a implementação de metodologias de ensino e aprendizagem que envolvem o uso de tecnologias e estratégias diversificadas de avaliação, como a promoção de debates, fóruns de discussões, jogos, etc. Atualmente, a elaboração dos Currículos Escolares das escolas públicas é de responsabilidade dos estados e municípios e das escolas privadas, cada instituição é responsável pela elaboração do seu Currículo. Pode acontecer de forma mais participativa, envolvendo professores, gestores, alunos e até mesmo comunidade ou menos participativa, com envolvimento restrito a uma equipe técnica, por exemplo. Na sua elaboração, o Currículo Escolar deve conter os seguintes elementos: Diretrizes do MEC; Necessidades dos alunos; 22 Particularidades da região onde a instituição está inserida; Práticas pedagógicas inovadoras; Uso das tecnologias; Avaliação constante do desempenho dos alunos; Objetivos e metas que desejam alcançar. 2.2 CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Um Currículo bem organizado, bem elaborado é essencial para uma educação de qualidade. A partir dele, serão definidas as trajetórias que a instituição irá percorrer, como a elaboração Projeto Político Pedagógico, planos de aulas dos professores e materiais didáticos. O Currículo está ligado às experiências de aprendizagens que são desenvolvidas nos ambientes educacionais em relação aos alunos, definindo o que eles deverão aprender e também o que eles deixarão de aprender. Na sua elaboração, devem ser consultados primordialmente as DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais e a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, entre outros. Sobre esses documentos, os mesmos serão apresentados mais adiante, no capítulo 05. A Educação Básica, conforme descrito na Unidade anterior, compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. O Currículo da Educação Básica deve contar como uma estrutura básica: introdução; campos de experiência (Educação Infantil); áreas do conhecimento (Ensino Fundamental e Ensino Médio); referências bibliográficas. Na Introdução, são apresentados os aspectos gerais da Escola, seus princípios e valores, a visão de educação e visão de mundo e o perfil de formação do aluno que se pretende alcançar. 23 A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) apresenta os Campos de Experiência - Educação Infantil, que traz a organização de situações e experiências concretas da vida cotidiana das crianças, estruturada a partir de cinco campos de experiências, conforme descrito na BNCC (2018): [...] BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural. (BNCC, 2018, p. 42). Desta forma, o currículo da Educação Infantil é elaborado de acordo com as DCNs - Diretrizes Curriculares da Educação Infantil em consonância com os Campos de Experiência preconizados na BNCC, articulando as experiências e conhecimentos prévios das crianças com atividades de expressão motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural. A avaliação deve levar em conta as vivências e preferências da criança, e não deve ter caráter de aprovação, reprovação ou classificação. Quadro 3: BNCC: Campos de Experiência Campos de Experiência da Educação Infantil O eu, o outro e o nós Corpo, gestos e movimentos Traços, sons, cores e formas Escuta, fala, pensamento e imaginação Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações Fonte: Elaborado pela Autora (2021). As Áreas do Conhecimento - Ensino Fundamental e Ensino Médio apresentam os pressupostos teórico-metodológicos, os objetivos de aprendizagem, os conhecimentos e habilidades e elementos de avaliação. Quadro 4: BNCC: Áreas do Conhecimento BNCC: Áreas do conhecimento Ensino Fundamental Ensino Médio Linguagens Linguagens e suas Tecnologias 24 Matemática Matemática e suas Tecnologias Ciências da Natureza Ciências da Natureza e suas Tecnologias Ciências Humanas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Ensino Religioso Fonte: Elaborado pela Autora (2021). As Referências Bibliográficas descrevem as referências de textos utilizados na elaboração do Currículo, como livros, artigos, revistas, sites, documentos, etc. Todas as citações contidas no texto que compõem o Currículo devem ser apresentadas em Referências Bibliográficas, além de serem descritas sob as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É importante ressaltar que de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), o Currículo da Educação Básica é formado por uma base nacional comum nacional e uma parte diversificada, articulado com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação: Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (LDB 9394/1996, art. 26, 1996). A Base Nacional Comum da Educação Básica é constituída pelos seguintes componentes curriculares: a) a Língua Portuguesa; b) a Matemática; c) o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena, d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música; e) a Educação Física; f) o Ensino Religioso (BRASIL, 2013). A parte diversificada e a base nacional comum da Educação Básica deve ser organizada de forma complementar. A parte diversificada enriquece e complementa a base nacional comum, prevendo o estudo das características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, perpassando todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola ((BRASIL, 2013). 25 Os componentes curriculares, são organizados por áreas de conhecimento, disciplinas ou eixos temáticos “em ritmo compatível com as etapas do desenvolvimento integral do cidadão” (BRASIL, 2013). Na prática, o currículo deve articular as atividades pedagógicas que deverão ser desenvolvidas nasaulas, considerando os aspectos que envolvem o ambiente escolar: como a rotina, os espaços, os recursos e os sujeitos que fazem parte do cotidiano dos alunos e professores. A música remete uma reflexão sobre as necessidades, os desejos e vontades do ser humano. Como podemos relacionar tais questões com a qualidade da educação brasileira e o desenvolvimento integral do indivíduo? 2.3 CURRÍCULO INTEGRADO, MULTICULTURALISMO E TRANSDISCIPLINARIDADE As Diretrizes Curriculares Nacionais definem o Currículo como “o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos” (BRASIL, 2013). O currículo escolar abrange diversos aspectos e temas, que podem estar relacionados ao campo da Saúde, Meio Ambiente, Cultura, Trabalho, Religião, Linguagens, Tecnologias, Matemática, Artes, História, Geografia, Ciências, Filosofia, dentre outros. A Educação Integral visa a formação plena do ser humano em todos os aspectos, relacionando os conhecimentos pedagógicos às vivências cotidianas. Desta forma, o Currículo Integrado deve buscar discussões de práticas pedagógicas que sejam desenvolvidas entre os campos de experiências (na Educação Infantil) ou nas áreas de conhecimento (no Ensino Fundamental e Ensino Médio). O Currículo Integrado busca englobar os conhecimentos que são desenvolvidos para os alunos, promovendo a interdisciplinaridade e relacionando os conhecimentos escolares com a prática social, de forma que o Currículo Integrado e Interdisciplinar ultrapassa a https://bit.ly/3pBAOD9 26 fragmentação dos componentes curriculares. São considerados conhecimentos de formação geral e específica que se integram em função de uma formação profissional do aluno. O Currículo Integrado apresenta uma concepção de conhecimento de forma integral, onde os componentes curriculares estejam relacionados. Desta forma, os conteúdos das diversas áreas de conhecimento, as metodologias e as “visões de mundo” dos envolvidos possam contribuir de forma integrada para a formação plena do aluno. O Multiculturalismo pode ser considerado como um modelo de reconhecimento e respeito aos diferentes movimentos e grupos sociais. Através desse modelo, questões culturais são valorizadas e discutidas em ambiente escolar, o que pode tornar o ambiente até mesmo mais harmônico e respeitoso. O Multiculturalismo, reconhece e desenvolve a aprendizagem a partir de diversas culturas, na perspectiva principalmente do respeito à diversidade. Também vale destacar a respeito da Transdisciplinaridade, que tal como o Multiculturalismo e o Currículo Integrado favorece o trabalho pedagógico e enriquece a trajetória escolar do aluno, tendo em vista que na Transdisciplinaridade as áreas de conhecimento podem ser estruturadas em conjunto, a partir de diversas metodologias, como projetos, estudos de caso, situações-problema, entre outras. Uma das características fundamentais da transdisciplinaridade é que o conhecimento é desenvolvido de forma transversal e ultrapassa o ambiente escolar. https://bit.ly/3Joj8md 27 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE 2017) Aos poucos, rabiscos vão se transformando em agrupamentos de rabiscos, vão aparecendo algumas bolinhas e traços soltos dos agrupamentos. Isso se deve ao fato de as crianças começarem a levantar o lápis do papel e a perceberem que suas ações geram registros. Ao fazerem essas constatações, começam a relacionar os rabiscos às coisas à sua volta. Um conjunto de bolinhas pode ser um cachorro, um barco, uma ninhada de patinhos e outras tantas formas que a criança nominar. Isso ocorre porque a criança quer contar algo por meio de suas formas, portanto, ela faz de conta que uma mancha no papel é uma árvore, que uma embalagem de pasta de dentes é um carro; essa intenção de dizer algo é denominada de representação. JUNQUEIRA FILHO, G. A. et al. Convivendo com crianças de zero a seis anos. In: RAPOPORT, A. et al.O Dia a Dia na Educação Infantil. Porto Alegre: Mediação, 2012 (adaptado). No fragmento de texto apresentado, são feitas considerações acerca do trabalho pedagógico no cotidiano da Educação Infantil, as quais se embasam nas orientações contidas nas políticas para a infância vigentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, especificamente no Parecer CNE/CEB n. 20/2009 e na Resolução CNE/CEB n. 05/2009. A partir do texto apresentado, avalie as afirmações a seguir. I. O currículo da Educação Infantil é definido como um conjunto de conteúdos, ou seja, objetos de conhecimento, que articulam as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, cientifico e tecnológico. II. O planejamento, imprescindível às propostas educativas, deve ser flexível e contextual, adequado à idade das crianças, o que exige, por exemplo, separar as linguagens, para que haja clareza no desenvolvimento das atividades que envolvem artes, corpo e linguagens expressivas. III. A proposta pedagógica deve primar pela orientação de vivências, desenvolvidas por meio de metodologias específicas para a Educação Infantil, e promoção de atividades de expressão motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças. 28 IV. A avaliação deve contemplar o conhecimento sobre as preferências das crianças, a maneira como elas se envolvem nas atividades, os parceiros escolhidos por elas para interagir em diferentes contextos, o que subsidiará a reorganização da práxis de modo assertivo. V. A prática pedagógica deve preparar as crianças para o momento de transição, para o Ensino Fundamental, o que justifica o desenvolvimento de atividades por áreas, com conteúdos de artes, corpo e linguagem, assegurando-se a continuidade dos processos educativos vividos pela criança. É correto apenas o que se afirma em: a) II e III. b) III e IV. c) I, Il e V. d) I, II, IV e V. e) I, III, IV e V. 2. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, correspondem aos Campos de Experiência da Educação Infantil, as alternativas: I. Corpo, gestos e movimentos. II. Traços, sons, cores e formas. III. Imaginação, dança e raciocínio lógico. IV. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. V. O eu, o outro e o nós. VI. Escuta, fala, pensamento e imaginação. Marque a opção correta: a) I, II, III, IV e V. b) I, III, IV, V e VI. c) I, II, IV, V e VI. d) II, IV, V e VI. e) Todas estão corretas. 29 3. (ENADE 2017). A educação, fundada na transdisciplinaridade e apoiada na multidimensionalidade humana, vai além do racionalismo clássico e reconhece a importância das emoções e dos sentimentos, a voz da intuição dialogando com a razão e com a emoção subjacente, recuperando a polissemia dos símbolos, as diferentes linguagens e possibilidades de expressão do ser humano. Enfim, reconhece a subjetividade humana não como uma realidade coisificante, mas como um processo vivo do indivíduo/sujeito concreto. MORAES, M. C. Transdisciplinaridade e Educação. Rizoma Freireano. v. 6, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3z6YemV. Acesso em: 17 jul. 2017 (adaptado). Considerando as implicações da educação transdisciplinar na organização do trabalho pedagógico, assinale a opção correta. a) O pensamento formulado a partir da transdisciplinaridade implica a atitude de abertura para a troca de diferentes saberes e conhecimentos, sendo necessário que o planejamento do trabalho pedagógico contemple, simultaneamente, diálogos entre os conteúdos das disciplinas na perspectiva transversal. b) Na educação fundada na transdisciplinaridade, valorizam-seas diferentes áreas de conhecimento, considerando a criticidade, criatividade, auto-organização ecológica daquilo que surge de dentro para fora dos sujeitos aprendentes, ultrapassando as fronteiras do conhecimento. c) Arte, História e Geografia, componentes curriculares que deram início ao pensamento transdisciplinar, têm em comum a articulação de seus conteúdos, que se autoalimentam de modo polissêmico e simbólico no plano didático, o que exige a contextualização das produções humanas, dos tempos e dos espaços, e que impede a fragmentação do conhecimento dessas áreas. d) A transdisciplinaridade implica a formação do pensamento racionalizado sobre diferentes áreas de conhecimento, associada à avaliação pedagógica dos resultados, que despreza a visão segmentada e disciplinar do ser humano, considerado sujeito antropoético, ou seja, não se avaliam conteúdos, mas vivências manifestas em atitudes relacionais antropológicas e éticas. e) A organização do trabalho pedagógico sob a perspectiva transdisciplinar implica a formação do ser humano em suas múltiplas dimensões, promovendo o desenvolvimento integral do ser que pensa, fala, deseja e age, em vivências que favorecem o autoconhecimento, e tornando o pensamento aberto a tudo que https://bit.ly/3z6YemV 30 transcenda a fragmentação do conhecimento e do ser. 4. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, o Ensino Fundamental está dividido em áreas do conhecimento que favorecem a comunicação entre os diferentes saberes. Marque a alternativa que aponta corretamente as áreas do conhecimento desenvolvidas no Ensino Fundamental: a) Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso. b) Linguagens, Ciências Sociais e Humanas e Ciências Exatas. c) Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Ensino Religioso e Matemática. d) Linguagens, Matemática, Ciências, História, Geografia, Arte e Ensino Religioso. e) Linguagens, Ciências da Natureza, Tecnologia, Ciências Sociais e Ciências Exatas. 5. (IDCAP 2020). A principal definição de _________________ é que este consiste em uma seleção de conhecimentos que estarão presentes no contexto escolar, seja em forma de conteúdos na sala de aula, ou em de forma oculta no ambiente escolar e na sua comunidade. Marque a alternativa que preenche corretamente a lacuna: a) Psicologia da Aprendizagem. b) Currículo escolar. c) Inclusão escolar. d) Avaliação. e) Projeto de Trabalho. 6. (IDHTEC, 2019 – adaptada). Uma perspectiva crítica de currículo multicultural parte da necessidade de compreender que as identidades dos sujeitos se constituem a partir de espaços e de discursos plurais e, ao compreendê-las, cabe ao professor rejeitar qualquer tipo de postura que possa torná-las invisíveis. Uma prática docente fundamentada num currículo multicultural implica em: a) Elaborar um planejamento que considera as identidades dos estudantes, de modo 31 homogêneo e abstrato em busca de um modelo comum para todos. b) Adotar ações que priorizem narrativas heterogêneas acerca das identidades, visando um modelo mais acolhedor. c) Assumir uma postura universalista que valorize as singularidades culturais, sociais e intelectuais, e priorize a que é mais comum a todas. d) Considerar a diversidade, valorizar e discutir sobre questões culturais. e) Inibir práticas de tolerância e respeito às diferenças, uma vez que estas já se encontram pré-estabelecidas. 7. As Diretrizes Curriculares Nacionais - DCNs (2013) definem o Currículo como: a) Conceitos de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de conteúdos no espaço social e escolar. b) Conjunto de diretrizes que englobam as competências e os conteúdos definidos pelo Projeto Político Pedagógico da escola para a construção de identidades dos educandos. c) Conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos. d) Documento formal definido pela escola em conjunto com os professores e pais para o desenvolvimento de ações pedagógicas que visam preparar os educandos para o mercado de trabalho. e) Documento estático, formal que visa as competências a serem desenvolvidas ao longo do ano letivo. 8. Considerando a Educação Integral podemos afirmar que se relaciona com: a) A formação do educando de forma integralizada com o mercado de trabalho e com as competências exigidas pela sociedade contemporânea. b) As competências exigidas no Currículo Integral com a finalidade de se adequar às exigências cada vez mais apertadas da vida cotidiana. c) A competências, habilidades, valores e técnicas desenvolvidas através do currículo integral. d) A formação do ser humano de forma integral, em todos os aspectos, 32 relacionando a aprendizagem às vivências da vida cotidiana. e) A formação do ser humano a partir das competências e habilidades desenvolvidas no âmbito da Escola de Tempo Integral. 33 POLÍTICAS PÚBLICAS 3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS O termo “políticas públicas” era mais comumente utilizado no contexto da política e da administração, na atualidade, é utilizado em diversas áreas, relacionando o poder público aos direitos dos cidadãos. Consideramos políticas públicas, uma ação ou um conjunto de ações que envolvem o poder público para expressar algum tipo de demanda da sociedade ou do próprio poder público, como por exemplo: programas de emprego e renda, preservação do meio ambiente, programas de saúde pública, segurança pública, previdência social, controle de corrupção, associações políticas, programas educacionais, etc. Ou seja, as políticas públicas estão diretamente ligadas ao planejamento das ações do setor público, em todas as áreas: saúde, segurança, mobilidade, meio ambiente, habitação, educação, entre outras que visam o cumprimento de determinados direitos de cidadania para diversos grupos de pessoas ou determinada área da sociedade. As políticas públicas podem ser divididas em dois tipos: Política Pública de Estado e Política Pública de Governo. A Política Pública de Estado, são ações desenvolvidas independente de quem está no governo político e é amparada pela Constituição Federal, por exemplo, o programa que redistribui os recursos financeiros para a Educação Básica, o FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. A Política Pública de Governo está diretamente ligada a um governo específico, são ações criadas a partir de um governo e seu período de vigência, geralmente tem a mesma durabilidade do governo que está no poder e pode se estender, ou não, para o sucessor. Exemplo o Programa do MEC “Novos Caminhos” no âmbito de oferta de cursos de formação de Educação Profissional e Tecnológica. Quando as ações de políticas públicas estão ligadas diretamente à área de Educação, chamamos de Políticas Públicas Educacionais. Essas envolvem planos, UNIDADE 03 34 currículos e programas ligados à educação escolar. No entanto, uma política pública pode ser de outra área e apresentar ligação com à Educação, por exemplo, políticas públicas voltadas para o combate à fome. O principal objetivo das Políticas Públicas Educacionais é garantir o direito universal à educação de qualidade e o desenvolvimento pleno do aluno. Por isso, um dos aspectos que influenciam a criação de políticas públicas educacionais é o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica que mostra indicadores de avanços ou não da educação básica brasileira. O IDEB foi criado em 2007 com o objetivo de quantificar a qualidadedas escolas e redes de ensino. O indicador de desempenho do IDEB é calculado a cada dois anos a partir das notas obtidas pelos alunos nas avaliações promovidas pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, através das avaliações do SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica e nos resultados de aprovação e reprovação no ano escolar. Ou seja, o resultado do IDEB está relacionado a aprendizagem do aluno, a frequência/evasão e a aprovação/reprovação escolar no final do ano letivo. Tabela 1: Metas e Resultados do IDEB 2015 a 2021 IDEB - Educação Básica Anos Iniciais - EF Anos Finais - EF Ensino Médio METAS RESULTADO S* METAS RESULTADO S* METAS RESULTADO S* 2015 5,2 5,5 4,7 4,5 4,3 3,7 2017 5,5 5,8 5,0 4,7 4,7 3,8 2019 5,7 5,9 5,2 4,9 5,0 4,2 2021 6,0 X 5,5 X 5,2 X Resultados referem-se à média de pontuação nacional. Fonte: Elaborado pela autora com dados do INEP, consultados em http://ideb.inep.gov.br/ em 16 de jun de 2021. A partir das análises dos resultados do IDEB, o MEC começou a elaborar programas de apoio técnico e financeiro para municípios que apresentavam índices insuficientes de qualidade do ensino. Desta forma, surgiu o PAR – Plano de Ações Articuladas onde Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais participam das http://ideb.inep.gov.br/ 35 decisões, fiscalizam e contribuem para que as legislações de políticas públicas sejam efetivadas, além do Ministério Público que também atua nesse sentido. As políticas públicas educacionais são regidas por leis, decretos e resoluções. Geralmente as leis que embasam as políticas públicas educacionais são administradas pelo Poder Legislativo, em suas três esferas de atuação: federal, estadual e municipal, embora o Poder Executivo também possa propor projetos nesse sentido. Muitos projetos que são propostos surgem a partir de demandas sociais locais, onde a sociedade civil expõe para o poder público, suas maiores dificuldades e buscam ações para garantir seus direitos e superarem essas dificuldades. Alguns projetos ainda são influenciados por entidades internacionais como a UNICEF, a UNESCO, ou entidades nacionais, como por exemplo o movimento “Todos pela Educação” que dentre outras ações, avaliam e acompanham desempenhos educacionais e apontam necessidade de ações de melhorias e garantia de qualidade. 3.2 DESCENTRALIZAÇÃO, MUNICIPALIZAÇÃO E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO A descentralização da educação refere-se à autonomia e flexibilização das ações e programas de políticas públicas, com responsabilidade de execução por parte do governo federal sendo repassada em formato de colaboração, para https://bit.ly/3zbPhsr https://bit.ly/3mFCr0I 36 estados e municípios brasileiros. Já a municipalização confere aos municípios a gestão das atividades públicas em caráter colaborativo com a esfera estadual ou federal. Um dos documentos que auxiliam na elaboração e gestão das ações e programas de políticas públicas educacionais por parte dos municípios, é o PDE – Plano de Desenvolvimento Educacional. O PDE foi lançado em 2007 com o propósito de aprimorar a atuação dos governos nas políticas educacionais através de instrumentos de avaliação e implementação de ações e programas que visam a melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem. O Plano pressupõe uma atuação de colaboração entre os governos das diferentes esferas (municipal, estadual e federal), mantendo a autonomia de cada uma delas. Através do PDE são desenvolvidos pelo MEC, atualmente cerca de quarenta ações e programas voltados para alunos desde a educação infantil até a pós- graduação, como por exemplo: Provinha Brasil (avaliação de desempenho de alunos de seis a oito anos), Proinfância (construção e melhorias da infraestrutura física, e aquisição de equipamentos para creches e pré-escolas), entre outros. O financiamento das ações da Educação é garantido pela Constituição Federal, que asseguram o repasse de recursos financeiros para a União, Estados e Municípios. A União organizará o sistema federal de ensino e financiará as instituições de ensino públicas, federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (BRASIL, 1988). Em termos de descentralização e gestão da educação brasileira, os municípios são responsáveis pela oferta da Creche, Educação Infantil e Educação Fundamental, os estados são responsáveis pelo Ensino Médio, e o governo federal (União), é responsável pela Educação Superior e parte do Ensino Médio Técnico (Institutos Federais e CEFETs - Centros Federais de Educação Tecnológica). Atualmente as fontes principais de recursos destinados para a Educação são provenientes do FUNDEB - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e são garantidos pela legislação nacional. Conforme cita o artigo 70 da LDB 9394/1996, são garantidos recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino: 37 Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a: I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino; III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; (BRASIL, 1996). A operacionalização dos gastos com a Educação através do FUNDED, FNDE ou outro fundo financeiro deve ser fiscalizada pelos Conselhos Municipais de Educação que possuem uma legislação local específica, e são formados por representantes da sociedade e do governo municipal, sendo responsáveis por acompanhar, fiscalizar e propor ações que visam a melhoria do atendimento público. Todavia, cabe também a sociedade de forma geral, acompanhar e julgar se os recursos destinados à Educação estão garantindo seus direitos. 38 3.3 AÇÕES E PROGRAMAS As ações e programas de políticas públicas educacionais geralmente são indicadas a partir de governos vigentes, (Política Pública de Governo) ou ações e programas de caráter mais permanente, regidas por lei e que devem ser implementadas independente do governo vigente (Política Pública de Estado). Silva (2002) define programa como “um conjunto de atividades constituídas para serem realizadas dentro de um cronograma e orçamento específicos disponíveis para a criação de condições que permitam o alcance de metas políticas desejáveis” (SILVA, 2002, p. 18). Essas ações e programas, de forma geral, visam a garantia de acesso, permanência e oferta de educação de qualidade para todos os alunos indistintamente e em todos os níveis de escolaridade. Exemplos: Programas de acesso ao ensino: ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio e FIES - Programa de Financiamento Estudantil). Programas de permanência nas instituições de ensino: PROUNI - Programa Universidade para Todos e o Programa de Bolsa Permanência. 39 Programas que visam a melhoriada qualidade no ensino: Programa de Inovação Educação Conectada e PROINFÂNCIA. Alguns programas de políticas públicas não são diretamente ligados à área educacional, mas também contribuem para o desenvolvimento da educação, por exemplo, Bolsa Família (auxílio financeiro para famílias em situação de pobreza), Brasil Carinhoso (manutenção e desenvolvimento da educação infantil), ESF - Estratégia Saúde da Família (atenção à saúde básica), dentre outros. Considerando o contexto escolar, além das políticas públicas educacionais Figura 2: A Educação no Brasil https://bit.ly/316QRzd https://bit.ly/3eDzokY 40 brasileiras que ações, são necessárias para melhorar os índices de qualidade no ensino e aprendizagem? https://bit.ly/3ECdx8j 41 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (IESES - IFC-SC – 2015 adaptada). Falar de políticas públicas passou a ser assunto obrigatório no contexto educacional brasileiro. No que se refere a esse assunto, analise as afirmativas a seguir: I. O termo políticas públicas surge no contexto da política e da administração e significa um modo de orientação para tomada de decisões coletivas. Ainda que este termo se origine dessas duas áreas, ele vem sendo aplicado nos mais diversos contextos. II. As políticas públicas podem ser entendidas como o Estado em ação. Isso significa a implantação de um projeto governamental, por meio de diretrizes e programas que se voltam para os diversos setores de uma sociedade. III. Por políticas públicas compreende-se o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. IV. As políticas públicas expressam a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço privado. Assinale a alternativa correta: a) Nenhuma afirmativa é verdadeira. b) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. d) Somente a afirmativa I é verdadeira. e) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. 2. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é mais do que apenas um indicador estatístico. É considerado uma política pública que tem o objetivo fundado na melhoria da qualidade da educação brasileira. De acordo com o exposto, pode-se afirmar em relação ao IDEBE que: I. O resultado do IDEB está relacionado a aprendizagem do aluno. 42 II. O indicador de desempenho do IDEB é calculado a cada dois anos para os alunos da educação superior. III. O índice de reprovação escolar tem influência no resultado do IDEB. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas I, e III estão corretas. d) Apenas a afirmativa I está correta. e) Todas as afirmativas estão corretas. 3. São características das políticas públicas o que se afirma em: I. Ação ou conjunto de ações que envolvem o poder público. II. Estão ligadas exclusivamente às áreas de educação, saúde, meio ambiente e segurança. III. Visam o cumprimento de certos direitos dos cidadãos. IV. São elaboradas a partir de demandas sociais. Estão corretas as afirmativas: a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I e II. d) II e IV. e) Todas estão corretas. 4. O financiamento da Educação é garantido constitucionalmente, é assegurado o repasse de recursos financeiros para a União, Estados e Municípios. Diante desta afirmativa, de acordo com a Constituição Federal de 1988, Artigo 211, é correto o que se diz em: 43 I. A União organizará o sistema federal de ensino e financiará as instituições de ensino públicas, federais. II. A União exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. III. A União garantirá repasse de recursos financeiros diretamente às Instituições de Ensino públicas e privadas no âmbito de todo o territorial nacional, de forma a garantir o acesso a todos a educação de qualidade. Estão corretos os itens: a) II e III. b) I e II c) I e III. d) Todos corretos. e) Todos incorretos. 5. Os Conselhos Municipais são formados a partir de uma legislação local, específica de cada município. São características relacionadas aos Conselhos Municipais: I. Possuem uma legislação estadual específica para cada município. II. São formados por representantes da sociedade e do governo municipal. III. São responsáveis por acompanhar, fiscalizar e propor ações que visam a melhoria do atendimento público. Diante das afirmativas acima, estão corretas as opções: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) Todas as afirmativas estão corretas. e) Todas as afirmativas estão incorretas. 44 6. A gestão da educação brasileira é de responsabilidade dos municípios, estados e governo federal. De acordo com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/1996, cada esfera governamental é responsável por uma demanda educacional específica. Os estados são responsáveis pelo Ensino Médio. Aos municípios cabem a gestão da: a) Creche, Educação Infantil e Educação Fundamental. b) Educação Fundamental e Ensino Médio. c) Educação Básica. d) Educação Infantil, Educação Fundamental e Ensino Médio. e) Educação Básica e Educação Especial. 7. De acordo com a LDB, a gestão da Educação Superior e parte do Ensino Médio Técnico (Institutos Federais e CEFETs - Centros Federais de Educação Tecnológica) é de responsabilidade: a) Dos municípios, estados e governo federal. b) Dos estados. c) Dos Conselhos Municipais. d) Do governo federal. e) Dos municípios e governo federal. 8. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FUNDEB, instituído através da Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007, Decreto nº 6.253/2007, Emenda Constitucional n° 108, de 27 de agosto de 2020, foi aprovado como Programa Permanente de financiamento da educação pública, em 25 de dezembro de 2020 com a Lei nº 14.113. Em relação ao FUNDEB, podemos afirmar: I. O valor destinado às escolas é equivalente ao número de alunos matriculados. II. Utiliza o censo escolar para calcular o valor da verba destinada para as escolas, de acordo com o número de alunos cadastrados. III. Cerca de 60% do valor da verba do FUNDEB é destinada para o pagamento da 45 remuneração dos professores e o restante para demais investimentos no desenvolvimento e manutenção do funcionamento da educação básica. Estão corretas as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e III d) Todas as afirmativas estão corretas. e) Todas as afirmativas estão incorretas. 46 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL 4.1 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA Legislação é a constituição de leis provenientes do poder legislativo. A legislação educacional compreende as leis que normatizam os procedimentos em âmbito educacional e que se desenvolvem tanto em instituições de ensino quanto em outras instituições e instâncias que envolvem a educação, como igrejas, famílias, associações, editoras, etc. Desta forma, a legislação educacional é de suma importância, pois regulamenta a educação brasileira, estabelecendo diretrizes de funcionamento dos processos educacionais e indicando os deveres e responsabilidadesdas instituições púbicas ou privadas, garantindo os direitos de todos e a qualidade na educação. Assim, o Sistema Educacional Brasileiro é regido por diversas leis, sendo a principal delas, a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/1996 e a Constituição Federal de 1988, das quais trataremos mais adiante, no decorrer desta Unidade. A legislação educacional pode ser reguladora ou regulamentadora. A legislação reguladora significa que se estabelece como regra geral, como direito social ou público, através de leis, abrangendo as esferas municipais, estaduais ou federais que devem ser respeitadas e sobretudo, cumpridas. A legislação regulamentadora, ao contrário da reguladora, não se configura em direito e se manifesta por meio de normas e diretrizes para o cumprimento das leis, voltando-se para a educação de forma prática, ou seja, está totalmente ligada à práxis educacional. Em cada esfera institucional (municipal, estadual e federal) existe um órgão responsável por garantir o cumprimento da legislação educacional. Partindo do nível federal, temos o MEC – Ministério da Educação e o CNE - Conselho Nacional de Educação, a nível federal, temos as Secretarias Estaduais de Educação, os Conselhos Estaduais de Educação e a Delegacia Regional de Educação e a nível UNIDADE 04 47 municipal, temos as Secretarias Municipais de Educação e os Conselhos Municipais de Educação. 4.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Constituição Federal é a principal Lei existente num país, pois ela contém diretrizes para os temas mais importantes do país com normas de condutas e criação de outras leis. A Constituição garante os direitos e os deveres tanto dos cidadãos quanto dos governos. No que tange a Educação, a Constituição garante o acesso à educação com qualidade para todos. A Constituição Federal vigente é a de 1988, sendo representada pela 7ª atualização da Constituição desde sua primeira promulgação no ao de 1824, pouco tempo depois da declaração de independência do Brasil proclamada por Dom Pedro I às margens do rio Ipiranga no dia 7 de setembro de 1822. Em relação à educação, a Constituição Federal de 1988 afirma sobre o dever do Estado a partir das seguintes garantias: Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988). 1ª Constituição Federal de 1824 - Brasil Império A primeira Constituição Federal foi promulgada no dia 25 de março de 1824. Foi chamada também de Constituição Imperial e pregava a educação gratuita para todos, como um direito civil e político. Em relação à educação, abordava sobre a criação de colégios e universidades. 48 2ª Constituição Federal de 1891- Brasil República Também conhecida como Constituição Republicana, a Constituição Federal de 1891 instituiu como competência dos Estados e da União a responsabilidade de legislar sobre a educação. A União estabeleceu as legislações voltadas para a educação superior bem como diretrizes para a educação nacional e o Estados estabeleceram as legislações para o ensino primário e secundário. 3ª Constituição Federal de 1934 - Segunda República Na Constituição de 1934, a educação passa a ser definida como direito de todos, ao mesmo tempo a estabelece como um dever da família e do poder público. Estabelece valores relacionados à moral, à economia e à cultura. 4ª Constituição Federal de 1937 - Estado Novo A Constituição Federal de 1937 foi apontada como retrocessos relacionados à área educacional, visto que não se enfatiza o ensino público, mas em valores cívicos e econômicos. 5ª Constituição Federal de 1946 A Constituição Federal de 1946 retoma sobre a importância do ensino público, define princípios norteadores da educação e estabelece o ensino primário como gratuito e obrigatório. São previstos recursos financeiros para a manutenção e desenvolvimento da educação nacional. Na educação superior são criados institutos de pesquisas. 6ª Constituição Federal de 1967 - Regime Militar Na Constituição Federal de 1967, promulgada durante o Regime Militar, foram instituídas, bolsas de estudo para alunos com necessidades financeiras sobretudo para o estudo nas redes particulares. 7ª Constituição Federal de 1988 - Constituição Cidadã A Constituição Federal de 1988 reforça a garantia da educação gratuita e de qualidade para todos “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, art. 205, 1988). Além da garantia da educação com qualidade como direito de todos, a Constituição de 1988 amplia a escolaridade obrigatória. 49 4.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB A LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é a principal Lei que trata da área educacional no Brasil. Ela regulamenta o funcionamento de todo o sistema de ensino brasileiro, seja de caráter público ou privado, com abrangência da educação básica ao ensino superior. A primeira LDB foi promulgada em 1961, através da Lei nº 4024/1961 afirmando o que era previsto na Constituição Federal de 1934, como responsabilidade da União "traçar as diretrizes da educação nacional" (artigo 5º, Constituição Federal de 1934). Foi então sancionada em 20 de dezembro de 1961 pelo presidente João Goulart. A LDB nº 4024/1961 garantia a educação como direito de todos e obrigatória somente para o ensino primário. O ensino no Brasil era organizado em: educação pré- primária, ensino primário, ensino médio, ciclo ginasial, ensino técnico e ensino superior. A LDB nº 4024/1961 foi reformulada em 1971 LDB nº 5692/1971 LDB nº 5692/1971 foi publicada durante o regime militar e era organizada em 1º grau, 2º grau, 3º grau, ensino supletivo, ensino técnico e superior. Estabelece o ensino de 1º grau (7 aos 14 anos) como ensino obrigatório. A atual LDB nº 9394/1996 foi sancionada pelo então presidente da época, Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Educação de seu governo Paulo Renato Souza, em 20 de dezembro de 1996. O ensino é organizado em educação básica e ensino superior. A educação básica é obrigatória e gratuita, e compreende a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. 50 Figura 3: Linha do Tempo LDB Fonte: Elaborado pela Autora (2021). Desde sua promulgação em 1961 até os dias atuais, ocorreram diversas atualizações no texto da LDB em que foram alterados, acrescidos ou suprimidos adendos da Lei, sempre com o objetivo de atender a demanda atual da educação brasileira e com o princípio de garantia de qualidade e respeito a diversidade cultura. De forma geral, podemos afirmar que a LDB 9394/1996 reforça a Constituição Federal, no que diz respeito ao direito de todos à educação, através dos princípios da educação nacional, e sobretudo estabelecendo os deveres do Estado e as responsabilidades
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