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AV1_ResumoDoCapítuloIV-Alegoria do Patrimônio_ISADORA-NUNES docx

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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 
Isadora Nunes de Souza – 12108486 
AV1 - Alegoria do Patrimônio, de Françoise Choay, capítulo IV 
 
A CONSAGRAÇÃO DO MONUMENTO HISTÓRICO (1820-1960) 
Entre 1820 e 1960, houve uma transformação na valorização e conservação dos 
monumentos históricos na França e na Europa. No início, o foco estava no nacionalismo e 
no conhecimento erudito. Com a Revolução Industrial, surgiu uma ênfase na estética e 
sensibilidade. A industrialização marcou uma clara divisão entre períodos históricos. Os 
critérios de valoração dos monumentos históricos evoluíram, mas a unidade desse período 
(1820-1960) persistiu. 
A Revolução Industrial levou a uma valorização crescente da sensibilidade estética e 
impulsionou a criação de leis de proteção do patrimônio e o desenvolvimento da 
restauração como disciplina. O século XIX viu uma mudança de mentalidade em relação 
aos monumentos históricos, com destaque para a importância das sensações estéticas. 
Apesar das várias contribuições de diferentes países europeus para a teoria e prática da 
conservação de monumentos históricos, a industrialização estabeleceu um ponto de divisão 
fundamental. A Revolução Industrial também influenciou a seleção e proteção de 
monumentos, culminando em uma oposição à preservação de monumentos antigos por 
parte de vanguardas arquitetônicas no século XX. 
Os critérios nacionais, mentais, técnicos, estéticos e éticos desempenharam um papel na 
história do monumento histórico, mas a unidade do período de 1820 a 1960 é o destaque. 
A Revolução Industrial internacionalizou o conceito de monumento histórico. 
Em 1820, houve uma mudança na mentalidade com relação aos monumentos históricos. 
Até a década de 1850, a maioria dos países europeus reconheceu a importância de 
preservá-los. Isso pode ser exemplificado por dois documentos: um relatório de Guizot em 
1830 que propunha a criação do cargo de inspetor-geral dos monumentos históricos da 
França e um panfleto de John Ruskin em 1854 sobre as implicações da abertura do Palácio 
de Cristal para o futuro da arte. 
Mesmo com questionamentos e mudanças no século XX, o quadro teórico e prático 
estabelecido no século XIX continuou a influenciar a conservação e restauração de 
monumentos históricos. 
 
Choay analisa a evolução do valor cognitivo dos monumentos históricos durante o século 
XIX. No início desse período, os monumentos eram associados ao conhecimento erudito e 
à historiografia, com François Guizot desempenhando um papel importante na criação do 
cargo de inspetor dos monumentos históricos na França. 
Entretanto, ao longo do século XIX, houve uma mudança de ênfase do conhecimento 
relacionado aos monumentos históricos, com a economia do saber direcionando-o para o 
campo da história da arte em vez de antiquários. A história política e institucional passou a 
priorizar documentos escritos em detrimento do mundo material e artístico. Embora 
historiadores que estudavam monumentos tenham sido exceções, os historiadores da arte 
surgiram como um novo grupo de estudiosos, interessados em uma pesquisa sistemática 
sobre monumentos antigos, abrangendo diferentes aspectos, como cronologia, técnica, 
morfologia, gênese, fontes e decoração. 
 
Françoise destaca a distinção entre valor informativo e valor estético das antiguidades, 
enfatizando que a terminologia introduziu confusão, especialmente ao substituir 
"antiguidades" por "historiadores da arte," o que levou à fusão entre conhecimento artístico 
e experiência artística. 
Além disso, o texto menciona pensadores como K. Fiedler, que propuseram uma separação 
entre valores de conhecimento e valor artístico, temendo a predominância da razão sobre 
a sensibilidade na apreciação da arte. Essas preocupações também foram expressas por 
Mérimée e Viollet-le-Duc na França, que adotaram uma abordagem mais analítica ao lidar 
com monumentos históricos, mesmo que tivessem uma apreciação pela experiência 
artística. 
Ela destaca também que o debate filosófico sobre a relação entre razão e arte persistiu na 
história ocidental, com diferentes abordagens ao valor cognitivo dos monumentos 
históricos. 
 
No século XIX, a sensibilidade romântica se voltou para os monumentos históricos, gerando 
novos laços afetivos e enfatizando o prazer visual. A pintura e a gravura românticas 
transformaram a representação dos monumentos, tornando-a mais acessível e rica em 
detalhes estéticos. Isso influenciou a forma como as construções antigas eram percebidas 
e documentadas, incluindo ilustrações pitorescas que evocavam emoções e simbolismo, 
enfatizando a transitoriedade das obras humanas. 
A ruína medieval se tornou um símbolo poderoso, destacando o poder fundador e a ação 
do tempo nas construções. A estética e as emoções relacionadas à arquitetura histórica se 
integraram ao novo culto à arte, substituindo antigas crenças religiosas. A igreja gótica 
desempenhou um papel central como local de celebração religiosa e apreciação estética. 
Muitos escritores românticos, liderados por Victor Hugo, tornaram-se defensores fervorosos 
da preservação dos monumentos históricos, indo além da estética romântica e do 
sofrimento da alma para defender essa causa com convicção. 
 
Essa sensibilidade romântica foi influenciada por mudanças históricas, como a Revolução 
Industrial. Isso levou escritores, intelectuais e artistas a se conscientizarem da ruptura 
traumática no tempo. A industrialização dividiu a história das sociedades e seu ambiente, 
resultando na sensação de que "nunca mais será como antes". Essa mudança afetou 
especialmente a Grã-Bretanha e a França, influenciando o movimento romântico. 
A representação de monumentos históricos no século XIX destacou o contraste entre o 
antigo e o novo. Os monumentos eram inseridos em paisagens pitorescas, enquanto 
enfrentavam a industrialização em andamento. Isso refletiu a poesia do antigo e o drama 
de sua confrontação com a "nova civilização". A nova era industrial trouxe uma quebra no 
tempo, tornando os monumentos históricos irremediavelmente desconectados do presente 
e do futuro. 
Na França, a industrialização foi vista como parte da modernidade, e os monumentos 
históricos foram valorizados por sua relevância nacional e histórica. No entanto, a 
Inglaterra, apesar de sua Revolução Industrial, manteve uma conexão mais profunda com 
suas tradições e o passado, promovendo um movimento de revivificação. Os ingleses 
deram significados mais diversos aos monumentos históricos, influenciando o presente de 
maneira mais abrangente. 
Os franceses se concentraram em preservar e musealizar os edifícios antigos por seu valor 
histórico e nacional, enquanto alguns previam o desaparecimento gradual desses 
 
monumentos diante do avanço da história. Os defensores ingleses, por outro lado, 
consideraram os monumentos históricos essenciais para a vida presente e rejeitaram a 
ideia de que seriam apenas ornamentos ou arcaísmos. 
 
A valorização dos monumentos históricos evoluiu, destacando a reverência e a memória. 
John Ruskin, em suas obras "The Seven Lamps of Architecture" e "The Stones of Venice," 
enfatizou a arquitetura como uma ligação com o passado, ressaltando a essência das 
gerações que a construíram e a importância da reverência e do respeito para se conectar 
com o passado através dos edifícios antigos. 
Ruskin também abordou a crise causada pela Revolução Industrial, defendendo que a 
arquitetura do presente recuperasse seu valor de reverência não apenas pela história, mas 
também pela qualidade moral do trabalho investido. Ele aproximou os edifícios do presente 
e do passado, fortalecendo o valor dos monumentos históricos como fontes de memória e 
conexão com as gerações passadas. 
Além disso, a proteção dos monumentos históricos envolveu legislação e práticas 
específicas. Na França, a legislação foi desenvolvida ao longo de décadas, com a criação 
do cargo de inspetor dos monumentos históricos e da Comissão dos Monumentos 
Históricos, embora a centralizaçãotenha sobrecarregado os inspetores. Na Inglaterra, as 
associações locais de proteção de monumentos históricos continuaram ativas na 
conservação, contrastando com a abordagem centralizada na França. 
 
 
Ao relacionar o capítulo com o livro "Teoria da Restauração" de Cesare Brandi, podemos 
observar que o texto aborda a mudança de atenção e ênfase na apreciação estética dos 
monumentos históricos, o que é relevante para a teoria da restauração. Cesare Brandi 
discute a importância de considerar a obra de arte como uma realidade histórica, e Choay 
sugere que no século XIX houve uma mudança na forma como os monumentos históricos 
foram percebidos, com maior ênfase na experiência estética. 
Além disso, no capítulo Choay menciona a legislação e práticas específicas de proteção de 
monumentos históricos na França, relacionando-se com a importância da legislação e das 
abordagens práticas na teoria da restauração de Brandi. A evolução dos critérios de 
valorização dos monumentos históricos ao longo desse período também pode ser relevante 
para discutir as considerações teóricas de Brandi sobre a restauração de obras de arte. 
Em resumo, o capítulo apresenta elementos relacionados à evolução na valorização e 
conservação de monumentos históricos, que podem estar relacionados à teoria da 
restauração de Cesare Brandi, especialmente no que diz respeito à mudança na ênfase 
estética e importância da legislação e práticas na conservação do patrimônio cultural. 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE 
21 de outubro de 2023

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